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Direito Constitucional

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Direito Constitucional 
Professor: Ricardo Macau
Incorporação de Tratados Internacionais no Direito Brasileiro
O tema hierarquia de tratados internacionais no direito brasileiro foi objeto de definição, em grande medida, pela jurisprudência do STF. Há um único dispositivo na CF 88 que trata especificamente do assunto: é o Art. 5º, parágrafo 3º, da CF 88, incluído pela EC 45/2004 (Reforma do Judiciário).
No Brasil, os Tratados ou Convenções internacionais podem apresentar três status hierárquicos distintos, a depender da matéria do tratado e do procedimento de votação para a sua incorporação ao direito brasileiro:
1. Equivalência de Emenda Constitucional: 
Único status previsto expressamente na CF (Art. 5º, parágrafo 3º).
Art. 5º, § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, por 3/5 dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais. 
Assim, os requisitos são:
· O tratado deverá versar sobre direitos humanos;
· Votação: o tratado deverá ser votado pelo Congresso Nacional conforme a regra “2235”.
A doutrina entende que esses tratados equivalentes às Emendas Constitucionais passam a integrar o chamado “Bloco de Constitucionalidade”, ou seja, o conjunto de normas formado pela CF de 1988 e pelos tratados internacionais equivalentes às emendas constitucionais.
Atenção! Os tratados de direitos humanos aprovados pela regra “2235” não podem ser considerados emendas constitucionais, haja vista que não alteram formalmente a redação da CF. São apenas equivalentes hierarquicamente às emendas constitucionais, por isso integram o denominado “Bloco de Constitucionalidade”.
Desde o advento da EC 45/2004, apenas um único tratado internacional foi incorporado ao direito brasileiro com status, equivalência ou hierarquia de emenda constitucional: Convenção Internacional sobre direitos das pessoas com deficiência e seu protocolo facultativo, assinado 2007 em NY. Incorporada ao nosso ordenamento somente em 2009, com o Decreto nº 6949/2009.
Observação: Parte da doutrina (Flávia Piovesan) denomina os tratados de direitos humanos com status de emenda constitucional de Tratados materialmente e formalmente constitucionais. 
2. Supralegalidade
Não está prevista expressamente na CF, tendo sido reconhecida pelo STF no ano de 2008, com o julgamento do RE 466.343.
Para o STF, será Supralegal o tratado internacional que cumprir um único requisito: conteúdo ou matéria deve versar sobre direitos humanos.
Atenção! Os tratados Supralegais não têm um procedimento especial de votação no Congresso Nacional, ou seja, são votados por maioria simples, em turno único, em cada Casa do Congresso. 
A Supralegalidade é uma posição intermediária entre a Constituição (ou “Bloco de Constitucionalidade”) e as leis federais. Deste modo, os tratados Supralegais são considerados infraconstitucionais, porém superiores às leis federais.
Neste sentido, a jurisprudência do STF entende que os tratados de direitos humanos anteriores à EC 45/2004 e os tratados de direitos humanos posteriores à EC 45/2004 que não foram votados pela regra “2235”, serão considerados Supralegais.
Observação: Ao julgar o RE 466.343, o STF entendeu que o Pacto de San José da Costa Rica, por ser um tratado Supralegal, revogou a legislação ordinária brasileira que regulamentava o artigo 5º, LXVII, da CF, em especial as leis brasileiras que previam em quais hipóteses o depositário infiel seria preso (ex. Decreto-lei 911/69).
CF, Art. 5º, LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do responsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; 
O RE 466.343 ocasionou a edição da Súmula Vinculante nº 25 do STF, cujo teor determina que é ilícita (e não inconstitucional) a prisão civil do depositário infiel, qualquer que seja a modalidade de depósito.
Assim, embora a CF 88 traga a previsão de prisão civil do depositário infiel, esta prisão não pode ocorrer porque o Pacto de San José da Costa Rica, por ser Supralegal, revogou a legislação brasileira que regulamentava o artigo 5º, 
LXVII, CF. 
Observação: A doutrina (Flávia Piovesan) emprega o artigo 5º, parágrafo 2º da CF 88, que prevê que tratados internacionais podem criar novos direitos fundamentais para denominar os Tratados Supralegais de Tratados Materialmente Constitucionais. 
3. Equivalência de Lei Ordinária Federal
De acordo com a jurisprudência do STF firmada em 1977, no julgamento do RE 80.004, os tratados internacionais em geral terão status de lei ordinária federal. 
Assim, conclui-se que serão considerados equiparados à lei ordinária federal os tratados cujo conteúdo não verse sobre direitos humanos.
Pegadinha! Ao julgar a ADI nº 1480, o STF entendeu que no Brasil nenhum tratado internacional pode ser equivalente à lei complementar. Caso um tratado internacional verse sobre matéria que a CF exige lei complementar será considerado formalmente inconstitucional, em virtude de violação da chamada cláusula de reserva de lei complementar.
RESUMO 
PIRÂMIDE DO ORDENAMENTO
· CF + TDHEC (Bloco de Constitucionalidade)
· Supralegalidade (TDH)
· Tratados equivalentes à lei ordinária (não versam sobre direitos humanos)
Etapas para a incorporação de Tratados no direito brasileiro
Coube à jurisprudência do STF definir as 04 etapas exigidas pela ordem constitucional brasileira no tocante à incorporação de Tratados internacionais no direito brasileiro.
Ao julgar a ADI nº 1480, o STF definiu que a incorporação de tratados internacionais no Brasil é um ato subjetivamente complexo, pois exige a conjugação de duas vontades homogêneas.
A primeira é a vontade do Presidente da República; a segunda, a vontade do Congresso Nacional.
· 1ª Etapa: Negociação e Assinatura
Compete ao Presidente da República celebrar tratados internacionais, conforme dispõe o art. 84, VIII, CF.
A assinatura é o ato formal que coloca fim às negociações. Depois da assinatura, os Estados signatários não mais poderão alterar a redação do tratado ou convenção.
Caso um Estado que tenha assinado o tratado não deseje cumpri-lo por completo poderá formular reservas.
Observação: As reservas são atos por meio dos quais um Estado soberano não se vincula a partes específicas de um tratado.
A competência do Presidente da República para celebrar tratados internacionais é uma competência indelegável.
As competências privativas do Presidente da República que admitem delegação estão previstas no artigo 84, parágrafo único, CF, o qual não prevê a delegação da competência em questão.
· 2ª Etapa: Referendo, Resolução ou Decisão Definitiva ou Aprovação pelo Congresso Nacional
O art. 49, I, CF, prevê que compete exclusivamente ao Congresso Nacional resolver definitivamente sobre tratados, acordos ou atos internacionais que acarretem encargos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacional.
Ao atuar nesta etapa, o Congresso Nacional expede um decreto legislativo que tem a finalidade de autorizar o Presidente da República a RATIFICAR futuramente o tratado internacional.
Observação: Ao atuar no referendo do tratado, o Congresso Nacional não pode alterar a redação do tratado. No máximo, poderá aprová-lo com restrições, as quais serão convertidas em reservas pelo Presidente da República no momento futuro da ratificação do tratado.
· 3ª Etapa: Ratificação do tratado pelo Presidente da República
A ratificação do tratado é competência do Presidente da República porque se insere nas atribuições previstas no artigo 84, VIII, CF (competência para celebrar tratados).
A ratificação é a última etapa que permite a formulação de reservas pelo Estado brasileiro.
· 4ª Etapa: Promulgação interna do Tratado
Segundo o STF, os tratados são promulgados internamente mediante decreto presidencial. 
A promulgação do tratado é o ato por meio do qual o tratado é incluído no ordenamento jurídico brasileiro.
Para o STF, o decreto presidencial referido tem 03 atribuições:
a) Confere promulgação interna ao tratado;b) Confere publicação interna ao tratado;
c) Confere executoriedade interna ao tratado
Competências do Poder Legislativo em matéria de relações exteriores (CF, Artigos 49, 51 e 52)
Nos termos do artigo 44, caput, CF, o Poder Legislativo da União é exercido pelo Congresso Nacional, o qual é composto por duas Casas legislativas (bicameralismo): Câmara dos Deputados e Senado Federal.
Ao analisar o artigo 51 da CF, conclui-se que a Câmara dos Deputados não tem nenhuma competência privativa no âmbito das relações exteriores.
O artigo 52, IV e V, CF, permite identificar que o Senado Federal tem duas competências no tocante às relações exteriores:
a) IV - Aprovar previamente, em sessão secreta, após argüição secreta, a escolha dos chefes de missão diplomática permanente (embaixadores).
b) V – Autorizar as operações externas de caráter financeiro de interesse da União, Estados, DF, Municípios e Territórios.
