Buscar

TC_Marcelo da Silva Santos

Prévia do material em texto

LIGA DE ENSINO DO RIO GRANDE NORTE 
CENTRO UNIVERSITÁRIO DO RIO GRANDE DO NORTE – UNI/RN 
 CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
MARCELO DA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
 
POLÍTICA AMBIENTAL E LANÇAMENTO DE EFLUENTES POR POSTOS DE 
COMBUSTÍVEIS EM NATAL/RN: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DO 
DIREITO DO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
MARCELO DA SILVA SANTOS 
 
 
 
 
 
POLÍTICA AMBIENTAL E LANÇAMENTO DE EFLUENTES POR POSTOS DE 
COMBUSTÍVEIS EM NATAL/RN: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DO 
DIREITO DO AMBIENTE 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso 
apresentado ao Centro Universitário do 
Rio Grande do Norte (UNI/RN) como 
requisito final para obtenção do título de 
Bacharelado em Direito. 
 
Orientadora: Profª. Dra. Ana Mônica 
Medeiros Ferreira 
 
 
 
 
 
NATAL/RN 
2019 
MARCELO DA SILVA SANTOS 
 
POLÍTICA AMBIENTAL E LANÇAMENTO DE EFLUENTES POR POSTOS DE 
COMBUSTÍVEIS EM NATAL/RN: UM ESTUDO DE CASO A PARTIR DO 
DIREITO DO AMBIENTE 
 
 
Trabalho de conclusão do Curso 
apresentado ao Centro Universitário 
do Rio Grande do Norte (UNI-RN) 
como requisito final para obtenção 
do título de Graduação em Direito. 
 
 
Aprovado em: ___/___/____. 
 
BANCA EXAMINADORA 
 
__________________________ 
Prof. Dra. Ana Mônica M. Ferreira 
Orientador 
 
___________________________ 
Prof. 
Membro 
 
___________________________ 
Prof. 
Membro 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente 
a minha linda e maravilhosa esposa 
que sempre me apoiou e 
compreendeu meus momentos de 
sufoco, também ao meu filho Arthur 
que sempre brincou comigo dizendo 
que era fácil e a minha filha que em 
alguns momentos revisou assuntos 
comigo, por último a minha 
estimada Valeria Costa que sempre 
acreditou e investiu neste sonho. 
AGRADECIMENTO 
 
 Agradeço em primeiro lugar a Deus o dono do universo e sabedor de todas 
as ciências, pois sem Ele não estaria aqui materializando este sonho tão 
esperado. 
 A minha Mãe (in-memoria), pois se aqui estivesse, seria a maior 
incentivadora para alcançar este sonho, pois sempre me ajudou em tudo, fazendo-
me suprir todas as etapas de forma transparente e sincera. 
 Como não poderia ser diferente, agradeço também a minha linda e bela 
esposa, aos meus lindos e maravilhosos filhos, pois sempre de forma serena e 
sincera aguentaram meus momentos de impaciência e sufoco, fazendo-me forte 
nas decisões e ajudando superar os cansaços. 
 Da mesma forma, tenho a agradecer a Valéria Costa, pessoa de Deus e 
que sempre me apoio e nunca me deixou desfalecer, incentivando e fazendo do 
impossível para o cumprimento dessa promessa. 
 Por fim, minha ilustre e paciente professora Ana Mônica, pela sua 
dedicação nas suas orientações prestadas no desenvolvimento deste trabalho, me 
incentivando de forma clara e objetiva para o desenvolvimento, bem como 
colaborando para que o título e conteúdo fossem o mais rico e transparente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo tem seu tempo determinado, e 
há tempo para todo proposito 
debaixo do céu. 
Tempo de chorar, e tempo de rir; 
tempo de prantear, e tempo de 
dançar. 
Assim que tenho visto que não há 
coisa melhor do que alegrar-se o 
homem nas suas obras, porque 
essa é a sua porção; pois quem o 
fará voltar para ver o que será 
depois dele? 
Eclesiastes 
RESUMO 
 A Constituição Federal tem como um dos Princípios Fundamentais à 
dignidade da pessoa humana, e para que isto ocorra e as pessoas tenham 
qualidade de vida, é necessário que seja disponibilizado água com qualidade para 
consumo humano. Nesta mesma Carta destacam-se os Princípios Ambientais, 
sendo o Principio da Prevenção de grande relevância, porque é melhor prevenir 
do que remediar. Como a água é um bem de uso comum, cabe a Administração 
Pública, seja ela Federal, Estadual, Municipal, Territorial ou Distrital, fiscalizar 
possíveis contaminações baseado nas Leis Ambientais existentes, pois com o 
avanço das civilizações e instalações de empreendedores de vários níveis, se faz 
necessário controle mais rigoroso para evitar contaminação nos lençóis freáticos. 
A pesquisa visa identificar a atuação dos órgãos ambientais, por meio da atuação 
do poder de polícia que os órgãos ambientais têm com o papel a defesa da 
comunidade e do patrimônio público e assim monitorar periodicamente os 
efluentes lançados à natureza por postos de combustíveis, na cidade do Natal/RN. 
Diante de um contingente muito pequeno de fiscais da SEMURB e técnicos do 
IDEMA para atender a demanda na capital e cidades circunvizinhas, e a ausência 
de um cronograma específico para rotinas de visitas com o objetivo de monitorar 
as caixas separadoras de água e óleo e o lançamento dos seus efluentes a 
natureza, bem como a falta de comprometimento dos empreendedores com 
relação a prevenção, foram encontrados várias situações degradantes ao meio 
ambiente, tanto pela falta de manutenção nos sistemas separadores, como 
ausência de uma fiscalização preventiva. Para a solução deste problema é vital 
que os órgãos ambientais contratem mais profissionais, pois a quantidade 
disponível é muito pequena, como também adotar um cronograma de visitas mais 
refinado e pontual, pois o meio ambiente não precisa ser degradado para que 
depois se busquem a solução. 
 
Palavras Chave: Dignidade da pessoa humana. Qualidade de vida. Potabilidade. 
Lei ambiental. 
 
 
 
ABSTRACT 
 The Federal Constitution has as one of the Fundamental Principles to the 
dignity of the human person, and for this to happen and for people to have quality 
of life, it is necessary that water with quality be made available for human 
consumption. In this same Charter, the principles of environmental protection stand 
out, and the principle of prevention is of great importance, because prevention is 
better than cure. Since water is a common use asset, it is up to the Public 
Administration, be it Federal, State, Municipal, Territorial or District, oversee 
possible contamination based on existing Environmental Laws, because with the 
advancement of civilizations and installations of entrepreneurs of various levels, it 
is necessary to control more rigorously to avoid contamination in the groundwater. 
The research aims to identify the actions of environmental agencies, through the 
action of the police power that the environmental agencies have with the role the 
defense of the community and of the public patrimony and thus periodically monitor 
the effluents thrown to the nature by gas stations, in the city of Natal/RN. Faced 
with a very small contingent of SEMURB inspectors and IDEMA technicians to 
meet the demand in the capital and surrounding cities, and the absence of a 
specific schedule for visiting routines with the aim of monitoring water and oil 
separator boxes and the release of their effluents into nature, as well as the lack of 
commitment of entrepreneurs in relation to prevention, were found several 
degrading situations to the environment, both by lack of maintenance in the 
separator systems, and absence of preventive supervision. For the solution of this 
problem it is vital that the environmental agencies hire more professionals, 
because the quantity available is very small, as well as adopt a schedule of visits 
more refined and punctual, because the environment does not need to be 
degraded so that the solution is sought. 
 
Keywords: Dignity of the human person. Quality of life. potability. Environmental 
law. 
 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO 9 
1. A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL 13 
2. O MEIO AMBIENTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 15 
2.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DO AMBIENTE 16 
2.1.1. Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado 17 
2.1.2. Princípio do poluidor-pagador 17 
2.1.3. Princípio da função socialda propriedade 18 
2.1.4. Princípio da prevenção 19 
2.1.5. Princípio da precaução 20 
2.1.6. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público 21 
2.1.7. Princípio geral da atividade econômica 22 
3. A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 24 
4. A POTABILIDADE DO LENÇOL FREÁTICO DUNAS/BARREIRAS DA CIDADE 
DO NATAL/RN 27 
5. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM NATAL/RN 29 
5.1. OS OBJETIVOS E DAS DIRETRIZES DA CIDADE DO NATAL/RN 30 
5.2. A AÇÃO DO MUNICÍPIO 30 
5.3. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO MUNICIPIO 31 
5.4. O CONTROLE DA POLUIÇÃO EM NATAL/RN 33 
5.5. AS INFRAÇÕES E DO PROCESSO DA CIDADE DO NATAL/RN 34 
6. AS LICENÇAS AMBIENTAIS 39 
6.1. A LICENÇA PARA EDIFICAR 40 
6.2. A LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ATIVIDADES 
COMERCIAIS E INDUSTRIAIS 41 
6.3. A LICENÇA DE OPERAÇÃO PARA POSTO DE COMBUSTÍVEL 42 
6.4. AS LICENÇAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 43 
7. ANÁLISE DOS POSTOS DE COMBUSTÍVIES 46 
8. AUTO DE INFRAÇÃO PARA OS POSTOS DE COMBUSTÍVEIS DA CIDADE 
DO NATAL/RN 49 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 52 
REFERÊNCIAS 57 
ANEXOS 59 
9 
 
