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Dinâmica e Organização Escolar

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AULA 01 - DINÂMICA E ORGANIZAÇÃO ESCOLAR
 
Conteúdo
1. Introdução. 
2. Discussões Sobre a Importância De Compreender o Contexto Histórico, Político e Social do Sistema Educativo   
3. Noção de Sistema. 
4. O Papel e o Lugar da Escola. 
5. Conclusão. 
 
1. Introdução
         
          A escola é um espaço social que reflete e modifica a comunidade do qual faz parte, isto torna o ambiente escolar único. As pessoas que frequentam este espaço ocupam diversos papéis, trazendo para dentro de seus muros informações, conceitos, preconceitos, opiniões, dúvidas, anseios dos grupos sociais que participam. O docente ocupa uma posição relevante neste ambiente pois na atualidade tem sido responsável por mediar essas informações, fornecer outras e colaborar para o desenvolvimento da criticidade e do respeito às diferenças.
          Nesta disciplina buscaremos observar a escola sob dois viés importantes:
 
· Sua organização: Como e por que alguns conteúdos são adicionados ou retirados do currículo? Como são organizados os tempos da escola - anos, ciclos, níveis? Quem pode aturar no espaço escolar e qual deve ser sua formação?
 
· A dinâmica que se desenvolve na escola: Como as pessoas se relacionam no espaço escolar? Como lidam com as informações que circulam na escola? Como os professores lidam com as normas de organização e como os estudantes reagem a elas?
 
          Primeiro, retomaremos algumas questões históricas. Provavelmente, você já terá lido a respeito em outras disciplinas. Caso sinta necessidade, retome aulas de outras disciplinas para complementar as leituras feitas aqui. Busque entender a relação entre a história da educação no Brasil e o espaço escolar. Como o desenrolar da história nos trouxe a este ponto atual da escola.
          Em seguida, estudaremos alguns documentos que regulam o Sistema Educacional Brasileiro, com ênfase na Lei de Diretrizes e Bases em vigor. Atentem para como a escola deve ser organizada: dias letivos, conteúdos escolares, formação e atuação docente, modalidades e níveis. Os documentos também refletem nosso contexto histórico. Assim, é de extrema importância que docentes conheçam tais diretrizes para que possam atuar de maneira crítica.
          Daí passaremos a discutir o funcionamento escolar, as relações ali estabelecidas e como as mudanças na sociedade têm impactado este ambiente. A escola precisa ser observada de maneira mais ampla, compreendendo que o presente é um contínuo de construções históricas - participamos destas construções, e por isso é extremamente que tenhamos conhecimento para sermos coerentes e críticos.
 
2. Discussões Sobre a Importância De Compreender o Contexto Histórico, Político e Social do Sistema Educativo
 
Esperamos que suas leituras colaborem para um aprofundamento de seus conhecimentos e um resgate de suas experiências. Gostaríamos que, nessa primeira leitura, você possa:
 
* Aguçar seu olhar de pesquisador/pesquisadora sobre a estrutura e a dinâmica escolar.
* Identificar componentes da complexa estrutura escolar e relacioná-los ao contexto social.
* Refletir sobre o seu papel na estrutura escolar, no sistema educacional e na dinâmica social.
 
            O que o espaço escolar nos revela? Quando falamos sobre escola, você provavelmente se lembrará da época em que você cursou o Ensino Fundamental e Médio. Ao pensar sobre esta época, poderá reconhecer uma série de atitudes, protocolos e procedimentos comuns àquela época. Talvez se lembre de como as carteiras eram arrumadas na sala, de como era o espaço do refeitório, de quais eram suas brincadeiras favoritas. Durante seu percurso universitário, você provavelmente revisitou o espaço escolar com uma nova perspectiva, para cumprir as tarefas do curso - que incluem os Estágios Supervisionados e outras observações do espaço escolar. Nestas observações talvez tenha experimentado uma outra escola, diferente da escola da sua memória. Há diferentes razões para esse estranhamento/reconhecimento:
 
1° - ao revisitar a escola, pode perceber que ela passou por transformações (sutis, ou não) ao longo do tempo;
2° - ao revisitar a escola como professor em formação, sua perspectiva de observação não é mais como a de um estudante somente. Há lembranças de quando estudava, mas há também reflexões sobre o seu papel como professor naquele espaço;
3° - ao revisitar a escola, foi conduzido a relacionar uma série de saberes pedagógicos,históricos, científicos com suas observações;
Em resumo,ao revisitar a escola, você percebeu que você, a escola e seu papel nela se transformaram com o tempo. 
3. Noção de Sistema
 
                Para iniciarmos nossas discussões sobre o espaço escolar, precisamos entender que a escola faz parte de um sistema. Como nos diz Demerval Saviani (2009), “sistema” é a unidade de vários elementos intencionalmente reunidos de modo a formar um conjunto coerente e operante". Para exemplificar, podemos pensar nos sistemas que funcionam no nosso corpo. O sistema digestivo, por exemplo, é formado por diversos órgãos que funcionam em consonância. Quando um desses órgãos falha, a capacidade de todo o sistema fica comprometido.
            Com isso em mente, precisamos pensar na escola como um dos 'órgãos' do sistema educativo. Isto é, ela não funciona de maneira isolada, precisa funcionar em consonância com outros espaços e órgãos educacionais. Para isso, são determinadas normas e diretrizes para organizá-la. Essas diretrizes não surgem no vazio, são pensadas e estabelecidas de forma a atender questões sociais, políticas e econômicas. Assim, a organização geral das escolas em território nacional seguem as mesmas normativas. Isso não quer dizer, porém, que a dinâmica escolar é igual em todas as unidades escolares. Cada espaço escolar é influenciado pelas pessoas que a compõem, pela comunidade na qual está inserida e pelos saberes que circulam ali.  
            Fazer parte de um sistema envolve, falando de forma resumida, se adequar a normas gerais funcionando de forma interdependente.
            Visite o site:
http://conae.mec.gov.br/images/stories/pdf/conae_dermevalsaviani.pdf e leia a discussão feita pelo autor Demerval Saviani sobre o tema.
                                                                                                                                                       
3.1 A Organização da Escola
 
O espaço escolar é um espaço regido por uma série de forças. A escolha dos materiais, do mobiliário e de sua disposição, dos horários, da rotina tem uma intencionalidade. Nada está ali ou acontece ali por acaso. O espaço escolar é ao mesmo tempo particular - pois cada escola encerra em si mesmo suas particularidades, e também é parte de uma trama maior, parte de um contexto, parte de um Sistema Educativo.
 
 
Pedimos que reflita sobre como a escola está organizada. 
Quando as aulas começam e terminam?
Quantas horas por dia as crianças e jovens estudam?
Que conteúdos precisam estudar?
Como são as salas de aulas? Como estão arrumadas?
Que materiais há na escola?
Que espaços, além da sala de aula, existem na escola?
Como são determinadas tais regras de organização?
 
3.2 A Dinâmica da Escola
 
A forma como a escola está organizada está intimamente relacionada com o que acontece no cotidiano escolar. Os espaços, as rotinas e os horários são pensados para atender a comunidade escolar. Professores, funcionários, estudantes, familiares e gestores se relacionam neste cenário tentando se adequar às regras de organização e, ao mesmo tempo, imprimindo na escola suas próprias características. Assim cada escola, mesmo sendo organizada dentro do mesmo Sistema Educativo, pode diferir de outra nas relações diárias. As escolas são lugares de movimento, de escolhas, de pessoas.
 
Sugerimos que pense agora nas seguintes questões:
Quem entra na escola?
Quem sai da escola?
Quem abandona a escola?
Quem trabalha na escola?
Que rotinas existem na escola?
 
 
4. O Papel e o Lugar da Escola
 
 
Vamos atentar a ideia de que a escola existe para atender questões sociais, econômicas e políticasda sociedade. Assim, precisamos pensar: Para quê e para quem a escola existe? Que anseios temos em relação à escola? Têm sido atendidos? Como falamos acima, a educação escolar é sistemática, ou seja, está vinculada a um sistema com suas normas e diretrizes - que não surgem no vazio.
Existe urgência em pensarmos no papel da escola. Vivemos em tempos de discussão sobre tolerância, polaridade política, manipulação de informações, dentre tantas outras questões atuais. Até onde a escola deve ir? Quais assuntos devem estar presentes na escola? Como tomar decisões sobre isso?
A princípio, podemos começar refletindo sobre para quê a escola existe e que função cumpre na sociedade. Temos avançado em relação ao acesso - cada vez mais crianças e jovens chegam às escolas. Mas quando lemos sobre as avaliações, nos deparamos com notícias sobre fracasso e inadequação dos conteúdos escolares. Há tempos dizia-se que a escola era um meio para se formar e ingressar no mercado de trabalho; também dizemos que a escola nos oferece conhecimentos para que consigamos entender a realidade que nos cerca. Para nos ajudar nessa reflexão, vamos ler um trecho do texto do autor Antônio Nóvoa (2006):
 
