Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
AN02FREV001/REV 4.0 46 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 47 CURSO DE PERÍCIA JUDICIAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 48 MÓDULO III 16 PERÍCIAS JUDICIAIS As perícias podem ser judiciais, quando realizadas dentro do processo, por determinação do juiz, ou extrajudiciais, quando realizadas fora do processo, por iniciativa dos interessados. 16.1 DEFINIÇÃO DE PERÍCIA JUDICIAL A perícia é realizada por requisição formal de instituição, pública ou privada, ou de pessoa jurídica. Seus resultados são apresentados por meio de parecer sucinto, apenas com respostas aos quesitos formulados, ou de laudo técnico com exposição detalhada dos elementos investigados, sua análise e fundamentação técnica-científica das conclusões, além da resposta aos quesitos formulados. Podemos definir a perícia judicial como o exame de situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas, praticado por especialistas na matéria que lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos. Isto é, pode ser definida como um trabalho técnico-científico sobre fatos controversos entre as partes, em que o perito do juiz, profissional qualificado e de confiança do juízo, aplicará uma metodologia sistemática, precisa e quantitativa sobre os pontos a serem analisados, estruturando assim sua conclusão pericial. Em resumo, perícias judiciais são aquelas que ocorrem no âmbito da justiça, em diferentes tipos de ações, em que o perito para poder atuar no processo precisa ser nomeado pelo juiz. Tem seu fundamento em uma ação AN02FREV001/REV 4.0 49 postulada em juízo, podendo ser determinada diretamente pelo juiz dirigente do processo ou a ele requerida pelas partes em litígio. A principal fonte legal que rege as perícias judiciais é o Código de Processo Civil na justiça, havendo ainda a Lei de Falência ou recuperação judicial, a legislação trabalhista e outras leis específicas que tratam do assunto. A nomeação e habilitação do perito judicial encontram-se citados nos artigos 145, 146 e 147 do CPC, pois uma vez que o perito é o representante técnico do juiz nas causas judiciais tem de possuir e comprovar a sua capacidade técnica para tal feito. Portanto, o CPC montra as caracterizações essenciais em que o perito judicial tem de se enquadrar. 16.2 DEFINIÇÃO DE PERÍCIAS EXTRAJUDICIAIS As extrajudiciais são aquelas que não envolvem a justiça e que o perito pode ser escolhido livremente pelas partes envolvidas na questão, que podem optar por uma forma diferente de resolver o litígio sem ser pela via judicial. Há também a perícia arbitral, que é aquela realizada no juízo arbitral, instância decisória criada pela vontade das partes. 17 ASPECTOS PERICIAIS Para atuar no campo da perícia judicial é preciso tomar ciência de alguns conhecimentos úteis, relevantes, são eles: Lide ou Litígio: Conflito de interesses caracterizado por uma pretensão requerida e não atendida. AN02FREV001/REV 4.0 50 Ação Judicial (ou Ação): É o direito de obter um interesse pretendido por meio da justiça. No caso da justiça do trabalho, a ação é denominada Reclamação. Petição Inicial (ou Inicial): É o meio legal utilizado para a apreciação do juízo da causa pretendida por uma determinada ação. Autor e Réu: Autor (é o interessado em requerer o julgamento do interesse requerido) e Réu (é aquele contra qual a ação é proposta). Competência: É a atribuição conferida a cada ramo ou instância do poder judiciário para apreciar os diferentes tipos de ação. Processo Judicial ou Processo: É o meio pelo qual a jurisdição provocada pela ação de uma das partes interessadas informa-se, analisa e decide. O processo é constituído por uma sequência de atos interdependentes, do juízo e seus auxiliares e das partes que são denominadas sujeitos do processo. Procedimento Judicial (ou Procedimento): É a forma como se desencadeia os atos do processo, isto é, o modo pelo qual o processo se instaura, desenvolve e finaliza. Atos Processuais: São as ações dos sujeitos do processo como, por exemplo, a contestação do