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Apostila Citopatologia e Urinalise

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CITOPATOLOGIA E 
URINÁLISE
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional:
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Pedro Paulo Liasch
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de 
Sócrates para reflexão: “a vida sem desafios 
não vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande 
responsabilidade sobre as escolhas que 
fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida 
acadêmica e profissional, refletindo diretamente 
em nossa vida pessoal e em nossas relações 
com a sociedade. Hoje em dia, essa sociedade 
é exigente e busca por tecnologia, informação 
e conhecimento advindos de profissionais que 
possuam novas habilidades para liderança e 
sobrevivência no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a 
Distância, a proporcionar um ensino de qualidade, 
capaz de formar cidadãos integrantes de uma 
sociedade justa, preparados para o mercado de 
trabalho, como planejadores e líderes atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5
1 - ANATOMIA, HISTOLOGIA E CITOLOGIA DO TRATO GENITAL FEMININO .......................................................6
1.1. ANATOMIA ............................................................................................................................................................6
1.2. HISTOLOGIA ........................................................................................................................................................6
1.3. CITOLOGIA NORMAL ...........................................................................................................................................8
1.3.1.CÉLULAS DO EPITÉLIO ESCAMOSO ................................................................................................................8
1.3.2. CÉLULAS ENDOCERVICAIS ............................................................................................................................ 10
1.3.3. CÉLULAS ENDOMETRIAIS .............................................................................................................................. 11
2 - TÉCNICAS DE COLETA, FIXAÇÃO, COLORAÇÃO E RASTREAMENTO ............................................................ 12
2.1. COLETA ................................................................................................................................................................ 12
CITOLOGIA CÉRVICO-VAGINAL NORMAL
E CITOLOGIA HORMONAL
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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3 - CITOLOGIA HORMONAL ..................................................................................................................................... 15
3.1. PADRÕES CITOLÓGICOS ................................................................................................................................... 15
3.2. ÍNDICES CITOLÓGICOS ..................................................................................................................................... 18
3.3 . PADRÕES CITOLÓGICOS NAS DIFERENTES FASES DA VIDA ...................................................................... 19
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 20
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INTRODUÇÃO
Durante as quatro unidades, abordaremos o diagnóstico citológico cérvico-vaginal, o 
diagnóstico do líquido seminal e do líquido cefalorraquidiano e finalizaremos com a avaliação 
da urina. 
Para iniciar a primeira unidade, é preciso saber a definição de citologia: trata-se da 
comparação de imagens observadas ao microscópio com a imagem normal, ou a discordância, 
em casos patológicos. Quando se fala em citologia, é preciso citar George Papanicolaou (1883-
1962) – que é considerado o pai da citologia preventiva e diagnóstica –, pois ele foi o primeiro 
que utilizou a comparação de imagens normais com as amostras de pacientes, para chegar 
diagnósticos. 
Dessa forma, a citopatologia cérvico-vaginal é baseada no acompanhamento da evolução 
e da atividade gonadal e placentária, na detecção precoce de alterações inflamatórias e pré-câncer, 
além de acompanhar casos de câncer já tratados. 
Iniciaremos a unidade I conhecendo um pouco sobre a citologia cérvico-vaginal normal, 
a atividade e influência hormonal nessa região, e sobre as principais alterações benignas que 
acontecem nessa região e são identificadas através da citologia.
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1 - ANATOMIA, HISTOLOGIA E CITOLOGIA DO TRATO 
GENITAL FEMININO
1.1. Anatomia 
Para a realização do exame de Papanicolaou, também conhecido popularmente como 
exame preventivo, é necessário que se conheça o local adequado para a coleta do material que 
será avaliado, assim como os elementos normais presentes nos raspados. 
O trato genital feminino, objeto de estudo dessa unidade, é constituído pela vulva 
(localizada externamente), pela vagina pelo útero, pelas tubas uterinas e pelos ovários – localizados 
no interior da cavidade pélvica (Figura 1). 
Figura 1 - Trato genital feminino. Fonte: Mundo Educação (2019).
O útero é um órgão muscular que se divide em duas partes, o colo e o corpo. O colo 
é a porção inferior, que pode ser subdivida em ectocérvice – porção projetada para o canal 
vaginal e que apresenta o orifício cervical – e a endocérvice – canal interno do colo. Já a região 
correspondente ao corpo do útero é a região que fica acima do colo do útero e se estende até a 
região de entrada das tubas uterinas. 
A vagina apresenta uma estrutura tubular, que se inicia no vestíbulo vulvar e se comunica 
com a parte externa do colo do útero. Tem aproximadamente 8 cm de comprimento. 
Já a vulva é a porção externa do trato genital, e se estende deste o monte pubiano até a 
região do períneo, compreendendo os pequenos e grandes lábios, clitóris, prepúcio, vestíbulo, 
meato uretral, glândulas parauretrais o hímen e o introito vaginal. 
1.2. Histologia 
Como já exposto anteriormente, o colo do útero pode ser dividido em duas porções, a 
ectocérvice (externa) e a endocérvice (interna). Essas duas regiões possuem diferentes tecidos. 
A ectocérvice é revestida pelo epitélio pavimentoso escamoso estratificado não 
queratinizado, o qual também é encontrado na vagina. Esse epitélio é constituído por várias 
camadas de células, que incluem células basais, parabasais, intermediárias e superficiais (Figura 
2) (particularidades dessas células serão abordadas adiante). 
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A camada basal é constituída por uma única camada de células pequenas, já a camada parabasal 
pode apresentar diversas camadas de células,as quais quando se diferenciam e maturam formam 
a camada de células intermediárias, cuja espessura e quantidade irá variar com os estímulos 
hormonais. E por último encontram-se a camada superficial, que é a região mais diferenciada e 
madura do epitélio. 
Figura 2 - Epitélio escamoso estratificado não queratinizado. Representação esquemática do epitélio e das células 
que o constituem. Fonte: Consolaro e Maria-Engler (2012).
Já a endocérvice é constituída de um epitélio simples, que é o epitélio endocervival – 
constituído de uma única camada de células colunares, que são produtoras de muco e revestem 
as estruturas glandulares. Essas estruturas glandulares são na verdade invaginações do tortuosas 
do próprio epitélio, e não glândulas verdadeiras. 
A junção escamocolunar (JEC) é a região onde o epitélio ectocervical se encontra com o 
epitélio endocervical. A sua localização exata varia, dependendo de fatores como idade, estímulo 
hormonal, gestação e ação outros agentes. Inicialmente, ela se encontra na região do orifício 
do colo do útero, porém, com a puberdade e a mudança de tamanho do colo uterino, ocorre 
uma eversão do epitélio endocervical, o que origina um epitélio ectópico, ou seja, o epitélio 
endocervical passa a ocupar o espaço ectocervical.
Esse epitélio não apresenta a mesma resistência ao meio ácido vaginal, o que dá origem a 
um processo conhecido como metaplasia escamosa, ou seja, a substituição do epitélio endocervical 
ectópico por um epitélio escamoso metaplásico mais resistente. Essa região compreendida pelas 
células metaplásicas é conhecida como zona de transformação e apresenta uma importância 
muito grande no exame citológico, uma vez que é nela que se iniciam a maior parte das lesões 
precursoras de câncer de colo uterino. 
Com o passar dos anos, e especialmente após a menopausa, o colo uterino diminui de 
tamanho o que faz com que a JEC mude de lugar, passando agora para dentro do canal endocervical 
(Figura 3). 
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Figura 3 - Desenho esquemático da localização da zona de transformação em diferentes faixas de idade. A – Na 
ectocérvice, durante a puberdade; B – Na região do orifício externo, durante a menacma; C – No canal endocervi-
cal, após a menopausa. Fonte: Koss & Gompel (2006).
Já a parede vaginal é constituída por três camadas, sendo uma mucosa – de epitélio 
pavimentoso estratificado (já descrito nos parágrafos anteriores) –, uma camada muscular 
intermediária – de músculo lisa –, e uma camada adventícia externa –, de tecido conjuntivo 
denso. O epitélio vaginal responde às mudanças hormonais correspondentes ao ciclo menstrual, 
dessa forma, o esfregaço vaginal pode ser utilizado para avaliar a ação e os níveis hormonais 
durante o ciclo menstrual. 
1.3. Citologia normal
O princípio básico da citologia é identificar alterações na morfologia celular, que incluem 
citoplasma e núcleo, quando essas células são coradas pelo método de Papanicolaou. Dessa 
forma, antes de identificar as possíveis alterações nas células é imprescindível que se conheça a 
morfologia e as características estruturais de uma célula normal. 
1.3.1. Células do epitélio escamoso 
Como citado anteriormente, o epitélio escamoso é constituído de células basais, parabasais, 
intermediárias e superficiais, sendo que a maturação está relacionada às alterações morfológicas 
dessas células.