"O lugar da Escola vem sendo discutido com ardor e entusiasmo. Após um século de enormes progressos, surgem sinais claros de insatisfação e de mal-estar. É verdade que a Escola cumpriu algumas das suas promessas, em particular o compromisso de acolher todas as crianças. Mas quantas continuam ainda por realizar? Há cada vez mais alunos que abandonam a escola privados de tudo: sem um mínimo de conhecimentos e de cultura, sem o domínio das regras básicas da comunicação e da ciência, sem qualquer qualificação profissional. Contrariamente às suas intenções igualitaristas, a Escola continua, tantas vezes, a deixar os frágeis ainda mais frágeis e os pobres ainda mais pobres. Não espanta, por isso, que o século XXI se inicie no registro da polêmica e da controvérsia. Podem anunciar-se novas sociedades “educativas” ou “do conhecimento”, mas serão apenas palavras se se mantiver a distância entre “os que sabem” e “os que não sabem”, entre “os que podem” e “os que não podem”. Os sistemas de ensino – e os seus responsáveis – parecem bloqueados, incapazes de romper com as “inércias” e os “interesses”. Resignam-se ao “jogo das reformas”, na sua agitação vazia, no seu linguarejar sem sentido e sem ideias. Falta um pensamento novo, uma filosofia que ajude a imaginar outras lógicas, outros modelos e outras formas de organização dos espaços educativos". (NÓVOA, 2006)
            Este trecho nos convida a refletir sobre que papel as instituições escolares têm frente a sociedade atual. Como o próprio autor afirmou, é sabido que há um avanço, principalmente quanto ao acesso dos estudantes às escolas. Mas isso não é tudo, não é mesmo? Cada vez mais existe uma preocupação com a qualidade da educação, com políticas de fortalecimento da escola, com a necessidade da valorização do profissional docente. No nosso país, estas preocupações aparecem aliadas a inúmeras questões sociais - necessidades sociais - de crescimento econômico, conscientização política e participação efetiva dos cidadãos nos diversos âmbitos da sociedade.
Ao falar especificamente sobre a educação na América Latina, os autores Danilo Streck, Telmo Adans e Chenon Moretti (2010) destacam a importância de se reconhecer que a nossa formação histórica, social e cultural influencia diretamente nas dinâmicas e organizações das estruturas educativas.
 
          "Entendemos que, por ser herdeira de uma determinada formação histórica e cultural, forjou-           se nesta parte do mundo um pensamento com algumas características próprias, em princípio,    nem melhor nem pior que o pensamento em outros lugares. Mas é um pensamento que, em         meio à fugacidade das ideias de fora que, como ondas, se sucedem em modas, busca encontrar   raízes por onde continua subindo a seiva que, mesmo imperceptível, continua alimentando         práticas e esperanças.
          O labirinto, uma imagem forte na literatura latino-americana, é também uma metáfora muito           apropriada para a nossa educação. Quando finalmente a maioria das crianças vão para a       escola, surge a pergunta sobre como mantê-las numa instituição alheia ao seu mundo; quando         os jovens e os adultos são introduzidos ao mundo letrado, este já não parece ser mais o mundo    que conta e novas habilidades são exigidas pela sociedade e pelo mercado; quando os negros            são incluídos, constatamos que ainda se trata de uma inclusão paliativa que pode estar   perpetuando desigualdades.
          O labirinto significa espera. Diz Jorge Luis Borges (1971, p. 14): "Oxalá fosse este o último    dia de espera". Paulo Freire (2000, p. 5) completa: "Não te esperarei na pura espera/ porque          o meu tempo de espera é um/tempo de quefazer". Talvez o labirinto seja a expressão das         revoluções inacabadas que Orlando Fals Borda (1979) identifica na história da América     Latina. Mas é também sempre a esperança de novas possibilidades, como apontado por Gabriel Garcia Márquez no texto da epígrafe*".
 
          *Epígrafe: Cremos que as condições estão dadas como nunca antes para a mudança social, e que a Educação   será         seu órgão mestre. Uma educação desde o berço até o túmulo, inconforme e reflexiva, que inspire em nós um novo       modo de pensar que nos incite a descobrir quem somos em uma sociedade que se queira mais a si mesma                 (Marquez, G. G., 1994. P.22)
 
  (STRECK et alli. 2010, 20)
 
            Os autores do segundo texto abordam – de forma contundente – algumas questões pertinentes à educação da América Latina. Pensar a escola envolve considerar o contexto histórico, social e cultural na qual está inserida. E o que apontam é que, apesar do avanço, a          educação está em conflito... É necessário um aprofundamento para tratar as questões recorrentes no cotidiano da          escola.
 
5. Conclusão
 
Apresentamos aqui algumas questões que poderão colaborar para um aprofundamento do que foi discutido. Procure lê-las atentamente. Leia também os trechos de textos que acompanham as questões. 
 
Como pode ser compreendido um Sistema Educativo?
 
Um conjunto de ações intencionais, pensadas e elaboradas para resolver uma situação: neste caso - a Educação. Estas ações incluem normatizações para um alinhamento das ações em determinado espaço geográfico e em determinado tempo. Compreenderemos que para conhecer o Sistema Educacional, precisaremos, não só conhecer tais normatizações, mas também  vê-las como são aplicadas na prática e refletir sobre as ações que decorrem delas.
 
Algumas das questões que o autor (Antônio Nóvoa) coloca sobre a escola, no trecho a seguir, são também frequentemente colocadas por nós. Em sua opinião, quais dessas ideias estão sendo priorizadas na escola que você conhece?
 “O que é que queremos da Escola? História ou educação para a cidadania? Literatura ou educação para a saúde? Ciência ou prevenção da toxicodependência? Matemática ou educação sexual? Artes ou prevenção rodoviária? Filosofia ou educação ambiental? Geografia ou educação para os valores? E que dizer do desenvolvimento das competências comunicacionais e tecnológicas? E da preparação para a vida profissional? E da promoção do espírito de criatividade, de inovação e de empreendedorismo? E da formação moral? E a prevenção da delinquência? E do ensino das regras e comportamentos sociais? E da capacidade para enfrentar dificuldades e resolver problemas? Tudo isto?” (p 114).
 
De que “transbordamento” está falando Nóvoa no trecho a seguir?
 
“Resumindo de maneira excessivamente simplista a história da Escola no decurso do último século, podemos dizer que ela se foi desenvolvendo por acumulação de missões e de conteúdos, numa espécie de constante “transbordamento”, que a levou a assumir uma infinidade de tarefas. Hoje, o currículo escolar mais parece um saco no qual, década após década, tudo foi colocado e de onde nadafoi retirado. A Escola está esmagada por um excesso de missões e pela impossibilidade de as cumprir. Impõe-se, por isso, definir prioridades e dizer, com clareza, aquilo que queremos da Escola”. (p.115)
 
 
Observe que essa é uma situação que precisa ser igualmente enfrentada no Brasil. Temos escolas para todos, mas todos não permanecem ou usufruem adequadamente da escola. Os autores Danilo Streck, Telmo Adans e Chenon Moretti destacam isso em seu texto ao dizer que a presença na escola nem sempre tem significado iguais condições de educação para todos. Como podemos lidar com as diferenças aqui assinaladas?
 
(...) “Durante muito tempo, a Escola foi apenas para alguns. Hoje ela tem de integrar todos os alunos. No entanto, continuamos a trabalhar pedagogicamente quase do mesmo modo como trabalhávamos quando a Escola era apenas para alguns, quando a Escola se dirigia a alunos que já tinham sido socializados em casa, que partilhavam os mesmos valores e as mesmas culturas.
A incapacidade para construir novos modos de trabalho pedagógico, para lidar com a diferença e a heterogeneidade, promovendo ao mesmo tempo uma cultura comum e partilhada, é uma das nossas principais dificuldades. Não se trata, claro está, de aceitar tudo e de ser tolerante em relação a tudo. Mas tudo deve ser compreendido e a Escola deve trabalhar com a diferença para construir uma cultura comum. A Escola não serve para “separar”, serve para “unir”, serve para criar as bases de uma vida em comum.”. (p. 122)
 
 
Para encerrar e fazermos uma ponte com as leituras da próxima semana leia o trecho abaixo:
 
“São muitos os desafios da Escola no mundo contemporâneo. Assinalo apenas dois, procurando responder à sua questão. Em primeiro lugar, a necessidade de construir um outro “modelo de Escola”. Continuamos fechados num modelo de Escola inventado no final do século XIX e que já não serve para enfrentar os desafios do mundo contemporâneo: escolas voltadas para dentro dos quatro muros, currículos rígidos, professores fechados no interior das salas de aula, horários escolares desajustados, organização tradicional das turmas e dos ciclos de ensino, etc. etc. Defendo, por isso, que é necessário repensar os modos de organização do trabalho escolar, desde a estrutura física das escolas até à lógica curricular das disciplinas e dos programas, desde as formas de agrupamento e de acompanhamento dos alunos até às modalidades de recrutamento e de contratação dos professores. Temos de reinventar a Escola se quisermos que ela cumpra um papel relevante nas sociedades do século XXI. Em segundo lugar, a importância de nunca renunciar ao conhecimento e à cultura. Quando se fala de “educação permanente” (e, pior ainda, de “educação e formação ao longo da vida”), há, por vezes, uma tendência para valorizar certas competências técnicas ou instrumentais em detrimento do conhecimento, da ciência e da cultura. Fala-se do “aprender a aprender”, das capacidades de actualização e de procura autónoma do saber, das competências informáticas e outras. Tudo isto é verdade e deve ser tido em conta. Mas estas aprendizagens não se fazem no “vazio”. Por isso, não nos devemos vergar às modas instrumentais e temos de manter uma grande atenção aos conhecimentos e às disciplinas que formam os nossos alunos” (p. 113).
 
