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Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) Anderson Fumaux Mendes de Oliveira 1ª Edição Brasília/DF - 2019 Autor Anderson Fumaux Mendes de Oliveira Produção Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração Sumário Organização do Livro Didático....................................................................................................................................... 4 Introdução ............................................................................................................................................................................. 6 Capítulo 1 O Ambiente ......................................................................................................................................................................7 Capítulo 2 Os Reguladores ............................................................................................................................................................17 Capítulo 3 A Harmonização ..........................................................................................................................................................22 Capítulo 4 A Convergência ............................................................................................................................................................25 Capítulo 5 As Convenções .............................................................................................................................................................34 Capítulo 6 A Adoção ........................................................................................................................................................................50 Referências ..........................................................................................................................................................................66 4 Organização do Livro Didático Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares. A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização do Livro Didático. Atenção Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a síntese/conclusão do assunto abordado. Cuidado Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. Importante Indicado para ressaltar trechos importantes do texto. Observe a Lei Conjunto de normas que dispõem sobre determinada matéria, ou seja, ela é origem, a fonte primária sobre um determinado assunto. Para refletir Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões. 5 ORgANIzAçãO DO LIvRO DIDátICO Provocação Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor conteudista. Saiba mais Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões sobre o assunto abordado. Sintetizando Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos. Sugestão de estudo complementar Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso. Posicionamento do autor Importante para diferenciar ideias e/ou conceitos, assim como ressaltar para o aluno noções que usualmente são objeto de dúvida ou entendimento equivocado. 6 Introdução Olá, pessoal! É com enorme satisfação que iniciaremos o semestre juntos. Sou Anderson Fumaux, Coordenador do Curso de Ciências Contábeis da Unyleya. Seja bem-vindo à disciplina Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS). Como você já sabe, além da função de Coordenador na Faculdade Unyleya, atuo como Perito Contábil no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, integro o corpo docente do Conselho Regional de Contabilidade e sou sócio-diretor do Centro de Estudos Contábeis do Rio de Janeiro. Possuo Mestrado em Ciências Contábeis pela Fucape Business School, pós-graduação em Controladoria e Finanças e graduação em Ciências Contábeis, ambas pela Unigranrio. A disciplina que estudaremos é uma importante ferramenta frente ao cenário de economia globalizada num mercado cada vez mais competitivo, pois é com ela que as empresas poderão dar a transparência e visibilidade necessária e, assim, permitirem a comparação com as suas respectivas concorrentes, para, no final, oferecerem seus produtos, atraindo investimentos, contratando financiamentos e valorizando-se no mercado de capitais. A convergência às normas internacionais de contabilidade, em sua plenitude, permitirá que uma empresa brasileira seja comparada a qualquer outra concorrente no mundo. No decorrer da disciplina, veremos o ambiente em que se encontrava a Contabilidade, conheceremos os reguladores das normas contábeis, bem com o seu processo de harmonização; abordaremos como se deu a Convergência no Brasil, suas Convenções, finalizando com a Adoção. Resumindo: este Caderno de Estudos foi escrito para fornecer conceitos e explicar a importância das Normas Internacionais de Contabilidade. Bons Estudos! Objetivos » Contextualizar o processo de convergência das normas contábeis em nível internacional e apresentar os principais aspectos do processo de adoção do padrão contábil IFRS no Brasil. » Discutir as diferenças e similaridades entre as normas contábeis locais e internacionais. » Estudar os principais pontos das normas internacionais de Contabilidade. 7 Introdução Este capítulo abordará as principais mudanças na estrutura do International Accounting Standards Boards (IASB) e aspectos que ilustram como as Normas Internacionais de Contabilidade evoluíram ao longo dos anos. Apresentaremos os principais organismos responsáveis pela aprovação de novas normas e interpretações. Objetivos » Abordar o histórico e estruturas dos principais organismos internacionais. » Definir os conceitos e objetivos das Normas Internacionais de Contabilidade » Apresentar as características e propostas do processo de internacionalização. Contextualização Com a internacionalização dos mercados, a utilização de práticas contábeis distintas dificultava a comparação das informações econômico-financeiras entre diferentes países. Além da falta de comparabilidade das demonstrações contábeis, essa diversidade de informações ocasionava o descrédito da informação contábil no cenário mundial. Essa situação indicava uma necessidade de informações padronizadas em nível global para análises de investimentos. O International Accounting Standard Board (IASB) surgiu em 2001, uma entidade independente do setor privado, que herdou diversos projetos do International Accounting Standard Committee (IASC), criado em 1973. A sede do IASB está localizada em Londres e conta com a experiência de mais de 140 diferentes entidades profissionais da Contabilidade, originárias do mundo todo, inclusive do Brasil (BLBBRASIL, 2016). 1CAPÍTULOO AMBIENtE http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/contabilidade-internacional/ http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/contabilidade-internacional/ 8 CAPÍTULO 1 • O AMBIENtE De acordo com BLBBRASIL (2016), entre outras funções, o IASB foi criado para a preparação e emissão dos princípios contábeis International FinancialReporting Standards (IFRSs) e as International Accounting Standards (IASs), coordenando um movimento de mudança nos aspectos contábeis em nível mundial, com o objetivo de implementar maior transparência nas demonstrações contábeis, proporcionando, assim, maior comparabilidade. O IFRS foi adotado na Europa após 31 de dezembro de 2005, pelas empresas listadas com o objetivo de convergir as demonstrações financeiras consolidadas de cada país, fazendo com que as demonstrações financeiras em conformidade com estes princípios sejam internacionalmente reconhecidas como de boa prática de governança corporativa. De forma estrutural, Costa (2009) descreve que o processo contábil consiste na busca pela representação da realidade econômica da sociedade, executado em três fases: Reconhecimento, classificação da ação de natureza econômica; Mensuração, definição da base de mensuração; e Evidenciação, demonstração para os usuários externos à organização do processo de reconhecimento e mensuração realizado. Ainda de acordo com o autor, os modelos contábeis possuem uma relação estreita com as características de cada país ou região, sejam elas o nível de sofisticação dos usuários, aspectos culturais, sistema jurídico, características das empresas, sistema econômico, sistema de financiamento, consequentemente, os modelos são diferentes entre as nações. Dessa forma, o mundo foi segregado em duas partes: Escolas Contábeis – Italiana (modelo europeu continental) e Anglo-saxônica; ou Características Institucionais – países code-law tais como: França, Brasil, Alemanha, Itália, Portugal, Espanha e suas ex-colônias (Direito Romano – Intenso processo de regulamentação) e common-law, tais como: Inglaterra, EUA, Canadá, Austrália, Nova Zelândia, Malásia (Direito Consuetudinário – Menor regulação feita pelo governo). O papel da Contabilidade Societária vem de longa data e pode ser dividido em reduzir a assimetria informacional e