A camada mais profunda desse epitélio corresponde às células basais, que caracterizam-
se por serem basófilas (coram-se em tons de azul na coloração de Papanicolaou), pequenas, 
redondas e com núcleo volumoso e central. São células que dificilmente sofrem descamação 
(com exceção em situações em que acontece uma diminuição brusca da atividade hormonal) e 
sofrem mitose, garantindo, assim, a renovação do epitélio. 
As células parabasais são maiores que as basais e apresentam citoplasma um pouco mais 
abundante. Também apresentam as bordas delimitadas e citoplasma basófilo, porém também 
podem apresentar-se azul-esverdeadas, cinzas e mais raramente laranjas. Essas células são 
verificas normalmente em esfregaços atróficos, ou seja, quando o epitélio apresenta pouca ou 
nenhuma maturação, especialmente na infância e pós menopausa (Figura 4). 
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Figura 4 - Células parabasais. Fonte: Bittencurt (2019).
As células intermediárias apresentam formato poligonal e apresentam citoplasma 
abundante e normalmente cianofílico. Apresentam núcleo redondo ou ovalado, cromatina 
finamente granulada. O citoplasma é rico em glicogênio, o qual é metabolizado pelos lactobacilos 
presentes na microbiota vagina normal, levando à produção de ácido láctico e consequente 
acidificação do pH vaginal (Figura 5). 
Figura 5 - Células intermediárias. Fonte: Atlas de Citologia Clínica (2019).
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As células superficiais são as células mais diferenciadas e maduras do epitélio escamoso. 
Essas células apresentam citoplasma abundante, poligonal, de aspecto delicado e coloração 
geralmente eosinofílica (coloração rosa de acordo com a coloração de Papanicolaou). O núcleo 
apresenta-se denso, pequeno e picnótico (Figura 6). 
Figura 6 - Células superficiais. Fonte: Pathologika (2019).
1.3.2. Células endocervicais
As células endocervicais são células que apresentam citoplasma denso e cianofílico, 
núcleo elíptico ou esférico. Ela pode ser vista no esfregaço em duas disposições, em “favo de mel” 
(Figura 7), quando são vistas de cima, ou em “paliçada” (Figura 8), quando vistas de lado. 
Figura 7 - Células endocervicais em favo de mel. Fonte: Atlas de citopatologia (2019).
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Figura 8 - Células endocervicais do tipo paliçada. Fonte: Atlas digital IARC (2019).
1.3.3. Células endometriais
As células endometriais descamam durante a menstruação, e coletas de amostras nesse 
período (ou próximo a ele) possibilitam a visualização dessas células nos esfregaços, podendo 
aparecer, então, até o décimo segundo dia do ciclo. Como será visto adiante nessa unidade, a coleta 
nesse período não é a mais indicada, dessa forma, essas células normalmente não aparecem no 
esfregaço cérvico-vaginal. A visualização dessas células após esse período é considerada anormal 
e merece atenção maior quando aparecem em esfregaços de mulheres na pós-menopausa. 
As células endometriais são pequenas e descamam em grupamentos densos, apresentam 
pouca definição e são menores que as células endocervicais. O núcleo é arredondado ou oval, 
pequeno, excêntrico e hipercromático (Figura 9). 
Figura 9 - Células endometriais. Fonte: Pathologika (2019).
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2 - TÉCNICAS DE COLETA, FIXAÇÃO, COLORAÇÃO E 
RASTREAMENTO 
Para que o exame citológico consiga cumprir seus objetivos com sucesso, é necessário que 
todas as etapas envolvidas no exame sejam realizadas da forma mais correta possível. Diversas 
etapas estão envolvidas nesse processo, que começa com o preparo e orientações para a paciente, 
a coleta do material, a confecção e fixação do esfregaço, transporte o material, identificação, 
processamento, avaliação microscópica, conclusão e confecção do laudo. O controle de qualidade 
interno e externo é de fundamental importância nas etapas que envolvem o diagnóstico, para o 
que o resultado seja o mais representativo da realidade possível. 
2.1. Coleta 
Antes da realização da coleta do material para avaliação citológica, a paciente deve 
receber algumas orientações que incluem: evitar relações sexuais e duchas vaginais 24 horas antes 
da coleta, evitar o uso de cremes ou pomadas vaginais nas 48 horas que antecedem à coleta, e 
durante a idade reprodutiva, a coleta deve serrealizada preferencialmente no meio do ciclo. 
Como o objetivo principal do exame citológico é a detecção de processos inflamatórios e/
ou lesões pré-câncer, o esfregaço ideal deve apresentar células do epitélio escamoso da ectocérvice, 
células do epitélio glandular da endocérvice e deve incluir células da zona de transformação. 
Caso seja realizada a avaliação hormonal, a coleta também deve ser realizada na parede lateral 
da vagina. A coleta pode ser do tipo esfoliativa, em que são coletadas células que descamam 
espontaneamente, porém, o método mais utilizado é a citologia abrasiva, em que há a remoção de 
células da ectocérvice, endocérvice na vagina, que é realizada com o auxílio de espátula de Ayre 
e escova endocervical. 
Para a coleta ectocervical posiciona-se o braço mais alongado da espátula de Ayre no 
orifício externo do colo e realiza-se uma rotação de 360o. Para a coleta endocervical, a escova 
deve ser introduzida no orifício endocervical e o material é colhido girando-a 360o (Figura 10). O 
material coletado deve ser colocado imediatamente em uma lâmina, onde normalmente utiliza-
se sentidos diferentes para os diferentes materiais, como pode ser visualizado na Figura 11. 
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Figura 10 - Esquema representativo da coleta cérvico-vaginal. A – posicionamento do braço alongado da espátula 
de Ayre no orifício externo do colo e rotação. B – Introdução de escova no canal endocervical e rotação. C – raspa-
gem do fundo de saco com espátula. D – Raspagem do terço superior da vagina com a extremidade arredondada 
da espátula de Ayre. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
Figura 11 - As amostras obtidas das regiões ectocervical e endocervical devem ser distribuídas em sentidos opos-
tos, conforme pode ser visualizado no esquema acima. Fonte: Consolaro e Maria-Engler (2012).
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Para compreender melhor como funciona a coleta do exame conhecido como 
Papanicolaou, o vídeo intitulado: Instruções práticas para a coleta de papanicolaou 
- hospital do câncer de Barretos, possui informações bastante claras e didáticas. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=_1yS5lzNmSc>. Acesso em: 
06 fev. 2019.
As lâminas devem ser devidamente identificadas, e os esfregaços devem ser fixados 
imediatamente, afim de preservar a morfologia celular, as afinidades tintoriais, facilitar a 
permeabilidade dos corantes e evitar o ressecamento. Os fixadores mais utilizados são o álcool 
etílico e a solução alcoólica de polietilenoglicol. É muito importante que a fixação aconteça com 
o esfregaço ainda molhado, e em até 10 segundos. 
A coloração é realizada no laboratório, e tem por objetivo facilitar o reconhecimento 
dos componentes celulares. Podem ser usadas diferentes colorações, sendo a mais comum a de 
Papanicolaou. Essa coloração é composta por corantes de núcleo e corantes de citoplasma, além 
de soluções desidratantes e hidratantes. A utilização de todas essas substâncias tem por objetivo 
definir detalhes do núcleo, garantir transparência celular e diferenciar os vários elementos que 
podem estar presentes no esfregaço. 
É importante ressaltar que atualmente há uma alternativa para aumentar a sensibilidade 
do diagnóstico citológico, que é a citologia em base líquida. Essa técnica apresenta vantagens 
em relação à citologia convencional e vem sendo cada vez mais utilizada nos laboratórios, mas 
especialmente em exames particulares e de convênios. 
Diversos artigos científicos tratam das diferenças entre a citologia convencional 
e a citologia em base líquida. As principais diferenças entre essas duas 
técnicas podem ser encontradas no texto de Heise e Lima (2016): Citopatologia 
convencional e citologia em meio líquido: uma revisão integrativa. Revista Saúde 
e Desenvolvimento. Vol. 10, nº 5. 2016. Disponível em: <https://www.uninter.com/
revistasaude/index.php/saudeDesenvolvimento/article/view/627>. Acesso em: 
06 Fev. 2019. 
 
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3 - CITOLOGIA HORMONAL 
A citologia hormonal foi uma das primeiras aplicações diagnósticas da citologia clínica. 
Foram observadas modificações no epitélio vaginal, de acordo com as mudanças hormonais que 
acontecem no ciclo menstrual. Essas observações abriram portas para a evolução e consolidação 
do diagnóstico citológico de lesões inflamatórias e principalmente pré-câncer. 
Para a realização da avaliação citológica hormonal, é importante que a coleta seja realizada 
no terço superior da parede vaginal lateral, pois essa região é mais sensível aos hormônios. Deve-
se evitar regiões muito próximas à cérvice e o fundo de saco, uma vez que esse último pode 
conter células que descamaram do colo uterino espontaneamente. Fenômenos inflamatórios, 
tratamentos hormonais, irradiações ou cirurgias recentes tiram a validade da avaliação hormonal. 