 
Como podemos ‘reinventar’ a escola? Se faz necessário compreender os processos históricos e sociais que constituem os espaços escolares, refletindo sobre como a organização da escola pode favorecer (ou não) a produção e o compartilhamento do conhecimento. Portanto, nas próximas semanas faremos leituras mais atentas sobre a História da Educação.
                                         
· AULA 02
BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: A HISTÓRIA DA ESCOLA – 1ª parte
 
Como e quando a educação formal passou a fazer parte do cotidiano das pessoas? Por que isto aconteceu? Conhecendo um pouco da história poderemos pensar sobre quais os objetivos da educação escolar formal, e se, ainda hoje, ela detém a mesma importância e as mesmas características que no passado.
· A HISTÓRIA DA ESCOLA: ESCOLA PARA QUÊ E PARA QUEM?
Vamos retomar aqui a ideia de sistema, discutida brevemente na primeira aula. Conforme nos diz Saviani, um sistema é uma criação que visa solucionar questões de um grupo, com ações, estratégias e recursos intencionalmente organizados para dar conta das necessidades percebidas  em determinado tempo e espaço social. Pensando assim no sistema educativo, podemos de forma resumida dizer que a formalização da educação busca atender necessidades sociais e históricas. Como a escola poderia fazer isso? Por difundir valores, práticas e conhecimentos necessários para a consolidação de uma sociedade. A educação formal, portanto, ensina aos indivíduos como assumir seu papel na sociedade em que vive.
Não podemos, porém, ser ingênuos e acreditar que estes papéis são os mesmos para todos os integrantes de uma sociedade. Isso se dá porque, sendo uma instituição criada, para e pela sociedade vai refletir as estruturas de poder, de pensamento, de organização política e econômica vigentes. Dessa forma, refletir sobre a escola e sua história é também refletir sobre a manutenção de estruturas sociais excludentes ou sobre ações de resistência à estas estruturas.
A organização da escola - o planejamento curricular, os projetos, os recursos humanos, o mobiliário e sua arrumação, os horários - são reflexos de intencionalidades. Quando pensamos na formação de professores críticos, pensamos em que estes tenham recursos para refletir e discutir tais intencionalidades. Um desses recursos é o conhecimento histórico, social, político e econômico relacionados à educação.
 
BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO MUNDIAL
História da e na Educação são disciplinas específicas deste curso de formação. Por isso, aqui vamos apenas retomar alguns marcos importantes que influenciaram a formação do modelo escolar que conhecemos hoje.
Vamos tomar o esquema existente no site:  http://www1.folha.uol.com.br/folha/treinamento/educacao/te2406200537.shtml.
Segue abaixo a síntese apresentada no site e algumas considerações importantes.
CONSIDERAÇÕES:
 
SOBRE O SÉCULO XVI...
A ideia da educação perpassa pela necessidade de acesso às discussões religiosas que aconteciam à época. Ou seja, a educação visava atingir grupos que não tinham acesso à valores importantes na época, visava tirar estes grupos da exclusão e possibilitar que eles participassem mais ativamente da vida social - que era influenciada pelas ideias religiosas.
	Ainda hoje pensamos na escola como possibilidade de acesso à informações relevantes que circulam na sociedade. O acesso a determinados documentos, informações e materiais é considerado (há muito tempo) como condição para diminuição da exclusão e para a formação de cidadãos mais participativos e conscientes de suas responsabilidades sociais.
SOBRE O SÉCULO XVII...
A educação deixa de envolver apenas ações isoladas para um público específico, mas passa a atender um público maior, de forma institucional e formal.
	As instituições escolares passam a ser parte de um sistema maior, organizado e estruturado. Isto não significa, portanto, que todos tenham acesso a mesma escolarização. Como vemos hoje, apesar das normatizações, as ações pedagógicas nas diferentes escolas para diferentes públicas, sofrem diferenciações sensíveis.
 SOBRE O SÉCULO XVIII...
A defesa da ideia de escolarização universal, obrigatória e gratuita. O século das luzes se destaca pela busca da racionalidade como principal meio de se estabelecer uma sociedade igualitária. A defesa da educação como direito possibilitaria a diminuição da marginalização de grupos sociais e que mais pessoas participassem ativamente no crescimento da sociedade.
	A ideia de que todos os humanos teriam direito a ter acesso aos meios para participar da sociedade de forma igual refletia uma ideia ideal da educação - e um pouco romantizada. Ainda hoje podemos perceber esse discurso, embora - como já dizemos - muitas vezes a escola sirva para manter as distânciasentre os grupos sociais, reforçando estruturas de poder excludentes.
SOBRE O SÉCULO XIX...
 
Destaque para a questão econômica: há a necessidade de pessoas com condições para assumir funções na produção e na distribuição de materiais (indústria e comércio). Para isso seria necessário conhecimentos básicos, delineados pelas normatizações curriculares vigentes.
 
	A formação de mão de obra é uma questão importante para a educação. Podemos destacar duas razões: 1) Passa a haver a necessidade de uma organização curricular, uma padronização dos conhecimentos - aqueles necessários para atuação no mercado de trabalho principalmente. 2) A formação de mão de obra não é destinada a todos... alguns grupos sociais não serão formados para o trabalho operário. Assim, há uma diferenciação entre as finalidades da escola para os diferentes grupos sociais. Essas questões são importantes ainda hoje para se pensar a qualidade da educação pública.
 
SOBRE O SÉCULO XX...
A linha do tempo exibida acima, destacou um fato importante acontecido no século XX: a defesa da educação como direito. A partir daí, vários congressos e conferências vêm sendo realizados ´para definir como possibilitar que este direito esteja garantido a todos. Entre os eventos ocorridos no século XX, destacamos ainda:
 
· 1990 - Conferência Mundial sobre Educação para Todos em Jomtien, Tailândia.
Nesta Conferência foi criado um importante documento, do qual o Brasil é signatário. Dentre as metas propostas por este documento, apresentamos esta: 
Declaração de Jomtien - Artigo 3: Universalizar o acesso à educação e promover a equidade.
"Um compromisso efetivo para superar as disparidades educacionais deve ser assumido. Os grupos excluídos – os pobres; os meninos e meninas de rua ou trabalhadores; as populações das periferias urbanas e zonas rurais; os nômades e os trabalhadores migrantes; os povos indígenas; as minorias étnicas, raciais e linguísticas; os refugiados; os deslocados pela guerra; e os povos submetidos a um regime de ocupação – não devem sofrer qualquer tipo de discriminação no acesso às oportunidades educacionais".
 
· 1993 - Conferência de Cúpula de Nova Deli -, Índia, onde os nove países em desenvolvimento mais populosos - Brasil, China, México, índia, Paquistão, Bangladesh, Egito, Nigéria e Indonésia  - debateram sobre os rumos da educação e os desafios de promover Educação de qualidade para todos.
 
· 1994 - Conferência Mundial Sobre Necessidades Educativas Especiais: Acesso e Qualidade em Salamanca, Espanha.
A Declaração de Salamanca, documento produzido neste encontro, é um marco na defesa da educação para todos e da educação inclusiva, como pode ser observado no trecho a seguir:
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA
2. Acreditamos e Proclamamos que:
toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem, toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas, sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades(...).
  
O século XX foi marcado por duas guerras mundiais, por governos totalitaristas e pelo advento do fascismo, eventos que privaram pessoas de seus direitos, fomentaram a pobreza e a desigualdade. Com o fim da Segunda Guerra Mundial havia a preocupação em que os direitos fundamentais fossem não só definidos como assegurados a todos e todas. Isso pode ser percebido pela publicação da Declaração dos Direitos Humanos. Este documento institui a educação como direito universal inalienável e, a partir daí, passou-se a discutir quão díspares eram o acesso e a permanência à educação entre os diversos grupos sociais. Os demais documentos passaram a tratar, por conseguinte, das diferenças entre os grupos e sobre metas para sanar estas disparidades.
SOBRE O SÉCULO XXI
Neste início do século XXI, as conferências e reuniões mundiais tem tratado de avaliar os avanços e impasses neste campo, buscando propor metas e estratégias para continuar diminuindo a disparidade no acesso à educação, melhorando a qualidade da educação oferecida e buscando meios de garantir que o processo de escolarização colabore com o desenvolvimento econômico, social e cidadão.
Destacamos aqui os seguintes documentos e Reuniões:
· VII Sessão do Comitê Intergovernamental Regional do Projeto Principal para a Educação (PROMEDLAC VII), realizada em Cochabamba, Bolívia, de 5 a 7 de março de 2001. Nesta reunião estiveram presentes Ministros da Educação da América latina e Caribe.
 
