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1 Noções de Gestão Financeira e Administração Pública Profª Alciane Paiva Agosto 2020 2 Palavras do Professor Prezados alunos é um prazer tê-los conosco. Nesta disciplina faremos um mix de diversas áreas tais como as Noções de Gestão Financeira, breve iniciação ao Direito Tributário e Empresarial e tópicos importantíssimo de Administração Pública que abrange as noções e perfil de um bom administrador, bem como suas habilidades. Todas essas áreas são importantes para o campo de atuação de um Assistente Administrativo. É importante você conhecer vários aspectos que englobam as organizações, pois pode lhe ajudar na melhor tomada de decisão no seu ambiente de trabalho. Espero que goste da disciplina e mergulhe fundo nesta aventura. Alciane Paiva 3 SUMÁRIO Unidade 01. Noções Preliminares Conceito de Administração Financeira..............................................................04 Objetivos do Planejamento ...............................................................................06 Onde aplicar a Administração Financeira..........................................................06 Maximizar o nível de retorno..............................................................................08 Geração Líquida de Capital...............................................................................08 Finalidades para quais se usa uma informação contábil e financeira ..............08 Questões financeiras relevantes........................................................................10 Desequilíbrio Financeiro: principais causas.......................................................10 Fluxo de Caixa...................................................................................................11 Unidade 02 NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO E EMPRESARIAL Direito Tributário: o que é, importância, princípios e aplicações.......................18 O que é o direito tributário?...............................................................................18 Qual é a função do direito tributário?.................................................................19 Diferença entre direito tributário e direito financeiro..........................................19 Como o direito tributário é regulamentado no Brasil?........................................20 Princípios do direito tributário ......................................................................20 Direito Empresarial: Conceitos, Princípios e Atuação.................................24 O que é Direito empresarial?..........................................................................24 Características do Direito Empresarial..............................................................24 UNIDADE 03 ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA Definindo Administração....................................................................................32 Ênfases da administração..................................................................................33 Funções da Administração aplicadas na administração pública.......................34 Organização da Administração Pública no Brasil.............................................37 UNIDADE 04 Habilidades necessárias para ser um bom Administrador Perfil de um bom Administrador.........................................................................40 Papéis dos Administradores .............................................................................41 Habilidades Necessárias ao Administrador......................................................42 REFERÊNCIAS.................................................................................................46 4 UNIDADE 01. Noções Preliminares 1.1 Administração Financeira O QUE PERMITE A ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA DENTRO DE UMA EMPRESA? Vamos ver o que o autor Davi Bezerra fala sobre isso. A administração financeira permite que os procedimentos gerenciais sejam dotados de eficiência e efetividade, propiciando principalmente UM planejamento financeiro, constituindo grande fonte de contribuição para o sucesso da empresa. O Planejamento Financeiro reveste-se de elevada importância, e consiste na elaboração de planos financeiros que permitam a fixação antecipada de certos objetivos que se quer atingir e na identificação dos meios para alcançá- los. Entre os objetivos de planejar o futuro, assegurar melhor controle e eficiência da gestão, a busca do lucro é de importância vital. Vejam que a administração financeira tem como objetivo maior assegurar os lucros da empresa. O autor Bezerra considera a análise de demonstrações financeiras, a partir dos índices econômico-financeiros, o mais difundido instrumento de medição de desempenho de uma empresa, permite elaborar um Planejamento Financeiro que fornece à administração ferramentas para gerenciar o comportamento dos negócios quanto à expectativa do mercado consumidor, este estudo torna-se relevante, por utilizar dados históricos da empresa traduzidos nos índices econômico-financeiros para estabelecer metas futuras de gerenciamento. 1.2 Conceito Segundo Bezerra o planejamento financeiro permite responder questões relativas a decisões de investimento, endividamento e lucros a distribuir. As estratégias formuladas pelas lideranças servirão de guia para as demais decisões em todos os níveis da organização. A decisão quanto ao nível de vendas e, consequentemente, ao de receitas, para um determinado período relevante de planejamento, deve fazer parte do conjunto de estratégias da 5 empresa que deseja alguma prosperidade relevante. Vejam o quão importante é um planejamento financeiro da empresa, leva você a tomar decisões certas! As empresas privadas dispõem de técnicas avançadas (tipo aplicativos, programas que trabalham com alimentação de informações e assim vão gerando relatórios no próprio sistema) para avaliar e medir seu desempenho. São vários índices e quocientes que, analisados e comparados com parâmetros preestabelecidos, servem de orientação na gestão de seus recursos e na tomada de decisão. Quando um indicador sinaliza alguma anormalidade ou perigo, são feitas as correções de imediato, e medidas são adotadas para diminuir o impacto do prejuízo indesejado. Se você aluno obedecer todo o planejamento garanto que não terá dificuldade para gerir um empresa. Bezerra cita Gitman, 2010, onde termo o finanças pode ser definido como: “ a arte e a ciência de administrar o dinheiro”. Praticamente todas as pessoas físicas e jurídicas ganham ou levantam, gastam ou investem dinheiro. Finanças diz respeito ao processo, às instituições, aos mercados e aos instrumentos envolvidos na transferência de dinheiro entre as pessoas, empresas e órgãos governamentais.” Portanto, ao analisar mais detidamente tal definição, constatamos que a atividade financeira no mundo atual em que vivemos faz parte do nosso cotidiano, tanto como pessoas físicas como jurídicas. Compreender os processos que envolvem a decisão financeira traz benefícios para qualquer indivíduo, pois lhe dará condições de conduzir melhor sua vida no campo financeiro e o mesmo transcorrendo para qualquer empresa. Qualquer pessoa tem por objetivo maximizar suas satisfações, tanto no momento presente como no futuro, utilizando-se de poupanças próprias ou de outras pessoas (terceiros). A economia como ciência social reflete o somatório de atitudes individuais que buscam alcançar a realização de objetivos econômicos presentes e futuros. Tal realização é obtida pela poupança de 6 parte da produção atual da sociedade e pelo seu investimento em bens que aumentarão o fluxo de satisfação nos anos seguintes. Uma boa gestão empresarial busca atingirobjetivos fixados através da utilização de recursos humanos, técnicos e financeiros. O mundo das finanças envolve uma boa gestão financeira. A atividade financeira engloba a circulação, controle, aplicação e obtenção de recursos financeiros, visando maximizar o resultado da organização e garantir seu funcionamento e sua perenidade. 