INTRODUÇÃO 
 
 A Constituição Federal de 1988 tem como um dos Princípios Fundamentais 
à dignidade da pessoal humana, e para que isto ocorra e o ser humano tenha 
qualidade de vida, se faz necessário dentre tantas coisas, que seja disponibilizado 
à população água com qualidade para o consumo humano, pois com o avanço 
das civilizações os controles preventivos devem ser mais rigorosos para evitar 
contaminações nos reservatórios, bem como nos lençóis freáticos, garantindo 
qualidade de vida sem riscos a saúde humana. 
 Água, seja ela de reservatórios superficiais ou de mananciais aquíferos, é 
um bem de uso comum, sendo de responsabilidade da Administração Pública 
Federal, Estadual, Distrital, Territorial ou Municipal, o monitoramento, a constante 
fiscalização, para evitar desperdícios e contaminações. 
 Por conta do problema no processo de urbanização acelerado que não 
apenas gerou um aumento da demanda em áreas mais populosas, mas também 
gerou a contaminação dos corpos hídricos por resíduos domésticos e industriais, e 
pelo crescimento da população concentrada em grandes centros urbanos, 
principalmente no litoral do continente, gerou problemas de escassez localizada 
de água, agravados por sistemas de saneamento básicos deficientes, falta de 
sistemas de coleta, tratamento e drenagem, isso tornando boa parte das águas 
impróprias para o uso humano. 
 O Brasil é palco central de discussões relacionadas ao tema, o que torna o 
Direito Ambiental essencial para o país. Só que, em termos de leis ambientais, o 
Brasil é reconhecidamente avançado, porém, o que falta na realidade é a 
aplicação destas, onde não estão só voltadas apenas às punições, mas voltadas 
para um aprimoramento no sistema de gestão, melhorando a qualidade ambiental 
de serviços, produtos e ambientes de trabalho e a partir disso, as empresas 
estabelecerem as melhores práticas, causando o menor dano possível ao 
ambiente, desde a produção em cada empreendimento, até a geração e destino 
dos resíduos de forma correta, ou seja, se prevenindo nas ações individuais e 
coletivas. 
 O Lençol Freático nominado de Aquífero Dunas/Barreiras que abastece 
alguns municípios do Rio Grande do Norte e principalmente a cidade do Natal tem 
sido palco de grandes discursões, pois o mesmo é responsável abastecer a 
10 
 
população da capital, ou seja, 70% (setenta por cento) da água de abastecimento 
da cidade do Natal/RN é proveniente desse aquífero segundo Righetto (2004). 
 Além disso, os índices de nitrato encontrados na água são alarmantes e 
crescentes, e a crescente exploração do aqüífero dentro de perímetro urbano e a 
disposição do esgoto por fossas e sumidouros, de um lado trouxe baixos 
investimentos em infraestrutura de saneamento e por outro, um problema de difícil 
solução em curto prazo. 
 Esgotamento sanitário é extremamente necessário, de forma a permitir que 
o aqüífero possa se recuperar com relação à qualidade da água seja pelas 
recargas naturais seja por processos de remediações. 
 Todavia, intensificar fiscalizações em todos os potenciais poluidores é 
também vital para sua vitalidade, pois é bem certo que a Administração Publica 
Estadual e Municipal como são responsáveis pela sua preservação, sendo o dever 
dos fiscais ambientais monitorarem os potenciais poluidores, e principalmente 
como estão sendo destinados os efluentes gerados pelos empreendimentos à 
natureza. 
 A finalidade deste este estudo foi conhecer da atuação dos fiscais em 
postos de combustíveis na cidade do Natal com relação aos efluentes que são 
lançados nos sumidouros, e quais medidas preventivas são adotadas para evitar 
contaminações, pois conforme Dias (2012, p. 193) produtos de petróleo envolvem 
misturas de diferentes compostos orgânicos voláteis (VOC), que podem 
apresentar um risco para as águas subterrâneas após um derrame para uma 
determinada zona instaurada. 
 Bem sabemos que os compostos orgânicos voláteis (benzeno, tolueno, 
xilenos, etilbenzeno, entre outros), são contaminantes típicos do óleo diesel e da 
gasolina encontrados na zona instaurada do solo e geralmente afeta em primeiro 
lugar esta zona antes de atingir o aquífero subjacente. 
 Dias, (2012, p.193) continua dizendo que embora os compostos orgânicos 
voláteis possam ser atenuados na zona saturada, eles constituem riscos para a 
saúde, pois pode atingir o lençol freático através da difusão rápida da fase de 
vapor ou do transporte na fase aquosa por meio de processos de transporte, 
incluindo advecção aquosa em água de recarga, difusão das fases gasosa e 
aquosa, e de dispersão mecânica. 
11 
 
 Também tem como finalidade esse estudo, identificar a aplicação das 
normas ambientais e as práticas atuais, com relação ao lançamento dos efluentes 
provenientes das caixas separadoras de água e óleo dos postos de combustíveis 
da cidade do Natal, por serem potencialmente poluidores, e como os órgãos 
fiscalizadores tem adotado medidas preventivas, e assim se utilizar o Principio da 
Prevenção, sabendo-se que é melhor prevenir do que remediar. 
 Diferentemente de muitas cidades do Brasil, aonde à água para consumo 
humano vem de reservatórios artificiais localizados a quilômetros de distância, 
longe dos grandes centros, de áreas de risco de potenciais poluidores, na cidade 
do Natal/RN a água disponibilizada para o consumo humano vem do lençol 
freático aquífero dunas/barreiras, onde é necessário uma grande atuação dos 
órgãos ambientais em intensificar as fiscalizações nos diversos pontos da cidade 
para assim evitar possíveis contaminações, aplicando no dispõe na legislação 
vigente tanto para os métodos de procedimento para fiscalização como também 
para as punições à quem degrada o meio ambiente. 
 Diante da relevância social e jurídica, a Administração Pública tem a 
responsabilidade de cuidar da potabilidade do aquífero dunas/barreiras, e assim 
evitar que a população seja afetada pela água contaminada, trazendo grandes 
prejuízos na saúde de todos. 
 O principal objetivo desse trabalho é analisar através de uma pesquisa de 
campo em alguns postos de combustíveis da cidade do Natal/Rn, acessando as 
caixas separadoras de água e óleo para registar fotograficamente o estado em 
que se encontra, e ao mesmo tempo saber como é realizado o controle ambiental 
pelos órgãos local IDEMA e SEMURB, qual periocidade e quais procedimentos 
são adotados para evitar contaminação no lençol freático, verificando os 
parâmetros que avaliam os efluentes que são destinados aos sumidouros. 
 A presente pesquisa esta fundamentada no que dispõe a Constituição 
Federal, Politica Nacional do Meio Ambiente, CONAMA, CONEMA, Código do 
Meio Ambiente da Cidade do Natal, entre outros. 
 Por sua vez, este trabalho se delimitou nos postos de combustíveis da 
cidade do Natal, para saber se os efluentes desses estabelecimentos estãosendo 
destinados dentro dos limites legais para evitar contaminações, e no caso de 
ocorrências de contaminação, saber quais procedimentos para evitar degradação 
12 
 
ao meio ambiente e quais punições são adotadas baseadas na lei ambiental por 
tais condutadas. 
 Todavia, na pesquisa de campo, além dos registros fotográficos em cada 
empreendimento, também foram elaboradas entrevistas com os setores 
responsáveis do Idema e Semurb através de um questionário com perguntas 
pertinentes ao tema para assim identificar os procedimentos adotados e assim 
compreender melhor a atuação dos órgãos ambientais. 
 Ao final, percebesse que há uma grande deficiência do órgão ambiental 
tanto ao número de profissionais capacitados para atender a demanda, bem como 
uma regularidade nas ações preventivas quanto aos efluentes destinados a 
natureza, demonstrando assim uma distorção entre os fundamentos legais e a 
devida atuação da administração ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
1. A CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL 
 
 No livro Direito do Ambiente, que tem como autor Edis Milaré (2014, p.54), 
ele ressalta que o fenômeno da vida a milhões de ano marcou a terra, selando 
assim a sorte dos seres humanos. Muitas coisas se formaram e se alteraram nos 
ecossistemas, hora de forma lenta, hora de forma mais acelerada, mas sempre 
contínua e independente das leis físicas, pois espécies vivas e de várias formas, 
vegetais e animais, apareceram e desapareceram sem nenhuma explicação 
lógica, clara e bem definida, mas independente de qualquer coisa a evolução 
sempre seguiu seu caminho, preparando o terreno para os próximos habitat 
planetário. 
 A questão ambiental vem ganhando espaço dia após dia, preocupando-se 
com o destino ecossistema planetário e com a espécie humana, pois a crise 
vivenciada com a evolução é impossível ser preciso de quanto tempo há para que 
os efeitos catastróficos sejam controlados de forma concreta e clara, pois 
conforme Édis Milaré (2014, p.52) em sua obra Direito do Ambiente indaga: “quais 
os caminhos a serem percorridos pelo homem e pelo Planeta?”. 
 Diante dos acontecimentos no planeta terra, Antunes (2015, p.55), fala do 
surgimento dos cidadãos em defesa da qualidade de vida e do meio ambiente a 
partir do ano de 1960, sobretudo na Europa, nos Estados Unidos e no Japão, 
ganhando força no Brasil no início da década de 70 do século XX. 
 Tais movimentos, conforme Antunes (2015, p.57), faz com que as 
descobertas científicas desempenhem um importante papel na construção do 
Direito Ambiental, vejamos: 
 
As descobertas científicas desempenham um importante papel na 
construção do Direito Ambiental. Questões como o aquecimento 
global, que gerou o Protocolo de Quioto; o Protocolo de Montreal 
sobre a proteção da camada de ozônio, as convenções sobre 
produtos perigosos e tantas outras são diretamente fundadas em 
descobertas científicas significativas. Tais descobertas exercem o 
papel de chamar atenção para questões cruciais que demandam 
uma regulamentação jurídica. Muitas vezes, princípios científicos 
são incorporados ao mundo jurídico também (Antunes, 2015, p. 
57). 
 
