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ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE RASTREAMENTO DO PONTO DE MÁXIMA POTÊNCIA DE SISTEMAS SOLARES FOTOVOLTAICOS SOB CONDIÇÃO DE SOMBREAMENTO PARCIAL CAIO MEIRA AMARAL DA LUZ Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Moreira Vicente Dissertação submetida à Universidade Federal de São João del-Rei como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica. São João del-Rei Maio de 2018 i “Aos outros, dou o direito de ser como são. A mim, dou o dever de ser cada dia melhor.” Francisco Cândido Xavier ii Dedico esse trabalho a minha mãe, que sempre foi exemplo de força, superação e caráter na minha vida. iii Agradecimentos Agradeço a minha mãe Elaine Meira, pela constante preocupação em me proporcionar a melhor educação e ensinamentos. A minha namorada Letícia, por sempre estar ao meu lado nas dificuldades. Aos amigos Igor, Paulo, Dario, Alencar e todos os outros que participaram em algum momento nessa caminhada do mestrado. Aos professores Eduardo Moreira Vicente e Fernando Lessa Tofoli por me guiarem pelos caminhos na busca do conhecimento. E a todos que contribuíram de forma indireta para a realização desse trabalho. iv Resumo da Dissertação submetida à Universidade Federal de São João del-Rei como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Engenharia Elétrica. ANÁLISE COMPARATIVA DE TÉCNICAS DE RASTREAMENTO DO PONTO DE MÁXIMA POTÊNCIA DE SISTEMAS SOLARES FOTOVOLTAICOS SOB CONDIÇÃO DE SOMBREAMENTO PARCIAL Caio Meira Amaral da Luz Maio de 2019 Orientador: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli. Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Moreira Vicente. Área de Concentração: Modelagem e Controle de Sistemas – Análise e Modelagem de Sistemas. Número de Páginas: 131. RESUMO O sombreamento é um problema recorrente quando se trabalha com sistemas solares fotovoltaicos, sobretudo quando o mesmo é acometido por níveis de irradiância não uniforme em decorrência do sombreamento parcial. Como consequência dessa adversidade, as células ou módulos sombreados absorvem potência do sistema e originam um fenômeno conhecido como ponto quente (hot spot), que pode danificar de maneira irreversível o dispositivo afetado. Para amenizar esse problema, diodos bypass são conectados em paralelo com a célula ou módulo fotovoltaico visando limitar a tensão reversa e, consequentemente, as perdas de potência nesses elementos, entretanto, constata-se o surgimento de múltiplos picos na curva P-V. Os tradicionais algoritmos de MPPT (Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência) mostram-se eficientes sob condições iluminação uniforme, toda via, em situação de sombreamento parcial podem haver falhas no rastreamento em decorrência dos diversos picos. inúmeros algoritmos de MPPT para condição de sombreamento parcial tem sido proposto nos últimos anos. Assim, esse trabalho apresenta uma detalhada análise das principais técnicas de GMPPT (Global Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência Global) visando definir qual melhor se adequa a esse tipo de situação. As simulações foram realizadas em ambiente v MATLAB/Simulink® e os resultados obtidos foram comparados com o tradicional algoritmo o P&O. Na implementação prática, utilizou-se o conversor CC-CC SEPIC (Single-Ended Primary Inductance Converter – Conversor com Uma Única Indutância Primária) em conjunto com o microprocessador ATmega328P para verificar o comportamento prático de cada método sob condições de sombreamento parcial. Os resultados mostram que o método GSO (Gold Section Optimization – Otimização por Seção Áurea) fornece o melhor desempenho sob todas as situações analisadas Palavras chaves: GMPPT, Energia Solar, conversor SEPIC. Abstract of the Dissertation submitted to São João del-Rei University as part of the requirements for the degree of Master in Electrical Engineering. COMPARISON OF MAXIMUM POWER POINT TRACKING TECHNIQUES OF PHOTOVOLTAIC SYSTEM UNDER PARTIAL SHADING CONDITIONS Caio Meira Amaral da Luz May, 2019 Advisor: Prof. Dr. Fernando Lessa Tofoli. Co-Advisor: Prof. Dr. Eduardo Moreira Vicente. Area of Concentration: System Modeling and Control – Systems Analysis and Modeling. Number of Pages: 131. ABSTRACT Shading plays an important role in the operation of photovoltaic (PV) system, especially when one of the cells or modules in the string experiences less illumination due to partial shading (PS). As a result of this condition, cells or modules absorb the power generated by the unshaded cells, thus causing hot spots that can irreversibly damage the module. To mitigate this problem, bypass diodes are connected in parallel with the cells or modules to limit the reverse voltage and, hence, the power loss in the shaded cells or module. However, the occurrence of multiples peaks in the P-V (power versus voltage) curve is observed. Although conventional maximum power point tracking (MPPT) algorithms are successfully used when PV arrays are under uniform irradiance conditions, tracking may fail to find the global maximum power point (GMPP) under PS condition. Several MPPT algorithms have been proposed for PS condition in the last few years. In this context, this work presents a detailed analysis of the main techniques of global maximum power tracking (GMPPT), aiming to define which method best suits this problem. The simulations are carried out in MATLBA/Simulink® environment and the results are compared with those provided by the perturb and observe (P&O algorithm). In the hardware implementation, a dc-dc SEPIC (Single-Ended Primary Inductance Converter) associated with microprocessor ATmega328P is employed to verify the operation of each algorithm experimentally on PS conditions. The experimental results vii show that the Golden Section Optimization (GSO) algorithm presents the best performance in all analyzed situations. Keywords: GMPPT, Solar Energy, SEPIC converter. Sumário Lista de figuras .................................................................................................................... xi Lista de tabelas .................................................................................................................... xv Lista de abreviaturas e Símbolos ....................................................................................... xvii Capítulo 1.Introdução geral.................................................................................................... 1 1.1 Definição do problema ............................................................................................ 1 1.2 Objetivos do trabalho .............................................................................................. 3 1.3 Estrutura do trabalho .............................................................................................. 4 Capítulo 2.Sistemas solares fotovoltaicos.............................................................................. 5 2.1 Considerações iniciais ............................................................................................ 5 2.2 Breve histórico da energia solar fotovoltaica ........................................................... 5 2.3 Princípio de funcionamento da célula solar fotovoltaica .......................................... 6 2.4 Modelagem e equacionamento da célula solar fotovoltaica ....................................9 2.5 Célula, módulo e matriz fotovoltaica ..................................................................... 12 2.6 Determinação dos parâmetros do módulo solar fotovoltaico ................................. 14 2.7 Modelagem computacional do módulo fotovoltaico ............................................... 19 2.8 O efeito do sombreamento ................................................................................... 21 2.9 Considerações finais ............................................................................................ 25 Capítulo 3.Circuito rastreador do ponto de máxima potência.............................................. 27 3.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 27 3.2 Conceitos sobre o ponto de operação .................................................................. 27 3.3 Circuito rastreador da máxima potência ................................................................ 29 3.4 Projeto do conversor SEPIC ................................................................................. 31 3.5 Circuitos auxiliares ................................................................................................ 37 3.5.1 Microcontrolador ............................................................................................ 37 3.5.2 Circuito de medição de corrente .................................................................... 37 3.5.3 Circuito de medição de tensão ...................................................................... 40 3.5.4 Circuito de acionamento do MOSFET............................................................ 42 3.5.5 Circuitos de obtenção da tensão de circuito aberto........................................ 44 3.5.6 Capacitor de barramento ............................................................................... 44 3.5.7 Montagem do circuito .................................................................................... 45 3.6 Considerações finais ............................................................................................ 