réu. O requerimento pedindo a juntada de um documento, numerando e rubricando as folhas dos autos, a nomeação do perito, a apresentação do laudo entre outras. Autos do Processo (ou Autos): É o conjunto material de documentos referentes aos diferentes atos do processo, que vão sendo juntados no andamento. AN02FREV001/REV 4.0 51 Carga dos Autos: É a retirada do processo no cartório ou na secretaria da junta, pelos advogados ou pelo perito, por prazo determinado, para estudo e ou fixação de honorários. A retirada do processo pelos assistentes técnicos é vedada, podendo eles consultá-lo no balcão do cartório ou da secretaria. Prazo: É o tempo máximo, previsto pelo CPC ou determinado pelo juízo, para que os sujeitos do processo se manifestem como, por exemplo: contestar a ação, elaborar quesitos, indicar assistentes técnicos, recorrer da sentença, entre outros. Preclusão: Perda do direito das partes em se manifestarem devido a não obediência dos prazos. Intimação: O art. 234 do CPC define como o ato pelo qual se dá ciência a alguém dos atos e termos do processo, para que faça ou deixe de fazer alguma coisa. Jurisprudência: É o conjunto de interpretações reiteradas que os tribunais superiores dão à lei, baseado na solução de casos concretos, submetidos a julgamento e que se transformam em Súmulas e Enunciados. O perito necessita dessas informações acima mencionadas, pois a perícia constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinados a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar à justa solução do litígio, mediante laudo pericial, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente. A perícia estabelece a diligência (execução de certos serviços judiciais fora dos respectivos tribunais ou cartório) a ser realizada, a fim de que se apurem, esclareçam ou se evidenciem certos fatos obscuros. Significa, AN02FREV001/REV 4.0 52 portanto, basicamente, a pesquisa, o exame, a verificação acerca da verdade ou da realidade. 18 ASPECTO JURÍDICO DA PERÍCIA (LAUDO PERICIAL) 18.1 CONCEITO DE LAUDO PERICIAL O laudo pericial é apenas uma parte dentro das diversas fases do processo judicial. A perícia visa o convencimento do juiz por meio de argumentações exclusivamente técnicas. Caso o laudo pericial não esclareça, a contento, o deslinde da questão envolvida, o juiz poderá solicitar uma nova perícia, podendo, inclusive, substituir o perito. O laudo pericial é uma peça técnica formal que apresenta o resultado de uma perícia. Nele deve ser relatado tudo o que fora objeto dos exames levado a efeito pelos peritos. É um documento técnico-formal que exprime o resultado do trabalho do perito. Isto é, o produto final da perícia, é uma história contada, limitadamente, sobre os fatos que motivaram e deram andamento ao processo judicial, mais as conclusões a que chegou o perito sobre a matéria em que se pautou independente da área de atuação. Dentre as váriaspeças técnicas podemos dizer que o laudo pericial é o documento mais completo, em razão da sua origem, que é um exame de natureza pericial, feito por peritos. 18.2 REQUISITOS DO LAUDO PERICIAL São eles: Objetividade; AN02FREV001/REV 4.0 53 Rigor tecnológico; Concisão; Argumentação; Exatidão; Clareza. É preciso ter a identificação completa do caso (número do processo, data, partes envolvidas), do perito e da autoridade a quem se destina. Metodologia adotada; Resposta aos quesitos; Conclusões; Anexos; Data e assinatura. O CPC e o CPP não mencionam tal conceituação, dando ênfase somente aos prazos de entrega. 