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vontade e determinação que podem ser resumidas numa única palavra: intuição. É um momento de concentração em que ele trabalha o conjunto de todos os ambientes. Com seu traço pessoal, ele desenha um edifício como um todo. Alguns autores chamam a isso de empatia e outros de criação artística. O mesmo programa de necessidades, quando trabalhado em termos de projeto de arquitetura, difere de arquiteto para arquiteto. Cada um organiza, interpreta e expressa o programa a seu modo, num todo coerente, isto é, num conjunto articulado de diferentes ambientes do trabalho pedagógico, ou seja, numa unidade educativa. É nesse instante que a arquitetura do prédio escolar se humaniza, Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - Edifício Escolar 67 Nesse momento, o arquiteto procura compreender o programa de necessidades e, ao mesmo tempo, o terreno no qual será implantada a edificação escolar. Uma de suas primeiras ações é a visita ao terreno, quando o arquiteto examina o solo, a declividade, a vegetação, os acessos e o entorno. Colhe informações sobre o regime de chuvas, a densidade do solo, a direção e a frequência dos ventos. Nessa fase de trabalho, o arquiteto começa a conceber as primeiras imagens do edifício. Depois, quando ele se debruça sobre a organização do programa, passa a agir de forma disciplinada e com a consciência dos requisitos técnicos para o funcionamento desimpedido de todas as atividades escolares. Para transformar as informações técnicas em projeto de arquitetura, o arquiteto utiliza-se de esquemas gráficos, isto é, de desenhos simplificados. Tais esquemas são também conhecidos como “estratégias mentais de elaboração do projeto”. Acreditamos que os funcionários das escolas, se informados dessas estratégias operacionais do projeto de arquitetura, poderão participar ativamente do planejamento físico da escola e colaborar mesmo no aperfeiçoamento da arquitetura escolar. b) O segundo momento refere-se ao sensível, afetivo e interativo. Nele, o arquiteto possui uma margem de liberdade. Pode desenhar o projeto de arquitetura de forma bem pessoal, utilizando-se de rabiscos do projeto, de “desenhos imprecisos“, quando o arquiteto se desliga momentaneamente das contingências práticas e funcionais do programa de necessidades físicas e desenha o prédio com base na sua visão de mundo. Esse esforço pessoal do arquiteto é carregado de emoção, sentimento, vontade e determinação que podem ser resumidas numa única palavra: intuição. É um momento de concentração em que ele trabalha o conjunto de todos os ambientes. Com seu traço pessoal, ele desenha um edifício como um todo. Alguns autores chamam a isso de empatia e outros de criação artística. O mesmo programa de necessidades, quando trabalhado em termos de projeto de arquitetura, difere de arquiteto para arquiteto. Cada um organiza, interpreta e expressa o programa a seu modo, num todo coerente, isto é, num conjunto articulado de diferentes ambientes do trabalho pedagógico, ou seja, numa unidade educativa. É nesse instante que a arquitetura do prédio escolar se humaniza, se educa a si mesma. Não nos iludamos: a construção e, sobretudo, a administração das atividades escolares possuem faces desumanas. Mas, não é só ao arquiteto que compete infundir o conteúdo humano da arquitetura. A comunhão entre o trabalho desse profissional e a participação dos futuros ocupantes do prédio ajuda enormemente a humanização da arquitetura e, porque não dizer, da pedagogia. Escola Cardoso de Almeida, Botucatu-SP. “A educação e a arquitetura evoluem com o tempo”. Fonte:FDE-SP.http://www.fde.sp.gov.br/Portal_FDE/Escola_Destaque/Principal/Escolas_ Dados.asp?id_esc=014734 – acessado em 24/10/2007. Neste caderno, aprofundamos a discussão do primeiro momento, mas não deixamos de lado o segundo. Entreviste pessoalmente na sua cidade ou por meio da internet, utilizando o portal do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB) ou do