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Geologia Magmatismo e Rochas Ígneas Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Ms. Carlos Eduardo Martins Revisão Textual: Prof. Esp. Tiago Araújo Vieira 5 Nesta unidade trataremos do magmatismo e das rochas ígneas, e você terá acesso a diversos recursos. Veja o mapa mental, que sintetiza a estrutura do assunto tratado neste módulo. Fique atento aos prazos das atividades que serão colocados no ar. Recorra, sempre que possível, às videoaulas e ao PowerPoint narrado para tirar eventuais dúvidas sobre o conteúdo textual. Participe do fórum de discussão proposto para o tema. No seu tempo livre, procure pesquisar as fontes do material complementar. Além disso, pesquise o máximo que puder sobre o tema Magmatismo e Rochas Ígneas. Há inúmeros conteúdos na internet, por exemplo, que são bastante úteis para o seu estudo e para a sua formação profissional. A Unidade tem por objetivo analisar os principais aspectos que envolvem o vulcanismo e a formação das rochas ígneas, ou magmáticas, intrusivas e extrusivas. Demonstrar a relação que existe entre as formas da superfície e a dinâmica interna, considerada formadora, e os agentes externos, considerados modeladores das rochas ígneas. Magmatismo e Rochas Ígneas · Introdução · Rochas Ígneas Plutônicas ou Intrusivas · Rochas ígneas Vulcânicas, Efusivas ou Extrusivas · Rochas Hipabissais · Vulcanismo 6 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Contextualização Dependendo da temperatura, da textura do magma, da espessura da crosta terrestre e da intensidade do vulcanismo, a forma dos vulcões varia significativamente. A seguir, você pode observar uma classificação dos tipos mais gerais de vulcões encontrados na superfície terrestre. Fonte: Encyclopedia Britannica, Inc. 7 Introdução Entende-se por rocha, os agregados de minerais naturais. A partir disso, é sabido que as rochas ígneas, ou magmáticas, são formadas pelo arrefecimento, ou esfriamento, e consequente solidificação (cristalização) do magma anteriormente fundido. Durante o processo de resfriamento ocorre a inversão da fusão, resultando na cristalização, isto é, a recombinação dos átomos, anteriormente difusos, em arranjos ordenados, ou cristais. O meio e o tempo que estas rochas levam para cristalizar (reação de Bowen) são os principais parâmetros para a distinção inicial das rochas ígneas, pois determinam as propriedades da rocha, como a granulação dos cristais. Tal diferenciação apresenta dois tipos: as rochas ígneas plutônicas ou intrusivas, e as vulcânicas, efusivas ou extrusivas. Esta diversidade manifesta-se de forma bastante variável, como é possível observar na Figura 1. Figura 1 – Manifestações físicas das rochas ígneas Fonte: harrimanrocks.rutgers.edu 8 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Rochas Ígneas Plutônicas ou Intrusivas A característica mais importante das Rochas Ígneas Intrusivas é o fato de arrefecerem lentamente e a grandes profundidades. Tal particularidade faz dessas rochas, agregados de minerais com cristais bem formados e opticamente reconhecíveis (faneríticas). Minerais constituintes das Rochas Ígneas Intrusivas Em geral, nas rochas deste tipo, os minerais predominantes e o seu percentual médio de ocorrência são: • O feldspato (59%) – pode ocorrer em diversas cores, mais comumente, o vermelho e o branco. • Piroxênios e anfibólios (16%) – são cristais cristalizados antes ou durante a erupção do magma. • O quartzo (12%) – pode aparecer em forma cristalina ou amorfa (mais comum) em diversas cores e em diferentes tons e tamanhos. • Minerais acessórios (7%) – alumínio, ferro magnésio, cálcio, sódio, potássio etc. • A mica (3,8%) – Pode aparecer na forma de biotita (preta) e muscovita (branca). A sequência da cristalização tem a ver com a quantidade de óxido de silício, ou sílica (SiO2), presente no mineral. Assim, o processo tem início com os minerais acessórios. Em seguida, é cristalizada a mica, seguida pelo feldspato e por fim o quartzo. O fato de o quartzo ser o último a se cristalizar faz dele um mineral amorfo, raramente, um cristal; ao contrário dos anteriores, que têm cristais bem formados. São