1.3 Qual o objetivo do Planejamento? O objetivo básico do processo de planejamento financeiro é dotar a empresa de mecanismos de planejamento e gestão que possibilitem o real dimensionamento e a permanente maximização dos recursos financeiros aplicados no negócio. Como sabemos, o patrimônio de uma empresa é dividido em aplicações voltadas para o capital de giro (ativos correntes) e capital fixo (ativos fixos). Para que o processo de planejamento financeiro seja um instrumento gerencial útil para a organização, podemos destacar alguns aspectos considerados relevantes para alcançar este objetivo: • Consistência e integridade das informações utilizadas para fins de planejamento e análise; • Perfeito engajamento entre as diversas áreas operacionais da organização; •Critérios claros e bem definidos para a projeção dos diversos itens; •Identificação clara dos custos das diversas fontes de financiamento, principalmente aquelas ligadas ao capital de terceiros de curto prazo; •Consistência com relação ao padrão monetário utilizado; •Realizar avaliações periódicas – real x orçado – visando efetuar revisões com um maior grau de confiabilidade; •Atenção permanente com o nível de capital de giro empregado, procurando otimizar os diversos itens envolvidos; • Buscar permanentemente o seguinte objetivo; 1.4 Onde podemos aplicar a Administração das Finanças? Existem vários segmentos de serviços financeiros nos quais o dinheiro circula na economia. O segmento de serviços financeiros, por exemplo, está 7 inserido no Mercado Financeiro que, por sua vez, está inserido no contexto maior da economia do país. O Mercado Financeiro é o conjunto de instituições e instrumentos financeiros que possibilita a transferência de recursos dos ofertadores finais para os tomadores finais, e cria condições para que os títulos e valores mobiliários tenham liquidez no mercado. Neste ambiente temos diversos tipos de empresas atuando, pois, o governo através do Conselho Monetário Nacional (órgão que expede as diretrizes de funcionamento do Mercado Financeiro), assim como do Banco Central do Brasil (órgão executor das diretrizes expedidas pelo Conselho Monetário Nacional), estabelece uma segmentação específica para tais empresas. Portanto, no Mercado Financeiro existem empresas como os Bancos Múltiplos, Caixa Econômica (empresa do governo assemelhada a um banco) e Cooperativas de Crédito, que podem receber depósitos à vista e realizar inúmeras operações de captação de recursos, como também inúmeros tipos de operações de empréstimos. Existem outras empresas que podem captar recursos e também oferecer empréstimos e financiamentos, porém, não podem receber depósitos à vista dos clientes como os Bancos de Investimentos, Cadernetas de Poupança, Sociedades de Crédito Financiamento e Investimento (Financeiras), entre outras. Existem também empresas que só podem atuar como intermediários de operações financeiras como as Corretoras de Títulos e Valores Mobiliários que atuam na Bolsa de Valores e Bolsa de Mercadorias e Futuros. Todas elas atuam na prestação de serviços financeiros tanto para pessoas físicas como jurídicas, recebendo poupanças daqueles que possuem uma renda maior que seus gastos (ofertadores de recursos) e tanto quanto possível, canalizando estas poupanças para aqueles que possuem uma renda inferior aos seus gastos ou às suas necessidades de investimentos (tomadores de recursos). Bezerra apud Gitman (2010), afirma “os serviços financeiros dizem respeito à concepção e oferta de assessoria e produtos financeiros a pessoas físicas, empresas e órgãos governamentais. Envolvem diversas oportunidades de carreiras interessantes em instituições bancárias e afins, assessoria financeira pessoal, investimentos, etc.”. 8 Através do Mercado Financeiro e de suas subdivisões como mercado de crédito, mercado de capitais, as empresas conseguem obter recursos para viabilizar suas operações através de emissão de títulos de emissão própria como ações, debêntures, como também através de operações de crédito como empréstimos bancários, financiamento público (BNDES) entre outros. 1.5 Maximizar o nível de retorno sobre os dinheiros investidos Conforme o autor Bezerra mencionou, o planejamento financeiro de uma operação empresarial é, num primeiro momento, consequência das premissas de natureza operacional previamente traçadas. Na realidade, para projetarmos financeiramente a operação de uma empresa devemos viabilizar, em termos de realização de caixa, os aspectos econômicos do negócio. Assim, a partir da demonstração de resultados projetada para determinado período, teremos condições de definir o fluxo operacional de caixa, bem como o balanço patrimonial. O planejamento financeiro retrata, a nível detalhado, a potencialidade de geração de caixa da atividade. Atualmente, um indicador de avaliação pode relacionar diretamente o enfoque financeiro com o econômico, através da seguinte comparação: 1.5.1 Geração liquida de caixa e receita operacional A geração líquida de caixa de uma empresa é obtida através da otimização do fluxo financeiro proveniente da movimentação dos recursos, sendo responsável por uma maior ou menor contribuição para a atividade como um todo, visando o objetivo de maximização de valor. O objetivo da administração privada é o lucro, e, para atingi-lo, deve otimizar seus recursos e minimizar seus custos. 1.5.2 Finalidades para as quais se usa a informação contábil e financeira. Robert N. Anthony, em seu conhecido livro Management accouting, focaliza com bastante propriedade as implicações deste item. Embora tais finalidades possam ser catalogadas de várias formas, serão aqui agrupadas em duas básicas: Finalidade de Controle. Finalidade de Planejamento. A – Controle: Pode ser conceituado como um processo pelo qual a administração se certifica, na medida do possível, de que a organização está 9 agindo de conformidade com os planos e políticas traçados pela administração. Afirma o referido autor que a informação contábil é útil ao processo de controle das seguintes formas: A.1 - Como meio de comunicação - Os relatórios contábeis podem ser de grande auxílio, ao informar a organização a respeito dos planos e políticas da administração e, em geral, das formas de comportamento ou ação que a administração deseja atribuir à organização. A.2 - Como meio de motivação - A não ser que a empresa ou negócio seja do tipo individual, não compete à administração fazer ou executar o serviço. Isto quer dizer que a administração não fabrica e vende pessoalmente o produto. Pelo contrário, a responsabilidade da administração consiste em saber se o trabalho está sendo executado pelos outros. Isto requer, em primeiro lugar, que o pessoal seja contratado e formado dentro da organização, e, em segundo lugar, que a organização seja motivada de forma ser levada a fazer o que a administração faz. A informação contábil pode auxiliar (e também, desde que utilizada inadequadamente, prejudicar) este processo de motivação. A.3 - Como meio de verificação - Periodicamente, a administração necessita avaliar a qualidade dos serviços executados. A apreciação desse empenho pode resultar em acréscimo de produção, promoções, readmissões, ações corretivas as mais variadas, ou, em casos extremos, demissões. A informação contábil pode auxiliar este processo de avaliação, embora o desempenho humano não possa ser julgado apenas através da informação contida nosregistros contábeis. B - Planejamento, por sua vez, é o processo de decidir que o curso de ação deverá ser tomado para o futuro. Normalmente, o processo de planejamento consiste em considerar vários cursos alternativos de ação e decidir qual o melhor. Planejamento (que deve ser diferenciado de simples Previsão) pode abranger um segmento da cooperativa ou a cooperativa como um todo. A informação contábil, principalmente no que se refere ao estabelecimento de padrões ou “Standards” e ao inter-relacionamento da Contabilidade com os planos orçamentários, é de grande utilidade no planejamento empresarial. Mesmo em caso de decisões isoladas sobre várias alternativas possíveis, normalmente utiliza-se grande quantidade de informação contábil. 10 1.8 Questões Financeiras Relevantes 1.8.1. O Enfoque no Curto e no Longo Prazo Veja que o objetivo de qualquer empresa é manter em crescimento o valor de seu patrimônio. Normalmente, esse efeito é observado no contexto de períodos mais longos, após o resultado das medidas que são implementadas no nível corrente da operação. O enfoque financeiro de curto prazo abrange os chamados orçamentos operacionais e seus reflexos de caráter financeiro e patrimonial. Em linhas gerais, relaciona-se à projeção da demonstração de resultados, balanço patrimonial e fluxo de caixa para o período base de 1 ano, com desdobramentos mensais e/ou trimestrais. O universo de longo prazo relaciona-se, mais diretamente, com as projeções de investimento de capital, com base em projetos de aumento da capacidade, desenvolvimento tecnológico, pesquisa de novos produtos, etc. São investimentos normalmente relacionados às questões estratégicas da empresa. Algumas questões são fundamentais dentro do processo de administração empresarial, elas contemplam os aspectos de curto e longo prazo da operação. ➢ A empresa possui problemas financeiros imediatos? ➢ A empresa apresenta fôlego para conviver com períodos de recessão? ➢ A empresa é eficiente como um todo? Os problemas financeiros imediatos podem ser medidos pelo nível de liquidez apresentado pela operação. A capacidade para conviver com períodos de recessão pode ser avaliada pela forma que a empresa financia sua operação (fontes de financiamento utilizadas). 1.9 O Desequilíbrio Financeiro, Principais Causas da Falta de Recursos, Consequências Diretas e Medidas para o Alcance do Equilíbrio a Curto Prazo. A experiência empresarial mostra que os insucessos estão basicamente ligados a problemas decorrentes da falta de liquidez, ou seja, devido a uma deficiente administração do capital de giro. (ou seja a falta de dinheiro para manter e girar a empresa). A empresa consegue sobreviver por algum tempo 11 com baixo nível de lucratividade, mas pode naufragar repentinamente devido a uma situação desfavorável de falta de dinheiro. Dessa forma, é fundamental a identificação das causas básicas, consequências diretas e as medidas de ajuste a serem tomadas para o alcance do equilíbrio financeiro. Como exemplo, podemos citar: CAUSAS BÁSICAS Investimento inadequado em estoques; Ciclos operacional e financeiro desajustados; Necessidade de financiamento para capital de giro crescente; Imobilizações em excesso; Endividamento de curto prazo crescente; CONSEQUÊNCIAS DIRETAS (o que vai acontecer se houver um desequilíbrio nas finanças?) Redução da liquidez da operação; Fragilidade ante às flutuações do mercado; Perda crescente da capacidade de investimento; Redução da credibilidade como instituição; Medidas de ajuste Definição de uma estrutura ótima de capital, com o objetivo de reduzir o custo médio ponderado de capital; Estabilização dos ciclos operacional e financeiro; Venda de ativos ociosos; Planejamento e controle financeiros. 