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TEORIA GERAL DO DIREITO AMBIENTAL

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MATERIAL DIDÁTICO 
 
 
TEORIA GERAL DO DIREITO 
AMBIENTAL 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CREDENCIADA JUNTO AO MEC PELA 
PORTARIA Nº 1.282 DO DIA 26/10/2010 
 
0800 283 8380 
 
www.ucamprominas.com.br 
 
Impressão 
e 
Editoração 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
 
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3 
UNIDADE 1 – MEIO AMBIENTE ................................................................................ 9 
1.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO MEIO AMBIENTE NAS CONSTITUIÇÕES BRASILEIRAS .......... 10 
1.2 DEFINIÇÕES BÁSICAS .......................................................................................... 15 
1.3 CLASSIFICAÇÃO DO MEIO AMBIENTE ..................................................................... 18 
UNIDADE 2 – PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL .......................................... 27 
2.1 PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO AMBIENTAL .............................................. 33 
UNIDADE 3 – O MINISTÉRIO PÚBLICO E OS DIREITOS COLETIVOS ................ 40 
UNIDADE 4 – DIREITO REFLEXIVO E O ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL ..... 44 
4.1 DIREITO REFLEXIVO ............................................................................................ 44 
4.2 ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL .......................................................................... 48 
UNIDADE 5 – ÉTICA E AS FUNÇÕES DO DIREITO AMBIENTAL ......................... 50 
5.1. PRINCÍPIO DA RESPONSABILIDADE ....................................................................... 51 
5.2. PRINCÍPIO DA ALTERIDADE .................................................................................. 51 
5.3. PRINCÍPIO DO CUIDADO ...................................................................................... 52 
5.4 AS FUNÇÕES DO ESTADO DE DIREITO AMBIENTAL ................................................. 54 
5.5 DEMOCRACIA AMBIENTAL E CIDADANIA PARTICIPATIVA............................................ 56 
UNIDADE 6 – PROBLEMAS AMBIENTAIS ............................................................. 60 
6.1 O FENÔMENO DA CHUVA ÁCIDA ............................................................................ 61 
6.2 EFEITO ESTUFA .................................................................................................. 62 
6.3 DEGRADAÇÃO DO SOLO ....................................................................................... 63 
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 64 
 
 
 
 
3 
 
INTRODUÇÃO 
 
Primeiramente, desejamos as boas-vindas ao seu curso que, dentre outros 
objetivos, visa proporcionar conhecimentos diversos na área de meio ambiente 
voltados não somente para Bacharéis em Direito, mas para os mais diversos 
profissionais que ao longo do seu exercício deparam com questões relevantes ao 
meio ambiente, como por exemplo, gestores de projetos ou gestores públicos que, 
ao lançarem empreendimentos variados, quer seja na esfera pública ou privada, 
deparam-se com instrumentos que visam à proteção do meio ambiente, 
necessitando adequar os projetos ao uso racional do solo e da água. 
Até pouco tempo tínhamos a concepção de que os recursos naturais eram 
ilimitados, existiam em abundância, motivo pelo qual todos nós, seres humanos, em 
qualquer parte do Planeta Terra, não nos preocupávamos com a questão ambiental, 
ao contrário, a retirada de bens do meio ambiente já foi sinônimo na maioria das 
vezes de progresso. A bem da verdade, usamos os recursos de maneira irracional, 
sem pensarmos na coletividade e no futuros dos nossos. 
A natureza era tida pelo Homem como um depósito, onde se retirava tudo 
que lhe parecia interessante, deixando no lugar o lixo e os resíduos dos diversos 
processos de produção. O processo de evolução da humanidade era subordinado à 
degradação ambiental (MASCARENHAS, 2004). 
O grande número de catástrofes ambientais (que se fôssemos elencar neste 
momento seria infindável) serviu para demonstrar a importância do meio ambiente 
para a humanidade e de nada adianta atingir o máximo em desenvolvimento e 
progresso econômico se a vida em nosso planeta corre perigo. 
Felizmente, o homem começou a perceber que o planeta Terra possui 
recursos finitos e se não mudarmos a concepção que ainda vigora, nossa 
sobrevivência estará ameaçada. 
Neste sentido, desde a década de 1970, impulsionada principalmente pela 
Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, realizada em 
Estocolmo, na Suécia, em 1972, o homem começou a se preocupar efetivamente 
com o meio ambiente e com o destino da humanidade, caso a degradação ambiental 
continuasse de forma devastadora. 
A nossa legislação em matéria ambiental, considerada uma das mais 
avançadas do mundo, também tem sofrido os impactos dessa mudança de 
 
 
4 
 
concepção, visto que esta tinha uma visão apenas utilitarista e agora, influenciada 
principalmente pela visão da Constituição Federal de 1988, em especial com relação 
a seu cunho protetivo que ora abordaremos, começa a haver uma preocupação real 
com o meio ambiente. 
 
Figura 1: Direito Ambiental. 
Fonte: http://www.guairanews.com/2015/11/22/direito-ambiental/ 
 
Sem dúvida, o aspecto mais importante quando se refere ao meio ambiente 
é a proteção à vida, lembrando que a expressão meio ambiente inclui ainda a 
relação dos seres vivos, bem como “urbanismo, aspectos históricos paisagísticos e 
outros tantos essenciais, atualmente, à sobrevivência sadia do homem na Terra” 
(FREITAS, 2002, p. 17). 
A Constituição Federal trouxe a preocupação de caráter eminentemente 
social e humano. Ficou clara a inter-relação existente entre o direito fundamental à 
vida e o princípio da dignidade da pessoa humana e o meio ambiente. Todos eles 
são fundamentais e necessários à preservação da vida. 
Ainda sem entrarmos na seara do Direito Ambiental “puro”, é importante 
frisarmos a conscientização de que o direito à vida, como matriz de todos os demais 
direitos fundamentais do Homem, é que há de orientar todas a formas de atuação no 
campo da tutela do meio ambiente. Cumpre compreender que ele é um fator 
preponderante, que há de estar acima de quaisquer outras considerações como as 
considerações de desenvolvimento, de respeito ao direito de propriedade ou as 
considerações da iniciativa privada. Embora todas essas considerações sejam 
garantidas no texto constitucional, é evidente que não podem primar sobre o direito 
fundamental à vida, que está em jogo quando se discute a tutela da qualidade do 
 
 
5 
 
meio ambiente. É que a tutela da qualidade do meio ambiente é instrumental no 
sentido de que, através dela, o que se protege é um valor maior: a qualidade de vida 
(MASCARENHAS, 2004). 
ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS SANTOS (2000) analisa que o Brasil 
possui uma das políticas ambientais mais desenvolvidas e severas do mundo, mas 
não apresenta fidelidade quanto ao cumprimento destas leis. Pondera o autor 
supracitado ainda, que a população em geral desconhece essa legislação e, em 
muitos casos, as normas não são condizentes com as realidades locais. 
No inciso primeiro do artigo 3º da Lei nº 9.7951, de 27 de abril de 1999, que 
dispõe sobre a Educação Ambiental, encontra-se que a referida lei incumbe o Poder 
Público2 de: 
 definir políticas públicas que incorporem a dimensão ambiental; 
 promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino; e, 
 engajar a sociedade na conservação, recuperação e melhoria do ambiente. 
É possível notar a importância dada à participação comunitária no processo 
de gestão do meio ambiente. 
O artigo 225 da Constituição Federal de 1988 define que: 
 
Todos têm direito ao meio ambiente equilibrado, bem de uso comum do 
povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se o dever de 
defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.Novamente, percebe-se a interação permanente entre ambiente e população 
humana. 
O inciso primeiro do artigo 2º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 19813, que 
dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, estabelece como um de seus 
princípios: “A ação governamental na manutenção do equilíbrio ecológico, 
 
1
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm 
2
 Nos termos dos arts. 205 e 225 da Constituição Federal de 1988. 
3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm já com o Decreto de 15 de 
setembro de 2010 que institui o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento e das 
Queimadas no Bioma Cerrado – PPCerrado –, altera o Decreto de 3 de julho de 2003, que institui 
Grupo Permanente de Trabalho Interministerial para os fins que especifica. 
 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm
 
 
6 
 
considerando o meio ambiente como um patrimônio público a ser necessariamente 
assegurado e protegido, tendo em vista o uso coletivo”. 
A ação do Poder público sempre é apontada como mediadora entre o povo e 
seu estado de bem-estar e como nos diz ANTÔNIO SILVEIRA RIBEIRO DOS 
SANTOS (2000, p. 5): 
 
Certamente a Educação Ambiental não resolverá os complexos problemas 
ambientais planetários, no entanto, poderá ser definitiva para isso, ao passo 
que forma cidadãos conscientes de seus direitos e deveres. Os problemas 
ambientais foram criados por homens e mulheres e deles virão suas 
soluções. Estas obras não virão de gênios, pensadores ou políticos, mas 
sim de pessoas ‘comuns’. Assim como se estimula a criatividade dos 
colaboradores dentro de uma Organização (em tempos de crise 
especialmente), deve fazer o mesmo em um contexto mais amplo, 
planetário. 
 