exemplos de Rochas Ígneas Intrusivas o granito, o sienito, o diorito, o gabro, o peridotito entre outros. A Figura 2 é um exemplo de granito róseo. Figura 2 – Granito róseo com minerais primários Fontes: agrega.educacion.es, lh3.ggpht.com, Wikimedia Commons Note na Figura 2, que os três minerais constituintes são observados: a biotita, o feldspato (rosa) e o quartzo (transparente). Um aspecto que marca profundamente as Rochas Ígneas Intrusivas é o elevado teor em sílica (SiO2), com minerais acessórios do tipo: alumínio, ferro magnésio, cálcio, sódio e potássio ocorrendo de forma menos expressiva. Como as rochas do tipo aqui tratado ocupam a porção majoritária da superfície da Terra, este elemento pode ser considerado o mais abundante existente. 9 O afloramento das Rochas Ígneas Intrusivas em superfície se dá pela completa, ou parcial erosão do material sobrejacente, sem o qual elas permaneceriam oclusas. Em geral estas rochas formam imensos corpos plutônicos que, dependendo da sua forma, extensão e profundidades são classificados como batólitos, lacólitos, facólitos e stocks (Figura 1). Boa parte das terras emersas da superfície terrestre é sustentada por estruturas graníticas de gigantescas dimensões, denominadas escudo ou embasamento cristalino. Estas rochas têm entre 570 milhões a 3,5 bilhões de anos (períodos Pré-Cambriano e Proterozoico) o que as coloca entre as mais antigas. Em parte, estas rochas foram metamorfisadas devido aos movimentos crustais ocorridos após a sua cristalização, o que as transformou em rochas metamórficas. A situação do escudo ou embasamento cristalino está representada na Figura 3. Figura 3 – Grandes domínios geológicos da crosta terrestre Fonte: Wikimedia Commons No Brasil, o escudo cristalino manifesta-se em praticamente três unidades numeradas na Figura 3. Em 1, temos o Escudo das Guianas; em 2, o Escudo Brasil Central; e em 3, o Escudo Atlântico. Nesses domínios estão concentradas as maiores reservas de minerais metálicos e minérios em geral. A morfologia destes terrenos apresenta-se bastante desgastada devido ao longo período geológico em que permaneceu exposta à erosão. Isso resultou em altitudes bastante modestas, no geral. Em termos de percentual de ocorrência, o embasamento cristalino mais antigo, ocupa cerca de 36% da superfície em que se encontra o Brasil. Os outros 64%, são ocupados por bacias sedimentares, mais recentes, já que estas recobrem aquele. 10 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Rochas ígneas Vulcânicas, Efusivas ou Extrusivas Este tipo de rocha é formado devido ao esfriamento mais rápido e mais próximo, ou sobre, a superfície terrestre; a partir dos derrames de material magmático, graças às correntes de convecção que, devido às fortes pressões e calor, rompem a crosta e despejam o magma sobre a superfície sendo, a partir deste instante, denominado de lava (Figura 4). Figura 4 – Lava sendo expelida pelo “Respiro de Pu’u O’o, do Vulcão Kilauea, Havaí - EUA Fonte: hvo.wr.usgs.gov A lava em contato com a água dos oceanos, dos rios e lagos, ou com o ar, esfria e cristaliza-se rapidamente. Por este motivo, as rochas extrusivas apresentam granulação fina ou irreconhecível do ponto de vista óptico (afaníticas). Minerais constituintes das Rochas Ígneas Extrusivas Os minerais comumente encontrados nas Rochas Ígneas Extrusivas são a olivina – mineral dos mais abundantes na superfície, da família dos neossilicatos, ocorrendo na forma de silicatos de magnésio e ferro –, além dos piroxênios e os feldspatos. São Rochas Ígneas Vulcânicas: o basalto, o riolito, o traquito, o andesito, o picrito, a pedra-pome, ou púmice, a obsidiana. Algumas Rochas Ígneas Extrusivas como a pedra-pome são extremamente porosas e de baixíssima densidade, pois foram resfriadas em um ambiente com presença excessiva de gases produzidospelo vulcanismo. Outro caso que deve ser mencionado é o das Rochas Ígneas Vulcânicas como a obsidiana e o riolito vítreo. Estas rochas resfriaram tão instantaneamente que não formaram cristais. Sua aparência é a de uma massa opaca, homogênea e extremamente lisa e brilho sedoso. Por este motivo são chamadas de vidro vulcânico (Figura 5). Figura 