a busca por uma métrica para avaliação e monitoramento de contratos. Após a crise de 1929, tivemos maior regulação em Contabilidade, buscando uniformidade por Princípios de Contabilidade Geralmente Aceitos (PCGA ou GAAP, da sigla em inglês). O processo de convergência no mundo teve como motivadores o aumento do fluxo internacional de capitais, aumento de operações de capitação de recursos, empresas multinacionais, grandes investidores institucionais, blocos econômicos, entre outros. Com dois grandes modelos, o Norte-Americano (US-GAAP) e o Internacional (IFRS), tivemos, até a década de 1990, o modelo norte-americano como grande benchmark internacional, modelo este aplicado na maior economia, no maior mercado de capitais e pela maior quantidade de grandes empresas do mundo. Após longa caminhada, o IASB ganha prestígio e apoio, ganhando 9 O AMBIENtE • CAPÍTULO 1 adeptos pela União Europeia, além dos escândalos de 2002 e assinatura do acordo de Norwalk com os norte-americanos. No ano de 2005 foi criada no Brasil uma entidade denominada Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) através da Resolução CFC nº 1.055/2005. De acordo com a referida norma, o CPC tem como objetivo: o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. Nesse sentido, o CPC se tornou o órgão responsável por traduzir as normas internacionais de Contabilidade para a língua portuguesa e, posteriormente, adaptá-los à realidade brasileira, emitindo Pronunciamentos, Interpretações e Orientações técnicas convergentes com as normas internacionais. Ou seja, todo Pronunciamento Contábil emitido e/ou revisado equivale a uma nova ou alteração de uma IAS/IFRS. Após o advento das Leis nºs 11.638/2007 e 11.941/2009, o Banco Central do Brasil (Bacen), a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) e a Superintendência de Seguros Privados (Susep) declararam, por meio de seus atos normativos, que as entidades a elas subordinadas deveriam elaborar suas demonstrações contábeis de acordo com as IFRSs (Normas Internacionais de Contabilidade) editadas pelo IASB a partir do exercício social de 2010. Além disso, em linha com as mudanças na legislação societária e o ambiente internacional, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) percebeu a necessidade de o Brasil se adaptar à regulação contábil internacional e isso impacta diretamente na estrutura do Balanço Patrimonial. Destaca-se entre os objetivos da lei, além de alterar a Lei nº 6.404/1976 para sua devida atualização ao mundo de negócios global, providenciar maior transparência às atividades empresariais brasileiras. 10 CAPÍTULO 1 • O AMBIENtE Alterações na estrutura do Balanço Patrimonial após o advento das Leis nº 11.638/2007 e 11.941/2009: ANTES DAS LEIS NºS 11.638/2007 E 11.941/2009 APÓS AS LEIS NºS 11.638/2007 E 11.941/2009 ATIVO CIRCULANTE REALIzávEL A LONgO PRAzO ATIVO PERMANENTE ·INvEStIMENtO ·IMOBILIzADO ·DIFERIDO ATIVO CIRCULANTE ATIVO NÃO CIRCULANTE ·REALIzávEL A LONgO PRAzO ·INvEStIMENtO ·IMOBILIzADO ·INtANgÍvEL PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO EXIGÍVEL A LONGO PRAZO RESERVA DE EXERCÍCIOS FUTUROS PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·CAPItAL SOCIAL ·RESERvA DE CAPItAL ·RESERvA DE REAvALIAçãO ·RESERvAS DE LUCROS ·LUCROS OU PREJUÍzOS ACUMULADOS PASSIVO CIRCULANTE PASSIVO NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO ·CAPItAL SOCIAL ·RESERvA DE CAPItAL ·AJUStES DE AvALIAçãO PAtRIMONIAL ·RESERvAS DE LUCROS ·AçÕES EM tESOURARIA ·PREJUÍzOS ACUMULADOS Fonte: Elaboração do autor. A partir da vigência das Leis 11.638/2007 e 11.941/2009, observaram-se mudanças na estrutura do Balanço Patrimonial: » A segregação do ativo e passivo em “circulante” e “não circulante”; » A criação do subgrupo “Intangível” no Ativo; » A extinção da reavaliação dos bens do Ativo Imobilizado em contrapartida à eliminação das “Reservas de Reavaliação” no Patrimônio Líquido; » A extinção do subgrupo “Diferido” no Ativo; » A extinção do subgrupo “Reserva de Exercícios Futuros” no Passivo; » Eliminação da conta“Lucros ou Prejuízos Acumulados”no Patrimônio Líquido mantendo apenas “Prejuízos Acumulados”; » Criação, no Patrimônio Líquido, do subgrupo “Ajustes de avaliação patrimonial”. Na área societária observou-se: » Nas demonstrações Financeiras, além das demonstrações já conhecidas (balanço patrimonial, demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados e demonstração do resultado do exercício), a inclusão da demonstração dos fluxos de caixa (DFC), da https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/balanco_patrimonial/ https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/balanco_patrimonial/ https://www.contabeis.com.br/termos-contabeis/balanco_patrimonial/ 11 O AMBIENtE • CAPÍTULO 1 demonstração do valor adicionado (DVA) e a extinção da demonstração das origens e aplicações de recursos (DOAR); » Na Demonstração do Resultado do Exercício foram adicionadas novas informações como: participações de debêntures, de empregados e administradores, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados, que não se caracterizem como despesa; (Lei nº 11.941, de 2009). » A criação da Demonstração dos fluxos de caixa evidenciando as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e equivalentes de caixa, segregando-se essas alterações em, no mínimo, 3 (três) fluxos: operações, financiamentos e investimentos (Lei nº 11.638, de 2007). » A criação da Demonstração do valor adicionado evidenciando o valor da riqueza gerada pela companhia, a sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza, como empregados, financiadores, acionistas, governo e outros, bem como a parcela da riqueza não distribuída (Leinº 11.638, de 2007). » A obrigatoriedade da elaboração das demonstrações contábeis pelas novas regras para empresas qualificadas no rol das sociedades denominadas “de grande porte” que possuem receita bruta anual acima de R$ 300 milhões ou ativos superiores a R$ 240 milhões (Lei nº 11.638, de 2007). » A obrigatoriedade do teste de recuperabilidade dos ativos (Lei nº 11.638, de 2007). A seguir, para exemplificação e melhor entendimento, destacamos as principais peças das Demonstrações Financeiras da seguradora Icatu Seguros S/A nos anos de 2014 e 2015: BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2015 E 2014 (Em milhares de reais) ATIVO 2015 2014 CIRCULANTE 10.400.594 9.181.869 Disponível 23.533 8.732 Caixa e Bancos 23.533 8.732 Aplicações Nota 5 10.096.202 8.920.697 Créditos das Operações com Seguros e Resseguros 103.415 98.116 Prêmios a Receber Nota 7 89.395 91.977 Operações com Seguradoras 6.320 4.129 Operações com Resseguradoras 7.700 2.010 Créditos das Operações com Previdência Complementar 358 605 Outros Créditos Operacionais Nota 8 69.038 54.398 Ativos de Resseguro e Retrocessão ─ Provisões Técnicas Nota 16 30.937 18.044 Títulos e Créditos a Receber 28.021 28.419 títulos e Créditos a Receber Nota 9.1 23.948 21.569 12 CAPÍTULO 1 • O AMBIENtE Créditos tributários e Previdenciários Nota 9.2 3.047 5.679 Outros Créditos 1.026 1.171 Despesas Antecipadas 103 7.637 Custos de Aquisição Diferidos 48.987 45.221 Seguros Nota 14 46.100 42.197 Previdência Nota 15 2.887 3.024 ATIVO NÃO CIRCULANTE 1.592.325 888.331 REALIZÁVEL A LONGO PRAZO 1.140.303 410.150 Aplicações Nota 5 829.165 150.874 Títulos e Créditos a Receber 235.740 191.414 Créditos tributários e Previdenciários Nota 9.2 73.550 55.443 Depósitos Judiciais e Fiscais Nota 17.3 162.190 135.971 Depósitos Compulsórios 244 11 Custos de Aquisição Diferidos 75.154 67.851 Seguros Nota 14 56.387 48.734 Previdência Nota 15 18.767 19.117 Investimentos 301.914 334.868 Participações Societárias Nota 10 301.822 334.776 Outros investimentos 92 92 Imobilizado 9.298 10.484 Imóveis de Uso Próprio 89 89 Bens Móveis 5.858 6.709 Outras Imobilizações 3.351 3.686 Intangível Nota 11 140.810 132.829 TOTAL DO ATIVO 11.992.919 10.070.200 Fonte: Extraído das Demonstrações Financeiras 2015/2014, www.icatuseguros.com.br PASSIVO 2015 2014 (Reclassifi- cado) CIRCULANTE 1.991.915 1.602.122 Contas a Pagar 110.186 105.156 Obrigações a Pagar Nota 12.1 80.680 81.764 Impostos e Encargos Sociais a Recolher 10.724 8.281 Encargos Trabalhistas 7.334 6.301 Impostos e Contribuições 926 2.470 Excedente Técnico a Pagar 10.522 6.340 Débitos de Operações com Seguros e Resseguros 76.987 50.468 Prêmios a Restituir 1.333 1.495 Operações com Seguradoras 14.075 4.967 Operações com Resseguradoras 23.510 5.392 Corretores de Seguros e Resseguros 37.436 38.135 Outros Débitos Operacionais 633 479 Débitos de Operações com Previdência Complementar 1.621 2.372 Depósitos de Terceiros Nota 13 23.777 12.862 Provisões Técnicas ─ Seguros Nota 14 1.098.435 887.921 Pessoas 481.669 453.378 http://www.icatuseguros.com.br 13 O AMBIENtE • CAPÍTULO 1 vida Individual 20.681 20.332 vida com Cobertura por Sobrevivência 596.085 414.211 Provisões Técnicas ─ Previdência Complementar Nota 15 