A Lei de Educação Ambiental, Lei 9.795/994 estabelece no artigo 5º, os 
objetivos fundamentais da mesma: 
I - o desenvolvimento de uma compreensão do meio ambiente em suas 
múltiplas e complexas relações, envolvendo aspectos ecológicos, psicológicos, 
sociais, econômicos, científicos, culturais e éticos; 
II - a garantia de democratização das informações ambientais; 
III - o estímulo e o fortalecimento de uma consciência crítica sobre a 
problemática ambiental e social; 
IV - o incentivo à participação individual e coletiva, permanente e 
responsável, na preservação do equilíbrio do meio ambiente, entendendo-se a 
defesa da qualidade ambiental como um valor inseparável do exercício da cidadania; 
V - o estímulo à cooperação entre as diversas regiões do País em níveis 
micro e macrorregionais, com vistas à construção de uma sociedade 
ambientalmente equilibrada, fundada nos princípios da liberdade, igualdade, 
solidariedade, democracia, justiça social, responsabilidade e sustentabilidade; 
VI - o fomento e o fortalecimento da integração com a ciência e a tecnologia; 
VII - o fortalecimento da cidadania, autodeterminação dos povos e 
solidariedade como fundamentos para o futuro da humanidade. 
Percebemos claramente que o Poder Público, as empresas, os educadores, 
alunos e a sociedade como um todo devem estar conscientes da necessidade de 
 
4
 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm 
 
 
7 
 
uma implantação efetiva da Educação Ambiental como matéria no processo 
educacional moderno público e privado e exigir dos órgãos competentes, a aplicação 
da nova legislação, bem como incentivar a Educação Ambiental não formal, pois só 
assim poder-se-á conseguir desenvolver uma sociedade sadia e coerente com os 
princípios básicos de preservação do meio ambiente. 
Evidentemente que não se pode esquecer que cada comunidade tem suas 
necessidades que refletem no ambiente, de maneira que é importantíssimo 
conhecer as suas necessidades básicas para que possamos aplicar adequadamente 
o programa elaborado, bem como tem-se que conhecer também os anseios da 
sociedade estudada, para que possa também saber o que se pretende em um futuro 
próximo e a longo prazo, para a preparação de programas mais consistentes. 
A legislação brasileira impõe ao Poder Público: implantação da disciplina da 
Educação Ambiental nos seus cursos públicos; obriga a incentivar e propiciar o 
desenvolvimento de projetos e programas educacionais ambientais tanto formais 
quanto informais, de maneira que a União, os Estados, o Distrito Federal e os 
Municípios devem cumprir sua obrigação legal colaborando assim com o importante 
processo de conscientização ambiental (SANTOS, 2000). 
Justifica-se essa introdução focando veementemente a Educação Ambiental 
por acreditarmos que o caminho para melhorar a qualidade de vida de todos e, 
consequentemente, cumprir o disposto no art. 225 de nossa Constituição Federal, na 
qual diz, em poucas palavras, que o meio ambiente sadio é um direito de todos, 
passa necessariamente pela Educação. 
O meio ambiente, os princípios do Direito Ambiental; a participação do 
Ministério Público e os direitos coletivos; o direito reflexivo e o Estado de Direito 
Ambiental, assim como a ética e as funções desse direito e os problemas ambientais 
são conteúdos que desenvolveremos ao longo do módulo. 
Desejamos boa leitura e bons estudos, mas antes algumas observações se 
fazem necessárias: 
1) Ao final do módulo, encontram-se muitas referências utilizadas 
efetivamente e outras somente consultadas, principalmente artigos retirados da 
World Wide Web (www), conhecida popularmente como Internet, que devido ao 
acesso facilitado na atualidade e até mesmo democrático, ajudam sobremaneira 
para enriquecimentos, para sanar questionamentos que por ventura surjam ao longo 
da leitura e, mais, para manterem-se atualizados. 
 
 
8 
 
2) Deixamos bem claro que esta composição não se trata de um artigo 
original5, pelo contrário, é uma compilação do pensamento de vários estudiosos que 
têm muito a contribuir para a ampliação dos nossos conhecimentos. Também 
reforçamos que existem autores considerados clássicos que não podem ser 
deixados de lado, apesar de parecer (pela data da publicação) que seus escritos 
estão ultrapassados, afinal de contas, uma obra clássica é aquela capaz de 
comunicar-se com o presente, mesmo que seu passado datável esteja separado 
pela cronologia que lhe é exterior por milênios de distância. 
3) Em se tratando de Jurisprudência, entendida como “Interpretação 
reiterada que os tribunais dão à lei, nos casos concretos submetidos ao seu 
julgamento” (FERREIRA, 2005)6, ou conjunto de soluções dadas às questões de 
direito pelos tribunais superiores, algumas delas poderão constar em nota de rodapé 
ou em anexo, a título apenas de exemplo e enriquecimento. 
4) Por uma questão ética, a empresa/instituto não defende posições 
ideológico-partidária, priorizando o estímulo ao conhecimento e ao pensamento 
crítico. 
5) Sabemos que a escrita acadêmica tem como premissa ser científica, ou 
seja, baseada em normas e padrões da academia, portanto, pedimos licença para 
fugir um pouco às regras com o objetivo de nos aproximarmos de vocês e para que 
os temas abordados cheguem de maneira clara e objetiva, mas não menos 
científicos. 
Por fim: 
6) Deixaremos em nota de rodapé, sempre que necessário, o link para 
consulta de documentos e legislação pertinente ao assunto, visto que esta última 
está em constante atualização. Caso esteja com material digital, basta dar um Ctrl + 
clique que chegará ao documento original e ali encontrará possíveis leis 
complementares e/ou outras informações atualizadas. Caso esteja com material 
impresso e tendo acesso à Internet, basta digitar o link e chegará ao mesmo local. 
 
5
 Trabalho inédito de opinião ou pesquisa que nunca foi publicado em revista, anais de congresso ou 
similares. 
 
6
 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio. Versão 5.0. EditoraPositivo, 2005. 
 
 
9 
 
UNIDADE 1 – MEIO AMBIENTE 
 
Acreditamos que o primeiro passo a ser dado quando se trata de conhecer, 
estudar ou aprofundar uma matéria, conteúdo ou disciplina, passa necessariamente 
pelo entendimentos de conceitos básicos e da evolução histórica dessa matéria, 
qualquer que seja ela, portanto, vamos à retrospectiva histórica dos acontecimentos, 
envolvendo o homem e o seu meio ambiente! 
Hodiernamente, a doutrina classifica os direitos fundamentais como de 
primeira, segunda e terceira gerações, conforme sua evolução histórica. Ressalte-se 
que os direitos de cada geração continuam válidos, juntamente com os direitos da 
nova geração, ou seja, são cumulativos e interagem entre si (MENDES; COELHO; 
BRANCO, 2009, p. 268). 
Os direitos de 1ª geração apresentam como característica serem individuais, 
civis, políticos e penais, envolvendo então o Direito Civil, Penal e Constitucional. 
Como exemplos podemos citar o habeas corpus, direito ao nome e direito ao voto. 
Os direitos de 2ª geração são coletivos, sociais e econômicos, constituídos 
nos direitos do Trabalho e Previdenciário. Como exemplos temos o direito ao 
Salário, Férias, Décimo Terceiro e demais direitos trabalhistas. 
Por fim, como direitos de 3ª geração estão aqueles direitos transindividuais e 
difusos que pertencem às matérias do Direito Ambiental e Direito do Consumidor. 
Direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado e direito a alimentos de 
qualidade são exemplos de direitos de 3ª geração. 
Foi a partir da criação das primeiras Constituições que surgiram os direitos 
de primeira geração, também denominados de direitos e garantias individuais 
clássicos, os quais tem como objetivo assegurar a liberdade dos cidadãos. 
Posteriormente, os direitos evoluíram para assegurar os direitos 
econômicos, sociais e culturais, denominados de direitos de segunda geração tendo 
como enfoque o princípio da igualdade (BELTRÃO, 2014). 
Por fim, na atualidade, temos os direitos de terceira geração que envolvem 
as relações de consumo e o meio ambiente que são coletivos e se fundamentam no 
princípio da solidariedade ou fraternidade. 
Entendido que os aspectos relativos ao meio ambiente pertencem ao direito 
de terceira geração, vamos às definições e conceitos básicos de elementos que 
compõem o meio ambiente, uma vez que, frise-se, diante da Constituição Federal de 
 
 
10 
 
1988, art. 255, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem 
de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder 
Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e 
futuras gerações. 
Antes, um breve questionamento para que reflitamos e tentemos responder 
ao final do curso: 
 
 
As normas ambientais produzem os efeitos que 
esperamos delas, principalmente se entendermos que 
o consumismo e o risco oriundo desse nosso 
comportamento são problemas cristalinos e 
transparentes no estado de direito democrático que 
vivemos? 
 
