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Comunicação e linguagem Prof. Me. Leandro Moura Tópico 3 Objetivo(s) de aprendizagem • Conhecer e identificar os gêneros textuais; • Reconhecer os tipos de textos; • Identificar a aplicação dos variados textos em diversos contextos. 2 Comunicação e linguagem Tópico 3 Neste Tópico: Introdução ����������������������������������������������������4 Gêneros textuais ���������������������������������������� 5 Tipos de textos �������������������������������������������� 9 Texto descritivo �����������������������������������������16 Texto Argumentativo ������������������������������20 Texto expositivo ����������������������������������������27 Texto injuntivo ������������������������������������������30 A intertextualidade ��������������������������������� 32 Paródia ���������������������������������������������������������37 Paráfrase �����������������������������������������������������39 Estilização ���������������������������������������������������42 Considerações finais�������������������������������45 Síntese ���������������������������������������������������������46 3 INTRODUÇÃO Desde que nascemos até morrermos, o ser humano tem a necessidade de se comunicar. A comunicação acontece nas mais diversas formas e está presente em nosso dia a dia, seja nos textos verbais, seja nos textos não-verbais. Nos apropriarmos dos diversos gêneros textuais amplia nosso conhecimento de mundo tanto no que se refere à vida pessoal quanto à profissional. Você já esteve em uma situação complicada por não entender um contexto ou por não compreender que tipo de texto poderia ajudar você naquele momento? Quem nunca quis se expressar e não encontrou pala- vras ou não teve certeza de que a escolha certa seria aquele tipo de texto ao enviar um e-mail? Por esses motivos, vamos estudar os gêneros tex- tuais, os tipos de textos e suas composições e as características de cada texto. Comunicação e linguagem Tópico 3 4 GÊNEROS TEXTUAIS Os textos fazem parte do nosso dia a dia, não é mes- mo? A gente lida com textos o tempo todo, mesmo sem se dar conta disso. Fazemos a lista de compras, enviamos uma mensagem pelo celular, apresenta- mos um seminário, lemos uma notícia, criamos um currículo: o que essas atividades têm em comum? Se você respondeu que é o texto, acertou! Embora os textos – orais e escritos – sejam diferen- tes, eles possuem alguns pontos em comum. Para Koch (2009, p.13), o que diferencia o texto falado do escrito é a forma como ele é produzido pelos participantes da situação comunicativa, ou seja, seu modo de coprodução. Vejamos: Prezado senhor Roberto, Meu nome é João e meu contato se refere à can- didatura para a vaga de analista. Anexo, encaminho meu currículo para sua apreciação. Sou uma pessoa bastante responsável, esforçada e atenciosa com as tarefas que realizo. Espero poder contribuir com a sua empresa. 5 Estou à disposição para qualquer contato. Atenciosamente, João Castro. O que podemos dizer sobre esse texto? O autor cum- primenta e se despede do receptor, se identifica como João e informa, logo no início da mensagem, qual o motivo do seu contato. João usa uma linguagem mais formal. Ele avisa o receptor de que há um do- cumento importante no anexo, o seu currículo, e que ele deve ser visto. João descreve algumas caracte- rísticas pessoais que podem ajudar no desempenho das tarefas e se mostra disponível para entrarem em contato com ele. Você já deve ter escrito ou recebido um texto com características parecidas a essas. Este gênero de texto é o e-mail, muito utilizado após o advento da tecnologia. Por meio dele podemos nos comunicar com alguém mesmo à distância. Para isso, precisa- mos ter um endereço eletrônico e acesso à internet. Observe quantas características estão envolvidas na produção de um e-mail. Você vai concordar que elas são diferentes das características que envolvem uma receita de bolo, não é mesmo? O mais importante disso tudo é saber que organizamos a linguagem em um determinado gênero textual, dependendo da finalidade do que queremos transmitir e da situação 6 de comunicação em que estamos envolvidos. Por isso, precisamos escolher o gênero mais adequado para cada situação. Vamos entender melhor como isso funciona? A gente se comunica por meio de gêneros textuais o tempo todo. A prova disso é que você deve ter reco- nhecido o e-mail acima com facilidade, pois já fez ou viu um texto parecido com ele antes. Provavelmente sua estrutura e estilo o ajudaram nesta tarefa. Isso aconteceu porque, segundo Bakhtin (1992, apud KOCH; ELIAS, 2009, p. 57), falar ou escrever requer do emissor “uma forma padrão e relativamente estável de estruturação de um todo, que constitui um rico repertório dos gêneros do discurso orais (e escritos)”. Em outras palavras: O gênero textual é a forma como organizamos as informações linguísticas no texto. Esta forma possui um padrão, ou seja, certas características próprias que diferem um texto de outros, mas que se repetem em alguns deles. É esse repertório de gêneros que acumulamos ao longo da vida o que não nos permite confundir um e-mail com uma receita de bolo. Os gêneros textuais são formas dinâmicas de co- municação. Eles