· 2001 - Fórum Mundial de Educação, Dakar. Neste fórum, reafirmou-se o compromisso assumido nas demais Conferências acontecidas durante o século, estabelecendo as metas para Educação para Todos (ETP), buscando-se avaliar o processo de garantir a educação como direito de todos em nível mundial e estabelecer novas metas e estratégias de acordo com as avaliações realizadas. São seis metas, abaixo alistadas:
1. expandir e melhorar o cuidado e a educação da criança pequena, especialmente para as crianças mais vulneráveis e em maior desvantagem;
2. assegurar que todas as crianças, com ênfase especial nas meninas e crianças em circunstâncias difíceis, tenham acesso à educação primária, obrigatória, gratuita e de boa qualidade até o ano 2015;
3.assegurar que as necessidades de aprendizagem de todos os jovens e adultos sejam atendidas pelo acesso equitativo à aprendizagem apropriada, a habilidades para a vida e a programas de formação para a cidadania
4.alcançar uma melhoria de 50% nos níveis de alfabetização de adultos até 2015, especialmente para as mulheres, e acesso equitativo à educação básica e continuada para todos os adultos
5.eliminar disparidades de gênero na educação primária e secundária até 2005 e alcançar a igualdade de gênero na educação até 2015, com enfoque na garantia ao acesso e o desempenho pleno e equitativo de meninas na educação básica de boa qualidade
6. melhorar todos os aspectos da qualidade da educação e assegurar excelência para todos, de forma a garantir a todos resultados reconhecidos e mensuráveis, especialmente na alfabetização, matemática e habilidades essenciais à vida.(p.7)
· Encontro Mundial pela Educação para Todos (Global Education for All Meeting), realizada em Muscat, Oman, de 12 a 14 de maio de 2014. Neste encontro, foi assinado o Acordo de Mascate, onde foram estabelecidos um objetivo geral e 7 metas para a educação:
 Objetivo Global:Garantir educação de qualidade, equitativa e inclusiva e educação ao longo da vida para todos até 2030.
 Meta 1: Até 2030, ao menos x% de meninas e meninos estejam preparados para a escola primária através da participação em uma educação e cuidados na primeira infância de qualidade, incluindo ao menos um ano de educação pré-primária gratuita e compulsória, com atenção particular à equidade de gênero e aos mais marginalizados.
Meta 2: Até 2030, todas as meninas e meninos completem a educação básica de ao menos 9 anos gratuita, compulsória e de qualidade e alcancem resultados de aprendizagem relevantes, com atenção particular à equidade de gênero e aos mais marginalizados.
Meta 3: Até 2030, todos os jovens e ao menos x% dos adultos alcancem um nível de proficiência em escrita e matemática suficiente para participarem plenamente na sociedade, com atenção particular à equidade de gênero e aos mais marginalizados. 
Meta 4: Até 2030, ao menos x% dos jovens e x% dos adultos tenham os conhecimentos e habilidades para uma vida e trabalho decentes através de uma educação técnica e vocacional, educação secundária e terciária e capacitação, com atenção particular à equidade de gênero e aos mais marginalizados. 
Meta 5: Até 2030, todos os alunos adquiram conhecimentos, habilidades, valores e atitudes para estabelecerem sociedades sustentáveis e pacíficas, inclusive através de uma educação cidadã global e educação para o desenvolvimento sustentável.
Metas de subsídio
Meta 6: Até 2030, todosos governos garantam que todos os alunos sejam ensinados por professores qualificados, profissionalmente capacitados, motivados e bem apoiados.
Meta 7: Até 2030, todos os países aloquem ao menos 4-6% do seu Produto Interno Bruto (PIB) ou ao menos 15-20% de seu gasto público em educação, priorizando os grupos mais necessitados; e fortalecendo a cooperação financeira para a educação, priorizando os países mais necessitados.
 
· Fórum Mundial de Educação 2015 - Educação 2030: rumo a uma educação de qualidade inclusiva e equitativa e à educação ao longo da vida para todos, realizado em Incheon, Coreia de Sul, entre 19 e 22 de maio de 2015. Neste Fórum foi assinada a Declaração de Incheon, nela foram definidas as seguintes metas:
 
Meta 4.1: Até 2030, garantir que todas as meninas e meninos completem uma educação primária e secundária gratuita, equitativa e de qualidade, que conduza a resultados de aprendizagem relevantes e eficazes.
Meta 4.2: Até 2030 garantir que todas as meninas e meninos tenham acesso ao desenvolvimento de qualidade na primeira infância, cuidados e educação pré-primária, de modo que estejam preparados para a educação primária
Meta 4.3:Até 2030, assegurar a igualdade de acesso para todas mulheres e homens a uma educação técnica, profissional e superior e de qualidade, a preços acessíveis, inclusive a universidade
Meta 4.4:Até 2030, aumentar substancialmente o número de jovens e adultos que  tenham habilidades relevantes, inclusive competências técnicas e profissionais, para o emprego, o trabalho decente e o empreendedorismo
Meta 4.5: até 2030, eliminar as disparidades de gênero na educação e garantir a igualdade de acesso a todos os níveis de educação e formação profissional para os mais vulneráveis, incluindo as pessoas com deficiência, os povos indígenas e as crianças em situação de vulnerabilidade
Meta 4.6: Até 2030, garantir que todos os jovens e uma substancial proporção dos adultos,tanto homens como mulheres, estejam alfabetizados e tenham adquirido conhecimentos básicos em matemática
Meta 4.7: Até 2030, garantir que todos os alunos adquiram as habilidades necessárias para promover o desenvolvimento sustentável, inclusive, entre outros, por meio da educação para o desenvolvimento sustentável e estilos de vida sustentáveis, direitos humanos, igualdade de gênero, promoção de uma cultura de paz e não violência, cidadania global e valorização da diversidade cultural e da contribuição da cultura para o desenvolvimento sustentável
Meios de implementação
Meta 4.a: Construir e melhorar instalações físicas para a educação, apropriadas para crianças e sensíveis às deficiências e ao gênero e que proporcionem ambientes de aprendizagem seguros, não violentos, inclusivos e eficazes para todos
Meta 4.b: Até 2020, expandir consideravelmente no mundo o número de bolsas de estudo disponíveis para países em desenvolvimento, principalmente para os países de menor desenvolvimento relativo, pequenos Estados insulares em desenvolvimento e países africanos, para inscrição na educação superior, incluindo programas de formação profissional e programas de TIC, engenharia, ciências e áreas técnicas, em países desenvolvidos ou outros países em desenvolvimento
Meta 4.c: Até 2030, aumentar substancialmente a oferta de professores qualificados,inclusive por meio da cooperação internacional para a formação de professores nos países em desenvolvimento, principalmente os países de menor desenvolvimento relativo e os pequenos Estados insulares em desenvolvimento
· PARA COMPLEMENTAR SEUS ESTUDOS...
Considerar a história para se compreender a educação não é algo novo. Isso fica evidente no texto Educação na França iluminista: Voltaire e o ensaio sobre a moral e os costumes dos povos, onde os autores falam sobre Voltaire e sua pesquisa sobre a natureza humana:
"Percebe-se que ao discutir a tolerância como possibilidade de conversar com outros mundos e com isso possibilidade de fazer circular as idéias, a educação para Voltaire é algo que se verifica no exercício diário das atividades que o homem realiza mediante a observação e o diálogo com o diferente. É a educação que lhe possibilita perceber-se e perceber a própria sociedade, ou seja, a reflexão e consciência de si mesmo. Não se trata aqui, evidentemente, da educação institucional como, por exemplo, a escola proporciona, mas da educação como a que ocorre e perpassa as relações sociais.
É com essa consciência de se aprender com e nas relações sociais que Voltaire volta-se para a história e isso fica explícito no Ensaio sobre a moral e os costumes. Essa obra, portanto, não faz parte do momento em que o autor procura ser reconhecido na corte, mas do filósofo que busca entender a natureza humana a partir de sua história e instituições. Para os pensadores do século XVIII, em particular para o autor em tela, a história se torna uma ocupação necessária e condição sine qua non para o entendimento e explicação das mudanças que estavam ocorrendo e, sobretudo, das transformações que estavam por vir" (LEAL; OLIVEIRA, 2007).
SUGERIMOS AS SEGUINTES LEITURAS:
· Reveja o esquema apresentado para relembrar pontos importantes de seus conhecimentos sobre História da Educação. E se já cursou essa disciplina, retome seus materiais de estudo.
· Veja também o vídeo “Escola da Ponte”, disponível em: 
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· Leia a Declaração Mundial de Educação para Todos, documento produzido na Conferência Mundial de Educação para Todos realizada em Jomtien, em 1990. O Brasil é um dos países signatários deste documento. Este apresenta um panorama da educação no século XX e traz metas para o final do século XX e início do século XXI. Disponível em:
https://www.unicef.org/brazil/declaracao-mundial-sobre-educacao-para-todos-conferencia-de-jomtien-1990
· REFLITA SOBRE AS SEGUINTES QUESTÕES: 
O século XX e o início do século XXI têm sido palco de diferentes discussões sobre a Educação para Todos. 
Leia a Declaração Mundial sobre Educação para Todos.  Quais metas ainda necessitamos alcançar? O que já alcançamos?
· AULA 03
BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: A HISTÓRIA DA ESCOLA – 2ª parte
META DAS AULAS:
Conduzir uma investigação da educação brasileira a partir da sua história.
OBJETIVO DAS AULAS:
Apresentar fatos relevantes da origem das instituições escolares no Brasil.
· 
CONTEÚDOS
Vamos continuar nosso passeio histórico pela educação, com uma atenção mais focada no Brasil. Nessa unidade, vamos conhecer alguns marcos históricos da educação brasileira. Nossa intenção é colaborar para um olhar mais atento para a escola, considerando as questões históricas como relevantes para seu desenvolvimento. Assim queremos levar você a:
· Refletir sobre as origens da escola que conhecemos, hoje, no Brasil.
 BREVE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO: A HISTÓRIA DA ESCOLA – 2ª parte: BRASIL
 
