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A consciência crítica da Realidade Nacional - Guerrero Ramos

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\
A CONSCI:mNCIA CRtTICA DA 
REALIDADE NACIONAL 
o FATO MAIS AUSPICIOSO que indica a consti--
tui~,ão no Brasil, de uma ciência nacional, é o apa-
redn1~to da consciência critica de nossa reali-
dad~ 1 Nos ,1ltin10s anos, têm-se registrado em 
e.-;ca.la crescente aconteci1nentos de diversas ordens 
que assinala1n a en1erg-ência, em nosso meio, de 
no,·os esqueinas de avaliação e compreensão dos 
fatos. A ampla repercussão que as idéias renova-
doras encontra1n 110 público é aspecto ·relevante 
dessa mudança de 1nentalidade. 
Importa assinalar que tal consciência coletiva 
de ca1·áter crítico é, hoje, no Brasil, dado objetivo, 
fato. Não se trata de anetc5•' de uns poucos, preo-
cupados em modelar un1 caráter nacional n1edian-
te processos, por assin1 dizei· paretianos, ou seja, 
pela n1anipulação de resíduos emocionais popu-
lares. O· fenômeno tem suportes na n1assa. U 111 
~ ta.do de espírito generalizado não surge arbi trà-
namen te. Reflete sempre condições objetivas que 
57 
variam de coletividade para ?oleti~idade. lvI , tôda partt onde um grupo social atinge ª''U 
1a,; ,.1,1 .,.. • • '1 ea r dalidade de consc1enc1a, ªPª:ec~ o imperativo n,, .. ultrapassar o plan? d_a. ex1~tencia bruta e de a rir: tar uma conduta J1gmf1c~tiya, fundada, de ai .tlri. modo, na ,percepçao dos hm1_tes e possibilidacte!~tn seu contexto e· sobretudo orientada para fins e 
b . ,.. . que não sejam os da m~r---~ so r~v~venc1a vegetativa. No Brasil essas cond1çoes obJet1vas, que estão sus . tando 'um esfôrçq correlato de c~iação intelectu~t consistem principalmente no conJunto de transfor: mações da infra-estrutura ,que levam o país à su. per3lção do caráter reflexo de sua economia. Des .. de que nêle se configurou u~ p~ocesso de ip.dus .. trialização em alto nível cap1tal1sta, converteu-se o, espaço nacional num âmbito em que se verifica um processo mediante o qual o povo brasileiro se esforça em apropriar-se de sua circunstânci~, con1-binando racionalmente os fatôres de que dispõe. O imperativo do desenvolvimento suscitou a -cons-ciência crítica. Não é esta uma explicação suscetí-vel de ser generalizada para todos os grupos so-ciais onde o fenômeno tem ocorrido. Cada caso te1n . seu diagnóstico particular. tste terreno, aliás, ul-trapassa ·o domínio da sociologia, tal con10 aqui se tem entendido a disciplina, e somente com 0 con-curso da filosofia e, mais particularmente da filo-s?!ia. da cul!ura, pode ser explorado. A ~utpcons-c1enc~a ;~letiva e a consciência crítica são produ-tos h1s~or1cos. ~urgem qua1;do um g·rupo social põe en~re ... s1 _e as coisas que o circundam um projeto de ex1stenc1a. 2 
A existêl1ci~ bruta é a que se articula direta-mente com as coisas ou transcorre no nível destas e, portanto, sem subjetividade. Eis porque a emer~ 
58 
. 
. ,. . coletiva numa co1n
un1-
géncia da -::td~C::~i:d! "elevação", tem tdo i~-
dade tem s1 º. m desprender-se ativo a
s co1-
terpretada con10. ? - da liberdade 
em face delas. 
sas, como a aqu1s1çao r de h
istorização a êste pas-
poderíap-10s denom
ina t A divisão dos povo
s em 
estado a ou ro. 
d d s 
sai: d~ _um históricos tem sido p_rete
xto e grande -
natu1 a~s e Atualmente pred
omina nos que se e 
d!scussoes. t dos antropológi
cos e sociológicos . ~ma 
dicarp 3; es u ·ui á-la inaceitáve
l. Entre os f1loso-
tendenc1a tª· J v!ita hoJ· e a t
er grande interêsse, de 
fos a ques ao 
"h. t, . " em 
, I d raças à tema tização 
do is or1co ' ... 
um ªd·d g or pensadores de orientação fenomc-
pre~n. I ~J adeptos de correntes da filosofia da ,. 
n~f~::Cia; de outro, por moti
vos mais con~retos, 
iomo a necessidade de com
preender ou explicar ,..ª 
modificação por que passa
 o mundo conte~pora-
neo promovida pelo despe
rt,ar d~ P?pulaçoes _q?e 
pareciam votadas a um
a def1n1t1va cond1çao 
larvar.ª 
Urge entender a natureza
 -da tr_an~m1:1tação 
que essas populações s?fren: e
m sua e~1stenc1a. In-
dagação como esta se 1nc.lu1
 num conJ11~1to de _per-
guntas acêrca d~s modalid
ades do ser, as quais os 
sociólogos não podem perm
anecer j ~dif erentt~~J;.~-
nômenos como o irredentis
mo t?dé -1.,~u~os -~trifiais 
africanos ( de que os Mau
 Mau são u1n dos casos 
1nais agudos), o nacionalismo 
de povos coloniais ou 
dependentes, não podem s
er explicados a ft1ndo. 
sem que se formulem ind
agações daquela orden1.