2. FLUXO DE CAIXA (é o que entra de dinheiro e o que sai de dinheiro da empresa) 2.1. O Fluxo de Caixa como Instrumento de Apoio à Decisão Trata-se do instrumento gerencial que objetiva demonstrar, para um determinado período, a capacidade de geração de caixa da empresa a partir das premissas operacionais previamente consideradas. Dentre seus principais objetivos, podemos citar: Buscar o perfeito equilíbrio entre os diversos ingressos e desembolsos de caixa; Procurar saldar as obrigações da empresa nas respectivas datas de vencimento evitando, assim, onerar a operação; 12 Determinar a disponibilidade de recursos próprios em determinado momento, aplicando-os da forma mais rentável, visando a maximização dos níveis de retorno; Procurar otimizar a composição entre recursos próprios e de terceiros, objetivando minimizar o custo de capital da empresa; Fixar o nível médio de caixa, com base no capital de giro empregado e no ciclo operacional de caixa. 2.2. Revisão e Controle Por tratar-se de um instrumento de apoio a decisão, o fluxo de caixa deve ser revisto e analisado permanentemente. O prazo de revisão é variável, detalhando-se os diversos pontos de acordo com o objetivo da análise. Como relaciona-se a um período determinado, o fluxo de caixa pode atender a uma análise diária, semanal, quinzenal, mensal, trimestral, semestral e anual podendo diferir apenas nos níveis de detalhamento a serem considerados. Ao projetarmos um fluxo para a semana e/ou para a quinzena necessitaremos discriminar os possíveis clientes e fornecedores para uma gestão mais eficiente da cobrança e do contas a pagar. Já em uma previsão para o trimestre, esta discriminação pode ser importante, mas não fundamental. Como mencionado, o fluxo de caixa retrata fielmente os efeitos financeiros decorrentes das premissas operacionais assumidas pela administração da empresa em determinado momento. Assim, quaisquer revisões devem passar por uma avaliação do nível das premissas previamente adotadas. O processo de controle do fluxo de caixa demanda uma análise detalhada da performance do período, com o objetivo de se verificar as causas eventuais e possíveis defasagens observadas com base no que foi planejado. O controle sistemático do fluxo de caixa toma como base algumas considerações básicas, as quais julgamos importante destacar: • Definição do prazo para conclusão do fluxo de caixa, para que possa confrontá-lo com o planejado, possibilitando assim uma revisão, em tempo hábil, das premissas operacionais, se necessário; 13 • Fidelidade das informações prestadas pelas áreas envolvidas: somente assim a administração terá condições seguras de empreender as medidas corretivas que se façam necessárias; • Compatibilidade entre a forma de apresentação dos dados reais e orçados, para que o processo de avaliação seja consistente; • Detalhamento das informações componentes do fluxo operacional, visando conhecer em detalhe as causas, favoráveis e/ou desfavoráveis, que poderão estar influenciando a geração de caixa observada. Figura 01 Modelo Básico de Fluxo de Caixa Fonte: blog.sage 2.3. A Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa – uma abordagem gerencial Uma gestão eficiente de caixa leva em consideração o equilíbrio entre as entradas e saídas de recursos financeiros. Entretanto, há inúmeros caminhos para se conseguir esse equilíbrio, cada um como uma causa e consequência. 14 O Fluxo de caixa de uma empresa não depende inicialmente da administração financeira, pois é consequência de inúmeras decisões, como nível de estocagem, ciclo operacional, nível das atividades, investimentos de caráter permanente, bem como as possibilidades de aporte de capital. Do ponto de vista da gestão de curto prazo, é fundamental uma administração permanente do ciclo operacional da empresa e sua contribuição para a geração de caixa. Os recursos financeiros resultantes de um ciclo de caixa favorável podem,alternativamente, serem aplicados no crescimento da empresa, ou seja, através de investimentos em ativo permanente. Este tipo de decisão deve ser tomado com cautela, principalmente durante a fase de investimentos. Nessa situação, haveria uma diminuição do nível de disponibilidades para estas aplicações. Assim, considera-se que este tipo de decisão é mais conveniente em períodos de estabilidade econômica, quando os horizontes são mais nítidos. Um instrumento fundamental para a gestão do caixa é a Demonstração do Fluxo Líquido de Caixa. Com base nesse demonstrativo, as seguintes questões podem ser respondidas: ● Quais as causas das mudanças na situação financeira da empresa? ● O que foi feito com a sobra gerada pelas operações? ● Qual a aplicação feita com os novos empréstimos? ● De que forma a empresa consegue manter seus pagamentos em dia, se os resultados vêm sendo negativos? ● Como está sendo financiada a expansão da empresa? ● Com que recursos a empresa amortizou antecipadamente dívidas de longo prazo? ● O que foi feito com as receitas de venda de algum imobilizado? ● Os recursos gerados pelas operações foram suficientes? ● Por que a empresa teve de tomar empréstimos, se sua sobra mais a depreciação são superiores aos investimentos em ativo imobilizado? ● qual a habilidade dos administradores em obter os recursos adequados às aplicações? ● A política de investimentos adotada pela empresa é apropriada? ● O nível em tesouraria (disponibilidades mais aplicações financeiras). É adequado? 15 ● A política de distribuição de sobras é compatível com a geração de recursos? 2.4 O Capital de Giro para a Empresa É sabido que o patrimônio da empresa pode ser dividido em investimento de natureza de curto e de longo prazo. Nossa questão está na abordagem da parcela do investimento voltada para a operação corrente de empresa, ou seja, o capital de giro. Assim, os recursos aplicados no giro da empresa estão diretamente relacionados com a operação corrente, ou seja, o pagamento dos custos. O que se espera é um ciclo operacional positivo em termos de geração financeira. Dessa forma, os ativos correntes devem ser corretamente dimensionados para dar o suporte necessário ao volume de operações da empresa. Assim, é importante ressaltar que o investimento adequado em giro é fundamental para que a empresa possa operar de maneira sustentada. Os investimentos em giro diferem das aplicações em ativos permanentes, devido à natureza e ao prazo de retorno. COMO ESSES INVESTIMENTOS DEVEM SER FINANCIADOS? Prioritariamente por créditos com fornecedores - financiamento não oneroso; Por recursos complementares, podendo ser através de caixa ou empréstimos/financiamentos. 2.5 O Ciclo Operacional e Financeiro Podemos definir ciclo operacional de uma determinada atividade como sendo o período que abrange desde a aquisição da matéria-prima e/ou produto acabado até o recebimento pela venda. Já o ciclo financeiro agrega o prazo médio de contas a pagar. O permanente aumento no nível de rotatividade do capital de giro aplicado no negócio é fator decisivo para a manutenção do equilíbrio financeiro da operação. Para tanto, é fundamental o acompanhamento sistemático do ciclo operacional, destacando-se os fatores relevantes. Na verdade, um ciclo caixa ajustado influenciará positivamente o comportamento do capital de giro investido. A otimização dos prazos médios de permanência de estoques, contas a receber e contas a pagar deve ser um objetivo permanente por parte da administração da empresa. O ciclo de caixa é mensurado através da seguinte relação: 16 PRAZO MÉDIO DE PERMANÊNCIA DE ESTOQUES (+) PRAZO MÉDIO DE CONTAS A RECEBER (+) PRAZO MÉDIO DE CONTAS A PAGAR (-) CICLO FINANCEIRO (=) Conhecendo-se o ciclo financeiro, pode-se determinar o giro de caixa da empresa, ou seja, a velocidade de rotação com base num determinado período de tempo. EXEMPLO: Suponha uma empresa operando dentro das seguintes condições: PRAZO MÉDIO DE PERMANÊNCIA DE ESTOQUE 20 DIAS PRAZO MÉDIO DE CONTAS A RECEBER 25 DIAS PRAZO MÉDIO DE CONTAS A PAGAR 30 DIAS CICLO DE CAIXA 20 + 25 – 30 = 15 DIAS GIRO DE CAIXA COM BASE NUM PERÍODO ANUAL 360 / CICLO DE CAIXA = 360 / 15 DIAS = 24 VEZES CONCLUSAO Cada grupo pertence ao ciclo operacional de caixa deve ser sistematicamente examinado, considerando sua composição específica, o peso relativo em relação ao total e o prazo associado. Algumas premissas que devem ser assumidas para um equilíbrio constante do ciclo financeiro: • DIMENSIONAMENTO DA COMPOSIÇÃO DOS ESTOQUES DA EMPRESA, %SOBRE O INVESTIMENTO, CONSIDERANDO-SE O PRAZO MÉDIO IDEAL DE ROTAÇÃO A NÍVEL DE CADA PRODUTO E/OU GRUPO DE PRODUTOS; • ANÁLISE DE COMPOSIÇÃO DOS CLIENTES DA EMPRESA, ASSOCIANDO-SE A POSSIBILIDADE DE INADIMPLENCIA ➔ QUANTO MAIOR A CONCENTRAÇÃO EM POUCOS CLIENTES, MAIOR SERÁ O GRAU DE RISCO; 17 Resuminho! Nesta aula aprendemos conceito de Administração Financeira, o quanto ela é importante para o desempenho da empresa. É necessário ter um controle para que se possa maximizar os lucros da empresa, já que esse é um dos principais objetivos para se criar uma empresa e para que se tenha um domínio das finanças da empresa é só observar o fluxo de caixa, pois ele vai permitir demonstrar o que foi gerado a cada período. É sempre bom revisar e controlar tal fluxo. Leia sempre o material completo, caso tenha dúvidas procure outras fontes também e não deixe de procurar a professora. 