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[6]CÉLULAS FOTOVOLTAICAS_DESENVOLVIMENTO E AS TRÊS

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Revista Técnico-Científica do CREA-PR - ISSN 2358-5420 – Ed. Especial – Março 2019 - página 1 de 6 
CÉLULAS FOTOVOLTAICAS: DESENVOLVIMENTO E AS TRÊS 
GERAÇÕES 
 
 
Douglas Guedes Batista Torres 1 (Acadêmico - UNIVEL); guerrathiago@gmail.com 
Bruno Hermes de Luca 2 (Acadêmico - UNIVEL) 
João André Malacarne 3 (Acadêmico - UNIVEL) 
Joel Souza 4 (Acadêmico - UNIVEL) 
Deivid Casarolli 5 (Acadêmico - UNIVEL) 
Eduardo Dalla Costa Silva 6 (Acadêmico - UNIVEL) 
Thiago Guerra 7 (Docente - UNIVEL) 
 
 
 
Resumo: Com a crescente demanda por fontes de energias sustentáveis, a tecnologia de 
painéis fotovoltaicos para a produção de energia tem se tornado uma das protagonistas no 
que tange a produção energética sustentável. Com mais de cem anos desde a sua 
descoberta, essa tecnologia vem se desenvolvendo tal qual pode ser dividida em três 
gerações de células fotovoltaicas. Por meio de revisão bibliográfica, este trabalho relata 
basicamente algumas das principais células que estão no mercado e em desenvolvimento, 
bem como seu funcionamento e eficiência. 
 
Palavras-chave: energia sustentável, painéis fotovoltaicos, produção energética 
sustentável. 
 
PHOTOVOLTAIC CELLS: DEVELOPMENT AND THE THREE 
GENERATIONS 
 
Abstract: With de growing demand for sustainable energy sources, the technology of 
photovoltaic panels for energy production has become a leading player in sustainable energy 
production. With more than a hundred years since its discovery, this technology has been 
developing as it can be divided into three generation of photovoltaic cells. Through a 
bibliographical review, this work basically reports some of the main cells that are in the 
market and in development, as well as its operation and efficiency. 
 
Key words: sustainable energy, photovoltaic panels, sustainable energy production. 
 
1. INTRODUÇÃO 
Ao longo do tempo, a exploração em larga escala de reservas de combustíveis 
fósseis como fonte de energia, além dos impactos ambientais gerados, causa preocupação 
para o futuro. “A civilização humana e o ecossistema terrestre estão entrando em choque, e 
a crise climática é a manifestação mais proeminente destrutiva e ameaçadora desse 
embate” (GORE, 2010). 
Partindo da necessidade de reinventar, investir em novas tecnologias renováveis e 
com menor degradação ambiental, as energias solar e eólica têm um viés muito favorável de 
 
 
 
 
 
 
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desenvolvimento. Diante disso, os painéis solares fotovoltaicos são uma das melhores 
fontes de obtenção de energia e, ao longo do tempo houve um aumento gradativo de 
investimento e pesquisa nessa área (NASCIMENTO; ALVES, 2016) 
Dada a grande importância desta tecnologia, o desafio está contido no 
desenvolvimento de painéis solares com a maior eficiência possível, com materiais 
abundantes e não tóxicos, bem como um custo viável que incentive a população a buscar 
essas alternativas energéticas. 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
“O efeito fotovoltaico foi observado primeiramente por Alexandre Edmond Becquerel por 
volta de 1839 quando realizava experimentos com placas metálicas de platina ou prata e 
percebeu que essas placas quando mergulhadas em um eletrólito produziam uma diferença 
de potencial quando expostas a luz” (FATET, 2005). 
 Após a descoberta de E. Becquerel, diversos estudos nessa área foram 
desenvolvidos, até que em 1883 começaram a aparecer às primeiras células solares aonde 
eram principalmente compostas de selênio. Já nos anos de 1950 com o avanço na área dos 
semicondutores, aparecem as primeiras células de silício tendo uma eficiência próxima a 6% 
e começam a ser comercializadas (OLIVEIRA SOBRINHO, 2016). 
 