Para entender a mudança dos padrões celulares, é importante relembrar um pouco dos 
hormônios envolvidos com o ciclo menstrual normal. O hormônio liberador de gonadotrofinas 
(GnRH), liberado pelo hipotálamo, estimula a hipófise anterior a secretar os hormônios folículo 
estimulante (FSH) e luteinizante (LH), os quais estimulam a produção dos dois hormônios 
ováricos, estrógeno e progesterona. Esses dois últimos hormônios são os responsáveis pelo 
desenvolvimento sexual feminino e pelas alterações do ciclo menstrual. 
O estrógeno é o hormônio responsável pela maturação das células do epitélio, ou seja, 
quanto maior a quantidade de estrógeno que estiver sendo liberada, maior quantidade de células 
maduras, como as superficiais. O estrógeno confere ainda maior resistência a traumas e infecções, 
proliferação da mucosa da endocérvice e endométrio e proliferação de células específicas do 
corpo. Já a progesterona atua preparando o útero para a gravidez e as mamas para a lactação. 
Com base na ação desses hormônios, o ciclo endometrial se divide grosseiramente em 
três fases: menstrual (1o ao 5o dia); estrogênica ou proliferativa (6o ao 14o dia) e progestacional 
ou secretora (15o ao 28o dia). 
O ciclo se inicia com a menstruação, sendo o primeiro dia do ciclo o primeiro dia da 
menstruação. Essa fase ocorre quando não houve fecundação e o corpo lúteo involui, fazendo 
com que a secreção de estrógeno e progesterona diminua, favorecendo assim a menstruação. 
Assim que o endométrio se reepiteliza, o sangramento para. 
A partir do sexto dia se inicia a fase estrogênica, o aumento da quantidade de estrógeno 
contribui para o restabelecimento do endométrio através da estimulação da proliferação das 
células endometriais. O pico de estrógeno acontece próximo ao 14 dia do ciclo, quando acontecerá 
então a ovulação. 
A partir do 16 dia, os índices de progesterona produzidos pelo corpo lúteo são maiores do 
que os de estrógeno. A função da progesterona é aumentar a capacidade secretora do endométrio 
para que este esteja preparado para receber o óvulo, caso tenha acontecido a fecundação. Se a 
fecundação não aconteceu, ocorre a involução do corpo lúteo e um novo ciclo se inicia. 
3.1. Padrões citológicos 
As alterações dos hormônios ováricos presentes durante o ciclo menstrual normal fazem 
com que ocorram diferenças nas células visualizadas nos esfregaços (Figura 12). Como visto 
anteriormente, o estrógeno está relacionado com a proliferação, diferenciação e maturação das 
células do epitélio, dessa forma, quanto maior a quantidade de estrógeno, maior a quantidade de 
células superficiais. Já a progesterona promove a proliferação do epitélio vaginal, mas impede a 
maturação, favorecendo assim o aparecimento de células intermediárias. 
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Figura 12 - Alterações durante o ciclo menstrual normal. Fonte: MSD Manuals (2019).
Com basenessas alterações, o epitélio vaginal pode apresentar quatro padrões distintos, 
como podemos visualizar abaixo: 
• Hipertrófico: Um epitélio do tipo hipertrófico é aquele onde o hormônio predominante 
é o estrógeno, ou seja, haverá no esfregaço apenas células escamosas do tipo superficial e 
intermediário, porém a maioria delas (mais de 50%) serão superficiais (Figura 13). 
Figura 13 - Epitélio hipertrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
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• Normotrófico: Esse padrão acontece quando o hormônio predominante é a progesterona, 
ou existe um equilíbrio entre progesterona e estrógeno. Dessa forma, no esfregaço ainda aparecem 
apenas células superficiais e intermediárias, porém existe um equilíbrio na quantidade dessas 
células ou as células intermediárias estão em predomínio (Figura 14).
Figura 14 - Padrão normotrófico. Fonte: Pathologika (2019).
• Hipotrófico: nesse padrão citológico, existe o predomínio de células do tipo 
intermediário, porém já podem ser visualizadas células parabasais. As células superficiais também 
podem estar presentes, porém como ele ocorre em situações em que há a diminuição dos níveis 
de estrógeno, a quantidade de células superficiais será proporcionalmente oposta à quantidade de 
células parabasais, ou seja, quanto mais células parabasais estiverem presentes, menos superficiais 
serão visualizadas (Figura 15). 
Figura 15 - Padrão hipotrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
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• Atrófico: nesse caso, há ausência ou diminuição muito acentuada de estrógeno e outros 
hormônios relacionados, ou seja, o nível de maturação das células do epitélio estará muito 
diminuído. Existe predomínio de células parabasais em relação às células intermediárias, sendo 
que as células superficiais tendem a desaparecer (Figura 16). 
Figura 16 - Padrão atrófico. Fonte: Consolaro; Maria-Engler (2012).
3.2. Índices citológicos
Alguns índices podem ser utilizados para auxiliar a avaliação hormonal. Esses índices 
expressam a quantidade de tipos específicos de células, o que pode ajudar na visualização de 
possíveis problemas hormonais, contribuindo, assim, para a escolha de tratamentos ou condutas 
médicas. 
• Índice de cariopicnose: é a porcentagem de células que apresentam núcleo picnótico no 
esfregaço. O valor máximo desse índice acontece durante o período de ovulação, podendo chegar 
a 85% das células. 
Levando em consideração os quatro padrões citológicos acima, quais deles estarão 
presentes nas fases do ciclo menstrual de uma mulher em idade fértil que não 
esteja grávida e que não faça uso de nenhum medicamento hormonal? Todos os 
padrões aparecem? O ciclo menstrual normal é uma alternância entre os padrões 
normotrófico e hipertrófico. Os padrões hipotrófico e atrófico não aparecem, uma 
vez que em uma mulher em idade fértil que não apresente nenhuma patologia a 
produção de estrógeno e progesterona é normal. 
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• Índice de eosinofilia: refere-se à porcentagem de células maduras que apresentam 
coloração eosinofílica. De modo geral, o maior índice de eosinofilia coincide com o maior índice 
de cariopicnose. 
• Índice de maturação: O índice de maturação é entre todos o índice mais utilizado e 
mais relevante. Ele avalia a porcentagem de células parasabasais, intermediárias e superficiais 
(P/I/S). Por exemplo, em um esfregaço do tipo atrófico, o índice de maturação pode ser 100/00/00, 
ou seja, 100% das células presentes no esfregaço são do tipo parabasal. Caso seja visualizado 
um índice 00/20/80, isso mostra que o esfregaço apresenta padrão hipertrófico, com maioria de 
células superficiais.
3.3 . Padrões citológicos nas diferentes fases da vida 
Logo após o nascimento, o padrão citológico do bebê (até a quarta semana de vida 
aproximadamente) é um reflexo do que estava acontecendo no corpo da mãe, ou seja, o hormônio 
em predomínio na gestante naquele momento influencia no tipo de célula visualizada. Na gravidez, 
especialmente após o quarto mês de gestação, quando a placenta passa a ser responsável pela 
secreção hormonal, ocorre um predomínio de progesterona, sendo assim, em um bebê recém-
nascido, haverá predomínio de células intermediárias ricas em glicogênio. 
Após esse período inicial, já ocorre uma brusca mudança, uma vez que não há a produção 
dos hormônios pelo bebê, sendo assim, após o primeiro mês o epitélio passa a apresentar um 
padrão atrófico, que é caracterizado pela presença de grande quantidade de células parabasais e 
pequena quantidade de células intermediárias. Células superficiais normalmente são ausentes, 
devido a falta de estrógeno, o qual é responsável pela maturação e diferenciação das células. 
Assim que a menina entra na puberdade, inicia-se a produção dos hormônios 
gonadotróficos, até que a menina tenha sua primeira menstruação. Nesse período vai ocorrendo 
uma mudança gradual no epitélio, onde este começa a sofrer maturação, passando de um epitélio 
atrófico para hipotrófico, até que com a menstruação e a presença de quantidades normais de 
estrógeno e progesterona a menina passa a apresentar um ciclo sexual normal, intercalando entre 
períodos de padrão hipertrófico e normotrófico. 
Já na gestação, nos três primeiros meses, o corpo lúteo ainda é responsável pela secreção 
de estrógeno e progesterona, estimulado pelo hCG. Após o primeiro trimestre, a placenta passa 
a ser a responsável pela produção hormonal, e como já dito anteriormente, ocorre predomínio 
na produção de progesterona, ou seja, esfregaço composto majoritariamente por células 
intermediárias, e células intermediárias ricas em glicogênio, conhecidas como células naviculares. 
Após o parto (normalmente por um período de até 6 meses), o epitélio adquire caráter atrófico, 
uma vez que ocorre supressão da secreção de FSH e LH. 