18 UNIDADE 02 NOÇÕES DE DIREITO TRIBUTÁRIO E EMPRESARIAL 2. Direito Tributário: o que é, importância, princípios e aplicações 2.1 O que é Direito Tributário? Vamos ver como os autores Carvalho e Amaro (sem ano de publicação) sintetizam o Direito Tributário. Para estes autores o Direito Tributário é um ramo do direito muito importante para a manutenção da sociedade e o equilíbrio dos três poderes, limitando a aplicação de tributação sobre as pessoas naturais e jurídicas por meio da devida apresentação legal e nos moldes constitucionais de cobrança. A tributação no Brasil é alvo de muita dúvida e questionamento por parte da população, mas é extremamente necessária para a manutenção do Estado. Para estudar e observar o balanço entre a relação fisco/contribuinte, o direito tributário se mostra imprescindível. O direito tributário, como todas as áreas do direito, obedece e se interliga com os demais ramos do ordenamento jurídico brasileiro, mas apresenta não só um objeto de estudo muito específico, como também é guiado por princípios próprios, que dão a ótica necessária para a análise das normas que permitem a criação e recolhimento de tributos. 2.2 O que é o direito tributário? O direito tributário é um ramo do direito público que tem como propósito regular como ocorre a cobrança de tributos pelo Estado das pessoas naturais e jurídicas. Assim, o direito tributário é o estudo jurídico e legal da tributação, que é uma das formas com que o Estado mantém financeiramente a sua administração sobre o território nacional. Estuda-se, nessa área, a formação dos tributos, os modelos de arrecadação e a fiscalização dessa relação compulsória. Entretanto, é importante definir que o direito tributário tem como objetivo de estudo exclusivo a relação entre a definição de tributos e sua efetiva cobrança, não levando em consideração a aplicação e divisão desses recursos pelo Poder Público. 19 2.3 Qual é a função do direito tributário? Nesses termos, a função do direito tributário dentro do ordenamento jurídico brasileiro é analisar a natureza dos tributos, avaliando se os tributos criados tem previsão legal, destino amplamente indicado e se são constitucionais.O espectro de estudo desse ramo do direito, então, começa na criação dos tributos e acaba na efetiva arrecadação deles pelo Estado, que os cobra da sociedade. 2.4 Diferença entre direito tributário e direito financeiro A dúvida sobre o que diferencia os direitos tributário, fiscal e financeiro é comum. Embora esses três ramos do direito convivam em sua atuação e escopo de estudo, há diferenças claras entre as três áreas. O direito financeiro, em primeiro lugar, tem como objeto de estudo as atividades financeiras do Estado. Ele trata das formas de arrecadação, dos custos relacionados às atividades administrativas e estruturais da Administração Pública e da manutenção do território nacional. Cuida, especificamente, da gestão dos recursos públicos. As receitas do Estado, por sua vez, vêm de duas vertentes: das originárias e as derivadas. As receitas originárias são os rendimentos que o Estado recebe a partir da exploração de seus recursos patrimoniais e industriais, como os ganhos de estatais, da venda de propriedades, nas concessões para atividades do setor privado, entre outras. Já as receitas derivadas incluem os tributos, que nada mais são do que os rendimentos que o Estado tem sobre o patrimônio da sociedade, a partir de cobranças que o Poder Público aplica sobre pessoas físicas e jurídicas. O direito tributário, então, trata exclusivamente da formação e das relações entre pessoas e o Estado no que tange as receitas derivadas, não tendo como campo de estudo a gestão do Estado em si, mas a análise de como os tributos são gerados e pagos. 2.5 Como o direito tributário é regulamentado no Brasil? O direito tributário tem a sua base estruturada na Constituição Federal de 1988, que define a área de atuação desse ramo do direito, além de especificar como que os tributos podem ser criados no país. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 20 Em segundo plano hierárquico, a legislação que regula a atividade do direito tributário e do sistema de tributos brasileiro pode ser encontrada do Código Tributário Nacional (lei nº 5.172/1966). Em última instância, a área de abrangência do direito tributário está também na legislação específica sobre a criação e ordenamento de tributos, taxas, impostos e outros tipos de arrecadação que o Estado faz na sociedade. Como em todas as áreas do direito, existem princípios norteadores, impostos pela Constituição Federal, que delimitam a forma com que os tributos podem ser ou não aplicados e, por extensão, aponta a forma de atuação do direito tributário dentro do ordenamento jurídico brasileiro. Veremos os principais princípios do direito tributário, de forma mais minuciosa, abaixo. 2.6 Princípios do direito tributário A Constituição Federal prevê princípios norteadores de toda relação jurídica dentro do país. Esses princípios são universais dentro dos ramos do direito, uma vez que o ordenamento jurídico brasileiro é um só, com todas as áreas do direito se interligando. Mesmo assim, a Carta Maior brasileira possui um artigo inteiro, o 150, que apresenta as limitações que o Estado tem no poder de tributar a sociedade. Essas limitações, que servem para restringir o alcance da tributação, são levadas também como princípios do direito tributário. Os princípios são fundamentais dentro do ordenamento jurídico, porque apresentam a perspectiva que deve ser adotada pelos aplicadores do direito ao analisar, estudar, interpretar e aplicar os dispositivos legais e normativos que existem sobre a matéria específica. Embora a doutrina tenda a separar os princípios de maneiras distintas, apresentando-os de forma mais detalhada ou não, trabalharemos neste artigo os sete principais: o da legalidade, da isonomia, da irretroatividade, da anterioridade, do não-confisco e da liberdade de tráfego e o da capacidade contributiva. Princípio da legalidade O princípio da legalidade, dentro das limitações da tributação impostas ao Estado dentro da Constituição Federal, está exposto no inciso I do artigo 150, que afirma: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art150 21 “Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios: I - exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça”. Isso quer dizer, de forma clara, que é permitido ao Estado criar ou aumentar o valor de tributos sem uma lei específica que permita isso. Esse princípio é muito importante por vários motivos: ele impossibilita a aplicação abusa de tributos sem destinação clara; não permite que o Poder Executivo arrecade tributos sem o aval do Poder Legislativo, que deve criar a lei; além de apresentar mais transparência na forma com que os tributos são arrecadados e direcionados. Assim, é inconstitucional o tributo que não possui formação legislativa clara, apontando o seu propósito e o seu destino específico. Princípio da isonomia tributária O princípio da isonomia tributária, também conhecido com o princípio da igualdade, está previsto no inciso II do artigo 150 da Constituição Federal: “II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação profissional ou função por eles exercida, independentemente da denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos”. O princípio da isonomia é comum em todo o ordenamento jurídico brasileiro, inclusive na aplicação de tributos. Basicamente afirma que as pessoas em pé de igualdade não devem receber tratamento desigual, criando um atendimento igualitário entre os sujeitos da sociedade. Princípio da irretroatividade Esse princípio, também presente em outros ramos do direito, pode ser observado no inciso III, item “a”, do artigo 150: “III - cobrar tributos: a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da lei que os houver instituído ou aumentado”. O princípio da irretroatividade dita que não é lícito cobrar impostos sobre uma atividade ocorrida no passado, mas que teve lei específica de tributação sobre ela no presente. Assim, uma pessoa não pode ser tributada sobre algo que, no momento em que foi feito, não havia legislação indicando recolhimento de tributo sobre o ato. 22 Princípio da anterioridade O terceiro princípio, da anterioridade, também conhecido como princípio nonagesimal, ou dos noventa dias, está disposto também no inciso III, mas nos itens “b” e “c”: “b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou; c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b”. Esse princípio protege o contribuinte de ter que arcar automaticamente com um novo tributo ou com o aumento de um já existente no momento da sua criação ou alteração. Dessa forma, a Constituição prevê a necessidade de o Estado esperar, no mínimo, 90 dias para poder começar a arrecadar recursos por meio do tributo. Princípio do não-confisco O princípio do não-confisco, como prevê o próprio nome, indica que o Estado não pode utilizar a tributação com o objetivo de confiscar os bens ou propriedades do contribuinte. Ele pode ser observado no inciso IV do artigo 150 da Constituição Federal de 1988: “IV - utilizar tributo com efeito de confisco”. Princípio da liberdade de tráfego O sexto princípio, o da liberdade de tráfego, pode ser analisado no inciso V do artigo 150: “V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público”. Como intuito de preservar o direito pétreo de ir e vir, é inconstitucional aplicar tributação com o objetivo de limitar o tráfego de pessoas ou bens. A única exceção a este princípio é a cobrança de pedágio para a utilização de rodovias públicas, mantidas pelo Poder Público ou por entidades privadas, por meio de concessão. Essa tributação, então, tem como objetivo a preservação das vias e só pode ser cobrada se existirem outras vias disponíveis para o público para chegar ao destino específico. 