Na unidade anterior trouxemos uma reflexão sobre a maneira como a escola que conhecemos, hoje, foi sendo consolidada, ao longo do tempo.
É o momento de trazer ao foco a Educação e a escola, tal como esse fenômeno pode se observado no Brasil.
Embora a educação no Brasil tenha se feito presente desde o início da colonização, a partir da ação de Franciscanos e Jesuítas, caracterizando-se como ensino religioso, só no século XIX registra-se o surgimento da escola pública.
O fenômeno da escolarização em massa, configurado a partir da segunda metade do século XIX, apresentou muitos aspectos comuns de abrangência global, entre eles: a obrigação escolar, a responsabilidade estatal pelo ensino público, a secularização do ensino e da moral, a nação e a pátria como princípios norteadores da cultura escolar, a educação popular concebida como um projeto de consolidação de uma nova ordem social (PEREIRA et alli. Site).
Mesmo assim, durante muitos anos, as escolas ou grupos escolares, estrutura seriada, organizadas, de modo geral em quatro classes ou séries, estiveram mais presentes nas cidades do que nas zonas  rurais, marcadas por escolas isoladas.
Muitos autores consideram que, a rigor, a escola no Brasil não atingiu plenamente o status de democrática:mesmo quando, numericamente, passou a atender à quase totalidade da população, não o fez com a mesma qualidade nem o ensino foi o mesmo para todos os atendidos.
 
 ALGUNS MARCOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
 
SECULOS XVI, XVII e XVIII
· Educação Jesuítica 1549 a 1759
· Em 1759, expulsão dos Jesuítas pelo Marquês de Pombal, que cria as aulas régias de Latim, Grego e Retórica, autônomas e desarticuladas,  e  a Diretoria de Estudos, cujo funcionamento foi posterior ao afastamento de Pombal.  Desmontou-se o sistema jesuítico e nada o substituiu.
 
SECULO XIX
 
· Em 1808, com a vinda da Família Real, foram criadas Academias Militares, Escolas de Direito e Medicina, mas a educação permaneceu como tema de menor importância.
· Em 1824, na  primeira  Constituição brasileira, o  Art. 179, a afirmação de que  a "instrução primária é gratuita para todos os cidadãos".
· Em 1826, foram instituídos, por decreto, quatro graus de instrução, a saber: Pedagogias (escolas primárias), Liceus, Ginásios e Academias.
· Em 1834 as províncias passaram a ser responsáveis pela administração do ensino primário e secundário.
· Em 1835, surge a primeira Escola Normal do país, em Niterói.
· Em 1837 foi criado o Colégio Pedro II.
 
SECULO XX
 
· Várias reformas educacionais de âmbito estadual: no Ceará, a de Lourenço Filho (1923), na Bahia, a de Anísio Teixeira (1925), em Minas, a de Francisco Campos e Mario Casassanta, (1927), no Distrito Federal (Rio de Janeiro), a  de Fernando de Azevedo (1928) e em Pernambuco, a de Carneiro Leão (1928).
· Em 1934, criação da  Primeira Universidade de  São Paulo (SP).
· Em 1935 Anísio Teixeira cria a Universidade do Distrito Federal, no Rio de Janeiro (RJ).
· Em 1942, criação do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial ).
· Em 1946, criação do SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
· Lei 4.024, em 20 de dezembro de 1961.
· Lei 5692, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, em 1971, tendo como característica principal a formação educacional de caráter profissionalizante.
· Lei 9394 de dezembro de 1996, que se refere, pela primeira vez, à modalidade de educação à distância.(BELLO, 2001)
SÉCULO XXI
· Lei 10.172 de 9 de janeiro de 2001 - Plano Nacional de Educação (PNE)
· Emenda Constitucional n° 59, de 11 de Novembro de 2009 - Dentre outras alterações, tal documento assegura a ampliação da obrigatoriedade do ensino gratuito, modificando o texto do inciso I do artigo 208 da Constituição Federal. Este passou a vigorar da seguinte maneira:
 Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:
I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita a todos para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria;
· Lei Nº 13.005, de 25 de Junho de 2014 - Plano Nacional de Educação
 
· Lei Nº 13.415, de 16 de Fevereiro de 2017 - Modifica a organização curricular do ensino médio
· Resolução CNE/CP nº 2, de 22 de dezembro de 2017 - Institui e orienta a implantação da Base Nacional Comum Curricular, a ser respeitada obrigatoriamente ao longo das etapas e respectivas modalidades no âmbito da Educação Básica.
· 
MATERIAL PARA ESTUDO
Leia breves apresentações sobre os textos dessa unidade:
A longa história da formação do professor dos anos iniciais do ensino fundamental em instituição pública, no Rio de Janeiro, tem produzido diversos trabalhos acadêmicos como, entre os iniciais, da década de 1980 à primeira metade da década de 1990, Castro (1986), Accácio (1993), Mendonça (1993), Martins (1996). A relevância do tema da Escola Normal e do Instituto de Educação passa pela política educacional, especialmente a conduzida pelos reformadores da educação brasileira nos anos vinte e trinta do século XX. (...) Trata da organização , transformações, relevância da escola no movimento de mudança na educação, ordenação do campo educacional e profissionalização do educador. Observa a dinâmica do espaço escolar, a sistematização do tempo de formação geral e profissional e a seleção dos conteúdos sócio-culturais dos currículos. Trabalha a partir de fontes primárias produzidas do final do século XIX até a primeira metade do século XX (ACCACIO, site).
 
Podemos dizer que a História da Educação Brasileira tem um princípio, meio e fim bem demarcado e facilmente observável. Ela é feita em rupturas marcantes, onde em cada período determinado teve características próprias.
A bem da verdade, apesar de toda essa evolução e rupturas inseridas no processo, a educação brasileira não evoluiu muito no que se refere à questão da qualidade. As avaliações, de todos os níveis, estão priorizadas na aprendizagem dos estudantes, embora existam outros critérios. O que podemos notar, por dados oferecidos pelo próprio Ministério da Educação, é que os estudantes não aprendem o que as escolas se propõem a ensinar. Somente uma avaliação realizada em 2002 mostrou que 59% dos estudantes que concluíam a 4ª série do Ensino Fundamental não sabiam ler e escrever (BELLO, 2001).
 
Um dos padrões consistente na modernidade é a constante circulação de idéias, é importante que compreendamos que a viagem dos ideários pedagógicos, das práticas educativas e escolares insere-se como um projeto de modernização buscado pela sociedade brasileira por volta de 1870. Neste sentido, é necessário analisar o que era considerado importante para integrar todo sistema de educação pública no século XIX, ou seja, sistema que evidenciasse progresso, numa visão de mundo ideal, que expresse uma modernidade educacional e de um projeto liberal de educação. (...) Vale ressaltar que nesse período o Brasil passava por profundas transformações de cunho social, político, econômico e cultural, a partir dessa contextualização descreveremos como a escola foi sendo organizada entre o período do final do século XIX e as primeiras décadas do século XX, com a introdução de novos conceitos educacionais, relacionados à formação de professores e desenvolvimento de novas práticas pedagógicas, identificando nesse processo quais foram às questões que moveram o  pensamento educacional, e apontando os seus principais pensadores. Não se pretende com essas reflexões esgotar as analises dessas questões, objetiva-se contribuir com a discussão da origem da escola publica, porque somente a partir dessa pode-se compreender algumas características da escola pública na atualidade (PEREIRA et alli, site).
 
Após essa breve leitura, sugerimos que pesquise e amplie o esquema apresentado para relembrar pontos importantes de seus conhecimentos sobre História da Educação no Brasil. Se já cursou a disciplina História da Educação, retome seus materiais de estudo.
Assista a este curto vídeo,com o professor Demerval Saviani:
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Você pode, então, assistir ao vídeo  “A história da Educação no Brasil”, partes 1 e 2,   disponível em:
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Explore o site do Grupo de Estudos e Pesquisas "História, Sociedade e Educação no Brasil", e, se quiser ampliar um pouco mais seu estudo, leia os textos citados, Educação No Brasil: A História Das Rupturas, de José Luiz de Paiva Bello, e Origem Da Escola Pública Brasileira: A Formação Do Novo Homem, de Pereira, Felipe E França (Consulte as Referências Bibliográficas).
· 
ATIVIDADES
Nossos textos para o estudo da unidade serão:
Leia o texto: “Formando o professor primário: a Escola Normal e o Instituto de Educação do Rio de Janeiro”, de Liéte Oliveira Accácio (UENF), disponível em:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Liete_Oliveira_Accacio_artigo.pdf
A partir de suas leituras e reflexões, organize um resumo mais completo dos fatos mais marcantes da História da Educação no Brasil.
Estabeleça uma relação entre a situação política e econômica do país em diferentes períodos  históricos e a educação ou a escola que o caracterizava.
· 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ACCÁCIO, Liéte Oliveira. Formando o Professor Primário: a escola Normal e o Instituto de Educação. (site) Disponível em:
http://www.histedbr.fe.unicamp.br/navegando/artigos_pdf/Liete_Oliveira_Accacio_artigo.pdfBELLO, José Luiz de Paiva. Educação No Brasil: A História Das Rupturas. Pedagogia em Foco, Rio de Janeiro, 2001.
 