 Diante disso, observa-se que há décadas o homem com sua exploração 
desastrada na natureza, vêm gerando uma série de prejuízos ao ecossistema, 
14 
 
muitos deles irreversíveis, e mesmo com a propagação para que todos tenham a 
consciência para a proteção do Meio Ambiente, as mesmas vêm produzindo de 
forma tímida mudanças comportamentais nos homens, pois o crescimento 
econômico é o grande foco que por sua vez tem deixado de lado a Proteção 
Ambiental. 
 Segundo Milaré (2014, p. 69), ele ressalta de forma pontual e precisa 
quanto a não conscientização dos empreendedores, vejamos: 
 
A consciência ecológica e a responsabilidade socioambiental, 
infelizmente, estão longe de alcançar o estágio mínimo ideal. Por 
exemplo, no caso de muitos empreendimentos, uma vez obtida a 
licença de operação, é comum verificar-se que as empresas 
limitam-se ao estritamente necessário sob o ponto de vista de 
exigências legais, sem qualquer pequena ambição de contribuir 
para a perenidade da terra (MILARÉ, 2014, p. 69). 
 
 Notemos que de um lado temos a Legislação Ambiental sem aplicabilidade 
necessária quanto à prevenção aliada ao crescimento econômico e do outro 
temos empreendedores não cumprindo as exigências mínimas exigidas para 
proteger e manter a qualidade ambiental, comprometendo a geração atual e 
futura, ferindo por sua vez o Princípio do Desenvolvimento Sustentável. 
 Deste modo, verificamos que nossas ações choca-se contra nossos 
deveres e direitos, comprometendo nosso próprio destino, pois a busca para a 
satisfação das múltiplas necessidades que são ilimitadas, concorre diretamente 
com os bens da natureza que por sua vez são limitados. 
 Por conta do processo de desenvolvimento, onde a exploração dos 
recursos naturais é vital, a paisagem natural da terra esta cada vez mais 
ameaçada pela deterioração do meio ambiente, pelos riscos nucleares, pelo lixo 
atômico, pelos dejetos orgânicos, pelo lixo químico produzido pelas indústrias, 
pelos efluentes gerados por postos de combustíveis entre outros, fazendo com 
que o lençol freático se contamine que as florestas diminuam e o ar torne-se 
irrespirável, entre outros. 
 
 
 
15 
 
2. O MEIO AMBIENTE NO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO 
 
 O dever Estatal geral de defesa e preservação do meio ambiente é 
fragmentado em deveres específico, estando eles constitucionalizados nos sete 
incisos que derivam do parágrafo 1.° do artigo 225, sendo esta intervenção com o 
dever de preservar ou recuperar a qualidade da natureza, dai a necessidade de 
programas de saneamento, conservação e utilização racional dos recursos 
naturais. 
 A interferência do Poder Público nas atividades econômicas de domínio 
privado tem por objetivo impedir práticas danosas à saúde da população, à saúde 
ambiental e ao meio ambiente em seu conjunto, não bastando apenas fiscalizar, 
mais acima de tudo controlar o emprego de técnicas, manipulação de substâncias 
nos parques fabris, destinação correta dos efluentes ao solo, ou qualquer outro 
produto ou serviço que comprometam a vida e o equilíbrio do meio ambiente. 
 Outra atenção importante para a pratica da prevenção é a realização de 
estudo prévio de impacto ambiental obrigatório para todas as atividades 
potencialmente poluidoras que causam de forma significativa à degradação do 
meio ambiente. 
 Essas medidas não se tratam de ser contra o progresso, mas de promover 
e compatibilizar o desenvolvimento econômico e social com os requisitos 
ambientais mínimos, utilizando e conservando de modo racional os recursos 
naturais, pois o destino das gerações futuras encontra-se nas mãos das presentes 
gerações. 
 Temos o direito à qualidade de vida, a um meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, com saúde, salubridade e higidez, e este direito o legislador 
consagrou na Constituição Federal de 1988 em seu artigo 225, vejamos: 
 
Art. 225 Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia 
qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o 
dever de defendê-lo e preservá-lo para às presentes e futuras 
gerações (BRASIL, 1988). 
 
 Diante disso, não há como negar que esse direito adquirido não pertence 
só à geração presente, mas também as vindouras, bem como o dever de todos 
contribuir para que o meio ambiente se mantenha ecologicamente equilibrado, 
16 
 
mas para Antunes (2015, p.60), o direito ambiental somente pode oferecer solução 
jurídica se ela estiver coordenada e integrada com às questões que permeiam o 
problema de fundo a ser enfrentado pelo Direito. Para ele, dentre esses vários 
conhecimentos que influenciam a construção do direito ambiental, podem ser 
destacados a Biologia, a Química, a Meteorologia, as Ciências Sociais etc.2.1. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO DO AMBIENTE 
 
 O Ordenamento Jurídico Brasileiro tem como base princípios e, como não 
poderia ser diferente, o Direito Ambiental também depende, sendo eles a essência 
ao direito, pois as leis, a jurisprudência, a doutrina e os tratados e convenções 
internacionais são criados com base em princípios jurídicos, os quais representam 
a alma do direito em si e da própria acepção de justiça. 
 Para Rodrigues (2016, p. 306), tais princípios encontram-se enraizados na 
Constituição Federal, e deles decorrem outros que lhes são derivados. Trata-se de 
classificação meramente acadêmica, já que o legislador não os definiu 
expressamente. Vejamos a importância de um princípio na visão de José Afonso 
da Silva: 
 
Violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma 
qualquer. A desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a 
um específico mandamento obrigatório, mas todo o sistema de 
comandos. É a mais grave forma de ilegalidade ou 
inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio atingido, 
porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de 
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu 
arcabouço lógico e corrosão de sua estrutura mestra (Silva, 2014, 
p. 976-977). 
 
 Por sua vez, segundo Milaré (2014, p. 258) a “palavra princípio, em sua raiz 
latina, significa aquilo que se toma primeiro (primum capere), designando início, 
começo, ponto de partida”, motivo pelo qual, é o mandamento básico e 
fundamental para as diretrizes de uma nova ciência. 
 
 
17 
 
 2.1.1. Princípio do ambiente ecologicamente equilibrado 
 
 A geração presente além de atender as suas necessidades, a mesma não 
pode comprometer as gerações futuras, tendo que compatibilizar suas atividades 
econômicas de um lado e de outro proteger o Meio Ambiente para que os 
próximos habitantes possam usufruir das benesses naturais sem comprometer a 
qualidade de vida. 
 Diante da realidade enfrentada por todos, cabe a cada um dos indivíduos 
assumir um papel de defensor do meio ambiente, sabendo que essa atitude não 
so lhe beneficiará, mas a todos os presentes e aos vindouros, pois conforme 
Milaré (2014, p. 260), a vida tem que valer a pena, vejamos: 
 
O reconhecimento do direito a um meio ambiente sadio configura-
se, na verdade, como extensão do direito à vida, quer sob o 
enfoque da própria existência física e saúde dos serres humanos, 
quer quanto ao aspecto da dignidade dessa existência – a 
qualidade de vida -, que faz com que valha a pena viver (MILARÉ, 
2014, p. 260). 
 
 Esta proteção encontra-se amparada no artigo 170, VI da Constituição 
Federal, onde destaca a defesa do Meio Ambiente, inclusive mediante tratamento 
diferenciado conforme os impactos ambientais dos produtos e serviços e de seus 
processos de elaboração e prestação, portanto ficando claro que as atividades 
presentes devem observar que tipos de impactos provocam ao meio ambiente 
para que as próximas gerações não sofram e tenham sua qualidade de vida 
comprometida. 
 
 2.1.2. Princípio do poluidor-pagador 
 
 Assenta-se este princípio, inspirado na teoria econômica de que os custos 
decorrentes da prevenção, precaução e de eventuais danos ao meio ambiente 
devem ficar totalmente a cargo de quem possuí a atividade que gera tal eventual 
poluição. Assim, aquele que possuí atividade poluidora ou que necessite de 
métodos de prevenção ou precaução, é quem deverá arcar com os custos a fim de 
se evitar ou reparar possíveis danos ao meio ambiente. Nos termos da 
18 
 
Constituição em seu artigo 225, § 3°, para o poluidor aplicam-se medidas de 
caráter reparatório e punitivo, a saber: 
 
Art. 225, § 3° - “as condutas e atividades consideradas lesivas ao 
meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, 
a sanções penais administrativas, independentemente da 
obrigação de reparar os danos causados (BRASIL, 1988). 
 
 Como se vê, os danos causados ao meio ambiente, potencial ou efetiva, 
pode gerar uma tríplice reação no mundo jurídico, ou seja, um único ato pode 
detonar a imposição de sanções administrativas, penais e civis, a exemplo disso é 
o para um manancial, comprometendo a fauna, a flora e as condições sanitárias 
do meio ambiente, pode ensejar pagamento de multa com base no art. 62, VIII, do 
decreto 6.514/2008, condenação a pena de detenção, de 1 a 3 anos, ou multa, ou 
ambas cumulativamente, com base no art. 33 da Lei 9.605/1998, e pagamento de 
indenização ou cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, com base no art. 
14, §1.° da Lei 6.938/1981. 
 
 2.1.3. Princípio da função social da propriedade 
 
 A Função Social da Propriedade deve atender a função socioambiental, 
visando em alguns casos, como as propriedades rurais a preservação permanente 
de algumas áreas, que dependendo da situação, pode chegar ate 80% de 
preservação e assim garantir que recursos naturais sejam protegidos. 
 A Constituição Federal destaca esse Principio em seu artigo 5°, XXIII e 
XXIV, bem como no artigo 186, I e II, no qual destacamos: 
 
Art. 186 A função social é cumprida quando a propriedade rural 
atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência 
estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: 
I – aproveitamento racional e adequado; 
II – utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e 
preservação do meio ambiente; (BRASIL, 1988). 
 
 Também destaca no artigo 182, paragrafo 1°, que propriedade urbana 
localizada em cidades com mais de 20 mil habitantes devem atender 
obrigatoriamente o plano diretor para que se tenha um uso racional do solo urbano 
e assim cumprir sua função social. Ainda no paragrafo 2° do mesmo artigo, tem 
19 
 
como destaque que a propriedade urbana só atende sua função social quando 
atende às exigências fundamentais de ordenação da cidade expressa no plano 
diretor. 
 