23 Princípio da capacidade contributiva Este é provavelmente o princípio mais importante da nossa Constituição, e é o único abordado aqui que não consta no artigo 150 da Carta Magna. O princípio da capacidade contributiva está previsto no parágrafo 1º do artigo 145 da Constituição Federal. Ele aponta que, sempre quando possível, os tributos devem ter caráter pessoal, levando em consideração a capacidade econômica do contribuinte. “§ 1º Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte”. Dessa forma, podemos ver a caracterização, a partir da Constituição Federal, da necessidade da aplicação de tributação progressiva, onde as pessoas que tem menos condição econômica devem pagar menos tributos, enquanto as que têm mais capacidade econômica pagam mais. Qual a importância do direito tributário para a vida do cidadão brasileiro? Como podemos ver até o momento, o direito tributário tem como objetivo a análise, estudo e verificação da constitucionalidade e da devida previsão legal dos impostos, tendo como ótica os princípios norteadores da matéria. A importância do direito tributário, então, é a de fiscalizar se a aplicação dos tributos que o Estado aponta está sendo realizada de forma correta. Todos nós, enquanto pessoas dentro de uma sociedade, estamos sujeitos a serem tributados. Isso ocorre diariamente nas atividades profissionais, na relação de compra e venda, no consumo de bens duráveis e não-duráveis, na manutenção da infraestrutura da onde moramos, enfim, em todos os aspectos da nossa vida em sociedade. Tem um ramo do direito que estuda a legalidade e a devida aplicação desses tributos, levando em consideração os princípios da legalidade, da isonomia e da capacidade contributiva, por exemplo, é importantíssimo para evitar uma ação autoritária sobre a economia da sociedade. 2.7 Direito Empresarial 2.7.1 Direito Empresarial: Conceitos, Princípios e Atuação http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art145 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm#art145 24 Você sabia que, no Brasil, há cerca de 6,4 milhões de estabelecimentos e que, desse total, 99% são micro e pequenas empresas (MPE)? Esses dados são do SEBRAE, e correspondem ao ano de 2019. As MPEs são responsáveis por gerar 52% dos empregos com carteira assinada no setor privado, que equivale a 16,1 milhões de empregos formais. Esses dados mostram claramente que as empresas possuem volume relevante na economia brasileira. Toda essa estrutura acaba por gerar, de alguma forma, a necessidade de existência do direito empresarial, que, em resumo, trata das relações de interesse das empresas e dos empreendedores. O direito empresarial é uma área do direito privado e, neste conteúdo, você vai poder sanar suas dúvidas sobre este assunto. 2.7.2 O que é Direito empresarial? Como citado acima, o direito empresarial é uma área do direito privado. Isso quer dizer que, ao contrário do contencioso judicial, ele faz análises antecipadas do negócio e procura ter ações preventivas para poupar problemas aos clientes. A existência do direito empresarial é submetido a um regime de livre comércio de produtos ou de serviços. Vale ressaltar que a regulamentação inclui as relações específicas, os atos, e os locais e contratos comerciais. Tudo isso, é influenciado por uma série de outras regulações, como poderá ser visto mais adiante. 2.7.1Características do Direito Empresarial Como toda área do direito, o direito empresarial possui características específicas que foram fundadas através de uma base teórica e que podem influenciar, em algum nível, a sua interpretação sobre o tema como um todo. Dependendo de sua área de atuação, pode existir algum tipo de característica que seja mais latente em seu ramo, porém, todas elas podem influenciar em algum nível a atuação no direito empresarial . 2.7.2 Veja as características que o norteiam: Universalismo, Internacionalidade e Cosmopolitismo Em decorrência da globalização, o direito empresarial possui modernas relações econômicas em nível mundial, ratificando assim, o seu universalismo, internacionalidade e cosmopolitismo. https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/sebraeaz/pequenos-negocios-em-numeros,12e8794363447510VgnVCM1000004c00210aRCRD https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/ufs/sp/sebraeaz/pequenos-negocios-em-numeros,12e8794363447510VgnVCM1000004c00210aRCRD 25 Isso significa que toda atividade empresarial é exercida em vários países, e não a nível nacional. Empresas como Coca-cola, Apple, Microsoft, são exemplos dessa característica. Onerosidade A característica deste princípio é o lucro, remuneração do trabalho e do capital, portanto, não há voluntariado. Só há possibilidade de uso do direito empresarial quando existe troca entre as partes, a fim de que atinjam seus interesses econômicos ou patrimoniais. Assim sendo, a onerosidade é a responsável pela análise de custos referentes às operações comerciais ou financeiras. Fragmentarismo No Brasil, a maioria dos temas relacionados ao ao direito empresarial atrelados à regulações e leis, como o CPC (Código Civil), Lei das Sociedades Anônimas, ou outras. Isso quer dizer que não é um código comercial nacional. Sendo assim, ela é fragmentada e pode ter como base vários códigos aplicáveis, como, por exemplo: Código Civil; Código de Defesa do Consumidor; Lei de Locações; Lei Complementar nº 123/2006 – Estatuto das Micro e Pequenas Empresas; Lei da Recuperação Judicial, Extrajudicial e Falência nº 11.101/2005; Instruções Normativas do Departamento de Registro Empresarial e Integração. Clique nos links e conheça um pouco mais! Individualismo Como a própria palavra explica, o individualismo, no direito empresarial, também diz respeito apenas ao interesse de um indivíduo. Sendo assim, o lucro pessoal é um dos valores que dá sentido à característica existente. No entanto, isso não significa, em nenhum momento, que ser individual é ser focar apenas no bem próprio. Pelo contrário, é nas reações entre os indivíduos e empresas que nasce a sociedade democrática de direito. E, no meio dessa relação, é por meio de leis que é possível disciplinar a relações e cuidar do objetivo principal: o lucro. Informalismo ou simplicidade https://www.projuris.com.br/baixar-novo-cpc-codigo-de-processo-civil/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8245.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/lcp/lcp123.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11101.htm http://www.mdic.gov.br/index.php/micro-e-pequenas-empresa/drei/legislacao-2-drei/2-uncategorised/3166-instrucoes-normativas-em-vigor-drei 26 Como o objetivo é o lucro e como há intenção de contribuir para o desenvolvimento econômico, nesta área há menos formalismo e maior flexibilidadenos negócios. Desta forma evita-se sempre a informalidade e excesso de burocracia que atrapalhem o movimento comercial em algum nível. Elasticidade e dinamismo A elasticidade, no direito empresarial, diz respeito a mudanças constantes nos contratos e nas relações comerciais como um todo, criando assim um panorama de extrema elasticidade onde podem existir mais de uma forma de resolver, de maneira satisfatória, o mesmo problema. Isso quer dizer que o operador do direito pode e deve ser flexível o bastante para atender novos requisitos, atrelados aos costumes empresariais. O dinamismo subentende que existirão mudanças no percurso da empresa e, consequentemente, podem existir mudanças também nos entendimentos jurídicos envolvidos. Ou seja, este é um ambiente extremamente volátil, o que costuma trazer riscos e oportunidades aos envolvidos. 2.7.2 Princípios Fundamentais do Direito Empresarial Como o direito empresarial é uma área ampla e que dá liberdade ao advogado e ao empresário de explorar e desenvolver o negócio que deseja, há princípios fundamentais que ajudam a nortear sua execução. Eles vão desde a ética e moral, até práticas que levam à ordem, e os cuidados com o bem comum. Veja alguns deles: Livre Iniciativa Na livre iniciativa, o empresário tem liberdade para exercer sua iniciativa privada. Isso também consta no fundamento da República Federativa do Brasil Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: lV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; Ou seja, o empreendedor tem liberdade de explorar qualquer nicho que deseja, desde que de forma lícita. Isso não significa que ele poderá fazer tudo da forma que desejar. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 27 Em alguns momentos o estado deve intervir como agente regulador para manter o controle e o bem comum a todos. Função social da empresa Embora a empresa seja privada e tenha como intuito visar o lucro do empresário, é necessário que ela tenha um apelo social, aplicado à coletividade. Dessa forma, de maneira nenhuma os valores sociais do trabalho podem ser feridos, e a dignidade da pessoa humana precisa ser preservada. Não basta apenas respeitar o direito do consumidor, mas é necessário pensar em contribuir para o desenvolvimento de áreas como: econômica, cultural, social e, até mesmo, com o meio ambiente. Liberdade de concorrência Uma livre iniciativa não isenta o empreendedor de, também, ter a livre concorrência. Pelo contrário, justamente pela liberdade de empreender, qualquer empresário pode investir quando desejar. Dessa forma, o mercado acaba tornando-se competitivo. Neste caso o estado não vai regular diretamente, em detrimento da liberdade de investimento. No entanto, em alguns casos, é possível que leis sejam criadas para que tornar o negócio mais justo para todos. Princípio de preservação da empresa Este princípio parte da ideia de que as atividades econômicas da empresa precisam ser preservadas e conservadas. A prática previne conflitos de interesse em que envolvidos saiam prejudicados. Sociedade e responsabilidade Neste item, em caso de dividas, apenas os bens ativos da empresa devem ser liquidados. Isso quer dizer que os sócios só podem responder por dívidas de forma subsidiária. No próximo tópico comentaremos também sobre a recuperação judicial e extrajudicial que impactam diretamente este tópico e a responsabilidade dos sócios no negócio. 2.7.3 Novo CPC e o Direito Empresarial O direito empresarial, apesar de ser autônomo e não ter leis que os afirmam, no Novo CPC, sofre impactos diretos que aplicam-se aos litígios empresariais. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm 28 Com a vigência do Novo Código de Processo Civil de 2015, o jurídico é impactado e, por consequência, a vida empresarial, também. Questões com potencial de mudança de cultura, gestão de processos, gastos e custos são tratados com normas que, até então, não eram trabalhadas. A Lei 11.101/2005, por exemplo, trata de recuperação judicial, a extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresarial. Art. 1º Esta Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como devedor. Outro ponto são os artigos 5º e 6º do Novo CPC, que estabelece que Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. O Novo CPC e o direito empresarial tendem a proporcionar um ambiente de maior segurança no que diz respeito a investimentos empresariais. 2.7.4 Direito Empresarial vs Direito Comercial É comum a ideia de que direito empresarial é o mesmo que direito comercial. Afinal, ambos tratam da área de negócios. E, de fato, embora explorem basicamente o mesmo ramo e sejam, também, da área privada, eles possuem atividades e objetivos diferentes. Para entender, é preciso saber que o direito comercial já existia muito antes, quando as sociedades eram limitadas e tinha um sistema de gestão mais simples e servia subsidiariamente em caso de lacuna em outras espécies de sociedade. Hoje, conforme o Artigo 892 do novo Código Civil Vigente, ele refere-se à falência, e estuda a teoria geral do direito comercial, societário, falimentar e cambiário, que são ramos isolados. Já o direito empresarial é o ramo do direito privado que estuda os empresários e suas relações com sócios, terceiros, marcas e patentes, entre outros. Inclusive, dentro do Direito Empresarial, vamos ter o comercial, o direito do consumidor, econômico, contratos empresarial. https://www.projuris.com.br/desvendando-o-novo-cpc-entrevista-com-o-dr-marco-jobim/ http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/lei/l11101.htm https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28888868/artigo-892-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 29 No próximo tópico, inclusive, você vai descobrir quais são as áreas de atuação do direito empresarial. 2.7.5 Direito empresarial e Sociedades Todo empresário deve atentar-se ao fato de que existem diferentes tipos de sociedade permitidos pela legislação brasileira. Vale lembrar que existem sociedades empresariais e as não empresariais. As não empresariais são conhecidas como sociedade simples, que, como o nome já mostra, é mais facilitada em sua estrutura. Ela deve ser constituída por, no mínimo, duas pessoas e o contrato social não pode ter natureza mercantil. Já as empresariais são constituídas por empresários, com registro, e que fazem parte de sociedades. São elas: Sociedade simples: este item diz respeito a liberdade que os empresários possuem no negócio; Sociedade limitada: a responsabilidade do sócio é proporcional ao capital que foi investido no negócio; Sociedade anônima: dividida em ações, podem ter o seu capital aberto ou fechado; Sociedade em nome coletivo: formada somente por pessoas físicas, que respondem de forma solidária e ilimitada pelas responsabilidades vinculadas Com essas opções, ao investir em um negócio o empreendedor deve escolher qual se encaixa melhor ao seu negócio para dar andamento. E como fazer o registro de sociedade? Primeiramente precisamos entender que o registro de uma sociedade nos órgãos garante a validade, sua existência e assegura a regularidade. Entendido isso, vamos para a parte do processo de registro. No caso das sociedades limitadas, dependendo da natureza civil ou empresarial, o registro pode ser feito no Registro Civil de Pessoas Jurídicas ou na Junta Comercial. Uma vez quea sociedade é limitada simples, todo o seu processo será feito em Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas, constituição, alteração e extinção. Já as sociedades limitadas empresariais terão o processo registrado na Junta Comercial. 2.7.6 Direitos e deveres dos acionistas e integralização das ações http://receita.economia.gov.br/orientacao/tributaria/cadastros/cadastro-nacional-de-pessoas-juridicas-cnpj/cartorios-de-registro-civil-das-pessoas-juridicas-conveniados-para-inscricao-no-cnpj 30 Todo acionista deve respeitar os direitos e deveres nas ações. Honrar com os valores da sociedade é um deles. Caso não seja respeitado, o acionista é caracterizado como negligente e pode ser cobrado de juros e multas que estarão no estatuto da sociedade formada. É possível, inclusive, que ele deixe de fazer parte da sociedade se estiver sendo remisso às ações. Ele possui o dever de agir em conformidade com os interesses da sociedade, caso contrário estará sob pena de responsabilidade na esfera cível e penal. 2.7.7 Importância do Direito e Advogado Empresarial O principal objetivo do direito empresarial e do advogado desta área é manter a ordem, resolver disputas, estabelecer padrões geralmente aceitos, proteger direitos e liberdades quando se trata de negócios e sua relação com outros negócios, autoridades governamentais e clientes. Antes, o cliente passava por dificuldades devido à ausência de uma lei adequada que pudesse salvaguardar seus interesses e o dinheiro investido em um negócio específico. Com o direito empresarial, muitos padrões foram estabelecidos e devem ser seguidos pelas empresas em todo o mundo. A ideia é visar o bem estar de todos e poupar negligências nos processos. O direito empresarial previne também chance de fraudes. Dessa forma, ajuda os empreendedores a tomar conhecimento das leis contra outras empresas e indivíduos, da mesma forma que ajuda esses mesmos indivíduos a estarem cientes dos direitos contra as empresas. Em casos de tomadas de decisões, por exemplo, os advogados podem ajudar as empresas a tomar melhores decisões. Além do mais, nos processos ele pode auxiliar a manter uma conduta ética. Resuminho Nesta unidade vimos alguns conceitos e princípios do Direito Tributário e Empresarial. O Direito tributário é um ramo do direito muito importante para a manutenção da sociedade e o equilíbrio dos três poderes, limitando a aplicação https://www.projuris.com.br/advocacia-e-empreendedorismo-no-brasil/ 31 de tributação sobre as pessoas naturais e jurídicas por meio da devida apresentação legal e nos moldes constitucionais de cobrança já o Direito empresarial é uma área do direito privado. Isso quer dizer que, ao contrário do contencioso judicial, ele faz análises antecipadas do negócio e procura ter ações preventivas para poupar problemas aos clientes. Prezado Cursista não se preocupe com os excessos de conceitos. Todos eles você só vai aprender definitivamente praticando no mercado de trabalho. 32 UNIDADE 3. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA (Todo o texto desta Unidade foi escrito por Ciro Bachtold) 3.1 Definindo Administração De acordo com Bachtold (2012) a palavra administração vem do latim ad (direção) e minister (obediência), ou seja, o administrador dirige obedecendo à vontade de quem o contratou. Assim, o administrador público vai conduzir o seu trabalho procurando atender a necessidade da população que o elegeu (obediência ao seu objetivo). Para ficar mais fácil de entender vamos fazer uma comparação. Acredito que você já ouviu falar de apartamentos com área privada e área comum, mesmo que não more em edifício. A área privada é aquela que será utilizada somente pelos proprietários do imóvel ou quem eles queiram receber, é uma área reservada. Já a área que será utilizada por todos os que moram no prédio é denominada área comum. É o espaço que todos no prédio poderão utilizar, também chamada área pública. No edifício os moradores elegem um representante, visando o bem comum e harmonia entre os moradores, para tratar os conflitos e dar atenção às reclamações tentando resolver os problemas existentes. Essa pessoa é o síndico, que irá responder por questões relacionadas ao prédio e sua administração. É verdade que as regras são estabelecidas em reuniões com os moradores, mas cabe ao síndico aplicar as normas estabelecidas. De cada morador será cobrada uma taxa, o condomínio, para custear os serviços que serão prestados e são comuns a todos. É uma forma de administração pública, onde as regras são estabelecidas e devem ser cumpridas, e os bens comuns são geridos visando o benefício de todos. É interessante como a simples administração de um prédio possui inúmeras semelhanças com a administração de nosso município, estado e país. Em todos os países, qualquer que seja sua forma de governo ou organização política, existe uma administração pública. É a administração pública que permite aos governantes cumprir as funções básicas do governo, de forma a tratar o bem público da melhor maneira possível. 