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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo Faculdade de Direito Disciplina: Sociologia Docente: Dora Porto Nogueira Discente: Ana Beatriz Firmino dos Santos – RA00276477 – ME1 Ana Beatriz Domingues - RA00276756 Isadora Simões Camargo – RA00278205 João Rocha Mendes de Almeida- RA00282245 Thiago Fernandes Sant´Ana – RA00282251 São Paulo, 29 de maio de 2020 Atividade sobre o filme “ O Jovem Karl Marx” O filme “O Jovem Karl Marx” dirigido por Raoul Peck e lançado em 28 de dezembro de 2017 conta a história de Karl Marx aos 26 anos que embarca para o exílio junto com sua esposa, Jenny. Na Paris de 1844, ele conhece Friedrich Engels, filho de um industrialista que investigou o nascimento da classe trabalhadora britânica. Nesse contexto, Engels oferece ao jovem Marx a peça que faltava para completar a sua nova visão de mundo. Entre a censura e a repressão, os tumultos e as repressões políticas, eles lideram o movimento operário em meio a era moderna. O longa-metragem aborda de forma romantizada a vida de Karl Marx e os principais acontecimentos de sua vida. O filme, também, retrata os acontecimentos que o levaram a se envolver politicamente nas causas operárias do século XIX. Mesmo o filme não focando, principalmente, em expor de forma teórica as ideias propostas por Marx, traz acontecimentos importantes que foram inspirações e gatilhos para a construção de sua teoria. A cena inicial revela a realidade de camponeses pobres da Prússia, os quais coletavam gravetos de madeira morta de uma propriedade para que pudessem se esquentar em dias frios. https://www.google.com/search?sxsrf=ALeKk0371rUKD3svImKKXSU_9XPkUzhLHQ:1590781087410&q=Raoul+Peck&stick=H4sIAAAAAAAAAOPgE-LSz9U3sCwzSksyVwKzjSzMczOytcSyk6300zJzcsGEVUpmUWpySX7RIlauoMT80hyFgNTk7B2sjACYKyGNQgAAAA&sa=X&ved=2ahUKEwixioWt6dnpAhUkIbkGHXbWD04QmxMoATAeegQIDBAD&sxsrf=ALeKk0371rUKD3svImKKXSU_9XPkUzhLHQ:1590781087410 Este ato, segundo o Estado prussiano, era considerado roubo e punido como tal, o que é exposto no filme por meio do assassinato de muitos destes camponeses pelos soldados do Estado. Com isso, Marx critica a extinção da diferença entre coleta e roubo, discordando, assim, da existência de propriedade privada, um dos pressupostos da sociedade capitalista. Como consequência disso, no filme, há uma cena que chama atenção no jornal Gazeta Renana a qual demonstra uma clara perseguição contra as ideias socialistas de Marx. O governo prussiano era regido por uma monarquia parlamentar que não permitia a circulação de ideias desse tipo. Nesse sentido, no âmbito dos críticos ao governo prussiano, Marx tem um importante encontro com outro intelectual de aspirações socialistas, Proudhon. Os dois se conhecem em um comício de Proudhon, no qual Marx o interrompe para questionar um ponto de sua tese acerca da propriedade privada. O interessante desse encontro é o contraponto entre as visões dos teóricos. Marx vê Proudhon, apesar de ser anarquista, como um socialista utópico. Em contrapartida, Proudhon vê Marx como um jovem afoito por revolução. Apesar de suas discordâncias teóricas no campo do socialismo, ambos possuíam uma congruência lçhdentro da juventude hegeliana, criticando-a. Marx chegou até mesmo a escrever um livro que chamaria “A crítica da crítica da crítica” e que posteriormente foi denominado de “A Sagrada Família” criticando o livro “A crítica da crítica” da juventude hegeliana. Tocando no ponto do livro, “A Sagrada Família”, este foi redigido por Marx em parceria com o seu recente amigo Engels. Logo após o encontro entre Marx e Proudhon em Paris, o protagonista acaba fazendo seu principal contato, que viria a mudar os rumos da construção de todo seu pensamento, o encontro com quem viria a ser seu melhor amigo para o resto da vida, Friedrich Engels. Inicialmente, Marx e Engels desenvolvem juntos a obra “A Sagrada Família”. Através desse trabalho em conjunto, Marx postula seu conceito de “práxis”, ou seja, a ideia de que a teoria deve ser andar junto à prática, tendo em vista a construção dialética de uma sociedade que visa o bem comum. Posto isso, é possível observar o trabalho relevante que ambos constroem juntos, de tal modo que desencadeia na entrada de Marx e Engels para a Liga dos justos, uma cooperativa