existem por conta do seu uso, isto é, o modo como um determinado grupo social or- ganiza suas informações determina a existência ou desuso de um gênero. Um exemplo disso é a carta tradicional, que vem sendo cada vez menos utilizada, e o surgimento de novos gêneros textuais, como os memes, as postagens das redes sociais e as mensa- 7 gens que trocamos pelo celular. Há quem os chame de “gêneros digitais”. Podcast 1 Identifique, a seguir, quais são os gêneros textuais orais e quais são os gêneros textuais escritos: Biografia Poemas Currículo Reportagens E-mail Carta Receitas Bula Editorial História em quadrinhos Romance Piadas Seminários Palestras Manuais de instrução Mensagens de celular Você conhecia todos eles? Usamos os gêneros tex- tuais porque tudo o que comunicamos tem uma finalidade: seja para instruir, contar, descrever, per- suadir ou simplesmente para estabelecermos rela- ções sociais. 8 https://famonline.instructure.com/files/66864/download?download_frd=1 TIPOS DE TEXTOS Ao ler uma reportagem, você já deve ter reparado que esse tipo de texto relata ou descreve um fato. Ao se deparar com um filme, já percebeu que uma série de acontecimentos constrói uma história ou narrativa. Em uma propaganda, deve ter visto que a intenção é que você seja convencido a fazer algo. Para escrever uma redação, já deve ter recorrido a argumentos ou exposto suas ideias. Agora, observe o que aconteceu aqui: relatar, descre- ver, narrar, convencer, argumentar, expor são ações que praticamos quando precisamos produzir ou interpretar diferentes tipos de textos. Estas ações acontecem quando reconhecemos, na fala ou na escrita, que algumas características se repetem em textos distintos, mas também podemos encontrá-las no mesmo texto. Elias e Koch (2010, p. 119) propõem que os tipos textuais são: Narrativo Descritivo Espositivo InjuntivoArgumentativo Texto narrativo Você já se deu conta de que contamos histórias to- dos os dias? Os problemas do trabalho, a briga com a namorada, a festa do fim de semana, as aventuras de uma viagem: contar histórias é uma necessidade do 9 indivíduo. Por meio de histórias, as pessoas sorriem, choram, ficam curiosas, sonham, sentem medo, se divertem, ensinam, aprendem, compartilham experi- ências e, sobretudo, se tornam mais humanas. É por meio de histórias que a humanidade transmitia e ainda transmite conhecimento. Os desenhos nas cavernas, por exemplo, relatavam acontecimentos da vida do homem primitivo. Foi o estudo dessas formas de registro (arte rupestre) que nos permitiu conhecer hábitos, culturas, crenças e valores pré- -históricos. Podemos dizer que a história tem o poder de atravessar milênios. Figura 1: Pintura rupestre. 10Quando contamos uma história – real ou imaginária – nos transformamos em narradores. Procuramos organizar os fatos numa linha do tempo de uma ma- neira que faça sentido para que o ouvinte compreen- da aquilo que contamos. De acordo com Koch e Elias (2009), as sequências narrativas apresentam uma sucessão temporal/causal de eventos, ou seja, há sempre um antes e um depois, uma situação inicial e uma situação final, entre as quais ocorre algum tipo de modificação de um estado de coisas. (KOCH; ELIAS, 2009, p. 63) Bom, pensando dessa forma, podemos dizer que o texto narrativo compreende as ações de um ou mais personagens que vivem um acontecimento (enredo) em um determinado tempo e espaço, contadas por um narrador. O texto narrativo é composto por cinco elementos (GANCHO, 2006): 1. Enredo. 2. Personagens. 3. Tempo. 4. Espaço. 5. Narrador. 11 1. O que se pretende contar? Toda história é forma- da por um conjunto de acontecimentos, a que cha- mamos de enredo. Para Gancho (2006, pp. 13-14), o enredo de uma história se estrutura em quatro partes: • Apresentação: também chamada de introdução, é a parte inicial da narrativa, onde se apresentam os primeiros fatos, os personagens e, algumas vezes, o tempo e o espaço; • Desenvolvimento: onde a maior parte das ações e do(s) conflito(s) acontece(m); • Clímax: é uma parte do desenvolvimento da his- tória e ocorre quando ela atinge seu ponto máximo de tensão ou emoção; • Desfecho: também conhecido como conclusão, é o final da história. Os conflitos apresentados durante o desenvolvimento vão sendo solucionados de forma feliz, trágica, cômica, surpreendente etc. Nem sempre a narrativa acontece no mundo concre- to e objetivo, onde podemos ver ou tocar pessoas e objetos. O enredo pode ser psicológico, construí- do por emoções e conflitos internos, por ações que não se desenvolvem no mundo real, mas subjetivo, motivadas pelos pensamentos dos personagens ou narrador. Um exemplo de enredo psicológico é a história de Macabéa, personagem criada por Clarice Lispector: Quanto à moça, ela vive num limbo impessoal, sem alcançar o pior nem o melhor. Ela somente vive, inspiran- do e expirando. Na verdade – para que mais que isso? O seu viver é ralo. Sim. Mas por que estou me sentindo 12 culpado? E procurando aliviar-me do peso de nada ter feito de concreto em benefício da moça. (LISPECTOR, 1998, p. 23) 2. Com quem acontece a história? As personagens são os seres que colocam as ações de um enredo em prática. Elas são classificadas em personagens prin- cipais (protagonista e antagonista) e secundários. 