47 Capítulo 4.Técnicas modificadas de rastreio da máxima potência....................................... 48 ix 4.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 48 4.2 Método Perturba e Observa (P&O) ....................................................................... 49 4.3 Método da varredura ............................................................................................ 51 4.4 Método da otimização por enxame de partículas (PSO) ....................................... 52 4.4.1 Conceitos iniciais ........................................................................................... 52 4.4.2 Funcionamento do algoritmo PSO ................................................................. 53 4.4.3 Aplicação da PSO em MPPT ......................................................................... 54 4.5 Método da otimização determinística por enxame de partículas (DPSO) .............. 57 4.6 Método da otimização por seção áurea (GSO) ..................................................... 58 4.6.1 Conceitos iniciais ........................................................................................... 58 4.6.2 Aplicação da GSO em MPPT ........................................................................ 60 4.7 Método da reta de carga (A-MPPT) ...................................................................... 62 4.8 Método BD-MPPT................................................................................................. 64 4.8.1 Aplicação do BD-MPPT em MPPT ................................................................ 64 4.9 Método S-MPPT ................................................................................................... 67 4.10 Considerações finais ............................................................................................ 70 Capítulo 5.Resultados de simulação.................................................................................... 71 5.1 Considerações iniciais .......................................................................................... 71 5.2 Verificação do modelo .......................................................................................... 71 5.3 Padrões de irradiância .......................................................................................... 73 5.4 Resultados de simulação ...................................................................................... 76 5.4.1 Método Perturba e observa (P&O) ................................................................. 76 5.4.2 Método da varredura ..................................................................................... 78 5.4.3 Método da otimização por enxame de partículas (PSO) ................................ 80 5.4.4 Método da otimização determinística por enxame de partículas (DPSO) ....... 83 5.4.5 Método da otimização por seção áurea (GSO) .............................................. 85 5.4.6 Método A-MPPT ............................................................................................ 87 5.4.7 Método BD-MPPT ......................................................................................... 90 5.4.8 Método S-MPPT ............................................................................................ 93 5.5 Comparação dos resultados ................................................................................. 96 5.5.1 Comparação dos métodos para o padrão de teste 1 ..................................... 96 5.5.2 Comparação dos métodos para o padrão de teste 2 ..................................... 98 5.5.3 Comparação dos métodos para o padrão de teste 3 ................................... 100 5.6 Considerações finais .......................................................................................... 102 Capítulo 6.Resultados experimentais.................................................................................104 6.1 Considerações iniciais ........................................................................................ 104 6.2 Bancada de teste ................................................................................................ 104 x 6.3 Emulação dos perfis de sombreamento .............................................................. 105 6.4 Resultados experimentais ................................................................................... 107 6.4.1 Método Perturba e Observa (P&O) .............................................................. 107 6.4.2 Método da varredura ................................................................................... 108 6.4.3 Método da otimização por enxame de partículas (PSO) .............................. 109 6.4.4 Método da otimização determinística por enxame de partículas (DPSO) ..... 111 6.4.5 Método da otimização por seção áurea (GSO) ............................................ 112 6.4.6 Método A-MPPT .......................................................................................... 113 6.4.7 Método BD-MPPT ....................................................................................... 114 6.4.8 Método S-MPPT .......................................................................................... 115 6.5 Comparação dos resultados ............................................................................... 116 6.5.1 Comparação dos métodos para o padrão de teste 1 ................................... 116 6.5.2 Comparação dos métodos para o padrão de teste 2 ................................... 118 6.5.3 Comparação dos métodos para o padrão de teste 3 ................................... 119 6.6 Comparação entre os resultados computacionais e experimentais .....................121 6.7 Considerações finais .......................................................................................... 123 Capítulo 7.Conclusão geral.................................................................................................124 Capítulo 8.Apêndices..........................................................................................................126 8.1 Método de Villalva .............................................................................................. 126 Lista de figuras Figura 1.1 - Diminuição do kW/$ ao longo dos anos, adaptado de [2]. .......................... 2 Figura 2.1 - Dopagem do cristal de Silício: (a) cristal tipo n; (b) cristal tipo p [19]. ......... 7 Figura 2.2 - - Junção pn e camada de depleção em uma célula fotovoltaica, sob influência do campo elétrico E [19]. .............................................................................. 7 Figura 2.3 - Espectro eletromagnético, [19]. ................................................................. 8 Figura 2.4 - Representação física da célula solar fotovoltaica, [19]. .............................. 8 Figura 2.5 - Representação elétrica da célula solar fotovoltaica. .................................. 9 Figura 2.6 - Definição de célula, módulo e matriz fotovoltaica. .................................... 13 Figura 2.7 - Fluxograma do método de Villalva, adaptado de [28]............................... 16 Figura 2.8 - Curvas I-V para diferentes valores de irradiância. .................................... 17 Figura 2.9 - Curvas I-V para diferentes valores de temperatura. ................................. 18 Figura 2.10 - Curvas P-V para diferentes valores de irradiância. ................................ 18 Figura 2.11 - Curvas P-V para diferentes valores de temperatura. .............................. 19 Figura 2.12 – Diagrama de bloco da modelagem do painel. ....................................... 20 Figura 2.13 - Bloco compactado da modelagem do painel. ......................................... 20 Figura 2.14 - Curva I-V da região de polarização reversa. .......................................... 22 Figura 2.15 - String composta por um modulo sombreado e outro não sombreado. ... 22 Figura 2.16 - String com diodos bypass. ..................................................................... 23 Figura 2.17 - Matriz solar fotovoltaica 3x3 parcialmente sombreada. .......................... 24 Figura 2.18 - Curvas P-V com e sem diodo bypass. ................................................... 25 Figura 3.1 - Módulo fotovoltaico conectado diretamente à carga. ............................... 28 Figura 3.2 - Curvas de geração fotovoltaica e curvas de carga. .................................. 28 Figura 3.3 - Módulo solar conectado à carga por meio de um conversor. ................... 29 Figura 3.4 - Representação simplificada da carga variável mediante a utilização de um conversor CC-CC. ...................................................................................................... 31 Figura 3.5 - Inclinação da curva de carga em função do ciclo de trabalho D. .............. 31 Figura 3.6 - Topologia básica do conversor SEPIC. .................................................... 32 Figura 3.7 - Montagem do conversor SEPIC. .............................................................. 36 Figura 3.8 - Circuito de condicionamento da corrente. ................................................ 38 Figura 3.9 - Curva de calibração e de resíduos da corrente. ....................................... 40 Figura 3.10 - Circuito de condicionamento da tensão. ................................................ 41 Figura 3.11 - Curva de calibração e resíduos da tensão. ............................................ 42 xii Figura 3.12 - Circuito de acionamento do MOSFET. ................................................... 