2.1 PRIMEIRA GERAÇÃO 
A primeira geração de células solares tem o silício como seu material principal, 
sendo subdividido em 2 processos de fabricação, o silício monocristalino e também o silício 
policristalino, tecnologia está que ocupa a maior parte do mercado atualmente, “por ser 
considerada uma tecnologia consolida e confiável, e por possuir a melhor eficiência 
comercialmente disponível” (CEPEL, 2014). 
Silício monocristalino: nas células de silício monocristalino a estrutura é uniforme por 
se tratar de um único cristal, o que está diretamente ligado com a forma com que os elétrons 
são conduzidos dentro do material. Logo, essas células são mais eficientes por não terem 
barreiras para cruzar durante o transporte dos elétrons. Porém para que essas células 
sejam eficientes é necessário que o material passe por um processo de dopagem com o 
objetivo de criar camadas dos tipos p e n. “o processo de dopagem de um semicondutor 
consiste na introdução de impurezas no material com o objetivo de modificar suas 
propriedades elétricas” (PEREIRA, 2016). 
 
 
 
 
 
 
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“Se o silício é dopado com um elemento como o fósforo (um elétron a mais de 
valência), o material resultante é chamado de semicondutor tipo n. Em oposição, se o silício 
é dopado com um elemento como o boro (um elétron de valência a menos) tem-se um 
semicondutor tipo p” (CEMIG, 2012). 
Somente a partir das camadas p e n, e seus respectivos 3 e 5 elétrons na camada de 
valência, se torna possível uma diferença de potencial, resultando em um fluxo de elétrons, 
logo, corrente elétrica. “Essas células se destacam por ter uma eficiência na ordem de 15%” 
(CRESEB, 2008). Porém, apesar da produção em larga escala e uma eficiência 
considerável, existem barreiras a serem quebradas, como a diminuição de custos, 
quantidade de material necessário e a quantidade de energia envolvida no processo de 
fabricação. 
Silício policristalino: O silício policristalino difere-se por ter um processo de fabricação 
mais econômico e menos rigoroso, já que não depende de tanta complexidade na produção 
do cristal. Obtido a partir da fusão de silício em moldes, o material tem um lento processo de 
solidificação. “Nesse processo os átomos não se organizam em um único cristal. Forma-se 
uma estrutura de múltiplos cristais com superfícies de separação entre os cristais” 
(NASCIMENTO, 2004). 
Diante das barreiras criadas pela estrutura policristalina, temos um fluxo de elétrons 
menos eficiente, justificando então uma menor eficiência de um painel policristalino com 
relação a um monocristalino. Uma vantagem que pode ser destacada é a quantidade de 
energia utilizada no processo de fabricação, significativamente menor (CEPEL; CRESESB, 
2014) 
 
Fonte: Site Soletric energia solar 2013 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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2.2 SEGUNDA GERAÇÃO 
O mercado das células solares de segunda geração é dominado por três materiais de 
filmes finos, telureto de cadmio, silício amorfo e disseleneto de cobre, índio e gálio, dentre 
as vantagens das células dessa geração podemos citar a menor energia gasta na produção 
também como a menor utilização em materiais por necessitarem de uma fina camada de 
material, nota-se grande avanço na inclusão dessas células em projetos arquitetônicos visto 
que apresentam uma melhor aparência (JOÃO, 2016). 
A segunda geração, marcada pelos filmes finos, surgiu no início da década de 90 
com o objetivo de aperfeiçoar a redução dos custos de produção. O processo de deposição 
por vaporização ou por eletrodeposição evita os desperdícios que ocorrem na serragem dos 
wafers cristalinos (PASSOS, 2016). 
 