5 Vidro vulcânico (obsidiana) Fonte: Wikimedia Commons 11 Rochas Hipabissais As Rochas Hipabissais são aquelas originadas em subsuperfície, quando o magma emergente penetra na porosidade (planos de estratificação, falhas, fraturas, diáclases etc.) da rocha sobrejacente e pré-existente denominada de encaixante. O resfriamento e a solidificação das rochas hipabissais produz uma série de feições (Figura 1), como os corpos tabulares de cristalização fina, denominados diques (dikes), quando são predominantemente verticais, e soleiras (sills), quando coincidem com os planos de estratificação horizontal das rochas encaixantes. Após longos processos morfodinâmicos, tanto os diques quanto as soleiras podem aflorar à superfície. O contato abrupto, a diferença de coloração e textura, além do resultado da erosão diferencial na descontinuidade com a rocha encaixante, caracterizam os corpos hipabissais (Figura 6). Figura 6 – Corpo hipabissal do tipo dique, Na Escócia, RU Fonte: Wikimedia Commons Em outros casos, ocorrem os resfriamentos do magma residual ao longo do duto que leva à cratera do vulcão, formando os pescoços (necks) vulcânicos. A erosão da rocha que envolve o magma solidificado pode exibi-lo em superfície, situação que vai promover, também, a sua deterioração física e química. Além desses, ocorrem os tubos (pipes) de lava que podem ser esvaziados após cessar a pressão vulcânica. Este processo é responsável pela formação de condutos subterrâneos, tipo cavernas, com comprimentos consideráveis, como o sistema de tubos de lava denominado Kazumura, na encosta do vulcão Kilauea, no Havaí, EUA. A cavidade soma 65,5 km de dutos horizontais e 1,1 km de profundidade, o que a coloca como o maior tubo de lava do mundo. As rochas de origem ígneas constituem cerca de 95% do volume total da crosta (se incluirmos as metamórficas que têm origem magmática, as quais analisaremos em seguida), aflorando em 25% da superfície. Este valor pouco expressivo é devido ao fato de as rochas ígneas serem sobrepostas pelas rochas sedimentares que, ainda que correspondam a apenas 5% do volume total da crosta, cobrem 75% da superfície da Terra. 12 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Vulcanismo Os processos que levam à formação das Rochas Ígneas Extrusivas envolvem uma série de fenômenos que podem ser concebidos como vulcanismo. Ou, nas palavras de Leinz e Amaral (1998) (...) o termo vulcanismo aborda todos os processos e eventos que permitam, e provoquem a ascensão de material magmático juvenil do interior da terra à superfície. O vulcanismo é resultado das dinâmicas que ocorrem na astenosfera, abaixo da crosta, mas que afetam diretamente a esta. As pressões internas promovem a ascensão do magma através de fissuras pré-existentes nas rochas sobrejacentes, até que estas deem vazão à pressão, sendo os canais de despejo de magma na superfície. Há diversos tipos de manifestações vulcânicas decorrentes do comportamento do magma e das rochas encaixantes. Vulcanismo Fissural Este tipo de vulcanismo produz os chamados derrames de lava fluida sobre a superfície após ser expelida por profundas fissuras nas rochas. A Bacia do Paraná, na porção centro-sul do Brasil, foi palco de um dos maiores derrames de lava da história geológica da Terra, cobrindo cerca de 1.200.000 km². Há cerca de 130 milhões de anos, um episódio denominado reativação Wealdeniana, produziu um intenso derrame de lava, conhecido como Derrame de Trapp, sobre os sedimentos paleozoicos da atual superfície que compreende o centro-sul do Brasil, e sendo, a partir daí, intercalado a depósitos sedimentares, principalmente arenitos, depositados posteriormente. Este fenômeno ocorreu durante a divisão do antigo supercontinente Gondwana, nos atuais continentes do Hemisfério Sul, e é responsável pela formação do Planalto Meridional, associado à Bacia Sedimentar do Paraná (Figura 7). Figura 7 – Bloco diagrama da Bacia do Alto Paraná Fonte: Ab’Saber, 1954 13 Outra manifestação de derrame fissural e de extrema importância para a configuração da superfície da Terra é aquele que resulta na expansão do assoalho dos oceanos e forma as crostas oceânicas. Coube ao geofísico da