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PORTFÓLIO 2020- 05-06

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Unopar – Universidade Norte do Paraná
Sistema de Ensino A DISTÂNCIA
CURSO DE LETRAS E SUAS RESPECTIVAS LITERATURAS
PORTFÓLIO INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL: A ARTICULAÇÃO DE TEORIAS DO TEXTO NO ENSINO DE LEITURA
Ouro Branco/MG
2020
PORTFÓLIO INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL: A ARTICULAÇÃO DE TEORIAS DO TEXTO NO ENSINO DE LEITURA
Portfólio Interdisciplinar Individual apresentado à Unopar – Universidade Norte do Paraná, Curso de Letras e suas Respectivas Literaturas.
Docente supervisor:
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO	4
2. DESENVOLVIMENTO	5
2.1 Fundamentação Teórica	5
2.2 Planejamento da Oficina de Formação	8
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS	11
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS	12
	
1.INTRODUÇÃO
A leitura e a escrita são pontes incontestáveis para que haja uma inclusão do indivíduo na sociedade. De fato, a educação tem a leitura como meio de inclusão social e de melhoria para a formação dos indivíduos. Tendo a escola a responsabilidade de sistematizar esses saberes, o papel do professor de língua portuguesa é fundamental para que haja uma aquisição significativa da linguagem. Nesse sentido, o professor deve estar preparado para o ensino, adotando estratégias adequadas para a aprendizagem.
 No trato da formação de leitores competentes, ocorre a necessidade de se adotar diferentes posturas teóricas e metodológicas. Às práticas de ensino de leitura e de escrita subjazem concepções de leitura, de sujeito, de língua, de texto e de sentido bem distintas.
Sabe-se ainda que as experiências e visão de mundo se originam do mundo culturalmente compartilhado, caminhando para a reflexão sobre as questões que se manifestam no cotidiano com a leitura, na percepção de papel de leitor, inserido na construção e comunicação do conhecimento. 
Assim, esse trabalho tem como tema a articulação de teorias do texto no ensino de leitura e tem como objetivo a organização de uma Oficina de Formação para professores, tendo como foco o ensino de leitura e interpretação de textos a partir da articulação dos conceitos contemplados em três diferentes teorias: Linguística Textual, Semântica e Semiótica.
 Para a estruturação da Oficina pensou-se, primeiramente, em relembrar conceitos teóricos já aprendidos. O segundo passo foi analisar a prática docente identificando os acertos e oportunidades de melhoramento. Finalizando foi sugerida a estruturação de um material de apoio voltado para o tema do estudo.
2. DESENVOLVIMENTO
2.1 Fundamentação Teórica
Para se interpretar um texto é preciso estruturar uma rede de relações. Além disso, é necessário levar em conta a existência de diferentes modos interpretativos para as relações estabelecidas.
Essa é uma das grandes preocupações do professor de língua portuguesa, não só pelo valor da atividade, como também pelas deficiências apresentadas: a primeira é a ausência de conteúdo programático, pois enquanto nos demais setores de ensino da língua, a sistematização dos conhecimentos é uma realidade, no caso do texto ainda não se chegou ao mesmo nível de conhecimento. 
A segunda deficiência refere-se ao próprio espaço do professor de língua portuguesa na utilização dessa atividade. O questionamento proposto nos textos em livros didáticos apresenta grande variedade na questão da finalidade, pois fala sobre cultura, formação moral, o senso de crítica, ensino da gramática, significados, e entre outros, mas não apresenta um objetivo definido. No caso é o próprio texto que sugere o questionamento. 
“Os falantes/escritores da língua, ao produzirem textos, estão enunciando conteúdos e sugerindo sentidos que devem ser construídos, inferidos, determinados mutuamente. A produção textual, assim como um jogo coletivo, não é uma atividade unilateral. Envolve decisões conjuntas. Isso caracteriza de maneira bastante essencial a produção textual como uma atividade sociointerativa.” (MARCUSCHI, 2008.p. 77)
Sendo a interpretação de texto um caminho para melhor desempenho na prática da língua escrita o seu interesse maior deve ser o desenvolvimento de estratégias produtoras de significação. Se a pretensão é fazer o aluno ler melhor para levá-lo a uma boa escrita, deve-se observar os textos atuais, com estratégias adequadas as mais prováveis circunstâncias comunicativas dos alunos, o que nos leva a não incluir textos elaborados ou que se refira a outros momentos históricos, pois as estratégias seriam dificilmente repetidas pelos leitores atuais.
Nesse contexto três conceitos teóricos e suas ´relações no ensino da Língua portuguesa serão abordados a seguir: Linguística Textual, Semântica e Semiótica.