42 Figura 3.13 - Esquema de ligação do reed-relay. ........................................................ 44 Figura 3.14 - Esquemático completo do projeto. ......................................................... 45 Figura 3.15 - Circuito de controle. ............................................................................... 46 Figura 3.16 - Circuito experimental completo. ............................................................. 46 Figura 4.1 - Fluxograma do método perturba e observa (P&O). .................................. 49 Figura 4.2 - Funcionamento do P&O em um arranjo parcialmente sombreado. .......... 50 Figura 4.3 - Fluxograma do método da varredura. ...................................................... 51 Figura 4.4 - Movimentação das partículas no espaço de pesquisa. ............................ 55 Figura 4.5 - Fluxograma do PSO. ............................................................................... 56 Figura 4.6 - Segmento de reta [a, b] dividido conforme a seção áurea. ...................... 59 Figura 4.7 - Funcionamento da GSO. ......................................................................... 61 Figura 4.8 - Fluxograma do GSO, adaptado de [9]. .................................................... 61 Figura 4.9 - Apresentação do conceito da reta de carga. ............................................ 62 Figura 4.10 - Fluxograma do AMPPT. ......................................................................... 63 Figura 4.11 - Mecanismo de pesquisa pelo máximo global do BD-MPPT. .................. 65 Figura 4.12 - Fluxograma do BD-MPPT. ..................................................................... 66 Figura 4.13 - Partições e inclinações da curva P-V. .................................................... 67 Figura 4.14 - Determinação da inclinação SK. ............................................................. 69 Figura 4.15 - Fluxograma do S-MPPT [10]. ................................................................. 69 Figura 5.1 - Circuito utilizado na plotagem gráfica da curva I-V do módulo. ................ 72 Figura 5.2 – Curvas I-V reais e simuladas para diferentes valores de irradiância. ...... 72 Figura 5.3 - Curva real e simulada para diferentes valores de temperatura. ............... 73 Figura 5.4 - Curvas PxV para diferentes padrões de sombreamento: (a) Padrão 1, (b) Padrão 2, (c) Padrão 3. ............................................................................................... 74 Figura 5.5 - Circuito completo utilizado na simulação. ................................................ 75 Figura 5.6 - Resultados do padrão de teste 1 para o P&O. ......................................... 77 Figura 5.7 - Resultados do padrão de teste 2 para o P&O. ......................................... 77 Figura 5.8 - Resultados do padrão de teste 3 para o P&O. ......................................... 78 Figura 5.9 - Resultados do padrão de teste 1 para o método da varredura. ................ 79 Figura 5.10 - Resultados do padrão de teste 2 para o método da varredura. .............. 79 Figura 5.11 - Resultados do padrão de teste 3 para o método da varredura. .............. 80 Figura 5.12 - Resultados do padrão de teste 1 para a método PSO. .......................... 82 Figura 5.13 - Resultados do padrão de teste 2 para a método PSO. .......................... 82 Figura 5.14 -Resultados do padrão de teste 3 para a método PSO. ........................... 83 Figura 5.15 - Resultados do padrão de teste 1 para a método DPSO. ........................ 84 Figura 5.16 - Resultados do padrão de teste 2 para a método DPSO. ........................ 84 xiii Figura 5.17 - Resultados do padrão de teste 3 para a método DPSO. ........................ 85 Figura 5.18 - Resultados do padrão de teste 1 para a método GSO. .......................... 86 Figura 5.19 - Resultados do padrão de teste 2 para a método GSO. .......................... 86 Figura 5.20 - Resultados dopadrão de teste 3 para a método GSO. .......................... 87 Figura 5.21 - Resultados do padrão de teste 1 para a método A-MPPT. .................... 88 Figura 5.22 - Resultados do padrão de teste 2 para a método A-MPPT. .................... 88 Figura 5.23 - Resultados do padrão de teste 3 para a método A-MPPT. .................... 89 Figura 5.24 - Explicação da ineficiência do método A-MPPT. ..................................... 89 Figura 5.25 - Resultados do padrão de teste 1 para a método BD-MPPT. .................. 91 Figura 5.26 - Resultados do padrão de teste 2 para a método BD-MPPT. .................. 91 Figura 5.27 - Resultados do padrão de teste 3 para a método BD-MPPT. .................. 92 Figura 5.28 - Explicação da falha da estratégia BD-MPPT.......................................... 92 Figura 5.29 - Resultados do padrão de teste 1 para a método S-MPPT. .................... 94 Figura 5.30 - Resultados do padrão de teste 2 para a método S-MPPT. .................... 94 Figura 5.31 - Resultados do padrão de teste 3 para a método S-MPPT. .................... 95 Figura 5.32 - Explicação da ineficiência do método S-MPPT para o padrão de teste 3. ................................................................................................................................... 96 Figura 5.33 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 1; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ....................... 98 Figura 5.34 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 2; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ..................... 100 Figura 5.35 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 3; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ..................... 102 Figura 6.1 - Matriz fotovoltaica empregada nos testes experimentais. ...................... 104 Figura 6.2 - Bancada de teste com os principais instrumentos. ................................ 105 Figura 6.3 - Emulação do sombreamento com tecido TNT. ...................................... 106 Figura 6.4 - Resultados do método P&O: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ................................................................................................ 108 Figura 6.5 - Resultados do método Varredura: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ............................................................................................ 109 Figura 6.6 - Resultados do método PSO: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ................................................................................................ 110 Figura 6.7 - Resultados do método DPSO: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ................................................................................................ 111 Figura 6.8 - Resultados do método GSO: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ................................................................................................ 112 xiv Figura 6.9 - Resultados do método A-MPPT: (a) Padrão de teste 1; (b) Padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. .................................................................................... 113 Figura 6.10 - Resultados do método BD-MPPT: (a) padrão de teste 1; (b) padrão de teste 2; (c) padrão de teste 3. ............................................................................... 114 Figura 6.11 - Resultados do método S-MPPT: (a) padrão de teste 1; (b) padrão de teste 2; e (c) padrão de teste 3. ......................................................................................... 115 Figura 6.12 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 1; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ..................... 117 Figura 6.13 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 2; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ................... 119 Figura 6.14 - Comparação gráfica entre os métodos para o padrão de teste 3; (a) Eficiência, (b) Potência recuperada (PA), (c) Tempo de estabilização. ..................... 121 Lista de tabelas Tabela 2.1 Principais parâmetros do módulo fotovoltaico obtido por conexão série e paralelo da célula solar fotovoltaica. ........................................................................... 13 Tabela 2.2 - Parâmetros do módulo KM(P)5 da Komaes solar® [31]. .......................... 14 Tabela 2.3 - Obtenção dos parâmetros do módulo KM(P)5 (KOMAES SOLAR®). ...... 17 Tabela 3.1 – Especificações da matriz solar fotovoltaica adotada na dissertação. ...... 32 Tabela 3.2 - Especificações do conversor SEPIC. ...................................................... 33 Tabela 3.3 - Especificações do Microcontrolador ATmega328P. ................................ 37 Tabela 3.4 - Parâmetros do circuito condicionador de corrente. ................................. 39 Tabela 3.5 - Parâmetros do circuito de condicionamento de tensão. .......................... 41 Tabela 5.1 - Condições climáticas de operação do sistema fotovoltaico adotado. ...... 73 Tabela 5.2 - Resultados do método P&O. ................................................................... 78 Tabela 5.3 - Resultados do método da Varredura. ...................................................... 80 Tabela 5.4 - Parâmetros do PSO. ............................................................................... 81 Tabela 5.5 - Resultados do método PSO. ................................................................... 