3.2 Definição Clássica de Administração Pública Administração pública: é o planejamento, organização, direção e controle dos serviços públicos, segundo as normas do direito e da moral, 33 visando ao bem comum. “Nada pode ser politicamente certo se for moralmente errado”. Daniel O’Connel. Hely Lopes Meirelles apud Bachtold (2012) define assim administração pública: “Administração pública é todo o aparelhamento do Estado, preordenado à realização de seus serviços, visando a satisfação das necessidades coletivas”. Quando se fala em aparelhamento do Estado, automaticamente imaginamos a estrutura do Estado voltada para atendimento de suas tarefas essenciais, visando o bem comum. É a organização definida pelo governo que através da prestação de seus serviços busca atender a expectativa da população que lhe concedeu o poder. É o governo em ação! Entende-se por aparelho do Estado a administração pública em sentido amplo, ou seja, a estrutura organizacional do Estado, em seus três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e três níveis (União, Estados-membros e Municípios). O aparelho do Estado é constituído pelo governo, isto é, pela cúpula dirigente nos Três Poderes, por um corpo de funcionários, e pela força militar. O Estado, por sua vez, é mais abrangente que o aparelho, porque compreende adicionalmente o sistema constitucional-legal, que regula a população nos limites de um território. O Estado é a organização burocrática que tem o monopólio da violência legal, é o aparelho que tem o poder de legislar e tributar a população de um determinado território. (Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado – 1995 – Governo Federal). A administração está em constante mutação. Por isso o administrador público que estando no poder quer acomodação, desconhece administração. Vivemos tempos em que muitos são os problemas a serem resolvidos. E cada vez maior a necessidade da população. Muitos se deixam vencer pelos problemas e assim perdem uma grande oportunidade, pois são nesses momentos que mais se espera do administrador público. 3.2. Ênfases da administração 3.2.1 Ênfase nas tarefas É a administração voltada para aumentar a eficiência operacional, através de mudança na forma de realizar a produção. Há preocupação com a racionalização do trabalho. Foi o marco para o desenvolvimento da administração. Em 1776, ao publicar A riqueza das Nações, Adam Smith já 34 fazia algumas referências à vantagem da divisão do trabalho, mas sem comprovação científica. 3.2.2 Ênfase na estrutura É o estudo da administração que procura adequar a estrutura da organização para melhor atender a seus objetivos. A proposta é melhorar a eficiência através de uma reestruturaçãoorganizacional. 3.2.3 Ênfase nas pessoas Tem como foco principal as relações humanas no trabalho. É a ciência voltada para tornar o ambiente de trabalho melhor. Preconiza o aumento da produtividade e satisfação dos funcionários quando o ambiente de trabalho é adequado para atender às necessidades humanas. 3.2.4 Ênfase no ambiente É o estudo que leva em consideração as influências do ambiente externo na organização. Tem o mérito de preparar a empresa para adaptar-se às variáveis externas, que até então não eram levadas em conta. 3.2.5 Ênfase na tecnologia Com o desenvolvimento tecnológico, tornou-se necessário o estudo da influência da tecnologia na empresa. É a ciência que trata da aplicação da tecnologia na organização, visando o seu melhoramento. 3.2.6 Ênfase na competitividade Trata da adaptação organizacional em uma época de constantes transformações, visando atender às necessidades de seus consumidores, ofertando produtos e serviços com melhor qualidade e preço mais baixo. 3.3 Funções da Administração aplicadas na administração pública 3.3.1 Planejamento É a função da administração que estabelece os objetivos a serem atingidos e também como fazer para alcançar êxito nesta tarefa. Segundo SANTOS (2006), apud Bachtold (2012) o planejamento geralmente aparece como a primeira função administrativa, exatamente por ser aquela que serve de base para as demais. Determinando previamente o que se deve fazer, quais os objetivos a serem atingidos, quais controles serão adotados e que tipo de gerenciamento será pertinente para alcançar resultados satisfatórios. 35 Esta função da administração é tão importante que está presente em toda a legislação que norteia a administração pública, seja com o nome de planejamento, orçamento, ou algum outro nome técnico utilizado para traduzir a preocupação do governo com a previsão de utilização de recursos para o desempenho da difícil missão de gerir os recursos públicos. 3.3.2 Hierarquia do planejamento O planejamento apresenta uma hierarquia e pode ocorrer em três níveis distintos. Dos autores que tratam do assunto, na sua maioria, representam esta hierarquia assim: Figura da Pirâmide 3. 3.3 Planejamento Estratégico É mais abrangente e tem a característica de envolver toda organização e ser elaborado para um período longo. Por estabelecer objetivos gerais, tem um grau de detalhamento menor. Origina os planejamentos táticos. É um exemplo do planejamento estratégico o Plano Plurianual (PPA). Que é uma Lei orçamentária elaborada no primeiro ano de mandato com validade até o primeiro ano de mandato da próxima gestão. Assim, o Chefe do Poder Executivo no seu primeiro ano de mandato ainda está cumprindo o que foi planejado no PPA da gestão anterior, cumprindo o princípio da continuidade. As etapas do planejamento estratégico – para obter êxito na implantação do planejamento estratégico, a empresa deve seguir uma série de etapas que assegurem a coerência do processo. Considerando-se que busca partir de uma situação atual para alcançar uma situação ideal, deve levar em consideração a conjuntura presente, os objetivos que pretende atingir, os recursos de que dispõe para tanto, o ambiente em que se encontra, a estratégia que será adotada para executar a mudança, as formas de mensuração e controle dos resultados, etc. (FERREIRA, 2002, p. 118) apud Bachtold (2012). Quando se fala em planejamento estratégico, é comum em qualquer literatura do gênero encontrar a ferramenta SWOT (do inglês Strenghts, Weaknesses, Opportunities e Threats) que quer dizer: Pontos Fracos, Pontos Fortes, Oportunidades e Ameaças. Deve-se analisar os fatores internos e externos para a realização do planejamento. O planejamento estratégico é uma das peças, se não for a principal, da administração estratégica, mas não pode ser confundido com essa. Pois a 36 administração estratégica contém o planejamento estratégico, mas o planejamento não contém a administração. Basta você lembrar que planejamento é apenas uma parte da administração. 3. 3.4 Planejamento Tático É o planejamento de médio prazo, geralmente um ano e caracteriza-se por definir metas departamentais. Procura adequar-se e recebe orientação do planejamento estratégico e tem um grau de detalhamento maior. São exemplos de planejamento tático a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e a Lei do Orçamento Anual (LOA). São leis orçamentárias que estimam a arrecadação e definem onde serão aplicados os recursos. 3. 3.5 Planejamento operacional É o planejamento de curto prazo, elaborado para aplicação imediata. Geralmente visa atender à necessidade momentânea, caracterizasse no planejamento de tarefas ou atividades. Visa atingir aos objetivos propostos no planejamento tático. Segundo SANTOS (2006), o planejamento operacional utiliza-se de metas específicas, programas, procedimentos, métodos ou normas. Na administração pública é comum a elaboração de decretos, portarias ou leis, para o cumprimento das metas previstas no planejamento operacional O planejamento deve levar consideração alguns fatores: • Fatores internos – Estrutura da organização, recursos financeiros disponíveis, quantidade e qualidade dos funcionários, históricos anteriores, prioridade dos objetivos a serem alcançados, entre outros. • Fatores externos – Legislação vigente, política econômica, condição social da população, expectativa da população, reivindicações da comunidade, entre outros. Há dois grupos de fatores que afetam o processo de planejamento: • Fatores Incontroláveis são os elementos que não têm uma causa direta e localizável. Por exemplo: o crescimento da população, o ambiente político e as pressões sociais. • Fatores Controláveis são os elementos sobre os quais a organização tem algum controle através das decisões de seus administradores. Por exemplo: a pesquisa, localização dos edifícios e relações organizacionais. MEGGINSON, MOSLEY & PIETRI JR, 1998, p.177. apud Bachtold (2012) 37 3.4 Organização da Administração Pública no Brasil 3.4.1 Administração pública direta ou centralizada São aquelas que possuem autonomia política, financeira e administrativa. São realizadas diretamente pela estrutura do governo. No âmbito nacional é o Presidente da República auxiliado pelos Ministros de Estado, conforme Art. 76 da Constituição Federal de 1988; Nos estados e distrito federal é o Governador auxiliado pelas Secretarias de Estado; Nos municípios é o Prefeito e as secretarias municipais. Ou seja, tem vínculo direto com o chefe do Poder Executivo em todos os níveis de governo. 