Buscar

EXERCÍCIOS EBRADI - MÓDULO 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 27 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ATIVIDADES POS GRADUAÇÃO EBRADI
· POS GRADUAÇÃO EM DIREITO PENAL E PROCESSO PENAL APLICADO
· MÓDULO 03
· INVESTIGAÇÃO E PROCESSO I 
· TEMA 01
· INVESTIGAÇÃO CRIMINAL
· Inquérito policial I
1 - Sofia, acadêmica de direito e estagiária de seu escritório na área penal, te procura, na qualidade de advogado especialista indagando se em relação à persecução penal, o Brasil adotou o sistema acusatório ou inquisitivo? Esclareça o questionamento de Sofia apontando as principais distinções entre ambos.
RESPOSTA - Deve-se esclarecer a Sofia que o Brasil adotou o sistema acusatório, com base constitucional e também por expressa previsão do art. 3º-A do CPP. Porém, há dispositivos legais que mitigam o sistema acusatório, como a possibilidade de condenação mesmo se o MP requerer a absolvição. As principais diferenças se referem à publicidade dos atos e à separação das funções de acusação e julgamento.
· : Inquérito policial II
2 - Um advogado, extremamente zeloso em seu trabalho, passa a analisar os autos de um Inquérito Policial envolvendo seu cliente. Na análise, se dá conta de que o Inquérito Policial continha irregularidades procedimentais. Buscou, portanto, estudar e entender quais as possibilidades para a defesa diante da situação. Qual conclusão deve ter chegado o advogado e qual sua fundamentação?
RESPOSTA - A existência de irregularidades no decorrer do inquérito não acarreta nulidade da investigação, posto ser o inquérito autônomo e independente em relação à ação penal. Inclusive, o inquérito é dispensável para a propositura da ação penal. Portanto, eventuais irregularidades da investigação não beneficiarão seu cliente.
· Outras formas de investigação
3 - Em um processo civil, apura-se a responsabilidade de Ismael, dono de um imóvel alugado para fins comerciais, por uma infiltração que estava atrapalhando o rendimento do locatário, em razão do mal cheiro provocado pela umidade. O perito foi ao estabelecimento e constatou que a infiltração já era antiga, anterior à locação, e que tinha relação com erros na engenharia do prédio. Todavia, diante de pedidos por parte do dono do imóvel, o perito decide alterar seu laudo para não prejudicar o proprietário do imóvel.
Contudo a irregularidade do laudo pericial foi descoberta no decorrer do processo civil, sendo encaminhada cópia ao promotor de justiça.
Diante da situação, Ismael, preocupado, te procura, na qualidade de advogado, para saber se há a necessidade de instauração de inquérito policial para apurar a conduta do perito?
RESPOSTA - Não, as peças enviadas pelo juiz cível ao promotor de justiça, uma vez suficientes, já podem ser utilizadas para embasar a ação penal pelo crime de falsa perícia, sem necessidade de investigação policial.
· Juiz das Garantias
4 - Em um determinado município, o Ministério Público recebe a notícia de que o prefeito estaria desviando verbas da merenda escolar dos alunos da rede municipal de ensino. Diante da situação, foi instaurado um Procedimento Investigatório Criminal (PIC) pelo próprio MP, na busca de elementos informativos que pudessem embasar uma futura ação penal. Neste cenário, considerando os termos do Pacote Anticrime, o MP tem obrigação de comunicar a instauração do PIC?
RESPOSTA - Sim, o juiz das garantias deve ser informado sobre a instauração de qualquer procedimento investigatório, seja pela autoridade policial ou qualquer outro órgão, nos termos do art. 3º-B, IV, do CPP.
· TEMA 02
· PROCEDIMENTO DO INQUÉRITO POLICIAL
·  Notitia criminis e delatio criminis
1 - Sobre a Notitia Criminis, responda:
A) A Delatio Criminis se confunde com a Notitia Criminis inqualificada? Justifique.
B) A Delatio Criminis ou a modalidade de cognição mediata são indispensáveis em quais casos?
C) Diferencie a Delatio Criminis da cognição imediata.
D) Diferencie a modalidade de cognição coercitiva da imediata.
RESPOSTA - A) Não. Notitia Criminis inqualificada se trata da denúncia anônima, não possui elementos suficientes para a instauração do inquérito policial, já a Delatio Criminis é a comunicação feita de maneira escrita ou verbal, por meio de qualquer pessoa do povo, independentemente de interesse pessoal.
B) Todos os casos em que o fato criminoso a ser investigado não seja de crime de ação penal pública incondicionada, em todos os demais há a necessidade da denúncia feita pelo ofendido ou seu representante.
C) Enquanto na Delatio Criminis a autoridade policial toma conhecimento do fato por meio do povo, na cognição imediata a autoridade policial toma conhecimento do fato em decorrência do exercício de sua atividade.
D) A cognição imediata pode ser feita por qualquer ato praticado pela autoridade policial, na cognição coercitiva isso ocorre somente por meio da prisão em flagrante.
· Atividades iniciais da autoridade policial
2 - Daniel, dono de propriedade rural mantinha uma plantação de melancias. Carlos, com o intuito de prejudicar Daniel, seu desafeto, abandona um de seus porcos em meio a plantação. O animal faminto se alimenta das melancias e pisoteia outras, causando prejuízo a Daniel.
Cleber, vizinho de Daniel, ao ver Carlos abandonando o animal na plantação, por meio de seu cargo de promotor de justiça, requer instauração do inquérito policial.
Carlos é instado a comparecer na delegacia para prestar depoimento na condição de investigado, possivelmente sendo indiciado. Razão pela qual lhe procura, advogado, para o acompanhar, narrando o ocorrido.
Na posição de advogado de Carlos, qual medida deve ser utilizada em benefício de Carlos?
Justifique.