Universidade de Princeton – EUA, William Jason Morgan, estabelecer, em 1960, a prova comprobatória da expansão do assoalho oceânico por meio da correlação entre as anomalias magnéticas de polaridade alternada, nas rochas coletadas em ambos os lados da Dorsal Mesoatlântica (Figura 8). Figura 8 – Anomalias magnéticas no assoalho oceânico atlântico: a) cerca de 5 milhões de anos; b) cerca de 2 ou 3 milhões de anos; c) atualidade. Fonte: Wikimedia Commons O mapeamento do assoalho do Oceano Atlântico resultou em um escalonamento de derrames que alcança a impressionante marca de 180 milhões de anos (Figura 9). Figura 9 – Idades (em milhões de anos) do assoalho do Oceano Atlântico Fonte: Adaptado de Teixeira et al. (2009, p. 84) A combinação entre a datação das amostras coletadas e de medições radiométricas diversas, observadas na Figura 8, deu a dimensão sobre a expansão de todos os assoalhos oceânicos que compõem a superfície. O modelo que descreve o processo de expansão do assoalho oceânico pode ser observado na Figura 10, chamado de rift. 14 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Figura 10 – Expansão do assoalho oceânico por corrente de convecção divergente Fonte: Tasa Graphic Arts Na Figura 10, podemos observar a dinâmica paisagística que as correntes de convecção ascendentes de movimento divergente promovem. Em “a” tem início a pressão da astenosfera sobre a crosta, com a o aparecimento dos primeiros sinais de fraturamentos do terreno, expondo e sobrecarregando a plasticidade da crosta neste local (Hot Spot), ou ao longo de uma linha, com fortes atividades sísmicas. Em “b”, tem início a ruptura da plasticidade da crosta ou o rifteamento e a abertura do continente, com aumento da intensidade da atividade sísmica e vulcânica fissural. É importante observar que as marcas do rifteamento permanecem nas duas margens separadas. No Brasil, a Serra do Mar compreende os sinais do grande processo de rifteamento ocorrido a cerca de 200 milhões de anos e que separou a América do Sul e a África. Situação que já havia sido sugerida desde o século XVI, mas não comprovada. Em “c”, os continentes já apresentam um afastamento considerável. No lugar da superfície continental, o magma que emerge conduzido pela corrente de convecção, ao entrar em contato com o ar ou com a água, solidifica-se e passa a formar o que denominamos de crosta oceânica basáltica. A crosta oceânica tem duas características básicas: • São formadas basicamente por basaltos mais densos; • São mais finas (5 a 15 km de espessura) que as crostas continentais, geralmente formadas por granitos e bem mais espessas e densas; O limite central da crosta oceânica torna-se uma dorsal, contendo uma fossa que recebe material magmático oriundo da corrente de convecção que empurra os dois lados da crosta em direções opostas, reconstruindo as duas margens da fossa central, com basalto solidificado. 15 Em “d” o estágio de expansão do assoalho ou crosta oceânica encontra-se bem mais avançado. A Dorsal Meso-Oceânica já está bem formada e bastante cisalhada pelo calor e pressão interna provenientes das correntes de convecção. O derrame fissural produz um tipo de feição conhecido como lava almofadada (pillow lava). São estruturas globulares formadas por pulsos de lava incandescente que entram em contato com a água fria. Rapidamente a camada mais externa do volume de lava esfria, formando um vidro vulcânico. Enquanto isso, alava interna que é isolada do frio, esfria mais lentamente gerando um basalto. Assim, forma-se um edifício destes corpos globulares no fundo dos oceanos, onde as fissuras liberam, aos poucos, o material proveniente do magma (Figura 11). Figura 11 – Erupção submarina por fissura com ocorrência de lava almofadada (pillow lava), no litoral do Havaí, EUA. Fonte: Wikimedia Commons Vulcanismo de erupção central Os vulcões são manifestações vulcânicas com formas relativamente cônicas e montanhosas, variando, significativamente, em termos de altura e extensão horizontal. Eles podem ser classificados, também, de forma muito relativa, em: ativos, adormecidos e inativos. Tal relatividade está ligada ao fato de que a atividade magmática que dá origem aos vulcões, pode ser muito dinâmica. Os vulcões, normalmente, estão associados às zonas de bordas convergentes das placas tectônicas e, assim como os sismos, são resultantes de forças endógenas de choque entre essas placas, o que promove a subducção da mais densa, em geral formada de basalto, sob a menos densa, em geral formada de granito. São os casos da Cordilheira dos Andes, Apeninos, Arquipélago do Japão etc.. Como toda regra tem exceções, nem todas as áreas do mundo onde há convergência e consequente subducção, há a ocorrência de vulcões. É claro que em ambos os casos veremos a ocorrência de sismos (Figura 12). 