3. Quando a ação acontece? O tempo está rela- cionado à duração das ações da história. Ele pode ser cronológico, marcado por sua passagem na- tural – minutos, horas, dias, meses, anos, séculos – ou psicológico, ligado a uma ordem não linear dos fatos, determinada pela vontade do narrador ou das personagens. 4. Onde a ação se desenvolve? Espaço narrativo é o lugar onde as ações acontecem. Quanto mais con- centrada a história, menor variedade de espaços ela terá. O espaço pode ser físico (na escola, na praça, no quarto), social (características sociais do ambiente) ou psicológico (experiências íntimas, pensamentos e sentimentos do narrador ou das personagens). 5. Quem conta a história? O narrador é o responsá- vel pela narração, quem conta os fatos. Sem ele não existe narrativa. De acordo com Gancho (2006, p. 30), narrador não é o mesmo que autor, mas um ser fic- cional. A autora diz que, mesmo nas autobiografias, ao contar uma história, conhecemos a interpretação que o autor faz dos fatos e não a verdade absoluta. 13 O narrador pode ser em terceira pessoa, também conhecido como narrador observador (mesmo onis- ciente ou onipresente, não participa diretamente dos fatos) ou primeira pessoa, chamado de narrador protagonista, que participa do enredo como um per- sonagem, tal qual o exemplo a seguir: [...] Se eu contar, vocês não vão acreditar. Mamãe anda fazendo aulas de dança do ventre, às escondidas. Orgulhosa, mostrou-me na tela do celular o vídeo da sua impressionante performance durante o Congresso Nacional da Melhor Idade. Não tinha por que esconder isso de mim, mãe. Tinha sim. Pouco importava. Mamãe não perdia mais tempo com histórias tristes. Há cerca de dez anos nunca compareceu a velórios. Afirmou que estava estarrecida, que tinha ficado com muita pena da moça que fora abusada pelo parente durante a infância, mas, preferia mudar de assunto, se eu não me importas- se. Não. Eu não me importava. Serviu-me outro pedaço da sobremesa. Estava realmente uma delicia. Dava, sim, para ser feliz com pouco. Precisava pouco amor pra gente viver bem. Desde que não faltasse pudim de leite condensado para adoçar o amargo da vida. VÊNCIO, Eberth. Precisa pouco amor pra gente viver bem. Revista Bula. Crônicas. Disponível em: https:// www.revistabula.com/17532-precisa-pouco-amor-pra- -gente-viver-bem/. Acesso em: 16 nov. 2018. 14 São gêneros textuais narrativos: • Romances; • Contos; • Crônicas; • Novelas; • Fábulas; • Relatos; • Notícias; • Fanfics. Podcast 2 15 https://famonline.instructure.com/files/66863/download?download_frd=1 TEXTO DESCRITIVO Imagine que você está numa praia deserta. Seus pés tocam a areia fina. Você ouve o barulho das ondas quebrando nas pedras. O sol está a pino e faz muito calor. Você sente uma gota de suor escorrendo da nuca e passando pelas suas costas, mas também o alívio de uma brisa fresca que acaba de soprar levemente. Observe que você nem precisou sair do lugar em que está para sentir como se estivesse em outro lu- gar. Como num “retrato verbal”, você pode imaginar os detalhes de uma praia mesmo sem estar nela. Analise os textos a seguir: Uma luz raiou súbito pelas fisgas da porta. A porta abriu- -se. Entrou uma mulher vestida de negro. Era pálida e a luz de uma lanterna, que trazia erguida na mão, se derramava macilenta nas faces dela e dava-lhe um brilho singular aos olhos. Talvez que um dia fosse uma beleza típica, uma dessas imagens que faz-me descorar de volúpia nos sonhos de mancebo. Mas agora com sua tez lívida, seus olhos acesos, seus lábios roxos, suas mãos de mármore e a roupagem escura e gotejante da chuva, disséreis antes – o anjo perdido da loucura. AZEVEDO, Álvares de. Noite na Taverna. 16 O Burro Vai ele a trote, pelo chão da serra, Com a vista espantada e penetrante, E ninguém nota em seu marchar volante, A estupidez que este animal encerra. Muitas vezes, manhoso, ele se emperra, Sem dar uma passada para diante, Outras vezes, pinota, revoltante, E sacode o seu dono sobre a terra. Mas contudo! Este bruto sem noção, Que é capaz de fazer uma traição, A quem quer que lhe venha na defesa, É mais manso e tem mais inteligência Do que o sábio que trata de ciência E não crê no Senhor da Natureza. ASSARÉ, Patativa do. Disponível em: http://www.poesiaspoe- maseversos.com.br/patativa-do-assare-poemas/ Acesso em: 10 dez. 2018. O que os dois exemplos têm em comum? Ambos apresentam a mesma característica do primeiro exemplo: permitem que você crie uma imagem men- tal daquilo que descrevem. No trecho do escritor ultrarromântico, Álvares de Azevedo, do século XIX, verificamos que o texto des- creve uma mulher com características bem peculia- res, como se ela fosse um ser quase sobrenatural. Observe que o autor descreve detalhes tão minucio- 17 sos que temos a impressão de estar diante da perso- nagem. Já no poema de Patativa do Assaré (1909- 2002), poeta nordestino, encontramos a descrição do modo de vida monótono e banal de outro tipo de personagem, um burro. Aparentemente, não há nada de interessante nisso, mas, ao final do poema, o que era banalidade se transforma em um fator relevante: o autor exalta a inteligência do animal