RESPOSTA - No presente caso deve-se utilizar o remédio constitucional habeas corpus para que haja o trancamento do inquérito policial, baseando-se no fato de que o referido crime de introdução ou abandono de animais em propriedade alheia previsto no artigo 164 do Código Penal são de ação penal privada (artigo 167 do CP), portanto deve-se ter início o inquérito policial por meio de queixa do ofendido, não podendo o MP dar início ao inquérito por requerimento já que não é titular da ação penal.
·  Investigação contra autoridade com prerrogativa de função
3 - Daniel, funcionário da administração pública municipal, em cargo com prerrogativa de foro conforme Lei Estadual, após injusta provocação que o levou a agir sob violenta emoção, desferiu cinco disparos de arma de fogo contra Lorenzo, levando-o a óbito.
O Ministério Público denunciou Daniel por homicídio. Por conta da prerrogativa de foro garantida por seu cargo, este foi julgado pela Justiça Federal.
Daniel foi condenado a 19 anos e meio de reclusão.
Na condição de advogado de Daniel, qual medida a ser tomada?
RESPOSTA - Interpor recurso de apelação alegando a nulidade da sentença por conflito de competência, tendo-se em vista a competência para julgar crimes contra a vida é do Tribunal do Júri, conforme o artigo 5º, XXXVIII da Constituição Federal de 1988. O reconhecimento da incompetência conduz à anulação de todos os atos decisórios proferidos nos autos, tais como a sentença, a decisão de saneamento e outros que julguem questões processuais relevantes.
·  Indiciamento, identidade criminal e prazos
4 - Marco foi indiciado pelo crime de latrocínio. Ao ser convocado para um interrogatório, solicitou a presença de um advogado, o qual lhe foi negado sob a justificativa de o inquérito policial ser um procedimento inquisitório que não garante o contraditório e o delegado poder agir com discricionariedade.
Após o interrogatório, o silêncio do indiciado foi utilizado como motivo para a decretação da prisão temporária.
Na condição de advogado de Marco, qual medida a ser tomada?
RESPOSTA - No presente caso deve-se utilizar o remédio constitucional habeas corpus para que haja relaxamento da prisão temporária, sob a alegação de cerceamento de defesa e injusto motivo para a prisão pois conforme a CF/88, em seu 5.º, LXIII “o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a assistência da família e de advogado.”
· TEMA 03
· CARACTERÍSTICAS DO INQUÉRITO POLICIAL·  Conceito de Inquérito Policial
1 - Em determinada ação penal, em fase de alegações finais, a defesa do réu alegou, de modo preliminar, a ocorrência de nulidade da ação penal em razão de vício em sua origem, qual seja, no inquérito policial, pois o delegado de polícia realizou o interrogatório extrajudicial sem a presença do defensor do investigado, ora acusado. Como deve proceder o juiz? Fundamente.
RESPOSTA - Embora o investigado possua direito à presença de um advogado durante o inquérito policial, imperioso notar que tal procedimento administrativa é de natureza inquisitiva, consubstanciando mera peça informativa para a formação da opinião do órgão acusatório acerca dos fatos.
Logo, conforme estudados em aula, eventual irregularidade no inquérito policial (caráter extrajudicial) não acarreta a nulidade dos atos processuais (caráter judicial), de modo que o magistrado não deverá acolher a alegação preliminar formulada pela defesa.
Destaque-se, no mais, que, em caso de grave irregularidade havida em fase de inquérito policial, o respectivo ato do procedimento administrativo poderá ser desconsiderado pelo magistrado no momento da formação de seu convencimento motivado para o julgamento da ação penal, não acarretando, contudo, a nulidade do processo.
· Procedimento do Inquérito Policial – I
2 - Em determinado caso concreto, a autoridade policial solicitou ao juiz a prorrogação do prazo de encerramento do inquérito policial, pois, mesmo estando o suspeito preso cautelarmente, haveria diligências indispensáveis ao correto término da investigação, incluindo a oitiva da vítima, que retornaria de viagem ao exterior somente na semana seguinte, consubstanciando, assim, nas palavras do delegado, circunstância excepcional que permitiria a prorrogação do inquérito policial com base no interesse público.
Pergunta-se: como deverá proceder o magistrado? Justifique.
RESPOSTA - Imperioso notar que a existência de inquérito policial já gera, por si só, um constrangimento (legal ou ilegal) ao investigado, que pode vir a ser réu em uma ação penal e até mesmo ser condenado judicialmente. Aliado a isso, temos o fato de que, nos casos em que um indivíduo estiver preso, o respectivo procedimento deve transcorrer do modo mais célere possível, a fim de evitar qualquer cerceamento desnecessário à liberdade do preso.
Nessa linha de raciocínio, tem-se que o inquérito policial somente pode ser prorrogado nos casos previstos em lei, havendo maiores restrições no tocante às investigações em curso com prisão cautelar vigente.
Por consequência, nos casos de suspeito preso, a prorrogação do inquérito policial é vedada pelo art. 10 do Código de Processo Penal, inexistindo, em lei, qualquer exceção nesse ponto específico, de maneira que não poderia o magistrado postergar o término do procedimento em questão, sob pena de incorrer em flagrante constrangimento ilegal do indivíduo preso, sob o prisma do excesso de prazo.
Assim, deve o magistrado indeferir o pleito formulado pelo delegado responsável, determinando, inclusive, a revogação da prisão preventiva caso o prazo de trinta dias para o término do inquérito policial seja infringido na espécie.
· Procedimento do Inquérito Policial –II
3 - Em determinado caso concreto, o representante do Ministério Público, ao receber os autos do inquérito policial, concluiu pela atipicidade da conduta praticada pelo indiciado, entendendo, assim, pela necessidade de arquivamento do inquérito policial. O magistrado competente, todavia, não concordou com a opinião do promotor de justiça, pois, em sua visão, seria o caso de persecução penal na espécie. Como deverá proceder o juiz? Por quê?