 2.1.4. Princípio da prevenção 
 
 Outro importantíssimo princípio cravado no Art. 225 da nossa Constituição, 
Milaré (2014, p.264) destaca que prevenção é substantivo do verbo prevenir (do 
latim prae = antes e venire = vir, chegar), e significa ato ou efeito de antecipar-se, 
chegar antes; induz uma conotação de generalidade, simples antecipação no 
tempo, é verdade, mas com intuito conhecido. Apesar de expressamente 
constante em tal Carta, tal princípio já havia sido informado na Declaração 
Universal do Meio Ambiente em 1972. Trata-se do princípio que mais se encontra 
presente na legislação em matéria ambiental. 
 Dentre os vários princípios norteadores do tema, destaca-se o Princípio da 
Prevenção do dano ambiental. Tal direcionamento fundamental consiste no 
comportamento efetuado com o intuito de afastar o risco ambiental, antecipando-
se medidas para evitar agressões ao meio ambiente, isso é bem verdade, por que 
não há nada melhor do que prevenir para não ser preciso remediar. 
 Para Milaré (2014, p. 266), o Princípio da Prevenção tem como objetivo 
impedir a ocorrência de danos ao meio ambiente, através da imposição de 
medidas acautelatórias antes da implantação de empreendimentos e atividades 
consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras. 
 Na prática, a prevenção ambiental é o ato, ação, disposição, conduta, que 
busca evitar que determinado e conhecido mal, dano, lesão ou intempérie, de 
origem humana, venha a agir sobre o meio ambiente, tornando-o, fragmentado ou 
em um todo regional ou total, de menor qualidade, reduzindo seu equilíbrio 
ecológico e consequentemente a boa qualidade de possibilitando a perpetuação 
da espécie humana na Terra. 
 
 
 
20 
 
 2.1.5. Princípio da precaução 
 
 Por outro lado, Milaré (2014, p. 264) destaca que precaução é do 
substantivo do verbo precaver-se (do latim prae = antes e cavere = tomar 
cuidado), e sugere cuidados antecipados com o desconhecido, cautela para que 
uma atitude ou ação não venha a concretizar-se ou a resultar em efeitos 
indesejáveis.Este princípio é responsável pela vedação de determinadas ações 
no meio ambiente uma vez que não haja certeza concreta de que tais ações não 
causarão reações adversas. Diferencia-se do princípio da prevenção pelo fato de 
buscar evitar que reações desconhecidas aconteçam, uma vez que o da 
prevenção busca prevenir o meio ambiente de degradações e consequências 
conhecidas. Como o homem não conhece completamente o meio ambiente e as 
suas relações e inter-relações, também não conhece todas as possibilidades de 
respostas do ambiente frente à atuação humana. Assim não é capaz de formular 
certezas, traçar informações conclusivas acerca das intempéries provocadas por 
determinados procedimentos e intervenções. 
 O inciso V do § 1º do artigo 225 da Constituição Federal determina que 
para assegurar o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado incumbe ao 
Poder Público controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente. 
 Diante da crise ambiental gerada pela devastação assustadora do meio 
ambiente por diversos tipos de degradação, a preocupação de evitar a destruição 
constante do meio ambiente, passou a ser uma constante para aqueles que 
procuram uma melhor qualidade de vida para as presentes e futuras gerações. 
 Isso é bem verdade, pois Antunes (2015, p. 38) diz que o constituinte fez 
uma escolha indiscutível pelo chamado antropocentrismo, ou seja, entendeu que o 
ser humano é o centro das preocupações constitucionais e que a proteção ao 
meio ambiente se faz como umas das formas de promoção da dignidade humana, 
razão pela qual, ele faz o seguinte destaque ao princípio da precaução: 
 
O chamado princípio da precaução é, assim, um princípio setorial 
que não pode se sobrepor aos princípios constitucionais mais 
abrangentes como aqueles previstos no artigo 1° da Constituição 
Federal, devendo ser harmonizados com os demais princípios, tais 
21 
 
como a ampla defesa, a isonomia e tantos outros (ANTUNES, 
2015, p. 38). 
 
 Diante disso, Antunes (2015, p. 390) ressalta que o princípio da precaução 
tem sido prestigiado pelo legislador brasileiro que, em muitas normas positivadas, 
determina uma série de medidas com vistas à avaliação dos impactos ambientais 
reais e potenciais gerados pelos diferentes empreendimentos, motivo pelo qual, é 
reconhecido por toda doutrina brasileira e pelo nosso ordenamento jurídico. 
 Por fim, Antunes (2015, p. 40) diz que a aplicação deste princípio somente 
se justifica constitucionalmente quando observados os princípios fundamentais da 
República e ante a inexistência de norma capaz de determinar a adequada 
avaliação dos impactos ambientais. 
 
 2.1.6. Princípio do controle do poluidor pelo Poder Público 
 
 Este princípio resulta das atribuições e intervenções do Poder Público 
necessário à manutenção, preservação e restauração dos recursos ambientais, 
com vistas à sua utilização reacional e disponibilidade permanente. Neste sentido 
a Constituição Federal no art. 23, caput, VI, estabelece solidariedade de todos os 
entes do Poder Público para a proteção do meio ambiente e o combate a todas as 
formas de poluição, vejamos: 
 
Art. 23° - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito 
Federal e dos Municípios: 
VI – proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer 
de suas formas (BRASIL, 1988). 
 
 Para Milaré (2014, p. 269), a ação dos órgãos e entidades públicas se 
concretiza através do exercício do seu poder de polícia administrativa, isto é, 
daquela faculdade inerente à Administração Pública de limitar o exercício dos 
direitos individuais, visando assegurar o bem-estar da coletividade, utilizando 
deste poder para estabelecer ajustamento de condutas que levem à cessação das 
atividades nocivas. 
22 
 
 Isso é bem verdade, pois no parágrafo 1° do art. 17 da Lei Complementar 
n° 140/2011 qualquer pessoa legalmente identificada, ao constatar infração 
ambiental decorrente de empreendimento ou atividade utilizadores de recursos 
ambientais, efetiva ou potencialmente poluidores, pode dirigir representação ao 
órgão para efeito do exercício de seu poder de polícia. 
 Esta Lei Complementar 140/2011 fixa normas, nos termos dos incisos III, VI 
e VII do caput e do parágrafo único do art. 23 da Constituição Federal, para a 
cooperação entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios nas 
ações administrativas decorrentes do exercício da competência comum relativas à 
proteção das paisagens naturais notáveis, à proteção do meio ambiente, ao 
combate à poluição em qualquer de suas formas e à preservação das florestas, da 
fauna e da flora. 
 Todavia, o art. 17 da Lei Complementar 140/2011 estabelece que a 
competência para lavrar o auto de infração e instaurar processo administrativo é 
do órgão licenciador, exercendo assim o poder de polícia para apurar infrações 
ambientais e assim coibir possíveis danos ao meio ambiente. 
 
 2.1.7. Princípio geral da atividade econômica 
 
 A Constituição Federal no art. 170 lê-se que a atividade econômica está 
fundada na valorização do trabalho e na livre iniciativa, com o fito de assegurar a 
todos existência digna em conformidade com os ditames da justiça social, 
vejamos: 
Art. 170 – A ordem econômica, fundada em valorização do 
trabalho e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos 
existência digna, conforme os ditames da justiça social, 
observados os seguintes princípios: (BRASIL, 1988). 
 
 Desta feita, destaca ainda no inciso IV sobre a defesa do meio ambiente, 
onde o Princípio importa em uma limitação da propriedade privada, inclusive com 
tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e 
de seus processos de elaboração e prestação, e bem sabemos que a atividade de 
Posto de Combustível não é diferente, sendo esse tratamento de grande 
relevância. 
23 
 
 Portanto, a defesa do meio ambiente encerra limitações ao pleno exercício 
da livre-iniciativa e da livre concorrência, sendo primordial a preservação, motivo 
pelo qual, se faz necessário que as atividades potencialmente poluidoras, diante 
do impacto que possam causar ao meio ambiente, terem tratamento diferenciado, 
e assim assegurar dignidade a presente e futura geração. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24 
 
3. A POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE 
 
 No início da década de 80, a Lei Federal 6.938, de 31.08.1981, dispõe 
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de 
formulação e aplicação. Essa lei incorporou e aperfeiçoou normas estaduais já 
vigentes e instituiu o Sistema Nacional de Meio Ambiente, integrado pela União, 
por Estados e Municípios, e atribuiu aos Estados à responsabilidade maior na 
execução das normas protetoras do meio ambiente segundo Miralé (2014, p. 685). 
 Para Rodrigues (2016, p.153), a partir do surgimento dessa Lei e, acima de 
tudo, após o advento da Constituição Federal de 1988, o equilíbrio ecológico 
passou a receber tutela jurídica imediata e autônoma, pelo valor que representa 
em si mesmo e para todas as formas de vida, surgindo assim uma infinidade de 
leis destinadas à tutela do meio ambiente, de forma que, não é nenhum exagero 
sustentar o que temos hoje, um ordenamento jurídico ambiental. 
 Como visto no capitulo anterior, a Constituição Federal de 1988 ocupa o 
topo, o vértice, e dela emana as normas fundamentais e os princípios de proteção 
ao meio ambiente, disciplinando a competência de cada um dos entes federativos 
para legislar e atuar concretamente na proteção do meio ambiente, motivo pelo 
qual, o Congresso Nacional decretou e sancionou a Lei Complementar 140/2011 
fortalecendo o poder de polícia de cada um deles em busca da proteção ao meio 
ambiente. 
 Conforme Rodrigues (2016, p. 153), o mesmo destaca que não só a Uniãodetém competência para legislar matéria ambiental, mas todos os entes da 
federação, que podem se utilizar de leis que visam tutelar este ou aquele recurso 
natural de forma específica, bem como de leis que visam regulamentar alguma 
atividade econômica de relevante impacto ambiental. 
 Contudo, antes de se compreender o sistema criado pela Lei n° 6.938/81, é 
preciso saber o contexto histórico em que ela surgiu, pois para Rodrigues (2016, 
p. 155), ao contrário do que se poderia imaginar, esta lei não surgiu como 
obstáculos ao desenvolvimento econômico, mas na verdade o Plano Nacional do 
Meio Ambiente surgiu no cenário nacional para estabelecer um equilíbrio entre a 
política desenvolvimentista vigente àquela época e a proteção do meio ambiente. 
 Após a Conferência de Estocolmo em 1972, onde os países em 
desenvolvimento lutavam pelo direito ao desenvolvimento, o Brasil acordou para a 
25 
 