comparando-a a de quem acredita na ciência e não em uma força divina de criação da natureza. De acordo com Patrick Charaudeau, o texto “descriti- vo serve essencialmentepara construir uma imagem atemporal do mundo” (CHARAUDEAU, 2008, p. 116), isto é, seu objetivo descreve características inde- pendentemente do período em que se encontram – presente, passado ou futuro. Para o autor, “descrever fixa imutavelmente lugares (localização) e épocas (situação), maneiras de ser e de fazer das pessoas, características dos objetos” (CHARAUDEAU, 2008, p. 116). Em outras palavras: O texto descritivo tem o objetivo de relatar as carac- terísticas de um determinado acontecimento, lugar, época, pessoa, traços psicológicos ou objetos. Por isso, os textos descritivos são ricos em adjetivos: eles transmitem ou descrevem imagens, que percebe- mos por meio de sensações provocadas pelo emis- sor – “areia fina”, “lábios roxos”, “vista espantada”. 18 Fique atento É raro encontrar um texto puramente descritivo. A descrição aparece, geralmente, combinada a outros tipos de texto, como o narrativo ou o expositivo. São gêneros textuais descritivos: • Relato de viagem; • Lista de compras; • Diário; • Biografia; • Autobiografia; • Currículo; • Anúncio; • Cardápio; • Folhetos turísticos • Classificados. 19 TEXTO ARGUMENTATIVO Comunicar não é somente transmitir uma ideia. Quando nos comunicamos, temos uma intenção, um objetivo. Queremos convencer nosso interlocutor a acreditar naquilo que estamos dizendo. Quando argumentamos, levamos alguém a refletir sobre algo, por isso, os textos argumentativos têm o objetivo de convencer ou persuadir alguém em relação ao conteúdo proposto. Esse tipo de texto é encontrado em situações que exigem sua opinião, como concursos, vestibulares e também no ambiente acadêmico. [...] Por conta dessa história tão recente, cujo roteiro ainda se delineia, de acordo com Daniel, há ainda muita tinta de caneta a manchar páginas brancas até que se possa dizer que existe, de fato, uma literatura indígena. “Sou um indígena que escreve, mas que não inventou a escrita. Eu escrevo com as letras do conquistador, com as palavras do colonizador. Sou, portanto, um indígena- -escritor e o que escrevo traz a marca deste lugar de onde venho. Para mim está claro que haverá um outro passo a ser dado, que é escrever na própria língua e com parâmetros intelectuais desenvolvidos por pensadores indígenas. Nesse momento, diria, teremos uma literatura indígena. Genuinamente indígena.”[...] 20 BELLÉ, J. Palavras ancestrais. Revista TRIP. Publicação em 31 jan. 2018. Disponível em: https://revistatrip.uol. com.br/trip/e-possivel-dizer-que-existe-literatura-indi- gena. Acesso em: 10 dez. 2018. O texto expõe a importância da preservação da cultura indígena por meio da literatura. Daniel é um escritor indígena e, na reportagem, relata que, na década de 70, ainda eram poucos os índios que ti- nham acesso ao ensino – por isso, o contato entre os índios e a literatura é considerado recente. Veja que o texto não apenas informa o leitor sobre a importância da literatura indígena. As informações apresentadas têm a função de, além de informar, convencer o leitor sobre a necessidade de uma lite- ratura indígena própria, que se desprenda do vínculo com a língua do colonizador. De acordo com Pignatari (2010), a estrutura bási- ca de um texto argumentativo é composta por três elementos: • Introdução: apresenta a ideia principal do texto, ou seja, a tese. Dependendo do tamanho do texto, pode ou não citar argumentos. Você pode iniciar um texto com a proposição da ideia central, um questio- namento, uma citação etc. • Desenvolvimento: conjunto de argumentos que sustentam a tese. São informações concretas, es- tatísticas, ilustrações, exemplos, depoimentos de autoridades, pesquisas etc. Este item merece sua 21 atenção especial, pois é a articulação de argumentos e contra-argumentos que confere autoridade, lógica e veracidade ao texto. Assim, o leitor não apenas reflete sobre o conteúdo apresentado, mas também decide se concorda ou não com ele. • Conclusão: fechamento do texto, onde se propõe uma possível solução ou reflexão para o tema, confir- mando ou sintetizando os argumentos apresentados. Assim, temos: Racismo em tempos modernos Democracia racial costuma ser um termo utilizado no Brasil por quem acredita na inexistência de preconceito de cor. Atualmente, as redes sociais são, por excelên- cia, uma amostragem da presença dessa crença muito debatida no século anterior. (TESE) Dentro da lenda da democracia racial, seus adeptos, consciente ou inconscientemente, reclamam que a au- sência de preconceito é justificada pela atmosfera pací- fica da convivência social, sem guerras civis, onde quem diz ter um “amigo negro” é absolvido automaticamente após qualquer piada racista ou comentário degradante. E assim foi argumentada por homens como Florestan Fernandes, décadas atrás, ao responder a muitas das questões postas hoje, mas que aparentemente são ig- noradas pelos paladinos da negação do racismo sob os interesses dos mais obscuros. (DESENVOLVIMENTO) 22 Enquanto continuarem a buscar nas exceções o ar- gumento a favor da democracia racial, prova-se que a sociedade é