A Linguística textual é um objeto de investigação não sendo a penas uma palavra isolada, mas um texto de manifestação da linguagem. A diferença entre texto e linguística textual não é apenas quantitativa, mas qualitativa, pois enfatizam estruturas utilizadas na constituição de textos. A linguística apresenta vertentes que diferem de coesão textual, tais como: informatividade, intertextualidade e situacionalidade. É preciso que em um texto haja a coerência e a presença da Linguística textual para um bom entendimento das ideias repassadas ao leitor, pois um texto não é apenas um conjunto de palavras isoladas, ele apresenta propriedades gramaticais contidas de coesão e coerência, apresentando princípios de constituição de texto e língua. Assim, a Linguística textual é responsável pelo padrão da textualidade bem como o processo de produção do texto, ambos visam o relacionamento entre estrutura e interpretação. Como decorrência apresenta a Linguística como um ato de comunicação unificada repassada através da manifestação da linguagem. (KOCH, 1994)
No que diz respeito ao ensino da Língua Portuguesa, a Linguística Textual fornece mecanismos ao professor quanto à realização do trabalho com o texto em sala. Para Koch (2010) compete à Linguística Textual 
    [...] o estudo dos recursos linguísticos e condições discursivas que presidem à construção da textualidade e, em decorrência, à produção textual dos sentidos. Isto significa, inclusive, uma revitalização do estudo da gramática: não, é claro, como um fim em si mesma, mas no sentido de evidenciar de que modo o trabalho de seleção e combinação dos elementos, dentro das inúmeras possibilidades que a gramática da língua nos põe à disposição, nos textos que lemos ou produzimos, constitui um conjunto de decisões que vão funcionar como instruções ou sinalizações a orientar a busca pelo sentido. (KOCH, 2010, p. 3- 4)
Se a Semiótica tem por objetivo o texto, dentro do âmbito da comunicação, faz-se necessário definir o que é texto. Dentro da Linguística, a ciência que estuda a linguagem, a definição de texto refere-se a uma unidade de sentido produzida por um autor e interpretada por um leitor. Partindo dessa elucidação, é possível dizer que texto é tudo aquilo a que atribuímos um sentido ao ler e escrever. Diferentes possibilidades da manifestação textual tendem a convocar análises especializadas em linguagens específicas, o que faz com que se perca a possibilidade de comparação entre expressões distintas. Assim a semiótica é a ciência que procura explicar o sentido do texto analisando o seu conteúdo e tem se esforçado para escrutinar tanto da organização interna do texto quanto dos mecanismos relacionados a sua enunciação. Como primeiro passo da análise, a semiótica propõe abstração das diferentes manifestações para centrar foco no plano de conteúdo. Assim sendo, a semiótica é a ciência que procura explicar o sentido dos textos analisando o plano de seu conteúdo.
Segundo GREIMAS (1974), não existe salvação fora do texto. Todo o texto, somente o texto, nada fora do texto” (Greimas, 1974, p. 31). Nesse contexto, pode-se concluir que a semiótica se preocupa somente com o texto. Tudo o que não é texto, ou não é pertinente ao texto, não é de interesse da semiótica. Tudo o que é extratextual, e por consequência, extralinguístico, não é de interesse da semiótica. Esse seria, justamente, o primeiro modo de leitura. Não há nada que, para a semiótica, não sejatexto. Tudo é texto.
O estudo das significações das palavras é um assunto na língua portuguesa exclusivo da Semântica. A semântica estuda o significado e a interpretação do significado de uma palavra, de um signo, de uma frase ou de uma expressão em um determinado contexto. Nesse campo de estudo se analisa, também, as mudanças de sentido que ocorrem nas formas linguísticas devido a alguns fatores, tais como tempo e espaço geográfico.
Na prática docente o ensino da semântica é de fundamental importância para a leitura e interpretação textual no sentido em que permite que os alunos, na condição de leitores ou de autores, pensem no efeito de sentido desejado, a fim de se buscar o recurso mais adequado à situação em que sua interpretação ou seu texto aparecerá. Consequentemente, o aluno torna-se cada vez mais consciente de que a escolha dos elementos da língua é regida pela adequação dos recursos e das instruções de sentido que abarcam os propósitos dos usuários da língua em dada situação comunicativa.
2.2 Planejamento da Oficina de Formação
A oficina de formação docente foi organizada de acordo com os seguintes critérios:
· Descrição detalhada das atividades a serem realizadas; 
· Explicitação dos conceitos teóricos da Linguística Textual, da Semântica e da Semiótica a serem PRODUÇÃO TEXTUAL INTERDISCIPLINAR INDIVIDUAL – PTI Letras - Português contemplados durante o desenvolvimento da Oficina; 
· Descrição de como os professores serão orientados para a adoção de diferentes estratégias para suas aulas de leitura e interpretação de textos.
	Oficina de Formação
	Objetivos
	- Aprofundar os conhecimentos em Linguística Textual, da Semântica e da Semiótica;
- Verificar as contribuições de conceitos da Linguística Textual (coesão, coerência, inferência, conhecimento de mundo, argumentação, etc.) para a abordagem do texto pelo professor nas atividades de leitura.
- Perceber o modo como o professor pode se valer dos conceitos teóricos da Semântica (ambiguidade, polissemia, sinonímia, antonímia, implícitos, etc.) para o desenvolvimento de atividades de leitura.
-Analisar o modo como a Semiótica contribui para que o professor ensine seus alunos a buscarem, no texto, os mecanismos internos de organização dos seus sentidos.