necessidade de se proteger o meio ambiente e de que um desenvolvimento a todo 
ou a qualquer custo seria um verdadeiro tiro no pé. Rodrigues (2106, p. 155) 
 Nesse contesto surge, então, a Lei da Política Nacional do Meio Ambiente, 
onde Rodrigues toma como destaque a finalidade do seu papel que era o de 
proteger o meio ambiente, sem que isso representasse, contudo, um obstáculo 
instransponível ao desenvolvimento, tendo a Lei como finalidade pregar o 
desenvolvimento sustentável, pois estes eram os pilares fixados nos 25 princípios 
contidos na Declaração de Estocolmo. 
 Para a formulação da Política Nacional do Meio Ambiente n° 6.938/81, o 
legislador foi extremamente criterioso, ao estabelecer os princípios que devem 
sustentá-la, estão eles elencados nos incisos do art. 2°, vejamos: 
 
Art 2º A Política Nacional do Meio Ambiente tem por objetivo a 
preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental 
propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao 
desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança 
nacional e à proteção da dignidade da vida humana, atendidos os 
seguintes princípios: 
I – ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser 
necessariamente assegurado e protegido, tendo em vista o uso 
coletivo; 
II - racionalização do uso dos do solo, do subsolo, da água e do ar; 
III – planejamento e fiscalização do uso dos recursos ambientais; 
IV – proteção dos ecossistemas, com a preservação de áreas 
representativas; 
V – controle e zoneamento das atividades potencial ou 
efetivamente poluidoras; 
VI – incentivos ao estudo e à pesquisa de tecnologias orientadas 
para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais; 
VII – acompanhamento do estado da qualidade ambiental; 
VIII- recuperação das áreas degradadas; 
IX – proteção das áreas ameaçadas pela degradação; 
X – educação ambiental a todos os níveis de ensino, inclusive a 
educação da comunidade, objetivando capacitá-lo para 
participação ativa na defesa do meio ambiente (BRASIL, 1981). 
 
 Para Rodrigues (2016, p. 156), destaca que no art. 2°, caput é possível 
didaticamente estabelecer uma diferença entre este que como fins abstratos que 
funcionam como diretivas gerais da política nacional do meio ambiente, e para o 
art. 4° afirma que compõem objetivos mais palpáveis com fins concretos para a 
política publica ambiental brasileira, que visa à compatibilização do 
desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio 
ambiente e do equilíbrio ecológicos, sendo os órgãos e entidades da União, dos 
26 
 
Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios responsáveis pela 
proteção e melhoria da qualidade ambiental, vejamos: 
 
Art. 4° A Política Nacional do Meio Ambiente visará: 
I – à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a 
preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio 
ecológico; 
II – à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa 
à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da 
União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos 
Municipios; 
III – ao estabelecimento de critérios e padrões da qualidade 
ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos 
ambientais; 
IV – ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais 
orientadas para o uso racional de recursos ambientais; 
V – à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à 
divulgação de dados e informações ambientais e à formação de 
uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da 
qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; 
VI – à preservação e restauração dos recursos ambientais com 
vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, 
concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à 
vida; 
VII – à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de 
recuperar e/ou indenizar dos danos causados e, ao usuário, da 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins 
econômicos (BRASIL, 1981). 
 
 Portanto, são estes os objetivos, didaticamente classificados em concretos 
e abstratos, que devem servir de norte no exercício da política pública ambiental 
Brasileira, no que se relaciona com a preservação da qualidade ambiental e 
manutenção do equilíbrio ecológico, e assim garantir a presente e futuras 
gerações um ambiente ecologicamente equilibrado. 
 
 
 
 
 
 
 
 
27 
 
4. A POTABILIDADE DO LENÇOL FREÁTICO DUNAS/BARREIRAS DA 
CIDADE DO NATAL/RN 
 
 O Lençol Freático nominado de Aquífero Dunas/Barreiras que abastece 
alguns municípios do Rio Grande do Norte e principalmente a cidade do Natal que 
tem sido palco de grandes discursões, pois o mesmo é responsável abastecer a 
população da capital. 
 Segundo Righetto (2004) setenta por cento da água de abastecimento de 
água da cidade de Natal é proveniente do aqüífero Dunas/Barreiras que totaliza 
vazão explotada em torno de 3,0 m 3 /s. É uma situação de super-explotação, já 
que a capacidade do aqüífero dentro do perímetro urbano da cidade é muito 
inferior. 
 Os índices de nitrato encontrados na água são alarmantes e crescentes, e 
a crescente exploração do aqüífero dentro de perímetro urbano e a disposição do 
esgoto por fossas e sumidouros, de um lado trouxe baixos investimentos em 
infraestrutura de saneamento e por outro, um problema de difícil solução em curto 
prazo, conforme afirmação de Righetto (2004). 
 Percebe-se por um lado à necessidade de esgotamento sanitário, de forma 
a permitir que o aqüífero possa se recuperar com relação à qualidade da água 
seja pelas recargas naturais, seja por processos de remediações. 
 Por outro, verifica-se a necessidade de intensificar fiscalizações em todos 
os potenciais poluidores, pois neste sentido, a Administração Publica Estadual e 
Municipal como são responsáveis pela sua preservação, tendo o dever dos fiscais 
ambientais monitorarem os potenciais poluidores, e principalmente, analisar in-
loco como estão sendo destinados os efluentes gerados pelos empreendimentos à 
natureza. 
 Além das situações preocupantes citadas acima que podem comprometer a 
potabilidade do aquífero dunas/barreiras, há também das que se originam dos 
efluentes dos postos de combustíveis da cidade do Natal que são lançados nos 
sumidouros, onde, por sua vez, deve-se adotar medidas preventivas para evitar 
contaminações, isso é bem verdade, que Dias (2012, p. 193) esclarece quanto aos 
produtos de petróleo que envolvem misturas de diferentes compostos orgânicos 
voláteis (VOC), que podem apresentar um risco para as águas subterrâneas após 
um derrame para uma determinada zona instaurada. 
28 
 
 Acrescenta ainda que os compostos orgânicos voláteis (benzeno, tolueno, 
xilenos, etilbenzeno, entre outros), são contaminantes típicos do óleo diesel e da 
gasolina encontrados na zona instaurada do solo e geralmente afeta em primeiro 
lugar esta zona antes de atingir o aquífero subjacente. 
 Dias, (2012, p.193) continuadizendo que embora os compostos orgânicos 
voláteis possam ser atenuados na zona saturada, eles constituem riscos para a 
saúde, pois pode atingir o lençol freático através da difusão rápida da fase de 
vapor ou do transporte na fase aquosa por meio de processos de transporte, 
incluindo advecção aquosa em água de recarga, difusão das fases gasosa e 
aquosa, e de dispersão mecânica. 
 Diante dessas informações, percebe-se que a potabilidade do aquífero 
dunas/barreiras vem sofrendo ao longo desses anos, sendo necessário maior 
esforço dos órgãos ambientais, adotando medidas preventivas, sabendo que é 
melhor prevenir do que remediar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
5. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE EM NATAL/RN 
 
 Como citado anteriormente, o aquífero dunas/barreiras localizado na cidade 
do Natal, patrimônio da União, bem de uso comum do povo, abastece toda a 
cidade, mas para que se tenha potabilidade, se faz necessários controles 
constantes dos efluentes para evitar sua contaminação, motivo pelo qual, é 
obrigação dos órgãos ambientais fiscalizar constantemente todo e qualquer 
possível poluidor, prevenindo assim de problemas que afetem a população. 
 Neste sentido, o seu órgão ambiental juntamente com o setor de 
fiscalização, tem por obrigação adotar medidas preventivas, controlando os riscos 
iminentes gerados pelas atividades potencialmente poluidoras e assim controlar a 
qualidade dos efluentes lançados no solo da cidade do Natal/RN, respeitando os 
Princípios Fundamentais listados na lei n° 4.100/1992, Código do Meio Ambiente 
do município do Natal, na qual destacamos os incisos VI e VII, do art. 2°, vejamos: 
 
Art. 2° Para a elaboração, implementação e acompanhamento 
crítico da política ambiental do Município, serão observados os 
seguintes princípios fundamentais: 
VI – continuidade, no tempo e no espaço, das ações básicas de 
gestão ambiental; 
VII – informação e divulgação obrigatória e permanente de dados e 
condições ambientais (BRASIL, 1992). 
 