3.5.2 Administração pública indireta ou descentralizada Ocorre quando há uma lei, em que a administração direta delega competências a outras pessoas jurídicas. Possuem autonomia financeira e administrativa, mas não política, estando sempre vinculados ao Órgão de Estado que as criou. São aquelas que a administração direta institui ou autoriza a criação, para a execução de serviços públicos ou de interesse público. Podem ser Autarquias, Fundações ou Entidades Paraestatais como: empresas públicas, sociedades de economia mista, caracterizando-se como pessoas jurídicas de direito público ou privado e as agências reguladoras. 3.6. Políticas Públicas- Instrumentos de Ação Você é político? Não se apresse em dizer não! Lao-Tsé apud Bachtold (2012) (século VII A.C.), filósofo chinês fez a seguinte citação: “a política dos governantes sábios consiste em esvaziar a mente dos homens e encher-lhes o estômago. Um povo que sabe demais é difícil de se governar. Aqueles que julgam promover o bem-estar de uma nação, espalhando nela a instrução, enganam-se e arruínam a nação. Manter o povo na ignorância: eis o caminho da salvação.” Não confunda política com politicagem! Politicagem é a manipulação de pessoas para lograr proveito pessoal. O termopolítica é derivado do grego antigo πολιτεία (politeia), que indicava todos os procedimentos relativos à polis, ou cidade-Estado. Na filosofia aristotélica a política é a ciência que tem por objeto a felicidade humana e divide-se em ética (que se preocupa com a felicidade individual do homem na polis), e na política propriamente dita (que se preocupa com a felicidade coletiva da polis). Por isso mesmo, a política situa-se no âmbito das 38 ciências práticas, ou seja, as ciências que buscam o conhecimento como meio para ação. Política é um conjunto de declarações escritas a respeito das intenções das instituições em relação a determinado assunto. As políticas indicam os meios e a forma para se atingir os objetivos principais. São formuladas, em geral, de forma ampla e proporcionam as linhas mestras para orientar as decisões mais importantes e a formulação dos objetivos setoriais e das normas. Ela também pode significar o conjunto de guias e intenções que traçam o rumo de uma instituição e governam suas atividades e decisões para atingir o objetivo geral para o qual a instituição foi criada. (LACOMBE & HEILBORN – 2006) Dentro de uma organização as políticas existem, em todas sem exceção, mesmo que a política da instituição seja não fazer política. E elas podem ser implícitas ou explícitas. Políticas Implícitas – São práticas genéricas correntes na empresa, não oficializadas, nem escritas que orientam as decisões dos administradores. Na maioria dos casos as políticas são implícitas porque ninguém se deu ao trabalho de escrevê-las. No entanto, algumas vezes, as políticas são implícitas porque refletem práticas ilegais ou aéticas. Existe ainda a possibilidade da empresa ter uma política oficial, documentada e divulgada, mas seguir práticas diferentes das que estão explicitamente estabelecidas. (LACOMBE & HEILBORN, 2006) Políticas Explícitas – São as políticas expressas da empresa. Aquelas as regras de conduta, regras de ação. Elas não prevalecem sobre as políticas implícitas, ao contrário, principalmente na administração pública, a política expressa é de ideologias pautadas em princípios éticos e morais, mas nem sempre a prática segue estes pressupostos. Deixando de lado questões políticas e ideológicas, a existência do governo é necessária para guiar, corrigir e complementar o sistema de mercado que, sozinho, não é capaz de desempenhar todas as funções econômicas. (GIAMBIAGI & ALÉM, 1999) Algumas políticas importantes: Política Fiscal – envolve a administração e a geração de receitas, além do cumprimento de metas e objetivos governamentais no orçamento é utilizada 39 para a alocação, distribuição de recursos e estabilização da economia. É possível, com a política fiscal, aumentar a renda e o PIB e aquecer a economia, com uma melhor distribuição de renda. Política Regulatória – envolve o uso de medidas legais como decretos, leis, portarias, expedidas como alternativa para se alocar, distribuir os recursos e estabilizar a economia. Com o uso das normas, diversas condutas podem ser banidas, como a criação de monopólios, cartéis, práticas abusivas, aumento da poluição, entre outras. Política Monetária – envolve o controle da oferta de moeda, da taxa de juros e do crédito em geral, para efeito de estabilização da economia e influência na decisão de produtores e consumidores. Com a política monetária, pode-se controlar a inflação, preços, restringir a demanda, entre outros. Resuminho Nesta aula vimos o conceito Administração Pública que é uma forma de organizar os agentes de Estados a procurar satisfazer as necessidades da sociedade ou seja, é a gestão dos interesses públicos por meio da prestação de serviço público sendo dividida entre Administração Direta e Indireta, Centralizada ou Descentralizada. Vimos as ênfases da Administração e os diversos tipos de planejamento. 40 UNIDADE 04 Habilidades necessárias para ser um bom Administrador O Administrador é a pessoa responsável por conduzir todo o Processo de Administrar. Segundo a Lei nº 4.769, de 9 de setembro de 1965, no seu Artigo 2º: "A atividade profissional de Administrador será exercida, como profissão liberal ou não, mediante: a) pareceres, relatórios, planos, projetos, arbitragens, laudos, assessoria em geral, chefia intermediária, direção superior; b) pesquisas, estudos, análise, interpretação, planejamento, implantação, coordenação e controle dos trabalhos nos campos da Administração, como administração e seleção de pessoal, organização e métodos, orçamentos, administração de material, administração financeira, administração mercadológica, administração de produção, relações industriais, bem como outros campos em que esses se desdobrem ou aos quais sejam conexos." Para exercer sua atividade profissional, o Administrador ocupa diversas posições estratégicas nas organizações e desenvolve papéis fundamentais para a sustentabilidade e crescimento dos negócios. Para desempenhar suas funções e sustentar sua posição, o Administrador deve desenvolver várias habilidades e algumas características são apontadas como fundamentais ao desenvolvimento da empresa. 4.1 Perfil de um bom Administrador. 4.1.1 Classificação de Administradores Stoner (1985) classifica o Administrador pelo nível que ocupa na organização (de primeira linha, intermediários e altos administradores) e pelo âmbito das atividades organizacionais pelas quais são responsáveis (os chamados administradores funcionais e gerais). Pelo nível que ocupam na organização Gerentes de Primeira Linha: Estão localizados no nível mais baixo de gerência, costumam ser chamados de supervisores, não são responsáveis por outros supervisores e gerenciam apenas trabalhadores operacionais. Gerentes Médios: Estão localizados no nível intermediário, são responsáveis por Gerentes de Primeira Linha e podem também gerenciar trabalhadores operacionais. 41 Administradores de Topo: São comumente chamados de CEO (Chief Executive Officer), Presidente, Vice-Presidente, ocupam o cargo máximo nas organizações, são responsáveis por seu direcionamento e seus recursos. 4.2 Pelo âmbito das atividades Administradores Funcionais: São os Administradores responsáveis por umaárea funcional, e pela equipe que compõe essa área funcional. Ex.: Diretor de Marketing, Diretor de Produção, Gerente Comercial. Administradores Gerais: Comum em pequenas organizações, o Administrador Geral é responsável pelas diversas áreas funcionais da empresa e pelas pessoas envolvidas nas funções. 4.3 Papéis dos Administradores STONER, (1985) dividiu os papéis dos administradores em Papéis Interpessoais, Papéis Informacionais e Papéis Decisórios. Esses papéis são desenvolvidos constantemente no dia-a-dia dos Administradores. Papéis Interpessoais São os papéis que os Administradores executam relativos ao relacionamento com as pessoas e construção conjunto dos resultados. São divididos em três papéis: Símbolo, Líder e Ligação. Símbolo representa a função de estar presente em locais e momentos importantes, basicamente tarefas cerimoniais, comparecer a casamentos, e outros eventos. O Administrador representa a organização, portanto ele é um símbolo desta organização, e ela será conceituada à partir do Administrador. Líder é o papel que o Administrador representa o tempo todo, pois ele é responsável por seus atos e de todos seus subordinados. Elemento de Ligação é o papel que o Administrador representa ao possibilitar relacionamentos que auxiliam o desenvolvimento de sua empresa e de outros. Ele faz o intercâmbio entre pessoas que irão gerar novos negócios ou facilitar os negócios existentes. Papéis Informacionais As organizações, o mercado, as pessoas vivem em torno da um fluxo intenso e contínuo de informações, para um bom desenvolvimento,
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