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2ºAula Introdução à microeconomia Agora que o assunto de economia já lhe é familiar, podemos iniciar o estudo da Microeconomia. Nesta aula, começaremos pela Teoria do Consumidor e Teoria da Firma. Os consumidores são participantes ativos da economia de todos os países, portanto, estudar suas preferências, escolhas, restrições, enfim, estudar seu comportsmento na atividade econômica é fundamental. Por sua vez, na Teoria da Firma estudaremos o comportamento da firma ou empresa ao desenvolver sua atividade produtiva. Prontos para começar? Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • Conhecer os princípios da Teoria do Consumidor e da Teoria da Firma, bem como seus principais conceitos e teorias; • Conhecer a teoria das curvas de indiferença e isoquantas; • Conhecer a restrição orçamentária e o equilíbrio do consumidor; • Conhecer a função de produção e a análise da produção no curto e no longo prazo; • Analisar os custos de produção e os rendimentos das firmas, além de conhecer o processo de maximização dos lucros das empresas. Economia Aplicada 14 Já é sabido que os indivíduos têm necessidades econômicas infinitas ou ilimitadas. Por outro lado, tanto os recursos produtivos como os recursos financeiros dos próprios consumidores são limitados. Assim, mesmo que suas necessidades sejam ilimitadas, mesmo que os consumidores queiram, constantemente, consumir mais e mais bens e serviços, eles se deparam com um entrave ou restrição orçamentária. Isso posto, nesta seção, serão analisadas as escolhas do consumidor e suas preferências. Estudaremos também a restrição orçamentária e, finalmente, o equilíbrio do consumidor. Prontos para estudar o comportamento do consumidor na economia?! O Comportamento Econômico do Cosumidor 1.1 Pressupostos Básicos das Preferências do Consumidor Antes de iniciarmos, é preciso entender alguns conceitos que serão usados nesta seção. Um deles é o conceito de cesta de mercado. Uma cesta de mercado é um conjunto de uma ou mais mercadorias, ou seja, uma combinação de produtos que um consumidor gasta a cada mês (PINDYCK & RUBINFELD, 2002, p. 61). O quadro mostrado abaixo apresenta algumas cestas de mercado formadas por quantidades de alimentos e vestuário que são consumidas mensalmente. A cesta A é formada por 20 unidades de alimentação e 30 unidades de vestuário; a cesta B é formada por 10 unidades de alimentação e 50 unidades de vestuário. A cesta C contém 40 unidades de alimentação e 20 unidades de vestuário e, assim, seguem as demais cestas. Quadro 01: Exemplos de Cestas de Mercado 1 – Introdução à Teoria do Consumidor 2 – Introdução à Teoria da Firma: produção 3 – Introdução à Teoria da Firma: custos e rendimentos 4 – Maximização dos Lucros Seções de estudo 1 Introdução à Teoria do Consumidor Cestas de Mercado Unidades de Alimentação Unidades de vestuário A 20 30 B 10 50 C 40 20 D 30 40 E 10 20 F 10 40 O consumidor pode escolher entre as cestas de mercado, aquela que ele gostar mais, melhor dizendo, aquela que ele preferir. De acordo com Pindyck & Rubinfeld (2002), existem três pressupostos básicos a respeito das preferências das pessoas por determinada cesta em relação à outra cesta. • As preferências são completas: um consumidor irá preferir a cesta A em vez de B, ou a cesta B em vez de A, ou será indiferente às duas cestas. Essas preferências não levam os preços em consideração, pois um consumidor poderia preferir carne de primeira em vez de carne de segunda, mas compraria carne de segunda por esta ser mais barata. • As preferências são transitivas: Se o consumidor preferir a cesta de mercado A em vez da cesta B e preferir a cesta B em vez da cesta C, então, ele também prefere a cesta A em vez da C. Por exemplo, se um consumidor prefere um automóvel Gol em vez de um Palio, e se ele prefere um Palio em vez de um Uno, então, ele prefere um Gol em vez de um Uno. • Não saciedade: dado que todas as cestas de mercadorias são boas e desejáveis, o consumidor prefere sempre consumir mais das mercadorias em vez de menos. Neste caso, entre as cestas E e F do quadro 01, o consumidor irá preferir consumir a cesta F, que contém mais unidades de vestuário. Analisando o quadro 01, podemos constatar que o consumidor prefere a cesta de consumo A, contendo 20 unidades de alimentação e 30 unidades de vestuário, em vez da cesta E, contendo 10 unidades de alimentação e 20 unidades de vestuário. É possível entender porque ele prefere a cesta A e não a cesta E se relembrarmos do pressuposto da não saciedade. Ainda, comparando as cestas A e D, o consumidor irá preferir a cesta D que contém mais unidades de vestuário e de alimentação. De acordo com o pressuposto da não saciedade, a melhor cesta, entre as cestas contidas no quadro 01, é a cesta D. 1.2 Curvas de Indiferença As preferências do consumidor podem ser representadas graficamente, usando as curvas de indiferença. Uma curva de indiferença é a representação gráfica de um conjunto de cestas de mercadorias que são indiferentes para o consumidor, ou seja, que oferecem o mesmo nível de satisfação ao consumidor (PINDYCK & RUBINFELD, 2002, p. 62). A figura abaixo mostra uma curva de indiferença. Esta curva é montada a partir de combinações de alimentação (no eixo vertical) e vestuário (no eixo horizontal). Perceba que, as cestas A, B e C mostradas no quadro 01 estão representadas na mesma curva de indiferença. Analisando novamente o quadro 01, perceba que o consumidor pode escolher entre as cestas A, B e C. As cestas A e C contêm mais unidades de alimentação que a cesta B, mas esta última cesta contém mais unidades de vestuário que as cestas A e C. A cesta A contém mais unidades de vestuário, que a cesta C, porém na cesta A existem menos unidades de alimentação em comparação a cesta C. Dentre essas cestas, qual o consumir escolheria? O que se pode afirmar é que o consumidor é indiferente entre consumir