O artigo 49, I, II e III da CF evidencia que compete ao Congresso Nacional atuar na maior parte dos temas que envolvem relações exteriores:
a) I – Competência para resolver definitivamente sobre tratados onerosos ao patrimônio nacional.
b) II – Prevê duas competências do Congresso Nacional:
b.1) Competência para autorizar o Presidente da República a declarar a guerra e celebrar a paz. 
Cuidado! O artigo 84, XIX e XX, CF, determina que no caso de declaração de guerra e de celebração de paz o Congresso Nacional poderá tanto autorizar previamente quanto referendar tais atos. O referendo ocorrerá se houver recesso legislativo.
b.2) Competência para permitir que tropas estrangeiras transitem ou permaneçam temporariamente no território nacional.
Atenção! O artigo 84, XXII, CF, prevê que o Presidente da República tem competência para, nos casos previstos em lei complementar, permitir que forcas estrangeiras transitem ou permaneçam temporariamente no território nacional.
c) III – Prevê que o Congresso Nacional deverá autorizar viagens ao exterior do Presidente e Vice Presidente da República por período superior a 15 DIAS.
Incidente de deslocamento de competência (IDC)
O IDC foi introduzido no direito brasileiro pela Emenda Constitucional 45/2004. A sua finalidade é viabilizar o deslocamento da competência para julgar inquérito ou processo, em qualquer etapa, da Justiça Estadual para a Justiça Federal. 
A partir da análise do artigo 109, parágrafo 5º, CF, é possível extrair a seguinte fórmula para compreender o IDC:
IDC = TDH + PGR + STJ
TDH: O IDC somente deverá ser ajuizado para garantir o cumprimento de tratados de direitos humanos.
PGR= Apenas o Procurador-Geral da República tem legitimidade para suscitar o IDC.
STJ= Compete ao STJ julgar o pedido de deslocamento de competência.
Constitucionalismo
O Constitucionalismo estuda a afirmação e consolidação do Direito Constitucional ao longo dos tempos. Em outras palavras, estuda o Direito Constitucional como ciência autônoma do Direito.
O marco inicial do Constitucionalismo contemporâneo ou moderno é a Constituição dos Estados Unidos da América de 1.787. Foi esta Constituição elaborada por representantes do povo americano no final do século XVIII, que definiu os dois conteúdos típicos do Direito Constitucional:
Obs. O Constitucionalismo não surgiu no século VIII. Os seus primeiros registros datam desde os povos hebreus. O paradigma de Constitucionalismo que temos hoje é que surgiu no século XVIII.
*Organização do Estado
- Princípio da separação dos poderes
- Forma federativa de Estado
- Forma republicana de governo
- Sistema presidencialista de governo
*Limitação do poder estatal
 - Direitos e garantias fundamentais
Etapas do Constitucionalismo 
O Constitucionalismo é, segundo a doutrina majoritária, dividido em 03 períodos históricos:
1º período - Constitucionalismo antigo ou clássico 
Nesta etapa do Constitucionalismo, o Direito Constitucional tinha uma única finalidade: organizar o poder estatal.
O primeiro registro histórico do Constitucionalismo antigo foi com o povo hebreu, que se organizou em torno de um líder. 
O ápice desse período do Constitucionalismo foi na idade média, com o surgimento do absolutismo.
2º período – Constitucionalismo moderno ou contemporâneo
Surgiu com a Constituição dos Estados Unidos de 1.787, e permite identificar dois escopos principais para o Direito Constitucional:
a) Organizar o Estado
b) Limitar o poder estatal
3º período – Neoconstitucionalismo
O Neoconstitucionalismo surgiu após 1.945, como uma resposta do Direito Constitucional ao holocausto nazista.
A principal proposta do Neoconstitucionalismo é interpretar a CF à luz de valores universais, a exemplo dos seguintes:
· Proteção integral do indivíduo
· Prevalência dos direitos humanos
· Promoção da justiça social
· Respeito aos postulados da ética
Tipologia da CF 1988
Com base na doutrina majoritária, podemos identificar 07 critérios principais para classificar a CF 88.
1. ALTERABILIDADE, MUTABILIDADE OU ESTABILIDADE
Quanto à Alterabilidade, a CF é uma Constituição do tipo RÍGIDA. Entende-se por Constituição rígida aquela que exige um procedimento solene e dificultoso de alteração, isto é, que não é alterada por meio da edição de leis. No Brasil, exige-se emenda constitucional para alterar a CF 88.
Obs. Emenda constitucional = Regra 2235
Atenção!
- Parcela minoritária da doutrina defende que a CF 88 seria Super-Rígida, porque teria cláusulas pétreas. O STF, entretanto, entende que as cláusulas pétreas podem ser alteradas por emenda constitucional. O art. 60, parágrafo 4º, CF, proíbe abolir cláusulas pétreas por emenda constitucional. 
- Somente a Constituição do Império de 1.824 não era rígida no Constitucionalismo brasileiro. 
- A Constituição do Império de 1.824 era SEMI-RÍGIDA ou SEMI-FLEXÍVEL, ou seja, uma parte era alterável por lei e a outra parte por emenda constitucional.
2. ORIGEM
Quanto à origem, a CF 88 é uma Constituição PROMULGADA. Entende-se por Constituição promulgada aquela que é criada com a participação da vontade do povo. O povo pode participar diretamente ou por meio de representantes.
A CF 88 foi elaborada por representantes do povo, que atuaram na Assembleia Nacional Constituinte.
3. FORMA
Quanto à forma, a CF 88 é ESCRITA.
Obs. A Inglaterra tem Constituição costumeira, consuetudinária ou não-escrita, o que significa que a maior parte das normas constitucionais é criada pelo costume. É possível, entretanto, existir algumas normas escritas esparsas na Constituição costumeira.
4. MODO DE ELABORAÇÃO
Quanto ao modelo de elaboração, a CF 88 é DOGMÁTICA. A Constituição dogmática é aquela elaborada de modo consciente por um órgão constituinte, que toma decisões a partir de dogmas da ciência política. 
Exemplo de dogma: Para evitar o Absolutismo, a Constituição deve ter dois dogmas, quais sejam, um amplo catálogo de direitos fundamentais e um sistema eficiente de separação dos poderes.
5. CONTEÚDO
Quanto ao conteúdo, a CF 88 é uma Constituição FORMAL, ou seja, é uma Constituição que traz dois tipos de normas constitucionais em seu conteúdo: 
a) Normas materialmente constitucionais-> Tratam de temas típicos de Direito Constitucional (organização e limitação do poder estatal – ex. artigo 5º, CF 88).
b) Normas formalmente constitucionais-> São normas que tratam de temas que poderiam estar previstos em leis ordinárias e complementares (ex. artigo 242, CF 88).
6. EXTENSÃO
Quanto à CF 88, a Constituição de 1988 é ANALÍTICA, pois tem grande dimensão textual.
7. FINALIDADE
Quanto à finalidade, a CF 88 é do tipo DIRIGENTE, pois traz as chamadas normas programáticas. As normas programáticas tratam de direitos sociais (ex. saúde, educação, moradia), e fixam metas governamentais para a implementação desses direitos. 
Teoria da Eficácia ou da Aplicabilidade das Normas Constitucionais
José Afonso da Silva elaborou a Teoria da Aplicabilidade ou da Eficácia das normas constitucionais com a finalidade de explicar qual era o principal fator que interferia na aplicabilidade ou na eficácia (produção de efeitos dasnormas constitucionais): o papel a ser desempenhado pelo legislador.
Para provar a sua teoria, José Afonso da Silva identificou 03 tipos de normas constitucionais quanto à eficácia:
1. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA PLENA
São as normas da CF 88 que não admitem a interferência do legislador. As normas constitucionais de eficácia plena têm aplicação direta, imediata e integral. 
Exemplos: artigo 228 da CF 88, que prevê a maioridade penal aos 18 anos de idade; artigos 21, 49 e 84 da CF88, que são normas constitucionais que fixam competências aos Poderes do Estado ou aos entes federados.
2. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA CONTIDA (OU RESTRINGÍVEL)
São as normas constitucionais que admitem a interferência do legislador, desde que o propósito do legislador seja restringir, reduzir, diminuir ou conter o alcance da norma constitucional.
Enquanto não for editada uma lei futura restritiva, a norma constitucional de eficácia contida produzirá todos os seus efeitos.