ainda mais desigual do que se imagina. Não tão distante, ainda sobrevive a frase de George Bernard Shaw: “Faz-se o negro passar a vida a engraxar sapatos e depois prova-se a inferioridade moral e biológica do negro pelo fato de ele ser engraxate”. (CONCLUSÃO) CARVALHO, Leonardo Dallacqua de. Coluna de Opinião do jornal O Globo. Publicado em: 9 fev. 2016. Disponível em: https://oglobo.globo.com/opiniao/racismo-em- -tempos-modernos-18605034. Acesso em: 10 dez. 2018. Geralmente, a intenção de persuadir o leitor a acredi- tar em algo é implícita, ou seja, não está evidente no texto. Nesse exemplo, o objetivo do escritor é tentar convencer seu leitor de que a democracia racial é um mito e de que essa crença reforça a desigualdade. Mas observe: o escritor não menciona no texto, cla- ramente, que deseja fazer isso. Fique atento Embora seja importante mostrar sua opinião, evite expressões como “Eu acho” ou “Na minha opinião”. Lembre-se que você é o autor do texto e não o protagonista. Para atingir o convencimento do leitor, precisamos usar bons argumentos, ou seja, recursos linguísti- 23 cos que visem à persuasão (PLATÃO; FIORIN, 2006, p.284). Para isso, os autores Platão e Fiorin apresen- tam quatro tipos de argumentos: 1. De autoridade: citação apoiada no conhecimento de um especialista da área, uma autoridade no as- sunto discutido. Este tipo de recurso traz peso e cre- dibilidade ao texto. Por exemplo: “Segundo Einstein, tempo e espaço são relativos”. Mas tenha cuidado ao usar este recurso, pois ele precisa estar amarrado ao texto para enriquecê-lo. Do contrário, pode atrapalhar sua compreensão. 2. Baseado no consenso: argumento que não pre- cisa de comprovação científica para ser aceito como verdadeiro. Por exemplo: “A Educação é a base da evolução social de um povo”. Não confunda con- senso com lugar-comum: este último, de validade discutível, pode gerar afirmações questionáveis e até preconceituosas, como “ela foi violentada por- que mulheres não podem andar sozinhas na rua durante a noite”. 3. Baseado em provas concretas: informações embasadas em fatos ou documentos que compro- vam sua veracidade. Platão e Fiorin (2006) citam as campanhas políticas como exemplo deste tipo de argumento, nas quais é frequente acusar o candidato oposto de corrupto, ladrão etc. Para os autores, o argumento terá mais força se estiver fundamenta- do por informações que possam ser comprovadas, como um registro da quantia de gastos públicos 24 indevidos, o recebimento de propina, o favorecimento de empresas em troca de acordos etc. 4. Baseados no raciocínio lógico: relação entre a ideia principal e os argumentos que a compro- vam, ou seja, relação de causa e efeito ou causa e consequência. Veja o exemplo do artigo “Também morre quem atira”: A criminalidade urbana, especialmente em suas moda- lidades violentas,é atualmente um dos fenômenos que mais preocupam os cidadãos residentes nas grandes e médias cidades brasileiras. Nelas, o crime é um fato passível de ocorrer a qualquer momento, contra qual- quer indivíduo, sem distinção de classe, gênero, etnia, riqueza ou qualquer outro atributo sócio-político-cultural provocando, por consequência, a exacerbação dos sen- timentos de medo e insegurança nos habitantes dos principais centros urbanos do país. [...] LIMA, R.; SINHORETTO, J. ; PIETROCOLLA, L. Também morre quem atira. Disponível em: https:// s3.amazonaws.com/cdn.infografiaepoca.com.br/881- -choque-de-realidade/Tambem-morre-quem-atira.pdf. Acesso em: 10 dez. 2018. Você consegue identificar a relação entre causa e efeito no texto? Perceba que a criminalidade urbana se apresenta como um fenômeno de preocupação porque qualquer pessoa pode ser vítima de um crime. 25 Quando não se estabelece essa relação lógica no texto, temos a fuga do tema, muito comum no dis- curso político, quando se quer desviar de um assunto polêmico ou em redações de vestibulares, quando o candidato desconhece o tema. Alguns gêneros textuais argumentativos são: • Carta de opinião; • Artigos de opinião; • Editorial jornalístico; • Monografia; • Dissertação; • Tese; • Resenha crítica; • Ensaio. 26 TEXTO EXPOSITIVO Muito encontrado no ambiente acadêmico – em se- minários, palestras, artigos etc –, o texto expositivo, como o próprio nome diz, tem o objetivo de expor uma ideia ou conceito. Assim como o texto argumentativo, apresentam-se ideias que sustentam a tese levantada para o que leitor possa analisar o tema. A diferença está na opi- nião do autor, que não é o foco desta abordagem. No texto expositivo, busca-se instruir, enumerar, informar, descrever, comparar ou explicar um fato. Superbactérias? Entenda o problema da resistência aos antibióticos Quem já precisou de antibióticos para tratar de uma infecção deve ter ouvido as mesmas recomendações: tomar sempre no mesmo horário, não interromper o tratamento antes do fim, evitar bebidas alcóolicas etc. Pode parecer meramente protocolar, mas esses pe- didos do médico visam a evitar a resistência bacte- riana. (TESE) [...] Atualmente, a resistência bacteriana causa 700 mil mortes por ano. Mas um relatório do Reino Unido sobre o tema, lançado em 2014, fez uma previsão preocupan- te: em 2050, esse número pode chegar a 10 milhões 27 de pessoas, superior em doenças como o câncer (8,2 milhões). (DESENVOLVIMENTO) [...] No Brasil, o problema também já deu as caras. Há registros em diversos estados brasileiros de surtos de KPC, uma superbactéria que ataca em ambientes hos- pitalares (um dos mais propícios para o surgimento de organismos resistentes). Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), ela era a maior causa de infecções no sangue de pacientes de UTI no Brasil. Imune a diversos antibióticos, ela causa doenças como pneumonia e infecções generalizadas.[...] (CONCLUSÃO) BATTAGLIA, Rafael. Superbactérias? Entenda o problema da resistência aos antibióticos. Revista Superinteressante. Publicado em 14 nov. 2018. Disponível em: https://super.abril.com.br/saude/su- perbacterias-entenda-o-problema-da-resistencia-aos- -antibioticos/. Acesso em: 10 dez. 2018. Perceba que a estrutura textual é semelhante à do texto argumentativo, mas o objetivo desse texto é informar ao leitor sobre os riscos das superbactérias. Claro que todo emissor tem a intenção de convencer alguém sobre algo, porém, nesse caso, a persuasão ao leitor não está em primeiro plano. Os verbetes de dicionários e as enciclopédias são exemplos clássicos de textos expositivos, pois reú- 28 nem um conjunto de explicações sobre palavras ou conceitos sem a intenção direta de convencer o leitor. Alguns gêneros textuais expositivos são: • Seminários; • Palestras; • Conferências; • Entrevistas; • Artigos; • Trabalhos acadêmicos; • Enciclopédias; • Dicionários. 29 TEXTO INJUNTIVO Você já viu um vídeo tutorial na internet? Hoje em dia, é possível encontrar tutoriais sobre quase qualquer assunto na rede: passo a passo de receitas, testes de eletrodomésticos, de brinquedos, formatação de trabalhos acadêmicos, dicas de como falar em público, confecção de trabalhos artesanais etc. O que o autor desse tipo de vídeo está tentando nos transmitir? Sua finalidade não é debater, descrever ou argumentar, mas orientar o receptor, ou seja, levá-lo a realizar uma ação a partir de instruções. Figura 2: Anúncio publicitário que orienta o receptor da mensagem a reciclar. | Fonte: https://boasnoticias.pt/campanha-apela-a-reciclagem- -de-medicamentos. Acesso em: 10 dez. 2018. 30 Muitos anúncios publicitários apresentam o texto injuntivo para gerar uma mudança de comportamen- to no receptor. No caso desse anúncio (Figura 1), uma ordem é dada ao receptor por meio do verbo imperativo “seja” (tempo verbal frequente nos textos injuntivos). O objetivo do anúncio é convencer o seu público, sobretudo feminino, sobre como tornar-se mais adorável – utilizando o sabonete Lever – e, a partir disso, gerar uma mudança de comportamento. São exemplos de gêneros textuais injuntivos: • Receitas culinárias; • Bulas de remédio; • Textos de autoajuda; • Manuais de instrução; • Propagandas; • Regulamentos; • Regras do jogo; • Panfletos informativos; • Textos doutrinários; • Rótulos de produtos. 31 A INTERTEXTUALIDADE Figura 3: Intertextualidade entre a série Game of thrones e o presiden- te dos Estados Unidos, Donald Trump. | Fonte: https://big.nl/trump-is- -net-als-game-of-thrones/ Acesso 10 dez. 2018. Este rosto parece familiar para você? O título sobre- posto à imagem lembra algo? Se você notou algo estranho na figura acima é porque reconheceu nela duas referências distintas: o rosto do presidente ame- ricano Donald Trump e a alusão à série de televisão Game of Thrones (“Guerra dos Tronos”). Obviamente, sabemos que não existe uma série chamada “Game of Trump” e que o presidente não participa de nenhuma série. Então, por que será que ele aparece na imagem? Ao relacionar Trump à série, podemos dizer que o autor da imagem fez uma “brin- cadeira”, isto é, ele criou um diálogo entre diferentes elementos que não fazem parte do mesmo contexto. A partir desse novo texto é possível gerar novos sen- tidos. Isso é o que chamamos de intertextualidade. 32 Não precisamos ir muito longe para falar sobre esse fenômeno da linguagem: em nossa fala estão in- seridas referências das mais diversas – da nossa infância, dos familiares, dos amigos, da escola, da televisão, dos livros, da internet. Temos a impressão de que tudo o que expressamos é original e único, mas quando nos manifestamos, mesmo sem per- ceber, de alguma forma, recombinamos algo que já vimos, ouvimos, sentimos, vivenciamos. Fique atento Conhecer um pouco sobre a intertextualidade pode auxiliar na compreensão e construção de textos – sejam eles literários, jornalísticos, aca- dêmicos ou profissionais. Para Koch, a intertextualidade é “a relação de um texto com outros previamente existentes, isto é, efe- tivamente produzidos” (KOCH, 2011, p.62). É comum retomarmos textos que já existem, chamados de fonte, para contrapor, comparar, retomar, embasar novos textos. De acordo com Koch (2011, 63), a intertextualida- de pode ser: • Explícita: quando é possível identificar claramente a citação do texto fonte. É o que ocorre em resumos, resenhas, relatos entre outros. Veja um exemplo: 33 Figura 4: Cartaz do filme “A garota dinamarquesa.” / Imagem de divulgação. A Garota Dinamarquesa A Garota Dinamarquesa é prato cheio para atores talentosos entregarem atuações acima da