as cestas A, B e C. Isso ocorre porque as três cestas se encaixam na mesma curva de indiferença. Observe a figura abaixo para entender melhor a teoria das curvas de indiferença. A curva mostrada na figura liga as cestas de mercado A, B e C e é a chamada curva de indiferença. Ela indica que o consumidor é indiferente em relação às três cestas de mercadorias (cestas A, B e C), pois todas elas estão na 15 mesma curva de indiferença. Figura 01: Curva de Indiferença Fonte: Pindyck & Rubinfeld, 2002, p. 63. As três cestas que estão sob a curva de indiferença dão a mesma satisfação ao consumidor, portanto, para ele tanto faz consumir qualquer uma das três cestas. Para o consumidor é indiferente consumir a cesta A ou a cesta B ou, ainda a cesta C, pois ele não se sente nem em melhor situação e nem em pior situação se consumir qualquer uma delas. Mais uma vez, é bom frisar que este fato só é verdadeiro porque as cestas A, B e C estão na mesma curva de indiferença! Todas as cestas que estão sob a mesma curva de indiferença proporcionam a mesma satisfação ao consumidor. A cesta E está na área abaixo da curva de indiferença. Por estar nessa posição, essa cesta é menos desejada pelo consumidor. Já a cesta D, situada na área acima da curva de indiferença é mais desejada pelo consumidor do que as cestas sob a curva de indiferença. É possível representar várias curvas de indiferença em um mesmo plano, um mapa de indiferença. Um mapa de indiferença é o conjunto de curvas que descrevem as preferências de um consumidor. Cada curva de indiferença do mapa mostra as cestas de mercadorias em relação às quais o consumidor é indiferente. Suponhamos que existam apenas duas mercadorias que o consumidor Pedro pode consumir: vestuário e alimentação. Construiremos o quadro 02, que contém exemplos de cestas de mercadorias de Pedro. Quadro 02: Cestas de Mercadoria de Pedro Cestas de Mercado Unidades de Alimentação Unidades de Vestuário A 01 12 B 02 06 C 03 04 D 04 03 A partir doquadro 02 foi construída a figura 02 abaixo. Observe que no eixo horizontal estão representadas as unidades alimentícias e no eixo vertical as unidades de vestuário. Figura 02: Mapa de Indiferença Fonte: Pinho & Vasconcellos, 2004, p. 94. Na figura 02 há um mapa de indiferença que contém três curvas de indiferença. A curva de indiferença mais baixa, denominada CI1, é aquela formada pela cesta de mercadorias X e W. Essas cestas dão a Pedro a mesma satisfação. A curva CI2 é composta pelas cestas A, B, C, D e E. Pedro é indiferente a qualquer uma dessas cestas sob a curva de indiferença CI2. Por último, a CI3 passa pelas cestas Y e Z, e Pedro também é indiferente a ambas. Relembrando o pressuposto da não saciedade, sabemos que um consumidor sempre quer consumir mais de ambos os bens. Assim, já se pode adiantar uma conclusão: as curvas de indiferença mais altas contêm as melhores cestas de mercado. Qualquer cesta de mercado sob a curva de indiferença CI2, a cesta C, por exemplo, será preferível em relação às cestas W e X sob a curva de indiferença CI1. Claro, a cesta C está na curva de indiferença CI2, a qual está em uma posição mais alta do que a curva de indiferença CI1, onde estão as cestas W e X. Por sua vez, qualquer cesta sob a curva de indiferença CI3 será preferível em relação à curva de indiferença CI1 e também em relação à CI2. Essa é a curva de indiferença mais alta, portanto, todas as cestas que estão sob essa curva são melhores que as demais cestas. Dessa forma, tem-se que as curvas de indiferença mais altas são sempre preferíveis! 1.3 Taxa Marginal de Substituição O consumidor faz escolhas a respeito de quais bens e quanto destes bens irá consumir. Em algum momento, o consumidor terá que trocar ou substituir um bem por outro. E 05 2,4 X 02 2,5 W 01 06 Y 03 08 Z 04 06 Economia Aplicada 16 Quadro 03: Taxa Marginal de Substituição de Vestuário por Alimen- tação Cesta de Mercado Unidades de Alimentação Unidades de Vestuário TMS A 01 12 - B 02 06 06 C 03 04 02 D 04 03 01 E 05 02 01 Fonte: Pinho & Vasconcellos, 2004, p.97. Verifique o quadro 03 acima. Este contém as mesmas cestas de consumo de Pedro do quadro 02, porém, somente aquelas a que ele é indiferente. Sabemos que Pedro é indiferente entre consumir qualquer uma das cestas A, B, C, D ou E, todas elas dão a Pedro a mesma satisfação. Suponhamos que Pedro esteja consumindo a cesta A, a qual contém 01 unidade de alimentação e 12 unidades de vestuário, mas decida deixar de consumir essa cesta e passa a consumir a cesta B, contendo 02 unidades de alimentação e 06 unidades de vestuário. O que se observa é que Pedro sacrificou, trocou, abriu mão ou ainda, desistiu de consumir 06 unidades de vestuário (já que ele deixa de consumir as 12 unidades contidas na cesta A e passa a consumir apenas as 06 unidades da cesta B) para consumir uma unidade adicional de alimentação. Percebe-se também que, apesar de ter feito essa troca, Pedro continua na mesma situação, ou seja, sua satisfação não mudou, pois ele está ainda na mesma curva de indiferença. Consideremos, agora, que Pedro decida fazer outra troca, deixa de consumir a cesta de mercadorias B e passa a consumir a cesta C. Nessa situação, Pedro abriu mão de consumir 02 unidades de vestuário para aumentar seu consumo de alimentos em 01 unidade e também se manteve com o mesmo nível de satisfação. Os dois casos acima exemplificam o conceito de taxa marginal de substituição de vestuário por alimentação. Ela representa a quantidade de vestuário que o consumidor está disposto a abrir mão (ou desistir de consumir) em troca de uma unidade adicional de alimentação. Ou ainda, representa em quanto o consumo de vestuário será reduzido se o consumidor resolver consumir uma unidade adicional de alimentação. TMS (bem I pelo bem II): é a redução na quantidade consumida do bem I necessária para aumentar o consumo do bem II em uma unidade e manter o consumidor com a mesma satisfação. (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 96). Com base no Quadro 03, repare que, quando Pedro deixa de consumir a cesta A para consumir a cesta B. A taxa marginal de substituição (TMS) de vestuário por alimentação é 06, pois ele abre mão de 06 unidades de vestuário por uma unidade adicional de alimentação. Quando Pedro passa a consumir a cesta C, a TMS passa a ser 02, pois ele abre mão de 02 unidades de vestuário por uma unidade a mais de alimentação. Repare que a taxa marginal de substituição de vestuário por alimentação diminui à medida que Pedro se move de uma cesta de mercadorias pra outra. Isso acontece porque a taxa marginal de substituição é sempre decrescente. 