680.909 543.343 Planos Não Bloqueados 79.842 68.180 PgBL/PRgP 601.067 475.163 NÃO CIRCULANTE 9.142.366 7.644.805 Contas a Pagar 137.460 128.390 Obrigações a Pagar 4.663 5.382 tributos Diferidos 1.994 6.821 Outras Contas a Pagar Nota 17.2 130.803 116.187 Provisões Técnicas ─ Seguros Nota 14 4.398.324 3.489.439 Pessoas 254.153 230.109 vida Individual 4.972 412 vida com Cobertura por Sobrevivência 4.139.199 3.258.918 Provisões Técnicas ─ Previdência Complementar Nota 15 4.584.956 4.011.167 Planos Não Bloqueados 312.013 283.714 PgBL/PRgP 4.272.943 3.727.453 Outros Débitos 21.626 15.809 Provisões Judiciais Nota 17.1 21.626 15.809 PATRIMÔNIO LÍQUIDO Nota 18 858.638 823.273 Capital Social 425.000 345.000 Aumento de Capital em Aprovação - 80.000 Reservas de Capital 35.577 35.577 Reservas de Lucros 499.457 382.906 Ajustes de Avaliação Patrimonial (101.396) (20.210) TOTAL DO PASSIVO E DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 11.992.919 10.070.200 Fonte: Extraído das Demonstrações Financeiras 2015/2014, www.icatuseguros.com.br DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS PARA 2015 E 2014 (Em milhares de reais, exceto o lucro líquido por ação) 2015 2014 (Reclassificado) Prêmios Emitidos 1.214.610 1.157.188 Contribuições para Cobertura de Riscos 4.165 4.276 variação das Provisões técnicas de Prêmios (79.253) (72.201) Prêmios Ganhos Nota 21 1.139.522 1.089.263 Receita com Emissão de Apólices 4.137 4.339 Sinistros Ocorridos Nota 22 (488.029) (510.448) Custos de Aquisição Nota 22 (348.833) (331.993) Outras Despesas Operacionais Nota 22 (46.707) (39.134) RESULTADO COM OPERAÇÕES DE SEGUROS 260.090 212.027 RESULTADO COM OPERAÇÕES DE RESSEGURO Nota 22 (4.380) 249 Rendas de Contribuições e Prêmios de vgBL 945.855 697.853 http://www.icatuseguros.com.br 14 CAPÍTULO 1 • O AMBIENtE Constituição da Provisão de Benefícios a Conceder (270.815) (204.316) Receita de Contribuições e Prêmios de VGBL 675.040 493.537 Rendas com taxas de gestão e Outras taxas 74.146 66.499 variação de Outras Provisões técnicas (677.549) (494.413) Custos de Aquisição (15.002) (10.649) Outras Despesas Operacionais Nota 22 (964) (378) RESULTADO COM OPERAÇÕES DE PREVIDÊNCIA 55.671 54.596 RESULTADO COM OPERAÇÕES DE RESSEGURO Nota 22 (146) 1.266 Despesas Administrativas Nota 22 (215.749) (186.473) Despesas com tributos Nota 22 (48.259) (51.357) Resultado Financeiro Nota 22 82.02681.848 Resultado Patrimonial Nota 10 157.105 171.853 RESULTADO OPERACIONAL 286.358 284.010 Ganhos ou Perdas com Ativos Não Correntes Nota 22 6.885 (591) RESULTADO ANTES DOS IMPOSTOS E PARTICIPAÇÕES 293.243 283.419 Imposto de Renda Nota 23 (24.939) (19.965) Contribuição Social Nota 23 (18.350) (14.717) Participações sobre o Lucro (33.403) (33.646) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 216.551 215.091 Quantidade de Ações 640.969 640.969 Lucro Líquido por Ação ─ R$ 337,85 335,57 Fonte: Extraído das Demonstrações Financeiras 2015/2014, www.icatuseguros.com.br DEMONSTRAÇÕES DOS RESULTADOS ABRANGENTES PARA 2015 E 2014 (Em milhares de reais) 2015 2014 LUCRO DO EXERCÍCIO 216.551 215.091 OUTROS RESULTADOS ABRANGENTES Ativos Financeiros Disponíveis para Venda (26.441) 9.788 Ajuste a valor justo de ativos financeiros disponíveis para venda (44.156) 16.313 Imposto sobre o(a) ganho/(perda) originado no exercício 17.715 (6.525) Parcela de outros resultados abrangentes de coligadas e/ou controladas (54.745) 15.827 Total do Resultado Abrangente do Exercício 135.365 240.706 Fonte: Extraído das Demonstrações Financeiras 2015/2014, www.icatuseguros.com.br http://www.icatuseguros.com.br http://www.icatuseguros.com.br 15 O AMBIENtE • CAPÍTULO 1 DEMONSTRAÇÕES DOS FLUXOS DE CAIXA PARA 2015 E 2014. (Em milhares de reais) 2015 2014 ATIVIDADES OPERACIONAIS Lucro do exercício 216.551 215.091 - - Ajustes para: Depreciação e amortização 16.075 15.413 Perda na alienação de permanente (6.885) 591 Resultado de Equivalência Patrimonial (157.105) (171.853) variação das Provisões técnicas 236.161 (88.294) Variação nas contas patrimoniais: Ativos financeiros (1.853.796) (1.379.968) Créditos das operações de seguros e resseguros (5.299) (14.330) Créditos das operações de previdência complementar 247 (153) Ativos de Resseguro (12.893) (9.728) Créditos fiscais e previdenciários 2.632 1.507 Ativo fiscal diferido (18.107) (7.530) Depósitos judiciais e fiscais (26.219) (23.763) Despesas antecipadas 7.533 (7.628) Custos de Aquisição Diferidos (11.069) (27.789) Outros Ativos 199.495 113.249 Impostos e contribuições 42.237 52.960 Outras contas a pagar 18.028 27.155 Débitos de operações com seguros e resseguros 26.518 4.400 Débitos de operações com previdência complementar (751) 867 Depósitos de terceiros 10.915 (13.460) Provisões técnicas ─ seguros e resseguros 463.734 372.186 Provisões técnicas ─ previdência complementar 1.130.860 1.160.255 Provisões judiciais 5.819 449 Ajustes Avaliação Patrimonial (81.186) (42.385) Outros passivos (91.734) (25.615) Caixa Gerado pelas Operações 111.761 151.627 Impostos sobre o lucro pagos (46.166) (42.060) Caixa Líquido Gerado nas Atividades Operacionais 65.595 109.567 ATIVIDADES DE INVESTIMENTO Recebimento pela venda: Investimentos - 175 Imobilizado e Intangível 48 46 Pagamento pela compra: Investimentos (18.824) (35.310) Imobilizado e Intangível (23.752) (127.310) Recebimento de dividendos e juros sobre capital próprio 91.734 94.119 16 CAPÍTULO 1 • O AMBIENtE Caixa Líquido (Consumido) nas Atividades de Investimento 49.206 (68.280) ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO Distribuição de Dividendos e Juros sobre o Capital Próprio (100.000) (50.000) Caixa Líquido (Consumido) nas Atividades de Financiamento (100.000) (50.000) Aumento (Redução) Líquido(a) de caixa no exercício 14.801 (8.713) Caixa e equivalentes de caixa no início do exercício 8.732 17.445 Caixa e equivalentes de caixa no final do exercício 23.533 8.732 Fonte: Extraído das Demonstrações Financeiras 2015/2014, www.icatuseguros.com.br DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO PARA 31 DE DEZEMBRO DE 2015 E 2014. (Em milhares de reais) SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2013 300.398 44.602 34.659 918 27.749 270.066 (45.825) - 632.567 Aumento de Capital............................................................ 44.602 (44.602) - - - - - - - Dividendos declarados AGO de 31/03/2014..................... - - - - - (50.000) - - (50.000) Ajustes com Títulos e Valores Mobiliários........................... - - - - - - 9.788 - 9.788 Ajustes com Títulos e Valores Mobiliários - Reflexo............ - - - - - - 15.827 - 15.827 Lucro do Exercicio............................................................. - - - - - - - 215.091 215.091 Constituição de Reserva Legal.......................................... - - - - 10.755 - - (10.755) - Constituição de Reserva Estatutária................................... - - - - - 204.336 - (204.336) - Aumento de Capital em Aprovação.................................... - 80.000 - - - (80.000) - - - SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2014 345.000 80.000 34.659 918 38.504 344.402 (20.210) - 823.273 Aumento de Capital............................................................ 80.000 (80.000) - - - - - - - Dividendos declarados AGE de 30/04/2015...................... - - - - - (100.000) - - (100.000) Ajustes com Títulos e Valores Mobiliários........................... - - - - - - (26.441) - (26.441) Ajustes com Títulos e Valores Mobiliários - Reflexo............ - - - - - - (54.745) - (54.745) Lucro do Exercicio.............................................................- - - - - - - 216.551 216.551 Constituição de Reserva Legal.......................................... - - - - 10.828 - - (10.828) - Constituição de Reserva Estatutária................................... - - - - - 205.723 - (205.723) - SALDOS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2015 425.000 - 34.659 918 49.332 450.125 (101.396) - 858.638 CAPITAL SOCIAL AUMENTO DE CAPITAL EM APROVAÇÃO RESERVAS DE CAPITAL RESERVAS DE LUCROS RESERVA DE ÁGIO NA SUBSCRIÇÃO DE AÇÕES OUTRAS RESERVAS DE CAPITAL RESERVA LEGAL RESERVA ESTATUTÁ RIA AJUSTE DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL LUCROS ACUMULAD OS TOTAL Sintetizando Vimos neste capítulo: O histórico e estruturas dos principais organismos internacionais. Os conceitos e objetivos das Normas Internacionais de Contabilidade. As características e propostas da convergência. http://www.icatuseguros.com.br 17 OS REgULADORES • CAPÍTULO 2 Introdução Este Capítulo tem o objetivo de apresentar os principais organismos reguladores da Contabilidade internacional e nacional, seus objetivos, histórico e características. Objetivos » Conhecer o arcabouço regulatório. » Conhecer os principais organismos internacionais de Contabilidade. » Conhecer os principais organismos nacionais de Contabilidade. Contextualização De acordo com Brasil e Martins e (2008), a regulamentação profissional e a prerrogativa de emitir normas para a profissão contábil têm causado divergências de opiniões no mundo inteiro. Nesse sentido, vários profissionais e estudiosos manifestam a opinião de que essa regulamentação deveria constituir tarefa da própria profissão, e não dos poderes públicos. Estes mesmos ainda ressaltam que existem vantagens e desvantagens nessa alternativa. Em países desenvolvidos, geralmente, as entidades de classe ou entidades privadas criadas para esse fim são as que cuidam do assunto, sem interferência do governo. Numa visão histórica, foram destacadas a seguir as principais datas e organismos que sustentam a regulação e convergência das normas de Contabilidade: 2CAPÍTULO OS REgULADORES 18 CAPÍTULO 2 • OS REgULADORES 1946 • Criação do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) 1959 • 1ª proposta de harmonização contábil – Jacob Kraayenhof (presidente do Instituto de Contadores Registrados dos Países Baixos). 