média ao contarem a estória conturbada de Lili Elbe, uma pioneira do transgênero no início do século passa- do. O roteiro, que toma liberdades artísticas con- sideráveis, explora com precisão a construção da personagem principal defendida por um talentoso Eddie Redmayne. [...] Fonte: https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/criti-cas/2016/02/critica-a-garota-dinamarquesa. Acesso em: 10 dez. 2018. O trecho do texto apresenta uma resenha crítica so- bre o filme A Garota Dinamarquesa, ou seja, o pró- 34 prio título faz intertexto explícito com o filme. Não é necessário que o leitor tenha assistido ao filme para entender sobre o que trata o texto, já que sua referência ao filme é clara. Implícita: quando não há apresentação de elementos que permitam reconhecer o texto fonte. Veja: Monte Castelo – Legião Urbana Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria É só o amor! É só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece O amor é o fogo que arde sem se ver É ferida que dói e não se sente É um contentamento descontente É dor que desatina sem doer [...] https://www.letras.mus.br/legiao-urbana/22490/ Acesso em: 10 dez. 2018 A canção da banda Legião Urbana retoma, na es- trofe em destaque, o poema “Amor é fogo que arde sem se ver”, do conhecido escritor português Luís Vaz de Camões, autor de Os Lusíadas. A letra não dá nenhuma pista de que parte dela já havia sido 35 escrita por Camões, ou seja, para reconhecer este intertexto, é necessário ter tido contato com o poema anteriormente. Isso quer dizer que o repertório do leitor é um fator decisivo na hora de reconhecer e entender as refe- rências entre textos. Para Beaugrande e Dressler (1981 apud KOCH, 2011, p. 59), a intertextualidade “(...) diz respeito aos modos como a produção e a recepção de um texto dependem do conhecimento que se tenha de outros textos com os quais ele, de alguma forma, se relaciona”. É por isso que alguns textos podem parecer mais difíceis de compreender que outros, dada a complexidade de sua intertex- tualidade. Uma dica para compreender melhor os textos é pesquisar sobre o autor, o contexto e termos específicos que você não conhece. Seja explícita ou implícita, a intertextualidade se ma- nifesta de diferentes formas. Vamos conhecer três delas: a paródia, a paráfrase e a estilização. 36 PARÓDIA A paródia é uma manifestação intertextual que man- tém a referência da produção original, mas modifica boa parte de suas características para provocar novos sentidos, como a sátira, a ironia, o humor. De acordo com Sant’Anna (2007, p. 41) “a paródia deforma o texto original subvertendo sua estrutura ou sentido”. Figura 5: Cartaz do filme “O candidato honesto”. / Imagem de divulgação. 37 A paródia é muito encontrada nos filmes. A Figura foi retirada do filme brasileiro “O candidato honesto”, protagonizado pelo ator Leandro Hassum. A comédia satiriza a situação política brasileira ao apresentar a história de um candidato à presidência que fazia uma campanha corrupta para se eleger, mas que no segundo turno, não consegue mais ser desonesto. No filme, encontramos personagens que remetem a políticos conhecidos, entretanto, seus valores foram bastante modificados. 38 PARÁFRASE Você já deve ter contado uma mesma história para diferentes pessoas. Se prestar atenção, vai perceber que, embora a história seja igual, você a conta de di- ferentes modos: acrescenta palavras, usa sinônimos, muda a entonação ou expressões corporais etc., mas mantém sua ideia central. Em outras palavras, você parafraseia a história que está contando. Diferentemente da paródia, que se distancia do origi- nal, a paráfrase se assemelha ao texto fonte e busca manter a sua essência, ou seja, “reafirma os ingre- dientes do texto primeiro conformando seu sentido” (SANT’ANNA, 2007, p. 41). Fique atento A paráfrase está presente em muitos textos aca- dêmicos, pois é comum que se utilizem ideias de outros autores para explicar ou confirmar infor- mações. Aqui deve-se fazer uma importante dis- tinção: parafrasear não é o mesmo que copiar. Mesmo quando usamos nossas palavras, ao pa- rafrasear, tomamos uma ideia emprestada de al- guém, que não nos pertence. Por isso, nos textos que produzimos, precisamos identificar os donos originais das informações pesquisadas. Esse tipo de recurso é o que chamamos de citação in- direta (a citação direta é aquela em que usamos as palavras do próprio autor entre aspas). Ele en- 39 riquece o texto, mas deve ser usado adequada- mente e com bom senso! Um exemplo de gênero textual em que podemos en- contrar a paráfrase é o resumo: Figura 6: Capa do livro “A revolução dos bichos”, de George Orwell. Imagem de divulgação. 