18.3 ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL A estrutura na elaboração do laudo deve seguir uma construção lógica que permita o bom entendimento da linha de raciocínio do perito, no sentido de conduzir à conclusão final. Elaboramos um laudo da seguinte forma: I) Cabeçalho Identificação da Vara por onde está tramitando a ação. Tipo de ação e número do processo. II) Introdução Identificação do perito, folha dos autos onde consta sua nomeação. AN02FREV001/REV 4.0 54 Espécie de perícia a que se refere o laudo. Data e local onde a diligência fora efetuada, mencionando o dia e a hora do seu início e do seu término. Pessoas que assistiram à diligência. III) Visão do conjunto Firma ou estabelecimento comercial, atividades, etc. IV) Documentos e livros examinados V) Comentários periciais VI) Resposta aos quesitos e encerramento. Para a fundamentação dos trabalhos periciais, os quais resultam o Laudo Pericial, faz-se necessária a aplicação de técnicas, que em sua maioria são comuns a todas as espécies de perícia, como: Exame: É a análise de livros e documentos ou de qualquer outro elemento constitutivos da matéria. Vistoria: É a diligência que objetiva a verificação e a constatação de situação, coisa ou fato, de forma circunstancial. Indagação: É a obtenção de testemunho de conhecedores do objeto da perícia, ou seja, daqueles que têm ou deveriam ter conhecimento dos fatos ou atos concernentes à matéria periciada. Investigação: É a pesquisa que busca trazer ao laudo o que está oculto por quaisquer circunstâncias. Arbitramento: É a determinação de valores (procedimentos estatísticos – média, mediana, desvio padrão) ou solução de controvérsia por critério técnico. Avaliação: É o ato de determinar valor de coisas, bens, direitos, obrigações, despesas e receitas. AN02FREV001/REV 4.0 55 Certificação: Em resumo, a preparação e a redação do laudo pericial são de exclusiva responsabilidade do perito, que adotará um padrão próprio, e deve conter no mínimo a identificação do processo e das partes (n° do processo, vara em que tramita, nome da parte autora e da parte ré, tipo de ação); a síntese do objeto da perícia (relato sucinto sobre as questões básicas que resultaram na nomeação ou na contratação do perito); a metodologia adotada para os trabalhos periciais (conjunto de técnicas e processo utilizados); a identificação das diligências realizadas (todos os procedimentos e atitudes adotados pelo perito na busca de informações e subsídios necessários à elaboração do laudo pericial); a transcrição dos quesitos formulados, na forma explícita; respostas aos quesitos, de forma clara, objetiva, concisa e completa; a conclusão (qualificação, quando possível, do valor da demanda, lide, litígio, podendo reportar-se a demonstrativos apresentados, como anexos, no corpo do laudo pericial ou em documentos auxiliares) e apresentação de alternativas, condicionadas às teses apresentadas pelas partes, de forma a não representar a opinião pessoal do perito. O Laudo Pericial é o resultado do trabalho pericial, isto é, a peça final do trabalho em que o expert se pronuncia sobre questões submetidas à sua apreciação. 18.4 LAUDO PERICIAL NOS RAMOS DE DIREITO Quanto ao ramo do direito, existe perícia em diversos ramos, como, por exemplo: cível, criminal, ambiental, contábil, entre outras. AN02FREV001/REV 4.0 56 18.4.1 Laudo Pericial Cível O laudo pericial cível visa esclarecer dúvidas levantadas pelo magistrado que esteja apreciando um processo. No exame pericial, um perito será nomeado pelo juiz e mais dois nomeados pelas partes de interesse no processo. A perícia realizada na esfera da justiça cível não é obrigação do Estado. Dessa forma, se o magistrado entender necessário o auxílio especializado, ele nomeará um profissional de nível superior, cujo pagamento será feito inicialmente pelo autor da ação judicial cível. De acordo com o CPC: “as partes envolvidas no processo cível poderão nomear assistentes técnicos para atuarem no acompanhamento do exame que o perito do juízo esteja realizando”. Importante frisar que tanto o magistrado quanto as partes deverão procurar profissionais que, além das exigências previstas no CPC, tenham formação e especialização adequadas ao tipo de exame que se faça necessário naquele processo. Em todas as esferas da justiça existem acórdãos que demonstram a relevância do laudo pericial para as decisões judiciais. 