1.4 Utilidade marginal Os consumidores demandam mercadorias porque o seu consumo proporciona a elas algum tipo de prazer ou satisfação (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 81). O prazer ou satisfação pode ser medido, esta medida é chamada de utilidade. Podemos definir utilidade como o nível de satisfação ou prazer que uma pessoa tem ao consumir uma mercadoria. É a mesma coisa dizer que utilidade é a satisfação ou prazer que uma mercadoria fornece àquele que a consome. Para explicar o que é a utilidade marginal, tomaremos como exemplo uma pessoa no deserto sedenta por água. A mercadoria em questão será, então, copo de água. Imagine que é dado um copo de água para essa pessoa. Esse copo, certamente, trará uma enorme satisfação a ela, gerando uma utilidade elevada. Se depois disso, for dado um segundo copo de água a essa pessoa, esse copo será bem recebido, mas provavelmente não com o mesmo entusiasmo com que foi o primeiro copo, a satisfação ao consumir o segundo copo de água é provavelmente menor do que a satisfação proporcionada pelo consumo do primeiro copo. Um terceiro copo será recebido com entusiasmo ainda menor e trará uma satisfação também menor. Se formos aumentando as quantidades de copos de água dadas à pessoa, chegaremos a um ponto em que um copo adicional não trará mais satisfação a ela, ou seja, o benefício ou satisfação de um copo de água adicional será tão pequeno que a pessoa se torna quase indiferente entre consumi-lo ou não. Mas porque isso ocorreu se a pessoa estava com tanta sede? A resposta é fácil: quando consumido praticamente até a saciedade, o copo de água deixou de ser um produto escasso para essa pessoa. O que se conclui é que a utilidade derivada do consumo de copos de água cresce na medida em que aumentamos a quantidade de copos de água. Porém, a utilidade de cada copo de água adicional é cada vez menor. Até ser particularmente baixa, a ponto de o consumidor ser praticamente indiferente a ele. Figura 03: Utilidade Marginal Decrescente Fonte: Pinho & Vasconcellos, 2004, p 82 Observe a figura 03, ela mostra a variação da utilidade de acordo com o consumo. A parte escura das barras indica quanto foi acrescentado à utilidade pelo último copo de água consumido. À medida que aumenta a quantidade consumida (deslocamento para colunas à direita), a parte escura se torna cada vez menor. Isso significa que cada unidade adicional consumida acrescenta cada vez menos à utilidade. 17 Se Pedro gastar toda sua renda comprando vestuário, ele compraria 50 unidades de vestuário, ou seja: 0. 5,00 + V. 10,00 = 500,00 V = 500,00/10,00 V = 50 unidades de vestuário. Se ele gastasse toda sua renda em alimentação, então, consumiria 100 unidades de alimentação, ou seja: A. 5,00 + 0. 10,00 = 500,00 A = 500,00/5,00 A = 100 unidades de alimentação. Se Pedro decidir consumir 20 unidades de alimentação, ao preço de R$ 5,00, ele gastará R$ 100,00 e sobrará R$ 400,00 da sua renda para ser consumido em vestuário. Então, ele poderá consumir 40 unidades de vestuário, ou seja: 20. 5,00 + V. 10,00 = 500,00 100,00 + V. 10,00 = 500,00 V. 10,00 = 400,00 V = 40 unidades de vestuário. O mesmo pode ser feito para as demais combinações de unidades de alimentação e vestuário do quadro 04. Todas as combinações, se alinhadas, formam a linha de restrição orçamentáriamostrada na figura 03 a seguir. Figura 04: Restrição Orçamentária de Pedro Fonte: Pinho & Vasconcellos, 2004, p.99. Toda a área cinza da figura 04 mostra os gastos de Pedro menores ou iguais a sua restrição orçamentária. Com base nessa figura Pedro pode consumir as cestas A, B, C, D, E e F e gastará toda a sua renda. Pedro pode também consumir a cesta X, mas não gastará toda a sua renda. 1.6 Equilíbrio do Consumidor Sabendo das preferências do consumidor e da restrição orçamentária, podemos determinar como o consumidor deve escolher entre as diversas cestas de mercadorias que sua restrição orçamentária lhe permite consumir. Os consumidores devem escolher o que consumir UTILIDADE MARGINAL DECRESCENTE: à medida que aumenta o consumo de uma mercadoria por parte de uma pessoa, o prazer decorrente de uma unidade adicional, isto é, a utilidade marginal dessa mercadoria diminui (PINHO ; VASCONCELLOS, 2004, p. 83). 1.5 Restrição Orçamentária do Consumidor Já sabemos que o objetivo de todo consumidor é obter a máxima satisfação de suas necessidades. Todos nós, consumidores, queremos consumir o máximo de todos os bens. Vimos, também, que o mapa de indiferença mostra o conjunto de curvas de indiferença que descrevem as preferências do consumidor em relação a diversas combinações de mercadorias. Podemos, então, afirmar que os consumidores têm suas preferências e querem consumir aquilo que satisfaz seus desejos e necessidades, e querem consumir sempre mais. Se os indivíduos pudessem consumir livremente tudo aquilo que quisessem, consumiriam uma quantidade infinita de bens. Mas não podem, porque eles se deparam com um entrave, uma limitação ao consumo: a sua renda, seu orçamento. Chamaremos essa limitação ou entrave de restrição orçamentária. Esta seção será dedicada ao estudo da restrição orçamentária por meio de um exemplo numérico. Vamos lá?! Suponhamos que Pedro disponha de uma renda fixa