 Segundo o código, cabe ao município elaborar, implementar, programar, 
dar continuidade na sua atuação para que o meio ambiente seja protegido de 
forma preventiva, e isso é bem verdade, que a partir da concessão da licença de 
operação fornecida pelo órgão, o empreendedor passa a ter uma série de 
condicionantes à serem cumpridas, sendo elas um dos meios preventivos para 
manter o meio ambiente equilibrado. 
 Por outro lado, independente do período de validade da licença, o setor 
responsável passa a fiscalizar em períodos diversos e contínuos, os 
empreendimentos que tem atividades potencialmente poluidoras para certificar 
que os programas adotados estão sendo cumpridos ou não, pondo em prática o 
que determina o próprio código. 
30 
 
 Todavia a Política Nacional do Meio Ambiente do município da cidade do 
Natal é composta por três capítulos, dos quais trata dos princípios fundamentais, 
dos objetivos e diretrizes e da ação do município, regulando os deveres, direitos e 
obrigações de ordem pública e privada concernentes ao meio ambiente e aos 
recursos naturais no âmbito municipal conforme disposição preliminar na parte 
geral da Lei 4100/92. 
5.1. OS OBJETIVOS E DAS DIRETRIZES DA CIDADE DO NATAL/RN 
 
 Diante do acima exposto, ao implementar estes princípios determinados 
pelo Código do Meio Ambiente da cidade do Natal, a administração do município 
tem à responsabilidade de elaborar objetivos e diretrizes previstas no mesmo 
código, e assim proteger o aquífero dunas/barreiras conforme demonstra o art. 3° 
em seu inciso V: 
 
Art. 3° - A política do Município tem por objetivos possibilitar: 
 V – a utilização adequada de espaço territorial e dos recursos 
hídricos destinados para fins urbanos, mediante criteriosa definição 
de uso e ocupação, normas e projetos, implantação, construção e 
técnicas ecológicas de manejo, conservação e preservação, bem 
como de tratamento e disposição final de resíduos e efluentes de 
qualquer natureza (BRASIL, 1992). 
 
 Para que isso seja implementado, o Código do Meio Ambiente estabelece 
alguns mecanismos, dentre eles o da educação ambiental que deverá ser aplicada 
para o desenvolvimento urbano, política habitacional, saúde pública, saneamento 
básico e domiciliar, energia e transporte rodoviário e de massas, todos eles 
previstos no art. 4° da própria lei, considerando, também no art. 6°, III, “e”, que 
poluição ambiental a alteração dos agentes e fatores ambientais, causada por 
qualquer forma de energia ou matéria que, direta ou indiretamente, lance matérias 
ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
 
5.2. A AÇÃO DO MUNICÍPIO 
 
 Posto isto, o Código do Meio Ambiente da cidade do Natal, também vem 
tratar da ação do Município, conforme previsto no art. 7°, XII, vejamos: 
31 
 
 
Art. 7° - Ao município, no exercício de suas competências 
constitucionais e legais relacionadas ao meio ambiente, incumbe 
mobilizar e coordenar ações e recursos financeiros, materiais, 
técnicos e científicos, bem como a participação da população na 
consecução dos objetivos estabelecidos nesta Lei, devendo: 
XII – estabelecer diretrizes específicas para proteção de 
mananciais hídricos, através de planos de uso e ocupação de 
áreas de drenagem de bacias e sub-bacias hidrográficas (BRASIL, 
1992). 
 
 Portanto, estabelecer diretrizes específicas para proteger o manancial 
dunas/barreiras é competência exclusiva do município da cidade do Natal, tendo 
como dever adotar planos de uso e ocupação do solo, motivo pelo qual, sem esse 
planejamento se tornaria um caos todo município e consequentemente aumentaria 
de forma desacerbada a contaminação nos mananciais. 
 Isso é bem verdade, que um simples descuido nas áreas que são ocupadas 
sem as devidas autorizações, seja por residências ou outras atividades comercias, 
são sem dúvida nenhuma, na grande maioria grandes depredadores do meio 
ambiente, onde muitas vezes as áreas degradadas levam um bom tempo para ser 
revitalizadas. 
 Mas, deve-se ser esclarecido que conforme a Constituição Federal de 
1988, em seu art. 225, essa responsabilidade é compartilhada em matéria 
ambiental, não só do Município, mas também ao Poder Públicos em todas as 
esferas, bem como à coletividade como um todo tem o dever de defender e 
proteger o meio ambiente. 
 Por fim, este plano de uso e ocupação estabelecido pelo município da 
cidade do Natal, antes de tudo, deve ser mobilizado de forma dinâmica entre os 
setores de proteção ao meio ambiente e a população, de forma que esta ação 
traga benefícios protecionistas ao meio ambiente. 
 
5.3. A PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE NO MUNICIPIO 
 
 O Código do Meio Ambiente da Cidade do Natal é muito claro quanto à 
ação do município no dever à proteção dos mananciais hídricos, por isso, por 
intermédio da Fundação do Meio Ambiente do Natal – ECO-NATAL resolve adotar 
medidas legais e administrativas para a proteção e prevenção do meio ambiente, 
conforme destaque no art. 11, paragrafo 1°, IV, VI, XI: 
32 
 
 
Art. 11 – O Município, através da Fundação do Meio Ambiente do 
Natal – ECO-NATAL, adotará todas as medidas legais e 
administrativas necessárias à proteção do meio ambiente e à 
prevenção da degradação ambiental, de qualquer origem e 
natureza. 
§ 1° - Para os efeitos do disposto neste artigo, a ECO-NATAL: 
IV – identificará, implantará e administrará unidades de 
conservação e outras áreas protegidas, visando à proteção de 
mananciais, ecossistemas naturais, flora e fauna, recursos 
genéticos e outros bens e interesses ecológicos, estabelecendo as 
normas a serem observadas nestas áreas; 
VI – estabelecerá diretrizes específicas para a proteção dos 
mananciais e participará da elaboração de planos de ocupação de 
áreas de drenagem de bacias hidrográficas; 
XI – estabelecerá normas e padrões de qualidade ambiental, 
inclusive fixando padrões e condições de lançamento e disposiçãopara resíduos, rejeitos e efluentes de qualquer natureza (BRASIL, 
1992). 
 
 Diante do exposto, decorre para o município a responsabilidade estabelecer 
normas e padrões e condições para lançamentos dos rejeitos e efluentes de 
qualquer natureza, ficando implícito que os efluentes resultantes da atividade dos 
postos de combustíveis também fazem parte deste rol. 
 Destarte, que efluentes de caixa separadora de água e óleo de um posto de 
combustível, sem a devida manutenção é capaz de contaminar o solo e por sua 
vez o lençol freático, isso é bem verdade, que no termo de ajustamento de 
conduta realizado entre os varejistas de combustíveis da cidade do Natal e o 
Ministério Publico do Rio Grande do Norte, não só se preocupou com os tanques 
de armazenamento de combustível por conta dos grandes volumes, mas também 
com o lançamento dos efluentes deste sistema aos sumidouros. 
 Portanto, segundo Dias (2012, p. 214), quando o combustível é derramado 
na pista de abastecimento, ou na área de descarga de combustível, ou na 
existência de efluentes de lavagem de veículos contaminados com óleo 
lubrificante, estes são direcionados para a caixa separadora de água e óleo, cuja 
finalidade é separar a água e o óleo antes do descarte desses efluentes, evitando 
a contaminação do solo. 
 Continua Dias (2012, p. 216), estudos apresentam que os compostos 
orgânicos voláteis (benzeno, tolueno, xilenos, etilbenzeno, entre outros), são 
contaminantes típicos do óleo diesel e da gasolina encontrados na zona 
instaurada do solo e geralmente afeta em primeiro lugar esta zona antes de atingir 
o aquífero subjacente, onde diante da realidade natural existente na cidade do 
33 
 
Natal, eles constituem riscos para a saúde, pois pode atingir o lençol freático 
através da difusão rápida da fase de vapor ou do transporte na fase aquosa por 
meio de processos de transporte, incluindo advecção aquosa em água de recarga, 
difusão das fases gasosa e aquosa, e de dispersão mecânica. 
 Com vistas de proteger o meio ambiente, os efluentes da caixa separadora 
de água e óleo devem ser destinados dentro dos limites da Resolução do Conama 
430/2011 (óleos minereis = 20 mg/l), motivo pelo qual, essas caixas devem passar 
por manutenção periódica por empresa especializada e devidamente licenciada, a 
fim de assegurar o desempenho e funcionamento do sistema, bem como 
destinação final adequada dos resíduos contaminados por óleo. 
 
5.4. O CONTROLE DA POLUIÇÃO EM NATAL/RN 
 
 Para o devido controle da poluição, o código também estabelece vedações 
do que não deve ser lançado ao meio ambiente, e assim, de maneira preventiva, 
evitar danos lesivos à saúde, vejamos o que estabelece no art. 14, I e II do próprio 
código: 
 
Art. 14 – É vedado o lançamento ao meio ambiente de qualquer 
forma de matéria, energia, substância ou mistura de substância, 
em qualquer estado físico, prejudiciais ao ar atmosférico, ao solo, 
ao subsolo, às águas, à fauna e à flora, ou que possam torna-lo: 
I – impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde e/ou ao bem-estar 
público; 
II – danoso aos materiais, prejudicial ao uso, gozo e segurança da 
propriedade, bem como ao funcionamento normal das atividades 
da coletividade (BRASIL, 1992). 
 
 E ainda mais, conforme disposto no art. 16 do mesmo código, obriga aos 
empreendedores com atividades potencialmente poluidoras implantar sistemas de 
tratamento de efluentes, observemos: 
Art. 16 – Os estabelecimentos e todos os responsáveis pelas 
atividades efetivas ou potencialmente poluidoras são obrigados a 
implantar sistemas de tratamento de efluentes e a promover todas 
as demais medidas necessárias para prevenir ou corrigir os 
inconvenientes e danos decorrentes da poluição (BRASIL, 1992). 
 
34 
 
 Pois bem, tudo isso é percebido que os postos de combustíveis da cidade 
do Natal implantaram o sistema de tratamento de efluentes, bem como capacitou 
profissionais por intermédio de treinamentos para promover a manutenção nos 
sistemas como forma de prevenir o lançamento de efluentes dentro das normas, e 
contrato com empresas especializadas e licenciadas para o recolhimento e 
destinação dos resíduos oleosos. 
 Não se bastasse isso, um dos requisitos para obtenção da licença de 
operação é o treinamento de todos os funcionários na atividade fim de acordo a 
norma de segurança NR 20, que também estabelece como medida preventiva a 
manutenção do sistema separador de água e óleo. 
 Diante dessas medidas é perceptível que o município adota mecanismos de 
prevenção para a atividade dos postos de combustíveis que são rotulados como 
potencialmente poluidores, cumprindo assim o papel de fiscalizador do meio 
ambiente. 
 