 
 
1.1 Evolução histórica do meio ambiente nas constituições brasileiras 
A primeira Constituição brasileira, de 1824, não fez menção a qualquer 
matéria na esfera ambiental. Vale lembrar que nosso país naquela época era 
exportador de produtos agrícolas e minerais, no entanto, a visão existente com 
relação àqueles produtos era apenas econômica, não existindo nenhuma conotação 
de proteção ambiental. 
As Constituições brasileiras retrataram esse pensamento, tendo a 
Constituição do Império, de 1824, trazido dispositivo tão somente proibindo 
indústrias contrárias à saúde do cidadão. O Texto republicano de 1891, neste 
aspecto, abordou apenas a competência da União para legislar sobre minas e terras. 
Tal dispositivo, tinha por objetivo proteger os interesses da burguesia e 
institucionalizar a exploração do solo, não tendo nenhum cunho preservacionista. 
Apesar disso, foi a primeira Constituição a demonstrar uma preocupação com a 
normatização de alguns dos elementos da natureza (BELTRÃO, 2011). 
A Constituição, de 1934, trouxe dispositivo de proteção às belezas naturais, 
patrimônio histórico, artístico e cultural e competência da União em matéria de 
riquezas do subsolo, mineração, águas, florestas, caça, pesca e sua exploração. 
 
 
11 
 
A Carta Constitucional, de 1937, trouxe preocupação com relação aos 
monumentos históricos, artísticos e naturais. Atribuiu competência para a União 
legislar sobre minas, águas, florestas, caça, pesca, subsolo e proteção das plantas e 
rebanhos. 
Por sua vez, a Carta Magna de 1946, além de manter a defesa do 
patrimônio histórico, cultural e paisagístico, conservou a competência legislativa da 
União sobre saúde, subsolo, florestas, caça, pesca e águas. Dispositivos 
semelhantes estavam presentes tanto na Constituição de 1967, quanto na Emenda 
Constitucional nº 1/69. Neste último texto constitucional, nota-se pela primeira vez a 
utilização do vocábulo “ecológico”. 
Os dispositivos constantes nessas Constituições tinham por escopo a 
racionalização econômica das atividades de exploração dos recursos naturais, sem 
nenhuma conotação protetiva do meio ambiente. 
De qualquer sorte, apesar de não possuírem uma visão holística do 
ambiente e nem uma conscientização de preservacionismo, por intermédio de um 
desenvolvimento técnico-industrial sustentável, as constituições anteriores a 1988, 
tiveram o mérito de ampliar, de forma significativa, as regulamentações referentes ao 
subsolo, à mineração, à flora, à fauna, às águas, dentre outros itens de igual 
relevância (MEDEIROS, 2004, p. 62). 
Eis que a Constituição Federal de 1988 trouxe grandes inovações na esfera 
ambiental, sendo tratada por alguns como “Constituição Verde”. Diferentemente da 
forma trazida pelas demais constituições, já abordadas anteriormente, os 
constituintes de 1988 procuraram dar efetiva tutela ao meio ambiente, trazendo 
mecanismos para sua proteção e controle. 
Cumpre-nos observar que esta Constituição alçou a fruição do meio 
ambiente saudável e ecologicamente equilibrado como direito fundamental. Como 
bem coloca o mestre JOSÉ AFONSO DA SILVA (2013), ao confirmar que o 
ambientalismo passou a ser tema de elevada importância nas Constituições mais 
recentes. Entre elas, deliberadamente como direito fundamental da pessoa humana, 
não como simples aspecto da atribuição de órgãos ou de entidades públicas, como 
ocorria em Constituições mais antigas. 
O legislador constituinte foi além, de forma inovadora, instituiu a proteção do 
meio ambiente como princípio da ordem econômica, no art. 170. 
 
 
12 
 
O mesmo autor evidencia que a Constituição de 1988 foi, portanto, a 
primeira a tratar deliberadamente da questão ambiental. Pode-se dizer que ela é 
uma Constituição eminentemente ambientalista. 
Destarte, o grande marco e impulso na mudança de concepção foi, sem 
dúvida, as disposições da Carta Magna de 1988, trazendo um arcabouço legislativo 
superior ao das legislações do primeiro mundo. 
Nossa Constituição traz a preocupação com as questões ambientais como 
fundamentais para continuidade da vida em nosso Planeta, eis que esta 
preocupação é de cunho global. Deve haver, além de um bom aparato jurídico sobre 
o assunto, um envolvimento de toda sociedade. Bem diz ÉDIS MILARÉ (2014) que 
não basta, entretanto, apenas legislar. É fundamental que todas as pessoas e 
autoridades responsáveis se lancem ao trabalho de tirar essas regras do limbo da 
teoria para a existência efetiva da vida real, pois, na verdade, o maior dos problemas 
ambientais brasileiros é o desrespeito generalizado, impunido ou impunível, à 
legislação vigente. É preciso, numa palavra, ultrapassar-se a ineficaz retórica 
ecológica – tão inócua, quanto aborrecida – por ações concretas em favor do 
ambiente e da vida. Do contrário, em breve, nova modalidade de poluição – a 
poluição regulamentar – ocupará o centro de nossas atenções.Nos diversos artigos que se referem ao meio ambiente na ordem 
constitucional, nota-se claro o caráter interdisciplinar desta questão, eis que se 
referem a aspectos econômicos, sociais, procedimentais, abrangendo ainda 
natureza penal, sanitária, administrativa, entre outras. 
Voltemos ao artigo 225 do texto constitucional: 
Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao 
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as 
presentes e futuras gerações. 
§ 1º - Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: 
I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e à manipulação de material genético; 
III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus 
componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão 
 
 
13 
 
permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a 
integridade dos atributos que justifiquem sua proteção; 
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade 
potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo 
prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade; 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente; 
VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais à crueldade. 
§ 2º - Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar o meio 
ambiente degradado, de acordo com solução técnica exigida pelo órgão público 
competente, na forma da lei. 
§ 3º - As condutas e as atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. 
§ 4º - A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais. 
§ 5º - São indisponíveis as terras devolutas ou arrecadadas pelos Estados, 
por ações discriminatórias, necessárias à proteção dos ecossistemas naturais. 
§ 6º - As usinas que operem com reator nuclear deverão ter sua localização 
definida em lei federal, sem o que não poderão ser instaladas7. 
Observe-se que o disposto nos parágrafos do artigo 225 visam justamente 
dar efetividade ao disposto no caput, qual seja, que todos têm direito ao meio 
ambiente ecologicamente equilibrado. Destarte, tendo em vista a extensão da 
 
7
 § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis 
as práticas desportivas que utilizem animais, desde que sejam manifestações culturais, conforme o § 
1º do art. 215 desta Constituição Federal, registradas como bem de natureza imaterial integrante do 
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regulamentadas por lei específica que assegure o bem-
estar dos animais envolvidos (Incluído pela Emenda Constitucional nº 96, de 2017). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc96.htm
 
 
14 
 
matéria nele abordada, vamos nos ater à essência dessa mudança na visão sobre o 
meio ambiente, constante no caput do artigo. 
Primeiramente, podemos inferir que o meio ambiente sadio e equilibrado é 
direito e dever de todos, tido como “bem de uso comum”, definido por HELY LOPES 
MEIRELLES (1991, p. 426), como aquele “que se reconhece à coletividade em geral 
sobre os bens públicos, sem discriminação de usuários ou ordem especial para sua 
fruição”. 
Cumpre observar ainda, que por “bens de uso comum” não se pode 
entender somente os bens públicos, mas também os bens de domínio privado, eis 
que podem ser fixadas obrigações a serem cumpridas por seus proprietários. Estes 
têm o dever de envidar esforços visando a proteção do meio ambiente. 
Assim, nenhum de nós tem o direito de causar dano ao meio ambiente, pois 
estaríamos agredindo a um bem de todos, causando, portanto, dano não só a nós 
mesmos, mas aos nossos semelhantes. Portanto, o Poder Público tem um papel 
relevante nesse processo e dele devemos cobrar atitudes condizentes com esse 
dispositivo constitucional. 
O direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado é direito 
indisponível e tem a natureza de direito público subjetivo, ou seja, pode ser 
exercitável em face do próprio poder público, eis que a ele também incumbe a tarefa 
de protegê-lo: cria-se para o Poder Público um dever constitucional, geral e positivo, 
representado por verdadeiras obrigações de fazer, vale dizer, de zelar pela defesa 
(defender) e preservação (preservar) do meio ambiente (MILARÉ, 2014). 
Não se pode olvidar ainda, que esse mesmo dever imposto ao Poder Público 
se estende também a todos os cidadãos. São titulares deste direito a geração atual 
e ainda as futuras gerações. 
Assim, o homem, na condição de cidadão, torna-se detentor do direito a um 
meio ambiente saudável e equilibrado e também sujeito ativo do Dever Fundamental 
de Proteção do Meio Ambiente, de tal sorte que propõe-se a possibilidade de se 
instituir, no espaço participativo e na ética, uma caminhada rumo a um ordenamento 
jurídico fraterno e solidário. 
Ancora-se a análise da preservação ambiental como um direito fundamental, 
constitucionalmente reconhecido. Porém, esta não é a única questão suscitada: a 
proteção ambiental constitui-se em responsabilidade tanto do indivíduo quanto da 
sociedade, admitindo suas posições no processo de preservação, reparação e 
 
 
15 
 
promoção, assim, reveladas como um dever fundamental. Como inerente do direito, 
pressupomos a exploração dos conceitos de eficácia e de efetividade da norma em 
relação à aplicação de princípios jurídicos à proteção do meio ambiente 
(MEDEIROS, 2004). É necessária e fundamental, a participação da comunidade, eis 
que muitas vezes ela é que constata a ocorrência de dano ambiental. 
Segundo CARLOS GOMES DE CARVALHO (2003, p. 152), 
 
o Direito Ambiental abriu amplamente as portas para a participação da 
comunidade e de outros aparelhos do poder estatal na proteção da nossa 
grande casa. O cidadão e o Poder Judiciário entram com força decisiva 
nesse magno combate do milênio: salvar o planeta. 
 
A Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, em seu artigo 3º, define meio 
ambiente como “conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem 
física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas 
formas”. 
O mestre PAULO DE BESSA ANTUNES (2004) critica referido conceito, 
uma vez que apesar de possuir caráter eminentemente interdisciplinar, traz uma 
definição do ponto de vista puramente biológico, não tratando da questão mais 
importante, qual seja, o gênero humano e o aspecto social que é fundamental 
quando se trata de meio ambiente. E acrescenta: 
 
Um aspecto que julgamos da maior importância é o fato de que, após a 
entrada em vigência da Carta de 1988, não se pode mais pensar em tutela 
ambiental restrita a um único bem. Assim é porque o bem jurídico ambiente 
é complexo. O meio ambiente é uma totalidade e só assim pode ser 
compreendido e estudado (p.68). 
 
Feitas essas considerações acerca da evolução dos direitosrelativos ao 
meio ambiente em nossas cartas constitucionais e da importância da população e do 
poder público para sua efetivação, vamos partir para alguns conceitos intrínsecos à 
matéria. 
 
1.2 Definições básicas 
Falamos no início da Unidade em direitos transindividuais ou difusos, pois 
bem, por definição, esses direitos são de natureza indivisível, de que sejam titulares 
pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato. 
 
 
16 
 
Os direitos fundamentais de terceira dimensão, também chamados direitos 
coletivos lato sensu, abrangem três espécies, que são: direitos difusos, coletivos 
stricto sensu e individuais homogêneos (EÇA; ROCHA, 2014). 
Esses direitos têm como propósito a proteção de pessoas indeterminadas, 
bem como de pessoas identificáveis que possuem uma causa em comum (GALIA, 
2016). 
Direitos coletivos stricto sensu são direitos transindividuais de natureza 
indivisível, de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si 
ou com a parte contrária por uma relação jurídica base. 
Direitos individuais homogêneos são direitos divisíveis, de titularidade 
determinada, tais quais os direitos subjetivos clássicos, contudo, por terem origem 
comum, podem ser tutelados coletivamente (BELTRÃO, 2011). 
 
Guarde... 
Os direitos difusos, no que tange ao aspecto subjetivo, são transindividuais, 
com indeterminação absoluta dos titulares, o que significa dizer que tais direitos não 
têm titular individual e a ligação entre os vários titulares difusos decorre de uma 
mera circunstância de fato, como por exemplo, morar na mesma região. Sob o 
aspecto objetivo são indivisíveis, o que equivale a afirmar que não podem ser 
satisfeitos nem lesados senão em forma que afete a todos os possíveis titulares. 
Como exemplo, pode-se citar o direito ao meio ambiente sadio (art. 225 da CF/88) 
(ZAVASKI, 2014). 
RODRIGO COIMBRA (2014) lembra que na classe difusa, os objetos do 
direito podem ser: o patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe; a 
moralidade administrativa; o meio ambiente; o patrimônio histórico e cultural; as 
relações de consumo; as relações de trabalho; bens e direitos de valor artístico, 
estético, turístico e paisagístico; a ordem econômica; a ordem urbanística, entre 
outros. 
Meio ambiente é uma expressão claramente redundante, uma vez que meio 
e ambiente são sinônimos. Significa ou designa o âmbito que nos cerca, o nosso 
entorno, onde estamos inseridos e vivemos (FARIAS, 2006, BELTRÃO, 2014). 
No dicionário Houaiss (2006) meio significa, entre outras acepções, conjunto 
de elementos naturais e circunstanciais que influenciam um organismo vivo, e 
ambiente, por sua vez, consiste no que rodeia ou envolve por todos os lados e 
 
 
17 
 
constitui o meio em que se vive, tudo que rodeia ou envolve os seres vivos e/ou as 
coisas, recinto, espaço, âmbito em que se está ou vive. 
ÉDIS MILARÉ (2014, p. 139) define o meio ambiente ecológico como 
 
a combinação de todas as coisas e fatores externos ao indivíduo ou 
população de indivíduos em questão. Mais exatamente, é constituído por 
seres bióticos e abióticos e suas relações e interações. Não é mero espaço, 
é realidade complexa. 
 
No nosso ordenamento jurídico, o art. 3º, inciso I, da Lei 6.938/81 define meio 
ambiente como conjunto de condições, leis, influência e interações de ordem física, 
química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas, ou 
seja, o conjunto de fatores que influenciam o meio em que o homem vive. 
Direito do meio ambiente, direito ambiental e direito do ambiente são 
expressões sinônimas, tradicionalmente usadas pela doutrina. 
SÉRGIO FERRAZ e DIOGO DE FIGUEIREDO MOREIRA NETO (1972, 
1977), precursores no estudo da matéria e citados por PAULO DE BESSA 
ANTUNES (2004), empregam a locução direito ecológico, que, entretanto, 
apresentaria uma abrangência menor, restrita ao ambiente natural, não 
compreendendo o ambiente cultural nem o artificial. 
O Direito Ambiental constitui o conjunto de regras jurídicas de direito público 
que norteiam as atividades humanas, ora impondo limites, ora induzindo 
comportamentos por meio de instrumentos econômicos, com o objetivo de garantir 
que essas atividades não causem danos ao meio ambiente, impondo-se a 
responsabilização e as consequentes sanções aos transgressores dessas normas 
(GRAZIERA, 2014). 
Seu objetivo é o desenvolvimento sustentável definido universalmente pela 
Comissão Brundtland8, como a satisfação das necessidades do presente sem pôr 
em risco a capacidade das gerações futuras de terem suas próprias necessidades 
 
8
 Foram os debates na década de 1980 em torno do Eco Desenvolvimento que abriram espaço ao 
conceito de desenvolvimento sustentável ao questionarem como conciliar atividade econômica e 
conservação do meio ambiente. Na década de 1980, a ONU criou a Comissão Mundial sobre o Meio 
Ambiente e Desenvolvimento, que tornou-se conhecida como Comissão Brundtland. Essa comissão 
apresentou um documento chamado Our Common Futere (Nosso Futuro Comum), mais conhecido 
por relatório Brundtland e a partir dele entrou em circulação a expressão Desenvolvimento 
Sustentável. Em 1992, a ONU voltou a convocar para nova conferência que ficou conhecida como 
Eco92 ou Cúpula da Terra, sendo um marco decisivo nas negociações internacionais sobre as 
questões do meio ambiente e desenvolvimento. 
A denominação Brundtland foi uma homenagem à ex-primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem 
Brundtland que presidiu a Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento em 1987. 
 
 
18 
 
satisfeitas. Evidentemente que a sustentabilidade opera-se por meio da 
administração racional dos recursos naturais e dos sistemas ecológicos. 
O direito ao meio ambiente no Brasil tem por objeto o ser humano, sendo 
antropocêntrico. É direito de todos um meio ambiente ecologicamente equilibrado, 
bem de uso comum do povo, é assegurado constitucionalmente, visto ser essencial 
à sadia qualidade de vida, nos termos do art. 225, caput. 
 
1.3 Classificação do meio ambiente 
O meio ambiente enquanto bem jurídico tutelado pode ser enquadrado sobre 
cinco prismas diferenciados: 
 
a) Meio ambiente físico ou natural 
Constitui-se pelo ar, atmosfera, água, solo, subsolo, fauna, flora e 
biodiversidade. Associa os elementos naturais nele encontrados e embora possam 
sofrer consequências da sua ação, eles existem independentemente do homem. 
Está explicitado no Artigo 225 da Constituição Federal, sendo que sua tutela 
imediata se encontra no Parágrafo I, incisos I e VII do referido Artigo. 
 
b) Meio ambiente artificial 
Compreende o espaço urbano construído, abrangendo o conjunto de 
edificações (espaço urbano fechado) e equipamentos públicos, tais como ruas, 
avenidas, praças e espaços livres em geral. 
Esse aspecto gera a necessidade de planejamento e ordenamento do 
território, avaliação do processo de urbanificação e redução de impactos para 
alcançar o equilíbrio ambiental nas cidades. 
Além do Artigo 225, considerado o mais importante orientador constitucional 
ambiental, existem também outros importantes dispositivos disciplinando o tema, 
como é o caso do Artigo 182, inserido no capítulo que trata da política urbana 
nacional. 
Já o Artigo 21, XX determina a competência material da União nas diretrizes 
para o desenvolvimento urbano, promovendo a habitação, o saneamento básico e o 
transporte urbano. 
Art. 21. Compete à União: 
(...) 
 
 
19 
 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos. 
No Artigo 5º, que trata dos direitos e garantias individuais e coletivos, 
expressa em seu inciso XXIII que toda a propriedade deverá atender à sua função 
social: 
Art. 5º - Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e aosestrangeiros residentes no País a inviolabilidade 
do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos 
seguintes: 
(...) 
XXIII - a propriedade atenderá a sua função social. 
 