1961 • Criação de grupo de estudos contábeis para auxiliar e incentivar a discussão e a renovação das normas contábeis. 1973 • Criação do IASC (International Accounting Standards Committee). • Surgiu nos EUA o FASB (Financial Accounting Standards Boards). 1976 • Criação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários ). 2001 • Criação do IASB, que substituiu o IASC e assumiu suas responsabilidades. 2005 • CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), Entidade autônoma criada pela Resolução CFC nº 1.055/2005. Fonte: Elaboração do autor. A seguir detalharemos os principais organismos, seus objetivos e características: Conselho Federal de Contabilidade (CFC) O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) é uma Autarquia Especial Corporativa dotada de personalidade jurídica de direito público. Criado e regido por legislação específica, o Decreto- Lei nº 9.295, de 27 de maio de 1946, o CFC possui estrutura, organização e funcionamento regulamentados pela Resolução CFC nº 1.370, de 8 de dezembro de 2011, que aprova o Regulamento Geral dos Conselhos de Contabilidade. O CFC é integrado por um representante de cada estado e mais o Distrito Federal, no total de 27 conselheiros efetivos e igual número de suplentes – Lei nº 11.160/2005 –, e tem, dentre outras finalidades, nos termos da legislação em vigor, principalmente a de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil, por intermédio dos Conselhos Regionais de Contabilidade, cada um em sua base jurisdicional, nos Estados e no Distrito Federal; decidir, em última instância, os recursos de penalidade imposta pelos Conselhos Regionais, além de regular acerca dos princípios contábeis, do cadastro de qualificação técnica e dos programas de educação continuada, bem como editar Normas Brasileiras de Contabilidade de natureza 19 OS REgULADORES • CAPÍTULO 2 técnica e profissional. Em 2010 foi sancionada pelo Presidente da República a Lei nº 12.249/2010, que institui a obrigatoriedade do Exame de Suficiência na área contábil (CFC, sem data). International Accounting Standards Committee (IASC) Criado em 1973 pelos organismos profissionais de Contabilidade de 10 (dez) países: Alemanha, Austrália, Canadá, Estados Unidos, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. Era uma entidade privada independente, sem fins lucrativos, que tinha por objetivo estabelecer uma padronização de normas contábeis, aproximando as regras existentes nesses diversos países, de modo a facilitar o fluxo de informações em outras palavras (BLBRASIL, 2016). Os primeiros pronunciamentos contábeis publicados pela IASC foram chamados de International Accounting Standard (IAS). Numerosas normas IAS ainda estão vigentes atualmente apesar de terem sofrido alterações ao longo do tempo. Financial Accounting Standards Board (FASB) O FASB é o órgão responsável pela emissão de pronunciamentos contábeis dos United States Generally Accepted Accounting Principles (US GAAP), os quais são chamados de Princípios geralmente aceitos nos Estados Unidos. Esses pronunciamentos são denominados SFAC e criaram a espécie de estrutura conceitual básica utilizada pelo conselho para o estabelecimento de padrões contábeis. Criado em 1973, caracteriza-se por ser uma entidade independente, cujos membros componentes devem ser totalmente desvinculados do mercado de capitais (SCHMIDT, SANTOS & FERNANDES, 2006). Comissão de valores Mobiliários (CvM) Criada em 7/12/1976 pela Lei nº 6.385/1976, com o objetivo de fiscalizar, normatizar, disciplinar e desenvolver o mercado de valores mobiliários no Brasil. A CVM é uma entidade autárquica em regime especial, vinculada ao Ministério da Economia, com personalidade jurídica e patrimônio próprio, dotada de autoridade administrativa independente, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade de seus dirigentes, e autonomia financeira e orçamentária (CVM, sem data). International Accounting Standards Board (IASB) Criado em 1º de abril de 2001, assumindo as responsabilidades do IASC, é órgão do setor privado e independente sediado em Londres. Representado por um conselho de membros, https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Financial_Reporting_Standards https://pt.wikipedia.org/wiki/International_Accounting_Standards_Board https://pt.wikipedia.org/wiki/2001 20 CAPÍTULO 2 • OS REgULADORES constituído por mais de 140 entidades de classes (incluindo o Brasil com CPC e CFC) em mais de 100 países, com o objetivo de estudar os padrões contábeis, publicar e promover as normas contábeis internacionais. Os pronunciamentos contábeis emitidos pelo IASB são chamados de IFRS (International Financial Reporting Standard). Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) De acordo com CPC (sem data), o comitê foi idealizado a partir da união de esforços e comunhão de objetivos das seguintes entidades: Abrasca; Apimec Nacional; Bovespa; Conselho Federal de Contabilidade; Fipecafi; e Ibracon. Em função das necessidades de: » Convergência internacional das normas contábeis (redução de custo de elaboração de relatórios contábeis, redução de riscos e custo nas análises e decisões, redução de custo de capital); » Centralização na emissão de normas dessa natureza (no Brasil, diversas entidadeso fazem); » Representação e processo democráticos na produção dessas informações (produtores da informação contábil, auditor, usuário, intermediário, academia, governo). Criado pela Resolução CFC nº 1.055/2005, o CPC tem como objetivo o estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção, levando sempre em conta a convergência da Contabilidade Brasileira aos padrões internacionais. Características básicas: » O CPC é totalmente autônomo das entidades representadas, deliberando por 2/3 de seus membros; » O Conselho Federal de Contabilidade fornece a estrutura necessária; » As seis entidades compõem o CPC, mas outras poderão vir a ser convidadas futuramente; » Os membros do CPC, dois por entidade, na maioria Contadores, não auferem remuneração. Além dos 12 membros atuais, serão sempre convidados a participar representantes dos seguintes órgãos: Banco Central do Brasil; Comissão de Valores Mobiliários (CVM); Secretaria da Receita Federal; Superintendência de Seguros Privados (Susep). http://www.cpc.org.br/pdf/RES_1055.pdf 21 OS REgULADORES • CAPÍTULO 2 Sintetizando Vimos neste capítulo: » O arcabouço regulatório. » Os principais organismos internacionais de contabilidade. » Os principais organismos nacionais de contabilidade. 22 Introdução Este capítulo tem como objetivo apresentar os mecanismos e conceitos utilizados na harmonização das normas contábeis internacionais. Objetivos » Identificar a diferença de Harmonização e Padronização. » Distinguir as contabilidades societária e fiscal. » Identificar mudanças na adoção do IFRS. Contextualização A Contabilidade brasileira vem passando por diversas mudanças e a principal delas foi a adoção das normas internacionais de Contabilidade, mais conhecidas como International Financial Reporting Standards (IFRS). Essas alterações afetaram todos os setores, desde as empresas, governos e até faculdades, afinal, a área acadêmica precisou se adaptar a essa nova realidade. Desta forma, todo o ambiente envolvendo a prática contábil passou e vem passando por grandes transformações até hoje. A Lei nº 6.404/1976, também conhecida como Lei das Sociedades Anônimas, sofreu diversas mudanças, e a principal legislação responsável por essas mudanças foram as Leis nºs 11.638/2007 e 11.941/2009, que trouxeram as alterações originadas pela adoção das IFRS. Nesse caso, é preciso lembrar que o processo de harmonização contábil respeitou as características legais e societárias do Brasil e, com isso, muitos dos pontos foram adaptados para a realidade brasileira (BLBBRASIL, 2016). 