que procurava organizar as manifestações proletárias possuindo a finalidade de auxiliar uma mudança nas relações de trabalho existentes na época. Em uma cena na Inglaterra, Marx e Engels se encontram com um dono de fábrica amigo do pai de Engels, o seguinte diálogo ocorre entre Marx e o homem: “não temos escolha. Você sabe que sem o trabalho infantil, o preço alto nos tiraria do mercado. “quer dizer que teriam que pagar salários justos?” “o mercado estabelece os preços, meu jovem. Se parasse de empregar crianças alguém iria e eu iria a falência”. Na pequena conversa Marx expõe sutilmente sua ideia de Mais-Valia, já que questiona o homem se o que realmente paga a seus operários equivale ao valor que eles produzem em seu trabalho, pois sabe que existe uma disparidade entre esses dois aspectos. No seu conceito de Mais-Valia, Marx aponta que a diferença entre o salário dos operários e o valor que produzem em seu tempo de trabalho é direcionado como o Lucro ao produtor, esclarecendo o porque o homem na cena diz que precisa do trabalho infantil para “não ia a falência”, na verdade necessita deste para manter seus lucros como produtor. Outro conceito que Marx cita no filme na mesma conversa com o dono da fábrica é das Relações de Produção, presente na seguinte frase “Não, senhor. É assim que funcionam as relações de produção existentes”. Segundo Marx, as Relações de Produção são as relações entre os homens que se delimitam por aquilo que produzem, expressando as formas sociais de organização voltadas produção. Essas são necessárias e independente da vontade dos homens e correspondem a determinada fase do desenvolvimento de suas forças produtivas, regulando tanto a distribuição dos meios de produção quanto a do trabalho. Os fatores decorrentes dessas relações resultam em uma divisão interior das sociedades e uma desigualdade e a esta consequência que Marx se refere na cena do filme, criticando a postura do dono da fábrica. Avançando mais nos conceitos marxistas, de maneira bastante sutil é possível perceber as noções de infraestrutura e superestrutura na cena que a Liga dos Justos está reunida para discutir a metodologia utilizada para incitar o apoio do proletariado contra a burguesia. Marx é enfático ao avaliar que a infraestrutura, isto é, as relações de produção; relações de propriedade e a distribuição de renda estão profundamente arraigadas na luta de classes e que a superestrutura (os meios de comunicação, as relações políticas, administrativas e econômicas) eram as responsáveis pela perpetuação nesse desequilíbrio. Dessa forma, esse padrão também se repete no desenvolvimento da tese socialista, processo o qual responsável, no filme, pela cisão entre Marx e Weitling. Weitling defendiaque a perpetuação da superestrutura, promovendo uma reconciliação de classe, sem que houvesse uma revolução - medida incabível para Marx. Além disso, nesse mesmo embate entre Marx e Weitling surge o conceito de consciência de classe. Marx é a favor de promover a educação do proletariado, fazendo com que este ganha consciência de si, da situação e de sua classe social, adquirindo uma emancipação intelectual que evitaria que fossem massa de manobra tanto do movimento socialista quanto dos burgueses. Marx queria que eles adquirissem consciência e com isso se organizassem. No entanto, Weitling acreditava ser desnecessária essa conscientização e afirmava que a comunidade intelectual seria a responsável por essa emancipação e os trabalhadores poderiam permanecer alienados apenas endossando o movimento. Face ao exposto, em última análise, o filme se encerra no momento de publicação do Manifesto Comunista, compilado que abrange todos os conceitos abordados anteriormente e que também serviria de manual para guiar a atual Liga dos Comunistas que substituiu a Liga dos Justos. A troca do nome da Liga é simbólica, pois o antigo lema da Liga dos Justos era “todos os homens são irmãos”, porém, se continuassem com esse lema até mesmo a burguesia poderia ser considera irmã dos proletários, gerando uma reconciliação de classes e não uma revolução. A mensagem final do filme reafirma que sem a ruptura total entre as classes e a abolição destas, não é possível alcançar a libertação da classe trabalhadora.
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