R e que gasta sua renda com alimentação e vestuário. Chamaremos a quantidade adquirida de alimentação de A e a quantidade adquirida de vestuário de V. O preço das duas mercadorias será Pa (preço da alimentação) e Pv (preço do vestuário). Então, a quantidade de dinheiro gasta em alimentação será (A x Pa) e a quantidade de dinheiro gasta em vestuário será (V x Pv). Finalmente, devemos considerar que Pedro é um consumidor racional, ou seja, ele não pode gastar mais do que ganha. Portanto, ele deve gastar em alimentação e vestuário uma quantia igual ou menor que sua renda. A restrição orçamentária de Pedro é: A * Pa + V * Pv ≤ R Suponhamos que a renda mensal de Pedro seja R$ 500,00 (quinhentos reais). Suponhamos também que o preço de uma unidade de alimentação (Pa) seja R$ 5,00 (cinco reais) e o preço de uma unidade de vestuário (Pv) seja R$ 10,00 dez reais). O Quadro 04 mostra todas as combinações de alimentação e vestuário que Pedro pode consumir com sua renda. Quadro 04: Cestas de Consumo disponíveis para Pedro que esgotam sua renda de R$ 500,00. Supondo que 01 unidade de alimentação custe R$ 5,00 e 01 unidade de vestuário custe R$ 10,00. Cesta de Con- sumo Unidades de Alimen- tação Unidades de Ves- tuário A 00 50 B 20 40 C 40 30 D 60 20 E 80 10 F 100 00 Economia Aplicada 18 para obter a satisfação máxima das suas necessidades e desejos, porém, devem levar em consideração as limitações de seu aumento. A cesta de mercadoria que o consumidor irá escolher deve satisfazer essas duas condições. Portanto, a cesta escolhida pelo consumidor, que maximize a satisfação e leve em conta a restrição orçamentária, deve ser o encontro da curva de indiferença mais alta que esteja sobre a linha orçamentária. Para entender essa afirmação, observe a figura 05. Figura 05: Equilíbrio do Consumidor Fonte: Pinho & Vasconcellos, 2004, p. 102. Ela mostra quatro curvas de indiferença e a linha orçamentária de um consumidor qualquer. Os pontos A e B nas duas curvas de indiferença abaixo da linha orçamentária podem ser consumidos, pois estão dentro do orçamento desse consumidor, porém, não dão a ele a máxima satisfação e não esgotam toda a sua renda. O ponto C possibilita a máxima satisfação ao consumidor. Infelizmente, esse ponto está acima da restrição orçamentária. Portanto, como o ponto C não está dentro do orçamento do consumidor este não pode ser consumido. Finalmente, observe o ponto E. Assim como os pontos A e B, o ponto E está dentro do orçamento do consumidor. Além disso, esse ponto, apesar de proporcionar ao consumidor uma satisfação menor do que a proporcionada se consumisse no ponto C, proporciona a ele uma satisfação maior que os pontos A e B. Dessa forma, o equilíbrio do consumidor ocorre no ponto E. Nesse ponto o consumidor obtém a máxima satisfação possível obedecendo a sua restrição orçamentária. Repare que utilizamos a palavra “possível”, pois, com certeza, a melhor satisfação seria obtida se ele pudesse consumir a melhor cesta, nesse caso, a cesta C. Mas, como muitas vezes acontece em nosso dia a dia, a melhor cesta não é aquela que podemos comprar. Por essa razão, o equilíbrio do consumidor ocorre naquele ponto em que o consumidor fica dentro de seu orçamento e consome a cesta de mercadorias capaz de proporcionar a ele a melhor utilidade possível. 2 Introdução à Teoria da Firma: produção O estudo da Teoria da Produção é de extrema importância para a Teoria da Firma, pois fornece as bases para analisar a relação entre produção e custos de produção e, a partir daí, a formação dos preços dos produtos no mercado. Outro papel importante da Teoria da Produção está na análise da demanda da firma pelos fatores de produção utilizados no processo de produção, já que para realizar o processo de produção dos bens necessários à população, a firma depende da disponibilidade de fatores de produção. Os itens desta seção nos proporcionarão o entendimento da Teoria da Produção, bem como sua importância. De imediato pode-se afirmar que a Teoria da Produção se preocupa com a relação tecnológica entre a quantidade de fatores de produção e a quantidade de produtos. O Comportamento Econômico das Firmas - Teoria da Produção O estudo da Teoria da Produção é de extrema importância para a Teoria da Firma, pois fornece as bases para analisar a relação entre produção e custos de produção e, a partir daí, a formação dos preços dos produtos no mercado. Outro papel importante da Teoria da Produção está na análise da demanda da firma pelos fatores de produção utilizados no processo de produção, já que para realizar o processo de produção dos bens necessários à população, a firma depende da disponibilidade de fatores de produção. Os itens desta seção nos proporcionarão o entendimento da Teoria da Produção, bem como sua importância. De imediato pode-se afirmar que a Teoria da Produção se preocupa com a relação tecnológica entre a quantidade de fatores de produção e a quantidade de produtos. 2.1 A Função de Produção Durante o processo de produção, as empresas utilizam uma combinação de fatores de produção e os transforma em produtos finais. Por exemplo: uma padaria combina fatores de produção, como mão de obra (trabalho), farinha, açúcar, fornos, geladeiras, entre outros fatores para produzir pães, bolos e tortas (PINDYCK ; RUBINFELD, 2002, p. 168). A relação entre a combinação de tais fatores de produção utilizados no processo produtivo e o produto final é mostrada pela função de produção. Ela indica qual é a quantidade de produto (Q) que a empresa obtém (em nosso caso a padaria), a partir de uma combinação de fatores de produção. É importante acrescentar que a Teoria da Produção supõe que a empresa escolhe sempre o processo de produção mais eficiente, ou seja, aquele que utiliza e combina fatores de produção da maneira mais eficiente possível para obter a maior quantidade de produtos finais. Dessa forma, pode-se afirmar que a função de produção mostra