A norma constitucional de eficácia contida tem aplicabilidade direta, imediata, porém não integral, pois a qualquer momento poderá aparecer uma norma que restrinja o seu alcance.
Ex. CF, artigo 5º, XIII – É livre exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer.
3. NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA
São as normas constitucionais que exigem a interferência do legislador para que possam ser totalmente aplicadas no plano concreto. O legislador infraconstitucional é obrigado a editar leis regulamentadoras que explicam, detalham ou especificam as normas constitucionais de eficácia limitada.
A inércia do legislador em criar leis regulamentadoras de normas constitucionais de eficácia limitada configura a chamada inconstitucionalidade por omissão.
As normas constitucionais de eficácia limitada têm aplicação indireta, mediata e diferida.
Exemplo: CF, artigo 37, VII, que prevê o direito de greve dos servidores públicos civis, desde que observados os limites previstos em lei específica.
Observação: Para José Afonso da Silva, a maior parte das normas constitucionais de eficácia limitada pode ser agrupada em duas subespécies:
a) Normas Programáticas: São as normas da CF que trazem previsão sobre direitos sociais (ex. direito à saúde, educação, moradia, segurança pública). Para o Estado implementar esses direitos sociais, exige-se programas governamentais criados por lei regulamentadoras. Ex. CF, artigo 6º. 
b) Normas Institutivas: São as normas da CF que trazem previsão sobre órgãos públicos ou instituições públicas, que devem ser criados mediante lei regulamentadora pelo Estado. Ex. CF, artigo 125, parágrafo 3º. 
Pegadinhas!
1. Maria Helena Diniz entende que existem as chamadas Normas Constitucionais Absolutas, que seriam as cláusulas pétreas. Para ela, as cláusulas pétreas são normas da CF intangíveis, ou seja, que não poderiam sofrer nenhuma interferência, inclusive por parte de emenda constitucional. Hoje, o STF não acata este entendimento.
2. Para José Afonso da Silva, não existem normas constitucionais desprovidas de eficácia. Isto significa que todas as normas da CF 88, inclusive as normas constitucionais de eficácia limitada pendentes de regulamentação, produzem efeitos mínimos. A chamada eficácia mínima das normas constitucionais significa que todas as normas constitucionais são parâmetro para o controle de constitucionalidade de leis e demais atos normativos. Exemplo de eficácia mínima: Será declarada inconstitucional eventual lei que proíba o direito de greve dos servidores públicos.
Estrutura da CF 88
A CF 88 foi estruturada a partir de 03 partes bem delimitadas, a saber:
1. PREÂMBULO
Tem as seguintes características:
- Não prevê normas jurídicas
- Traz apenas valores que ajudam a interpretar as normas constitucionais
- Não é de reprodução obrigatória nas Constituições estaduais
- Exemplo: Caso da Constituição estadual do Acre, que não previu menção a Deus em seu preâmbulo e não foi declarada inconstitucional pelo STF.
2. CORPO DE TEXTO OU PARTE PERMANENTE
Corresponde à parte da CF 88 que abriga as normas constitucionais permanentes (artigo 1º ao 250). Tem as seguintes características:
- Traz previsão de normas jurídicas
- É parâmetro para o controle de constitucionalidade das leis e demais atos normativos
- Não há hierarquia entre as normas constitucionais, o que exige a interpretação harmônica de todas as normas constitucionais (Princípio da Unidade da Constituição)
3. ADCT (ATO DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS)
A finalidade do ADCT é permitir a transição do sistema constitucional anterior (Constituição de 1967/69) para o sistema da CF 88.
O ADCT tem todas as características do corpo de texto, exceto o fato de que as normas constitucionais do ADCT não são permanentes. Trata-se de normas constitucionais de eficácia exaurível.
Poder Constituinte
O Poder Constituinte tem duas atribuições:
1. Elaborar a Constituição-> Poder Constituinte Originário ou de Primeiro Grau.
2. Aperfeiçoar a Constituição-> Poder Constituinte Derivado ou de Segundo Grau.
Histórico da Teoria do Poder Constituinte
A teoria do Poder Constituinte foi idealiza por Emanoel de Sieyés, no século XVIII, na França, mais especificamente no período que antecedeu a Revolução Francesa.
Sieyés definiu os aspectos principais da teoria do Poder Constituinte ao publicar o livro chamado “Que é o Terceiro Estado?”.
A teoria de Sieyés fixou os seguintes aspectos sobre o Poder Constituinte:
a) O povo/nação é o titular do Poder Constituinte, e essa titularidade é inalienável.
b) O povo/nação tem o direito de revolução constitucional (o direito de criar uma nova Constituição) e poder exercê-lo a qualquer momento.
c) Não se pode confundir o Poder Constituinte (povo/nação) com os poderes constituídos (Executivo, Legislativo e Judiciário). 
Poder Constituinte Originário ou de Primeiro Grau
Trata-se do poder que cria a Constituição. A doutrina apresenta duas espécies de poder constituinte originário:
a) Originário Histórico-> É o poder que cria a primeira Constituição de um país.
b) Originário Revolucionário-> É o poder que cria as demais Constituições de um país.
A doutrina majoritária apresenta 06 características que definem o Poder Constituinte Originário:
1. Natureza política ou não jurídica: A criação de uma Constituição é resultado da confluência de uma série de fatores de índole histórica, social, cultural, econômica e política.
2. Poder Inicial: A criação de uma nova Constituição inaugura uma nova ordem jurídica.
· Observação! Com o advento de uma nova Constituição, as leis anteriores (direito pré-constitucional) serão recepcionadas pela nova Constituição apenas se apresentarem conteúdo compatível com a nova Constituição. Caso tenham o conteúdo incompatível com a nova Constituição, essas leis pré-constitucionais serão não-recepcionadas, isto é, sofrerão revogação tácita.
3. Poder juridicamente ilimitado: O Brasil é adepto da Teoria Positivista do Poder Constituinte Originário, o que significa que os chamados direitos naturais (ex. direito à vida) não são limites ao poder que cria a nova Constituição.
· Pegadinha! A doutrina defende que o Poder Constituinte originário deve observar os chamados limites metajurídicos, os quais correspondem a limites sociais, históricos, culturais. Esses limites metajurídicos são sintetizados no chamado Princípio da Proibição de Retrocesso Social.
4. Poder Autônomo: É o Poder Constituinte Originário (povo/nação) que decide de que modo irá elaborar a nova Constituição.
5. Poder Incondicionado: Não há um momento adequado ou específico para criar uma nova Constituição. É o povo/nação que toma essa decisão.
6. Poder Permanente: Ao criar uma nova Constituição, o Poder Constituinte Originário (povo/nação) entra em estado de latência, até o momento de criar outra Constituição.
Observação: Após a promulgação da CF 88, houve a dissolução da Assembleia Nacional Constituinte, que era o órgão que representava o Poder Constituinte (povo/nação).Poder Constituinte Derivado ou de Segundo Grau
É o poder que aperfeiçoa a Constituição. A doutrina apresenta três espécies de Poder Constituinte Derivado:
a) Derivado Reformador-> CF, Artigo 60. Elabora emendas constitucionais.
b) Derivado Decorrente-> ADCT, Artigo 11. Elabora e reforma as Constituições Estaduais.
Importante! Para o CESPE, o Poder Constituinte Derivado Decorrente não cria lei orgânica de Municípios e DF.
Derivado Revisor-> ADCT, Artigo 3º. Elaborou em 1993 as chamadas Emendas de Revisão, feitas de acordo com a seguinte regra: ER=REGRA 1112
ER=REGRA 1112
1= Turno único de votação ou sessão unicameral
1= No Congresso Nacional
12= Quorum de aprovação de maioria absoluta
A doutrina majoritária apresenta 05 características que definem as singularidades do Poder Constituinte Derivado:
1. Poder de natureza jurídica 
2. Poder não inicial
3. Poder juridicamente limitado
4. Poder não autônomo
5. Poder condicionado
Dica! Basta lembrar do oposto das 05 primeiras características do Poder Constituinte Originário.
Limites jurídicos à atuação do Poder Constituinte Derivado Reformador (CF, Artigo 60)
A doutrina identificou 03 tipos de limites à atuação do Poder de Emenda à Constituição (Derivado Reformador):
1º-> LIMITES CIRCUNSTANCIAIS (CF, Artigo 60, parágrafo 1º)
Não se pode emendar a CF 88durante a vigência de estado de sítio, estado de defesa ou intervenção federal.