81 Tabela 5.6 - Resultados do método DPSO. ................................................................ 85 Tabela 5.7 - Resultados do método GSO. .................................................................. 87 Tabela 5.8 - Resultados do método A-MPPT. ............................................................. 90 Tabela 5.9 - Resultados do método BD-MPPT. ......................................................... 93 Tabela 5.10 - Resultados do método S-MPPT. ........................................................... 96 Tabela 5.11 - Resultados dos métodos avaliados para o padrão de teste 1. .............. 97 Tabela 5.12 - Resultados dos métodos avaliados para o padrão de teste 2. .............. 99 Tabela 5.13 - Resultados dos métodos avaliados para o padrão de teste 3. ............ 101 Tabela 6.1 - Perfis de sombreamento. ...................................................................... 106 Tabela 6.2 - Condições climáticas de operação do sistema fotovoltaico adotado. .... 107 Tabela 6.3 - Resultados do método P&O. ................................................................. 108 Tabela 6.4 - Resultados do método da Varredura. .................................................... 109 Tabela 6.5 - Resultados do método PSO. ................................................................. 110 Tabela 6.6 - Resultados do método DPSO. .............................................................. 111 Tabela 6.7 - Resultados do método GSO. ................................................................ 113 Tabela 6.8 - Resultados do método A-MPPT. ........................................................... 114 Tabela 6.9 - Resultados do método BD-MPPT. ........................................................ 115 Tabela 6.10 - Resultados do Método S-MPPT. ......................................................... 116 xvi Tabela 6.11 - Resultados dos métodos avaliados para o padrão de teste 1. ............ 116 Tabela 6.12 - Resultados dos métodos avaliados para o padrão de teste 2. ............ 118 Tabela 6.13 - Resultados dos métodos avaliados para o padrãode teste 3. ............ 120 Tabela 6.14 - Comparação entre os resultados de simulação e experimentais, para o padrão de teste 1. ..................................................................................................... 122 Tabela 6.15 - Comparação entre os resultados de simulação e experimentais, para o padrão de teste 2. ..................................................................................................... 122 Tabela 6.16 - Comparação entre os resultados de simulação e experimentais, para o padrão de teste 3. ..................................................................................................... 123 Lista de abreviaturas e símbolos a: Fator de idealidade BD-MPPT: Bypass Diodes MPPT BL: Bridge-linked – Conexão em Ponte c1 e c2: Constantes de aceleração Cbar: Capacitor de barramento CCR: Constant Current Region – Região de Corrente Constante D: Razão cíclica ou ciclo de trabalho do conversor DPSO: Deterministic Particle Swarm Optimization - Otimização Deterministica por Enxame de Partículas Efóton: Energia do fóton EG: Energia de banda proibida fc: Frequência de corte fMPPT: Frequência de amostragem fs: Frequência de comutação Gbest: Melhor partícula em toda população Gi: Ganho estático de corrente GMPP: Global Maximum Power Point – Ponto de Máxima Potência Global GMPPT: Global Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência Globa GPA: Global Peak Area – Área de Pico Global GSO: Golden Section Optimization - Otimização por Seção Áurea Gv: Ganho estático de tensão h: Constante de Planck I0: Corrente de saturação reversa do diodo (A) IBT2: Corrente de base do transistor Icarga: Corrente de saída do conversor Icel: Corrente de saida da célula ICT2: Corrente no coletor do transistor IDcel: Corrente reversa do diodo Im: Corrente de máxima potência Io: Corrente de saída xviii IPcel: Corrente de fuga Iphcel: Corrente fotogerada Iphcel(ref): Corrente fotogerada pela célula em STC Isc: Corrente de curto circuito Isccel: Corrente de curto-circuito da célula Ishunt: Corrente do resistor Shunt k: Constante de Boltzamann (1,3810-23 J/K) KI: Coeficiente da corrente de curto-circuito KV: Coeficiente da tensão de circuito aberto (V/K) LM: Local Maximum – Máximo Local MCC: Modo de Condução Contínua MPPT: Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência NBD,M: Número de diodos bypass conectados em paralelo com um grupo de células ns: Número de células em série NS: Número de módulos conectados em série PA: Área da potência abaixo da curva Pbest: Melhor posição pessoal da partícula Pi: Potência de entrada Pmax: Máxima potência PMPP: Ponto de máxima potência global da curva P-V Po: Potência de saída PSO: Particle Swarm Optimization – Otimização Por Enxame de Partículas q: Carga do elétron (1,60210-19 C) r1 e r2: Valores aleatórios Re: Carga efetiva vista do módulo Rf: Resistor de filtro RPcel: Resistência em paralelo da Célula RScel: Resistência série da Célula Rshunt: Resistor Shunt S: Irradiância (W/m²) SEPIC: Single Ended Primary Inductance Converte SK: Inclinação da curva P-V SP: Série e Paralelo Sref: Irradiância de referencia (1000 W/m²), em STC T: Irradiância (W/m²) xix TCT: Total Cross-Tied – Conexão Total-Cruzada Tref: Temperatura de referência v: Frequência da onda Vb: Tensão de ruptura Vcarga: Tensão de saída do conversor Vcel: Tensão de saida da célula VCET2: Tensão de coletor do transisto Vi(t+1): Velocidade da partícula Vimax: Tensão máxima entrada Vimin: Tensão mínima de entrada VLIM: Tensão limite Vm: Tensão de máxima potência Vo: Tensão de saída Voc: Tensão de circuito aberto Voc,m: Tensão de circuito aberto do módulo Voccel: Tensão de circuito aberto da célula Vshunt: Tensão no resistor shunt Vt: Tensão térmica (V) w: Peso de inercia α: Seção áurea ΔC1: Máxima Ondulação da tensão no capacitor C1 ΔD: Pertubação no ciclo de trabalho ΔL1: Máxima Ondulação da corrente no indutor L1 ΔL2: Máxima Ondulação da corrente no indutor L2 ΔP: Variação de potência ΔV1st: Número de diodos bypass conectados em paralelo com um grupo de células ΔVC2: Tensão de Ondulação no capacitor C2 ΔVPV: Ripple de tensão nos bornes de saída do módulo/matriz fotovoltaica η: Eficiência do módulo Ф: Razão áurea Capítulo 1 1. Introdução geral 1.1 Definição do problema A crescente demanda de energia e alimento vem acarretando profundas mudanças no meio ambiente e na qualidade de vida da sociedade, colocando a comunidade científica diante de novos desafios em um mundo com recursos naturais limitados. O crescimento da demanda energética, somado à perspectiva de redução dos suprimentos de fontes de energias convencionais, tem sido motivo de preocupação, com forte impacto na economia mundial. O Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas aponta que as mudanças climáticas são uma realidade e decorrem, sobretudo, do aumento das emissões dos gases de efeito estufa pelo consumo de combustíveis fósseis [1]. Sem dúvida, um esforço mundial vem sendo realizado para o uso cada vez mais intenso das fontes alternativas de energia, que acarretem em um menor impacto socioambiental nos próximos anos, como uma forma de mitigar os efeitos do aquecimento global. Além da redução de emissões dos gases de efeito estufa, esses esforços promovem o desenvolvimento sustentável e em equilíbrio com o meio ambiente. Nas últimas décadas, houve um desenvolvimento significativo no que tange às tecnologias voltadas à produção de energia alternativa, sendo que a eletricidade pode ser gerada por meio dos ventos (eólica), do Sol (fotovoltaica, heliotérmica), do mar (maremotriz), da terra (geotérmica), entre outras fontes. Cabe destacar que a grande maioria dessas fontes energéticas apresentam um potencial teórico que supera a demanda energética mundial. Entre esses recursos, a energia solar fotovoltaica tem ganhado um importante destaque no cenário global. Calcula-se que a taxa de crescimento médio anual entre os anos de 2000 a 2016 foi de 41%. Essa grande evolução se deve, em boa parte, às políticas de subsídios e incentivos proporcionados por diversos governos ao redor do mundo, além dos esforços consideráveis da comunidade científica no desenvolvimento de células solares cada vez mais eficientes e baratas, reduzindo assim o fator kW/$, conforme a Figura 1.1 [2]. Capítulo 1 - Introdução 2 Apesar dos avanços tecnológicos, sabe-se que o rendimento médio de uma célula solar fotovoltaica comercial ainda é muito baixo, não passando de 20% [3]. Além disso, a eficiência dos sistemas fotovoltaicos é fortemente influenciada pelas condições climáticas, sendo o sombreamento um fenômeno frequente e de grande impacto na energia gerada. Em diversas circunstâncias, uma matriz fotovoltaica pode estar submetida a uma iluminação não uniforme em decorrência da passagem de nuvens, sujeira, edificações da vizinhança, árvores, entre outros. Isso acarreta, além da diminuição da potência gerada, o surgimento de pontos quentes (hot spots), que elevam a temperatura da célula, consomem potência e, em situações de sombreamento mais severas, podem levar ao rompimento da célula solar tornando parte do sistema inoperante [4]. Figura 1.1 - Diminuição do kW/$ ao longo dos anos, adaptado de [2]. Existem diversas soluções na literatura com o intuito de mitigar o efeito do sombreamento, sendo as principais citadas a seguir: ➢ Sistema com microconversores: nessa estratégia, cada módulo é conectado, de forma individual, a um conversor, em que cada um opera seu próprio sistema de rastreamento do ponto de máxima potência. Apesar deproporcionar bons resultados, a complexidade da implementação aliada ao alto custo não justifica sua implementação. ➢ Reconfigurações dos módulos: por meio de uma matriz de configurações, é possível, com essa técnica, alterar as posições dos módulos com o intuito de equalizar os níveis de irradiância e, consequentemente, obter uma recuperação da potência perdida. Apesar de ser economicamente viável, em matrizes muito grandes a complexidade devido ao grande número de interruptores torna inviável sua implementação. 