3CAPÍTULOA HARMONIzAçãO 23 A HARMONIzAçãO • CAPÍTULO 3 Por algum tempo, o termo padronização foi muito utilizado em vez do termo atualmente aceito que é harmonização. Na harmonização existe um acordo para que existam mudanças, tal qual aconteceu no Brasil, elaborado respeitando as normas e características vigentes do país e de suas operações comerciais. A padronização, por sua vez, é um processo que busca reduzir todos os objetos de um processo a um só tipo, unificado, simplificado e utilizando um único modelo preestabelecido. Assim, observou-se a necessidade de harmonizar a Contabilidade brasileira com as IFRS, ao invés de padronizá-la de acordo com o padrão mundial (BLBBRASIL, 2016). Uma das vantagens desse processo é a facilidade de entendimento das demonstrações financeiras em qualquer parte do mundo, ocasionando maior acesso a recursos internacionais através da negociação de ações negociadas em bolsas de valores. No entanto, cabe ressaltar que a padronização das normas internacionais de Contabilidade no Brasil possui influência apenas no aspecto societário das empresas, pois os órgãos brasileiros de tributação e arrecadação ainda não se adequaram a essa nova realidade. Um exemplo muito claro dessa segregação é a depreciação dos ativos imobilizados que, para fins fiscais, ainda é calculada com base em percentuais específicos determinados pela Receita Federal sem considerar o real valor econômico do bem para aquela entidade. Cabe ressaltar que as normas internacionais continuam passando por constantes revisões e atualizações, tendo em vista que há uma busca constante pelo modelo mais bem adequado à realidade nacional. Uma importante mudança que a adoção das IFRS trouxe ao Brasil foi o aumento da responsabilidade do contador em relação ao julgamento que este tem das demonstrações contábeis. Assim, o profissional passou a ter mais responsabilidade em diversos assuntos, pois seu julgamento é utilizado como base para algumas operações. Um dos grandes objetivos das IFRS, que pode ser também entendido como uma vantagem para a Contabilidade brasileira é o fato de que sua adoção permitiu que a informação contábil ficasse mais acessível sem abrir mão de sua linguagem contábil, já que as demonstrações de todos os países que adotam essas normas têm a mesma estrutura e utilizam, de forma básica, os mesmos mecanismos para contabilização dos fatos que modificam o patrimônio das entidades (BLBBRASIL, 2016). Além disso, a harmonização contábil tem como um de seus pilares o aumento da transparência das demonstrações contábeis das empresas brasileiras, buscando uma expansão do mercado de capitais internacional. https://www.blbbrasil.com.br/blog/processos-de-auditoria/ http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/competencias-profissionais/ http://portal.blbbrasilescoladenegocios.com.br/competencias-profissionais/ 24 CAPÍTULO 3 • A HARMONIzAçãO Sintetizando Vimos neste capítulo: » Harmonização x Padronização. » Contabilidade Societária x Fiscal. » Mudanças na adoção do IFRS. 25 Introdução Como já explicado, as IFRSs são mudanças de conceitos contábeis objetivos para subjetivos e, com isso, os órgãos contábeis brasileiros buscaram respeitar as características legais e societárias do Brasil nesse processo de harmonização contábil com as normas internacionais. A convergência das normas brasileiras às IFRSs foi dividida em duas fases. A primeira fase iniciou-se em meados de 2008, com um conjunto parcial de IFRSs que deveriam ser adotadas. Já a segunda fase ocorreu em 2010, que previa a adoção plena das normas. Vamos entender isso melhor neste capítulo. Objetivos » Apresentar a estrutura conceitual para elaboração e divulgação de relatório contábil- financeiro. » Disseminar a norma relativa a apresentação das demonstrações contábeis. » Demonstrar a finalidade e os elementos das demonstrações contábeis. Contextualização Devido à convergência da legislação brasileira às normas internacionais de Contabilidade, tornou-se necessário um estudo profundo doutrinário sobre a estrutura para elaboração das demonstrações contábeis no País. Nesse contexto, a Resolução CFC nº 1.121/2008 aprovou a Estrutura Conceitual para a elaboração e apresentação das demonstrações contábeis no Brasil. Em 2011, essa resolução passou a ser intitulada Estrutura Conceitual (NBC TG 00 – CPC 00). Em 2016, o CFC revogou as Resoluções nº 750/1993 e nº 1.282/2010 (Os princípios permanecem dentro da Estrutura Conceitual). 4CAPÍTULOA CONvERgÊNCIA 26 CAPÍTULO 4 • A CONvERgÊNCIA Estrutura Conceitual (CPC 00) De acordo com o CPC 00 (2011), as demonstrações contábeis são elaboradas e apresentadas para usuários externos em geral, tendo em vista suas finalidades distintas e necessidades diversas. Governos, órgãos reguladores ou autoridades tributárias, por exemplo, podem determinar especificamente exigências para atender a seus próprios interesses. Essas exigências, no entanto, não devem afetar as demonstrações contábeis elaboradas segundo a Estrutura Conceitual. Além disso, as demonstrações contábeis elaboradas dentro do que prescreve a Estrutura Conceitual objetivam fornecer informaçõesque sejam úteis na tomada de decisões econômicas e avaliações por parte dos usuários em geral, não tendo o propósito de atender à finalidade ou necessidade específica de determinados grupos de usuários. Ainda de acordo com a norma, demonstrações contábeis elaboradas com tal finalidade satisfazem as necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que quase todos eles utilizam essas demonstrações contábeis para a tomada de decisões econômicas, tais como: a. decidir quando comprar, manter ou vender instrumentos patrimoniais; b. avaliar a administração da entidade quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida e quanto à qualidade de seu desempenho e de sua prestação de contas; c. avaliar a capacidade de a entidade pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefícios; d. avaliar a segurança quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados à entidade; e. determinar políticas tributárias; f. determinar a distribuição de lucros e dividendos; g. elaborar e usar estatísticas da renda nacional; ou h. regulamentar as atividades das entidades. As demonstrações contábeis são mais comumente elaboradas segundo modelo baseado no custo histórico recuperável e no conceito da manutenção do capital financeiro nominal. Outros modelos e conceitos podem ser considerados mais apropriados para atingir o objetivo de proporcionar informações que sejam úteis para tomada de decisões econômicas, embora não haja presentemente consenso nesse sentido. A Estrutura Conceitual foi desenvolvida de forma a ser aplicável a uma gama de modelos contábeis e conceitos de capital e sua manutenção. 27 A CONvERgÊNCIA • CAPÍTULO 4 A Estrutura Conceitual estabelece os conceitos que fundamentam a elaboração e a apresentação de demonstrações contábeis destinadas a usuários externos. A Estrutura Conceitual tem por finalidade: a. dar suporte ao desenvolvimento de novos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações e à revisão dos já existentes, quando necessário; b. dar suporte à promoção da harmonização das regulações, das normas contábeis e dos procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações contábeis, provendo uma base para a redução do número de tratamentos contábeis alternativos permitidos pelos Pronunciamentos, Interpretações e Orientações; c. dar suporte aos órgãos reguladores nacionais; d. auxiliar os responsáveis pela elaboração das demonstrações contábeis na aplicação dos Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações e no tratamento de assuntos que ainda não tenham sido objeto desses documentos; e. auxiliar os auditores independentes a formar sua opinião sobre a conformidade das demonstrações contábeis com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações; f. auxiliar os usuários das demonstrações contábeis na interpretação de informações nelas contidas, elaboradas em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações; e g. proporcionar aos interessados informações sobre o enfoque adotado na formulação dos Pronunciamentos Técnicos, das Interpretações e das Orientações. A Estrutura Conceitual não é um Pronunciamento Técnico propriamente dito e, portanto, não define normas ou procedimentos para qualquer questão particular sobre aspectos de mensuração ou divulgação. Características qualitativas da informação contábil-financeira útil: Relevância, Materialidade e Fidedignidade. Características qualitativas de melhoria: Comparabilidade, Verificabilidade, Tempestividade e Compreensibilidade. Apresentação das Demonstrações Contábeis (CPC 26) O CPC 26 (2013) rege a Apresentação das Demonstrações Contábeis, bem como a conformidade com as práticas contábeis brasileiras. 