RESPOSTA - A questão deve ser analisada de acordo com o art. 28 do Código de Processo Penal.
Interessante notar que, hoje, diante da suspensão pelo STF, em decisão liminar, da modificação legislativa do art. 28 do CPP, dada pelo Pacote Anticrime, vigora a redação antiga do aludido dispositivo legal, de maneira que deveria o magistrado, entendendo não ser o caso de homologação do arquivamento do inquérito policial, remeter os autos do referido procedimento ao Procurador-Geral de Justiça, o qual então decidirá a respeito do tema.
Todavia, deve-se salientar que, a partir da vigência da nova redação do art. 28 do Código de Processo Penal – o que deverá ocorrer em breve, porquanto a suspensão liminar efetuada pelo STF teve motivação exclusivamente orçamentária nesse ponto específico –, não haverá falar mais em homologação de inquérito policial, ficando o juiz completamente alheio à decisão de se arquivar, ou não, o inquérito policial, de maneira que, nessa futura hipótese, não deverá o juiz se manifestar a respeito do tema, simplesmente respeitando a decisão tomada pelo representante do Ministério Público, titular da ação penal, em um perfeito exemplo de aplicação do sistema acusatório no processo penal.
·  Inquérito Policial e Ministério Público
4 - Após o regular trâmite de uma ação penal, o defensor do réu, por meio de alegações finais, suscitou, preliminarmente, a ocorrência de nulidade do processo diante de suposto vício em sua origem, já que não teria havido investigação conduzida por autoridade policial, mas, sim, pelo Ministério Público, por meio de um procedimento investigatório criminal próprio. Ademais, segundo o causídico, também teria havido nulidade porque o acusado não teria sido ouvido pelo Parquet, durante a investigação, na presença de um advogado.
Pergunta-se: como deverá proceder o magistrado? Explique.
RESPOSTA - Conforme estudado em aula e com base no material de apoio, podemos observar que, hoje, pouca discussão há na doutrina e na jurisprudência acerca da possibilidade de o Ministério Público investigar, por meios próprios (e não por meio de inquérito policial), a ocorrência de infrações penais, por ter interesse direto acerca da matéria, na qualidade de titular da ação penal pública, tendo a presente questão sido inclusive pacificada pela jurisprudência do Supremo Tribunal Federal.
Assim, deverá o magistrado afastar a alegação preliminar de nulidade por suposto vício na origem do processo, inexistindo qualquer mácula no tocante à investigação realizada pelo Parquet.
No mais, no tocante à suposta ausência de assistência de advogado ao acusado à época do interrogatório havido em sede do procedimento investigatório criminal, deve-se destacar que, assim como acontece com o inquérito policial, eventual vício no procedimento administrativo não gera a nulidade do respectivo processo judicial, consubstanciando mera irregularidade, podendo o magistrado simplesmente desconsiderar a oitiva do réu realizada no âmbito extrajudicial no momento da formação de seu convencimento motivado para a prolação de sentença.
· TEMA 04
· PRISÃO TEMPORÁRIA
·  Origem, Tese da Inconstitucionalidade e Conceito
1 - Leia o seguinte texto e responda:
A ordem merece concessão.
Infere-se dos autos que durante o inquérito policial foi decretada a prisão temporária do ora Paciente, ainda não cumprida por ele não ter sido encontrado. No entanto, consta às fls. 134/135 e 164, o oferecimento de denúncia pelo Ministério Público.
(...)
Ante o exposto, concedo a ordem para revogar a prisão temporária decretada nos autos do processo n.º 274/2006, em trâmite na Vara Única da Comarca de Ipauçu/SP.
É o voto.
(Trecho do voto da Ministra Laurita Vaz - STJ, 5ª T., HC 78437/SP, j. 28/06/2007).
Pergunta-se: com base nas informações expostas, por qual razão foi revogada a prisão temporária do paciente?
RESPOSTA - A prisão temporária tem por objetivo assegurar as investigações que antecedem a acusação formulada pelo Ministério Público, razão pela qual não se pode pensar na sua aplicação quando já instaurada a ação penal. Em outras palavras: uma vez oferecida e recebida a denúncia não mais subsiste o decreto de prisão temporária, que visa a resguardar, tão somente, a integridade das investigações.
·  II: Requisitos
2 - Leia o seguinte texto e responda:
Trinta e seis pessoas foram presas durante a Operação Carne Fraca deflagradapela Polícia Federal (PF) na sexta-feira (17). De acordo com a PF, até esta noite de sábado (18), duas ainda estão foragidas (...).
Além das prisões, a Justiça Federal determinou o bloqueio de até R$ 1 bilhão das contas bancárias das 46 pessoas investigadas, e o Banco Central informou o bloqueio de pouco mais R$ 2 milhões. Não significa necessariamente que cada um dos investigados tenha R$ 1 bilhão.
Este é um teto estipulado pela Justiça.
Segundo a Polícia Federal, fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) recebiam propina para liberar licenças sem realizar a fiscalização adequada nos frigoríficos. A investigação indica que eram usados produtos químicos para maquiar carne vencida, e água era injetada nos produtos para aumentar o peso. (...)
(Fonte: https://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2017/03/policia-federal-prende-36-pessoasdurante-operacao-carne-fraca.html )
Levando-se em conta que onze das pessoas detidas foram presas temporariamente, perguntase: qual(is) crime(s), entre aqueles arrolados no inciso III do artigo 1º da Lei 7.960/89, justificou(aram) a decretação da medida?
RESPOSTA - "Conforme a decisão judicial prolatada no caso concreto:
“A medida cautelar de Prisão Temporária está regulamentada na Lei nº 7.960/89, sendo cabível quando satisfeitos os requisitos previstos no artigo 1º desta Lei, quais sejam: I quando imprescindível para as investigações do inquérito policial; II quando o indiciado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade; III quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: (...) l) quadrilha ou bando (art. 288), todos do Código Penal.