 
Co_m~ ~e explica a estagna
ção dos chamados povos
 
pr1m1t1vos?_ Por que espécie de
 transformação pas-
Ra uma sociedade, (a depen
dente ou colonial) que 
n.c define como instrumento
 de outra (a metropo-
!Ltan~)!. quando os que a c
onstituem são movidos 
1Jela 1de1a de autodeterminação
? Estas perguntas, 
59 
11 un1 plano genérico, t!·~,zem de volta a velha , tão dos povos "naturais versus povos. ''histó ~u~~ .. ó fato nacional brasileiro tal como hojé se ricos''. 
g·ura torna para nós muito atual a questão con~ .. , d d · · · · , Pois exprime un1 mo o e ser 9ue Jamais viveram as gerações passadas" do Brasil. . E,, deve-se insistir um modo de ser _no~o. no B:r:as1!. _E um tnodo de se; histórico. Que s1gnif1ca? S1g~1f 1ca est~r o nosso povo alcança:;d_o ~ ~on:1;preensao dos fatôr~s de sua situação. O h1stor1co pode ser entendido como u·ina dimensão particular do ~er, na qual até agora têm ingressado alguns mas nao todos os povos. Dii . -se que a historização ocorre quando um grupo so- ' cial se sobrepõe às coisas, à natureza, adquirindo perfil de pessoa coletiva. 4 O que distingue a socie-dade ''histórica" daquela que carece dêste atributo/ é "a consciência da liberdade", a personalização. Não se afirma uma diferença de essência entre a.s duas -modalidades de convivência social. A possi-bilidade do histórico está contida na convivência chamada "natural". Basta que fatôres objetivos suscitem nas sociedades rudin1entares a modifica-ção do modo pelo qual os indivíduos se relacionam entre si e com a natureza, tornando-o mais inde, pendente da pr~ssão dos costumes, para que uma · nova J?Ostu~a ex1sten~ial aberta à história apareça cm tais s~c1eda?es. E _exata1nente essa espécie de P?st:1~a que def~n~ .º viver projetivo, propriamente h1stor1c~, e poss1b1hta o existir como pessoa. Entre a modal~dl:d~ nat~ral de coexistência e a prõpria-ment~ h1~tor1ca ha uma diferença no grau de er-
dsonahza~~º· _A pes~oa se define como ente portfdor e consc1enc1a autonoma · t , de modo arbitrário nem ' li o e, nem d~terminada 
natureza. A persoda1idaleehª1·sPt?~ª codnt1ngência da t·t • or1ca e um po cons I u1 quando graças a estím 1 . . vo se ' u os concretos é Ie-60 
' 
desa que pert~nce~ ven~am a constituir 
tidades culturais d1ferenc1ad~s no nível d/
er~ºna. 
salidade. Por isso, falam . ell! nação", que é
 1;:11\rer. 
eminente forma contemporanea de existe"'n
 . lllais 
,, d. ,.., h " eia h· 
tórica, e em con 1çao umana para as 
1~ 
afro-asiáticas, ainda estigmatizadas por 
e:assas 
pauperização. Finalmente, o têrmo discurs
o re~a 
zado por Aimé Césaire, que, além de po
lír Ufali. 
poeta, evoca a atitude fiChtiana, atitude 
sulco? é 
. episõdicam~nte na história alemã, embora 
sej:&1da 
Padeiro n10dêlo de postura intel~tual pa
ra ;1-
homem de pensamento que vive uma hora
 in ° 0 
de sua comunidade. 
certa 
DEFINIÇÃO E DESCRIÇÃO 
DA 
REDUÇÃO SOCIOLóGICA 
Antes de responder à pergunta
, cumpre escla--
recer o sentido do têrmo "reduç
ão". Em seu senti-
do mais genérico, redução con
siste na eliminação 
de tudo aquilo que, pelo seu ca
ráter acessório e se-
cundário, perturba o esfôrço d
e compreensão e a 
obtenção do essencial de um d
ado. E, portanto, a 
redução, seja praticada no dom
ínio teórico, seja no 
domínio das operações empíric
as, é sempre a mes-
ma atividade. A redução de u
ma idéia ou de um 
minério, por exemplo, consist
e em desembaraçá-
-los de suas componentes secu
ndárias para que se 
mostrem no que são essencialm
ente. 