Neste contexto, também temos o Estatuto da Cidade – Lei nº 10.257/019 que 
no art. 2º, inciso I, elenca a garantia do direito e cidades sustentáveis como uma de 
suas diretrizes, sendo norma fundamental para a proteção do meio ambiente 
artificial. 
 
[...] I – garantia do direito a cidades sustentáveis, entendido como o direito à 
terra urbana, à moradia, ao saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, 
ao transporte e aos serviços públicos, ao trabalho e ao lazer, para as 
presentes e futuras gerações; (...). 
 
c) Meio ambiente cultural 
Resulta das intervenções humanas, materiais e imateriais, que possuem um 
especial valor cultural, referente à identidade, à ação, à memória dos diferentes 
grupos formadores da nacionalidade ou sociedade brasileiras. Abrange, segundo 
Beltrão (2014), o patrimônio histórico, artístico, paisagístico, arqueológico, ecológico, 
entre outros. 
A Constituição Federal trata expressamente sobre o patrimônio cultural 
brasileiro nos arts. 215 e 216. 
Art. 215. O Estado garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e 
acesso às fontes da cultura nacional, e apoiará e incentivará a valorização e a 
difusão das manifestações culturais. 
 
9 Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constituição Federal, estabelece diretrizes gerais da política 
urbana, e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257.htm 
 
 
20 
 
Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza 
material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de 
referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da 
sociedade brasileira, nos quais se incluem: 
I - as formas de expressão; 
II - os modos de criar, fazer e viver; 
III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
IV - as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços 
destinados às manifestações artístico-culturais; 
V - os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, 
arqueológico, paleontológico, ecológico e científico. (...). 
 
Lembremos que cabe ao Poder Público, com a colaboração da sociedade, 
promover e proteger o patrimônio cultural brasileiro, tendo como principais 
instrumentos os inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, 
conforme o art. 216, § 1º, da Carta Política. 
Quanto à fixação de competência legislativa, DÓRIS TENÓRIO (2008) 
exemplifica com a Jurisprudência do Tribunal de Justiça de Minas Gerais- TJMG: 
Município. Competência legislativa. Proteção ao patrimônio histórico-cultural. 
O Município tem competência, legislativa e administrativa, para dispor sobre a 
proteção do patrimônio histórico-cultural de interesse local (Constituição da 
República, arts. 23, III, e 30, II e IX). O interesse local, para o efeito do patrimônio 
histórico, diz respeito à proteção dos valores que não ultrapassem a estima pública 
do lugar ou em que esta seja muito predominante. 
(TJMG. AC 1.0000.00.198640-5/ 000 (1), Des. Relator: Almeida Melo, 
20/02/2001) 
 
d) Meio ambiente do trabalho e patrimônio genético 
O meio ambiente de trabalho busca assegurar um ambiente sadio, hígido e 
sem periculosidade, para que as pessoas exerçam com dignidade sua atividade 
laboral (ARAÚJO; NUNES JR, 1998). 
Segundo TERENCE DORNELLES TRENNEPOHL (2006, p. 6), “o meio 
ambiente do trabalho compreende a qualidade do ambiente em que o trabalhador 
exerce a sua atividade profissional”. 
 
 
21 
 
Desse modo, para que este local seja considerado adequado para o 
trabalho, deverá apresentar além de condições salubres, ausência de agentes que 
coloquem em risco o corpo físico e a saúde mental dos trabalhadores. 
Segundo DÓRIS TENÓRIO (2008), a tutela mediata do meio ambiente do 
trabalho se encontra no Artigo 225, enquanto que no Artigo 200, VIII, a CF/88, tutela 
imediatamente o meio ambiente do trabalho, ao afirmar que compete ao Sistema 
único de Saúde- SUS, colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido 
o do trabalho. 
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, 
nos termos da lei: 
(...) 
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do 
trabalho. 
No entanto, a proteção conferida pelo meio ambiente do trabalho é diversa 
da oferecida pelo direito do trabalho. Ao se falar em meio ambiente do trabalho, está 
se referindo à manutenção da saúde e da segurança do trabalhador no local onde 
trabalha. Já o direito do trabalho protege o trabalhador no sentido de ser um 
conjunto de normas disciplinadoras entre empregador e empregado. 
O patrimônio genético está relacionado com a engenharia genética que 
manipula as moléculas de ADN/ARN recombinante originando a produção de 
transgênicos (OGM), a fertilização in vitro, as células tronco, entre outros. 
Está tutelado imediatamente pelo Artigo 225, V: 
V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, 
métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o 
meio ambiente. 
A proteção da saúde do trabalhador encontra-se genericamente tratada na 
CF/88 no art. 7º, XXII, XXIII e XXXIII. Expressa o meio ambiente do trabalho no art. 
200, II e VIII, ao disciplinar a competência do Sistema Único de Saúde, prevendo 
que o meio ambiente compreende o meio ambiente do trabalho. 
Segundo ANTÔNIO F. G. BELTRÃO (2014), alguns autores defendem que o 
meio ambiente do trabalho não estaria compreendido no âmbito do direito ambiental, 
mas, sim, no direito do trabalho, visto que a Carta Federal não trata do meio 
ambiente do trabalho no capítulo do meio ambiente (art. 255), tampouco nos demais 
artigos existentes ao longo de seu texto referentes ao meio ambiente em geral. 
 
 
22 
 
Revendo posicionamento anterior, contudo, Beltrão entende que, de fato, o 
meio ambiente do trabalho insere-se no meio ambiente não apenas em razão da 
expressa previsão contida no art. 200, VIII, da Carta Política, mas principalmente 
pela interpretação teleológica da ordem constitucional vigente. Ora, o caput do art. 
225 dispõe ser dever do Poder Público assegurar a todos o direito ao meio ambiente 
ecologicamente equilibrado, essencial à sadia qualidade de vida; outrossim, a 
dignidade da pessoa humana consiste em um dos princípios fundamentais da 
República Federativa do Brasil, conforme art. 1º , III, da Constituição Federal. 
Uma vez que a maioria das pessoas passa boa parte de suas vidas em seu 
local de trabalho, por conseguinte, zelar pela sadia qualidade de vida no ambiente 
em que os indivíduos exercem a sua atividade profissional nada mais é do que uma 
consequência lógica da aplicação das citadas normas constitucionais. 
Logo, apesar de a CF não tratar do meio ambiente do trabalho no Capítulo 
VI do Título VIII (art. 225), torna-se bastante claro, em uma interpretação 
sistemática, que o meio ambiente de trabalho insere-se no meio ambiente. Por 
analogia, pode-se citar o exemplo do patrimônio cultural, que também não está 
previsto no capítulo do meio ambiente, mas sim na Seção II (da Cultura) do Capítulo 
III (arts. 215 e 216), no entanto, não há dúvida alguma de que o patrimônio cultural 
insere-se no meio ambiente (meio ambiente cultural) (BELTRÃO, 2014). 
 
VALE LEMBRAR! 
 
O meio ambiente ecologicamente equilibrado é: 
a) direito fundamental das presentes e futuras gerações, embora não esteja 
contemplado no Título II da CF de 1988; 
b) direito de terceira geração, por envolver a solidariedade e a fraternidade 
entre os povos, reconhecido pela doutrina e pelo Supremo Tribunal Federal (STF)10; 
 
10
 Obs.: STF, MS22.164/SP, OJ 17.11.1995. Enquanto os direitos de primeira geração (direitos civis 
e políticos) – que compreendem as liberdades clássicas, negativas ou formais – realçam o princípio 
da liberdade e os direitos de segunda geração (direitos econômicos, sociais e culturais) – que se 
identifica com as liberdades positivas, reais ou concretas – acentuam o princípio da igualdade, os 
direitos de terceira geração, que materializam poderes de titularidade coletiva atribuídos 
genericamente a todas as formações sociais, consagram o princípio da solidariedade e constituem 
um momento importante no processo de desenvolvimento, expansão e reconhecimento dos direitos 
humanos, caracterizados, enquanto valores fundamentais indisponíveis, pela nota de uma essencial 
inexauribilidade. O direito à integridade do meio ambiente – típico direito de terceira geração – 
constitui prerrogativa jurídica de titularidade coletiva, refletindo, dentro do processo de afirmação dos 
 
 
23 
 
c) bem de interesse difuso (bem de uso comum do povo); 
d) macrobem ambiental tutelado pela Constituição Federal. 
 
A titularidade do direito fundamental ao meio ambiente ecologicamente 
equilibrado é metaindividual ou transindividual. 
Os aspectos do meio ambiente ecologicamente equilibrado são as partes do 
todo. Essas parte são conhecidos pela doutrina como os microbens ambientais 
classificados anteriormente. 
Os microbens ambientais são tutelados diretamente pelas leis ordinárias, 
como, entre outras, pelas Leis nº 6.938/81 e nº 9.605/9811. 
Embora já exposto anteriormente, vale frisar que para assegurar a 
efetividade desse direito fundamental, incumbe ao Poder Público (CF/1988, art. 225, 
§ 1º, I, II, V, VI e VII): 
a) preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o 
manejo ecológico das espécies e ecossistemas; 
b) preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e 
fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; 
c) controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos 
e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio 
ambiente; 
d) promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a 
conscientização pública para a preservação do meio ambiente; 
e) proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que 
coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou 
submetam os animais à crueldade. 
A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o 
Pantanal Mato-Grossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua 
utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a 
 
direitos humanos, a expressão significativa de um poder atribuído, não ao indivíduo identificado em 
sua singularidade, mas, num sentido verdadeiramente mais abrangente, à própria coletividade social. 
 