PEREIRA, L. A., FELIPE, D. A. e FRANÇA, F. F. Origem da escola pública brasileira: a formação do novo homem. Disponível em:
https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/histedbr/article/view/8640120/7679
· LEITURA COMPLEMENTAR
SEMANA 03
LEITURA COMPLEMENTAR Semana 03 NÓVOA, António. Apresentação. IN: CAMBI, Franco. História da Pedagogia. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999. Pp 11-15. *Trechos1 (...) As ciências humanas são históricas, por natureza, tanto pelos seus objetos como pelos seus modos de conhecimento. Por isso a história é consubstancial à própria constituição dessas ciências. Os homens que no final do século se bateram pela afirmação científica e institucional da Ciência da Educação perceberam-no claramente. E escreveram, uma e outra vez, que o ensino da pedagogia não podia deixar de ser, simultaneamente, teórico, histórico e prático. Em 1888, George Dumesnil considera que “os professores que refletiram sobre a teoria e sobre a filosofia de sua profissão estão mais aptos a resolver as dificuldades práticas com que se deparam no campo da educação”. Na mesma linha de raciocínio, D. L. Kiehle escreve, em 1901: “É possível ser um bom professor sem ter qualquer conhecimento da história da educação, do mesmo modo que um cidadão leal pode não conhecer a história do seu país. Este pode ser um especialista político, mas não será um estadista. Aquele pode ser um professor, mas não será um educador”. Disciplina fundadora de uma Ciência da Educação amplamente “teórica”, a História da Educação perdeu grande parte do seu sentido no momento em que a Pedagogia passou a definir-se numa perspectiva “aplicada” com base em critérios “científicos” da psicologia experimental e da sociologia positivista. Nas décadas de transição do século XIX para o século XX, a História da Educação vai perder, o seu papel de disciplina que permite reconstruir a historicidade do processo educativo – e do esforço de teorização pedagógica – para se transformar, primeiro numa evocação descritiva de fatos, ideias e práticas para consumo de futuros professores e, mais tarde, num tempo dominado pelas “ciências da observação”, numa disciplina sem qualquer utilidade. 1 O presente texto não apresenta todo o texto de Antônio Nóvoa na íntegra. As partes selecionadas são pontuais e adequadas às atividades propostas pela disciplina Dinâmica e Organização Escolar. Uma interrogação está sempre presente: a História da Educação é História ou é Educação? Trata-se a vários títulos de um falso problema, de uma questão circular que encerra o debate em dicotomias insuportáveis, do gênero arte versus ciência ou instrução versus educação, nas quais o pensamento pedagógico se tem esgotado. Hoje em dia, os campos disciplinares definem-se não só pela adoção de instrumentos teóricos e metodológicos semelhantes, mas também pela definição de objetos de estudos afins e pela existência de “comunidades interpretativas” que dão sentido à produção científica. Ora, é inegável que a História da Educação construiu objetos específicos e uma comunidade científica dotada de suas próprias regras e meios de comunicação (revistas especializadas, associações etc). A minha defesa da História da Educação baseia-se em quatro ideias principais: “A história é a ciência de uma mudança e, a vários títulos, uma ciência das diferenças” (Marc Bloch). A História da Educação deve ser justificada, em primeiro lugar, como História e deve procurar restituir o passado em si mesmo, isto é, nas suas diferenças com o presente. Como escreveu Vitorino Magalhães Godinho, a história é um modo – o mais pertinente, o mais adequado – de bem pôr os problemas de hoje graças a uma indagação científica do passado. A História da Educação pode ajudar a cultivar um saudável ceticismo, cada vez mais importante num universo educacional dominado pela inflação de métodos, de modas e de reformas educativas. Aprender a relativizar as ideias e as propostas educativas, e a percebê-las no tempo, é uma condição de sobrevivência de qualquer educador na sociedade pedagógica de nossos dias. A História da Educação fornece aos educadores um conhecimento do passado coletivo da profissão, que serve para formar a sua cultura profissional. Possuir um conhecimento histórico não implica ter uma ação mais eficaz, mas estimula uma atitude crítica e reflexiva. A História da Educação amplia a memória e a experiência, o leque de escolhas e de possibilidades pedagógicas, o que permite um alargamento do repertório dos educadores e lhes fornece uma visão da extrema diversidade das instituições escolares no passado. Para além disso, revela que a educação não é um “destino”, mas uma construção social, o que renova o sentido da ação quotidiana de cada educador. (...) O mínimo que se exige de um historiador é que seja capaz de refletir sobre a história da sua disciplina, de interrogar os sentidos vários do trabalho histórico, de compreender as razões que conduziram à profissionalização de seu campo acadêmico. O mínimo que se exige de um educador é que seja capaz de sentir os desafios do tempo presente, de pensar a sua ação nas continuidades e mudanças do trabalho pedagógico, de participar criticamente na construção de uma escola mais atenta às realidades dos diversos grupos sociais. Terá o historiador a possibilidade de devolver toda a complexidade dos processos educativos, que ajude a enfrentar os dilemas educativos atuais? Terá o educador a possibilidade de parar por um instante, olhando para o modo como o passado foi trazido até o presente para disciplinar e normalizar a sua ação? A História da Educação só existe a partir dessa dupla possibilidade, que implica novos entendimentos do trabalho histórico e da ação educativa: trata-se, no primeiro caso, de aceitar que, segundo Hayden White, “a história não é apenas um objeto que podemos estudar e o nosso estudo dele, é também (e sobretudo) uma espécie de relação com o passado mediada por um forma específica de discurso escrito”; trata-se, no segundo caso, de romper com uma visão “natural” ou “racional” que oculta a historicidade da reflexão pedagógica e impede a compreensão da forma como se construíram os discursos científicos na arena educativa em simultâneo com o desenvolvimento de grupos profissionais e de sistemas especializados de conhecimento. (...)
· AULA 04
 
CONSTITUIÇÕES, LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL E A ESCOLA: Organização e dinâmicas das relações escolares
Conteúdo
1. Introdução. 
2. Considerações sobre Constituições E Legislações Educacionais. 
3. Um pouco de História. 
a) Linha do tempo - Constituições. 
b) Linha do tempo das Leis de Diretrizes e Bases. 
c) Outros documentos legais. 
4. Para Saber Mais.
·  
 
 1. Introdução
 
            Nós já consideramos como as instituições escolares e as noções de educação foram tomando forma ao longo da história mundial e brasileira. Pesquisadores, professores, estudantes e comunidade discutem essas noções e fazem defesas e apelos para que o estudo formal atenda aos seus anseios. Porém, como já discutido, a educação escolar não acontece isoladamente, e, sim, as escolas formam um sistema e precisam funcionar de acordo com padrões, ideias e organizações semelhantes. Para que isso ocorra são promulgadas diretrizes, normativas, referenciais, leis - entre outros documentos norteadores - que buscam delinear os processos educacionais no país.
            Nessa aula vamos tratar da organização da Educação no Brasil, observando as mudanças ocorridas  nas Constituições Nacionais sobre este tema e como as Leis de Diretrizes e Bases foram sendo ajustadas às demandas constitucionais.
2. Considerações sobre Constituições E Legislações Educacionais
 
            Após discutirmos sobre alguns aspectos históricos que permearam a educação, vamos nos deter em como alguns dos aspectos sociais e históricos foram se traduzindo nas constituições brasileiras ao longo dos anos. O nível de preocupação social com a educação podeser percebido na leitura destes documentos e, se fizermos uma análise em como o cenário escolar foi se desenhando, notar também que a organização da educação escolar mostra-se uma consequência desta preocupação e interesse social. 
            A preocupação com o acesso a uma escola de qualidade variou ao longo do tempo, como também variaram os próprios conceitos de acesso e qualidade da educação. Para discutir os conceitos de acesso, por exemplo, as ideias de gratuidade e obrigatoriedade foram se desenhando e tomando força. A possibilidade de uma escola laica foi, também, resultado de um embate entre tendências religiosas  e de separação entre educação secular e religiosa - discutindo o que seria de competência escolar e o que seria de foro íntimo, particular e/ou familiar .
            Essas discussões vão sendo traduzidas nas legislações, de forma a garantir que os processos sociais - entre eles a educação - repeitem os diferentes grupos que convivem em determinado espaço. De outra forma, os conflitos entre as distintas ideias dificultariam as relações, podendo gerar formas diversas de opressão e embates, e, até mesmo, impedindo que grupos que não tivessem meios de defender suas ideias ficassem alijados da educação formal.
Assim, a lei surge como mediadora dos direitos e deveres atribuíveis a todas as pessoas de maneira a garantir a cada um o que lhe é devido e a impedir que o mais forte oprima o mais fraco, inviabilizando-lhe o usufruto de seus direitos (BRZEZINSKI, 2014, p. 36).
           