28 CAPÍTULO 4 • A CONvERgÊNCIA Para apresentação adequada, é necessária a representação confiável dos efeitos das transações, outros eventos e condições, de acordo com as definições e critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas como estabelecido na Estrutura Conceitual para a Elaboração e Apresentação das Demonstrações Contábeis. Presume-se que a aplicação dos Pronunciamentos, Orientações e Interpretações, com divulgação adicional quando necessária, resulta em demonstrações contábeis que representam apropriadamente o que se propõe a retratar. O objetivo deste pronunciamento técnico é definir a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. Este Pronunciamento deve ser aplicado em todas as demonstrações contábeis elaboradas e apresentadas de acordo com os Pronunciamentos, Orientações e Interpretações do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC). Este Pronunciamento não se aplica à estrutura e ao conteúdo de demonstrações contábeis intermediárias condensadas elaboradas segundo o Pronunciamento Técnico CPC 21 – Demonstração Intermediária. Este Pronunciamento utiliza terminologia que é adequada às entidades com fins lucrativos, incluindo entidades de negócios do setor público. Caso entidades sem fins lucrativos do setor privado ou público venham a aplicar este Pronunciamento, podem ter que retificar as descrições usadas para itens específicos das demonstrações contábeis e mesmo para as próprias demonstrações contábeis. Analogamente, as entidades que não tenham capital próprio, tal como definido no Pronunciamento Técnico CPC 39 – Instrumentos Financeiros: Apresentação, como, por exemplo, alguns fundos de investimento e entidades cujo capital não seja representado por ações (por exemplo, algumas entidades cooperativas), também podem ter que adaptar a apresentação nas demonstrações contábeis aos interesses e participações de seus membros ou proprietários. Finalidade das demonstrações contábeis De acordo com o CPC 26 (2013), as demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração na gestão da entidade e sua capacitação na 29 A CONvERgÊNCIA • CAPÍTULO 4 prestação de contas quanto aos recursos que lhe foram confiados. Para satisfazer esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: » Ativos; » Passivos; » Patrimônio líquido; » Receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; » Alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e » Fluxos de caixa. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. Ainda segundo a norma, o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: » Balanço patrimonial ao final do período; » Demonstração do resultado do período; » Demonstração do resultado abrangente do período; » Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; » Demonstração dos fluxos de caixa do período; » Demonstração do valor adicionado do período. » Notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias; e » Balanço patrimonial no início do período mais antigo comparativamente apresentado quando a entidade aplica uma política contábil retroativamente ou procede à reapresentação de itens das demonstrações contábeis. Elementos das Demonstrações Contábeis segundo o CPC 00 (2011): Ativo Recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passadose do qual se espera que benefícios econômicos futuros resultem para a entidade. 30 CAPÍTULO 4 • A CONvERgÊNCIA Passivo É uma obrigação presente da entidade, resultante de eventos passados, cuja liquidação, se espera, resulte em desembolso de recursos pela entidade, contendo benefícios econômicos. Patrimônio Líquido É o interesse residual nos ativos da entidade depois de deduzir todos os seus passivos. Receitas São aumentos nos benefícios econômicos durante o período contábil, sob a forma de entrada de recursos ou aumento de ativos ou diminuição de passivos, que resultam em aumentos do patrimônio líquido, e não se confundem com os que resultam de contribuição dos proprietários da entidade. Despesas São decréscimos nos benefícios econômicos durante o período contábil sob a forma de saída de recursos ou redução de ativos ou inocorrência de passivos que resultam em decréscimo do patrimônio líquido e não se confundem com os que resultam de distribuição aos proprietários da entidade. Informações importantes segundo o CPC 26 (2013): » A entidade cujas demonstrações contábeis estão em conformidade com os Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações do CPC deve declarar de forma explícita e sem reservas essa conformidade nas notas explicativas. A entidade não deve afirmar que suas demonstrações contábeis estão de acordo com esses Pronunciamentos Técnicos, Interpretações e Orientações a menos que cumpra todos os seus requisitos. » A administração deverá realizar uma avaliação sobre a continuidade da entidade. Se existirem incertezas materiais sobre a capacidade da empresa de continuar operando, este fato deve ser divulgado. » Com exceção da demonstração do fluxo de caixa, todas as demonstrações contábeis devem ser elaboradas seguindo o regime de competência. » A apresentação e a classificação devem ser mantidas de um período para o outro (a menos que haja mudanças significativas). » Cada classe material de itens similares deverá ser apresentada separadamente nas demonstrações contábeis. 31 A CONvERgÊNCIA • CAPÍTULO 4 » Em regra, os itens de ativo, passivo, receitas e despesas devem ser apresentados separadamente. Há exceções. Exemplo: ganhos e perdas sobre a alienação de ativos (investimentos e ativo imobilizado) são apresentados deduzindo-se o valor contábil do ativo alienado e as despesas de venda relacionadas. » A entidade deverá divulgar informação comparativa em relação ao período anterior para todos os valores apresentados nas demonstrações contábeis. Se houver alteração da apresentação ou classificação de itens nas DCs, os valores comparativos deverão ser reclassificados e informações sobre a natureza, o valor e as razões da reclassificação deverão ser divulgadas. » Segregação entre grupos: Ativo Circulante e Ativo não Circulante, bem como Passivo Circulante e Passivo não Circulante. A seguir, para exemplificação e melhor entendimento, destacamos a nota explicativa sobre Elaboração e Apresentação das Demonstrações Financeiras da seguradora Icatu Seguros S/A: ELABORAçãO E APRESENtAçãO DAS DEMONStRAçÕES FINANCEIRAS Base de Preparação As Demonstrações Financeiras (“Demonstrações”) foram elaboradas conforme os dispositivos da Circular Susep nº 517/2015, e alterações previstas na Circular Susep nº 521/2015, normas do CNSP e os pronunciamentos técnicos, as orientações e as interpretações emitidas pelo CPC quando referendadas pela Susep, doravante denominadas, em seu conjunto, “práticas contábeis adotadas no Brasil aplicáveis às instituições autorizadas a funcionar pela Susep “. As despesas com administração de apólices no valor de R$ 98.917 que em 31/12/2014 estavam alocadas em “Outras despesas operacionais” no grupo de Seguros, foram reclassificadas para Custo de Aquisição para melhor apresentação, comparabilidade e natureza da despesa. A Provisão de Sinistros a Liquidar (PSL) e Provisão de Sinistros/Eventos Ocorridos, mas não Avisados (IBNR), foram segregadas em “Circulante” e “Não Circulante” em 2015, para efeito de comparabilidade foram reclassificados para Não Circulante R$ 67.288 PSL e R$ 87.950 IBNR em 2014. Estas Demonstrações foram autorizadas para emissão pelo Conselho de Administração em 24 de fevereiro de 2016. 32 CAPÍTULO 4 • A CONvERgÊNCIA Base de Mensuração Os ativos e passivos estão mensurados de acordo com o custo histórico, exceto os instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo para as categorias “ativos mensurados ao valor justo por meio do resultado”, e “ativos financeiros disponíveis para venda. A Companhia classifica os ativos e passivos em circulante e não circulante considerando os prazos de realização e exigibilidade; quando não é possível identificar tais prazos, são classificados de acordo com estudo técnico e passivos de exigibilidade imediata são classificados no Circulante. Moeda Funcional e de Apresentação Os itens incluídos nas Demonstrações são mensurados usando a moeda do ambiente econômico no qual a Companhia atua. O Real (R$) é a moeda funcional e de apresentação da Companhia. Uso de Estimativas A preparação das Demonstrações requer que a Administração da Companhia se baseie em estimativas e julgamentos para o registro de transações que afetam os ativos e passivos, as receitas e despesas, bem como sua divulgação. As principais estimativas relacionadas às Demonstrações referem-se aos ativos financeiros avaliados pelo valor justo, à realização dos créditos tributários, ao registro dos passivos relacionados a sinistros, ao prazo de diferimento dos custos de aquisição para os produtos de previdência complementar, à probabilidade de êxito nas ações judiciais, aos efeitos decorrentes da provisão para perdas sobre créditos e outros ativos e às provisões técnicas. Os resultados finais dessas transações e informações, quando de sua efetiva realização em períodos subsequentes podem diferir dessas estimativas. Revisões contínuas são feitas sobre as estimativas e premissas, e o reconhecimento contábil de efeitos que por ventura surjam é efetuado no resultado do período em que as revisões ocorrem. Informações adicionais sobre as estimativas encontram-se nas seguintes notas: » Redução ao Valor Recuperável (vide nota 3.1(c)); » Provisões Técnicas (vide nota nº 3.7); » Aplicações Financeiras (vide nota nº 5); » Créditos Tributários e Previdenciários (vide nota nº 9.2); » Provisões Judiciais (vide nota nº 17.1). 