No domínio restrito da sociologia
, a redução 
é uma atitude metódica que tem p
or fim descobrir · 
os pressupostos referenciais, de na
tiireza histórica, 
dos objetose fatos da realidade s
ocial. A redução 
sociológica, porém, é ditada não 
somente pelo im--
perativo de conhecer, mas também
 pela necessida-
de social de uma comunidade que,
 na r,ealização de 
81 
,"c'n projc,to 1! e~uistência hist61·ica, tem <le 
... se> da empet1e,nc-ia de otttras comunidadee. 11er1J ir, 
Para 111elhor encaminhar a exposição ' 
t , d, .d e a co prensão do assun o, e ~em '!VI a c~nveniente tn .. 
cedei· a algumas cons1deraçoes mais rninu . Pro .. 
,., . l ' . d . ciosan Pode a reduçao soc10 og1ca ser escrita nos secn,· . 
·t b'-'l n .. tes 1 ens: 
1) É atitude metódfica. É madneira de ver qu~ 
obedece a regras e se ~s. orça por epurar os obje. 
tos de elementos que d1f~cul~e.m a percepção exaus. , 
tiva e radical do seu s1gn1f1cado. Pretende ser 
0 contrário da atitude -espontânea, que não vai além 
dos aspectos_ externos do~ fenômenos. A a~itude na .. 
tural não poe em questao os aspectos diretos dos 
dados que lhe são oferecidos. A atitude metódica 
os "põe entre parênteses", isto é, exi1ne-se de tôda 
afirmação ou aceitação dêsses asp_ec!o~, inver~en .. 
do, por assim dizer, o processo ord1nar10 da at1tu .. 
de natural. 
2) Não admite a existência na realidade so-
cial de objetos sem p1r·essupostos. A realidade so-
cial não é uma congérie, um conjunto desconexo de 
fatos. Ao contrário, é sistemática, dotada de sen-
tido, visto que sua matéria é vida humana. E a 
vida humana se distingue das f orn1as inferi ores de 
vida por ser permeada. de valorações. Portanto, os 
fatos da realidade social fazem parte necessària-
rnente de conexões de sentido, estão referidos uns 
aos outros por um vínculo de significação. 
3) f ostula a noç~o ~e 'Yf1-Undo. Isto q~er dizer 
que cons1de:a a consc1enc1a a luz da reciprocidade 
de pe1:sp~ctivas. O essencial da idéia de mundo é 
a a_dm1ssao de que a ~onsciência e os objetos estão 
reciprocamente relacionados. Tôda consciência é 
82 
. cional porque estruturaln1ent
e se r efere a ob-
!11:en Todo objeto, enquanto conheci
do, necessària-
Je ost.e está referido à consciênci
a. O mundo que 
1ue11 
• , " b·t 
· hecen1os e em que agimos e
 o am 1 o em que os 
~odn•víduos e os objetos se encontra
m numa infinita 
in i d f "
 . 
e coinplicada tran1a . e re erencia
s. 
4) É perspectivista. A pers~ec~
iva em que 
estão os objetos em parte os cons
tit~1. Por~anto, se 
transferidos para outra perspe
ctiva, deixam de 
ser exatamente o qu~ eram. ~ão
 há po~sibilidade 
de repetiçõe~ na re~hdad~ social
. O sentido de u1n 
objeto jamais se da desligado d
e um contexto de-
terminado. 
5) Seus suportes são colet,iv
os e não indivi-
duais~ O sociólogo chega à re
dução sociológica 
quando torna sua, uma exigência
 de autoconforma-
cão surgida na sociedade e1n qu
e vive. A redução 
sociológica é um ponto de vista q
ue tem a consciên-
cia de ser limitado por uma si
tuação e, portanto, 
é instrumento de um saber ope
rativo e não da es-
peculação pela especulação. Por
 aí se revela o ca-
ráter cqletivo de seus suportes
. Para que alguém 
apreenda e pratique a redução
 sociológica, carece 
viver numa sociedade cuja au
toconsciência assu-
ma as proporções de processo c
oletivo. A redução 
sociológica não é, portanto, em 
sentido genérico, 
primàriamente um ato de lucid
ez individual. Fun-
damenta-se nu1na espécie de ló
gica material, in1a-
nente à sociedade. 
-
6) É um procedimento crítico-a.ss
imilativo da 
~xp~ência estrangeira. A redução
 sociológica ~ão 
1mphca isolacionisn10, nen1 exalta
ção romântica do 
local, regional ou nacional. É, ao co
ntrário, dirigi-
da por uma aspiração ao univers
al, mediatizado, 
83 
Poréin pelo local, rcg·iona] ou nacio11al. N ~a ' ' 't· d t 1 e O Pl' tende opor-se à pra 1ca e ra:1sp antações e .. " 1 d t, · ' 111~ · quer 811bn1ete- as a apura os cri er10s de selet· '.1) d.ade. Uma sociedade onde se desenvolve a cap iv~. 
dade de auto-artict1lar-se, torna-se conscicnternªci-' . . • t en ... te seletiva. Diz-se aqui_ co11~cien ement~ . seletiva pois em todo grt1~0 social ha u_1na selet1v1dade in: consciente que se incumbe ~e ~1storcer 011 reinter .. pretar os ~rodut?s culturais importados, contra .. riando, muitas vezes, a expectativa ~os que pra .. ticam ou aconselham as transplantaçoes literais. 