(...)
Não há necessidade, entretanto, de observância cumulativa dos incisos I e III com o inciso II, da Lei 7.960/89, dado que este está incluído no primeiro. Além disso, a exigência da presença do inciso II esvaziaria o disposto nos demais, não havendo lógica caso se exigisse a incidência das três hipóteses concomitantemente.
(...)
DO EXPOSTO, conforme razões supracitadas, com fundamento no disposto no artigo 1º, incisos I e III, alínea "l", da Lei nº 7.690/89, DECRETO A PRISÃO TEMPORÁRIA, pelo prazo de 05 (cinco) dias de: (...)”. PEDIDO DE PRISÃO PREVENTIVA Nº 5002951¬83.2017.4.04.7000/PR
(Disponível em: ).
Verifica-se, portanto, que o fundamento utilizado pelo Magistrado está na alínea “l” do inciso III do artigo 1º da Lei da Prisão Temporária, qual seja, crime de quadrilha ou bando, atualmente denominado de associação criminosa (art. 288 do Código Penal)."
·  Prazos
3 - Leia o seguinte texto e responda:
A Polícia Civil de São Paulo prendeu, na tarde da última segunda-feira, o clínico-geral Luís Lombroso, 62 anos. Contra ele havia um mandado de prisão temporária por suspeita de praticar estupro contra três pacientes. O médico, que atendia em um dos ambulatórios gerais do Município, foi preso no seu consultório particular.
Segundo o Delegado de Polícia, além das três mulheres que denunciaram os supostos abusos sofridos, o investigado já havia sido alvo de um boletim de ocorrência em 2013 e de um indiciamento em 2014, sendo todos os fatos relacionados a abusos sexuais supostamente praticados contra pacientes mulheres.
Conforme o mandado judicial, houve a decretação da prisão temporária do investigado pelo prazo de 15 (quinze dias).
Posteriormente, a autoridade policial postulou a prorrogação da medida, alegando que se tratava de caso de extrema e comprovada necessidade, mas não consignou no pedido qualquer prazo. O Magistrado competente, acolhendo a representação policial, exarou novo mandado de prisão temporária, fixando, desta vez, o prazo de 40 (quarenta) dias para a segregação temporária do investigado.
Pergunta-se: agiu corretamente o Magistrado?
RESPOSTA - O juiz, ao decretar a prisão temporária, pode fixar um prazo abaixo do previsto em lei. No caso prático apresentado, como o estupro (delito imputado ao investigado) é crime hediondo, o prazo de prisão temporária é aquele fixado no art. 2º, § 4º, da Lei n.º 8.072/90: 30 dias. Portanto, não há irregularidade na decretação, inicialmente, do prazo de 15 dias.
Ocorre que o Magistrado, quando da renovação do mandado de prisão temporária, fixou o novo prazo em 40 dias. Embora não exista unanimidade, parcela da doutrina defende a possibilidade de o juiz fixar a prisão abaixo do prazo máximo e, na sua renovação, decretá-la acima do limite legal, desde que respeitado o limite global (30 dias + 30 dias = 60 dias, em se tratando de crime hediondo).
Nesse sentido: LOPES JR., Aury. O Novo Regime Jurídico da Prisão Processual, Liberdade Provisória e Medidas Cautelares Diversas. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p. 143.
· Procedimento
4 - "Leia o seguinte texto e responda:
A prisão de um homem de 26 anos, suspeito de terrorismo, nesta quinta-feira (21) assustou moradores de Morro Redondo, no Sul do Rio Grande do Sul. A ação da Polícia Federal ocorreu na localidade de Açoita Cavalo, na área rural do município de pouco mais de 6,2 mil habitantes.
Um homem de 64 anos diz ter sido acordado por volta das 5h com a movimentação na estrada. Ele não quis se identificar, mas conta que, durante a ação da Polícia Federal, vizinhos chegaram a ser interrogados, mas foram liberados. "Não imagina isso (envolvimento do homem com terrorismo)."
O suspeito, segundo o vizinho, morava há cerca de 20 dias na localidade com a esposa, o filho e seu pai. E diariamente ele ia para Pelotas, a cerca de 38 quilômetros da cidade. "Ele (o homem preso) estava estudando em Pelotas. O pai dele o levava todo o dia." A reportagem da RBS TV chegou a ir na residência da família, mas não foi recebida.
A operação contra o terrorismo da Polícia Federal foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (21) a duas semanas da Olimpíada do Rio de Janeiro. Dez pessoas foram presas em 10 estados, sendo que uma das prisões ocorreu no Rio Grande do Sul.
Não foram dados mais detalhes sobre os motivos da prisão ou sobre o translado do suspeito para Brasília.
Batizada de "Hashtag", a operação investiga a possível participação de brasileiros em uma organização criminosa de alcance internacional, como uma célula do Estado Islâmico no país.
Conforme o Ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, o grupo era organizado de forma amadora.
(...)
"A partir do momento que passaram para atos preparatórios, a partir do momento que saíram simplesmente, daquilo que é quase uma apologia ao terrorismo, para atos preparatórios, foi feita prontamente a ação do governo federal, realizando, em 10 estados, 10 prisões desses supostos terroristas que se comunicavam via internet, via grupos, Whatsapp e Telegram”, complementou o ministro.
(Fonte: https://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/noticia/2016/07/nao-imaginava-diz-vizinho-desuspeito-
preso-por-terrorismo-no-rs.html )
Pergunta-se: levando-se em conta as informações acima e de acordo com o procedimento correto previsto em lei, qual o prazo para a duração da prisão temporária no caso concreto apresentado?"
RESPOSTA - Como os investigados foram presos temporariamente por suspeita de envolvimento em atos terroristas (art. 1º, III, alínea “p”, da Lei n.º 7.960/89), e sendo o terrorismo crime equiparado a hediondo, a prisão temporária deverá ser decretada por até 30 dias, conforme previsão do art. 2º, § 4º, da Lei n.º 8.072/90, podendo ser prorrogada por igual período em caso de extrema e comprovada necessidade.