            Como professores precisamos ter ciência não só dos caminhos históricos e sociais, mas analisar criticamente como as políticas educacionais e diretrizes trazem imbricadas conceitos e ideias. Conforme nos fala Libâneo (et al., 2012), esses documentos legais influenciam os docentes nas suas práticas, bem como na organização dos espaços educativos, pressupondo um sujeito que usufruirá do que lhes é oferecido naquele espaço. Além disso, quando políticas e diretrizes são apresentadas, os docentes irão a partir dela formular suas práticas educativas, quer resistindo quer aderindo às normativas.
Não basta, pois, aos professores dominar saberes e competências docentes; compete-lhes enxergar mais longe para tomar consciência das intenções dos formuladores das políticas e diretrizes, das práticas escolares que elas induzem e, a fim de se tornarem capazes de participar e atuar nas transformações necessárias da escola. (Libâneo et al., 2012, p. 40)
           
Ou seja, o diálogo que educadores travam com essas normativas precisa ser crítico, e, para isso, é imprescindível ter mais do que um conhecimento trivial e superficial destas leis. É necessário se aprofundar, compreendendo as perspectivas em que trabalham e como é possível atender, complementar ou transformar o que é ali determinado.
            Para entendermos um pouco mais do tema precisamos saber alguns fatos importantes:
· Desde sua independência o Brasil teve sete Constituições Federais. É possível encontrar em cada um destes documentos alguma abordagem sobre educação e ensino.
· Foram promulgadas até hoje três Leis de Diretrizes e Bases no Brasil. A primeira data de 1961, a segunda é assinada dez anos depois (1971) e a terceira é de 1996 e é vigente até os dias atuais.
· Apesar da Lei de Diretrizes e Bases n° 9.394/96 estar vigente até hoje ela já sofreu diversas alterações e continua sendo discutida e revisada para atender questões atuais.
· Além da Lei de Diretrizes e Bases, outras leis norteiam a organização do espaço, currículo e comunidade escolar.
3. Um pouco de História
 
            Já é possível perceber a importância de se conhecer o percurso da organização da educação nacional para desenvolvermos uma visão crítica sobre o trabalho que realizamos como professores. Provavelmente, você já leu em disciplinas que tratam de história da educação sobre as principais ideias educacionais que se desenvolveram no Brasil. Aqui faremos uma breve retomada para ajudar a compreender a hierarquia da legislação que trata do tema e como ela vem sendo organizada até os dias atuais.
            A principal lei do país é a Constituição Federal. Isto quer dizer que a Constituição Federal delineia as demais leis e normas do país, inclusive as leis educacionais. Na Educação, a principal lei, abaixo da Constituição, é a Lei de Diretrizes e Bases. E, além dessas, outras normas são estabelecidas para organizar os espaços educacionais, cuidando de casos omissos nas leis acima. Lembrando desta hierarquia, consideramos que as normativas não podem se contrapor a Lei de Diretrizes e Bases e a Constituição federal. Por isso, neste tópico consideraremos os documentos legais na seguinte ordem: a) Constituições Federais, b) Leis de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, c) Outras Legislações complementares.
 
a) Linha do tempo - Constituições
 
            Vamos considerar uma breve linha do tempo sobre as constituições brasileiras e suas abordagens sobre educação. Após cada item, há um link para o documento citado.
 
· 1824 - A primeira Constituição do Brasil. Esta foi a Constituição mais duradoura. Sobre Educação, afirmou o seguinte: "a instrução primária é gratuita a todos os cidadãos".
Link para Constituição de 1824.
 
· 1891 - Aprovação da primeira  Constituição Republicana. Nela, a questão da Educação aparece restrita  a cada estado da federação e o tema principal seria o da autonomia de cada unidade. Apenas a formação militar e o ensino superior seriam questões do âmbito federal.
Link para Constituição de 1891.
 
· 1934 - Aprovação de nova Constituição com um capítulo dedicado às responsabilidades de estados e da União referentes à Educação. Caberia então, à  União  a definição de diretrizes da educação nacional (ver art. 5º) e a criação de um  plano nacional de educação que permitisse coordenar e fiscalizar o ensino de todos os graus e ramos em todo o território do país (ver art. 150) sem abalar a autonomia dos estados. Assim seria ainda garantida a obrigatoriedade da escolaridade primária.
Link para Constituição de 1934.
 
· 1937 - Promulgação, pelo Estado Novo, de uma nova Constituição. Esta atribuía à União a o estabelecimento das bases e da normatização da educação em todo o território brasileiro e destituía  o plano nacional da educação.
Link para Constituição de 1937.
 
· 1946 - Nova Constituição. Fim do Estado Novo  e retomada das  ideias educacionais da Constituição de 1934. Encaminhamento das discussões rumo à primeira  Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).
 Link para Constituição de 1946.
 
· 1967 - Sexta Constituição. Segundo este documento, a educação é direito de todos, obrigatória e gratuita dos sete aos quatorze anos.
Link para Constituição de 1967.
 
· 1988 - Promulgação de nova Constituição Federal, ainda em vigor. A Constituição Federal de 1988 tem sido considerada a mais democrática do Brasil, sobretudo pela participação popular. Mais de 12 milhões de brasileiros tiveram algum tipo de colaboração na formulação de122 emendas populares.
Link para Constituição de 1988. Constituição atual.
 
b) Linha do tempo das Leis de Diretrizes e Bases
 
            Antes da criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB,  muitas discussões se transcorreram. A primeira LDB foi promulgada durante a vigência da quinta constituição federal. Mas antes disso, além das menções nas Constituições, houve interesse em organizar a educação nacional.
            Em 1827 foi criada uma lei específica da educação brasileira. Esta lei  determinou em seu Artigo 1° que “em todas as cidades, vilas e lugares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessárias.”  Além disso, deixou estipulado o que deveria ser ensinado pelos professores: 
 
ler, escrever, as quatro operações de aritmética, prática de quebrados, decimais e proporções, as noções mais gerais de geometria prática, a gramática da língua nacional, os princípios de moral cristã e de doutrina da religião católica e apostólica romana proporcionadas à compreensãodos meninos (TAMBARA & ARRIADA, 2005, p. 24).
           
            Essa foi a primeira lei sobre ensino criada no Brasil independente. Podemos compreender, portanto, que se pensava no desenvolvimento do país e que havia a necessidade em organizar a educação para atender às necessidades da época.
 
Essa primeira lei de educação do Brasil independente não deixava de estar em sintonia com o espírito da época. Tratava ela de difundir as luzes, garantindo, em todos os povoados, o acesso aos rudimentos do saber que a modernidade considerava indispensáveis para afastar a ignorância (SAVIANI, 2010, p. 126).
 
            Três Leis de Diretrizes e Bases foram promulgadas no país. Agora consideraremos uma breve linha do tempo com considerações sobre elas.Após cada apresentação há um link para o documento citado.
· . 1961 - Aprovação da Lei 4.024, primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Esta passou a entrar em vigor em 1962. Destacou-se nesta legislação a criação do Conselho Federal de Educação e dos Conselhos Estaduais. O projeto para esta lei foi apresentada em 1948 e debatido por treze anos.
Link para Lei 4024/61. Primeira LDB do Brasil.
 
· 1971 - Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases 5692/71. Esta foi uma atualização da LDB/61 e propunha uma revisão sobre ensino secundário, primeiro e segundo graus, visando a formação para o trabalho.
Link para LDB 5692/71.
 
· 1996 - Promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96, vigente até hoje no país. Vem sofrendo algumas alterações importantes ao longo dos anos, porém sua matriz vem sendo mantida. Nesta Lei a educação escolar é posta como algo diretamente ligado à prática social e ao trabalho. Os princípios de universalidade e liberdade estão expressos e defendidos neste documento. Como esta lei é a que no momento norteia a educação no país, falaremos de forma mais específica sobre elana próxima aula. 
Link para LDB 9394/96. LDB atual.
 
c) Outros documentos legais
 
            Além das Leis de Diretrizes e Bases, temos ainda outros documentos importantes a considerar. A LDB 9394/96 define:
 
. 9º A União incumbir-se-á de:       (Regulamento)
I - elaborar o Plano Nacional de Educação, em colaboração com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;
 
            O Plano Nacional de Educação se constitui num documento, com ampla discussão popular, que traz determinações em forma de metas e ações específicas para que os princípios defendidos na LDB sejam efetivados. A seguir veremos os dois Planos Nacionais criados:
 
Planos Nacionais
 
· 2001 - Lei 10.172/01 - Plano Nacional de Educação (2001-2010). Este plano trazia objetivos definidos para cada etapa e nível de ensino, além de discutir as diversas modalidades da educação nacional. Havia a preocupação com o investimento na educação para que fosse possível pensar e cumprir estratégias para a melhoria do ensino no país. Conforme aponta Libâneo (et. Al. 2012) foram apresentados projetos distintos para o Plano Nacional. Os projetos traziam visões distintas em relação ao financiamento: "O projeto do MEC propunha a aplicação de 5,5% do PIB e o da sociedade brasileira, 10%. A versão aprovada ficou em 7%" (2012. p. 182).
            Conforme determinado neste documento, os principais objetivos do PNE eram:
. a elevação global do nível de escolaridade da população;
. a melhoria da qualidade do ensino em todos os níveis;
. a redução das desigualdades sociais e regionais no tocante ao acesso e à permanência, com sucesso, na educação pública e
. democratização da gestão do ensino público, nos estabelecimentos oficiais, obedecendo aos princípios da participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola e a participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou eqüivalentes. (BRASIL, 2001)
 
Link para Plano Nacional de Educação (2001-2010).
 
· 2014 - Lei 13002/14. Plano nacional de Educação. O documento tem duração de dez anos. Após passado o decênio e tendo sido feitas as devidas considerações e avaliações sobre o cumprimento das metas, outro plano de educação foi proposto.
            Este documento, propõe vinte metas para este decênio. Destacamos aqui as quatro primeiras metas, que tratam da universalização do ensino. Sugerimos a leitura de todas as metas no documento original. O link para o documento segue abaixo.
 