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Assim que a mulher entra na menopausa também acontecem alterações dos padrões 
citológicos. Quando vai acontecendo a diminuição dos hormônios esteroides, a maturação 
das células vai diminuindo, e inicialmente encontra-se predomínio de células intermediárias 
com presença de células superficiais. Mais tarde tem início um padrão hipotrófico, com o 
aparecimento de células do tipo parabasal. Até que, quando a menopausa já está consolidada, 
não existe maturação do epitélio e o que predomina é um epitélio do tipo atrófico com maioria 
de células parabasais. 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Foi possível a partir dessa unidade conhecer quais as características normais da citologia 
cérvico-vaginal. Visualizando, então, as células presentes em cada região, suas características 
morfológicas e estruturais. Além disso, foi possível conhecer a primeira aplicação da citologia 
cérvico-vaginal, que é a citologia hormonal. Alterações hormonais fazem com que células 
diferentes sejam observadas no esfregaço, sendo esse exame então um importante aliado na 
avaliação da função hormonal da mulher. 
Na próxima unidade, os conceitos vistos nessa unidade serão essenciais, pois conheceremos 
as principais alterações que podem acontecer nas células superficiais, intermediárias, parabasais 
e endocervicais. 
A educação, a integração cultural e a busca pela excelência através do esporte 
são ideais a serem alcançados. O Olimpismo tem como princípios a amizade, a 
compreensão mútua, a igualdade, a solidariedade e o “fair play” (jogo limpo). Mais 
que uma filosofia esportiva, o Olimpismo é uma filosofia de vida. A ideia é que a 
prática destes valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e influencie 
a vida de todos (COB, 2018).
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02
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................23
1 - PROCESSOS REACIONAIS/BENIGNOS ............................................................................................................ 24
1.1 PROCESSOS DE PROTEÇÃO ............................................................................................................................... 24
1.1.1 HIPERDIFERENCIAÇÃO .................................................................................................................................... 24
1.1.2 METAPLASIA ESCAMOSA ............................................................................................................................... 25
1.2 PROCESSO DE REPARAÇÃO ............................................................................................................................. 26
1.3 PROCESSOS DESTRUTIVOS .............................................................................................................................. 27
1.3.1 VAGINOSE BACTERIANA (VB) ......................................................................................................................... 28
1.3.2 ACTINOMYCES SP ........................................................................................................................................... 29
1.3.3 LEPTOTHRIX SP .............................................................................................................................................. 30
PROCESSOS REACIONAIS BENIGNOS E 
LESÕES PRÉ-CÂNCER
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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1.3.4 FUSOBACTERIUM SP ...................................................................................................................................... 31
1.3.5 CERVICITE POR CHLAMYDIA TRACHOMATIS ............................................................................................ 31
1.3.6 CANDIDÍASE VULVOVAGINAL (CVV) ............................................................................................................ 32
1.3.7. VAGINITE E CERVICITE POR TRICHOMONAS VAGINALIS ........................................................................ 33
1.3.8 HERPES-VÍRUS ............................................................................................................................................... 34
1.3.8 PAPILLOMAVIRUS HUMANO (HPV) ............................................................................................................. 35
2 - SISTEMA DE BETHESDA .................................................................................................................................... 36
3 - LESÕES PRÉ-CÂNCER E ALTERAÇÕES ASSOCIADAS ................................................................................... 37
3.1 CRITÉRIOS CITOLÓGICOS DE MALIGNIDADE ................................................................................................. 39
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................... 39
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, continuamos abordando a citologia cérvico-vaginal, mas dessa vez 
falando sobre as alterações. Serão abordadas as alterações benignas e reacionais, que incluem 
os processos de adaptação e processos inflamatórios. Também serão abordados os principais 
agentes infecciosos que podem ser visualizados e diagnosticados no esfregaço cérvico-vaginal. 
Por último, trataremos daquela que é a principal função do diagnóstico citológico, que é a 
identificação de lesões pré-câncer. Lembrando que, o diagnóstico precoce é de fundamental 
importância para que o tratamento seja bem-sucedido. 
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1 - PROCESSOS REACIONAIS/BENIGNOS
Tanto o epitélio escamoso, quanto o endocervical enfrentam diversas condições de 
estresse, as quais colocam em risco sua estrutura e funcionamento. Diante disso, as células são 
capazes de sofrer mudanças reacionais que irão garantir sua sobrevivência. Essas células podem 
sofrer adaptações que as modifiquem em tamanho, número e tipo. Além disso, essas modificações 
podem acontecer isoladamente ou em combinação. 
Os processos reacionais podem ser divididos em: processos de proteção; processos de 
reparação e processos destrutivos. 
1.1 Processos de proteção
1.1.1 Hiperdiferenciação 
Entre os mecanismos de proteção utilizados pelo epitélio, podemos citar a 
hiperdiferenciação. Esse mecanismo é utilizado quando o epitélio sofre um estímulo crônico 
grave. Entre os possíveis processos que envolvem a hiperdiferenciação, inclui-se: acantose, 
hiperqueratose e paraqueratose. 
• Acantose: é caracterizada pelo aumento do número de células, ou seja, o epitélio 
aumenta seu poder de proteção aumentando sua espessura. 
• Hiperqueratose: consiste em espessamento do estrato córneo do epitélio associado a 
uma queratinização da camada superficial. Citologicamente, são observadas escamas anucleadas 
maduras (Figura 1). 
Figura 1 - Hiperqueratose. Escanas anucleadas. É possível observar a sombra dos núcleos que desapareceram (se-
tas). Fonte: Atlas de Citologia BVSMS (2019).
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• Paraqueratose: também trata de uma queratinização do epitélio, porém esta é 
caracterizada pela permanência dos núcleos. Pode ser dividida em típica ou atípica, dependendo 
da aparência dos núcleos. Na paraqueratose típica, os núcleos apresentam-se pequenos, 
condensados e hipercromáticos. Já na queratose atípica, também conhecida como disqueratose, 
os núcleos apresentam margens irregulares, cromatina grosseira e irregularmente distribuída, o 
que é um reflexo da intensa atividade proliferativa que acontece (Figura 2). 
Figura 2 - Paraqueratose. Pequeno conjunto de células escamosas, com citoplasma denso, orangeofílico e com 
núcleos típicos. Fonte: Atlas de Ctopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.1.2 Metaplasia escamosa 
A metaplasia consiste em fenômeno adaptativo que resulta na substituição de um epitélio 
adulto e diferenciado menos resistente por um epitélio adulto e diferenciado mais resistente. 
No caso da metaplasia escamosa, ocorre a substituição gradual do epitélio endocervical (menos 
resistente a possíveis agressões) pelo epitélio escamoso (mais resistente). 
Diversos estímulos podem levar à metaplasia escamosa, que incluem irritação crônica 
(física ou química), inflamações persistentes, uso de contraceptivos orais, acidez vaginal. 
O processo de metaplasia se inicia com a hiperplasia de células de reserva endocervicais. 
Nesse momento passam a existir algumas camadas de novas células de reserva imaturas. Essas 
células diferenciam-se, então, em um epitélio metaplásico imaturo, que na grande maioria das 
mulheres irá se converter em epitélio metaplásico maduro, tornando-se, assim, muito semelhante 
ao epitélio escamoso original.
Na minoria das mulheres o epitélio metaplásico atípico pode se desenvolver em um 
epitélio atípico displásico, o que acontece quando certos tipos de Papillomavirus humano (HPV) 
oncogênicos infectam essas células metaplásicas imaturas e as transformam. Essa transformação 
pode regredir para o estado de uma célula normal, persistir como displasia ou evoluir para uma 
neoplasia cervical. 
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Citologicamente, as células metaplásicas são caracterizadas por serem arredondadas, com 
citoplasma densamente corado, as vezes vacuolizado e com a periferia mais corada. Os núcleos 
apresentam tamanho médio, são normalmente centrais e com cromatina granular e fina (Figura 
3). 
Figura 3 - Células metaplásicas. É possível observar citoplasma escasso, às vezes vacuolizado e/ou com hipercora-
bilidade periférica,com núcleo de tamanho médio, central. Fonte: Atlas de citopatologia (2019).
1.2 Processo de reparação 
A destruição pontual de regiões do epitélio desencadeia processos de reparação. Entre 
as causas de destruição tecidual encontram-se os processos inflamatórios severos, biópsias, 
cauterização ou radioterapia. 
Citologicamente, esses processos são caracterizados por grupamentos celulares com 
citoplasma denso, do tipo fumaça, núcleos variáveis, multinucleação e nucléolos visíveis (Figura 
4). 
Figura 4 - Reparo. Fonte: Atlas de Ctiopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3 Processos destrutivos
O trato genital feminino possui diversas defesas contra possíveis agentes infecciosos. 
Entre essas defesas podemos citar: a síntese de muco protetor, o pH vaginal ácido, a microbiota 
normal vaginal, as células fagocitárias e a reação inflamatória. A reação inflamatória, apesar de 
contribuir para o combate a possíveis agentes infecciosos, também acaba causando alguns danos 
ao epitélio, e por isso, é considerada como um processo destrutivo. 