5.5. AS INFRAÇÕES E DO PROCESSO DA CIDADE DO NATAL/RN 
 
 Conforme previsto no Código do Meio Ambiente da Cidade do Natal, o art. 
105 da Lei 4.100/1992 considera-se infração ambiental toda ação ou omissão que 
importe inobservância dos preceitos nele estabelecidos, decretos e/ou normas 
técnicas que se destinem à promoção, proteção e recuperação da qualidade e 
higidez ambiental, sendo a autoridade ambiental em exercer seu poder de polícia 
para realizar preventivamente, no que for necessário, para evitar que danos 
acorram, e caso aconteça, adotar medidas punitivas e de remediação impostas 
aos responsáveis. 
 Esse poder de polícia é fortalecido pelas punições que podem ser 
aplicadas, independente das sanções penais e administrativas dispostas nos 
incisos do artigo 107 da Lei 4.100/92, a saber: 
 
Art. 107 - Sem prejuízo das sanções civis e penais cabíveis, as 
infrações às normas indicadas no artigo 105 serão punidas, isolada 
ou cumulativamente, com as seguintes penalidades: 
I - advertência por escrito; 
II - multa simples ou diária; 
III - apreensão de produto; 
IV - inutilização de produtos; 
35 
 
V - suspensão de venda de produto; 
VI - suspensão de fabricação de produto; 
VII - embargo de obra; 
VIII - interdição, parcial ou total, de estabelecimento ou de 
atividade; IX - cassação do alvará de autorização de localização do 
estabelecimento; 
X - perda ou restrição de incentivos e benefícios fiscais concedidos 
pelo Município; 
 
 Notadamente, percebesse que o Código do Meio Ambiente da Cidade do 
Natal/RN ao conceder esses poderes às autoridades ambientais, flexibiliza ao 
agente aplicar punição de advertência por escrito com determinado prazo para 
que seja regularizada a situação, sob pena de punição mais grave conforme 
disposição do paragrafo único do art. 107 da Lei 4.100/92. 
 Quando aplicada sanções pecuniárias, essas penas são classificadas de 
forma gradativa de acordo com a classificação da infração, se leve, grave ou 
gravíssima, estabelecidas nos incisos do artigo 112 da Lei 4.100/92, adotando a 
UFR – UNIDADE FISCAL DE REFERÊNCIA DO MUNICÍPIO ou outra unidade 
que venha a sucedê-la, vejamos os valores: 
 
Art. 112 - A pena de multa consiste no pagamento do valor 
correspondente (em UFR - Unidade Fiscal de Referência do 
Município - ou outra unidade que venha a sucedêla): 
I - nas infrações leves, de 5 a 25 UFR’s; 
II - nas infrações graves, de 26 a 100 UFR’s; 
III - nas infrações gravíssimas, de 101 a 500 UFR’s. 
 
 Não se bastasse isso determinado pelo Código do meio ambiente da cidade 
do Natal/Rn, a própria lei vai muito mais além, impondo ao Município mais atenção 
as reponsabilidades a ele impostas, pois o mesmo, antes de tudo, é o responsável 
imediato pela proteção e combate a poluição e qualquer de suas formas do meio 
ambiente conforme competência prevista na Constituição Federal em seu art. 23, 
VI. 
 Notadamente o código do meio ambiente, por intermédio do art. 106, 
reforça ainda mais as responsabilidades da autoridade ambiental vejam: 
 
 Art. 106 – A autoridade ambiental que tiver ciência ou notícia de 
ocorrência de infração ambiental é obrigada a promover sua 
apuração imediata, mediante processo administrativo próprio, sob 
pena de se tornarcorresponsável (BRASIL, 1992). 
 
36 
 
 Nota-se que o texto é taxativo em relação à responsabilidade direta o órgão 
ambiental, mas para que este controle aconteça se faz necessário que os fiscais 
utilizem o poder de policia ambiental, em favor do município, que é prerrogativa da 
Administração Pública, que legitima a intervenção na esfera jurídica do particular 
em defesa de interesses maiores e relevantes para coletividade. Esse poder pode 
ser exercido diretamente ou por delegação, porém a delegação não pode ser 
arbitrária, nem ampla e indefinida, a mesma deve ser regulamentada por Decreto. 
 Isso é bem verdade, que no art. 7° da RESOLUÇÃO CONAMA n° 273/2000 
diz que caberá ao órgão ambiental licenciador exercer as atividades de 
fiscalização dos empreendimentos de acordo com sua competência estabelecida 
na legislação em vigor. 
 Este poder de policia ambiental deve buscar em primeiro lugar, a 
adequação da conduta, reservada a punição para os casos extremos, de absoluta 
necessidade, mas se por outro lado houver omissão desse poder pela autoridade 
competente, pode configurar tanto infração administrativa, nos termos do § 3.° do 
art. 70 da Lei 9.605/1998, bem como ato de improbidade administrativa, nos 
termos do art. 11, II, da Lei 8.429/1992, possibilitando a corresponsabilidade, e até 
mesmo a perda do cargo do funcionário omisso. 
 Neste caso, em caso de acidentes ou vazamentos que representem 
situações de perigo ao meio ambiente ou a pessoas, bem como na ocorrência de 
passivos ambientais, cabe ao órgão ambiental, conforme determina o art. 8° do 
CONAMA N° 273/2000, responsabilizar solidariamente os proprietários, 
arrendatários ou responsáveis pelo estabelecimento, onde responderão pela 
adoção de medidas para controle da situação emergencial, e para o saneamento 
das áreas impactadas, de acordo com as exigências formuladas pelo órgão 
ambiental licenciador. 
 Diante de tantos potenciais poluidores na cidade do Natal/Rn, foi 
estabelecido como referência para este trabalho os postos de combustíveis, que já 
tiveram como medidas preventivas adotadas por cerca de 10 anos atrás, onde 
todos os 110 postos de combustíveis assinaram um Termo Acordo de Conduta 
(TAC) com o Ministério Público de que trata a Lei Federal 7.347, de 24 de julho de 
1985, com eficácia de título executivo extrajudicial, nos moldes do que dispõe o § 
6º, do art. 5º da referida Lei e inciso II do art. 585 do Código de Processo Civil, 
para Adequação Ambiental, mas ai vem uma problemática, como é realizado o 
37 
 
controle ambiental para evitar contaminação do lençol freático da cidade do 
Natal/RN? A prevenção tem sido realizada constantemente? 
 Essa preocupação se deu devido à fragilidade geológica, pois o manancial 
de águas subterrâneas ocorre no sistema aquífero dunas/barreiras, onde o lençol 
freático é raso e induz a uma maior vulnerabilidade desse aquífero à 
contaminação, não só por sua menor profundidade, mas também pela natureza 
arenosa, bastante porosa e permeável do solo. 
 Diante dessa realidade, verifica-se que os serviços oferecidos pelos postos 
de revendas de combustíveis são bastante diversificados e não envolvem não só o 
abastecimento, mas também troca de óleo, lavagem de veículos, loja de 
conveniência, lanchonetes e restaurantes, razão pela qual podem causar impactos 
negativos sobre o meio ambiente. 
 Por razão de o risco ser constante iminente diante das atividades 
desenvolvidas pelos postos de revenda de combustíveis, e sabendo que uma 
pequena quantidade de óleo pode contaminar uma grande área em poucos 
minutos, o CONAMA 430/11, art. 16°, I, e, 1, estabelece até quanto é permitido 
que seja lançado a natureza pelos seus efluentes, vejamos: 
 
Art. 16 Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão 
ser lançados diretamente no corpo receptor desde que obedeçam 
as condições e padrões previstos neste artigo, resguardadas 
outras exigências cabíveis: 
I - condições de lançamento de efluentes: 
e) óleos e graxas: 
1 - óleos minerais: até 20 mg/L (BRASIL, 2011). 
 
 O doutor e mestre pela PUC/SP, Rodrigues (2016, p. 361), em seu livro 
intitulado Direito Ambiental, ressalta a importância do Princípio da 
Responsabilidade Ambiental, onde a nova função da responsabilização é a 
prevenção, vejamos: 
 
Na medida em que objetivam evitar que o dano ambiental ocorra, 
tornam-se importantíssimos, justamente pela dificuldade da 
recuperação de qualquer ecossistema degradado. Em suma, 
tratando-se de meio ambiente é melhor prevenir que remediar 
(RODRIGUES, 2016, p. 361). 
 
 Diferentemente de muitas cidades do Brasil, aonde à água para consumo 
humano vem de reservatórios artificiais localizados a quilômetros de distância, 
38 
 
longe dos grandes centros, de áreas de risco de potenciais poluidores, na cidade 
do Natal/RN a água para consumo humano vem do lençol freático aquífero 
dunas/barreiras, sendo necessário um grande esforço dos órgãos ambientais em 
intensificar as fiscalizações nos diversos pontos da cidade para assim evitar 
possíveis contaminações. 
 Bem é sabido que o lençol freático dunas/barreiras sofre há décadas por 
cargas positivas de dejetos, onde já foram encontrados altos índices de nitrato em 
vários pontos conforme Richetto, Vilela e Dantas (2004, p. 12) provenientes dos 
sumidouros dos esgotamentos sanitários. 
 Diante disso, a presente pesquisa delimitou investigar as caixas 
separadoras de água e óleo dos postos de combustíveis da cidade do Natal com o 
objetivo de analisar as condições e padrões dos lançamentos dos efluentes de 
acordo com a resolução do CONAMA 430/11 e verificar como têm sido adotadas 
as medidas preventivas para evitar lançamentos fora do mínimo estabelecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
39 
 
6. AS LICENÇAS AMBIENTAIS 
 
 Primeiramente precisamos entender o vocábulo licença perante nosso 
ordenamento jurídico, para isso, recorremos Costa (2004, p. 59), onde destaca 
licença advinda do latim (licentia-ser permitido), no sentido de permitir alguém 
fazer algo, sendo esse referido tema, destacado em várias passagens do nosso 
ordenamento jurídico-positivo brasileiro, tanto no texto constitucional como na 
legislação infraconstitucional. 
 Este procedimento esta previsto na Resolução do CONAMA n°237/1997, 
sendo aplicável ás atividades de armazenamento e comercio varejista de 
combustíveis líquidos automotivos derivados de petróleo, álcool carburante e gás 
natural veicular, no qual destacamos o inciso II do artigo 1°, vejamos: 
 
II- Licença ambiental: ato administrativo pelo qual o órgão 
ambiental competente, estabelece as condições, restrições e 
medidas de controle ambiental que deverão ser obedecidas pelo 
empreendedor, pessoa física ou jurídica, para localizar, instalar, 
ampliar e operar empreendimentos ou atividades utilizadoras dos 
recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmente 
poluidoras ou aquelas que, sob qualquer forma, possam causar 
degradação ambiental (BRASIL, 1997). 
 