a máxima produção gerada a partir de uma combinaçãoótima de fatores de produção, dentro do processo de produção mais eficiente. Matematicamente, a função de produção é representada a seguir: Q = f (x1, x2, x3, x4, ..., xn-1, xn) Onde Q = quantidade de produto x1,..., xn-1, xn = quantidades dos diversos fatores de produção Para simplificar, adotaremos a hipótese de que apenas dois fatores de produção são usados no processo produtivo, capital (K) e mão de obra (L = labor). Nesse caso simplificado, a função mostra as combinações mais 19 TRABA- LHO CAPITAL PRODUTO TOTAL PRODUTO MÉDIO PRODUTO MARGINAL 0 10 0 - - 1 10 10 10 10 2 10 30 15 20 3 10 60 20 30 4 10 80 20 20 5 10 95 19 15 6 10 108 18 13 7 10 112 16 04 8 10 112 14 00 9 10 108 12 -4 10 10 100 10 -8 PRODUÇÃO COM APENAS UM FATOR DE PRODUÇÃO VARIÁVEL Fonte: Pindyck & Rubinfeld, 2002, p. 172. Quando o fator de produção mão de obra é zero, o volume de produção também é zero. A partir daí, o volume de produção total vai aumentando à medida que a quantidade de mão de obra utilizada aumenta até atingir 08 unidades. Quando mais de 08 unidades de mão de obra são utilizadas, o volume de produção começa a diminuir. Até 08 unidades de mão de obra é possível que se obtenha uma produção cada vez maior, combinada com a quantidade fixa de máquinas e equipamentos e das instalações. Além de 08 unidades de mão de obra, cada unidade adicional não será mais produtiva, talvez porque os funcionários começam a ficar ociosos. Assim, o volume de produção aumenta conforme a empresa contrata mais, até atingir 08 unidades de mão de obra. Se a empresa trabalhar com mais de 08 unidades de mão de obra, o volume de produção diminui. O produto médio ou produtividade média do fator variável é definido como a quantidade produzida por cada unidade do fator variável. De forma mais simples, ele é a quantidade produzida por trabalhador (fator variável). Matematicamente, o produto médio é representado por: PMe = Q / L Onde PMe = produto médio Q = quantidade de produto L = quantidade de mão de obra Observe que a figura acima possui uma quarta coluna denominada produto médio do trabalho, que é calculado dividindo-se o produto total pela quantidade utilizada do insumo mão de obra. Observe também que o produto médio aumenta de início, mas passa a cair quando a quantidade de mão de obra utilizada é maior que 04 unidades. A quinta coluna mostra o produto marginal do trabalho, que diz respeito à produção adicional obtida pelo acréscimo de uma quantidade adicional do fator de produção mão de obra. Em outras palavras, o produto marginal do fator variável mostra quanto o produto total varia quando se aumenta a quantidade utilizada do fator variável. Matematicamente, tem-se: PMg = Δ PT / Δ L Onde PMg = produto marginal Δ PT = variação do produto total Δ L = variação da quantidade utilizada do fator variável Por exemplo, com a quantidade de capital fixada em 10 unidades, se a quantidade de mão de obra aumentar de 02 para 03 unidades, o produto total aumenta de 30 para 60 unidades, então, o volume adicional de produção é de 30 unidades. Aplicando os valores do exemplo na fórmula acima, tem-se: PMg = (60 – 30) / (03 – 02) PMg = 30 unidades de produto A partir dos conceitos de produto total, produto médio e eficientes de capital e mão de obra que geram a máxima quantidade de produto (PINDYCK & RUBINFELD, 2002, p. 168). A expressão para a função de produção vem abaixo: Q = f (K, L) Segundo essa equação, a quantidade de produto depende das quantidades usadas de dois fatores de produção, a mão de obra e o capital. 2.2 Análise de Curto Prazo Iniciaremos o estudo da Teoria da Produção pela análise de curto prazo. O curto prazo diz respeito ao período de tempo no qual a função de produção da empresa utiliza e combina fatores de produção fixos. Apenas um fator de produção pode variar no curto prazo. No curto prazo a empresa é obrigada a utilizar alguns fatores de produção, mesmo se decidir não produzir (VARIAN, 2003, p. 346). Tomando como base a hipótese simplificada de que a empresa utiliza apenas dois fatores de produção, o capital será o fator fixo e a quantidade de mão de obra é o fator variável. Isso se explica porque o capital da empresa geralmente leva tempo para poder ser modificado. Por exemplo, a construção de uma nova fábrica demora a ser terminada, ou ainda o período até que novas máquinas e equipamentos sejam encomendados e entregues é longo. Dessa forma, no curto prazo, a quantidade produzida irá variar somente se a quantidade de mão de obra (fator variável) utilizada na produção variar, pois para a quantidade de capital variar é preciso mais tempo. Em outras palavras, a quantidade produzida da empresa varia graças à variação na quantidade utilizada do fator variável associada à quantidade constante utilizada de fator fixo. A partir da análise de curto prazo e sabendo que, neste período, apenas um fator de produção pode variar, pode-se apresentar alguns conceitos básicos da teoria da produção: produto total, produto médio e produto marginal. Todos esses conceitos estão relacionados ao fator de produção variável. O produto total do fator variável é definido como a quantidade de produto que a empresa obtém no processo de produção, combinando o fator de produção variável com os demais fatores de produção fixos (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 147). Novamente tomaremos como exemplo, a padaria. Essa firma dispõe de determinada quantidade fixa de máquinas e equipamentos, como fornos, geladeiras, freezer, mas pode contratar mais ou menos quantidade de mão de obra para operar tais máquinas e equipamentos. Então, o produto total do fator variável é a quantidade de pães, bolos e tortas que a padaria obtém graças à combinação de seus fatores de produção fixos com o fator de produção variável, a mão de obra. O quadro abaixo apresenta uma relação de quantidade de capital e trabalho utilizados na