7) Embora seus suportes coletivos sejam vi .. 'l)ências populares, a reditção sociológica é atitiule altame1ite elaborada. A redução-soGiológj.ca de un1 produto cultural, de uma instituição, de U~ cesso, não se alcança senão recorrendo a conheci-mentos diversos, principalmente de história. Con-sistindo em pôr à mostra os pressu1Jostos referen-ciais de natureza histórico-social dos objetos, a pesquisa dêsses pressupostos leva a indag3:ções complexas que só são efetivadas, com segurança, 1nediante estudo sistemático e raciocínio rigoroso. A atitude redutora não é modalidade de in1pressio-nismo. Para ser plenamente válida, no campo da ciência, precisa justificar-se, basear-se num esfôr-ço ~e reflexão, hábil para den1onstrar, de modo consistente, as razões nas quais se fundamenta, em cada caso . 
1 
D·UAS ILUSTRA:Ç
õES DA REDUÇÃ
O 
SOCIOLóGICA 
Mediante exemplos
, o sentido básico 
da redu-
ção sociológica ser
á mais clarame11te
 apreendido. 
A fim de concretiz
ar melhor o pensa
mento aqui 
exposto, proceder-s
e-á à redução de u
1n conceito e 
· à de uma técnica 
sociológica. 
No livro ln-tradução
 C1"·ítica à Sociologia
 Bra-
sileira, o autor teve 
o ensejo de aplica
r o método 
na crítica dos con
ceitos de "cultura
" e "acultura-
ção" e, de modo g·
eral, na análise da
 antropologia 
anglo-am~ricana. A
gora será pbjeto d
e considera-
cão outro conceito
 - o de "contrôle
 social''. Pre-
~ 
tende-se cle1nonstr
ar o seguinte: 
1) que o co11ceito d
e "contrôle social" a
ssume 
fundamental imp
ortância na soci
olog'ia norte-
-americana en1 vir
tude do caráter a
ltan1ente pro-
blemático da integ
ração social nos Es
tados Unidos; 
2) que, naquela 
sociedade, a ex
ploração 
exaustiva do tema 
confere grande f tlnc
ionalidade 
e pragmaticidade ao
 trabalho sociológ·ico
; 
85 
.,, 
· 3) que, finahnente, para o sociólogo b . ' · d " t AI · l" ras11 · ro, 0 conceito e . con ro e socia . ~em baixa f e1.. ,. 
cionalidade e, assim, deve ser utilizado sub .d~~ .. . d ,.,, t , . Sl la riamente nas consi eraço,e~ eoricas relacionada .. 
coi~ os problemas especificos de sua realidad! 
social. · . ... ~ 
O "contrôle social" é tema obrigatório de tod 
compêndio ~lementar _de so,ciologi~ nos Estado~ 
Unidos. Mais do que isso, e, frequentemente, as .. 
sunto de seminários e cursos monográficos. Em 
nenhuma parte do mundo se publicam tantos u .. 
vros sôbre a matéria. É claro que isso não aconte .. 
ce fortuitamente. A própria formação histórica 
daquele _país o explica. Dado o escasso grau de in-
tegração da sociedade norte-ame!icana, o contrô-
le social constitui ali, mais do que em outra qual-
quer coletividade, um desafio permanente, que, 
para ser satisfatoriamente conjurado, demanda 
não só o uso intensivo de meios diretos de coação, 
mas também o emprêgo em massa de técnicas de 
manipulação indireta de condutas, tendo em vista 
ú fortalecimento da estabilidade social. A f arma-
ção histórica nacional, no caso, foi marcada por 
extrema aceleração. Não há exemplo, no mundo, 
de coletividade que, no período de sua existência 
his!órica, !en!1a pe:corrido tantos grat1s da evo-
luçao ~~onom1co-soc1al. Essa aceleração histórica 
te~ d1f1cultad~ a transmissão da experiência co-
let1ya .de geraçao a geração. Mesmo em estruturas 
es~ave1s,poden:i verifica:-se hiatos entre gerações; ª!1, PO,:em,. tais de~cont1nuidades, por motivos ób--
v1os, tem sido particularmente graves. 