40 A revolução dos bichos, de George Orwell A história inicia-se com uma reunião entre os ani- mais da Granja Solar, que era de propriedade do Sr. Jones. Nessa reunião, o major, um porco velho e muito respeitado na fazenda, conta o sonho que teve em que os animais eram livres do domínio do homem, além de citar uma canção antiga que conhecia: “Os bichos da Inglaterra”. O porco tam- bém acrescentou que um dia este sonho se tornaria realidade e os animais deveriam dedicar sua vida a esta revolução. Três dias depois o Major morreu, entretanto, sua ideologia foi sistematizada e chama- da de “animalismo” por dois porcos: Bola-de-Neve e Napoleão. Pouco depois a revolução dos bichos estourou, eles tomaram a Granja do Solar e esta se passou a chamar “Granja dos Bichos”. A partir daí, o livro passa a retratar como os bichos se organi- zaram num sistema parecido com o socialismo, mas que acaba virando um totalitarismo. Fonte: https://homoliteratus.com/resenha-a-revolucao-dos- -bichos-george-orwell/ Acesso em: 10 dez. 2018. Observe que a história original contada pelo livro foi preservada. No resumo não existem comentários que expressem a opinião do autor sobre qualquer aspecto da obra. 41 ESTILIZAÇÃO Assim como a paráfrase, a estilização buscar manter a essência do texto original, mas seu desvio é maior, pois acrescenta elementos que não existiam na fonte, criando um estilo novo, diferente do anterior. Estilizar um texto ou objeto é modificar suas características, mas ainda reconhecer marcas do original. Do con- trário, teríamos uma paródia. Lembre-se de quando você era criança. Em algum momento do seu período escolar, você e seus cole- gas devem ter recebido um desenho para completar. Nas folhas, somente os traços principais de um ob- jeto conhecido, por exemplo, de uma casa. Embora todos tenham recebido folhas com os mesmos tra- ços, cada um completou a casa de modo diferente. Você pode ter pintado o telhado da casa de vermelho, desenhado duas janelas grandes e um jardim. Já seu colega do lado pode ter feito uma casinha de cachor- ro. Perceba que, ao acrescentar elementos, cada um deu à casa seu próprio estilo. Mesmo assim, ainda é possível reconhecer que se trata de uma casa. Agora, tente identificar o que acontece na ima- gem a seguir: 42 Figura 7: Estilização da pintura “A última ceia”, de Leonardo da Vinci. Você já viu esta cena antes? Provavelmente sim, pois a cena da última ceia, de Jesus com seus apóstolos, antes de sua crucificação, é uma das mais importan- tes representações da arte, além de mundialmente conhecida. Embora tenha reconhecido do que se tra- ta, deve ter percebido traços diferentes do original – o formato geométrico das pessoas, das vestimentas, da toalha de mesa, a ausência de rostos. Trata-se de uma estilização. Compare à versão original, feita por Leonardo Da Vinci: 43 Figura 8: A Última Ceia, de Leonardo Da Vinci, 1495-1497. | Fonte: http://leonardodavinci.cc/a-ultima-ceia/. Acesso em: 10 dez. 2018. Agora que você já conhece os gêneros textuais, tente identificá-los no seu dia a dia. Verifique as possibi- lidades infinitas de utilizá-los com o propósito de te ajudar na comunicação. Não se esqueça, observe o contexto e o receptor da sua mensagem! 44 CONSIDERAÇÕES FINAIS Um dos nossos desafios é saber comunicar algo de forma clara, de querer entreter ou apenas escrever e ser compreendido. Mas como fazer isso? Utilizar os diversos tipos de textos fará com que con- sigamosnavegar por diversos grupos diferentes do que pertencemos hoje, nos permitirá até fazer parte de um desses grupos e porque não, o de criarmos o nosso próprio grupo. A comunicação é também responsável por unir e separar pessoas. Aplicar o que aprendemos é outro desafio, por isso, utilize seus conhecimentos de vida, mais os adqui- ridos aqui, aproveitando os gêneros textuais e suas aplicações, brincando, ousando e criando, porque é a comunicação a ferramenta que te levará a todos os caminhos. 45 Síntese Abordagem de humor, ironia ou sátira Função da paródia Mudança estrutural Função e características Diferença entre estilização, paráfrase e paródia Intertextualidade Gêneros Textuais Tipos de Textos Texto narrativo Texto descritivo Texto argumentativo Texto expositivo Paráfrase Paródia Estilização Comunicação e seu dinamismo Organização de informações Função do texto Diálogo entre dife- rentes elementos Textos previa- mente existentes Tipos de inter- textualidade: explícita e implícita Reafirmação de conceitos Características da paráfrase Utilização correta Referências Bibliográficas & Consultadas CHARAUDEAU. Patrick. Linguagem e discurso: mo- dos de organização. – São Paulo: Contexto, 2008. GANCHO, Cândida Vilares. Como analisar narrativas. 9. ed. – São Paulo: Ática, 2006. KOCH, Ingedore. Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10. ed. – São Paulo: Contexto, 2011. KOCH, Ingedore. Grunfeld Villaça. A coesão textual. 22. ed. – São Paulo: Contexto, 2010. KOCH, Ingedore. Grunfeld Villaça. Desvendando os segredos do texto. 7. ed. – São Paulo: Cortez, 2011. KOCH, Ingedore. Grunfeld Villaça. O texto e a construção dos sentidos. 10. ed. – São Paulo: Contexto, 2011. KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, L. A coerência textual. 18. Ed. – São Paulo: Contexto, 2010. KOCH, Ingedore; ELIAS, V. Ler e compreender: os sen- tidos do texto. 3. ed., 1ª reimpressão. – São Paulo: Contexto, 2010. KOCH, Ingedore; ELIAS, V. Ler e escrever: estratégias de produção textual. – São Paulo: Contexto, 2009. SANT’ANNA, Affonso Romano de. Paródia, paráfrase e cia. – 8. ed. São Paulo: Ática, 2007. AZEVEDO, Roberta. Português básico [recurso ele- trônico]. Porto Alegre: Penso, 2015. e-PUB. 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