11 Dispõe sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao 
meio ambiente, e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9605.htm 
 
 
24 
 
preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso de recursos naturais (CF/88, 
art. 225, § 4°). 
São bens da União (CF/88, art. 20, II, III, IV, V, VI, VII e X): 
a) as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras, das fortificações 
e construções militares, das vias federais de comunicação e à preservação 
ambiental, definidas em lei; 
b) os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos de seu domínio, 
ou que banhem mais de um Estado, sirvam de limites com outros países, ou que se 
estendam a territórios estrangeiros ou dele provenham, bem como os terrenos 
marginais e as praias fluviais; 
c) as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros países; as 
praias marítimas; as ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as que 
contenham a sede de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço público 
e a unidade ambiental federal, e as referidas no artigo 26, II, da CF/88; 
d) os recursos naturais da plataforma continental e da zona econômica 
exclusiva; 
e) o mar territorial; 
f) os terrenos de marinha e seus acrescidos; 
g) as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-
históricos. 
Compete à União (CF/88, art. 21, XIX) instituir sistema nacional de 
gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos de seu 
uso. 
Incluem-se entre os bens dos Estados (CF/88, art. 26, I e III): 
a) as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emergentes e em depósito, 
ressalvadas, neste caso, na forma da lei, as decorrentes de obras da União; 
b) as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União. 
Compete ao Conselho de Defesa Nacional (CF/88, art. 91, § 1°, III) propor 
os critérios e condições de utilização de áreas indispensáveis à segurança do 
território nacional e opinar sobre seu efetivo uso, especialmente na faixa de fronteira 
e nas relacionadas com a preservação e a exploração dos recursos naturais de 
qualquer tipo. 
 
 
25 
 
A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre 
iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da 
justiça social. observados, dentre vários princípios, a (CF/88, art. 170, VI): 
a) Defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado, 
conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de 
elaboração e prestação. 
A propriedade urbana cumpre sua função social quando atende às 
exigências fundamentais de ordenação da cidade expressas no plano diretor (CF/88, 
art. 182, § 2°). 
O uso da propriedade urbana deve respeitar o equilíbrio ambiental (Lei 
10.257/2001, art. 1º, parágrafo único). A função social da propriedade rural é 
cumprida quando atender, simultaneamente, dentre vários requisitos, a utilização 
adequada dos recursos naturais disponíveis e a preservação do meio ambiente 
(CF/1988, art. 186, II). 
Constituem patrimônio cultural brasileiro, os bens de natureza material e 
imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à 
identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade 
brasileira, nos quais se incluem (CF/88, art. 216, I a V): 
a) as formas de expressão; 
b) os modos de criar, fazer e viver; 
c) as criações científicas, artísticas e tecnológicas; 
d) as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados 
às manifestações artístico-culturais; 
e) os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, arqueológico, 
paleontológico, ecológico e científico. 
O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá 
o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, 
tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação 
(CF/88, art. 216, § 1º). Ficam tombados todos os documentos e os sítios detentores 
de reminiscências históricas dos antigos quilombos (CF/88, art. 216, § 5°). 
São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em 
caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as 
imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar 
 
 
26 
 
e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e 
tradições (CF/88, art. 231, § 1º). 
O aproveitamento dos recursos hídricos, incluídos os potenciais energéticos, 
a pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras indígenas só podem ser 
efetivados com autorização do Congresso Nacional, ouvidas as comunidades 
afetadas, ficando-Ihes assegurada a participação nos resultados da lavra, na forma 
da lei (CF/88, art. 231, § 3º). 
 
 
27 
 
UNIDADE2 – PRINCÍPIOS DO DIREITO AMBIENTAL 
 
ÉDIS MILARÉ (2014) assevera que o Direito, como ciência humana e social, 
pauta-se também pelos postulados da Filosofia das Ciências, entre os quais está a 
necessidade de princípios constitutivos para que a ciência possa ser considerada 
autônoma, ou seja, suficientemente desenvolvida e adulta para existir por si e 
situando-se num contexto científico dado. Foi por essas vias que, do tronco de 
velhas e tradicionais ciências, surgiram outras afins, como rebentos que enriquecem 
a família; tais como os filhos, crescem e adquirem autonomia sem, contudo, perder 
os vínculos com a ciência-mãe. 
Por isso, no natural empenho de legitimar o Direito do Ambiente como ramo 
autônomo da árvore da ciência jurídica, os estudiosos têm se debruçado na 
identificação dos princípios ou mandamentos básicos que fundamentem o 
desenvolvimento da doutrina e deem consistência às suas concepções. 
A palavra princípio, em sua raiz latina última, significa “aquilo que se toma 
primeiro” (primum capere), designando início, começo, ponto de partida. Princípios 
de uma ciência, segundo JOSÉ CRETELLA JÚNIOR (1989, p. 129), “são as 
proposições básicas, fundamentais, típicas, que condicionam todas as estruturas 
subsequentes”. Correspondem, mutatis mutandis, aos axiomas, teoremas e leis em 
outras determinadas ciências. 
Igual concepção nos oferece TALDEN FARIAS (2006, p. 3) ao ressaltar que 
 
a palavra princípio significa o alicerce, a base ou o fundamento de alguma 
coisa. Trata-se de um vocábulo de origem latina e tem o sentido de aquilo 
que se torna primeiro. Na ideia de princípio está a acepção de início ou de 
ponto de partida. 
 
MAURÍCIO GODINHO DELGADO (2005, p. 184) afirma que 
 
a palavra princípio significa proposição elementar e fundamental que 
embasa um determinado ramo de conhecimento ou proposição lógica 
básica em que se funda um pensamento. 
 
No entendimento de ROQUE ANTÔNIO CARRAZA (1998, p. 31), 
 
o princípio jurídico é um enunciado lógico implícito ou explícito que, por 
conta de sua grande generalidade, ocupa posição de preeminência nos 
vastos quadrantes da Ciência Jurídica e por isso mesmo vincula de modo 
 
 
28 
 
inexorável o entendimento e a aplicação das normas jurídicas que com ele 
se conectam. 
 
ÉDIS MILARÉ (2014) bem nos lembra que, entre ciências afins, um princípio 
pode não ser exclusivo, cabendo na fundamentação de mais de uma ciência; o que 
ocorre, sabidamente, quando os princípios são mais gerais e menos específicos. 
Com essa advertência, interessa destacar, aqui, não apenas os princípios 
fundamentais expressamente formulados nos textos do sistema normativo 
ambiental, como também os decorrentes do sistema de direito positivo em vigor, a 
que a doutrina apropriadamente chama de princípios jurídicos positivados. 
Os princípios exercem uma função especialmente importante frente às 
outras fontes do Direito porque, além de incidir como regra de aplicação do Direito 
no caso prático, eles também influenciam na produção das demais fontes do Direito. 
É com base nos princípios jurídicos que são feitas as leis, a jurisprudência, a 
doutrina e os tratados e convenções internacionais, já que eles traduzem os valores 
mais essenciais da Ciência Jurídica (FARIAS, 2006). 
O mesmo autor acima assevera que se na ausência de uma legislação 
específica há que se recorrer às demais fontes do Direito, é possível que no caso 
prático não haja nenhuma fonte do Direito a ser aplicada a não ser os princípios 
jurídicos. 
Com efeito, pode ser que não exista lei, costumes, jurisprudência, doutrina 
ou tratados e convenções internacionais, mas em qualquer situação, os princípios 
jurídicos poderão ser aplicados (FARIAS, 2006). 
Na opinião de JOAQUIM JOSÉ GOMES CANOTILHO (1999), os princípios 
desempenham um papel mediato, ao servirem como critério de interpretação e de 
integração do sistema jurídico, e um papel imediato ao serem aplicados diretamente 
a uma relação jurídica. Para o autor, as três funções principais dos princípios são: 
1. impedir o surgimento de regras que lhes sejam contrárias; 
2. compatibilizar a interpretação das regras; e, 
3. dirimir diretamente o caso concreto frente à ausência de outras regras. 
LUÍS ROBERTO BARROSO (2009) defende que segundo a dogmática 
moderna, as normas jurídicas podem ser divididas em normas-disposição e em 
normas-princípio, de maneira que a distinção entre normas e princípios está 
superada. Enquanto as normas-disposição são regras aplicáveis somente às 
 
 
29 
 
situações a que se dirigem, as normas-princípio ou princípios possuem um grau 
maior de abstração e uma importância mais destacada dentro do sistema jurídico. 
CELSO ANTÔNIO BANDEIRA DE MELLO (1980, p. 230) entende que 
 
os princípios jurídicos constituem o mandamento nuclear do sistema 
normativo, já que além de servirem de critério para a interpretação de todas 
as normas jurídicas eles têm a função de integrar e de harmonizar todo o 
ordenamento jurídico transformando-o efetivamente em um sistema. 
 