16 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Figura 12 – Dinâmica da crosta terrestre e zoneamento do vulcanismo Fonte: Wikimedia Commons A observação da Figura 12 permite constatar que os processos que levam à expansão do assoalho oceânico, também podem gerar vulcões submarinos em zonas de cisalhamento. É o caso dos arcos de ilhas oceânicas ou das ilhas espalhadas de forma difusa em Hot Spot (pontos de ascensão e fuga de magma), no Oceano Pacífico, sem nenhuma relação com as bordas das placas ou demarcando antigos limites destas. O território brasileiro apresenta feições similares. O arquipélago de Fernando de Noronha, as ilhas de Trindade e Martin Vaz e os rochedos São Pedro e São Paulo, são ilhas oceânicas brasileiras resultantes de vulcanismo central submarino. A importância das erupções é medida pelo Índice de Explosividade Vulcânica (VEI – Volcanic Explosivity Index), adotado internacionalmente. Ele é determinado pelo volume de material expelido e pela altura a que chega esse material e só se aplica a erupções explosivas. O maior VEI já registrado, de valor 8, foi a erupção do monte Toba, onde é hoje Sumatra, há 74.000 anos. A explosão formou um imenso lago de 84 km por 24 km de largura e deixou camadas de poeira de 46 cm de espessura no fundo do oceano a quase 2.500 km de distância. O VEI 7 corresponde à erupção de 1815, do vulcão Tamboro, na mesma zona de subducção do Toba. BRANCO (2014) O formato dos vulcões depende muito das características do magma que está logo abaixo da superfície. No caso do magma mais viscoso a forma do vulcão apresentará um cone de maior elevação, tendo vertentes mais declivosas e uma cratera com menor circunferência. Os vulcões formados sobre magma mais menos viscoso as formas serão mais suavizadas e as crateras mais largas. A Figura 13 apresenta a forma básica de um vulcão, as suas estruturas internas e os possíveis produtos de uma erupção. 17 Figura 13 – Erupção de vulcão, estrutura interna e produtos Fonte: Wikimedia Commons A estrutura do vulcão é formada pela câmara magmática que é o repositório de magma. Em condições de pressão excessiva, este magma é expelido pelo vulcão. O cone é o corpo de lava expelida e solidificada que se forma a partir das erupções subsequenciais. A chaminé é o canal por onde a lava passa, desde a câmara até a cratera, em uma erupção. As fumarolas são fissuras que exalam os gases e vapores produzidos pela atividade vulcânica. Dentre os produtos de uma erupção podemos reconhecer na Figura 13, o fluxo piroclástico formado pelas bombas vulcânicas, que são flocos de lava com dimensões superiores a 65 cm, lançados ao alto podendo solidificar antes de atingirem o solo. Além disso, o fluxo é composto pela nuvem de cinza. Um composto gasoso e particulado, expelido a elevadas altitudes e a grandes extensões do entorno do vulcão. A maioria dos desastres naturais envolvendo vulcões geraram perdas humanas e materiais, principalmente, devido à importância do fluxo piroclástico (nuvem piroclástica), e não, necessariamente, devido à lava em si. São inúmeros os casos históricos de regiões inteiras soterradas pelo fluxo. Uma das mais conhecidas e que se tornou um atrativo turístico, é a cidade de Pompeia, próxima à Nápoles, na Itália. Em 79 d. C. a cidade foi completamente soterrada após a explosão do vulcão Vesúvio (Figura 14). 