E:n virtude do ritmo acelerado que marcou a 
evoluçao norte-americana cada geraç~ f 
tando inovações radicais ' adota nec a~, . en re11-' essa.r1ame11te 
86 
ida en1 grande parte 
discrepantes dos 
c-stiJos de ver da geração
 anterior. Condição da
 e&-
1no1~s dde vdas represent
ações coletivasde um
 gru-
tabih~ª 1 é que O seu con
texto não mude com d
ema-
po sQCl~ ºdez Não é sem
 motivo que os educad
ores 
siad~ laP;ric~nos têm si
do os mais pródigos e
m es-
n0Jte-a~bre O problema
 da "educação para um
a ci-
t~. os 1~ em mudança". Além disso, durant
e longo 
vil~f3J0 os 
Estados Unidos receb
eram sucessivas 
l
pei sº de' imigrantes, co
nstituindo agudo prob
lema 
eva . 
. 1 . 1 t· 
a integração das d1f e re
ntes ps1co og1as co e 1
vas e 
inotivações de que eram
 portadore~. S?b o nom
_e de 
"assimilação", ê~~e pro
ble~,ª a~r~1 a~n~a ho
Je a 
atenção dos soc1ologos. 
~ ass1~1laça? gue
, _ 1:? 
caso não passa de euf em
1s1no de amer1can1zaç
a0 , 
é te~a de monografias
 numerosas e de cap
ítulos 
obrigatórios em compên
dios de sociologia nos
 Es-
tados Unidos, nos quai
s, até há bem pouco, 
eram 
encontradas referência
s freqüentes à cha
mada 
"brecha cultural" entre
 pais e filhos de imig
ran-
tes, à delinquência e ao
s desajustamentos juv
enis, 
provocados por conflito
s de a vali ação entre 
gera-
ções. Ê possível talvez 
afir1nar que, não se 
tendo 
formado, naquele país,
 um substrato lentam
ente 
sedimentado de tradiçõe
s e costumes, não exis
te ali 
propriamente sociedade
; existe, antes, um pú
blico, 
isto é, uma composição
 societária destituíd
a de 
a_tributos estáveis e, po
r isso, extremamente 
plás-
tica e dotada de pequen
a resistência aos estím
ulos 
de m~nipulações hàbilm
ente conduzidas. Adem
ais, 
, tem sido observado 
nos Estados Unidos o
 debilita-
mento do papel dos gr
upos "primários", ba
seado 
nos ~ontatos afetivos ( a
 família, a vizinhança,
 etc.) 
e. o incremento da infl
uência dos grupos sec
undá .. 
rios, b~seado em conta
tos superficiais. Nos 
Esta-
dos Unidos, chegou ao 
máximo a fragmentaç
ão da 
Bi 
sociedade e1n grupos organizados artifi·c· . • ,,., · 110 1a1s tanto, a mecan1zaçao soc1a . 4 Como asp to' e, P<n,. . ,,., . 1 ec p cular da mecan1zaçao soc1a , pode.se cita art~ saliente dos grupos-de-pressão_ n~ ~ida n~r~~ªPtl ricana. Compondo uma gama. 1nf1n1tamente v ª~e-da êsses grupos lutam entre s1 pela participa ~ria. va~tagens de tôda ordem. Finalmente, agra\ª0 de todo êsse ·panorama de tensões, há que referir : nd0 tema capitalista norte-americano que, dadas as s: proporções excepci?nais, acen~u!l, mais do. qtle eni outra parte, o carater compet1t1vo das relações 80_ ciais. Todos êsses aspectos concorrem para fazer do "contrôle social", nos Estados Unidos, magna questão sociológica. 
Os especialistas norte-americanos, dando-lhe a atenção que merece, tornam a sociologia opera .. tiva e funcional. Assim procedendo, respondem a uma exigência do meio. Põem à disposição da co-letividade conhecimentos q11e pode utilizar para fins de autopreservação. Num país onde os grupos "organizados" assumem tamanha importância, a não divulgação em massa de conhecimentos sôbre o "contrôle social" poderia possibilitar o exercício monopolizado da influência sôbre as decisões, por parte de algum ou alguns grupos privilegiados, em detrimento dos interêsses gerais. É significativo ( que, no referido país, o princípio competitivo, exacerbando_ e g~ne:aliza~do a luta pelo acesso a pa!cel~s de i~fluencia social, tenha atingido a pró-p.ria vida privada, garantindo o êxito de obras do tipo de C~mo fazer amigos e influenciar pessoas. As relaçoes humanas tornaram-se relações de mercado. , 
. O f;a_me of ref ~enc~, isto é, o sistema de con-ceitos bas1cos da soc10log1a elementar norte-a:meri-88 
" de que é constitutivu u no
<,;fu, d(! "<;on LtfJJ ,. H<J-
canv, t 
1 • ,., • 
. l'' tem como pressupos o a
r➔ cont H.;oc:B pHr LH.:Ulü,-
ci~ dos Estados Unidos. Ilu~t
rt-i um doH tn<Jd<)S d<; 
r;Jicação concreta do sab
er sociológico. Ao cla,b(J-
;~r aquêle sistema, os soci
ólogos ~o~·arr1 B(!fJHLVüi n 
aos assuntos relcvan tes em
 sua soc1e<ladc. No U ru-
sil porém, não se deveria
 conduzir pref er~ncial-
111~nte a meditação sociol
ógica para aquela ordem 
de assuntos. ·É certo que, 
na sociedade brasileira, 
se verificam situações q
ue os sociólogos nor tf!-
-americanos estudam à lu
z de conceitos como "con-
trôle social", "assimilação
", "acomodação", ''con ... 