Ilustrando ainda mais esta questão, temos NORBERTO BOBBIO (1996, p. 
159) que faz uma clara análise dos princípios gerais do Direito, inserindo-os no 
amplo conceito de normas, nos esclarecendo que: 
 
Os princípios gerais são apenas normas fundamentais ou generalíssimas do 
sistema, as normas mais gerais. A palavra princípios leva a engano, tanto 
que é velha questão entre juristas se os princípios gerais são normas. 
 
Para Bobbio não há dúvida: os princípios gerais são normas como todas as 
outras. E esta é também a tese sustentada por Crisafulli12 (1952) . 
Para sustentar que os princípios gerais são normas, os argumentos são 
dois, e ambos válidos: 
1º. antes de mais nada, se são normas aquelas das quais os princípios gerais 
são extraídos, através de um procedimento de generalização sucessiva, não 
se vê por que não devam ser normas também eles – se abstraio da espécie 
animal obtenho sempre animais, e não flores ou estrelas; 
2º. em segundo lugar, a função para qual são extraídos e empregados é a 
mesma cumprida por todas as normas, isto é, a função de regular um caso. E 
com que finalidade são extraídos em caso de lacuna? Para regular um 
comportamento não regulamentado: mas então servem ao mesmo escopo 
que servem as normas. E por que não deveriam ser normas? 
Sendo assim, os princípios têm valor normativo, e não apenas valorativo, 
interpretativo ou argumentativo, de maneira que se encontram hierarquicamente 
superiores a qualquer regra. Na verdade, já que os princípios são o esteio do 
 
12
 Advogado e um dos maiores constitucional italianos da segunda metade do século XX, falecido em 
1986. 
 
 
30 
 
ordenamento jurídico, é a eles que as regras têm que se adequar e não o contrário, 
e quando isso não ocorrer deverá a mesma ser considerada nula. 
No âmbito do Direito Ambiental, os princípios também desempenham essas 
mesmas funções de interpretação das normas legais, de integração e harmonização 
do sistema jurídico e de aplicação ao caso concreto. 
É preciso destacar também que a afirmação dos princípios do Direito 
Ambiental desempenhou um papel fundamental no reconhecimento desse Direito 
enquanto ramo autônomo da Ciência Jurídica. 
Na mesma linha de pensamento segue ANTÔNIO HERMAN DE 
VASCONCELLOS E BENJAMIN (1993) ao apontar as quatro principais funções dos 
princípios do Direito Ambiental no que diz respeito à sua compreensão e aplicação: 
a) são os princípios que permitem compreender a autonomia do Direito 
Ambiental em face dos outros ramos do Direito; 
b) são os princípios que auxiliam no entendimento e na identificação da 
unidade e coerência existentes entre todas as normas jurídicas que compõem o 
sistema legislativo ambiental; 
c) são dos princípios que se extraem as diretrizes básicas que permitem 
compreender a forma pela qual a proteção do meioambiente é vista na sociedade; e 
finalmente, 
d) são os princípios que servem de critério básico e inafastável para a exata 
inteligência e interpretação de todas as normas que compõem o sistema jurídico 
ambiental, condição indispensável para a boa aplicação do Direito nessa área 
(MIRRA, 1996). 
Um aspecto que ressalta a importância dos princípios no Direito Ambiental 
em relação aos demais ramos da Ciência Jurídica é o fato da enorme proliferação 
legislativa nessa área. 
PAULO DE BESSA ANTUNES (2015) expõe que há alguns anos, em se 
tratando de proteção à flora, era apenas o Código Florestal que se aplicava, 
enquanto que atualmente essa lei é apenas um dos inúmeros elementos de 
proteção à flora já que existe a Convenção de Diversidade Biológica, o Sistema 
Nacional de Unidades de Conservação e uma série de normas objetivando a 
proteção específica de um bioma ou de uma espécie de flora. 
Com efeito, como existe uma competência legislativa concorrente entre os 
diversos entes federativos, é possível encontrar, além das leis e decretos federais e 
 
 
31 
 
convenções e tratados internacionais, uma série de leis e decretos estaduais, 
distritais e municipais. 
É também imensa a proliferação de resoluções ou deliberações editadas 
pelos conselhos de meio ambiente, seja no âmbito Federal, Estadual ou Distrital e 
Municipal, e de portarias elaboradas pelos órgãos administrativos de meio ambiente. 
Muitas vezes, tais normas são elaboradas por técnicos ambientais ou até por 
representantes de associações de classe ou de movimentos sociais que adotam 
uma redação confusa ou obscura sob o ponto de vista da técnica legislativa. 
Por conta disso, os conflitos normativos são muito comuns nessa área e 
deverão ser resolvidos por meio da aplicação dos princípios do Direito Ambiental. 
Com relação ao papel relevante que os princípios jurídicos podem desempenhar 
naquelas situações que ainda não foram objeto de legislação específica, trata-se de 
mais um situação muito comum no que diz respeito ao meio ambiente. 
A evolução da sociedade e o aparecimento de novas tecnologias fazem com 
que a cada dia surjam novas situações capazes de interferir na qualidade do meio 
ambiente e que, por isso, não podem deixar de ser reguladas pelo Direito Ambiental. 
ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS E BENJAMIN (1993) pondera 
que os princípios do Direito Ambiental, da mesma forma que os demais princípios do 
Direito Constitucional, do Direito Administrativo e do Direito Público de uma maneira 
geral, são valores que fundamentam o Estado e incidem sobre a organização 
política da sociedade. 
Por causa disso, esses princípios devem ser levados em consideração em 
todas as decisões do Poder Público, especialmente em relação às políticas públicas 
ambientais e a todas as políticas públicas de uma maneira geral, já que todos os 
setores da atividade pública de alguma forma repercutem na questão ambiental. 
De acordo com PAULO DE BESSA ANTUNES (2015), são de dois tipos os 
princípios do Direito Ambiental: os explícitos e os implícitos. Os primeiros são 
aqueles que se encontram positivados nos textos legais e na Constituição Federal, e 
os segundos são aqueles depreendidos do ordenamento jurídico constitucional. É 
claro que tanto os princípios explícitos quanto os implícitos encontram aplicabilidade 
no sistema jurídico brasileiro, pois os princípios não precisam estar escritos para 
serem dotados de positividade. 
Devido ao fato de parte dos princípios do Direito Ambiental serem 
construções eminentemente doutrinárias inferidas dos textos legais e das 
 
 
32 
 
declarações internacionais de Direito, a quantidade e a denominação desses 
princípios variam de um autor para outro. No entendimento de CELSO ANTÔNIO 
PACHÊCO FIORILLO (2008), os princípios do Direito Ambiental são os seguintes: 
desenvolvimento sustentável, poluidor pagador, prevenção, participação (de acordo 
com o autor, a informação e a educação ambiental fazem parte deste princípio) e 
ubiquidade. 
LUÍS PAULO SIRVINSKAS (2015) enumera os seguintes princípios do 
Direito Ambiental: direito humano; desenvolvimento sustentável, democrático; 
prevenção (precaução ou cautela); equilíbrio; limite; poluidor-pagador e 
responsabilidade social. 
ÉDIS MILARÉ (2014) elenca como princípios do Direito Ambiental: meio 
ambiente ecologicamente equilibrado como direito fundamental da pessoa humana, 
natureza pública da proteção ambiental, controle de poluidor pelo Poder Público, 
consideração da variável ambiental no processo decisório de políticas de 
desenvolvimento, participação comunitária, poluidor-pagador, prevenção, função 
social da propriedade, desenvolvimento sustentável e cooperação entre os povos. 
Para RUI PIVA (2000, p. 51), o Direito Ambiental possui os princípios a 
saber: “participação do Poder Público e da coletividade, obrigatoriedade da 
intervenção estatal, prevenção e precaução, informação e notificação ambiental, 
educação ambiental, responsabilidade das pessoas física e jurídica”. 
PAULO AFFONSO LEME MACHADO (2001, p. 43) classifica os seguintes 
princípios do Direito Ambiental: “acesso equitativo aos recursos naturais, usuário-
pagador e poluidor-pagador, precaução, prevenção, reparação, informação e 
participação”. 
TOSHIO MUKAI (2016) trabalha com os seguintes princípios do Direito 
Ambiental: prevenção, poluidor-pagador ou responsabilização e cooperação. 
Segundo PAULO DE BESSA ANTUNES (2015), os princípios do Direito 
Ambiental são: direito humano fundamental, desenvolvimento, democrático, 
precaução, prevenção, equilíbrio, limite, responsabilidade, poluidor-pagador. 
Já para CRISTIANE DERANI (2001), os princípios do Direito Ambiental são 
os seguintes: cooperação, poluidor-pagador, ônus social e precaução. 
MARCOS DESTEFENNI (2004, p. 27) enumera os seguintes princípios do 
Direito Ambiental: “obrigatoriedade da intervenção estatal, prevenção, precaução, 
 
 
33 
 
usuário e poluidor pagador, ampla responsabilidade da pessoa física e jurídica e 
desenvolvimento sustentável. 
Entretanto, tem razão PAULO DE BESSA ANTUNES (2015) ao sustentar 
que além de não existir um consenso sobre os princípios do Direito Ambiental, são 
enormes as divergências doutrinárias sobre o conteúdo de cada um deles. 
É importante destacar o relevante papel que a Declaração Universal sobre o 
Meio Ambiente e a Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e 
Desenvolvimento, ambos documentos redigidos respectivamente na 1ª e na 2ª 
Convenção Internacional da Organização das Nações Unidas sobre o Meio 
Ambiente, tiveram na formação dos princípios do Direito Ambiental. 
A maior parte dos princípios de Direito Ambiental trazidos pela Declaração 
Universal sobre o Meio Ambiente foi consagrada explícita ou implicitamente pela 
Constituição Federal de 1988 e pela legislação ambiental de uma forma geral. De 
qualquer forma, passarão a ser analisados de forma objetiva apenas os princípios 
mais importantes do Direito Ambiental. 
 