 As atividades objeto do licenciamento são as de armazenamento e 
abastecimento de combustíveis automotivos, bem como as outras atividades a 
elas relacionadas, como a lavagem de veículos, a troca de óleo, a lubrificação de 
veículos e serviços administrativos relacionados a essas atividades. 
 Nesse diapasão, entende-se que para ocupação do solo, seja ele rural ou 
urbano há a necessidade de uma licença, onde Costa (2014, p. 80) destaca que 
as licenças administrativas, oportunamente destinadas ao disciplinamento da 
atuação dos interessados nas propriedades localizadas nos espaços urbanos, ou 
a ele equiparáveis, recebem o rótulo de licenças urbanísticas, diante disso 
ressalta: 
 
O regime da licença urbanística consubstancia-se no provimento 
decorrente do poder de polícia administrativa, exercitado à luz da 
competência vinculada, destinado a constituir uma relação jurídica 
de caráter ampliativo de direitoentre o poder público e o 
40 
 
interessado, a propósito dos espaços urbanos ou a ele 
equiparáveis (COSTA, 2014, p. 80) 
 
 Diante da variedade de espécies de licenças urbanísticas utilizadas pelo 
poder público, destacaremos a licença para edificar e licença para localização e 
funcionamento de atividades comerciais, industriais e posteriormente os requisitos 
para obtenção da licença de operação para um posto de combustível. 
 
6.1. A LICENÇA PARA EDIFICAR 
 
 A licença para edificar é requisito jurídico prévio e necessário à 
consequente alteração material, qual seja a nova obra a ser erguida em dado 
terreno urbano ou urbanizável, razão pela qual, quando protocolada a demanda 
por parte do interessado, o poder público instaura processo administrativo 
destinado a avaliar todos os requisitos legais referíveis ao uso e ocupação do solo 
que sofrerá a transformação material. 
 Conforme Costa (2014, p. 87), este ponto é cardeal, pois o Município, por 
meio do órgão competente, deve analisar a pretensão do demandante segundo os 
dispositivos legais em vigência, como plano diretor, normas de zoneamento entre 
outros. Continua dizendo que o caráter impositivo da obtenção da licença edilícia é 
inquestionável, a ponto de ser dever da administração, quando constatada sua 
inexistência ou irregularidade, embargar a obra em andamento e, por 
consequência, proceder à demolição compulsória da mesma. 
 Por fim, quando as máculas são insanáveis, a orientação da administração 
pública é a cassação da licença deferida quando comprovados sintomas que se 
desviaram do provimento, onde Santos citado por Costa et al. (2014, p.88) 
destaca, “deve o Município aguardar que o próprio proprietário providencie a 
demolição, e se este não o fizer, a demolição poderá ser processada 
compulsoriamente, inclusive com força policial”. 
 
 
41 
 
6.2. A LICENÇA PARA LOCALIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DE ATIVIDADES 
COMERCIAIS E INDUSTRIAIS 
 
 É por meio da licença para localização e funcionamento que a 
administração exerce o prévio controle e ordenamento das atividades econômicas 
ou profissionais, onde conforme Costa (2014, p.93) a lei de um determinado 
município prescrever que em determinada área somente é possível a construção 
de um shopping center se na área pretendida não exista algum em funcionamento, 
pois caso exista o pedido não será deferido por ausência de motivo legal. 
 O autor Costa (2014, p. 94) ressalta a diferença entre licença para edificar e 
licença para funcionar, onde a primeira diz respeito às alterações que a 
propriedade sofre com o advento de uma obra, enquanto a outra se refere à 
atividade a ser desenvolvida no imóvel urbano. Entretanto, quando o interessado 
pretende executar alterações na propriedade é obrigatório à consonância entre a 
obra executada e a licença para funcionar, razão pela qual, caso a atividade a ser 
exercida naquela área possa gerar algum dano ambiental, será imposto ao 
interessado adotar medidas antipoluentes com equipamentos de acordo com a 
legislação ambiental. 
 O caso dado por Figueiredo citado por Costa et al. (2018, p. 95), eis o caso: 
 
Uma construção licenciada à luz de uma legislação antiga com a 
destinação específica de posto de gasolina, numa zona que, 
posteriormente à licença, passou a ser zona Z1. Em São Paulo, a 
Zona Z1 é estritamente residencial, Figueiredo (apud COSTA et al., 
2014, p. 95). 
 
 Segundo a autora, a Prefeitura cassou o alvará, pois a construção seria 
inconveniente para o local, só que a lide foi levada ao Supremo Tribunal Federal, 
onde foi mantido o alvará sem adentrar na esfera do funcionamento do posto de 
gasolina, onde para a magistrada federal, a conduta do Município confrontou o 
principio da boa fé. 
 Notadamente, a atitude do município foi um verdadeiro contrassenso, pois 
uma vez concedida, e lei municipal venha modificar o zoneamento, a mesma 
deverá ser mantida, fazendo-se valer apenas para os novos pedidos. 
 Como apontado antes, Milaré (2014, p. 266), faz o destaque e referência ao 
princípio da prevenção que tem como objetivo impedir a ocorrência de danos ao 
42 
 
meio ambiente, através da imposição de medidas acautelatórias antes da 
implantação de empreendimentos e atividades consideradas efetiva ou 
potencialmente poluidoras. 
 
6.3. A LICENÇA DE OPERAÇÃO PARA POSTO DE COMBUSTÍVEL 
 
 A atividade de revenda varejista de combustíveis automotivos, segundo 
Agência Nacional de Petróleo – ANP, somente poderá ser exercida por pessoa 
jurídica constituída, sob leis brasileiras que tiver autorização de revenda varejista 
de combustíveis automotivos somente após sua outorga, e atender, em caráter 
permanente, ao que estabelece a Resolução ANP n° 41 de 2013. 
 No entanto, a atividade de comércio varejista de combustíveis para veículos 
automotores o CNAE 47.31-8-00 deve ser a atividade principal no registro de um 
posto de revenda de combustível – PRC. Para que essa outorga seja liberada pela 
ANP, são solicitados documentos compulsórios para o funcionamento do posto, a 
saber: alvará de funcionamento ou outro documento equivalente expedido pela 
prefeitura municipal referente ao ano de exercício; licença de operação ou outro 
documento equivalente expedido pelo órgão ambiental competente; certificado de 
vistoria de vistoria ou documento equivalente de corpo de bombeiros competente; 
certificado nacional de borda livre no caso de revenda varejista flutuante emitido 
pela capitania dos portos. 
 Mesmo após todo esse procedimento, a ANP poderá a qualquer momento, 
ainda que após a outorga do registro, solicitar os documentos apresentados no 
pedido inicial, e ao verificar que o agente econômico não atende ao exigido na 
Resolução 41/2013, e comprovada à ausência documental, a autorização poderá 
ser revogada, em processo administrativo, com garantia do contraditório e a ampla 
defesa. 
 Como citado anteriormente, a licença de operação é um dos documentos 
essenciais para liberação do funcionamento do posto de combustível pela ANP, 
sendo que, para obtenção de uma licença de operação para um posto de 
combustível no município do Natal, o solicitante tem a obrigatoriedade de 
apresentar uma série de documentos a Semurb, dentre os quais o plano de 
manutenção e operação (PMO) conforme ABNT, e o plano de gerenciamento de 
43 
 
resíduos (PGRS) contemplando óleos e graxas, vasilhames, filtros, pneus, 
resíduos óleos, etc., conforme resoluções do CONAMA. 
 Por sua vez, para obtenção de uma licença de operação para os outros 
municípios do estado do Rio Grande do Norte, o Idema também exige uma série 
de documentos, no qual destaca-se o relatório de manutenção e operação (RMA), 
de acordo com as instruções técnicas do Idema, deixando para exigir o plano de 
gerenciamento dos resíduos (PGRS) após a concessão da licença em uma das 
condicionantes. 
 
6.4. AS LICENÇAS NO ESTADO DO RIO GRANDE DO NORTE 
 
 O Estado do Rio Grande do Norte tem como órgão ambiental o IDEMA, que 
ao conceder uma Licença de Operação (anexo 1), impõem ao empreendedor uma 
série de condicionantes que devem ser cumpridas ao longo do tempo e sua 
validade, dentre elas à que o empreendedor deve realizar trimestralmente análise 
do teor de óleos e graxas (TOG) do efluente proveniente do tratamento da caixa 
separadora, encaminhando, semestralmente, o resultado das referidas análises ao 
IDEMA. 
 Diante disso e para entender melhor da atuação do órgão e das obrigações 
que devem ser cumpridas pelos postos de combustíveis com relação as 
condicionantes impostas nas licenças de operação, no dia 14/06/2019 
encaminhamos ofício de número 001/2019 (anexo 2), por saber que é 
competência do Estado proteger o meio ambiente e combater a poluição em 
qualquer de suas formas conforme inciso VI do art. 23° da Constituição Federal. 
 Em resposta no dia 02 de julho de 2019 (anexo 3), a Srta. Adriana Nazaré, 
supervisora do núcleo de serviços

Continue navegando