Entre as principais causas da inflamação cérvico-vaginal, incluem-se agentes físicos, 
químicos e vivos (biológicos). Quando o agente infeccioso é visualizado no esfregaço, o processo 
inflamatório é chamado de específico. Quando o agente infeccioso não é detectado no esfregaço, 
trata-se de uma inflamação inespecífica. 
Dessa forma, o diagnóstico citológico no processo inflamatório permite avaliar a 
intensidade da reação inflamatória, acompanhar sua evolução e muitas vezes identificar o agente 
causador. 
Como o processo inflamatório será identificado no esfregaço? Poderão ser observadas 
alterações no esfregaço de forma geral, como a presença de exsudato inflamatório, composto por 
leucócitos, além da visualização de detritos celulares, característicos de necrose celular (Figura 5). 
Figura 5 - Fundo de esfregaço inflamatório. Frequentes leucócitos (PMN). Fonte: Master Med (2019).
Além disso, também poderão ser observadas alterações que afetem o núcleo e o citoplasma 
das células. Entre as alterações nucleares mais comuns, destaca-se: aumento nuclear, conhecido 
como cariomegalia; bi ou multinucleação; cariólise (DNA disperso), picnose (DNA concentrado) 
e cariorrexe (DNA fragmentado) (Figura 6). 
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Figura 6. Alterações nucleares. Do lado esquerdo é possível observar cariorrexe e do lado direito é possível obser-
var multinucleação. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
Entre as alterações citoplasmáticas as mais comuns são: halos perinucleares; 
pseudoeosinofilia; metacromasia e apagamento de bordas citoplasmáticas (Figura 7). 
Figura 7 - Alterações citoplasmáticas. Do lado esquerdo é possível observar pseudoeosinofilia e do lado direito é 
possível observar halos perinucleares. Fonte: Pathology (2019).
1.3.1 Vaginose bacteriana (VB)
A VB é uma das principais responsáveis por corrimento vaginal, possuindo altos índices 
em mulheres em idade fértil; é considerada uma síndrome, devido ao acúmulo de alterações, 
que se originam de um alto crescimento da microbiota anaeróbia obrigatória ou facultativa do 
meio vaginal e diminuição expressiva da quantidade de Lactobacillus sp. e Lactobacillus sp., que 
conferem ao meio vaginal um pH baixo, que, normalmente, alterna entre 3,8 e 4,5, o que garante 
uma proteção contra possível infecções microbianas. 
A baixa quantidade desses microrganismos causa elevação do pH vaginal, contribuindo 
para a instalação de microrganismos patogênicos. O microrganismo mais associado ao 
corrimento vaginal de mulheres possuidoras de VB é Gardnerella vaginalis, podendo também 
estar relacionada com a presença de Mobiluncus sp., Bacteroides sp. e Mycoplasma hominis.
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Esta bactéria é um bacilo imóvel, que não possui capsula e na coloração de Gram pode apresentar-
se tanto como Gram positivo ou negativo, a presença dessa bactéria é caracterizada pelo aumento 
do pH vaginal (acima de 4,5), acompanhada de secreção densa de cor branca acinzentada, tendo 
um odor fétido, que lembra o cheiro de peixe podre, por conta da volatilização de aminas, como 
a putrescina e a cadaverina. Essa bactéria pode causar ardor ao urinar e coceira na parte de fora 
da vagina, mas algumas mulheres podem não apresentar os sintomas. 
A VB normalmente acomete mulheres na idade fértil, e em gestantes também se mostra 
comum. Na gestação, a presença de VB é de grande importância, uma vez que está associada 
a risco maior de abortamento tardio, infecção da cavidade amniótica, ruptura prematura de 
membranas, trabalho de parto prematuro, prematuridade e recém-nascido de baixo peso. 
O esfregaço é caracterizado por ausência ou escassez de Lactobacillus, a maioria dos casos 
não apresentam leucócitos, e as células mantem uma aparência normal, com citoplasma fino e 
transparente. As bactérias encontram-se como poeira entre as células e também recobrindo-as, 
obscurecendo a membrana e deixando os limites celulares imprecisos (Figura 8). Essas células 
recebem o nome de células alvo ou clue cells.
Figura 8 - Vaginose bacteriana. Presença de “clue cells”, sugestivas de Gardnerella vaginallis. Fonte: Atlas de Cito-
patologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.2 Actinomyces sp
Caracterizam-se por serem bacilos ramificados Gram positivos, e não fazem parte da 
microbiota normal cérvico-vaginal. Podem ser habitantes normais da cavidade oral, orofaringe 
e trato gastrointestinal. Normalmente não cruzam barreiras mucosas, porém, podem causar 
infecções ascendentes em mulheres que fazem uso do dispositivo intrauterino (DIU), uma vez 
que tem grandes índices de evolução para doença inflamatória pélvica (DIP). 
No esfregaço serão observados os bacilos em grandes agregados, que lembram um ouriço 
do mar, além da infiltração de grande quantidade de polimorfonucleares (PMN) (Figura 9).
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Figura 9 - Actinomyces. Agregados bacterianos característicos, conhecidos como “ouriço do mar”. Fonte: Atlas de 
Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.3 Leptothrix sp
São bacilos Gram negativos, anaeróbios, que podem fazer parte da microbiota normal da 
boca e também vagina e trato intestinal. Se assemelham a fios de cabelo (Figura 10), isoladamente 
não causam infecção significativa, mas é comum a associação com Trichomonas vaginalis e alguns 
fungos. 
Figura 10 - Leptothrix app. Bacilos longos, que se assemelham a fios de cabelo. Fonte: Pathology outlines (2019).
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1.3.4 Fusobacterium sp
Também são bacilos Gram negativos, anaeróbios, que são verificados na boca, mas podem 
também ser encontrados na vagina e trato gastrointestinal. São bacilos longos e finos, porém 
menores que Leptothrix. Dificilmente levam a um quadro infeccioso. 
1.3.5 Cervicite por Chlamydia trachomatis 
Trata-se de uma das doenças sexualmente transmissíveis mais comuns. São bactérias que 
possuem a característica peculiar de serem parasitas intracelulares obrigatórios. Normalmente, 
a infecção ocorre por minúsculas escoriações, infectando células endocervicais e metaplásicas, 
sendo a JEC e a endocérvice as mais atingidas. O ciclo de desenvolvimento de C. 
trachomatis acontece dentro da célula, o que dificulta o acesso do sistema imunológico. Ela se 
apresenta em duas formas, os corpos elementares, que são menores e extracelulares e representam 
a forma infecciosa do microrganismo, e os corpos reticulados, que são maiores e não infecciosos. 
O ciclo se inicia com a ligação dos corpos elementares à célula hospedeira, seguida por entrada na 
célula por endocitose. Dentro das células,os corpos elementares se mantêm dentro de vacúolos 
citoplasmáticos, onde aumentam de tamanho e se transformam em corpos reticulares, os quais 
se multiplicam ativamente por fissão binária, até se transformarem novamente em corpos 
elementares e serem liberados da célula, através da lise, e, assim, infectarem novas células (Figura 
11). 
Figura 11 - Ciclo de desenvolvimento de Chlamydia trachomatis. Fonte: Medicina Net (2019).
No esfregaço citológico serão observadas as inclusões citoplasmáticas, onde vacúolos 
com inclusões eosinofílicas representam os corpos reticulares. As células infectadas podem ainda 
apresentar aumento nuclear e multinucleação (Figura 12). 
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Figura 12 - Chlamydia trachomatis. Vacúolos citoplasmáticos com inclusões eosinofílicas. Fonte: Mundo educação 
(2019).
1.3.6 Candidíase vulvovaginal (CVV) 
A CVV é caracterizada pelo crescimento anormal de leveduras no trato genital. Essas 
leveduras são comensais, ou seja, habitam normalmente a mucosa vaginal, e quando alguns fatores 
tornam o local favorável para o seu desenvolvimento essas leveduras tornam-se patogênicas. 
As leveduras mais relacionadas com esse quadro são do gênero Candida, em especial, Candida 
albicans. 
A infecção é caracterizada por prurido, ardor dispareunia (dor durante relação sexual) 
e corrimento vaginal, que normalmente é branco, espesso e inodoro. Com frequência, vulva e 
vagina apresentam-se edemaciadas e hiperemiadas. Esses sintomas se intensificam quando a 
acidez vaginal aumenta, como no período pré-menstrual, por exemplo. 
Como C. albicans é um fungo dimórfico, ou seja, apresenta-se na forma leveduriforme 
quando se encontra em estado saprofítico (colonização assintomática) e na forma filamentosa 
quando se encontra em estado patogênico, essas duas formas podem ser visualizadas no esfregaço 
citológico. Como a presença do fungo, nem sempre indica uma condição patológica, alterações 
inflamatórias podem ou não estar presentes (Figura 13). 
Mulheres grávidas e mulheres na menopausa apresentam maiores chances de 
apresentar algumas dessas infecções, como a CVV. Alterações metabólicas, 
hormonais e imunológicas favorecem a infecção por esses microrganismos 
considerados oportunistas.