2º-> LIMITES FORMAIS OU PROCEDIMENTAIS
Correspondem aos limites que decorrem das regras sobre o processo legislativo de emenda constitucional:
a) Legitimados à propositura (CF, Artigo 60, I, II e III) – Há somente 03 legitimados à propositura de emenda constitucional:
1. Presidente da República
2. 1/3 da Câmara dos Deputados ou 1/3 do Senado Federal
3. Mais da metade das Assembleias Legislativas Estaduais, cada qual com maioria relativa
b) Votação (CF, Artigo 60, parágrafo 2º) – As emendas constitucionais devem observar a regra 2235.
c) Proibição de reapresentação, na mesma sessão legislativa, de proposta de emenda constitucional rejeitada (CF, Artigo 60, parágrafo 5º) – Emenda constitucional rejeitada apenas pode ser reapresentada na próxima sessão legislativa, ou seja, depois do próximo 02/02.
3º-> LIMITES MATERIAIS
Os limites materiais são as Cláusulas Pétreas, ou seja, matérias que não podem ser abolidas por emenda constitucional.
A doutrina apresenta 02 tipos de cláusulas pétreas:
a) Cláusulas Pétreas Explícitas: Previstas no rol do artigo 60, parágrafo 4º, da CF.
- Forma federativa de Estado
- Voto direto, secreto, universal e periódico (lembrar que o voto obrigatório não é cláusula pétrea, logo, pode ser abolido por emenda constitucional)
- Princípio da separação dos poderes
- Direitos e garantias individuais/fundamentais
b) Cláusulas Pétreas Implícitas: Foram reconhecidas como limites materiais ao poder de emenda pela jurisprudência do STF. Para o STF, é cláusula pétrea implícita o princípio da rigidez constitucional, o que significa que será inconstitucional qualquer emenda constitucional que busque simplificar o artigo 60 da CF 88. 
Direitos e garantias fundamentais
Os direitos e garantias fundamentais são considerados elementos limitativos da CF, pois estabelecem limites à atuação do poder estatal.
Eficácia dos direitos fundamentais
A doutrina adota 02 critérios principais para analisar as eficácias dos direitos fundamentais, ou seja, a produção de efeitos concretos por esses direitos:
1. Quanto aos destinatários
Quanto aos destinatários, os direitos fundamentais produzem os seguintes efeitos:
a) Eficácia Vertical-> Explica a aplicação dos direitos fundamentais nas relações jurídicas de direito público, em que o Estado subordina os particulares. Ex. CF, Artigo 5º, XXIV (exige indenização justa, prévia e em dinheiro como regra geral na desapropriação).
b) Eficácia Horizontal-> Explica a aplicação dos direitos fundamentais nas relações jurídicas de direito privado, em que os particulares atuam em igualdade de condições, isto é, atuam de modo coordenado. Ex. É nula deliberação de empresa ou de condomínio que, sem assegurar o direito à ampla defesa e ao contraditório, aplique sanções aos condôminos ou aos sócios.
c) Eficácia Diagonal-> Explica a aplicação dos direitos fundamentais em relações jurídicas estabelecidas entre particulares, mas em que uma das partes atua com destaque ou em situação privilegiada. A outra parte apresenta situação de hipossuficiência. Ex. Aplicação dos direitos fundamentais em relações trabalhistas e em relações de consumo.
2. Quanto à amplitude
Quanto à amplitude, é possível identificar duas eficácias para os direitos fundamentais:
a) Eficácia Subjetiva-> Trata da aplicação de direitos fundamentais em casos concretos, com autor e réu definidos. Ex. Impetração de habeas corpus para assegurar a liberdade de indivíduo preso de forma ilegal ou arbitrária.
b) Eficácia Objetiva-> Analisa os impactos que os direitos fundamentais causam no ordenamento jurídico como um todo, e na atuação dos órgãos públicos. Corresponde aos chamados efeitos irradiantes dos direitos fundamentais e, toda a estrutura do Estado. Ex. A emenda constitucional 45/2004 incluiu no artigo 5º da CF o inciso LXXVIII, cujo teor prevê o direito à duração razoável do processo judicial e administrativo. Esse novo direito fundamental, em termos objetivos, irradiou os seguintes efeitos:
- Adoção do Novo CPC
- Criação dos Juizados Especiais da Fazenda Pública
- Adoção do processo eletrônico
Características dos Direitos Fundamentais
A doutrina converge em apresentar as seguintes características sobre os direitos fundamentais:
1. UNIVERSALIDADE-> A titularidade dos direitos fundamentais pertence aos brasileiros e estrangeiros residentes e não residentes no Brasil. O artigo 5º, caput, da CF, cuja literalidade prevê direitos fundamentais apenas para brasileiros e estrangeiros residentes no Brasil deve ser interpretado à luz do princípio da universalidade.
Atenção! Pessoas jurídicas também possuem alguns direitos fundamentais, que se mostram compatíveis com a sua condição. Ex. direito de propriedade, direito à certidão, direito ao contraditório e à ampla defesa.
Pegadinha! O estrangeiro não possui um tipo de direito fundamental. Trata-se dos direitos políticos. O artigo 14, parágrafo 2º da CF prevê que os estrangeiros são inalistáveis, ou seja, desprovidos de direitos políticos.
2. INDISPONIBILIDADE OU IRRENUNCIABILIDADE-> Não se pode dispor ou renunciar validamente dos direitos fundamentais. Assim, qualquer renúncia feita em relação aos direitos fundamentais será considerada nula.
3. INDIVISIBILIDADE-> O caráter indivisível dos direitos fundamentais impede que o Estado negligencie determinados direitos fundamentais sob o argumento de que está assegurando o respeito integral de outros direitos fundamentais. Logo, todos os direitos fundamentais devem ser igualmente assegurados. 
Observação! A indivisibilidade dos direitos fundamentais é empregada para justificar a interpretação extensiva do artigo 6º, parágrafo 4º, CF, cuja redação prevê que os direitos individuais são cláusulas pétreas. Como os direitos fundamentais são indivisíveis, entende-se que todos os direitos fundamentais, o que inclui os direitos sociais e os direitos difusos, devem ser considerados cláusulas pétreas.
4. IMPRESCRITIBILIDADE-> Não há a perda do direito de ação judicial em virtude do decurso de tempo em matéria que envolve a proteção de direitos fundamentais. 
5. HISTORICIDADE-> Os direitos fundamentais podem ser aperfeiçoados e criados ao longo do tempo. Em outras palavras, o conteúdo dos direitos fundamentais é moldável às circunstâncias históricas de cada momento.
6. RELATIVISMO-> Segundo o STF, não existem direitos fundamentais absolutos na CF 88. Todos os direitos fundamentais são relativos entre si. Desse modo, caso ocorra colisão entre direitos fundamentais (ex. direito à vida x liberdade religiosa), a solução será dada pelo juiz do caso concreto por meio da denominada “ponderação de valores”, isto é, o juiz competentedeverá analisar as circunstâncias de cada caso concreto e decidir qual direito fundamental prevalecerá naquele caso.
Conclusão: Para o STF, não existem direitos fundamentais absolutos, por isso não se pode afirmar, aprioristicamente, qual direito fundamental prevalecerá em um caso de colisão. A decisão será do juiz do caso concreto.
Cláusula Aberta dos Direitos Fundamentais (CF, Artigo 5º, parágrafo 2º)
O artigo 5º, parágrafo 2º, da CF 88, traz a chamada Cláusula Aberta dos Direitos Fundamentais, que permite concluir que o rol de direitos fundamentais previstos no texto constitucional é exemplificativo ou enumerativo. Novos direitos fundamentais poderão ser reconhecidos a partir:
a) Dos princípios e do regime adotados pela CF. 
Ex. O STF reconheceu, com base no princípio da igualdade material (tratar os iguais de modo igual e os desiguais de modo desigual, na exata medida da desigualdade), o direito fundamental às ações afirmativas para afrodescendentes em concurso público (cotas).
Ex. O regime constitucional de organização do Poder Judiciário em diferentes instâncias é o fundamento para reconhecer o direito fundamental ao duplo grau de jurisdição. 
b) Dos tratados internacionais de que o Brasil for parte.
Ex. O Pacto de San Jose da Costa Rica de 1.969, ao proibir a prisão civil do depositário infiel, ampliou o direito fundamental à liberdade.
Observação: Em virtude do Pacto de San Jose, o STF editou a Súmula Vinculante nº 25, que prevê como sendo ilícita a prisão do depositário infiel qualquer que seja a modalidade de depósito.
Nacionalidade (CF, artigo 12)
A nacionalidade é um vínculo jurídico entre o indivíduo e um Estado soberano.