sindicato de arquitetos, um(a) arquiteto(a) que tenha elaborado projeto de arquitetura de escola e procure saber sua opinião acerca de sua qualidade. Para formular as perguntas da entrevista, leve em consideração o texto 2.2 2.3 Atividades Pedagógicas, Planejamento das Instalações Prediais e Uso do Espaço O passo inicial com relação ao momento reflexivo do arquiteto é a forma como ocorrem as relações entre as atividades pedagógicas e as instalações prediais (bloco, salas, quadras etc.) e não prediais (terrenos, jardins, pomares etc.) da escola. Teorias do Espaço EducativoRede e-Tec Brasil 68 O passo seguinte é compreender a utilização do espaço. A nós interessa outra dinâmica em jogo: a conciliação dos conflitos que ocorrem, de um lado, entre as práticas educacionais dos diferentes protagonistas do trabalho pedagógico e, de outro, entre elas e o ambiente escolar (instalações prediais e não prediais). O planejamento da escola visa, sobretudo, a atender a demanda por espaços exigidos pelas atividades educacionais com recursos naturais (sol, chuva, ventos), construtivos (técnicas e materiais de construção – insumos locais e industrializados) e financeiros (orçamentos disponibilizados para construções). Se o planejamento se resumisse unicamente a atender a essas demandas, não haveria muitos problemas com as edificações escolares. Entretanto, outro aspecto, não menos importante e que devemos levar em conta, é o próprio interesse do planejador, no nosso caso o arquiteto, daqueles que o contratam e, ainda, de seus superiores (secretários de educação, prefeitos, governadores etc.). Muitas vezes, tais interesses entram em conflito com os dos agentes envolvidos diretamente com o trabalho pedagógico, incluindo vocês, funcionários que trabalham com a conservação, a manutenção do edifício escolar e outras atividades chamadas “de apoio escolar”. Então, para que os funcionários possam mudar sua condição de agentes indiretos ou subalternos para a de agentes diretos, derivada de sua condição de educadores profissionais, adotaremos um ponto de partida: a verificação de como são realizados os projetos de arquitetura da escola tendo em vista o trabalho pedagógico. Como frisamos anteriormente, essa prática vai além do relacionamento de atividades com ambientes escolares. O arquiteto procura, entre outras coisas, impregnar de significado, determinação e vontade a arquitetura por ele elaborada. Assim, ele manifesta aos outros sua visão de mundo, formada em seu curso universitário e aperfeiçoada O que o arquiteto busca com o planejamento do espaço na escola? Rede e-Tec BrasilUnidade 2 - Edifício Escolar 69 ao longo de sua vida profissional. No rol dos significados possíveis da arquitetura devemos considerar tanto a relação da arquitetura do prédio escolar com as tradições da população local quanto seu compromisso com o trabalho pedagógico. Estamos falando da aparência física externa e interna (fechada, acabamentos, cores etc.), bem como da organização e da disposição do prédio escolar e dos demais componentes físicos (áreas abertas, quadras, jardins e pomares) no terreno. Escola indígena YAWANAWÁ no Acre. “ O que nos lembra esta escola?” Foto: Carlos Lemos. Podemo-nos perguntar: para que serve a educação? Qual é sua finalidade? Qual sua relação com o prédio e as demais instalações físicas da escola? E de que forma o arquiteto se utiliza dessas respostas ao projetar as instalações físicas da escola e ao planejar a ocupação de seu terreno? A partir dessa última pergunta, tecemos alguns comentários a respeito das relações que há entre a educação e a arquitetura escolar. Para tanto, focamos na ação de projeto do arquiteto as operações mentais e os referenciais históricos presentes no patrimônio cultural dos bens arquitetônicos e artísticos, nacionais e internacionais. O arquiteto , quando aprende a elaborar projetos de edificações nas Teorias do Espaço EducativoRede e-Tec Brasil 70 escolas de arquitetura e urbanismo, trabalha com dois mecanismos