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Figura 13 - Candida spp. À esquerda observam-se formas de pseudohifas e à direita formas leveduriformes. Fonte: 
Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
1.3.7. Vaginite e cervicite por Trichomonas vaginalis 
Trichomonas vaginalis é um protozoário exclusivamente humano, flagelado e que possui 
alta mobilidade. É o causador da tricomoníase, que atinge homens e mulheres, e é transmissível 
sexualmente, mas também pode ser transmitida através de secreções, roupas íntimas, toalhas e 
outros objetos contaminados. Por apresentar-se muitas vezes de forma assintomática, seus índices 
são bastante altos em todo o mundo. Apesar de muitas vezes ser assintomática, sua presença está 
associada a partos prematuros, pneumonia neonatal, doença inflamatória pélvica (DIP) e até com 
maior facilidade na transmissão do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV). Os sintomas 
da infecção incluem corrimento vaginal abundante e fétido, prurido e sinais de irritação vulvar 
(edema e hiperemia). 
Figura 14 - Trichomonas vaginalis. Há vários Trichomonas vaginalis com núcleos elípticos e fracamente corados 
em roxo pela hematoxilina. Há ainda células escamosas com alterações inflamatórias, como pseudoeosinofilia e 
halos perinucleares. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3.8 Herpes-vírus
Os herpes-vírus são vírus de DNA, relativamente grandes, com capsídio e envelope. 
Podem ser de dois tipos, HSV-1 e HSV-2. Os herpes vírus apresentam como característica a 
capacidade de causar infecções líticas, persistentes ou latentes, com afinidade pelos neurônios. 
HSV-1 acomete principalmente lábios e face, sendo que grande parte da população 
mundial já entrou em contato com esse vírus até mesmo na infância, sem apresentar sintomas. Já 
HSV-2 acomete majoritariamente a região genital, sendo transmitido por contato sexual, quando 
o parceiro está infectado, e muito raramente por contato orogenital. O vírus manifesta-se na 
forma de vesículas (pequenas bolhas), sendo que a contaminação é grande quando essas vesículas 
estão presentes. 
 A infecção pelo herpes-vírus pode ser do tipo produtiva, ou seja, quando o vírus está 
em alta taxa de replicação nas células epiteliais, que é normalmente a fase em que as lesões 
aparecem na pele. E também pode se uma infecção latente, quando o vírus migra e permanece 
nas terminações nervosas, sem sinais clínicos. Normalmente, os herpes-vírus intercalam entre 
essas duas formas de infecção. A infecção normalmente inicia com o vírus penetrando células 
causando uma infecção localizada, que pode passar despercebida ou produzir as vesículas. Após 
isso, o vírus se dissemina para outras células e para o neurônio, onde não se replica (latência). EM 
casos de estresse intenso, diminuição da imunidade, entre outras situações específicas, ele retorna 
de forma retrógrada para o local inicial da infecção, o que caracteriza a infecção produtiva. 
Nos esfregaços serão observadas alterações inflamatórias como: leucocitose, apagamento 
de bordas, halos perinucleares, entre outras. Além disso, T. vaginalis aparecem ovais ou 
arredondados, com núcleo excêntrico, borrado e pouco definido (Figura 14). 
Figura 15 - Herpes-vírus. São observadas células gigantes multinucleadas. Ainda é possível observar a marginação 
da cromatina do núcleo. Fonte: Atlas de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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1.3.8 Papillomavirus humano (HPV) 
O HPV vem sendo estudado desde a antiguidade, mas foi em 1949 que foi detectado em 
verrugas humanas. O seu potencial carcinogênico foi descoberto em 1950, e em 1963 Crawford 
& Crawford, desvendaram sua estrutura viral. Foram realizadas diversas pesquisas por Harald 
zur Hausen, mas somente em 1970 foi possível caracterizar o HPV como causador dos cânceres 
de colo uterino. E em 1980 os HPVs 16 e 18 foram identificados graças ao rápido avanço das 
pesquisas. O HPV é conhecido também como condiloma acuminado, verruga genital ou crista 
de galo. Eles são pequenos vírus icosaédricos de DNA, não envelopados, que pertencem à família 
Papoviridae e ao gênero Papillomavirus, e apresentam uma biologia molecular complexa (LETO 
et al., 2011).
No seu genoma, o HPV apresenta uma dupla hélice de DNA circular, com aproximadamente 
8 mil pares de base. Apresentam uma região reguladora, LCR, que está ligada a expressão gênica 
e replicação viral que ocorre no núcleo da célula. Segundo Rosa et al., (2009, p. 954) a região 
precoce, E, codifica as proteínas envolvidas na replicação do DNA viral e transformação celular 
das quais se destacam E1, E2, E6 e E7. E apresenta também a região tardia, L, onde as proteínas 
do capsídeo são codificadas e ocorrem as etapas finais da replicação viral.
Estima-se que 50% da população sexualmente ativa entre em contato com o HPV, e que 
80% das mulheres terão esse contato até os 50 anos. Recentes estudos demonstram que existem 
mais de 200 tipos diferentes de HPV, dentre eles 100 tipos estão totalmente sequenciados e 120 
tipos parcialmente sequenciados. Aproximadamente 18 tipos são considerados de alto risco 
oncogênico, os mais encontrados são os tipos HPV 16 e 18. Os HPV 6 e 11 são os tipos mais 
encontrados que causam lesões benignas e são considerados de baixo risco oncogênicos. 
A JEC parece ser o principal local de infecção pelo HPV, o que provavelmente se deve 
à constante diferenciação. O vírus penetra através de microabrasõespresentes na região e a 
replicação está intimamente ligada à maturação e diferenciação do epitélio escamoso, ou seja, 
quanto menos diferenciada e menos madura é a célula, maior a replicação viral. Além disso pode 
estar presente a infecção não produtiva, onde o vírus permanece em latência.
Podem existir dois tipos de infecção, a clássica, onde não há integração do DNA viral ao 
genoma da célula e é visualizado apenas o efeito citopático do vírus (coilocitose) (Figura 16). E a 
infecção atípica, onde estimulado por fatores co-carcinogênicos, o DNA viral se integra ao DNA 
da célula hospedeira, e são, então, observadas sínteses proteicas anormais, mitoses desordenadas 
e perda de diferenciação. 
Figura 16 - Coilocitose. Células com área clara ao redor do núcleo. Podendo ter ou não bi nucleação. Fonte: Atlas 
de Citopatologia Ginecológica BVSMS (2019).
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Entre os fatores que podem favorecer a carcinogênese associada ao HPV se destacam 
fatores hormonais, fatores mutagênicos e imunodepressores, deficiências nutricionais (ácido 
fólico e vitamina C) e fatores epidemiológicos. Além disso, o tipo de HPV também é muito 
importante, uma vez que alguns tipos específicos são mais associados à carcinogênese como já 
mencionado anteriormente. 
As infecções pelos HPV de alto risco variam desde lesões pré-neoplásicas até carcinomas 
invasivos. E nesses casos, a coilocitose é bem menos evidente e existe acentuada desorganização 
do tecido. 
2 - SISTEMA DE BETHESDA
O sistema de Bethesda é um sistema consistente, reprodutível e de fácil utilização, que foi 
criado para melhorar a comunicação entre citopatologistas e ginecologistas, oferecer um sistema 
unificado de laudo e facilitar as pesquisas de caráter biológico e epidemiológico na área. 
Estruturalmente, ele fornece informações sobre a qualidade do esfregaço, avaliação geral 
do diagnóstico e o diagnóstico detalhado. Esse sistema uniformizou as formas de classificação 
das lesões pré-câncer e é o mais utilizado para a elaboração de laudos citológicos. 
O diagnóstico do HPV, atualmente, está muito associado à técnicas de biologia 
molecular, que identificam o material genético do vírus. Informações a respeito 
dessas técnicas e da associação com a citologia oncótica., podem ser visualizadas 
no texto de BRINGHENTI, M.E.Z. et al.: Prevenção do câncer cervical: associação 
da citologia oncótica a novas técnicas de biologia molecular na detecção do 
papillomavirus humano (HPV). Jornal brasileiro de Doenças Sexualmente 
Transmissíveis. Vol 22, nº 3, 2010, p. 135-140. Disponível em: <http://www.dst.uff.
br/revista22-3-2010/Prevencao%20do%20Cancer%20Cervical.pdf>. 
Felizmente, hoje em dia, já existem vacinas para prevenir a infecção pelo HPV, 
porém os tratamentos ou métodos preventivos normalmente geram bastante 
resistência, especialmente nos homens. Mais informações sobre a ação da 
vacina nos homens são dadas no vídeo intitulado: Vacina contra HPV para 
homens | Drauzio Comenta #26. Disponível em: <https://www.youtube.com/
watch?v=zYK7rEgH_ls&feature=youtu.be>. 