 
2.3 TERCEIRA GERAÇÃO 
As células solares de terceira geração têm como objetivo alcançar altos níveis de 
eficiência juntamente com um menor custo de produção, utilizando vantagens da primeira e 
segunda geração. Pode-se incluir nessa definição tecnologias orgânicas, pontos quânticos, 
células tandem/multijunção, células de portadores quentes, células solares sensibilizadas 
por corantes e tecnologiasde upconversion (SILVA, 2001). 
Limite de Shockley-Queisser: sabe-se que, de acordo com o limite de Shockley-
Queisser, a eficiência termodinâmica de uma célula solar de única junção é de pouco mais 
de 33%. Assumindo que, a uma temperatura ambiente de 300K, um espectro AM1,5 esteja 
incidindo em uma célula solar (RÜTHE, 2016). 
As células de primeira e segunda geração, supracitadas, não são capazes de 
ultrapassar o limite em questão, devido à utilização de uma única junção p e n. E na 
tentativa de superar essa barreira enfrentada pelas gerações anteriores de painéis solares, 
novos conceitos vêm sendo discutidos nos últimos anos, e estes conceitos são 
considerados a terceira geração dos painéis solares. 
Por serem constituídas de filmes finos sobrepostos as células de multijunção são 
considerados como parte das células de segunda geração, mas apesar disso deve se 
ressaltar a capacidade de atingir altos níveis de eficiência, quando separadas em camadas 
de semicondutores com gaps de energias diferentes (BROWN; WU, 2009) 
 
 
 
 
 
 
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Estas células podem ser configuradas de duas formas distintas: pode-se empilhar a 
célula de forma mecânica, de forma que cada camada da pilha seja tratada como um 
dispositivo separado com um terminal para cada uma; a outra forma configura-se como uma 
célula em série, onde cada semicondutor na pilha está conectado em série, assim sendo, a 
célula geral possuirá apenas dois terminais, uma na parte traseira e outro na parte frontal. 
Em condições perfeitas, estas duas configurações operariam com a mesma eficiência, mas 
quando considerado um espectro solar real e variável, o design empilhado mecanicamente 
possui maior flexibilidade por conta de sua capacidade de aperfeiçoar a curva I-V das 
células e depois conecta-las à um circuito externo (CONIBEER, 2007). 
 
3. CONCLUSÃO 
A evolução tecnológica de fontes alternativas de energia como a energia solar, se faz 
necessário ao levarmos em consideração a necessidade de inserirmos cada vez mais no 
mercado fontes de energia que preservem ao máximo o equilíbrio do meio ambiente, bem 
como podendo ser um fator de inserção de energia em áreas remotas. 
Ciente da sua importância é fundamental o estimulo e investimento a pesquisa nessa 
área, principalmente na evolução e desenvolvimento das células fotovoltaicas. A partir disso, 
algumas barreiras poderão ser rompidas, como obtenção de maior eficiência, diminuição no 
custo de produção, utilização de matérias primas abundantes e não toxicas. 
O Transpor as barreiras acima é um dos desafios para os próximos anos, além de 
investimentos e dar suporte para pesquisas, também é função do estado a conscientização 
da importância de utilizar energias renováveis, reduzir impostos para a aplicação e inserção 
das mesmas em áreas de pobreza extrema. Segundo dados da ANEEL (Agencia Nacional 
de Energia Elétrica), cerca de um milhão de residências brasileiras não possui energia 
elétrica. Ao analisarmos um país em desenvolvimento, tanto econômico como social, é 
eminente a necessidade de explorar essa fonte de energia sustentável. 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Jersey, v. 3, n. 4, p. 394-405, 2009. 
 
CEPEL & CRESESB, Manual de engenharia para sistemas fotovoltaicos, p.50, 2014. 
CEMIG, Alternativas energéticas: Uma visão da CEMIG, p.110-111, 2012. 
CONIBEER, G. Third-generation photovoltaics. Materials today, Amsterdam, v. 10, n. 11, p. 
42-50, 2007. 
 
ENERGIA SOLAR FOTOVOLTAICA, disponível em: Cresesb. Cepel, p.4., 2008. 
 
 
 
 
 
 
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