Com base no artigo 12 da CF, é possível identificar dois tipos de nacionalidade brasileira:
1. NACIONALIDADE ORIGINÁRIA OU PRIMÁRIA (CF, artigo 12, I)
É a condição de brasileiro nato, ou seja, o indivíduo que tem vínculo de solo (“jus soli”) ou de sangue (“jus sanguinis”) com o Brasil.
a) Jus soli ou Direito de solo: O pressuposto para aplicar o Jus soli é que o indivíduo tenha nascido no território brasileiro.
Regra geral-> Será brasileiro nato o indivíduo que nascer no território brasileiro, ainda que os pais sejam estrangeiros.
Exceção-> Não será brasileiro nato o indivíduo nascido no Brasil, filho de pais estrangeiros, que estejam no Brasil a serviço do próprio país.
Exemplo-> Filho de casal de argentinos nascido no Brasil quando os pais argentinos estavam: 
- a serviço da Argentina: filho não será brasileiro nato.
- a serviço do Uruguai: filho será brasileiro nato.
b) Jus sanguinis ou Direito de sangue: O pressuposto para aplicar o Jus sanguinis é que o indivíduo tenha nascido no exterior e tenha pai brasileiro ou mãe brasileira.
Pegadinha-> Para aplicar o Jus sanguinis (o filho será brasileiro nato), o nascimento deverá ocorrer no exterior e ter apenas um dos genitores sendo brasileiro nato ou naturalizado.
Há 03 modos de se aplicar o Jus sanguinis:
a) Aquisição automática - Se o pai brasileiro ou a mãe brasileira estiver no exterior a serviço da República Federativa do Brasil (Administração Direta e Indireta da União, Estados, DF e Municípios).
b) Registro no órgão competente (embaixada ou consulado) - Se o pai brasileiro ou a mãe brasileira estiver no exterior, mas não prestar serviço à República Federativa do Brasil.
c) Opção pelo filho - Caso não sejam aplicadas as duas hipóteses anteriores, caberá ao filho optar pela nacionalidade brasileira. Para tanto, o filho terá que cumprir 03 requisitos cumulativos:
1. 18 anos de idade
2. Residência no Brasil
3. Opção, a qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira 
2. NACIONALIDADE SECUNDÁRIA OU DERIVADA (CF, artigo 12, II)
Trata-se da condição de brasileiro naturalizado. Isto é, o indivíduo que pretende se tornar brasileiro, mas não tem vínculo de solo nem tem vínculo de sangue com o Brasil. O brasileiro naturalizado tem apenas vontade de ser brasileiro, “amor para dar ao Brasil”.
O artigo 12, II, da CF, permite identificar 03 formas de naturalização no Brasil:
a) Naturalização Ordinária – É a naturalização “na forma da lei”, ou seja, os requisitos exigidos para essa modalidade de naturalização serão previstos na legislação infraconstitucional (Lei 13.445/2017 – Lei de Migração).
b) Naturalização Extraordinária – O estrangeiro deverá provar apenas 02 requisitos previstos na CF:
1. 15 anos de residência ininterrupta no Brasil
2. Ausência de condenação penal
Para o STF, o estrangeiro que provar esses dois requisitos objetivos tem direito à naturalização extraordinária
c) Naturalização de estrangeiros oriundos de país de língua portuguesa – O estrangeiro terá que atender 02 requisitos previstos na CF 88:
1. 01 ano de residência ininterrupta no Brasil
2. Idoneidade moral
Perda da nacionalidade brasileira (CF, artigo 12, parágrafo 4º)
A perda da nacionalidade brasileira alcança tanto o brasileiro nato quanto o brasileiro naturalizado.
Existem duas hipóteses de perda da nacionalidade brasileira:
1. Sentença judicial transitada em julgado: Alcança apenas o brasileiro naturalizado que ferir o interesse nacional.
2. Processo administrativo: Alcança o brasileiro nato e o brasileiro naturalizado que adquirir voluntariamente outra nacionalidade.
Exceções! Em duas hipóteses, o brasileiro pode adquirir outra nacionalidade e não sofrer a perda da nacionalidade brasileira, a saber:
1. Se a nacionalidade estrangeira for originária (terá de ser nato junto ao outro país);
2. Se houver a imposição de naturalização pelo Estado estrangeiro como condição de permanência ou para exercer direitos civis
Direitos Políticos (CF, artigos 14 a 16)
A doutrina do Direito Constitucional emprega o termo “cidadania” para se referir aos direitos políticos. Logo, não se pode confundir dois conceitos técnicos.
Atenção: Brasileiro é diferente de Cidadão!
Brasileiro-> Indivíduo que apresenta a condição de brasileiro nato ou brasileiro naturalizado (CF, artigo 12).
Cidadão-> Indivíduo que é titular de direitos políticos (CF, artigo 14).
Os direitos políticos são explicados a partir do conceito de Direito de Sufrágio. O conceito de sufrágio engloba:
1. Cidadania ativa ou alistamento eleitoral: É o direito de votar.
2. Cidadania passiva ou elegibilidade: É o direito de ser votado ou eleito.
Inalistáveis
O artigo 14, parágrafo 2º da CF, prevê que são inalistáveis, isto é, desprovidos de direitos políticos:
a) Estrangeiros
b) Conscritos do serviço militar obrigatório 
Alistamento e votos facultativos (CF, artigo 14, parágrafo 1º, II)
03 pessoas não são obrigadas a se alistarem. Todavia, casos se alistem, o voto não será obrigatório:
1. Entre 16 e 18 anos de idade
2. Maiores de 70 anos de idade
3. Analfabetos
Inelegíveis (CF, artigo 14, parágrafo 4º)
Não podem ser eleitos:
1. Os inalistáveis (estrangeiros e conscritos)
2. Analfabetos
Cassação, Suspensão e Perda dos direitos políticos
CF, artigo 15: É vedada a cassação de direitos políticos. O texto constitucional admite apenas a suspensão OU a perda de direitos políticos, nas seguintes hipóteses:
1. Cancelamento da naturalização por sentença judicial transitada em julgado-> PERDA
2. Incapacidade civil absoluta-> A atual redação do artigo 3º do CC, ao prever apenas o menor de 16 anos como sendo absolutamente incapaz, impede a aplicação desta hipótese de suspensão ou perda dos direitos políticos, pois o menor de 16 anos de idade não possui direitos políticos.
3. Condenação penal transitada em julgado, enquanto durarem os efeitos da condenação-> SUSPENSÃO
Observação: O preso provisório mantém os seus direitos políticos.
4. Não cumprimento de obrigação legal a todos imposta, nem de prestação alternativa-> (CF, artigo 5º, VIII – Escusa de consciência). SUSPENSÃO
5. Improbidade administrativa-> SUSPENSÃO
Idades mínimas para a elegibilidade (CF, artigo 14, parágrafo 3º, VI)
O artigo 14, parágrafo 3º, VI, da CF prevê as seguintes idades mínimas para a elegibilidade:
1. 18 anos-> Vereador
2. 21 anos-> Prefeito e Vice-Prefeito; Deputado federal, estadual e distrital;Juiz de paz
3. 30 anos-> Governador e Vice-Governador de Estado e DF
4. 35 anos-> Presidente e Vice-Presidente da República; Senador
Conclusão: Os direitos políticos plenos apenas são adquiridos aos 35 anos de idade e se o indivíduo for brasileiro nato, pois é a idade mínima para ser eleito Presidente da República.
Organização político-administrativa do Estado
CF, artigo 18: A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição.
O tema em destaque refere-se à forma federativa de Estado, ou ao federalismo brasileiro. De início, é importante fixar a diferença que existe em relação a 04 conceitos elementares ou estruturantes previstos na CF 88:
1. FORMA DE ESTADO-> A CF 88 adota a Federação como forma de Estado.
2. FORMA DE GOVERNO-> A CF 88 adota a República como forma de Governo.
3. SISTEMA DE GOVERNO-> A CF 88 adota o Presidencialismo como sistema de Governo.
4. REGIME DE GOVERNO-> A CF 88 adota a Democracia como regime de Governo.
Dos quatro conceitos elementares destacados acima, o artigo 60, parágrafo 4º, da CF, prevê expressamente como sendo cláusula pétrea apenas a forma federativa de Estado.
Pegadinha: Como a federação é cláusula pétrea, não é possível que emenda constitucional altere a forma federativa de Estado com a finalidade de adotar outra forma de Estado conhecida no Direito Constitucional (Estado Unitário e Estado Regional).
Conceito de Federação
A Federação é uma forma de Estado cuja essência é promover a descentralização do poder político estatal em prol dos entes federados autônomo.