18.4.2 Laudo Pericial Criminal O laudo pericial tem como suporte uma série de formalidades e de regulamentos emanados, principalmente do CPP, que o diferencia em vários aspectos daqueles destinados à Justiça Cível. O CPP determina que qualquer necessidade de perícia no âmbito da Justiça Criminal deve ser feita por peritos oficiais, que são aqueles profissionais de nível superior ingressos no serviço público (Institutos de Criminalística ou Institutos de Medicina Legal) mediante concurso público, com a função específica de fazer perícias. Por ser uma obrigação do Estado de prestar os serviços de perícia na esfera da justiça criminal, os peritos oficiais devem ser funcionários públicos AN02FREV001/REV 4.0 57 com a função específica de fazer perícia, não havendo qualquer remuneração direta aos peritos signatários do laudo pericial. Os peritos receberão seus vencimentos normais como funcionários que são, jamais poderão ser remunerados diretamente por cada laudo emitido, com pagamento oriundo das partes envolvidas no processo. 18.4.3 Laudo Pericial Ambiental O laudo ambiental é a peça mais importante para a quantificação e caracterização da exposição do trabalhador ao agente de risco. Dependendo de sua finalidade ele deve possuir redação e forma de abordagem diferenciada. O levantamento ambiental pode parecer uma ação isolada no campo da Higiene Ocupacional ou no Aspecto Pericial. Na verdade, ele possui uma função mais nobre e abrangente do que se imagina, no campo preventivo, estando diretamente relacionado com a PPRA (Mapa de Riscos Ambientais) e até mesmo com o PCMSOL (Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional). De acordo com a NR n° 7 (Norma regulamentadora): O PPRA é parte integrante do conjunto mais amplo das iniciativas da empresa no campo da preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, devendo estar articulado com o disposto nas demais NR, em especial com o PCMSO, também previsto na NR 7. Atualmente, é realizado um trabalho conjunto entre o engenheiro responsável pelo ambiente do trabalho do funcionário e o médico responsável pela sua saúde. O PPRA foi estabelecido pela Legislação Federal, por intermédio da Portaria 25, de 29 de dezembro de 1994. O PCMSO está alinhado com o que prevê o inciso II do art. 198 da CF. Este programa possui caráter preventivo muito importante, mediante rastreamento e diagnóstico precoce dos agravos à saúde, relacionados ao trabalho. O laudo ambiental é uma obrigação a ser cumprida pelo empregador, AN02FREV001/REV 4.0 58 cuja periodicidade não foi definidapelo legislador, que simplesmente apresentou no texto legal a NR n° 9 (PPRA) e a necessidade de monitoramento dos agentes insalubres, sempre que necessário. 18.4.4 Laudo Pericial Contábil Entende-se por laudo pericial contábil a peça escrita, fundamentada, na qual os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e registram as conclusões da perícia. Isto é, laudo pericial contábil é uma peça escrita na qual o perito expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências realizadas, os critérios adotados, os resultados fundamentados e as suas conclusões. O perito contador deve registrar no laudo pericial contábil os estudos, as pesquisas, as diligências ou as buscas de elementos de provas necessárias para a conclusão dos seus trabalhos e, no encerramento, deve apresentar, de forma clara e precisa, as suas conclusões. Diante disso, o perito deve visualizar, de forma abrangente, o conteúdo da perícia e particularizar os aspectos e as minudências que envolvam a demanda, a lide, o litígio, e deve ser elaborado de forma sequencial e lógica, para que o trabalho seja reconhecido também pela padronização estrutural. As respostas aos quesitos serão circunstanciadas, devendo o perito evitar respostas como sim ou não, ressalvando-se os quesitos que contemplam especificamente este tipo de resposta. Como exemplo de resposta aos quesitos, temos: Quesito O contrato celebrado entre as partes contém cláusula de estipulação de juros de mora? Referida taxa encontra-se dentro dos limites praticados no mercado financeiro? AN02FREV001/REV 4.0 59 Resposta Afirmativa a resposta, com base nos documentos de fls. 30/42, constando cláusula com estipulação de juros moratórios de 1% ao mês. Para a parte final quesitada, a resposta é positiva, com base no mercado financeiro. Por ocasião da elaboração do laudo pericial alguns peritos fazem uma introdução, com base no que consta dos autos, principalmente no que faz parte das petições inicial e contestatória. Em conformidade com o CPC, o perito apresentará o laudo em cartório, no prazo fixado pelo juiz. Importante frisar que o planejamento da perícia judicial contábil requer que o perito tenha um nível conveniente de conhecimento contábil, o que o possibilitará exercer seu trabalho. 