flito", "isolamento", "con
tato" e, portanto, êsses 
, 
conceitos são aqui aplicáv
eis. Mas o importante é
 
assinalar que tais situaç
ões, na etapa atual do 
Brasil., não têm a mesma 
relevância que nos Esta-• 
dos Unidos. Outro é o e
squema de prioridade de
 
assuntos que se induz de
 nossa presente realidad
e 
social. Sôbre aquelas pr
evalecem aqui situaçõe
s 
distintas. Não é, acrescent
e-se, uma prevalênci~ 
presumida ou subjetiva. 
É uma pre)ralência objeti
--
va. Na fase atual da socie
dade brasileira, ofere-
cem-se outros assuntos m
ais salientes à especula-
ção do sociólogo, como os 
que dizem respeito à tran-
sição pela qual está pas
sando. Existem na soci
e-
dade brasileira os mesm
os antagonismos que l
e-
vam · os sociólogos norte-
americanos às pormenori-
zadas indagações sôbre o
 mecanismo eficiente pa
ra 
a sua contençftô - o "c
ontrôle social". Mas, e
n-
quanto a exigência do "co
ntrôle social" supõe o in-
terêsse em anular as tensõ
es, conservando a estrii-
tura já estabelecida, a so
lução dos antagonismos 
fundamentais da atual soc
iedade brasileira requer 
antes a mudança na qua
lidade de sua estrutura. 
O modo de especulação 
~ociológica, que justific
a a 
preocupação do especialista
 norte-an1erican·o con1 
89 
noções con10 "conflito", "acomodação" "au .· . "'l . l" 1··t 1 t ' 08 1rrii1 , ção" "contro e soc1a , se 1 era mcn e adotatl t1 ... sociÓlogo ?rasile~r~, o I;va a distrair-a: das \t~~'.J tões que te1n mais 1!1teresse par~ 3: colet1vidatl(; n; cional. Os an tagon1smos essenc1a1s da socittla,Í, • brasileira são atualmente os que se exprimem ; ,.., " "d 1 . na polaridade, "estagnaçao e . . esenv? v1mento'', ré-presentados por classes soc1a1s de 1nterêsses con. flitantes, e ainda "nação" e "antinação", isto é un1 processo coletivo de personalização históric~ contra um processo de alienação. Outras contradi-cões que não se enquadram nestes têrmos são, no momento, secundárias. . 
Pode-se i1naginar o que deveria ser um Tra.. tado Brasileiro de Sociologia, dotado de alto teor de funcionalidade e estritamente ajustado à nossa realidade. Deveria traduzir um esfôrço de concei-• tuação de matérias dentre as quais estariam as se-guintes, que passam a ser mencionadas sem preo~ cupação sistemática: desenvolvimento, industria-lização, mudança social, estrutura social, conjun-tura, sistema social, distrofia, processo en1 geral, processo cultural, processo social, processo civiliza-tório, institucionalização, estilização, valor, modê-lo, fundação, instituição, evolução, revolt1ção, tota-lidade, transplantação, região, dualidade, hetero-nomia, hist~ricidade~ ten1poralidade, tempo social e s?Aas . modal1_dades, 1d_e,.olo~ia, massificação, cons-c1enc1a coletiva, consc1enc1a crítica consciência in-gênJa, período críti~o, período orgânico, estrutu-raçao, dE;_sestr~tu~a~ao, re~struturação, fase, épo-ca, ~eraçao, ~rincipi~ media, anta,go11isn10s sociais, re:ihda~e soc~al, realidade_ nacio1;al, prática social, ah~naçao, pais! POJO, ~aç!1~• colonia, centro, eri-f ena, personal1zaçao h1storica efei· to de ti! . , pres 1g10, 90 
. - efeito de den1onstr~ç~o, cJas-
·t de do1111naçaf.'t n1en1ória social, 1~1taçao e 
efe1 o. 1 quadro, e 1 e, . nn~ omia reduçao, etno-
SOClª , eunon11a, " ' . b · ~ Jeis, 110-nws, .... . t ação colonial, ur an1za-
:uatsr1· sn10, situaçao,l s1 ur·ural divisão social do 
cen .... comp exo ' 1· • ., e1e,·açao, . 1a· clientela corone ismo, 
r!tO, 1igarqu1a C , .' " • • l 
~o, o . ' n1orfisn10, v1genc1a soc1a ' 
t ·~ncia nacional,. a . 'b'l1'dades refle-('()IlSC1~u . , · de lim1 tes e poss1 1 , 
pader, P~ c:~ais da população. :es_se Tratado se-
xo, q~adlo te do Tratado norte-americano, do fr~n-
ria dife;en" do ale1não embora baseado em pr1~-
~ do mgl~,de raciocm'io sociológico,válidos um-
cipios gerais 
,ersalmente. 