O artigo 18, caput, da CF, prevê que a Federação brasileira é composta por 04 tipos de entes federados: 
1. UNIÃO
2. ESTADOS
3. DF
4. MUNICÍPIOS
União, Estados, DF e Municípios são autônomos, nos termos da CF 88. 
Observação-> A CF 88 foi a primeira Constituição ao prever, expressamente, o Município como sendo ente federado e, portanto, dotado de autonomia.
Conceito de “autonomia”-> A doutrina brasileira converge em reconhecer a “autonomia federativa” a partir da constatação de 04 capacidades políticas:
1. Auto-organização: A União elabora a CF; os Estados elaboram as Constituições estaduais; os Municípios e o DF elaboram as respectivas Leis Orgânicas. 
2. Auto-governo: Cada ente federado realiza as suas próprias eleições.
3. Auto-legislação ou Auto-normatização: Cada ente federado elabora as suas próprias leis, observadas as respectivas competências.
Pegadinha! Ao criar a sua Lei Orgânica, o Município não exerce Auto-legislação. Trata-se do exercício do atributo da Auto-organização.
4. Auto-administração: Todos os entes federados prestam serviços públicos próprios, com um quadro próprio de servidores.
Conclusão: Tendo em vista que todos os entes federados gozam do mesmo atributo (“autonomia”), a jurisprudência do Supremo entende que não existe hierarquia entre os entes federados. Por conseqüência lógica, não existe hierarquia entre leis federais, estaduais, municipais e distritais.
Pegadinha! Embora não exista hierarquia entre os entes federados, o STF entende que vigora no Brasil o princípio da Preponderância de Interesses, segundo o qual o interesse nacional (representado pela União) prepondera em relação ao interesse regional (representado pelos Estados e pelo DF) e sobre o interesse local (representado pelos Municípios e pelo DF). No mesmo sentido, o interesse regional prepondera sobre o interesse local.
Diferença entre Soberania e Autonomia
Não se pode confundir esses dois conceitos técnicos: 
· AUTONOMIA
-Prevista no artigo 18, caput, da CF
-Atributo que pertence à União, Estados, DF e Municípios
-Confere personalidade jurídica de direito público interno ou nacional
· SOBERANIA
-Prevista no artigo 1º, I, CF
-Atributo que pertence à RFB
-Confere personalidade jurídica de direito público internacional ou externo
ASSISTIR AULAS 17 A 20
AULA 21:
Juízes naturais do Presidente da República em matéria penal (CF, Artigo 86, caput)
O termo “juiz natural” significa o órgão jurisdicional constitucionalmente competente para realizar o julgamento.
Em matéria penal, o Presidente da República tem dois juízes naturais, a depender do tipo de crime praticado.
1. STF-> Julga os crimes comuns praticados pelo Presidente da República (infração penal), desde que exista autorização por 2/3 da Câmara dos Deputados. São os crimes do Direito Penal (Ex. Estupro, Corrupção passiva)
2. SENADO FEDERAL-> Julga os crimes de responsabilidade praticados pelo Presidente da República. São as infrações político-administrativas, julgadas desde que exista autorização por 2/3 da Câmara dos Deputados. É o processo de Impeachment.
Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente da República, por dois terços da Câmara dos Deputados, será ele submetido a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes de responsabilidade.
Pegadinhas!
ITEM 01
Súmula Vinculante nº 46 do STF determina que a competência para legislar sobre definição e julgamento de crime de responsabilidade é privativa da UNIÃO, inclusive quando envolver Governadores e Prefeitos.
“A definição dos crimes de responsabilidade e o estabelecimento das respectivas normas de processo e julgamento são de competência legislativa privativa da União”.
ITEM 02
STF firmou o entendimento de que a competência para julgar a Ação Popular e a Ação Civil Pública, ajuizadas contra o Presidente da República, pertence ao Juiz de Primeiro Grau (Juiz Federal, pois envolve patrimônio da União), uma vez que essas duas ações são ações de natureza civil e o foro por prerrogativa de função é tema típico de processo penal.
ITEM 03
O artigo 105, “I”, “a”, CF, prevê que compete ao STJ julgar crimes comuns praticados por Governadores de Estado e DF. Ao interpretar esse dispositivo, o STF entendeu que a Constituição Estadual e a Lei Orgânica do DF não podem condicionar a admissibilidade da ação penal contra o Governador à autorização prévia da Assembleia Legislativa estadual ou da Câmara Distrital.
Na prática, isso significa que será declarada inconstitucional previsão de Constituições Estaduais ou da Lei Orgânica do DF sobre o tema.
Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
I - processar e julgar, originariamente:
a) nos crimes comuns, os Governadores dos Estados e do Distrito Federal, e, nestes e nos de responsabilidade, os desembargadores dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal, os membros dos Tribunais de Contas dos Estados e do Distrito Federal, os dos Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais Regionais Eleitorais e do Trabalho, os membros dos Conselhos ou Tribunais de Contas dos Municípios e os do Ministério Público da União que oficiem perante tribunais;
Poder Legislativo (CF, Artigos 44 a 75)
Imunidades Parlamentares (CF, Artigo 53)
As imunidades parlamentares são prerrogativas que a CF assegura aos Deputados e Senadores, com o objetivo de garantir o exercício de suas atribuições. Não se trata de privilégios, mas sim de meras prerrogativas.
Ao interpretar o artigo 53 da CF, a doutrina identificou dois tipos de imunidades parlamentares:
1. Imunidades Parlamentares Materiais (Artigo 53, caput)-> As imunidades parlamentares materiais passam a valer a partir da POSSE do parlamentar eleito. Essas imunidades asseguram a inviolabilidade civil e penal dos Deputados e Senadores por suas opiniões, palavras e votos.
As imunidades parlamentares materiais acompanham os Deputados e Senadores em qualquer local em que estejam exercendo o mandato. Ex. programas de rádio e TV; inaugurações de obras públicas.
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, palavras e votos.
2. Imunidades Parlamentares Formais (Artigo 53, parágrafo 3º)-> As imunidades parlamentares formais passam a valer a partir da diplomação, isto é, ato formal da Justiça Eleitoral que antecede a posse.
Art. 53, § 3º Recebida adenúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação.
Estas imunidades parlamentares formais se dividem em duas subespécies:
a) Imunidade à Prisão (Artigo 53, parágrafo 2º): Desde a expedição do diploma (diplomação), os membros do Congresso Nacional (Deputados e Senadores) não poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre a prisão.
ASSISTIR AULAS 22 E 23
AULA 24
CF, Artigo 103, “b”, parágrafo 4º. Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:
Com efeito, o artigo 103, “b”, parágrafo 4º da CF, prevê expressamente que o CNJ tem competência para:
a) Realizar o controle administrativo e financeiro do Poder Judiciário;
b) Realizar o controle dos deveres funcionais dos Juízes. 
Atenção! O CNJ não realiza o controle da atuação jurisdicional dos magistrados. Esse controle é feito por meio de recursos interpostos pelas partes perante os Tribunais.
Observação! Ao interpretar o artigo 103, b, da CF, o STF firmou o entendimento de que a atuação do CNJ não alcança o próprio STF nem os seus 11 (onze) Ministros. Para justificar esse entendimento, o STF apresentou 02 (dois) fundamentos principais:
1. O STF é órgão de cúpula do Poder Judiciário Brasileiro, por isso, não pode ser controlado por nenhum outro órgão do Poder Judiciário.
2. O artigo 102, I, “r” da CF prevê que compete ao STF julgar as ações judiciais que envolvem o CNJ.
Atenção! Para efeitos de provas de concurso, a competência do CNJ, prevista no artigo 103, “b”, parágrafo 4º, V, CF, tem grande incidência. Essa competência dispõe que o CNJ tem o prazo de 01 ANO para rever, de ofício ou mediante provocação, processo disciplinar envolvendo juiz que fora julgado pelas Corregedorias dos Tribunais.