18 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Figura 14 – Cratera do vulcão Vesúvio e o seu entorno densamente povoado nas proximidades de Nápoles, Itália. Fonte: Wikimedia Commons Após o adormecimento do vulcão, o entorno foi reocupado e a nova cidade foi sendo erguida sobre os sedimentos piroclásticos. A partir do século XVIII, os primeiros levantamentos arqueológicos na região começaram a desenterrar os artefatos e edificações atingidos. Em meio aos escombros, os arqueólogos se depararam com a cinza solidificada em formas humanas, por conta da população que foi pega de surpresa pelo fluxo piroclástico. Na atual área de visitação da cidade, formas em gesso representam a posição em que os corpos foram encontrados séculos depois de terem sido soterrados e, praticamente, pulverizados pelo calor. Outro tipo de feição bastante recorrente na literatura é o tipo de derrame denominado como lava encordoada, bastante comum no Havaí. Como os vulcões havaianos são muito ativos, eles despejam toneladas de lava deste tipo; denominada pela língua local de Pahoehoe (macia). Conforme a lava vai se distanciando da cratera, ela vai perdendo a plasticidade tornando-se mais viscosa e quebradiça. Trata-se do tipo ‘A’a’ (pedregosa). A Figura 15 apresenta os dois tipos de lava descritos. Figura 15 – Em cima, derrame de lava do tipo pahoehoe. Abaixo. Lava A’a’, Havaí, EUA Fonte: Wikimedia Commons 19 Erupções vulcânicas e o meio ambiente A atividade vulcânica tem efeitos sobre o ambiente natural e socioeconômico. Isso porque, os vapores, os gases e o material particulado, expelidos durante as explosões vulcânicas, tendem a ser agregados aos outros componentes existentes na atmosfera. Um dos efeitos mais significativos que a atividade vulcânica gera é denominado de neblina seca: uma densa massa de resíduos aéreos, parcialmente condensada, e contendo elementos tóxicos, ácidos e particulados, que afetam a visibilidade de modo geral, alterando tanto a intensidade da radiação solar, quanto às taxas de precipitação. No ano de 1991, o vulcão Pinatubo, localizado na Ilha Luzon, nas Filipinas entrou em erupção (Figura 16). O evento produziu cerca de 800 mortes humanas e perdas de diversos ecossistemas tropicais. Figura 16 – Fluxo piroclástico expelido pelo vulcão Pinatubo Fonte: volcanocafe.files.wordpress.com Além de afetar diretamente a vida, o Pinatubo produziu efeitos realmente globais. A explosão alcançou a altitude de 10 km e lançou na atmosfera milhões de toneladas de partículas sólidas, gases e vapor. Acredita-se que a temperatura global tenha caído cerca de 0,5°C e as chuvas tenham elevado a sua acidez por semanas, devido à influência que a explosão do Pinatubo causou na atmosfera. Como vimos, tanto o vulcanismo como as rochas e a morfologia gerada por ele, estão muito presentes no nosso dia-a-dia. Muito embora não tenhamos vulcões ativos no Brasil e a atividade sísmica seja de pequena expressão, muito do que ocorre de vulcanismo na superfície terrestre, implica direta ou indiretamente no nosso modo de vida. 20 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Material Complementar Sites: Sobre o embasamento cristalino: http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=23 Serviço geológicodo Brasil: http://www.cprm.gov.br/ Glossário de termos geológicos do Serviço Geológico do Paraná: http://www.mineropar.pr.gov.br/modules/glossario/conteudo.php?conteudo=A Glossário Geológico Ilustrado (SIGEP): http://sigep.cprm.gov.br/glossario/index.html Enciclopédia multimídia de minerais e rochas: http://www.rc.unesp.br/museudpm/banco/ Sociedade brasileira de Geologia: http://www.sbgeo.org.br/ 21 Referências BRANCO, P. M. Vulcões. Versão eletrônica, 2014. Disponível em http://www.cprm.gov.br/ publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=1108&sid=129. Acessado em: 17/11/2014 LEINZ, V. e AMARAL, S. E. Geologia Geral. 13ª Edição revisada. Ed. Nacional. São Paulo, 1998. POMEROL, C; LAGABRIELLE, Y; RENARD, M; GUILLOT, S. Princípios de Geologia: Técnicas, Modelos e Teorias. 14 Ed. Bookman. Porto Alegre, 2013. PRESS, F, SIEVER R.,GROTZINGER, J. & JORDAN, T. H. Para Entender a Terra. 4 edição. Eitora Bookman. Porto Alegre, 2006. TEIXEIRA, W. et al. Decifrando a Terra. Companhia Editora Nacional São Paulo, 2009. 22 Unidade: Magmatismo e Rochas Ígneas Anotações
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