33 A CONvERgÊNCIA • CAPÍTULO 4 Sintetizando Vimos neste capítulo: » A estrutura Conceitual. » A apresentação das demonstrações contábeis. » A finalidade e os elementos das demonstrações contábeis. 34 Introdução Este capítulo tem o objetivo de apresentar as convenções contábeis e alguns dos principais pronunciamentos contábeis sobre Ativo Imobilizado, Ativo Intangível, o Impairment de Ativos, bem como as suas características. Objetivos » Apresentar as Convenções Contábeis. » Apresentar o CPC 27 relativo ao Ativo Imobilizado. » Apresentar o CPC 04 relativo ao Ativo Intangível. » Apresentar o CPC 01 relativo a Redução ao Valor Recuperável de Ativos. Contextualização Considerando a margem de liberdade que os Princípios Contábeis permitem ao contador no registro das operações (escrituração dos fatos contábeis), as convenções foram criadas de forma mais objetiva e têm a função de indicar a conduta adequada que deve ser observada no exercício profissional da Contabilidade. As convenções contábeis têm por objetivo limitar ou restringir a abrangência dos Princípios Contábeis, definindo com maior precisão e clareza o seu alcance e significado. Elas representam o complemento dos Princípios e Postulados, no sentido de delimitar conceitos, atribuições e direções a serem seguidas no registro das operações, facilitando o trabalho do contador (SO CONTABILIDADE, sem data). Objetividade Refere-se ao sentido de neutralidade que se deve atribuir à Contabilidade nos registros dos fatos que envolvem a gestão do patrimôniodas entidades. O profissional contábil deve escolher, entre 5CAPÍTULO AS CONvENçÕES 35 AS CONvENçÕES • CAPÍTULO 5 vários procedimentos, o mais adequado para descrever um evento contábil. Ele deve procurar exercer a Contabilidade sempre de forma objetiva, não se deixando levar por sentimentos ou expectativas de administradores ou qualquer pessoa que venha a influenciar o seu trabalho. Os registros devem estar baseados, sempre que possível, em documentos que comprovem a ocorrência das respectivas transações. Caso não haja documento para suporte, deve-se convocar peritos em avaliação que, mediante laudos, forneçam um valor objetivo para o contador desenvolver de maneira imparcial sua contabilidade. Materialidade Estabelece que a contabilidade não deve se preocupar com valores ou fatos irrelevantes, tanto do ponto de vista de registro como de controle. Sendo assim, a informação contábil deve ser relevante, justa e adequada e o profissional deve considerar a relação custo x benefício da informação que será gerada, evitando perda de recursos e de tempo da entidade. Dessa forma, o contador não perde tempo com registros cujos controles podem se tornar mais onerosos (caros) que os próprios valores a serem registrados. Consistência Os critérios adotados no registro dos atos e fatos administrativos não devem mudar frequentemente. Refere-se à uniformidade, utilizando métodos e critérios uniformes ao longo do tempo para o registro dos fatos contábeis e elaboração das demonstrações financeiras. Ou seja, os relatórios devem ser elaborados com a forma e o conteúdo das informações consistentes para facilitar sua interpretação e análise pelos diversos usuários. Quando houver necessidade de adoção de outro critério ou método de avaliação, o profissional deverá informar a modificação e apresentar os reflexos que a mudança poderá causar se não for observada pelo usuário nos relatórios contábeis. Conservadorismo Estabelece que o profissional da Contabilidade deve manter uma conduta mais conservadora em relação aos resultados que serão apresentados, evitando que projeções distorcidas sejam feitas pelos usuários. A posição conservadora (precaução/prudência) do contador será evidenciada para antecipar prejuízo e nunca antecipar lucro. Assim ele não estará influenciando os acionistas, por exemplo, a um otimismo que será ilusório (é preferível ter expectativa de prejuízo e a entidade apresentar resultados positivos do que o contrário). O objetivo do conservadorismo é não dar uma imagem otimista numa situação alternativa que, com o passar do tempo, poderá reverter-se. 36 CAPÍTULO 5 • AS CONvENçÕES Existindo alternativas igualmente válidas para se atribuir valores aos elementos patrimoniais, por motivo de precaução, deve-se optar pelo valor mais baixo ao ativo e pelo valor mais alto ao passivo. Com esse primeiro passo, podemos abordar, a partir de agora, alguns pronunciamentos contábeis que definem os tratamentos a serem dados a alguns ativos, são eles o “Ativo Imobilizado”, “Ativo Intangível” e, para fechar este capítulo, conhecer as regras para chegar ao valor justo de um ativo. CPC 27 – Ativo Imobilizado O alcance do CPC 27 (2013) é para todos os Ativos Imobilizados, exceto para os que outro pronunciamento contábil exija ou permita um tratamento diferenciado: » Imobilizados classificados como “mantidos para venda” (CPC 31); » Ativos biológicos relacionados à agricultura (CPC 29); » Reconhecimento e mensuração de ativos de exploração e avaliação (CPC 34); » Direitos sobre jazidas e reservas minerais, tais como petróleo, gás natural, carvão mineral, dolomita e recursos não renováveis semelhantes; » Reconhecimento de um item do imobilizado no caso de arrendamentos (CPC 06). » Segundo a norma, Ativo Imobilizado é definido como o item tangível que é mantido para uso na produção ou fornecimento de mercadorias ou serviços, para aluguel a outros, ou para fins administrativos; e espera-se utilizar por mais de um período. O reconhecimento do ativo deve ser realizado quando for provável que a entidade usufrua de futuros benefícios econômicos associados a ele para a entidade e o custo do ativo puder ser mensurado de forma confiável. Cabe ressaltar que sobressalentes, peças de reposição, ferramentas e equipamentos de uso interno serão classificados no imobilizado se houver expectativa de uso por mais de um exercício, ou ainda se puderem ser utilizados somente em conexão com um ativo imobilizado. Ainda segundo o CPC 27 (2013), o custo de um ativo imobilizado compreende o preço de aquisição, incluindo taxas de importação e impostos não recuperáveis, adicionados aos valores ligados diretamente ao esforço de levar o ativo ao seu local de utilização e condições necessárias para entrada em operação, da maneira pretendida pela administração. Gastos que podem ser considerados como custos de um ativo: » Benefícios aos empregados diretamente ligados à construção ou aquisição do imobilizado; 37 AS CONvENçÕES • CAPÍTULO 5 » Preparação da área; » Frete e manuseio; » Instalação e montagem; » Testes para avaliar se o ativo está funcionando de maneira apropriada (líquido de receitas provenientes das vendas de qualquer item produzido); » Honorários profissionais. Gastos que não podem ser considerados como custos de um ativo: » Abertura de uma nova fábrica; » Introdução de um novo produto ou serviço (incluindo gastos com propaganda e promoção); » Abertura de um negócio numa nova localidade ou para uma nova classe de consumidores (incluindo treinamento de staff); » Administrativos. O custo do imobilizado é equivalente ao preço à vista na data do reconhecimento. Caso haja troca de um ativo por outro (troca por ativo não monetário), a mensuração será pelo valor justo do ativo, a não ser que a essência da operação não seja comercial (se os fluxos de caixa futuros serão modificados). O custo de um ativo imobilizado arrendado deverá ser mensurado conforme o CPC 06 e a capitalização de juros, conforme o CPC 20 – Custos de empréstimos. Imobilizados relacionados à segurança e questões ambientais devem ser reconhecidos, pois muitas empresas não poderiam operar seus outros ativos sem atender às especificações da legislação. Os gastos das Inspeções relevantes devem ser reconhecidos no valor contábil do imobilizado. Já o valor contábil remanescente da inspeção anterior deve ser baixado. E os gastos de manutenção devem ser reconhecidos no resultado quando incorridos. Quanto à mensuração subsequente, há duas políticas disponíveis: Modelo do custo, que após reconhecimento inicial, o imobilizado será mensurado pelo seu custo menos depreciação acumulada e perdas por impairment e Modelo da reavaliação, onde o imobilizado será mensurado pelo seu fair value menos depreciação acumulada e perdas por impairment. As reavaliações deverão ser realizadas regularmente (três a cinco anos). Esta é uma diferença para o modelo brasileiro: as reavaliações foram proibidas no País a partir de 2008. 