META 1 Universalizar, até 2016, a educação infantil na pré-escola para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade e ampliar a oferta de educação infantil em creches de forma a atender, no mínimo, 50% (cinquenta por cento) das crianças de até 3 (três) anos até o final da vigência deste PNE.
META 2 Universalizar o ensino fundamental de 9 (nove) anos para toda a população de 6 (seis) a 14 (quatorze) anos e garantir que pelo menos 95% (noventa e cinco por cento) dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada, até o último ano de vigência deste PNE.
META 3 Universalizar, até 2016, o atendimento escolar para toda a população de 15 (quinze) a 17 (dezessete) anos e elevar, até o final do período de vigência deste PNE, a taxa líquida de matrículas no ensino médio para 85% (oitenta e cinco por cento).
META 4 Universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados (BRASIL, 2014).
 
Link para página do MEC, contendo Plano Nacional vigente.
 
            Além dos Planos Nacionais trazemos aqui mais duas normativas:
 
· 2009 - Emenda Constitucional n° 59. Alterou o texto de alguns artigos na Constituição Federal que tratam da Educação. Destaque para alteração do artigo 208, que determinava que o ensino fundamental obrigatório e gratuito deve ser assegurado pelo Estado. Segundo a nova redação, passa a ser dever do Estado a oferta gratuita e obrigatória de toda a educação básica (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio).
Link para a emenda constitucional 59.
 
· 2017 - Lei 13.415, que regulamenta as modificações curriculares no ensino médio. Segundo o Artigo 4° desta lei;
O art. 36 da Lei no 9.394, de 20 de dezembro de 1996, passa a vigorar com as seguintes alterações:  
“Art. 36.  O currículo do ensino médio será composto pela Base Nacional Comum Curricular e por itinerários formativos, que deverão ser organizados por meio da oferta de diferentes arranjos curriculares, conforme a relevância para o contexto local e a possibilidade dos sistemas de ensino, a saber:  
I - linguagens e suas tecnologias; 
II - matemática e suas tecnologias; 
III - ciências da natureza e suas tecnologias;  
IV - ciências humanas e sociais aplicadas; 
V - formação técnica e profissional. 
 
 
 
2017 - Homologação da Base Nacional Curricular Comum. Este é um documento de caráter normativo, que define competências para as etapas da Educação Básica.
 
Este documento normativo aplica-se exclusivamente à educação escolar, tal como a define o § 1º do Artigo 1º da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB, Lei nº 9.394/1996)1 , e está orientado pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva, como fundamentado nas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica (DCN)2 (BRASIL, 2017)
           
4. Para Saber Mais
 
            Para Carlos Fernando Mathias (2009) as Constituições brasileiras vêm mudando seu olhar em relação à educação:
O constitucionalismo, nos seus primórdios, privilegiava mais particularmente a garantia dos direitos e a separação de poderes. (...)
As constituições mais modernas, contudo, já não se prendem a esses cânones do constitucionalismo clássico, eis que muitas delas tratam, entre outras matérias, dos direitos sociais, da organizaçãoeconômica e da social e dos direitos coletivos, por exemplo. Um estudo comparativo das constituições brasileiras, a partir da de 1824 até a de 1988, dá bem a medida dos câmbios no referente aos assuntos ditos constitucionais.
Tomando-se o trato da educação nas diferentes leis fundamentais brasileiras, tem-se boa ilustração sobre mudança de óptica, em particular centrada em um mesmo tema.
 
            Para completar seus estudos, busque o texto “O Direito À Educação nas Constituições Brasileiras”, disponível em:
https://jus.com.br/artigos/29732/o-direito-a-educacao-nas-constituicoes-brasileiras/1
Este artigo, apresenta de forma breve, como a educação vem sendo pensada e ofertada no Brasil desde a promulgação da primeira constituição.
           
           
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
           
BRZEZINSKI, Iria (Org.). LDB/1996 Contemporânea: contradições, tensões, compromissos. São Paulo: , 2014
 
LIBÂNEO, José Carlos, OLIVEIRA, João Ferreira e TOSCHI, Mirza Seabra. Educação Escolar: políticas, estrutura e organização. São Paulo: Cortez, 2012. 
 
MATHIAS, Carlos Fernando. A Educação nas Constituições Brasileiras. In: http://www.unb.br/noticias/unbagencia/cpmod.php?id=26114. Site: 2009.
 
TEIXEIRA, Diogo de Vasconcelos; VESPÚCIO, Carolina Rocha. O direito à educação nas Constituições brasileiras. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 4117, 9 out. 2014. Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/29732>. 
· MATERIAL COMPLEMENTAR - AULA 04
· Artigos 205 a 214 da Constituição FederalArquivo
LEITURA COMPLEMENTAR A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E A EDUCAÇÃO Atualmente estamos sob a vigência da Constituição Federal promulgada em 1988, considerada a mais democrática das constituições. Isto porque, depois de um longo período de repressões e censuras, a nação brasileira vivia um período de busca pela legitimação de direitos, de participação popular, de questionamento do autoritarismo. Nos cabe, como educadores, compreender o que tem sido defendido desde então no campo educacional, pensando em como a implementação desta Constituição transformou e transforma o espaço escolar. É importante que você leia os artigos 205 a 214 da Constituição Federal antes de continuarmos (você pode encontrá-los online ou para imprimir em 'Cadernos Didáticos> Aula 4 ). Note que a Educação Nacional está (ou deve estar) alicerçada nos seguintes princípios: - Igualdade - Liberdade - Pluralismo - Gratuidade - Valorização dos profissionais - Gestão democrática - Qualidade - Piso salarial nacional Em outras disciplinas muitas discussões sobre tais princípios tenham emergido. * Sobre a igualdade, os temas discutidos sobre educação inclusiva nos ajudam a perceber que a dinâmica da escola atual não está mais pautada na homogeneidade, mas sim na diversidade. O reconhecimento das diferenças tem sido uma das vias de oportunizar a todos o ingresso à educação escolar. Muitas discussões atuais têm se dedicado em perceber como ampliar o tempo de permanência na escola daqueles pertencentes a grupos minoritários, ou antes excluídos. * Diversas disciplinas que discutem aspectos filosóficos, políticos ou sociais da educação, nos ajudam a entender como a organização curricular pode ou não favorecer a criticidade e, consequentemente, o desejo de participar nas decisões sociais, pormenor essencial para o gozo da “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento”. *Os cursos de Formação Docente apresentam diversas teorias e concepções que denotam a pluralidade de possibilidades de atuação docente. *Disciplinas como Políticas Públicas e Financiamento da Educação nos ajudam a compreender como os investimentos são direcionados em áreas de maior necessidade, possibilitando o acesso gratuito às etapas básicas da educação por toda a população brasileira. Além disso, embasam as discussões sobre as necessidades de valorização dos profissionais – pensando na remuneração salarial, mas para além disso, nas possibilidades de ampliar sua formação. *Disciplinas que discutem a gestão escolar, abordam a importância da descentralização das decisões no espaço escolar, incentivando a participação da comunidade escolar como um todo – estudantes, professores, familiares, líderes comunitários – no processo de organização das atividades educativas. Isto tem sido defendido pelo fato de que cada grupo poderá apresentar suas perspectivas, podendo tornando o trabalho escolar mais pertinente àquela comunidade. *Ao longo de todo o curso, a qualidade na educação é apontada como meta, discutindose sobre quais recursos – humanos, estruturais, materiais – são necessários para progressivamente assegurar a todos uma educação de qualidade. Apesar de não revermos aqui de forma pormenorizada todas estas discussões é importante notar que tais apontamentos nos ajudam a compreender como se dá (e se modifica) a organização escolar para alcançar metas e princípios pré-estabelecidos. Como já estudamos, o tempo e a história são fatores chave na organização dos espaços sociais. Por isso, vamos considerar brevemente, as alterações sofridas nesta seção da Constituição desde sua promulgação, comentando sobre impactos que tais mudanças podem ter trazido. TEXTO ORIGINAL ANO DA ÚLTIMA MODIFICAÇÃO TEXTO ATUAL CONSIDERAÇÕES Art. 206 – Valorização dos profissionais da educação. V - valorização dos profissionais do ensino, garantido, na forma da lei, plano de carreira para o magistério público, com piso salarial profissional e ingresso exclusivamente por concurso público 2006 V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. O grupo a ser “valorizado” não se restringe àqueles diretamente envolvidos no processo de ensino aprendizagem; muitos dos profissionais que não são efetivos de sala de aula contribuem sobremaneira para a formação do educando. de provas e títulos, assegurado regime jurídico único para todas as instituições mantidas pela União; Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. Para se pensar uma educação nacional de qualidade seria imprescindível considerar que a disparidade de formação, remuneração e recursos precisa ser minimizada. Art. 207 – Competências de Instituições Universitárias 1996 § 1º É facultado às universidades admitir professores, técnicos e cientistas estrangeiros, na forma da lei. § 2º O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa científica e tecnológica. Art. 208 – Organização da Educação Básica I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. 2009 I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. Inicialmente, o Ensino Fundamental, com duração de 08 anos, era a etapa da Educação que detinha maior atenção – era obrigatório e gratuito. A alteração do texto da Lei passa a dar atenção à Educação Básica que vai dos 04

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