18.4.5 Modelo de Laudo Pericial Judicial EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ___ VARA CÍVEL DA COMARCA DE __________ UF ___ Natureza do Processo: Embargos à Execução Número do Processo: 5905/2003-9 Requerente/Embargante: ________ Requerido/Embargada: _________ LAUDO PERICIAL (Nome completo do perito) ___________, perito do juízo, já qualificado nos autos acima identificados, tendo concluído os serviços, vem à presença de Vossa Excelência apresentar o Laudo Pericial. A) OBJETO O presente laudo tem como objetivo apresentar o resultado da perícia realizada nos livros e documentos Contábeis dos Litigantes. B) RESPOSTA AOS QUESITOS B.1) QUESITOS DO EMBARGANTE 1 2. B.2) QUESITOS DO EMBARGADO 1. 2. C) CONCLUSÕES DO PERITO AN02FREV001/REV 4.0 60 (descrever as atividades executadas e as conclusões das diligências realizadas). D) CONCLUSÕES FINAIS DO PERITO Pelas pesquisas e análises feitas, conclui o Perito que: (fazer uma síntese, concluindo o resultado da perícia) Local e data: ____________ _____________________________ (Nome e assinatura do Perito do Juízo) (Se houver anexos, fazer a indicação dos mesmos no laudo, numerando-os e anexando-os). 19 DIVISÃO DE PERÍCIA JUDICIAL (DIPEJ) A Divisão de Perícia Judicial é uma espécie de banco de dados com os nomes de peritos que normalmente acabam sendo solicitados pelos juízes diretamente nesse órgão. A estrutura divide-se em: Setor de Cadastro e Indicação de Perícias (SECAI) Setor de Controle e Pagamento de Perícias (SECOP) Setor de Perícias Acidentárias do INSS (SAC) Setor de Perícias de DNA 20 LAUDOS PERICIAIS EXTRAJUDICIAIS O laudo pericial extrajudicial é também a peça escrita na qual o perito expressa, de forma circunstanciada, clara e objetiva, as sínteses do objeto da perícia, os estudos e as observações que realizou, as diligências realizadas, os critérios adotados e os resultados fundamentados, e as suas conclusões. A exemplo da perícia judicial, a perícia extrajudicial também é de competência exclusiva de um profissional com experiência na área, por exemplo, a perícia contábil extrajudicial também é de alçada exclusiva de um AN02FREV001/REV 4.0 61 contador registrado no Conselho Regional de Contabilidade (CRC) e constitui o conjunto de procedimentos técnicos e científicos destinado a levar à instância decisória elementos de prova necessários a subsidiar a justa solução do litígio, mediante laudo pericial contábil, em conformidade com as normas jurídicas e profissionais, e a legislação específica no que for pertinente. O laudo pericial extrajudicial deve sempre ser encaminhado por meio que possa comprovar a sua entrega. Cada perito deverá estabelecer seu próprio estilo na elaboração de seus laudos periciais, inclusive com apresentação ou não de parte introdutória. Assim, a perícia contábil extrajudicial, que demos como exemplo, é a que se realiza fora do processo, extraprocesso, por encomenda, isto é, por meio de escolha, de consulta ao profissional da área. 21 ESPÉCIES DE PERÍCIAS JUDICIAIS E EXTRAJUDICIAIS 21.1 JUDICIAIS Nas Varas Cíveis: Prestação de contas – Quando alguém tem o direito de exigir que outrem lhe preste contas, porque tem o direito assegurado de exigi-las, e tal prestação não ocorre com defeitos e simulações. Pode o interessado, como autor, propor a ação de Prestação de Contas. Avaliações Patrimoniais – Nas ações que visam discutir o prejuízo da minoria sobre uma incorporação, cujos valores são contestáveis ou discutíveis. A perícia se dá sobre o laudo, sem abandonar a hipótese de verificar escrita contábil. AN02FREV001/REV 4.0 62 Litígios