* * * 
Cumpre agora p_roced~r à_ redu~ão sociológi-
ca de uma técnica de 1nvest1ga~ao ~oc1al. P~ra_ ta11• 
to será invocada ocorrência da vida prof 1ss1onal 
d~ autor. No ano de 1952, teve a oportunidade de 
dirigir o planejamento e a execução da Pesquisa 
Nacional de Padrão de Vida, realizada em vinte e 
nove municípios rurais e em mais de noventa cida-
des, inclusive tôdas as _ capitais. Nessas i11vestiga-
ções, a fim de apurar, nos centros urbanos, o con-
sumo alimentar das famílias operárias que consti-
tuíram as amostras selecionaaas, foi utilizado o 
conhecido processo das cadernetas. Nestas, duran-
te seis semanas, anotaram-se, diàriamente, entre 
ou~ras coisas, as despesas com alimentos de cada 
unidade doméstica. Na fase de apuração dos infor-
mes_coletados, surgiu o momento em que as rações 
edafetivas das famílias deviam ser expressas em uni-
des de consumo. 
91 
Co1:10 se s~be, as u_nidadcs de <;onsumo , . . 
tem obviar os mconvem entes da media per ;(~~'.n1. 
Por exe1nplo, suponham-se duas familias de /
6
,P1lo. 
soas an1bas con1 uma despesa n1ensal de PeR .. 
Cr$ '7. 200,00. Admi~a-se que uma dessas f~~-íl-' · 
é constituída de marido, n1ulher e 4 filhos rnen< 1ª8 • >r~H de 10 anos. Admita-se que a outra família Sé : 
constituída de marido, mulher e 4 filhos maior~ª 
de 15 anos. Ora, a despesa per capita de cada um! 
das famílias é igualmente de_ Cr$ 1. 200,00. Toda .. 
via, não é pqssível, para efe1~0 de mensuração do 
padrão de vida, que o es~ud1oso ~~ contente com 
essa média. De fato, ela nao prop1c1a conhecimen .. 
to preciso do padrão de vida, porque, na segunda 
família os filhos maiores de 15 anos devem con-
sumir ~limentos em quantidades diversas das que 
se verifica1n na outra família, e1n que os filhos são 
todos menores de 1 O anos. Com a mesma renda, f a-
mílias de igual número de pessoas podem ter ní-
veis de consumo bastante diferentes, conforme a 
idade e o sexo dos indivíduos. 
Para corrigir a imprecisão da n1édia per ca .. 
pita, os analistas de resultados de pesquisa de pa .. 
drão de vida têm utilizado as cha1nadas unidades de consumo. 
.. 
Em geral, as escalas de consumo alimentar 
tomam como unidade a ração do hon1em em deter-
minada faixa de idade. Ao homem e à n1ulher en1 
idade não compreendida na faixa etária escolhida 
s~ atribuem ~oeficie1:tes variáveis. Nas investiga-
çoes, ~e padrao de vida, os consun1os efetivos das f_am1has devem ser comparados en1 têrmos de ''adultos eq~ivalentes~'. Quando, na Europa e nos 
Estados _Umdos, os tecnicos enfrentaram êsse pro-blema, tiveram de criar escalas de consun10 ade-
92 
. , 
1W d •esul tados dos seus . inq 
ue-
:1s à npu1·aç~to . os.:anto, que, ho
 Brasil e P-m 
quad" Lóg•ico ser1~, ,P?l tan1bé1
n os pcsqu if~auo-
}'i tos, p~ {ses per1fer1c?s, ' e, ,.,. 1· as
 de consumo ade-
tros t,1' •6pr1 as cs '"' 
. , 
ou ··assetn suns ~ 1 d . sultad
os de seus inqu~-
rcs d~ à verificnçno ,., o~ l e acontecido. 1'1 o Brasil 
qua ' Isto porén1, n3:o em têm sid
o usadas esca-
ri tos. fs~s sul-an1er1canos,. 
1· a<la a abai .. 
uos pa . do a ma1 s gener
a 1z "' 
lc es
ttangeitas, sen t ] 932 por um
a conf erén-
as . t propos a em • 
N -
. transcri 8 ? d t· a Socied
ade das açor,s. 