38 CAPÍTULO 5 • AS CONvENçÕES Na Depreciação considera-se que cada parcela do imobilizado que possua um custo significativo em relação ao total deve ser depreciada separadamente (componente). A vida útil econômica deve refletir o período pelo qual a entidade espera obter benefícios com o ativo. No Brasil, a prática consistia na utilização de prazos determinados pelo Fisco. O método de depreciação deve refletir o comportamento de como os benefícios gerados serão consumidos pela entidade. Os fatores que devem ser considerados são: » Uso esperado do ativo; » Desgaste esperado; » Obsolescência técnica / comercial; » Limites legais. Os prazos e o método deverão ser reavaliados anualmente. O valor depreciável deve ser o custo do ativo menos o seu valor residual. Já o valor residual é o valor estimado que a entidade obteria com a venda do ativo, após deduzir as despesas estimadas de venda, caso o ativo já tivesse a idade e a condição esperadas para o fimde sua vida útil. Caso o valor residual exceda o valor contábil, o ativo não será depreciado. Os ativos imobilizados estão sujeitos ao teste de impairment, visto que nenhum ativo pode estar mensurado por um valor superior ao seu potencial de geração de benefícios. O teste deverá ser realizado quando houver indícios e a mensuração do valor recuperável representará o valor em uso ou valor líquido de venda. Caso o valor recuperável seja menor que o valor contábil, a diferença será registrada como perda. O valor contábil de um ativo imobilizado deve ser baixado quando for vendido ou quando não houver mais expectativa de geração de benefícios econômicos futuros. Os ganhos ou perdas deverão ser reconhecidos imediatamente no resultado (a não ser que a operação seja uma venda com lease back – IAS17). A Divulgação deverá conter a base para mensuração do valor bruto do ativo, o método de depreciação utilizado, a vida útil econômica e a taxa de depreciação, e o valor bruto e a depreciação acumulada (agregada das perdas por impairment) no início e final do período. Também deverá conter a reconciliação do valor contábil ao início e final do período demonstrando: » Adições; » Ativos classificados como mantidos para venda (CPC 31); » Aquisições por meio de Combinações de Negócios; » Aumentos ou reduções decorrentes de reavaliações; 39 AS CONvENçÕES • CAPÍTULO 5 » Aumentos ou reduções decorrentes de perdas ou reversões de perdas por impairment; » Depreciação; » Efeitos para tradução para moeda estrangeira; » Baixa por venda. A entidade também deve divulgar se existe algum tipo de restrição relacionada ao ativo (garantia para empréstimos, por exemplo), montante de gastos reconhecidos como ativo durante a construção do imobilizado e montante de acordos contratuais para aquisição de imobilizado. Para os ativos que foram reavaliados, a divulgação deverá conter: » Data da reavaliação; » Se foi realizada por um avaliador independente; » Métodos e premissas mais relevantes utilizadas na estimativa do fair value; » Valor contábil caso o modelo de custo fosse empregado; » Reserva de reavaliação. CPC 04 – Ativo Intangível Os ativos intangíveis ganharam relevância nos últimos anos, considerando uma economia baseada no conhecimento. Resultado disso, os modelos contábeis promoviam pouca orientação sobre o tema e a consequente busca por ampliação, com a emissão de novas orientações e pronunciamentos. No caso do modelo internacional, a IAS 38 trata especificamente sobre o tema, mas outras normas devem ser levadas em consideração (IFRS 3 e IAS 36, por exemplo). No Brasil, a orientação é via Lei nº 11.638/2007 e CPC 01, CPC 04 e CPC 15. Segundo o CPC 04 (2013), o alcance dele é para todos os ativos intangíveis, exceto os que estejam dentro do escopo de outra norma, tais como: » Arrendamentos que estejam dentro do escopo do CPC 06; » Goodwill adquirido numa combinação de negócios (CPC 15); » Ativos financeiros, conforme o CPC 38; » Reconhecimento e mensuração de recursos minerais (IFRS 6); » Gastos com desenvolvimento e extração de minerais, petróleo, gás natural e recursos não renováveis similares. 40 CAPÍTULO 5 • AS CONvENçÕES O Ativo Intangível é definido como um recurso controlado por uma entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que benefícios econômicos futuros sejam obtidos. É um ativo não monetário, identificável, sem substância física (CPC 04, 2013). Podemos citar como exemplos: software, patentes, copyrights, filmes, carteira de clientes, licenças, quotas de importação, franquias, relacionamento com consumidores e fornecedores, fidelização de clientes, market share, etc... Porém, nem todos os itens citados atenderão aos critérios de definição de um ativo intangível e nem de reconhecimento. O reconhecimento se dará quando três características forem atendidas por um ativo: » Identificável: é separável, ou seja, pode ser separado ou dividido pela entidade por meio de venda, transferência, licenciamento, aluguel ou troca, tanto individualmente ou junto com um contrato, ativo ou passivo correlato; ou é oriundo de direitos legais ou contratuais, independentemente se tais direitos possam ser transferidos ou separados da entidade ou de outros direitos e obrigações; » Controle: haverá controle de um ativo se a entidade detiver o poder de obter os futuros benefícios econômicos destes recursos e puder restringir o acesso de outros a tais benefícios. Geralmente tal poder advém de proteção legal com enforcement das cortes; » Geração de benefícios econômicos futuros: podemos considerar as receitas geradas pela venda de produtos ou serviços; economias de custo; outros benefícios resultantes da utilização do ativo pela entidade. O reconhecimento de um item considerado como ativo intangível requer que a entidade demonstre que ele atende à definição de ativo intangível e o critério de reconhecimento. Como critério de reconhecimento, o ativo só pode ser reconhecido se for provável que a entidade obterá benefícios econômicos futuro e o custo do ativo possa ser mensurado de forma confiável. A mensuração inicial de um ativo intangível será pelo seu custo e há três formas possíveis para obtenção de um ativo intangível por uma entidade: » Aquisição em separado; » Aquisição por meio de uma combinação de negócios; » Ativos intangíveis que são gerados internamente. Geralmente, o preço pago por um ativo intangível em separado representa a expectativa dos benefícios econômicos futuros, satisfazendo o critério de reconhecimento. O custo de um ativo intangível compreende: preço de aquisição, incluindo impostos não recuperáveis e qualquer outro valor atribuído ao custo de preparação do ativo para o seu uso. 41 AS CONvENçÕES • CAPÍTULO 5 Os ativos intangíveis gerados internamente são mais difíceis de serem reconhecidos por causa da avaliação de seu potencial de geração de benefícios econômicos futuros e da mensuração de seu custo. Outro fator importante é a segregação para classificação em duas categorias: » Fase de Pesquisa: investigação original e planejada para a obtenção de novo conhecimento científico ou técnico. Nenhum intangível resultante da fase de pesquisa poderá ser reconhecido. Os gastos deverão ser reconhecidos como despesa quando incorridos. » Fase de Desenvolvimento: aplicação dos achados da pesquisa e de outros conhecimentos para o planejamento ou design de novos materiais, produtos, processos e sistemas. Um ativo intangível deverá ser reconhecido se uma entidade puder atender a todos os itens a seguir: › O término do desenvolvimento é viável; › Intenção de completar o ativo intangível para o seu uso ou venda; › Habilidade para vender ou utilizar o ativo intangível; › Demonstrar como o ativo intangível gerará benefícios econômicos futuros; › Os recursos técnicos, financeiros e outros estão disponíveis; › Habilidade de mensuração dos gastos diretamente atribuíveis ao ativo intangível. A impossibilidade de segregação dos custos de desenvolvimento do negócio como um todo impede o reconhecimento de ativos intangíveis, tais como: marcas geradas internamente, títulos de publicações, listas de clientes e itens de natureza similar gerados internamente. Os custos de ativos intangíveis gerados internamente são a soma de todos os gastos a partir da data em que o ativo atender aos critérios de reconhecimento. Os gastos tratados como despesas antes da data não poderão ser reclassificados como custo. No Brasil, após o reconhecimento, as entidades devem aplicar o modelo de custo. O ativo intangível será mantido pelo seu custo, menos qualquer amortização acumulada e qualquer perda por impairment. A entidade deverá avaliar se a vida útil de um ativo intangível é definida ou não. A vida útil é considerada indefinida e o período da expectativa de geração de fluxos de caixa futuros para a entidade não é estimável. A empresa deverá definir a sistemática de amortização do ativo
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