entre sócios – Violação de estatuto, suspeita de irregularidade, liberalidade excessiva. Avaliação de fundos de comércio – Sobrevalor que se paga para adquirir um negócio. Nas Varas Criminais: Fraudes e Vícios Contábeis – Exames já direcionados para detectar fraudes. Fraudes contra sócios, contra herdeiros, contra o fisco, contra credores, justiça etc. Adulterações de lançamentos e registros. Desfalques. Apropriações indébitas. Nas Varas de Família: Avaliação de Pensões Alimentícias – Necessidade de apuração de haveres de cônjuge ou responsável pela manutenção de dependentes. Avaliação Patrimonial – Apuração de haveres dos cônjuges. Nas Varas de Órfãos e Sucessões: Apuração de Haveres – As causas de apuração de haveres nas Varas de Órfãos e Sucessões podem ocorrer em razão de morte de sócio ou de mulher de sócio. Prestação de contas de inventariantes. Na Justiça do Trabalho: Indenizações de diversas modalidades. Litígios entre empregadores e empregados de diversas espécies. AN02FREV001/REV 4.0 63 Nas Varas de Falências e Concordatas: Perícias Falimentares em Geral. 21.2 EXTRAJUDICIAIS Transformações de sociedades de um tipo em outro. Fusões, incorporações e cisões. Arbitramento, avaliações e outras espécies. 22 CRIMES RELACIONADOS A PERITOS Vimos que a perícia criminal é considerada fundamental para resolução de crimes. São duas as áreas de atuação dentro da perícia criminal na qual se pode desvendar um crime, são elas: O trabalho de campo, quando os peritos saem para a rua e vão ao local do crime coletar indícios para a produção das provas. E o trabalho nos laboratórios, no qual os peritosfazem análise dos materiais coletados nos locais dos crimes. Como exemplo, podemos citar o caso de Isabella Nardoni, no qual os peritos ajudaram a polícia a desvendar o crime. A perícia só chegou ao local três horas depois do delito, quando muita gente já tinha entrado no apartamento. Mas apesar disso os peritos afirmaram que foi possível trabalhar e as conclusões que tiraram, em sua maioria, auxiliaram a polícia, que pediu o indiciamento dos dois pela morte de Isabella. A perícia, neste caso, aconteceu da seguinte forma: AN02FREV001/REV 4.0 64 No local foi encontrada uma fralda suja de sangue. Apesar do pouco material, foi feito exame de DNA e a perícia constatou que era da menina. A polícia concluiu que a fralda teria sido usada para estancar o sangue que saiu de um pequeno corte que ela tinha na testa e questionou: como ela se machucou? Foi machucada? A perícia técnica também comprovou que eram dela os pingos de sangue encontrados em outros ambientes do apartamento, como cozinha, sala e quarto. Uma prova considerada muito importante pelo delegado que presidiu o caso foi uma marca de solado de sapato encontrada pelos peritos na cama do quarto, perto da janela de onde a menina foi atirada. Exames minuciosos e com uso de equipamentos especiais constataram que a marca é idêntica à de um calçado de Alexandre, o pai, sugerindo que ele se apoiou sobre a cama para jogar a garota para baixo. Na camiseta usada por ele no dia do assassinato os peritos encontraram minúsculos e quase invisíveis pedaços da rede de proteção colocada na janela de onde a menina foi atirada. A rede foi rasgada para que o corpo pudesse passar pelo vão e ser arremessado para baixo, do sexto andar, onde o casal morava com outros dois filhos. Foi o “microscópio de varredura” que detectou os fragmentos da rede na roupa do pai. Foram também exames periciais que concluíram que a garotinha foi asfixiada e que quando foi jogada pela janela ainda estava viva (mas inconsciente), tendo morrido em decorrência da queda, quando quebrou o punho e a bacia. A perícia confirmou que havia pingos de sangue de Isabella no carro da família, na cadeirinha do bebê, em um estofado atrás do banco do motorista e entre os bancos. Ainda de acordo com a perícia, Alexandre Nardoni teria passado as pernas e depois o tronco de Isabella pelo buraco feito na tela de proteção da janela. Os técnicos ainda descobriram que o pai teve que AN02FREV001/REV 4.0 65 empregar grande força para