§ 4º Compete ao Conselho o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura:  
I - zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo cumprimento do Estatuto da Magistratura, podendo expedir atos regulamentares, no âmbito de sua competência, ou recomendar providências;  
II - zelar pela observância do art. 37 e apreciar, de ofício ou mediante provocação, a legalidade dos atos administrativos praticados por membros ou órgãos do Poder Judiciário, podendo desconstituí-los, revê-los ou fixar prazo para que se adotem as providências necessárias ao exato cumprimento da lei, sem prejuízo da competência do Tribunal de Contas da União; 
III receber e conhecer das reclamações contra membros ou órgãos do Poder Judiciário, inclusive contra seus serviços auxiliares, serventias e órgãos prestadores de serviços notariais e de registro que atuem por delegação do poder público ou oficializados, sem prejuízo da competência disciplinar e correicional dos tribunais, podendo avocar processos disciplinares em curso e determinar a remoção, a disponibilidade ou a aposentadoria com subsídios ou proventos proporcionais ao tempo de serviço e aplicar outras sanções administrativas, assegurada ampla defesa;  
IV representar ao Ministério Público, no caso de crime contra a administração pública ou de abuso de autoridade;  
V rever, de ofício ou mediante provocação, os processos disciplinares de juízes e membros de tribunais julgados há menos de um ano;  
VI elaborar semestralmente relatório estatístico sobre processos e sentenças prolatadas, por unidade da Federação, nos diferentes órgãos do Poder Judiciário;  
VII elaborar relatório anual, propondo as providências que julgar necessárias, sobre a situação do Poder Judiciário no País e as atividades do Conselho, o qual deve integrar mensagem do Presidente do Supremo Tribunal Federal a ser remetida ao Congresso Nacional, por ocasião da abertura da sessão legislativa.
Garantias dos Magistrados (CF, Artigo 85, I a III)
Os juízes gozam de 03 (três) garantias que lhes asseguram independência funcional:
1. VITALICIEDADE-> É a garantia de apenas perder o cargo de juiz em virtude de sentença judicial transitada em julgado. Pode ser adquirida de dois modos:
a) Juiz de primeiro grau aprovado em concurso público, adquirida a vitaliciedade após 02 (dois) anos de efetivo exercício.
Observação: No período aquisitivo da vitaliciedade, o juiz ocupa o cargo de juiz substituto, e enquanto for juiz substituto apenas poderá perder o cargo de magistrado por deliberação do próprio Tribunal ao qual se encontra vinculado.
b) Juiz de Tribunal nomeado pelo Chefe do Poder Executivo. Ex. Ministros do STF; Desembargadores nomeados pelo quinto constitucional. A aquisição da vitaliciedade é automática com a posse.
2. IRREDUTIBILIDADE DE SUBSÍDIO
3. INAMOVIBILIDADE-> Regra geral: O juiz deve concordar com o ato de sua remoção. 
Exceção: O artigo 93, VIII, da CF, prevê a chamada Remoção de Ofício ou Involuntária, que não requer a concordância do juiz. Ela exige dois requisitos cumulativos:
a) Interesse público;
b) Decisão por maioria absoluta do Tribunal ou do CNJ.
Impedimentos dos Magistrados (CF, Artigo 95, parágrafo único, I a V)
Os juizes devem observar 05 proibições, com a finalidade de preservar a sua imparcialidade:
I - exercer, ainda que em disponibilidade (licença ou afastamento temporário), outro cargo ou função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou participação em processo;
III - dedicar-se à atividade político-partidária;
IV - receber, a qualquer título ou pretexto, auxílios ou contribuições de pessoas físicas, entidades públicas ou privadas, ressalvadas as exceções previstas em lei; (ex. restituição de imposto de renda; locação de imóvel privado)  
V - exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorridos 03 ANOS do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração.
Exceção: O juiz poderá acumular somente outro cargo público de magistério (professor).
AULA 27
Controle de Constitucionalidade
A realização do controle de constitucionalidade tem dois pressupostos: 
· 1º - PRINCÍPIO DA SUPREMACIA DA CONSTITUIÇÃO
A Constituição é o fundamento de validade e de existência das leis e demais atos normativos do ordenamento jurídico. Logo, eventual lei ou ato normativo contrário à Constituição é nulo, pois não tem validade e nem existência jurídicas.
Pegadinha! As normas constitucionais originárias não sofrem controle de constitucionalidade, em virtude de 02 motivos:
1. O Poder Constituinte Originário é juridicamente ilimitado
2. A Constituição é o parâmetro e não o objeto do Controle de Constitucionalidade
Cuidado! As normas constitucionais derivadas (Emendas Constitucionais, Constituições estaduais e Emendas de revisão) sofrem controle de constitucionalidade.
· 2º - PRINCÍPIO DA RIGIDEZ CONSTITUCIONAL
Segundo o princípio da rigidez da Constituição, apenas um ato normativo solene e dificultoso pode alterar o texto constitucional. Trata-se da Emenda Constitucional (Regra 2235). Desse modo, eventual lei que contrarie a Constituição não altera o texto constitucional. Será considerada nula. 
Pegadinha! Nas Constituições flexíveis, não há controle de constitucionalidade, uma vez que a rigidez constitucional é pressuposto para a realização do controle de constitucionalidade.
Constituição Rígida-> Há supremacia da Constituição em relação à lei. Logo, haverá controle de constitucionalidade.
Constituição Flexível-> Não há supremacia da Constituição em relação à lei. Logo, não haverá controle de constitucionalidade.
Efeitos temporais da sentença do Controlede Constitucionalidade
As sentenças do controle de constitucionalidade são sentenças de natureza declaratória, uma vez que não criam a inconstitucionalidade, mas somente certificam sua existência.
Regra Geral:
As sentenças que declaram a inconstitucionalidade produzem efeitos ex tunc (retroativos), como regra geral. Na prática, significa que essa sentença apaga todos os efeitos concretos produzidos pela lei declarada inconstitucional.
Exceção:
O artigo 27 da Lei nº 9.868/1999 prevê a chamada MODULAÇÃO TEMPORAL DE EFEITOS da sentença do controle de constitucionalidade. Essa modulação temporal de efeitos é uma medida excepcional que pode ser aplicada com a finalidade de preservar a segurança jurídica ou excepcional interesse social.
A sentença modulada do controle de constitucionalidade pode produzir os seguintes efeitos temporais excepcionais:
a) EFEITOS EX NUNC (não retroativos) – A lei declarada inconstitucional deixa de ser aplicada somente após o trânsito em julgado da sentença declaratória da inconstitucionalidade. Na prática, os efeitos concretos produzidos pela lei inconstitucional até o trânsito em julgado são preservados.
b) Efeitos “PRO FUTURO” OU PROSPECTIVOS – A sentença que declara a inconstitucionalidade fixa uma data futura para deixar de aplicar a lei inconstitucional.
Observação: 
O artigo 27 da Lei nº 9.868/1999 prevê que a modulação temporal de efeitos da sentença do controle de constitucionalidade exige decisão de 2/3 dos Ministros do STF (ou seja, 08 de 11). 
Todavia, o juiz de primeiro grau também pode realizar a modulação temporal de efeitos da sentença do controle de constitucionalidade mediante decisão monocrática.
Declaração de inconstitucionalidade e Reconhecimento de Não Recepção Constitucional
De início, é importante registrar que não se pode confundir a inconstitucionalidade com a não recepção constitucional.
Inconstitucionalidade é diferente de Não Recepção.
Inconstitucionalidade
-Alcança leis e atos normativos pós-constitucionais, isto é, criados após advento da CF 88 e que se mostram incompatíveis com a CF 88.
-A inconstitucionalidade ocorre em virtude de incompatibilidade formal ou incompatibilidade material.
-A inconstitucionalidade é uma declaração de nulidade e, por isso, produz, em regra, efeitos EX TUNC.
Não Recepção
-Alcança leis ou atos normativos pré-constitucionais, isto é, criados antes do advento da CF 88, que se mostrem incompatíveis com a CF 88.
-A não recepção ocorre apenas em virtude de incompatibilidade material.
-A não recepção é uma mera revogação e, por isso, produz, em regra, efeitos EX NUNC.
EXCEÇÕES:
1. Uma lei pré-constitucional não pode ser declarada inconstitucional se violar a CF 88. Neste caso, pode sofrer a não-recepção. Todavia, poderá ser declarada inconstitucional se violou a Constituição vigente no momento em que foi elaborada.
2. Eventual lei pós-constitucional pode não ser recepcionada por uma emenda constitucional superveniente que altera o texto da CF 88.
Espécies ou Tipos de Inconstitucionalidade
A doutrina majoritária adota 02 critérios principais para classificar as inconstitucionalidades, a saber:
1. QUANTO AO VÍCIO-> Com base nesse critério, é possível identificar dois tipos de inconstitucionalidade:
a) Inconstitucionalidade Material - Ocorre na hipótese de o conteúdo da lei ou ato normativo violar o conteúdo da CF 88. Exemplo: Emenda Constitucional tendente a abolir cláusula pétrea. Exemplo: Lei que institua pena de morte em tempo de paz (viola o artigo 5º, XLVII, CF).
b) Inconstitucionalidade Formal – Ocorre na hipótese de lei ou ato normativo ser criado em contrariedade com as regras da CF 88 sobre o processo legislativo. Exemplo: Emenda Constitucional que não segue a regra 2235 (viola o artigo 60, parágrafo 2º, CF).