produção de pães. As três primeiras colunas apresentam o volume de capital e trabalho utilizados e os diferentes volumes de produção obtidos. Repare que a quantidade de capital utilizada é sempre fixa em 10 unidades, isso porque o capital (por exemplo, os fornos disponíveis) é um fator fixo no curto prazo. Quadro 05: Produção no Curto Prazo Economia Aplicada 20 produto marginal do fator variável podemos falar da Lei dos Rendimentos Decrescentes ou Lei da Produtividade Marginal Decrescente. Essa lei diz que se uma empresa aumentar a quantidade de um fator variável, permanecendo fixa a quantidade dos demais fatores utilizados na produção, o volume de produção inicialmente aumentará a taxas crescentes; em seguida a produção continuará a crescer, mas a taxas decrescentes (ou seja, com acréscimos cada vez menores). À medida que a empresa continua aumentando a quantidade de fator variável, a produção total chegará a um máximo e a partir de então, começará a decrescer (PINHO; VASCONCELLOS, 2004, p. 148). A explicação acima fica mais clara se acompanhada com a análise da figura já apresentada. Com base nos valores do produto total e produto marginal apresentados na quinta coluna, pode-se observar que, inicialmente, aumentos na quantidade utilizada de fator variável provocam aumentos na quantidade produzida. Nesse caso, a função de produção da empresa apresenta rendimentos crescentes. Em seguida, a partir da quarta unidade do fator variável, cada aumento na quantidade utilizada desse fator provocará aumentos na quantidade produzida, porém, esses aumentos serão cada vez menores. Nesse caso, a função de produção começa a mostrar rendimentos decrescentes. A empresa obtém a máxima produção quando emprega 08 unidades de fator variável associada a 10 unidades do fator fixo. A partir daí, não vale a pena continuar aumentando a quantidade de fator variável empregada, pois os acréscimos começam a impactar negativamente na quantidade produzida. Perceba que, nesse último caso, sea empresa utilizar mais de 08 unidades do fator variável associada a 10 unidades do fator fixo, o produto total começa a diminuir e o produto marginal fica negativo. 2.3 Análise de Longo Prazo O longo prazo, ao contrário da análise de curto prazo, diz respeito ao período de tempo em que todos os fatores de produção podem variar. No longo prazo, as empresas podem, por exemplo, modificar a capacidade instalada das fábricas, o que seria um fator de produção considerado fixo no curto prazo. 2.3.1 Isoquantas Suponhamos que capital (fornos) e trabalho (padeiros) estão sendo usados pela empresa (padaria) para produzir algum bem (pães). O quadro abaixo relaciona o volume de produção obtido por uma empresa a cada mês a partir de diferentes combinações de capital e trabalho. Na horizontal estão as quantidades de mão de obra e na vertical as quantidades de capital utilizados na produção. Assim, se a firma utiliza 01 unidade de capital e 03 unidades de mão de obra, ela obtém 55 unidades de produto. Porém, se utilizar 03 unidades de capital e 01 unidade de mão de obra a firma obterá as mesmas 55 unidades de produto. Agora, utilizando 01 unidade de capital e 05 unidades de mão de obra, ou 03 unidades de capital e 02 de trabalho, ou ainda, 05 unidades de capital e 01 unidade de trabalho, a produção da firma ainda será de 75 unidades de produto. Quadro 06: Produção no Longo Prazo CAPITAL / TRABALHO 01 02 03 04 05 01 20 40 55 65 75 02 40 60 75 85 90 03 55 75 90 100 105 04 65 85 100 110 115 05 75 90 105 115 120 VOLUME DE PRODUÇÃO UTILIZANDO 02 FATORES VARIÁVEIS Por último, se a firma utiliza 02 unidades de capital e 05 unidades de trabalho, ou 03 unidades de cada fator de produção ou ainda 05 unidades de capital e 02 de trabalho, ela obtém o mesmo volume de produção, ou seja, 90 unidades. Observe a figura abaixo, a qual mostra diversas combinações de capital e trabalho que, se combinadas, produzirão Q1 = 55, Q2 = 75 ou Q3 = 90 unidades de produto. Perceba que a junção das combinações de capital e trabalho que produzem 55 unidades de produto, forma uma curva. O mesmo ocorre para as combinações de capital e trabalho que resultam em 75 e 90 unidades de produto. Essas curvas estão representadas na figura abaixo. Figura 06: Isoquantas Fonte: Pindyck & Rubinfeld, 2002, p.170. Cada curva formada é denominada isoquanta. Ela é uma curva que representa todas as possíveis combinações de fatores de produção que resultam no mesmo volume de produção (PINDYCK; RUBINFELD, 2002, p. 169). A isoquanta Q1 mede todas as combinações de capital e trabalho que produzem um volume de produção de 55 unidades. A isoquanta Q2 mede as combinações de fatores de produção (capital e trabalho) que resultam na produção de 75 unidades de produto. Por último, a isoquanta Q3 mede as combinações que resultam em 90 unidades de produto. Perceba a semelhança entre isoquantas e curvas de indiferença. As curvas de indiferença ordenam níveis de satisfação do menor ao mais elevado, enquanto as isoquantas ordenam níveis de produção. 21 2.3.2 Taxa marginal de substituição técnica (TMST) Havendo dois fatores de produção que podem variar, existe a possibilidade de substituir um fator pelo outro. Perceba que essa taxa é equivalente à taxa marginal de substituição da Teoria do Consumidor. Sendo capital e trabalho os dois únicos fatores usados no processo de produção, a taxa marginal de substituição técnica para o capital, por exemplo, é a quantidade pela qual se pode reduzir o fator capital, quando se utiliza uma unidade extra do fator trabalho de tal forma que a produção permaneça constante. Já a taxa marginal de substituição técnica para o trabalho é a quantidade pela qual se pode reduzir o fator trabalho, quando se utiliza uma unidade extra do fator capital, mantendo a produção constante. 