~.º 1 . ·ien1stas a an igG eia de ug 
-
ACIONAL ESTABELECIDA
 POR UMA 
ESCAL~~~~~!~NCIA DE T
ÉCNICOS, EM 1932 
COEFICIENTES
 
l Sexo I Ambos os Sexo 
IDADE 1 
F emin ino 
1 Masculino I sex_os_---
!...- ---
0.2 
- o- 2 anos 
2- 4 anos 
4- 6 anos 
6- 8 anos 
8-10 anos 
10-12 anos 
12-14 anos 
14-59 anos 1 
60 anos e mais 1 
1.0 
Nota: 1.0 == 3.000 calorias bruta
s 
0.3 
0.4 
0.5 
0.6 
0.7 
0.8 
0.8 
0.8 
Ora, é legítimo presumir que ess
a escala de 
1932 não seja adequada à fisiologi
a de populações 
tropicais. Tem importância assina
lar que seus au-
tores eram na maior parte europe
us. Tiveram na-
turalmente de socorrer-se de suas
 respectivas 0.x-
periências nacionais ou regionais. 
Perguntar-se-á : 
u,m. menino de doze anos é, do ponto
 de vista f isio~ 
logico, a mesma fração do adulto 
na Europa e no 
Nordeste brasileiro? Tudo indica 
ser negativa a 
93 
~ posta Condições ecológicas, culturai" 
1 es , · 
1. d . 0 e 
,. 
1·cas muito pect1 1ares evem influir na fº .eco. 
nom .1 • dºf 1a1o\ 
. . do menino bras1 e1ro e 1 erenciã-lo d o. 
g1a 
o (!u .. 
ropeu. · Que relação tem o e~posto com_ o tema do Pre te estudo? É que descreve uma situação na q .. 
sen 
. d b -1 • ua\ 
impunha ao investiga or ras1 ei_ro a prática d ~!dução sociológica de um yroced1mento técni.c; Aquela escala de consumo e produto de trabalho científico referido a um cont~xt? part~cular, to 
caso, europeu. Não pode constituir_ mo?e.lo ou pa .. radigma universal,. e portant~ obrigator:i? para 0 
pesquisador brasileiro. tste nao,., deve utiliza-la se .. não como subsídio n3: el~~ora9_ao de n~va ~Reala 
que seja funcional e ~ign1ficat1va no_ ~eio que in .. 
vestiga. São necessárias escalas b~asileiras de con .. 
sumo embora devam ser obtidas a luz dos me$mos 
principios científicos gerais de que se se1·viram os técnicos estrangeiros. · 
* * * 
Pode-se acrecentar ainda outro exemplo de 
redução - já agora no nível tecnológico. Sabe-se 
que o Brasil importava caminhões e ainda os im-porta em certa medida. Mas já começamos, graças 
à Fábrica Nacional de Motores, a produzi-los aqui. 
O ca1:!-inhão FNM é nacional em cêrca de 70o/o de seu _peso. N? ~~t~nto, mesl!lo a parte dêle não pro-duzida aqui Ja e confeccionada no exterior em obediên_cia_ a cert~s. especificaç'ões estabele~idas pelos tecn1cos bralnle1ros. Além disso, 0 caminhão FNM, como um todo, em confronto com O canii-nhão estrangeiro, apresenta características brasi-94 
1 
.. s Entre as obs
ervações feitas pe
lo autor, se 
eu a . .f. 
,., ·t. 
. t 
. Iuein as 1nod1 1ca
çoes que se ver1 1
cam no s1s e-
u1c . 
1 t 
t 
de mo
leJo nos ca ços qu
e supor am o mo 
or, no 
111a 
, d f . 
,., d 
, assis no sistema 
e re r1geraçao, n
o coman o 
c,i , " b. 
f d 
da caixa de cam 10
, nos para usos u
sa os na mor.-
tagem na coln1eia d
o radiador, na co
roa cilíndrica, 
na cai~a do difere
ncial, essas e out
ras caracterís-
ticas impostas par
a ajustar o cami
nhão a condi-
ções ecológicas, ec
onômicas e psic
o-sociais parti-
culares do Brasil. 
:mste é um caso d
o que se pode-
ria chamar de red
ução tecnológica 
em que se re-
gistra a compreen
são e o domínio 
do processo de 
elaboração de um 
objeto, que perm
item uma utili-
zação ativa e cria
dora da experiên
cia técnica es-
trangeira. ( *) 
A seguir serão ex
aminados os ante
cedentes fi-
losóficos e sogiológ
icos da redução s
ociológica. 
(•) Notada2ªe
d· - E 
. -
em 1958. Hoje 19
65 !ç~°,· t : ssas 
cons1~e,ra~oes for
an1 escritas 
senta elevada e;cala
 d a in .us r{~ a~tomob1bs
bca do Brasil ap
re-
d~ Ql.le o exemplo
 ~ nacJ.~na izaç
ao,. q~antitativa 
e qualitativa 
ainda, sôbre Teduç
ã~cf11a a ~pena
s ideia muito p
álida Vide' 
a Redução Sociol
ógica .~cneomlógaic~, d
a~ "Od~serva~ões 
Gerai~ Sôbr~ 
, pen ice 
este livro. 
95

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