Pegadinha! O quórum mínimo para a aprovação de Emenda Constitucional é de 3/5 dos membros (60%). Não haverá inconstitucionalidade formal se a Emenda Constitucional for aprovada pelo quorum de ¾ dos membros (75%). Exemplo: Lei complementar aprovada por maioria simples ou relativa (viola o artigo 69 da CF).
2. QUANTO AO MOMENTO DE CONFIGURAÇÃO-> Com base nesse critério, é possível identificar dois tipos de inconstitucionalidade:
a) Inconstitucionalidade por Ação – É configurada na hipótese de a lei ou ato normativo ter sido criado violando a forma e/ou conteúdo da CF 88.
b) Inconstitucionalidade por Omissão – É configurada diante da inércia do legislador em criar lei regulamentadora de norma constitucional de eficácia limitada.
Atenção! Diante de uma inconstitucionalidade por omissão, é possível empregar 02 ações judiciais:
1. No controle concreto, cabe Mandado de Injunção (artigo 5º, LXXI, CF)
2. No controle abstrato, cabe a Ação Direta de Inconstitucionalidade por Omissão – ADO (artigo 103, parágrafo 2º, CF)
Subespécies de Inconstitucionalidades Formais
A doutrina apresenta 03 subespécies de inconstitucionalidades formais:
a) INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL POR VÍCIO DE INICIATIVA
O artigo 61, parágrafo 1º, CF, traz um rol taxativo de temas que apenas poderão ser objeto de projeto de lei se a iniciativa legislativa partir do Presidente da República. Exemplo: Projeto de lei que cria cargos na Administração Pública, que aumenta remuneração dos servidores públicos, que trate do regime administrativo dos servidores da União, que trate da criação ou extinção de Ministérios ou órgãos públicos federais.
Desse modo, se parlamentar apresentar projeto de lei sobre temas do rol do artigo 61, parágrafo 1º, CF, haverá vício formal de iniciativa.
Cuidado! Eventual sanção do Presidente da República não convalida o vício formal de iniciativa.
Pegadinha! A Súmula 05 do STF, criada na década de 60, previa que a sanção do Chefe do Executivo supria a falta de iniciativa. Ocorre, entretanto, que essa súmula se encontra superada pela atual jurisprudência do Supremo.
Importante! Por simetria, os projetos de lei de iniciativa privativa do Chefe do Poder Executivo (artigo 61, parágrafo 1º, CF) aplica-se aos Governadores de Estado, DF e aos Prefeitos.
Pegadinha! A jurisprudência do STF firmou dois entendimentos relevantes acerca da aplicação do artigo 61, parágrafo 1º, CF:
· O artigo 61, parágrafo 1º, II, b, CF: Estabelece que apenas projetos de lei sobre Direito Tributário dos Territórios são de iniciativa privativa ou reservada do Presidente da República. Isso significa que projetos de lei sobre Direito Tributário da União são de iniciativa concorrente, isto é, podem ser propostos por qualquer um dos legitimados previstos no artigo 61, caput, CF (inclusive quando tratarem de parcelamento, anistia, isenção de tributos).
· O artigo 61, parágrafo 1º, II, e, CF: Prevê a iniciativa privativa do Presidente da República para propor projetos de lei sobre criação e extinção de Ministérios e órgãos públicos. Ao interpretar esse dispositivo, o STF entendeu que os legitimados previstos no artigo 61, caput, CF, podem propor a criação ou a implementação de novos serviços públicos, desde que estes serviços sejam prestados pelos órgãos da Administração já existentes. Exemplo: Deputado estadual propôs projeto de lei cujo teor estabelecia a instalação de câmeras de segurança em escolas estaduais.
b) INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL OBJETIVA
Ocorre na hipótese de descumprimento das regras sobre o processo legislativo previstas na CF 88, referentes ao quorum de aprovação, etapas de votação, prazos de votação. Exemplo: Emenda Constitucional que não é votada em 02 turnos, nas duas Casas do Congresso Nacional, ou que não observa o quorum de aprovação de 3/5 dos membros. 
c) INCONSTITUCIONALIDADE FORMAL ORGÂNICA
A inconstitucionalidade formal orgânica é verificada na hipótese de inobservância das regras sobre competência federativa para legislar sobre o tema, ou seja, na hipótese de o órgão legislativo que criou a lei ou ato normativo não possuir competência para legislar sobre o tema. Exemplo: Lei municipal que verse sobre direito penal (viola o artigo 22, I, CF). Exemplo: lei estadual, distrital ou municipal que trate de empregadospúblicos (viola o artigo 22, I, CF, uma vez que os empregados públicos da União, Estados, DF e Municípios submetem-se ao mesmo regime jurídico, que é o da CLT, isto é, lei trabalhista de competência privativa da União). 
CONTROLE PREVENTIVO DE CONSTITUCIONALIDADE
O controle preventivo de constitucionalidade tem como objeto o projeto de lei ou o projeto de emenda constitucional, ou seja, é o controle de constitucionalidade que ocorre durante as etapas do processo legislativo que antecedem a promulgação.
O controle preventivo de constitucionalidade é realizado pelos três poderes do Estado:
1. Poder Executivo-> Veto em projeto de lei, realizado pelo Chefe do Poder Executivo.
2. Poder Legislativo-> Atua com destaque no controle preventivo de constitucionalidade, por meio de 02 instrumentos:
a) Parecer da Comissão de Constituição e Justiça
b) Votação do projeto pelo Plenário da casa legislativa
c) Poder Judiciário (realiza o controle preventivo por meio de Mandado de Segurança impetrado por parlamentar que participa do processo legislativo). O direito líquido e certo protegido, segundo o STF, é o direito ao processo legislativo hígido, limpo. A sentença de procedência do Mandado de Segurança determina o arquivamento do projeto de lei ou do projeto de emenda constitucional contaminada pela inconstitucionalidade.
Importante! A jurisprudência do STF entende que a amplitude do Mandado de Segurança no controle preventivo jurisdicional varia conforme o objeto questionado:
· Projeto de lei: O mandado de segurança do controle preventivo de constitucionalidade apenas poderá questionar vícios formais de inconstitucionalidade (não poderá questionar vícios materiais).
· Proposta de Emenda Constitucional: O mandado de segurança poderá questionar vícios formais e vícios materiais da proposta de emenda constitucional. O fundamento para este entendimento é o artigo 60, parágrafo 4º da CF 88, que proíbe a deliberação de proposta de emenda constitucional tendente a abolir cláusulas pétreas.
CONTROLE REPRESSIVO DE CONSTITUCIONALIDADE
O controle repressivo de constitucionalidade alcança as leis e os atos normativos já promulgados, isto é, já introduzidos no ordenamento jurídico.
Este controle é realizado pelos 03 Poderes do Estado:
1. Poder Executivo-> O Chefe do Poder Executivo pode exercer a chamada autotutela, isto é, pode emitir uma ordem para que os órgãos subalternos da Administração deixem de aplicar uma lei manifestamente inconstitucional.
2. Poder Legislativo-> O Poder Legislativo não realiza o controle repressivo de constitucionalidade por meio da Revogação de lei. Isso porque a Revogação de lei alcança apenas leis válidas e existentes, mas que perderam a conveniência e oportunidade. Logo, a lei inconstitucional não pode ser revogada porque é NULA, ou seja, não tem validade e nem tem existência. O Poder Legislativo atua no controle repressivo de duas formas:
-> Súmula 347 STF: O Tribunal de Contas, no exercício de suas atribuições, pode apreciar a constitucionalidade das leis e dos atos do Poder Público (assim, os Tribunais de Contas poderão declarar a inconstitucionalidade de leis e atos normativos).
-> Votação de conversão de Medida Provisória em lei: Ao rejeitar uma Medida Provisória durante a sua votação para conversão em lei, as Casas do Congresso Nacional realizam controle repressivo de constitucionalidade, uma vez que as medidas provisórias são promulgadas na data da sua publicação.
3. Poder Judiciário-> Atua com destaque no controle repressivo de constitucionalidade. Tamanha é a sua importância nesta modalidade de controle de constitucionalidade que existem 02 sistemas de controle repressivo jurisdicional:
a) Controle Concreto ou Difuso
b) Controle Abstrato ou Concentrado
Controle Concreto ou Difuso

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