1977 1981 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 10 20 30 40 50 60 70 80 90 D o ll a r (U $ ) p o r w a tt U$ 76,00 U$ 0,30 Capítulo 1 - Introdução 3 ➢ Diodo bypass: nesse método, diodos são conectados em antiparalelo com os módulos fotovoltaicos. Assim, evita-se que, quando sombreados, os mesmos sejam percorridos por correntes reversas. Entre as estratégias mencionadas, a solução mais utilizada devido à simplicidade, é o diodo bypass. Embora haja uma recuperação energética considerável mediante a utilização desse método, haverá o surgimento de um problema que fundamenta esse trabalho e será detalhado na próxima seção. 1.2 Objetivos do trabalho A estratégia do diodo bypass é uma solução recorrente na recuperação da energia de sistemas solares fotovoltaicos. Entretanto, a inserção do mesmo aumenta o número de picos da curva P-V, passando de um simples problema de MPPT (Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência), para um complexo problema de otimização, isto é, haverá diversos máximos locais e um único máximo global. Para lidar com esse problema, as convencionais técnicas de MPPT, perturba e observa e a condutância incremental, são ineficientes pois, devido à sua natureza de (Hill Climbing – Subida de Colina), não conseguem distinguir um máximo local de um global, o que pode levar, em algumas situações, a perdas de até 70% do sistema fotovoltaico [5]. Técnicas mais sofisticadas têm surgidos recentemente na literatura, com o intuito de lidar com esse problema [5-12]. Com isso, o principal objetivo dessa dissertação consiste em realizar uma apresentação e análise detalhada dos principais métodos de GMPPT (Global Maximum Power Point Tracking – Rastreamento do Ponto de Máxima Potência Global) para sistemas parcialmente sombreados. Dentre a grande variedade de estratégias encontradas, opta-se pela análise de métodos que possuem princípios de funcionamento distintos, destacando-se as técnicas de algoritmos bioinspirados [7, 12], estratégias por otimização matemática [9], varredura [11] e reta de carga [8]. Para a análise de cada método, serão considerados os seguintes indicadores: capacidade do algoritmo em encontrar o ponto de máxima potência global ou GMPP (Global Maximum Power Point – Ponto de Máxima Potência Global); eficiência de cada método e o seu tempo de acomodação. Espera-se por meio dessa investigação concluir qual método melhor se adequa a esse problema. Capítulo 1 - Introdução 4 1.3 Estrutura do trabalho Essa dissertação é estruturada com o intuíto de apresentar os conceitos envolvidos na busca pelo ponto de máxima potência global ou GMPPT, evidenciado os pontos mais importantes. A organização dos capítulos é realizada da seguinte maneira. Capítulo 2 - Esse capítulo apresenta a caracterização de sistemas solares fotovoltaicos como um todo, desde o princípio de funcionamento, incluindo também o equacionamento, a modelagem computacional, a determinação dos parâmetros do módulo, os efeitos do sombreamento e suas consequências, bem como as formas de mitigá-lo. Capítulo 3 - Apresenta os conceitos envolvidos no rastreamento do ponto de máxima potência, tal como a ideia envolvida no ponto de operação. Além disso, é exposto o roteiro de projeto do conversor SEPIC (Single-Ended Primary Inductance Converter) e dos circuitos auxiliares, que são fundamentais para o correto funcionamento do sistema. Capítulo 4 - Tem-se uma explicação detalhada dos principais métodos de GMPPT. Capítulo 5 - São demonstrados os principais procedimentos envolvidos nas simulações computacionais. Com o intuito de verificar o comportamento de cada método mediante ao sombreamento parcial, realizam-se os testes para diferentes padrões de sombreamento. Na sequência, realiza-se uma análise comparativa dos seguintes itens: capacidade do método em determinar o GMPP, eficiência e tempo de acomodação. Capítulo 6 - A bancada de testes desenvolvida e os resultados experimentais são apresentados nesse capítulo. Então, realiza-se uma análise similar à apresentada no capítulo anterior. Capítulo 7 - Esse capítulo traz a conclusão geral do trabalho e as propostas de trabalhos futuros. Capítulo 2 2. Sistemas solares fotovoltaicos 2.1 Considerações iniciais O estudo detalhado dos aspectos de funcionamento do sistema solar fotovoltaico é fundamental para o entendimento e desenvolvimento desse trabalho. Por meio do conhecimento adquirido nesse capítulo, será possível, por exemplo, projetar de maneira adequada os elementos essenciais, tanto para a simulação computacional quanto para os experimentos práticos, que serão expostos ao longo dessa dissertação. Para tanto, são abordados nesse capítulo conceitos importantes como princípio de funcionamento da célula solar, características elétricas, equacionamento, modelagem, o efeito do sombreamento e algumas outras definições importantes. 2.2 Breve histórico da energia solar fotovoltaica O primeiro registro que se tem da descoberta do efeito fotovoltaico, isto é, geração de energia elétrica por meio da luz solar, consta de 1839 [13, 14]. Naquele ano, o pesquisador francês Edmond Becquerel observou que, ao iluminar uma solução ácida, surgia uma pequena diferença de potencial entre os eletrodos imersos nessa solução. Entretanto, dada a limitação técnica e científica da época, não foi possível explicar a razão da ocorrência desse fenômeno [15]. Nas décadas seguintes, com o desenvolvimento da mecânica quântica em 1905 ou, mais especificamente, da física dos materiais semicondutores, foi possível tornar esse fenômeno, até então empírico, em algo de cunho científico [3]. Tomando como base esse novo ramo da ciência, diversos pesquisadores trabalharam no desenvolvimento e aprimoramento dessa tecnologia, sendo que a mesma ficou, basicamente, confinada em laboratórios nas décadas seguintes [3], até que em 1953, nos laboratórios da Bell, o físico Calvin Fuller, por meio de um processo conhecido como dopagem, desenvolveu a primeira célula solar fotovoltaica baseada em silício, com um rendimento de 6%. Assim, esse elemento tornou-se base das tecnologias comerciais empregadas até os dias atuais [3, 13-15]. Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 6 Nas décadas seguintes, pouco esforço foi realizado na tentativa de aprimorar essa tecnologia, tendo em vista suas restritas aplicações em missões espaciais. Entretanto, devido à primeira crise do petróleo em 1973, a mesma passou a ser vista como uma solução em potencial para a escassez energética que acometia o mundo naquela época. Com isso, um esforço mundial culminou na primeira célula com o rendimento de 20% e na primeira empresa voltada ao setor fotovoltaico, denominada SOLAREX [16]. Nas décadas de 1980 e 1990, diante de evidências cada vez mais concretas das alterações climáticas, diversos governos ao redor do mundo incentivaram, por meio de políticas de fomento, a ampliação e desenvolvimento da energia solar fotovoltaica. Por meio dessas medidas, teve-se uma diminuição substancial do preço da célula solar fotovoltaica, o que proporcionou, em 1982, a criação da primeira usina fotovoltaica de grande porte (MW) nos Estados Unidos e, em 1990, o programa “telhados fotovoltaicos” na Alemanha [16]. Atualmente,o estado da arte da tecnologia fotovoltaica consiste de células com o rendimento de 44,7%. Para alcançar esse patamar, utilizou-se uma tecnologia conhecida como multijunções, que possui capacidade de absorver uma maior faixa do espectro de frequência, entretanto, devido ao alto custo de fabricação, não há expectativas de uso comercial nos próximos anos [17]. 