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3 - LESÕES PRÉ-CÂNCER E ALTERAÇÕES ASSOCIADAS 
Uma das alterações que são visualizadas como lesões pré-câncer é a displasia. Ela é 
caracterizada como uma organização anormal ou diferenciação desordenada, que apresenta 
queratinização prematura das células, aumento anormal do núcleo e associação com graus 
variados de maturação do citoplasma. A displasia pode ser classificada em leve, moderada e 
severa, o que é baseado na espessura do epitélio ocupado por células normais e o grau de atipia 
das células. Dessa forma, utiliza-se o conceito de neoplasia intraeptelial cervical (NIC), que é 
subdividida em três grupo segundo o potencial de invasão (NIC I, NIC II, NIC III). 
O sistema de Bethesda, citado anteriormente, padronizou a nomenclatura e determinou 
as seguintes classificações: 
• Lesões intraepiteliais escamosas de baixo grau (LSIL): LSIL abrange displasia leve, 
o que se enquadra em NIC I, e é caracterizada por lesões bem diferenciadas, que acontecem 
em células maduras. Apresenta células de citoplasma com contorno bem definido e abundante, 
isoladas, aumento nuclear maior ou igual a três vezes. É comum observar binucleação ou 
multinucleação, e a figura patognomônica (cuja visualização deste confirma o diagnóstico) é o 
coilócito (Figura 17). Geralmente 10 a 15% das LSIL progridem para câncer invasivo. 
Figura 17 - Lesão intraepitelial de baixo grau (LSIL). Figura patognomônica, coillócito. Fonte: Pathology outlines 
(2019).
• Lesões intraepiteliais de alto grau (HSIL): abrange displasia moderada a severa, ou 
seja, NIC II e NIC III. Já é caracterizada por lesões de menor diferenciação e atingem células 
imaturas, como as parabasais e mataplásicas. Citologicamente são observadas variações na 
forma e tamanho do núcleo e contorno da membrana nuclear bastante irregular (Figura 18). O 
fenômeno conhecido como “fila indiana” também pode acontecer. 
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Figura 18 - Lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL). Observa-se citoplasma escasso e mal delimitado, 
núcleos volumosos, com variação de tamanho, cromatina finamente granular. Fonte: Atlas de Citopatologia Gine-
cológica BVSMS (2019).
Células escamosas atípicas (ASC): Podem ser divididas em células escamosas atípicas de 
significado indeterminado (ASC – US) e células escamosas atípicas que não permitem excluir 
uma lesão de alto grau (ASC – H). Essa classificação é utilizada quando ainda não se pode chegar 
ao diagnóstico de uma lesão intraepitelial, por não apresentarem alterações quantitativas ou 
qualitativas para tal, mas que apresentam anormalidades sugestivas de lesões (Figura 19). 
Figura 19 - À esquerda é possível observar ASC-US, onde uma das células exibe núcleo discretamente aumentado 
de volume (seta). E à direita é possível observar ASC-H, com células com discreto aumento nuclear e borda leve-
mente irregular, cromatina finamente granular e às vezes parece degenerada. Fonte: Atlas de Citopatologia Gineco-
lógica BVSMS (2019).
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3.1 Critérios citológicos de malignidade
Entre as alterações citológicas que podem estar presentes na malignidade, as nucleares são 
as mais comuns. Entre as possíveis alterações podemos citar: aumento da relação núcleo citoplasma, 
multinucleação, alterações nucleolares, pleomorfismo celular, vacuolização citoplasmática, 
etc. Além das alterações celulares propriamente ditas, alguns critérios indiretos podem ser 
relacionados com malignidade, como presença de hemácias, leucócitos, células endometriais 
(fora do período menstrual), desvio a direita (indicando maior atividade estrogênica). 
É importante salientar que não existe um critério de malignidade único e absoluto para ser 
usado para o diagnóstico de câncer. Todavia, a ocorrência simultânea de algumas dessas alterações 
morfológicas pode indicar significativamente a probabilidade de o câncer estar presente. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
 
Nessa unidade foi possível conhecer as principais modificações celulares que acontecem 
em decorrência de processos inflamatórios e infecciosos, uma das principais indicações da 
citologia cérvico-vaginal. Além disso, foi possível ver as principais lesões pré-câncer e como 
elas aparecem no esfregaço citológico. Identificar essas lesões prematuramente, logo no início, 
é fundamental para que os tratamentos ou acompanhamentos necessários sejam realizados, 
evitando assim a progressão dessas lesões para um câncer. 
Na próxima unidade, daremos início ao estudo de alguns líquidos biológicos bastante 
comuns na rotina laboratorial: líquido seminal e líquido cefalorraquidiano. 
Essas lesões pré-câncerpodem demorar muitos anos para se tornar um câncer de 
colo de útero. Muitas vezes as mulheres entram em contato com o vírus HPV ainda 
jovens (próximo dos 20 anos) e só irão desenvolver um câncer perto dos 40 ou 50 
anos. O quadro clínico de um câncer é muito variável, sendo que muitas mulheres 
não apresentam nenhum sintoma, enquanto outras podem ter sangramento após 
uma relação sexual, sangramento intermitente ou secreção vaginal de odor forte. 
Em casos mais avançados, quando há invasão de células neoplásicas, pode haver 
dor abdominal associada a queixas urinárias e intestinais. 
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03
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 42
1 - LÍQUIDO SEMINAL ............................................................................................................................................. 43
1.1APARELHO REPRODUTOR MASCULINO E ESPERMATOGÊNESE .................................................................. 43
1.2 COLETA DO SÊMEN ........................................................................................................................................... 45
1.3EXAME MACROSCÓPICO INICIAL .................................................................................................................... 46
1.3.1 LIQUEFAÇÃO .................................................................................................................................................... 46
1.3.2 VISCOSIDADE .................................................................................................................................................. 47
1.3.3 ASPECTO/COR ................................................................................................................................................ 47
1.3.4VOLUME ............................................................................................................................................................. 47
1.3.5 PH...................................................................................................................................................................... 48
LÍQUIDO SEMINAL E LÍQUIDO 
CEFALORRAQUIDIANO
PROF.A DRA. MARIANA APARECIDA LOPES ORTIZ
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
CITOPATOLOGIA 
E URINÁLISE
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1.4 AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA ............................................................................................................................. 48
1.4.1 MOTILIDADE...................................................................................................................................................... 48
1.4.2 VITALIDADE ..................................................................................................................................................... 48
1.4.3 CONTAGEM DE ESPERMATOZOIDES ........................................................................................................... 49
1.4.3 CONTAGEM DE CÉLULAS NÃO ESPERMÁTICAS ..........................................................................................50
1.4.3.1 CONTAGEM DE CÉLULAS REDONDAS ........................................................................................................50
1.4.3.2 CONTAGEM DE HEMÁCIAS ........................................................................................................................ 50
1.5 PACIENTE VASECTOMIZADO ........................................................................................................................... 52
2 - LÍQUIDO CEFALORRAQUIDIANO ...................................................................................................................... 52
2.1 COLETA ................................................................................................................................................................ 53
2.2 ASPECTO/COR ................................................................................................................................................... 54
2.3 AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA ........................................................................................................................ 55
2.4 AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA ................................................................................................................................. 57
2.5 AVALIAÇÃO CITOLÓGICA .................................................................................................................................. 57
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 58
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INTRODUÇÃO
Nessa unidade, damos continuidade ao estudo de células, com a análise de dois líquidos 
biológicos, o líquido seminal, o líquido cefalorraquidiano (LCR). 
A análise do líquido seminal é muito utilizada, e é uma das primeiras investigações nos 
casos de infertilidade. É um exame de fácil realização, mas que é preciso ter muita atenção com 
os tempos de realização para que os resultados não sejam errôneos.
A análise do LCR também deve ser realizada o mais rápido possível, uma vez que quando 
existe a suspeita de alguma doença neurológica, especialmente as meningites, o diagnóstico 
rápido é fundamental para que o tratamento ideal seja feito e as chances de sequela ou morte do 
paciente sejam minimizadas. 
Serão abordadas, então, características gerais dessas amostras biológicas e aspectos gerais 
dos exames laboratoriais.
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1 - LÍQUIDO SEMINAL 
A análise do sêmen é uma das primeiras investigações em casos de infertilidade, além de 
ser útil para acompanhar o estado pós vasectomia. 
1.1 Aparelho reprodutor masculino e espermatogênese 
Para compreendermos as variáveis envolvidas na análise do sêmen, primeiramente iremos 
relembrar os órgãos do aparelho reprodutor masculino, suas principais funções e como acontece 
a espermatogênese (produção dos espermatozoides). 
De acordo com a função, podemos classificar os órgãos do aparelho reprodutor masculino 
da seguinte forma: 
• Órgãos de produção de espermatozoides: testículos; 
• Órgãos de maturação, armazenamento e condução de espermatozoides: epidídimo 
e canais deferentes; 
• Órgãos destinados à mistura dos espermatozoides com as secreções condutoras e 
nutritivas a fim de formar o sêmen: próstata e vesículas seminais; 
• Órgãos de eliminação dos espermatozoides: pênis, uretra e glândulas acessórias. 