- Identificar possíveis falhas na prática docente;
- Identificar as necessidades de aprendizagem dos alunos;
- Construir novas práticas didáticas e/ou aprimorar as existentes.
	Público Alvo
	Professores de Língua Portuguesa do Ensino Fundamental e Médio.
	Cronograma
	1ª etapa: 03 encontros	Comment by Admin: 
2ª etapa: 02 encontros
3ª etapa: 03 encontros
	Recursos
	- Computador; data show; quadro; giz; livros didáticos; portadores de textos variados.
	Percurso metodológico
	1ª etapa: A etapa inicial consiste na criação de grupos de estudos dos conceitos que norteiam essa oficina. Em cada encontro um grupo será responsável pela socialização dos conhecimentos em Linguística Textual; Semiótica e Semântica.
2ª etapa: Nesta etapa os professores deverão analisar sua prática docente com os conteúdos dos grupos de estudo identificando as melhorias necessárias.
3ª etapa: Construção de um material de apoio com atividades definidas em conjunto para o ensino para o trabalho com a leitura de textos em sala de aula. As estratégias seguintes são alguns exemplos norteadoras desse material:
 Monitorar a compreensão
Nessa estratégia, o leitor é convidado a compreender o texto enquanto lê, desenvolvendo procedimentos para lidar com problemas que possam surgir ao longo da leitura. A releitura é um desses procedimentos e pode ajudar a melhorar o entendimento de um texto.
Aprendizagem cooperativa
Nesse caso, os leitores trabalham juntos para aprender estratégias no contexto da leitura, como a leitura coletiva e a conversa sobre o que foi lido.
Organizadores semânticos e gráficos
Nessa estratégia, o adulto convida o leitor a representar graficamente (escrever ou desenhar) os significados e as relações das ideias que fundamentam as palavras do texto.
Estrutura do enredo
Nessa estratégia, o leitor aprende a perguntar e a responder a quem, o quê, onde, quando e por quê; a fazer perguntas sobre o enredo. Em alguns casos, o leitor traça a linha do tempo, identificando personagens e acontecimentos.
Responder perguntas
O leitor responde a perguntas colocadas pelo professor e recebe feedback. Essa é a prática mais comum nas escolas de interpretação de textos e deve ser trabalhada cuidadosamente para que o aluno não responda de maneira automática, sem refletir sobre o que foi lido.
Perguntas geradoras
Nessa estratégia, o leitor pergunta a si mesmo o quê, quando, onde, por quê, o que vai acontecer na história, como e quem é o ator da ação.
Ensino com múltiplas estratégias
O leitor usa vários dos procedimentos em interação com o professor. O ensino com múltiplas estratégias é eficaz quando os procedimentos são utilizados de forma flexível e adequada por parte do leitor ou do professor, numa situação natural de ensino.
	Processo de feedback
	Após a oficina serão agendados encontros quinzenais para se discutir a aplicação e interação dos alunos mediantes as novas estratégias estabelecidas.
	Socialização de resultados
	Os resultados serão socialização ao final de cada etapa em reuniões ou conselhos de classe.
3.CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando se fala em teoria de texto, evidencia-se que a concepção mais adequada é aquela que vê o texto como um lugar de interação, assumindo uma dimensão sociocognitivo- interacional de língua, privilegiando os sujeitos e seus conhecimentos em processo de interação.
Os conceitos abordados neste trabalho são portadores de uma identificação singular: voltam-se para o campo das significações, as quais são marcadas por uma abrangência em face as inúmeras possibilidades de expressão.   Mais ainda, auxiliam no ensino da leitura, orientando o tratamento adequado com o texto em sala de aula. 
É importante ressaltar que o professor deve estar preparado para utilizar em sala os conceitos e as estratégias eficazes, e aplicá-los no ensino da produção textual, quer se fale em leitura, quer em escrita.    
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad. Alfredo Bosi e Ivone Castilho Benedetti. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
AUDI, Robert. The Cambridge Dictionary of Philosophy. New York: Cambridge University Press, 1999.
BUNNIN, Nicholas; YU, Jiyuan. The Blackwell Dictionary of Western Philosophy. Oxford: Blackwell Publishing, 2004
FIORIN, J. L. Em busca do sentido: estudos discursivos. São Paulo: contexto, 2008ª
GREIMAS, Algirdas Julien. L’Énonciation: une posture épistémologique. Significação – Revista Brasileira de Semiótica, no 1, Centro de Estudos Semióticos A. J. Greimas: Ribeirão Preto (SP), p. 09-31, 1974.
KOCH, I. G. V. ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2010.
KOCH, Ingedore Villaça. O que é a lingüística textual. In: A coesão textual. 7 ed. São Paulo: Contexto, 1994.
MARCUSCHI, L. A. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.
SANTAELLA, L. (1983). O QUE É SEMIÓTICA. SÃO PAULO: BRASILIENSE
SANTAELLA, L. Estudos de Peirce no COS/PUCSP. In Laurentiz, S. (org.) Caderno da 1ª Jornada do Centro de Estudos Peirceanos. Editado pelo CEPE-COS/PUC-SP, 1997. pp. 3 e 4

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