Registre-se, por fim, que a Lei Antiterrorismo (Lei n.º 13.260/16) prevê expressamente a punição de atos preparatórios no seu artigo 5º.
· TEMA 05
· FINALIZAÇÃO DA PREVENTIVA
· Controle do arquivamento
1 - De acordo com a nova sistemática introduzida pelo Pacote Anticrime, na hipótese de ser o inquérito arquivado pelo promotor de justiça, na qualidade de advogado da vítima, qual providência deve ser tomada na busca dos interesses de seu cliente?
RESPOSTA - Como advogado da vítima, deverá apresentar pedido de revisãodo arquivamento, endereçado ao órgão ministerial competente, no prazo de 30 dias, contados do recebimento da comunicação.
O órgão ministerial de revisão será fixado na respectiva lei orgânica.
· Competência originária e outras questões
2 - Na condição de advogado da vítima de crime praticado por Prefeito Municipal, tendo o Procurador-Geral de Justiça promovido o arquivamento do inquérito, como poderá atuar para defender os interesses de seu cliente?
RESPOSTA - Na condição de advogado da vítima, pode-se requerer a revisão da manifestação do Procurador-Geral ao Colégio de Procuradores de Justiça, nos termos do art. 12, XI, da Lei Orgânica Nacional do Ministério Público.
·  Arquivamento indireto e implícito
3 - Ao verificar que o Ministério Público deixou de incluir um indiciado na denúncia, como deverá proceder o magistrado?
RESPOSTA - Caso o promotor de justiça não adite a denúncia, o juiz deverá fazer uso do art. 28 do Código de Processo Penal, remetendo os autos ao Procurador-Geral de Justiça, o qual poderá propor o arquivamento explícito ou oferecer denúncia.
Cabe destacar que, por força de medida cautelar deferida em Ação Direta de Inconstitucionalidade, a nova redação conferida ao art. 28 pela Lei 13.964/19 encontra-se suspensa por prazo indeterminado. Razão pela qual continua plenamente aplicável o controle realizado pelo magistrado.
· Trancamento do inquérito
4 - Na hipótese de crime licitatório praticado por Prefeito Municipal, tendo sido o inquérito instaurado, de ofício, pelo delegado de polícia, a qual órgão judiciário deverá ser requerido o trancamento do inquérito?
RESPOSTA - O trancamento deve ser requerido ao Tribunal de Justiça, pois o Prefeito possui foro por prerrogativa de função. Assim, a competência originária será do Tribunal, órgão que deverá apreciar o pedido de trancamento.
· TEMA 06
· AÇÃO PENAL I
· Conceito e espécies
1 - Jorge, rapaz de 25 anos costuma dar festas em sua casa durante a semana, ocasião em que sempre abusava do volume do som, razão pela qual, Maria, jovem de 22 anos, constantemente, tinha que pedir a seu vizinho, Jorge, que baixasse o volume do som, pois tinha que acordar cedo para ir à faculdade.
Certo dia, quando Maria tocou a campainha de Jorge, este irritado com as interrupções de Maria, atendeu fazendo uso de uma arma de fogo, prometendo matá-la a próxima vez que cruzar seu caminho para, assim, acabar com tanta chatice.
Maria, com muito medo, conta a sua mãe Joana o ocorrido, mas disse que não irei a delegacia.
Joana, inconformada, foi a Delegacia mais próxima e narrou os fatos, dando a qualificação de Jorge.
O Ministério Público, dez meses depois, ofereceu denúncia imputando a Jorge o crime de ameaça. Recebida a denúncia, Jorge foi citado para oferecer defesa.
Você, na condição de advogado de Jorge, alegaria qual tese de direito processual penal?
RESPOSTA - Dever ser alegada a extinção da punibilidade pela ausência da condição de procedibilidade por falta de representação, pois o Parquet estadual incorreu em equívoco ao oferecer denúncia, uma vez que não está autorizado a agir, porque não houve representação do ofendido.
Destarte, não cumprida a condição de procedibilidade indispensável para o exercício da ação penal, há falta de interesse em prosseguir com a persecução criminal. Devendo ser declarada extinta a punibilidade, em virtude da decadência, quanto ao delito tipificado no artigo 147 do Código Penal.
Isso porque o artigo 24 do Código de Processo Penal impõe que nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. Além disso, prescreve o artigo 38 do mesmo diploma legal que salvo disposição em contrário, o ofendido, ou seu representante legal, decairá no direito de queixa ou de representação, se não o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem é o autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da denúncia.
De tal modo, passados dez meses, resta extinta a punibilidade nos termos do artigo 107, IV do Código Penal.
· Princípios da ação penal
2 - O promotor de justiça do estado Beta recebeu inquérito policial sobre a possível prática de crime de tráfico de drogas, cujo indiciado é Felipe, ocasião na qual - ao analisar os elementos do inquérito - entendeu pela existência da justa causa necessária ao oferecimento da denúncia.
Todavia, ao notar que Felipe é um sujeito que ficou conhecido na mídia por ter perdido a família e todos os seus bens, acaba por achar injusto o oferecimento da denúncia, pois o indiciado já vinha sofrendo demais.
De tal modo, posicionou-se no sentido do não oferecimento da denúncia, pois este era seu senso de Justiça.
Poderia o promotor agir dessa maneira?
RESPOSTA - Em que pese o sofrimento da vítima, não poderia o promotor de justiça assim proceder, pois, tratando-se de crime de ação penal pública, a dispensa ao oferecimento da denúncia reclama a exposição de razões idôneas e amparadas no Direito posto.