segurar a filha pelos braços, pois havia fibras da rede de proteção da janela fortemente presas à camisa dele. Por último, a perícia ainda percebeu marcas que teriam sido feitas pelo corpo de Isabella do lado de fora da janela, logo abaixo do parapeito, mostrando o esforço que Alexandre teria feito antes de jogá-la. Um perito de campo, quando sai para seu trabalho, leva uma maleta com objetos simples, mas que são fundamentais para o trabalho. Entre eles há pinça, lanterna, dentre outros. Atualmente existem equipamentos de última geração, por exemplo, um microscópio que é capaz de encontrar um grão de areia nas roupas de alguém. Já houve casos em que o assassino negou o crime, mas foi pego porque a terra encontrada na roupa dele, mesmo depois de ele a ter lavado, era do mesmo tipo onde foi encontrado o corpo da vítima. Outro recurso importante utilizado pela perícia para desvendar um crime é o luminol, substância especial que quando colocada sobre a mancha de sangue a torna fluorescente. 23 O FISIOTERAPEUTA COMO PERITO JUDICIAL O fisioterapeuta pode atuar como serventuário da justiça em situações que exijam o conhecimento técnico-científico sobre a funcionalidade humana e sobre aspectos ergonômicos e biomecânicos que levaram a uma doença do trabalho. Também pode operar tanto na justiça do trabalho, quanto na justiça civil. As perícias judiciais específicas para DORT têm como objetivo principal saber se a doença de que o reclamante é portador possui nexo com as atividades exercidas por ele na reclamada (estabelecimento do nexo causal) e se essa doença da qual o reclamante é portador traz ou vai trazer alguma incapacidade em uma das esferas funcionais. AN02FREV001/REV 4.0 66 Segundo a NR 17 sobre DORT, “as causas de DORT são movimentos que causam atrito excessivo entre os tendões e o paratendão circundante, pelo uso excessivo da mão”. Lesões por Esforços Repetitivos (LER), mais recentemente chamados de Distúrbio Osteomuscular Relacionado ao Trabalho (DORT), foram definidas como traumatismo teciduais, gerando distúrbios neuromusculoesqueléticos, consequentes de movimentos repetitivos, biomecânica ocupacional e posturas inadequadas, tanto nas atividades do trabalho, quanto nas atividades extracurriculares. O perito é aquele indicado pelo juiz para, com os seus conhecimentos técnicos e científicos, dar esclarecimentos sobre a controvérsia. Isto é, quando a doença já está previamente diagnosticada e comprovada a sua existência, e o fator controverso é em relação ao nexo causal dessa doença com as atividades desenvolvidas pelo reclamante na reclamada, o fisioterapeuta tem total habilidade para chegar a esse nexo. O fisioterapeuta reúne características legais para a realização de perícias judiciais. O CPC, em seu art. 145, dispõe que “quando a prova do fato depender de conhecimento técnico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto do art. 421”. Esse artigo demonstra as características essenciais em que o perito judicial tem de se enquadrar. O fisioterapeuta, no âmbito da sua atividade profissional, está qualificado para prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria especializada, mas faz-se necessário o conhecimento da fisiologia humana, da histologia humana, da anatomia humana e do movimento humano, ciências pelas quais o fisioterapeuta tem conhecimentos. É bom lembrar que o fisioterapeuta é um profissional bacharel e inscrito no seu órgão de classe CREFITO (Conselho regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional). Assim, nas perícias requisitadas pela justiça do trabalho aplicam- se os dispositivos semelhantes aos da justiça civil. O fisioterapeuta é profissional especialista em movimento humano, conhecedor da normalidade e anormalidade da cinesiologia e biomecânica humana, reconhecidamente capaz de atuar na área ocupacional, de acordo com a resolução do COFFITO 25\03. Mas, para isso, o profissional tem que ter AN02FREV001/REV 4.0 67 formação específica em perícia judicial, seja ela em forma de aprimoramento ou de especialização profissional. FIM DO MÓDULO III
Compartilhar