2.3.3 Rendimentos de Escala Os rendimentos de escala (ou economias de escala) representam a forma como a quantidade produzida, ou o volume de produção, varia em resposta a uma variação da quantidade utilizada de todos os fatores de produção (PINHO ; VASCONCELLOS, 2004, p. 155). É a medição dos aumentos de produção quando ocorrem aumentos em cada um dos insumos utilizados. Os rendimentos de escala podem ser: • Rendimentos Crescentes de Escala: ocorrem quando o volume de produção aumenta mais que proporcionalmente ao aumento da quantidade de fatores de produção utilizados. Por exemplo, aumentando a utilização dos dois fatores de produção (capital e trabalho) em 10%, a produção aumenta em 20%. • Rendimentos Constantes de Escala: ocorrem quando o volume de produção aumenta na mesma proporção do aumento da quantidade de fatores de produção utilizados. Por exemplo, aumentando a utilização dos dois fatores de produção (capital e trabalho) em 10%, a produção também aumenta em 10%. • Rendimentos Decrescentes de Escala: ocorrem quando o volume de produção aumenta menos que proporcionalmente ao aumento da quantidade de fatores de produção utilizados. Por exemplo, aumentando a utilização dos dois fatores de produção (capital e trabalho) em 10%, a produção aumenta em apenas 5%. 3 Introdução à Teoria da Firma: custos e rendimentos O objetivo básico de todas as firmas é obter a maximização dos seus resultados. Em outras palavras, as firmas buscam sempre obter o lucro máximo possível. Da mesma forma como fizemos quando tratamos da Teoria do Consumidor, na Teoria da Firma utilizamos também a palavra “possível”. Isso porque, com certeza, as firmas querem produzir muitos bens, mas se deparam também com um entrave: os custos de realizar a produção. Se não houvesse custos para se realizar a produção, ou seja, se as firmas ou empresas não tivessem que pagar pelo uso da mão de obra, das matérias primas, máquinas, etc. elas poderiam produzir infinitamente. Mas, na realidade, os fatores de produção são limitados (como já vimos na Aula 01) e por isso, existe um custo para utilizá-los. Assim, a firma procura obter a máxima produção possível frente ao custo de se utilizar determinada combinação de fatores de produção (capital e trabalho). A maximização dos resultados será obtida quando a firma alcançar um dos objetivos abaixo: 1. Minimizar o custo total de produção para um determinado nível de produção. 2. Maximizar a produção para um determinado custo total de produção. Nesta seção entenderemos o comportamento das firmas na atividade econômica a fim de alcançar seus objetivos. Os Custos de Produção e a Receita as Firmas 3.1 Análise dos Custos de Produção da Firma Um dos objetivos percorridos pela firma é a minimização dos custos de produção para um determinado nível de produção. Ou seja, a firma decide qual quantidade produzirá e, para essa quantidade, ela buscará o mínimo custo de produção. Os custos de produção podem ser: • Custo Total (CT): é o preço dos fatores de produção; é o total das despesas que surgem para as firmas quando elas utilizam a combinação mais econômica de fatores de produção para obter determinada quantidade de produto. Estes são divididos em custo variável total e custo fixo total. • Custo Fixo Total (CFT): é a parcela dos custos totais que não dependem da produção, ou seja, que a firma terá que pagar mesmo que não produza nada. É o caso dos aluguéis e da taxa de iluminação. • Custo Variável Total (CVT): é a parcela dos custos totais que dependem da produção, ou seja, que são pagos somente se a firma estiver em funcionamento. É o caso, por exemplo, dos gastos com folha de pagamento de funcionários e dos gastos com matérias-primas. • Custo Total Médio (CTMe): é obtido com a divisão do custo total pela quantidade produzida (Q); é o custo por unidade produzida. O custo total médio é o total das despesas que surgem durante o processo de produção (as despesas fixas medidas pelo custo fixo e as despesas variáveis medidas pelo custo variável), dividido pela quantidade produzida. CTMe = CT / Q • Custo Variável Médio(CVMe): é a divisão entre o custo variável total e a quantidade produzida (Q). CVMe = CV / Q • Custo Fixo Médio (CFMe): é a divisão entre o custo fixo total e a quantidade produzida (Q). CFMe = CF / Q • Custo Marginal (CMg): é dado pela variação do custo total (ΔCT) quando ocorre a variação da quantidade Economia Aplicada 22 3.2 Análise da Receita das Firmas Em vez de buscar a minimização dos custos de produção para um determinado nível de produção, a firma pode também objetivar a maximização da produção para um determinado nível de custos. Nesse caso, levaremos em conta, além dos custos de produção estudados há pouco, os rendimentos das firmas. Os tipos de rendimentos da firma são: • Receita total (RT): esta corresponde ao faturamento da firma decorrente da quantidade de produto vendida (Q) ao preço determinado (P). A receita total é dada por: RT = Q.P • Receita média (RMe): é dada pela relação entre a sua receita total e a quantidade vendida por ela. Dessa forma, a receita média é igual ao preço unitário de venda. RMe = RT / Q RMe = Q.P / Q RMe = P Em um mercado perfeitamente competitivo, como as empresas devem cobrar o preço de mercado, a receita média é sempre fixa. Em outras palavras, o preço do produto é constante e determinado no mercado, então a receita média das firmas será sempre constante. • Receita marginal (RMg): mede a relação entre a variação da receita total quando ocorre uma pequena variação na quantidade vendida de produto. RMg = ΔRT / ΔQ 4 Maximização dos Lucros Já vimos que as firmas têm dois objetivos básicos a perseguir: • Minimizar o custo total de produção para um determinado nível de produção. • Maximizar a produção para um determinado custo total de produção. A Teoria Microeconômica considera que, ao perseguir qualquer um destes, a firma chegará ao seu objetivo maior: a maximização de lucros. Nessa seção, estudaremos o problema da maximização de lucros das firmas. O lucro de uma empresa é a diferença entre as receitas