2.1 Princípios fundamentais do Direito Ambiental 
Segundo o princípio do acesso equitativo aos recursos naturais, os bens 
ambientais devem ser utilizados de forma a satisfazer as necessidades comuns de 
todos os habitantes da Terra, orientando-se sempre pela igualdade de 
oportunidades na sua fruição. Além disso, devem ser explorados de tal modo que 
não haja risco de serem exauridos, resguardando-os para as futuras gerações. 
O princípio da prevenção ou precaução prescreve que as normas de 
direito ambiental devem sempre se orientar para o fato de que é necessário que o 
meio ambiente seja preservado e protegido como patrimônio público. A prevenção 
aplica-se tanto a situações nas quais há certeza quanto aos riscos de danos 
ambientais, como às situações em que existem dúvidas e incertezas. 
Assim, se, por exemplo, na permissão ou autorização de uma obra ou de um 
novo agrotóxico há incerteza sobre a existência ou probabilidadede danos à saúde 
pública ou à natureza, tal atividade, em observância ao princípio da precaução, não 
deverá ser autorizada ou, pelo menos, deverão ser tomadas medidas preventivas 
que afastem os riscos. Enfim, prevenir é agir antecipadamente a fim de evitar danos 
graves e irreparáveis ao meio ambiente. 
 
 
34 
 
De outro lado, antes de ser colocada a questão “Há certeza quanto a 
possibilidade de dano?”, deve ser feita outra pergunta, mais importante que a 
primeira: “Precisamos realmente desta atividade?”. Ou seja, deve ser questionado, 
antes de tudo, se a atividade atende ao bem comum e, apenas em caso afirmativo, 
questionar-se quanto aos impactos no meio ambiente e às formas de prevenção. O 
principal instrumento na aplicação deste princípio é o Estudo de Impacto Ambiental, 
analisado mais adiante. 
Enquanto doutrinadores como JOSÉ AFONSO DA SILVA (2013) e TOSHIO 
MUKAI (2016) sequer citam a precaução como princípio do Direito Ambiental, outros 
como CELSO ANTÔNIO PACHÊCO FIORILLO (2008), EDIS MILARÉ (2014), LUÍS 
PAULO SIRVINSKAS (2015) preferem adotar o princípio da prevenção como 
sinônimo ou como gênero de que o princípio da precaução é espécie. 
Com efeito, existe uma grande semelhança entre o princípio da precaução e 
o princípio da prevenção que o primeiro é apontado como um aperfeiçoamento do 
segundo. Prova disso é que os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente 
que se prestam a efetivar a prevenção são apontados também como instrumentos 
que se prestam a efetivar a precaução (FARIAS, 2006). 
Nesse sentido, temos a opinião de ANA CAROLINA CASAGRANDE 
NOGUEIRA (2004) para quem o “princípio de precaução”, por sua vez, é apontado, 
pelos que defendem seu status de novo princípio jurídico-ambiental, como um 
desenvolvimento e, sobretudo, um reforço do princípio da prevenção. Seu 
fundamento seria, igualmente, a dificuldade ou impossibilidade de reparação da 
maioria dos danos ao meio ambiente, distinguindo-se do princípio da prevenção por 
aplicar-se especificamente às situações de incerteza científica. 
O princípio da reparação ou da responsabilidade, decorrente do princípio 
da prevenção, orienta que aquele que causar lesão a bens ambientais deve ser 
responsabilizado por seus atos, reparando ou indenizando, de forma adequada, os 
danos causados. 
Esse princípio está previsto no § 3º do art. 225 da Constituição Federal, que 
dispõe que “as condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente 
sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e 
administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados”. 
A primeira parte do inciso VII do art. 4º da Lei nº 6.938/81 prevê o princípio 
da responsabilidade ao determinar que a Política Nacional do Meio Ambiente visará 
 
 
35 
 
à imposição ao poluidor e ao predador da obrigação de recuperar e/ou indenizar os 
danos causados ao meio ambiente. 
O inciso IX do art. 9º dessa Lei também prevê o princípio da 
responsabilidade ao classificar como instrumento da Política Nacional do Meio 
Ambiente as penalidades disciplinares ou compensatórias ao não cumprimento das 
medidas necessárias à preservação ou correção da degradação ambiental. 
O princípio da responsabilidade também foi consagrado pelo inciso VII do 
art. 4º e no § 1º do art. 14 da referida Lei ao dispor, respectivamente, que a Política 
Nacional do Meio Ambiente visará à imposição, ao poluidor e ao predador, da 
obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da 
contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos, e que sem 
obstar a aplicação das penalidades previstas neste artigo, é o poluidor obrigado, 
independentemente de existência de culpa, a indenizar ou reparar os danos 
causados ao meio ambiente e a terceiros, afetados por sua atividade, prevendo 
ainda que o Ministério Público da União e dos Estados terá legitimidade para propor 
ação de responsabilidade civil e criminal por danos causados ao meio ambiente 
(FARIAS, 2006). 
O princípio da qualidade prescreve que as normas de direito ambiental 
devem se orientar para o fato de que o meio ambiente deve ter qualidade propícia à 
vida saudável e ecologicamente equilibrada. 
O princípio da participação popular ou gestão democrática, decorre da 
necessidade de uma democracia participativa, bem como do fato de que cuidar do 
meio ambiente não é tarefa apenas do Estado, mas de toda a sociedade civil. Assim, 
é fundamental um espaço de diálogo e cooperação entre os diversos atores sociais, 
seja para a formulação e execução de uma política e de ações ambientais, seja para 
a solução de problemas. Como exemplo deste princípio temos as audiências 
públicas e os conselhos de recursos hídricos. 
O princípio do princípio do poluidor-pagador é considerado fundamental 
na política ambiental, sendo entendido como um “instrumento econômico que exige 
do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e 
repressão dos danos ambientais” (GARCIA; THOMÉ, 2015, p. 41). Para sua 
aplicação, os custos sociais externos que acompanham o processo de produção 
devem ser internalizados. 
 
 
36 
 
Esse princípio foi introduzido pela Organização para Cooperação e 
Desenvolvimento Econômico – OCDE –, mediante adoção, aos 26 de maio de 1972, 
da Recomendação C(72) 128, do Conselho Diretor, que trata de princípios dos 
aspectos econômicos das políticas ambientais (ANTUNES, 2015). 
A ‘Declaração do Rio’, de 1992, tratou da matéria em seu Princípio 1613 . No 
Brasil, foi inserida na Lei 6.938, no seu art. 4º, inciso VII14 , bem como na 
Constituição Federal no art. 225, parágrafo 3º (MILARÉ, 2014) 
O princípio do poluidor pagador tem sido confundido por grande parte da 
doutrina com o princípio da responsabilidade. Contudo, o seu objetivo não é 
recuperar um bem lesado nem criminalizar uma conduta lesiva ao meio ambiente, e 
sim afastar o ônus econômico da coletividade e voltá-lo para a atividade econômica 
utilizadora de recursos ambientais (ANTUNES, 2015). 
O princípio do poluidor-pagador parte da constatação de que os recursos 
ambientais são escassos e o seu uso na produção e no consumo acarretam a sua 
redução e degradação. Ora, se o custo da redução dos recursos naturais não for 
considerado no sistema de preços, o mercado não será capaz de refletir a escassez. 
Em assim sendo, são necessárias políticas públicas capazes de eliminar a falha de 
mercado, de forma a assegurar que os preços dos produtos reflitam os custos 
ambientais (ANTUNES, 2015). 
ANTÔNIO HERMAN DE VASCONCELLOS e BENJAMIN (1993, p. 227) 
afirmam que 
 
o princípio do poluidor-pagador visa a fazer com que o empreendedor inclua 
nos custos de sua atividade todos as despesas relativas à proteção 
ambiental. A poluição dos recursos ambientais de uma maneira geral, e 
especialmente em se tratando daqueles bens mais facilmente encontrados 
na natureza, como a água, o ar e o solo, por conta da natureza difusa, é 
normalmente custeada pelo Poder Público. 
 
Em termos econômicos, esse custo é um subsídio à atividade econômica 
poluidora, já que não está sendo levado em conta os prejuízos sofridos pela 
 
13
 As autoridades nacionais devem procurar promover a internacionalização dos custos ambientais e 
o uso de instrumentos econômicos, tendo em vista a abordagem segundo a qual o poluidor deve, em 
princípio, arcar com o custo da poluição, com a devida atenção ao interesse público e sem provocar 
distorções no comércio e nos investimentos internacionais. 
 
14
 Art. 4º - A Política Nacional do Meio Ambiente visará: [...] VII - à imposição, ao poluidor e ao 
predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição 
pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos. 
 
 
37 
 
sociedade que ocorrem tanto que a coletividade sente os efeitos

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