Isso porque, vigora na ação penal pública o princípio da obrigatoriedade, segundo o qual o Ministério Público, no exercício inderrogável de sua função, verificadas concretamente as condições da lei, deve fazer valer a pretensão punitiva do Estado, por meio do oferecimento da competente denúncia e dela não podendo dispor, nos termos do artigo 42 do Código de Processo Penal, salvo quando a lei expressamente assim o estabeleça.
Logo, o Ministério Público não pode agir por razões de conveniência ou oportunidade, de modo que havendo elementos mínimos para a propositura da ação penal, deverá o Ministério Público promovê-la.
·  Princípios da ação privada e Condições da ação I
3 - "Hércules foi denunciado pelo Ministério Público como incurso no artigo 171, §2º, VI do Código Penal por ter emitido um cheque "pré-datado" que, posteriormente, verificou-se a insuficiente provisão de fundos para a aquisição de um carro de Aquiles.
Recebida a citação, Hércules procura-o, desesperado, para que tome a medida cabível. Qual seria tal medida e qual o fundamento de direito processual a ser utilizado?"
RESPOSTA - "Deve ser apresentada resposta à acusação, com fulcro nos artigos 396 e 396-A, com fundamentação na impossibilidade jurídica do pedido, em razão de o fato apurado evidentemente não constituir crime, ensejando a absolvição sumária nos termos do artigo 397, III do Código de Processo Penal, que impõe que o juiz deverá absolver sumariamente o acusado quando verificar que o fato narrado evidentemente não constitui crime.
Isso porque, é cediço o entendimento de que a ausência de provisão de fundos em pagamento efetuado com cheque pré-datado é conduta atípica, pois ausente a fraude do tipo do art. 171, caput, do Código Penal.
De tal modo, descabe falar em ilícito penal em se tratando de frustração de pagamento de cheque pós-datado, vulgarmente conhecido como "pré-datado". Pois, em tal modalidade, a cártula perde sua natureza de ordem de pagamento à vista e passa a constituir mera garantia de promessa de pagamento futuro, cuja executividade tem lugar na esfera cível."
· Princípios da ação privada e Condições da ação II
4 - Hera casou-se com Apolo, induzida, por este, em erro essencial sobre sua real identidade.
Passado um ano do casamento, Hera descobre toda a verdade e decide anular o casamento.
Transitada em julgado a sentença de anulação do casamento, a irmã de Hera, Afrodite, tomou conhecimento que o ocorrido constitui crime previsto no artigo 236 do Código Penal, procurando, imediatamente, a delegacia mais próxima.
Caso o Ministério Público oferecesse denúncia contra Apolo, qual tese de direito processual poderia ser alegada por você, na condição de advogado de Apolo.
RESPOSTA - Deve ser alegada a carência da ação, pois se trata de crime de ação penal privada personalíssima, de modo que falta ao Ministério Público legitimidade ad causam,uma vez que o parágrafo único do artigo 236 do Código Penal reza que a ação penal depende de queixa do contraente enganado e não pode ser intentada senão depois de transitar em julgado a sentença que, por motivo de erro ou impedimento, anule o casamento.
Logo, o referido delito se processa mediante ação privada do ofendido, sendo exceção, assim, à regra do art. 100, da CF/88, pois entendeu o legislador que o bem jurídico tutelado, nesses casos, pertence à esfera dos interesses eminentemente privados, portanto, disponíveis.
Por inexistir ação penal pública subsidiária da privada, o Ministério Público é parte ilegítima para deflagrar a persecução criminal, em face dos delitos que se processam mediante queixa do ofendido.
Ademais, a deflagração da ação penal, por parte ilegítima, não tem o condão de interromper o prazo decadencial de 06 meses para a propositura da ação penal privada (queixa) pelo ofendido, posto tratar-se de prazo fatal e improrrogável.
· TEMA 07
· Denúncia e queixa
·  Conceito e Elementos da Denúncia e da Queixa
1 - Ao examinar o preenchimento dos requisitos legais para o recebimento da denúncia, o magistrado competente observou que a peça inicial do Ministério Público não tinha a indicação de rol de testemunhas, além de não apontar as circunstâncias agravantes incidentes no caso concreto, razão pela qual houve por bem rejeitar a referida peça exordial. Agiu corretamente o juiz? Por quê?
RESPOSTA - Não agiu corretamente o magistrado, pois, conforme estudado em aula e com base no resumo da matéria, a indicação de rol de testemunhas é facultativa, fazendo parte da estratégia do órgão acusatório, que simplesmente irá arcar com as consequências da falta de apresentação do rol de testemunhas, com eventual insuficiência da prova oral no caso concreto, o que poderá ensejar, inclusive, a absolvição do acusado.
De igual maneira, tem-se que as circunstâncias agravantes, por serem genéricas e aplicáveis a todos os delitos, de modo indistinto, não necessitam ser descritas de modo expresso na denúncia, ao contrário das qualificadoras e das causas de aumento correspondentes ao crime em questão, não sendo englobadas, portanto, pela exigência de exposição do fato criminoso, prevista no art. 41 do CPP.
· Recebimento e Rejeição da Denúncia ou Queixa
2 - Em determinado caso, o juiz houve por bem receber a denúncia oferecida pelo Ministério Público, em decisão lacônica, de apenas uma linha, nos seguintes termos: “Recebo a denúncia. Intime-se o réu para a apresentação de resposta no prazo legal”.
Pergunta-se: como deverá o advogado impugnar a referida decisão? Qual será a fundamentação jurídica? Se o juiz tivesse rejeitado a denúncia, caberia recurso? Explique.
RESPOSTA - A fundamentação da decisão de recebimento ou rejeição da peça inicial é essencial, ainda que sucinta, em atenção ao disposto no art. 93, inciso IX, da Constituição Federal.
A rejeição da denúncia ou queixa admite a interposição de recurso em sentido estrito, conforme previsto no art. 581, inciso I, do Código de Processo Penal.