A produção de espermatozoides é um processo de maturação hormônio dependente, que 
inicia na puberdade masculina (por volta dos 13 anos de idade) e prolonga-se por toda a vida. As 
células envolvidas na produção dos espermatozoides podem ser divididas em epitélio germinativo, 
o qual compreende as células propriamente ditas (espermatogônias, espermatócitos primários e 
secundários, espermátides e espermatozoides) e as células de Sertoli, que ficam ao redor das 
células germinativas, com a função de nutri-las, devido à grande quantidade de glicogênio. 
As espermatogônias são as células mais imaturas dentro do epitélio germinativo. Elas 
ficam localizadas próximas à lâmina basal e proliferam-se continuamente por mitose. Algumas 
dessas células param a multiplicação e iniciam o processo de diferenciação, dando origem então 
aos espermatócitos primários. 
Os espermatócitos primários (diploides) darão início à primeira divisão meiótica (meiose 
I), produzindo, então, os espermatócitos secundários, que agora são haploides. Os espermatócitos 
secundários sofrem a segunda divisão (meiose II), dando origem a quatro espermátides (haploides). 
Por fim, em um processo conhecido por espermiogênese,as espermátides se diferenciam em 
espermatozoides. Nessa transformação, as espermátides perdem citoplasma, ocorre, assim, a 
condensação do núcleo e formação do flagelo e da peça intermediária. 
Os espermatozoides são divididos em três partes, que incluem cabeça, corpo e cauda. 
A cabeça contém um núcleo haploide condensado e uma faixa bastante estreita de citoplasma, 
além de possuir um revestimento conhecido como acrossoma. O acrossoma contém muitas 
enzimas hidrolíticas, que irão auxiliar a penetração do espermatozoide no óvulo. O corpo é a 
parte intermediária, que dá suporte às atividades metabólicas dos espermatozoides. 
Ele possui mitocôndrias responsáveis pela obtenção de energia. Por fim, a cauda, ou 
flagelo a região responsável por impulsionar o espermatozoide nos seus movimentos. 
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Em relação ao controle hormonal, o hormônio folículo estimulante (FSH) age nas células 
de Sertoli, induzindo a síntese de proteínas, e retendo a testosterona nos túbulos seminíferos. 
Além disso, estimula a meiose nos espermatócitos primários. Já o hormônio luteinizante (LH), 
interagem com as células de Leydig, facilitando a conversão do colesterol em testosterona. 
Os testículos das crianças permanecem inativos até a estimulação que acontece na 
puberdade, por volta dos 13 anos, pelos hormônios gonadotróficos da hipófise. Dessa forma, o 
FSH age estimulando a proliferação das espermatogônias e o LH age estimulando a secreção de 
testosterona pelas células de Leydig. 
Na Figura 1 é possível observar uma representação esquemática do processo de 
espermatogênese e na Figura 2 a estrutura de um espermatozoide. 
Figura 1 - Representação esquemática da espermatogênese. Fonte: Só Biologia (2019).
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Figura 2 - Representação esquemática da estrutura de um espermatozoide. Fonte: Infoescola (2019).
O sêmen não é composto apenas de espermatozoides, na verdade, os espermatozoides 
representam uma porcentagem muito pequena do líquido seminal. Este líquido é composto por 
diferentes substâncias produzidas por diferentes órgãos: 
• Glândulas acessórias (1%): possui ação lubrificante. Além disso, está implicada na lise 
do coágulo seminal. 
• Próstata (30%): secreção levemente ácida (pH 6,5), contendo substância essencial 
para a vitalidade e capacitação dos espermatozoides. Essa secreção é rica em fosfatase ácida e 
enzimas proteolíticas que atuam sobre a secreção das vesículas seminais, inibindo a coagulação e 
auxiliando a liquefação. 
• Epidídimo e canal deferente (9%): é a secreção que contém os espermatozoides. 
• Vesículas seminais (60%): secreção alcalina, rica em frutose e prostaglandinas. 
1.2 Coleta do sêmen 
A análise do sêmen, ou espermograma, inicia com a coleta da amostra. Para que o resultado 
seja representativo e possa ser, então, comparado com valores de referência já estabelecidos para a 
normalidade, é importante que alguns critérios e recomendações sejam seguidos. 
A coleta, normalmente, é realizada no laboratório, a fim de limitar a exposição da amostra 
a variações de temperatura e principalmente controlar o tempo entre a coleta e o início da análise. 
O homem deve estar em abstinência sexual por no mínimo 3 e no máximo 7 dias, a fim de 
manter uma quantidade de espermatozoides e volume de amostra compatível com os valores 
de referência. Qualquer perda de amostra que possa ter acontecido durante a coleta deve ser 
relatada. 
A amostra deve ser obtida por masturbação e ejaculada dentro de um frasco (vidro ou 
plástico) de boca larga, limpo e estéril. Até que haja a liquefação da amostra, o recipiente é deixado 
em temperatura de 37oC. 
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Todas as etapas e itens avaliados em um espermograma são comentados e 
explicados de forma bastante didática no vídeo: Espermograma, saiba tudo sobre 
esse exame. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=IXkKe5AuHCw> 
Acesso em: 10 jan. 2019.
É importante destacar que as amostras de sêmen podem conter agentes 
infecciosos perigosos e devem, portanto, ser tratadas como um risco biológico. 
Normas de biossegurança e boas práticas de laboratório são fundamentais para 
a segurança laboratorial. 
1.3 Exame macroscópico inicial 
Nessa etapa do exame, serão verificados os seguintes aspectos: liquefação, viscosidade, 
aparência (cor), volume e pH. 
1.3.1 Liquefação 
A análise do sêmen deve iniciar após a liquefação, o que normalmente acontece dentro 
de 15 minutos a temperatura ambiente, e raramente leva mais de 60 minutos. Caso a liquefação 
demore mais de 60 minutos, isso deve ser registrado. A análise normalmente se inicia 30 minutos 
após a ejaculação, caso nesse tempo não tenha acontecido a liquefação, aguarde mais 30 minutos. 
É importante que a análise comece em até uma hora, para evitar alterações na qualidade do 
sêmen. 
A liquefação vai acontecendo aos poucos, e alguns minutos após a ejaculação, o sêmen 
em temperatura ambiente pode apresentar uma aparência heterogênea, com alguns grumos e 
outras regiões mais líquidas, até atingir a liquefação completa. 
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Logo após a ejaculação o sêmen adquire uma consistência semissólida, coagulado. 
Essa coagulação, acontece por ação de substâncias produzidas pela vesícula 
seminal, e segundo diversos autores tem por função proteger os espermatozoides 
da acidez vaginal. Dentro de alguns minutos (entre 5 e 60 normalmente), ele 
se liquefaz devido à ação de enzimas proteolíticas produzidas pela próstata, 
garantindo assim mobilidade para os espermatozoides. Amostras de sêmen 
que não se coagulam podem indicar disfunções vesiculares e em contrapartida, 
amostras que não liquefazem podem indicar disfunções prostáticas. 
1.3.2 Viscosidade 
Após a liquefação, a viscosidade da amostra pode ser avaliada, com o auxílio de uma 
pipeta de plástico (Pasteur). Uma amostra normal faz com que a amostra saia da pipeta em 
pequenas gotas. Caso a viscosidade esteja excessiva, ocorrerá a formação de um fio com mais 
de 2 cm de comprimento. Alternativamente, pode ser utilizado um bastão de vidro na amostra e 
observado o comprimento do fio que se forma após a retirada deste. 
1.3.3 Aspecto/cor
Em relação à aparência, uma amostra normal de sêmen deve apresentar-se homogênea, 
e com coloração próxima a um cinza opalescente. A cor pode variar dependendo da quantidade 
de espermatozoides, sendo um pouco mais amarelada quando a quantidade for maior, e menos 
opaca quanto a quantidade for menor. Colorações amareladas também podem aparecer em casos 
de infecções, icterícia ou após o uso de alguns medicamentos; colorações avermelhadas podem 
estar relacionadas à presença de hemácias. 
1.3.4 Volume
Em relação ao volume, é considerado normal, quantidades entre 1,5 e 5,0mL. Volumes 
inferiores a 1,5mL, também conhecido como hipospermia, podem ser reflexo de ausência de 
abstinência sexual, insuficiência prostática ou vesicular ou até mesmo baixos índices séricos de 
testosterona. Já volumes maiores que 5mL, conhecido como hiperespermia, podem representar 
excesso de abstinência sexual, condições infecciosas e pode ser um dos primeiros sinais de 
tumores na próstata ou vesículas seminais. Pode acontecer também um fenômeno conhecido 
como aspermia, que seria a ausência de sêmen, que está relacionada à agenesia das glândulas 
vesiculares e ductos deferentes. 
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1.3.5 pH
O pH do sêmen é um reflexo da junção do pH das diferentes secreções que o compõe. O 
pH normal fica em torno de 7,2 a 7,8. Valores muito básicos indicam deficiência prostática. Além 
disso, o contato com o ar pode fazer com que o pH aumente. Valores

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