de vendas e as despesas ou custos de realizar a produção. O lucro total (LT) de uma firma é dado pela receita total (RT) obtida com o processo de produção menos o custo total (CT) de produzir tal volume de produção. Dessa forma: LT = RT – CT LT = Q.P – CT O lucro será máximo quando a empresa encontrar um nível de produção Q* que faz com que a firma não tenha interesse algum em produzir qualquer unidade a mais ou a menos de Q*. Quando a empresa encontra o nível de produção ótimo Q*, que faz com ela atinja seu lucro máximo, qualquer quantidade produzida acima deste nível de produção Q* significará uma queda nos seus lucros. Mas como isso acontece? Se o nível de produção ótimo é Q*, se a empresa produzir uma unidade adicional de produto, ela terá um custo marginal maior que a receita marginal obtida pela venda desta unidade adicional. Assim, se o custo adicional da firma é maior que sua receita, então, com certeza, a empresa não irá aumentar a produção. O mesmo ocorre se a firma decide produzir uma unidade a menos do que o nível de produção ótimo. Se ela obtém o máximo de lucro produzindo Q*, não há razão para produzir qualquer valor abaixo do nível ótimo. Assim, o lucro máximo da firma é obtido quando o custo marginal se iguala à receita marginal. O que acabamos de descobrir pode também ser mostrado matematicamente, a partir de algumas manipulações matemáticas: LT = RT – CT LT = Q.P – CT d(LT) / dQ = dRT / dQ – dCT / dQ = 0 d(LT) / dQ = RMg – CMg = 0 RMg – CMg = 0 Analisando graficamente o ponto de lucro máximo da firma, podemos perceber que o lucro máximo ocorre no produzida em apenas uma unidade (ΔQ). CMg = ΔCT / ΔQ CMg1 = (CT1 – CT0) / (Q1 – Q0) CMg2 = (CT2 – CT1) / (Q2 – Q1) CMg3 = (CT3 – CT2) / (Q3 – Q2) Os gráficos das funções de custo médio, custo variável médio e custo marginal podem ser visualizados na figura abaixo. Figura 07: Curvas de Custos de Produção Levando-se em conta que as firmas atuem em um mercado perfeitamente competitivo, então, a receita marginal, também será constante e igual ao preço de mercado. Isso ocorre porque, ao aumentar a produção, a receita a mais obtida é exatamente o preço recebido pela venda desse produto adicional. Assim, em concorrência perfeita, a receita média e a receita marginal são iguais ao preço de venda do produto. RMg1 = (RT1 – RT0) / (Q1 – Q0) RMg2 = (RT2 – RT1) / (Q2 – Q1) RMg3 = (RT3 – RT2) / (Q3 – Q2) ... 23 ponto em que a curva de receita marginal se cruza com a parte ascendente da curva de custo marginal. Observe esse ponto de cruzamento na figura abaixo. Analisaremos a figura 09 a seguir para entender por que a firma terá lucro máximo somente quando a receita marginal é igual ao custo marginal. Figura 09: Lucro Máximo da Firma Fonte: Vasconcellos, 200+8, p. 84. O lucro é máximo quando o nível de produção é de 08 unidades. Nesse ponto, a receita marginal é igual ao custo marginal. Nesse ponto a curva de receita marginal se cruza com a parte ascendente da curva de custo marginal. Retomando a aula p Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar essa aula, vamos recordar: 1- Introdução à Teoria do Consumidor Estudamos as preferências e indiferenças dos consumidores por meio da teoria das curvas de indiferença. Estudamos também conceitos como: taxa marginal de substituição e utilidade marginal decrescente. Estudamos a restrição orçamentária com o auxílio de um exemplo numérico. Estudamos o equilíbrio do consumidor. 2 - Introdução à Teoria da Firma: produção Iniciamos o estudo da Teoria da Produção, conhecendo a função de produção e analisando a produção no curto e no longo prazo. Estudamos os conceitos de produto total, produto médio e produto marginal. Conhecemos também a teoria das isoquantas. 3 - Introdução à Teoria da Firma: custos e rendimentos Iniciamos o estudo da Teoria dos Custos, analisando os custos de produção e os rendimentos das firmas. Conhecemos os diferentes tipos de custos de produção e as curvas de custos. Conhecemos também os diferentes tipos de receita das firmas. 4 - Maximização dos Lucros Analisamos o problema de maximização dos lucros das firmas. Produto (un) Custo total Preço unitário Receita total Lucro total Cmg Rmg 0 10,00 5,00 0,00 -10,00 1 15,00 5,00 5,00 -10,00 5,00 5,00 2 18,00 5,00 10,00 -8,00 3,0 5,00 3 20,00 5,00 15,00 -5,00 2,00 5,00 4 21,00 5,00 20,00 -1,00 1,00 5,00 5 23,00 5,00 25,00 2,00 2,00 5,00 6 26,00 5,00 30,00 4,00 3,0 5,00 7 30,00 5,00 35,00 5,00 4,00 5,00 8 35,00 5,00 40,00 5,00 5,00 5,00 9 41,00 5,00 45,00 4,00 6,00 5,00 10 48,00 5,00 50,00 2,00 7,00 5,00 11 56,00 5,00 55,00 -1,00 8,00 5,00 Primeiramente, podemos observar com base na figura acima, que as posições das curvas de receita e custo marginal abaixo do ponto de cruzamento indicam que a receita marginal é maior que o custo marginal. Isso quer dizer que a firma poderá ter um lucro mais alto, aumentando a quantidade produzida. Observe agora as posições das curvas de receita e custo marginal acima do ponto de cruzamento. Elas indicam que o custo marginal é maior que a receita marginal. Assim, a firma deve reduzir a quantidade produzida para poder ter lucro. Se abaixo do ponto de cruzamento a firma pode aumentar a quantidade produzida para obter mais lucro e abaixo desse ponto ela deve reduzir a quantidade produzida para obter lucro, então, o lucro máximo ou a quantidade de produto que maximiza o lucro da firma ocorre no ponto em que as curvas se cruzam! O quadro mostra, por meio de números, a maximização dos lucros. Quadro 07: Maximização do Lucro Quadro 6.3 - Maximização de Lucro Fonte: Vasconcellos, 2008, p. 90. PINHO, Diva Benevides & VASCONCELLOS, Marco A. Sandoval de. Manual de Economia. 5ª edição. São Paulo: Saraiva, 2004. VASCONCELLOS, M. A. Sandoval. Fundamentos de Economia. 2ª edição. São Paulo: Saraiva, 2008. Vale a pena Vale a pena ler http://bdadolfo.blogspot.com/ Vale a pena acessar
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