·  Questões Relevantes sobre Denúncia e Queixa
3 - Em determinado caso, o representante do Ministério Público, por possuir dúvidas acerca da dinâmica dos fatos criminosos, mencionou na denúncia que o réu cometeu o crime com dolo ou com culpa, o que seria apurado em sede de instrução processual. Ao examinar a denúncia, como deverá proceder o magistrado? Justifique.
RESPOSTA - Conforme estudado em aula, salvo exceções, a denúncia deve conter a descrição minuciosa dos fatos, sendo inviável uma peça inicial genérica. De igual maneira, não é viável a chamada denúncia alternativa, devendo o órgão acusatório, mesmo em caso de dúvida, optar por uma das alternativas existentes antes do oferecimento da denúncia (crime doloso ou culposo). E, nesse ponto, a descrição da conduta do réu, isto é, de seu dolo ou culpa na prática do delito, é elemento básico e essencial das razões da petição inicial, possibilitando o correto exercício da ampla defesa.
Logo, diante da impossibilidade de denúncia alternativa, deverá o magistrado rejeitar a peça inicial oferecida pelo representante do Ministério Público no caso concreto, considerando não ter sido preenchido o requisito da correta “exposição do fato criminoso”, tal como previsto no art. 41 do CPP, tratando-se, assim, de denúncia inepta.
· “Emendatio Libelli” e “Mutatio Libelli”
1 - Após o regular trâmite de uma ação penal, o réu foi condenado pelo magistrado como incurso no art. 155, caput, do Código Penal, dando azo à interposição de recurso de apelação. O Tribunal de Justiça competente, contudo, ao julgar o apelo, entendeu que o acusado teria cometido o crime de receptação simples (CP, art. 180, caput), haja vista os novos fatos mencionados por uma testemunha na audiência de instrução, os quais não constam na denúncia.
Pergunta-se: Agiu corretamente o Tribunal? Por quê? E se os fatos constassem na peça inicial? Fundamente.
RESPOSTA - O Tribunal agiu incorretamente, pois houve, na prática, o aditamento da denúncia (mutatio libelli) em grau recursal, o que é vedado em nosso sistema jurídico processual, porquanto tal medida pode ser adotada somente até a sentença. Todavia, se os fatos mencionados pela testemunha estivessem na exposição do fato criminoso constante na denúncia, poderia o Tribunal proceder do referido modo, sendo viável simplesmente modificar a definição jurídica do fato dada pelo órgão acusatório (emendatio libelli), ainda que em grau recursal
· TEMA 08
· Reparação do dano em decorrência do crime
· Ação civil ex delicto
1 - Marivaldo era funcionário da empresa ABC e, em virtude de seu cargo, tinha acesso aos dados de diversos clientes. Aproveitando-se de tal situação, Marivaldo se utiliza dos documentos do cliente Sílvio para cometer um estelionato contra Suzane.
Após o trânsito em julgado da sentença condenatória, Suzane move ação de liquidação e execução em face da empresa ABC, alegando existir coisa julgada penal e ser a empresa responsável civil pelos atos praticados por seus funcionários.
Na qualidade de advogado da empresa ABC qual tese pode ser apontada em favor de seu cliente?
RESPOSTA - Deve-se alegar que a ação de execução apenas pode ser movida contra o réu da ação penal.
Em face de terceiros é necessário o ajuizamento de ação de conhecimento para a efetiva apuração da responsabilidade civil pelo ato praticado.
· Ação civil cumulada com ação penal
2 - Caio foi vítima de lesões corporais graves praticadas por Ronaldo.
O Ministério Público ofereceu denúncia em face de Ronaldo, arrolando Caio para ser ouvido.
Na qualidade de advogado de Caio, como deve proceder para obter a reparação civil do dano causado?
RESPOSTA - Deve-se requerer a habilitação de Caio como assistente de acusação e deduzir pedido de fixação de valor mínimo indenizatório, trazendo aos autos elementos de prova para comprovar o prejuízo sofrido.
·  Casos polêmicos I
3 - Diogo está sendo processado pela prática do crime de roubo praticado contra Giovani.
Durante a audiência de instrução, o advogado de Giovani requereu a oitiva de uma testemunha referida, a qual teria informações apenas quanto ao prejuízo sofrido pelo ofendido.
Como juiz responsável pelo caso, qual seria sua decisão sobre a oitiva requerida?
RESPOSTA - O pedido de oitiva da testemunha deve ser indeferido pois estaria atrapalhando a persecução penal.
Se todas as provas penais já estão encerradas, não se justifica alongar o processo apenas para produzir uma prova de natureza civil.
· Casos polêmicos II
4 - Em 13/01/2020, Tício foi preso em flagrante pelo delito de tráfico de entorpecentes.
Durante as investigações, apurou-se que, embora Tício não desenvolva nenhuma atividade lícita, possui grande patrimônio.
O Ministério Público ofereceu denúncia em 07/02/2020, requerendo, além da condenação pelo art. 33 da Lei 11.343/06, a perda dos bens obtidos ilicitamente.
Como advogado de Tício, o que deverá alegar em sua defesa?
RESPOSTA - Deverá alegar que o delito de tráfico de entorpecentes foi praticadoantes da entrada em vigor do art. 91-A do Código Penal.
Portanto, tratando-se de norma penal material prejudicial, não poderá retroagir para atingir Tício, em atenção ao art. 5º, XL, da Constituição Federal.
· TEMA 09
· Competência I
·  Jurisdição e competência
1 - Bruno é policial militar e, no exercício de sua função, praticou homicídio doloso contra um civil.
O processo deverá correr perante a Justiça Comum ou Justiça Militar?
RESPOSTA - O processo deverá correr perante a Justiça Comum, conforme dispõe o art. 9º, §1º, do Código Penal Militar:
§ 1º Os crimes de que trata este artigo, quando dolosos contra a vida e cometidos por militares contra civil, serão da competência do Tribunal do Júri.