2.3 Princípio de funcionamento da célula solar fotovoltaica Com o intuído de realizar a modelagem matemática da célula solar fotovoltaica, é necessário compreender, de antemão, alguns aspectos da construção e funcionamento da mesma. Sabe-se que o principal material empregado na construção desse tipo de tecnologia é o silício e esse elemento em sua forma pura é denominado silício intrínseco [13]. Nesse estado, o número de elétrons é igual ao de lacunas e, para que isso ocorra, é necessário que o semicondutor passe por um cuidadoso processo químico conhecido como ionização térmica, que eleva a pureza a um patamar entre 99,99% a 99,9999%. Em seguida, por meio de um procedimento conhecido como dopagem, certas impurezas são adicionadas de maneira controlada, passando a ser denominado silício extrínseco ou dopado [13, 14]. Uma premissa importante no processo de dopagem, é que o silício possui a capacidade de realizar quatro ligações covalentes [18], com isso, ao contaminar o silício com um elemento pentavalente, isto é, que possui cinco elétrons em sua camada de valência, geralmente o fósforo, o material passará a ter um elétron em excesso, sendo Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 7 denominado substrato tipo n, conforme pode ser visto na Figura 2.1 (a). O mesmo processo se aplica ao substrato tipo p, que, nesse caso, será contaminado com um elemento trivalente, geralmente o boro, e passando a ter uma lacuna em excesso, como mostra a Figura 2.1 (b) [13, 14, 18, 19]. (a) (b) Figura 2.1 - Dopagem do cristal de Silício: (a) cristal tipo n; (b) cristal tipo p [19]. Ao unir os dois substratos, ocorre uma rápida reconfiguração dos elétrons da rede cristalina, que é caracterizada pela migração de elétrons do lado n para o lado p e de lacunas do lado p para o lado n , formando na interface dos dois materiais, uma região denominada de “camada de depleção” e, consequentemente, uma diferença de potencial (Vpn), como pode ser visto na Figura 2.2 [13, 14]. Figura 2.2 - - Junção pn e camada de depleção em uma célula fotovoltaica, sob influência do campo elétrico E [19]. Ao atingir o equilíbrio, só será possível o fluxo de elétrons do lado n para o p caso o material receba energia de um meio externo, mais precisamente dos fótons. Para entender a viabilidade desse fenômeno, é necessário fazer uso da física quântica [20]. Por meio dessa teoria, sabe-se que a luz é composta por pequenos pacotes de energia, denominados fótons, que podem ser expressos matematicamente pela Equação de Planck representada por (2.1) [13, 14, 20]. fótonE h v= (2.1) Elétron SiSi Si Si Si Si Si Si P Lacuna SiSi Si Si Si Si Si Si B + + + + + + + + + + + + - - - - - - - - - - - - - - - - + + + + E - Vpn + Substrato Tipo P Camada de depleção Substrato Tipo n Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 8 em que h representa a constante de Planck, cujo valor é h=6,582x10-16 eV e v é a frequência da onda. Para haver uma efetiva circulação de elétrons na estrutura cristalina é necessário que a energia incidente do fóton Efóton seja maior que a energia de banda proibida EG do semicondutor [13, 14]. É importante frisar que o valor de EG depende do material utilizado na fabricação e, no caso do silício, esse valor é EG=1,12 eV. Com isso, pode- se obter uma expressão que fornece a frequência mínima para a ocorrência do efeito fotovoltaico por meio da equação (2.2). 12 -15 1,12 270,66×10 Hz 4,138×10 GEv v v h → → (2.2) Ou seja, para a ocorrência desse fenômeno, é necessária uma frequência superior à calculada em (2.2). Para uma melhor análise dessa grandeza, pode-se recorrer à representação do espectro eletromagnético da Figura 2.3 [13, 14]. Figura 2.3 - Espectro eletromagnético, [19]. A partir da Figura 2.3, observa-se que qualquer frequência superior à do infravermelho, inclusive a luz visível, possui energia suficiente para a ocorrência do efeito fotovoltaico em uma célula de silício [13, 14]. Finalmente, por meio da Figura 2.4, é possível resumir toda teoria apresentada até então e, além disso, a mesma servirá como base para a modelagem do circuito equivalente da célula solar fotovoltaica, apresentada na próxima seção. Figura 2.4 - Representação física da célula solar fotovoltaica, [19]. 1 2 3 4 5 6 10 4 10 6 10 8 10 10 10 12 10 14 10 14 10 16 10 18 10 20 10 22 Hz Espectro visível Espectro de ocorrência do efeito fotovoltaico para o silício 1 = Rádio 2 = Microondas 3 = Infravermelho 4 = Ultravioleta 5 = Raio-X 6 = Raios Gama Junção pn Região p Região n H.v>EG + - Iphcel V p h c e l Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 9 2.4 Modelagem e equacionamento da célula solar fotovoltaica Um esforço considerável tem sido desenvolvido ao longo das últimas décadas na tentativa de modelar, da maneira mais fiel possível, as características elétricas da célula solar fotovoltaica [14, 21, 22]. A junção pn da Figura 2.4 pode, de acordo com [23], ser representada eletricamente por um diodo, onde p representa o ânodo e n o cátodo. Conforme abordado na seção anterior, quando o mesmo está submetido a frequências acima do infravermelho, mais comumente a luz do Sol, surgirá um fluxo de corrente entre as junções, assim, uma maneira adequada de representar esse fenômeno é por meio de uma fonte de corrente. Com base nessas premissas, uma maneira simples de modelar eletricamente a Figura 2.4 é por meio do circuito representado pelo traço pontilhado da Figura 2.5 [24, 25], ou seja, uma fonte de corrente em antiparalelo com o diodo. Figura 2.5 - Representação elétrica da célula solar fotovoltaica. Na parte supracitada circuito da Figura 2.5, Iphcel retrata a corrente fotogerada pela célula quando submetido à luz solar e IDcel representa a corrente reversa que flui pela junção pn, ou seja, pelo diodo. Os parâmetros S1 e T simulam as condições ambientais, que são, respectivamente, a irradiação solar ou irradiância e a temperatura. O circuito obtido até o momento representa um importante progresso na modelagem da célula solar fotovoltaica, mas não contempla os parâmetros correspondente às perdas [14]. Para isso, é necessário compreender que, nesse dispositivo, existem essencialmente dois tipos de perdas: uma relacionada à queda de tensão entre os contatos metálicos, que pode ser representado por meio de uma resistência série RScel; e outra relacionado à corrente de fuga IPcel, que pode ser modelada por uma resistência em paralelo RPcel. Ambas são ilustradas no circuito completo da Figura 2.5 [14, 22, 24, 1 A irradiância é uma grandeza que quantifica a energia que incide em uma determinada área, sendo sua unidade W/m². TS Iphcel IDcel Vcel + - Icel IPcel RPcel RScel Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 10 26]. Finalmente, têm-se que Icel e Vcel são, respectivamente, a corrente e a tensão nos terminais da célula fotovoltaica. O circuito da Figura 2.5 é largamente conhecido na literatura como modelo de um diodo [14, 24]. Com o intuito de minimizar os erros decorrentes do mesmo, alguns autores propõem certas alterações, como a adição de um ou dois diodos [14, 24, 25, 27]. Entretanto, as pequenas melhorias resultantes dessas modificações não se justificam diante do aumento da complexidade do novo modelo [25]. Portanto, nessa dissertação, será utilizado apenas o modelo de um diodo. Mediante a Figura2.5, é possível obter o equacionamento que rege o comportamento da célula solar fotovoltaica. Para tanto, aplica-se primeiramente a lei de Kirchhoff das correntes ao nó principal do circuito. Assim, obtém-se a equação (2.3). cel phcel Dcel PcelI I I I= − − (2.3) A equação (2.3) fornece a expressão geral da corrente de saída de uma célula fotovoltaica. Contudo, é possível representá-la em função dos demais termos que a influenciam. A parcela Iphcel, de acordo com a teoria apresentada na seção anterior, é diretamente proporcional à irradiância. Além disso, outro paramento que exerce uma importante influência na corrente fotogerada é a temperatura. Sendo assim, pode-se expressar esse termo conforme a equação (2.4). ( )[ ( )]phcel phcel ref I ref ref S I I K T T S = + − (2.4) Em que: Sref – Irradiância de referência (1000 W/m²), em STC2 ; Iphcel(ref) – Corrente fotogerada pela célula em STC; Tref – Temperatura de referência (298,15 K); S – Irradiância (W/m²); T – Temperatura da célula (K); KI – Coeficiente da corrente de curto-circuito (A/K). Considerando a corrente que flui pelo diodo IDcel segundo [22], pode-se expressá-la pela equação (2.5). 2 STC ou (Standard Test Conditions), em português, Condições de Teste Padrão, trata-se de uma padronização adotada por cientistas e fabricantes no qual considera-se S=1000 W/m², T=25 ºC e 1.5 AM. Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 11 0 1 cel Scel cel t V R I V a DcelI I e + = − (2.5) Em que: I0 – Corrente de saturação reversa do diodo (A); Vt – Tensão térmica (V); a – Fator de idealidade. A tensão térmica é dada pela equação (2.6). . t k T V q = (2.6) Em que: k – Constante de Boltzmann (1,3810-23 J/K); q – Carga do elétron (1,60210-19 C). A corrente de saturação reversa I0 pode ser expressa em termos da dependência da temperatura por meio da equação (2.7) [22, 28]. 0 ( ) ( ) 1 V ref t sccel I ref Voccel K T T aV I K T T I e + − + − = − (2.7) Em que: Icel – Corrente de curto-circuito da célula; KV – Coeficiente da tensão de circuito aberto (V/K); Voccel – Tensão de circuito aberto da célula. Ao substituir a equação (2.7) em (2.5), obtém-se a expressão geral da corrente que flui pelo diodo em (2.8). ( ) ( ) 1 1 cel Scel cel t V ref t V R I V asccel I ref Dcel Voccel K T T aV I K T T I e e + + − + − = − − (2.8) O último termo da equação (2.3) dado por IPcel pode ser obtido facilmente pela aplicação de lei de Ohm ao nó principal do circuito, a partir do qual se obtém a equação (2.9) [22, 28, 29]. Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 12 cel Scel cel Pcel pcel V R I I R + = (2.9) Por fim, ao substituir as equações, (2.4), (2.8) e (2.9) em (2.3) , obtém-se a expressão geral (2.10), que caracteriza de maneira precisa as grandezas elétricas de saída de uma célula fotovoltaica. ( ) ( ) ( ) [ ( )] 1 1 cel Scel cel t V ref t V R I V asccel I ref phcel ref I ref Voccel K T T ref aV cel Scel cel pcel I K T TS I I K T T e S e V R I R + + − + − = + − − − − + − (2.10) A equação (2.10) representa a expressão mais importante de sistemas solares fotovoltaicos. Por meio desta, é possível compreender o comportamento das características elétricas de uma célula solar fotovoltaica. Além disso, essa representação servirá como base para a implementação do modelo utilizado na simulação computacional. 