· Competência absoluta e relativa
2 - Ambrózio está sendo processado pelo crime de roubo, sendo a denúncia recebida pelo magistrado da 3ª Vara Criminal da Comarca. Contudo, no decorrer do inquérito policial sua prisão cautelar já havia sido analisada pelo juiz da 1ª Vara Criminal, o qual lhe concedeu a liberdade provisória.
Como advogado de Ambrózio, qual medida processual deve ser adotada?
RESPOSTA - Trata-se de hipótese de incompetência relativa, devendo ser arguida pela parte para que não seja atingida pela preclusão. Portanto, cabe ao patrono opor Exceção de Incompetência, nos termos do art. 108 do CPP.
· Questões polêmicas I
3 - Juliano divulgou para alguns de seus amigos fotos pedófilo-pornográficas através do aplicativo whatsapp, motivo pelo qual está sendo processado como incurso no art. 241-A do ECA perante a Justiça Federal.
Qual tese pode ser apresentada em favor de Juliano?
RESPOSTA - Trata-se de hipótese de incompetência absoluta, sendo a competência da justiça estadual, uma vez que a conduta não possui caráter de transnacionalidade, limitando-se apenas a alguns amigos do acusado. Assim, deve ser anulado o processo e remetido à justiça estadual.
· Questões polêmicas II
5 - Em 1997 foi morto em Brasília o índio Galdino, o qual foi incendiado durante a madrugada por alguns rapazes. A competência para julgamento de tal crime será da justiça federal ou estadual?
RESPOSTA - Embora o crime tenha sido cometido contra um índio, não se verifica ofensa aos direitos indígenas, portanto, a competência será da justiça estadual (artigo 109, XI CF).
· TEMA 10
· Competência II
·  Conexão
1 - Diversas pessoas, concomitantemente, saqueiam a carga de um caminhão tombado, sem se conhecerem umas às outras. Existe conexão entre tais condutas? De qual espécie?
RESPOSTA - Existe conexão, conforme disposto no art. 76, I, do CPP: “I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras”. Trata-se da denominada conexão intersubjetiva por simultaneidade (também denominada conexão intersubjetiva ocasional), em que as infrações são praticadas pelas pessoas em semelhantes condições de tempo e lugar, sem vínculo subjetivo entre elas.
·  Continência
2 - Hipótese 1: João e Marcos, em concurso de agentes, durante um evento esportivo, arrombam um veículo estacionado ao lado de fora do estádio, e subtraem o aparelho de som.
Hipótese 2: João e Marcos, em concurso de agentes, durante um evento esportivo, arrombam dois veículos estacionados ao lado de fora do estádio, e subtraem o aparelho de som de ambos os automóveis.
Nessas hipóteses, existe conexão ou continência? Justifique.
RESPOSTA - Hipótese 1: João e Marcos, em concurso de agentes, durante um evento esportivo, arrombam um veículo estacionado ao lado de fora do estádio, e subtraem o aparelho de som. ? Há 1 crime praticado em concurso de agentes. Cuida-se de continência por cumulação subjetiva, nos termos do art. 77, I, do CPP (“A competência será determinada pela continência quando: I - duas ou mais pessoas forem acusadas pela mesma infração”).
Hipótese 2: João e Marcos, em concurso de agentes, durante um evento esportivo, arrombam dois veículos estacionados ao lado de fora do estádio, e subtraem o aparelho de som de ambos os automóveis. ? Há 2 crimes praticados em concurso de agentes. É a chamada conexão intersubjetiva por concurso, nos termos do art. 76, I, do CPP (“A competência será determinada pela conexão: I - se, ocorrendo duas ou mais infrações, houverem sido praticadas, ao mesmo tempo, por várias pessoas reunidas, ou por várias pessoas em concurso, embora diverso o tempo e o lugar, ou por várias pessoas, umas contra as outras”).
· Determinação da competência por conexão ou continência
3 - João praticou um crime de furto na comarca “A” e outro crime de furto na comarca “B”, em continuidade delitiva. Porém, os processos correram separadamente e foram proferidas sentenças condenatórias autônomas em cada uma dessas comarcas. Qual a solução nesse caso, considerando a conexão e a existência de continuidade delitiva?
RESPOSTA - Nos termos do art. 82 do CPP, “se, não obstante a conexão ou continência, forem instaurados processos diferentes, a autoridade de jurisdição prevalente deverá avocar os processos que corram perante os outros juízes, salvo se já estiverem com sentença definitiva. Neste caso, a unidade dos processos só se dará, ulteriormente, para o efeito de soma ou de unificação das penas”. Portanto, como não houve a reunião de processos para julgamento conjunto e os feitos foram sentenciados, caberá ao juiz da execução, oportunamente, proceder à unificação de penas, aplicando as regras do crime continuado.
·  Separação de Processos
4 - Pedro e Ricardo, em concurso de agentes, praticam um crime de roubo. Pedro é citado pessoalmente e apresenta resposta à acusação. Ricardo não é localizado e, citado por edital, não comparece nem constitui advogado. Como se deve proceder em tal hipótese, dada a existência de continência?
RESPOSTA - Deverá ocorrer a separação de processos (desmembramento), prosseguindo-se em relação ao réu citado e ocorrendo a suspensão no tocante ao acusado revel. Nesse sentido, estabelece o art. 79, § 2o, do CPP: “A unidade do processo não importará a do julgamento, se houver corréu foragido que não possa ser julgado à revelia”. Confira-se, ainda, o disposto no art. 366 do mesmo diploma: “Se o acusado, citado por edital, não comparecer, nem constituir advogado, ficarão suspensos o processo e o curso do prazo prescricional, podendo o juiz determinar a produção antecipada das provas consideradas urgentes e, se for o caso, decretar prisão preventiva, nos termos do disposto no art. 312”.

Outros materiais