2.5 Célula, módulo e matriz fotovoltaica A célula solar fotovoltaica consiste da menor unidade de sistemas solares fotovoltaicos. Embora o tamanho da área física da célula não afete o valor de tensão, está diretamente relacionado ao nível de corrente. Por exemplo, uma única célula gera uma tensão, aproximada, de 0,6 V independente do seu tamanho, porém, quanto maior a célula, maior seu nível de corrente, além disso, a potência gerada não passa dos 4 W por célula [14]. Com o intuito de alcançar maiores níveis energéticos, essas células são conectadas em série e/ou paralelo, no qual passam a ser chamadas de módulos, com isso, o nível de potência, nos atuais modelos comerciais, pode chegar a 330 W. Entretanto, em diversas situações, esse nível de potência não atende à demanda energética de uma determinada instalação, sendo assim, os módulos fotovoltaicos podem ser agrupados em configurações como SP (Série e Paralelo), TCT (Total Cross- Tied – Conexão Total-Cruzada) ou BL (Bridge-linked – Conectado em Ponte), passando a ser chamado de matriz ou arranjo [30]. Para facilitar a compreensão desses termos, tem-se na Figura 2.6 uma ilustração que exemplifica essa classificação. Ao longo de todo texto, de acordo com a situação, serão utilizadas essas nomenclaturas. De acordo com essa explicação, conclui-se que um módulo, ou arranjo fotovoltaico, compõe-se da conexão série e paralelo de células fotovoltaicas. Assim, os conceitos Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 13 apresentados nas seções anteriores aplicam-se igualmente a esses modelos mais complexos. Para tanto, é necessário realizar algumas alterações, conforme apresentado na Tabela 2.1 [19]. As modificações apresentadas pela Tabela 2.1 contabilizam o número de células conectadas em série e/ou em paralelo. Ou seja, basicamente, a conexão de células em série contribui para o aumento da tensão, enquanto a configuração em paralelo acarreta em uma adição de corrente. Figura 2.6 - Definição de célula, módulo e matriz fotovoltaica. Tabela 2.1 Principais parâmetros do módulo fotovoltaico obtido por conexão série e paralelo da célula solar fotovoltaica. Célula fotovoltaica Módulo/Matriz fotovoltaica Número de células em paralelo 1 nP Número de células em série 1 nS Resistência série Rscel sS Scel p n R R n = Resistência paralela RPcel = s p Pcel p n R R n Corrente fotogerada Iphcelref ( ) ph S ph celI n I= Tensão de saída Vcel S celV n V= Corrente de saída Icel P celI n I= Potência de saída Pcel cel p sP nP n= Célula Módulo Arranjo/ Matriz Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 14 Usando a Tabela 2.1, pode-se alterar a equação (2.10), obtendo-se a expressão geral, (2.11), que fornece a relação entre corrente e tensão de saída de um módulo ou matriz solar fotovoltaica. ( ) ( ) [ ( )] 1 1 S s t V ref s t V R I n aVsc I ref S phref I ref Voc K T T ref pn aV I K T T V R IS I I K T T e S R e + + − + − + = + − − − − − (2.11) 2.6 Determinação dos parâmetros do módulo solar fotovoltaico Uma importante ferramenta na análise do comportamento de sistemas fotovoltaicos é a curva I-V e P-V, a obtenção da mesma se dá por meio da equação (2.11). Entretanto, para que seja possível realizar a plotagem dessas curvas, é necessário conhecer cada termo dessa expressão. Para isso, toma-se como exemplo os dados fornecidos pelo datasheet do modelo KM(P)5 da Komaes Solar® [31], resumidos na Tabela 2.2. Tabela 2.2 - Parâmetros do módulo KM(P)5 da Komaes solar® [31]. Características elétricas do Módulo KM(P)5 Modelo KM(P)5 Máxima potência Pmax (W) 5 Tensão de máxima potência Vm (V) 17,56 Corrente de máxima potência Im (A) 0,286 Tensão de circuito aberto Voc (V) 21,52 Corrente de curto-circuito Isc (A) 0,31 Eficiência do módulo η(%) 9,1 Número de células em série ns 36 Coeficiente de curto-circuito KI(A/K) 0.00033 Coeficiente de tensão KV(V/K) -0.0731 Coeficiente de potência %/K -0.5 Ao analisar a equação (2.11), juntamente coma Tabela 2.2 (que apresenta os principais parâmetros fornecidos pelo fabricante), constata-se a ausência de quatro parâmetros: a corrente fotogerada Iph(ref), o fator de idealidade a e as resistências série e paralela RS e RP. Assim, observa-se a existência de uma equação transcendental, pois haverá apenas uma equação para as quatro variáveis mencionadas [32, 33]. Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 15 Para lidar com esse problema, diversos autores propõem métodos interativos com o intuito de determinar essas variáveis [22, 24, 25, 27, 28, 32, 34, 35]. Em [36], é realizada uma análise detalhada dos principais algoritmos existentes na literatura e, por meio desse estudo, conclui-se que o método mais adequado, ou seja, que fornece menores erros no ajuste da curva, é o método de Villalva [28]. O método de Villalva ajusta a curva do módulo solar fotovoltaico por meio de sucessivas alterações nas resistências série RS e paralelo RP, para isso, parte-se da premissa que existe apenas um par de resistências (RS ,RP) que garante que a potência do modelo (Pmodelo) seja igual à potência real fornecida no datasheet (Pmax), ou seja Pmodelo=Pmax=VmIm. Para a implementação do método, primeiramente, o autor assume que o fator de idealidade “a” pode ser escolhido de maneira arbitrária, assumindo um valor constante, que geralmente se encontra entre 1 e 2, e, de acordo com o ajuste obtido, esse valor pode ser alterado para uma melhor adequação da curva. Em seguida, uma relação entre RS e RP é obtida, assumindo que Pmax=Pmodelo, conforme é apresentado na equação (2.12). mI mod 0 max1 m S S t V R n aV m S m elo m m m ph P V R I P V I V I I e P R + + = = − − − = (2.12) O termo entre colchetes da equação (2.12), representa a corrente de saída conforme a expressão (2.11), entretanto, considerando-a no seu ponto de máxima potência. Em seguida, resolvendo essa igualdade em termos de RP, obtém-se a equação (2.13). mI 0 0 max ( ) m S S t m m m S P V R n aV m ph m mp V V I R R V I V I e V I P + + = − + − (2.13) A equação (2.13) indica que, para cada valor de RS, haverá um único valor de RP que faz com que a curva do modelo se aproxime da curva real. No decorrer de cada iteração, uma modificação nos valores de RS e RP é efetuada e essa alteração também é utilizada para atualizar o valor da corrente fotogerada Iph conforme a seguinte equação: ( ) P S ph ref sc P R R I I R + = (2.14) Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 16 Alguns autores, por simplicidade, consideram Iph(ref)=Isc. Embora esta seja uma aproximação aceitável em algumas situações, pode não fornecer valores adequados. Sendo assim, a equação (2.14) proporciona uma melhor aproximação da corrente fotogerada, tornando o modelo mais preciso. Por fim, os valores iniciais de RP e RS são necessários antes do começo do processo iterativo. Para isso, o autor considera que o valor de RS igual a zero enquanto o valor de RP(min) é dado pela equação (2.15). (min) I I m oc m P sc m mp V V V R I − = − + (2.15) Após a apresentação de todo equacionamento pertinente ao método, o respectivo fluxograma do método é apresentado na Figura 2.7. Figura 2.7 - Fluxograma do método de Villalva, adaptado de [28]. Nesse processo iterativo, RS deve ser lentamente incrementado por meio de um passo começando de RS=0. Salienta-se que, quanto menor o passo, mais preciso se torna o algoritmo, entretanto, maior o esforço computacional. Observa-se pelo método que o ajuste da curva, a fim que esta coincida com os dados experimentais, requer encontrar várias curvas para os diversos valores de RS e RP. O código em linguagem MATLAB® que descreve a implementação desse método é apresentado no Apêndice 8.1. Após algumas simulações, constatou-se que o fator de Entrada: T, S; dados da tabela 2.2; IO eq. (2.7); RS = 0 RP = RP,min eq(2.15) ePmax > tol Iph(ref) eq. (2.14) IPh eq. (2.4) RP eq. (2.13) Resolver eq. (2.11) para 0 < V < Voc Calcular P para 0 < V < Voc Encontre Pmax ePmax = |Pmax – Pmax,e| Incremente RS = RS + passo FIM SIM NÃO Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 17 idealidade mais adequado para o módulo em questão é a=1,6. Os demais resultados para passos cada vez mais precisos são apresentados na Tabela 2.3. Tabela 2.3 - Obtenção dos parâmetros do módulo KM(P)5 (KOMAES SOLAR®). Tolerância=0,0001, a=1,6 Incremento em RS RS(Ω) RP(Ω) Iphref(A) RS + 0,01 0,6900 117288,4 0,3100 RS + 0,001 0,6800 114145,0 0,3100 RS + 0,0001 0,6786 112491,4 0,3100 RS + 0,00001 0,6784 112328,6 0,3100 Após a determinação de todos os parâmetros pertinentes à equação (2.11), é possível realizar a construção gráfica da curva I-V do módulo solar fotovoltaico, conforme a Figura 2.8 e a Figura 2.9. Para isso, utilizou-se o diagrama de blocos que é apresentado na Seção 2.7. Figura 2.8 - Curvas I-V para diferentes valores de irradiância. Na Figura 2.8, é apresentada a curva característica I-V do módulo solar fotovoltaico para diferentes valores de irradiância. Percebe-se que o valor da corrente de curto- circuito está diretamente relacionado com a incidência de irradiância, tendo em vista que uma redução de 90% da irradiância, isto é, de 1000 W/m² para 100 W/m², acarreta em uma redução de 90% da corrente de curto-circuito. Já na Figura 2.9, têm-se as curvas I-V para diferentes valores de temperatura. Nesse caso observa-se uma maior dependência na tensão de circuito aberto. Tensão (V) 0 5 10 15 20 25 C o rr e n te (A ) 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 1000 W/m² e 25 °C 500 W/m² e 25 °C 100 W/m² e 25 °C Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 18 Figura 2.9 - Curvas I-V para diferentes valores de temperatura. Na Figura 2.10, tem-se a curva P-V para diferentes valores de irradiância. É importante destacar que, dada a característica da curva, existe de um único ponto de máxima potência, ou seja, em que o produto da tensão e corrente é máximo e, nessa situação, a inclinação da reta tangente é zero. Além disso, observa-se o forte impacto da irradiância na potência gerada. Figura 2.10 - Curvas P-V para diferentes valores de irradiância. Na Figura 2.11, observa-se a curva P-V para diferentes valores de temperatura. Percebe-se, que essa grandeza também afeta a potência gerada. Entretanto, como o módulo não está sujeito a grandes variações de temperatura, essa grandeza tende a exercer menor influência. Tensão (V) 0 5 10 15 20 25 C o rr e n te (A ) 0 0.05 0.1 0.15 0.2 0.25 0.3 0.35 1000 W/m² e 25 °C 1000 W/m² e 45 °C 1000 W/m² e 65 °C Tensão (V) 0 5 10 15 20 25 P o tê n c ia ( W ) 0 1 2 3 4 5 1000 W/m² e 25 °C 500 W/m² e 25 °C 100 W/m² e 25 °C Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 19 Figura 2.11 - Curvas P-V para diferentes valores de temperatura. 2.7 Modelagem computacional do módulo fotovoltaico Uma ferramenta computacional com a capacidade de emular as características de um módulo e, consequentemente, uma matriz solar fotovoltaica, é essencial para o prosseguimento desse trabalho, pois, por meio deste, será possível realizar as simulações computacionais necessárias para as técnicas de MPPT que serão apresentadas nos próximos capítulos. Consultando-se à literatura, encontram-se diversas estratégias em diferentes ambientes como MATLAB/Simulink®, Psim®, OrCAD® dentre outros [21, 28, 37-40]. Contudo, o software que apresenta uma menor complexidade computacional e maior eficiência, quando se trata de matrizes solares fotovoltaicas, é o Simulink®, motivo pelo qual optou-se pelo mesmo. Para realizar a modelagem computacional em ambiente Simulink®, utiliza-se a biblioteca Fundamental Blocks, a partir da qual é possível representar a equação (2.11)por meio de um diagrama de blocos, conforme é apresentado na Figura 2.12 [22]. A partir do circuito da Figura 2.12, é possível ajustar os parâmetros para reproduzir as características do módulo KM(5) com fidelidade, conforme mostram a Figura 2.8, a Figura 2.9, a Figura 2.10 e a Figura 2.11. Para tanto, utilizam-se os dados obtidos da folha de dados segundo a Tabela 2.2, bem como os parâmetros extraídos, de acordo com a Tabela 2.3. Tensão (V) 0 5 10 15 20 25 P o tê n c ia ( W ) 0 1 2 3 4 5 1000 W/m² e 25 °C 1000 W/m² e 45 °C 1000 W/m² e 65 °C Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 20 Figura 2.12 – Diagrama de bloco da modelagem do painel. A obtenção da matriz solar fotovoltaica se dá por meio da conexão em série e/ou paralelo do modelo da Figura 2.12. Entretanto, com o intuito de tornar essas conexões mais claras, é necessário compactar o diagrama em um único bloco, tendo como entrada a irradiância e temperatura e, como saída, a corrente e tensão fornecidas dos pontos 1 e 2 da Figura 2.12. Obtém-se assim, o diagrama compactado do painel em ambiente Simulink®, que será utilizado nas simulações computacionais segundo a Figura 2.13. Figura 2.13 - Bloco compactado da modelagem do painel. Cálculo de ID Cálculo da corrente fotogerada IPH Calculo da corrente de saturação reversa Io Parametros do Modulo KM(P)5 Circuito elétrico KM(P)5 Im = Iph- ID i + - v + - [V] [I] s - + + + [S][V] [I] e u 1 [T] [Vta] [Io] [Iph] [Im] [T] [dT] [S] 1000 [Iph] [dT] [dT] [Vta] e u 1 [Io] 0.00033 [Ki] [Ki] [Ki] 298.15 [Tn] [Tn] [Rs]0.67 [Rs] 0.31 [Isc] [Isc] 21.52 [Voc] [Voc] -0.0731 [Kv] [Kv] [Isc] 1.60 [a] 1.6022e-19 [q] 36 [Ns] 1.3806e-23 [k] [Vtaref] [Im] 1 2 1 2 [q] [a] [Ns] [k] [Vtaref] [T] 273.15 [ID] [ID] Tensão Termica Vt RP RS + + + + + + + + + + Irradiância Temperatura 1 2 Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 21 2.8 O efeito do sombreamento O sombreamento é uma das principais adversidades que afetam sistemas solares fotovoltaicos, haja vista que existem diversas situações que podem provocar esse efeito, tal como, nuvens passageiras, edificações da vizinhança, poeira, folhas, dentre outras. De acordo com o que foi explicado até o momento, quando um módulo ou matriz solar fotovoltaica está submetido a um sombreamento uniforme, há uma redução de potência quase proporcional ao grau do sombreamento, ou seja, ao nível de irradiância que incide na superfície do módulo. Entretanto, quando submetido a um sombreamento parcial, isto é, em que apenas uma parcela do sistema fotovoltaico é afetado, essa premissa não é mais válida [41-43]. Para compreender a causa desse fenômeno, é necessário recorrer à região de tensão negativa da curva do módulo fotovoltaico, ou a região de polarização reversa. Para realizar esse estudo, é necessário, primeiramente, analisar a equação (2.16), com o intuito de representar de forma fiel essa região, conforme é apresentado em [44]. ( ) 1 1 S b V IR V V − + = + − (2.16) β e λ – Constantes, respectivamente, 3 e 2 x 10-3; Vb – Tensão de ruptura; Ψ(V) – Representação da tensão de saturação reversa. Substituindo-se (2.11) em (2.16), tem-se (2.17). ( ) ( ) ( ) 1 ( ) 1 S s t V ref s t V R I n aVsc I ref S ph Voc K T T pn aV I K T T V R I I I e V R e + + − + − + = − − − − (2.17) O termo expresso pela equação (2.17) representa uma importante expressão no estudo de módulos parcialmente sombreados, pois esta passa a levar em consideração a tensão de ruptura de módulos solares, que geralmente situa-se em torno de -15 V [44]. A Figura 2.14 ilustra o comportamento da curva I-V na região de polarização reversa perante a inserção desse termo, quando um arranjo solar fotovoltaico está submetido a uma irradiância de 500 W/m² e 1000W/m² e uma temperatura de 25 ºC. Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 22 Figura 2.14 - Curva I-V da região de polarização reversa. Mediante o que foi exposto até o momento, é possível entender o porquê do módulo ou matriz parcialmente sombreada não ter sua potência reduzida proporcionalmente à área afetada. Para tanto, considera-se uma string formada por dois módulos, sendo um sombreado e outro totalmente iluminado, conforme a Figura 2.15. Figura 2.15 - String composta por um modulo sombreado e outro não sombreado. Pela lei de Kirchhoff, sabe-se que a corrente que flui em um ramo deve ser a mesma em todos os elementos que o compõem [45]. Sendo assim, um modulo sombreado, que gera uma menor corrente, é forçado a operar com a mesma corrente do modulo não sombreado. Com isso, o ponto de operação passa a atuar na região de polarização reversa, conhecido como tensão reversa, de acordo com a Figura 2.14, [41-44]. Conforme a Figura 2.14, a região de polarização reversa é caracterizada por operar com tensões negativas e correntes positivas. Assim, a potência, que é o produto dessas duas grandezas, torna-se negativa, ou seja, um módulo sombreado passa a se comportar como uma carga, consumindo potência do sistema e transformando-a em Tensão (V) -15 -10 -5 0 5 10 15 20 25 C o rr e n te (A ) 0 0.1 0.2 0.3 0.4 X: 17.51 Y: 0.2772 Região de polarização reversa Ponto de operação do Módulo sombreada Tensão de Ruptura Corrente de operação da string Curva do módulo sombreado Curva do módulo não sombreado 500 W/m² 1000 W/m² + - - ++ --V1 V2 I1 I1 Capítulo 2 – Sistemas solares fotovoltaicos 23 calor. Esse fenômeno é conhecido como hot spot ou ponto quente [41-44]. É importante destacar que a quantidade de energia dissipada depende do grau de sombreamento em que célula está submetida e da corrente gerada pelos módulos não sombreados que compõem a string. Em situações extremas, o ponto de operação pode alcançar a tensão de ruptura e danificar, de maneira permanente, as células que constituem o módulo. Com isso, haverá a eliminação dessa string de todo o sistema fotovoltaico [4]. Muitos estudos foram realizados nas últimas décadas na tentativa de minimizar esse tipo de perda e, consequentemente, preservar o tempo de vida dos dispositivos fotovoltaicos [46]. Dentre essas, a estratégia que mais se destaca, devido a facilidade de implementação, é o uso de diodos bypass em paralelo com um conjunto de células ou módulos solares. O emprego do diodo bypass restringe o aumento da tensão reversa à medida que o sombreamento se torna mais severo, para isso, ele fornece um caminho alternativo para a corrente gerada pelos módulos ou células não sombreadas, conforme a Figura 2.16 [41-44, 46]. Figura 2.16 - String com diodos bypass. Apesar dos conceitos apresentados até então se referirem a dois módulos, o mesmo princípio se estende a qualquer quantidade de elementos. Sendo assim, para certificar a recuperação energética obtida por meio dessa estratégia, será utilizada uma matriz 3x3 na configuração TCT, ou seja, três módulos são associados em série e os três ramos resultantes são conectados em paralelo, conforme a Figura 2.17. Optou-se por essa disposição, pois, de acordo com o estudo apresentado em [30], esse arranjo proporciona uma melhor eficiência. A configuração matricial e construção gráfica da mesma será realizada em ambiente Simulink® por meio das conexões do bloco apresentado na Figura 2.13. De acordo com a Figura 2.17, a primeira, segunda e terceira linha estão submetidas, respectivamente, a irradiâncias de 160 W/m², 270 W/m² e 1000 W/m² e todos os módulos operam com uma temperatura constante de 25 ºC. Esse padrão de irradiância é um dos três perfis que será utilizado no decorrer deste trabalho. Embora o arranjo da 500 W/m² 1000 W/m² + - + +- -V1 V2 I1 I1 Capítulo 2 – Sistemas
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