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SISTEMA DE ENSINO DIREITO ELEITORAL Justiça Eleitoral Livro Eletrônico 2 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Apresentação . .................................................................................................................................................. 4 Justiça Eleitoral . .............................................................................................................................................. 5 1. Aspectos Gerais da Justiça Eleitoral .................................................................................................. 5 1.1. Breve Histórico . ........................................................................................................................................ 5 1.2. Estrutura Organizacional . ................................................................................................................... 5 1.3. Justiça Especializada . ............................................................................................................................ 7 1.4. Inexistência de Magistratura Própria . .......................................................................................... 8 1.5. Periodicidade de Investidura dos Membros ................................................................................ 9 1.6. Garantias da Magistratura Aplicadas aos Juízes Eleitorais . ..............................................12 1.7. Divisão Territorial Própria para Fins Eleitorais (Circunscrições, Zonas e Seções)....13 1.8. Irrecorribilidade de suas Decisões . .............................................................................................. 14 2. Funções da Justiça Eleitoral .................................................................................................................15 2.1. Função Jurisdicional . ............................................................................................................................15 2.2. Função Administrativa . ......................................................................................................................16 2.3. Função Regulamentar . ...................................................................................................................... 18 2.4. Função Consultiva . ..............................................................................................................................20 3. Tribunal Superior Eleitoral . ................................................................................................................. 26 3.1. Sede e Jurisdição do TSE .................................................................................................................... 26 3.2. Composição do TSE ............................................................................................................................. 27 3.3. Alteração da Composição do TSE . .................................................................................................28 3.4. Escolha de Ministros Efetivos do TSE . ....................................................................................... 29 3.5. Escolha de Ministros Substitutos do TSE . .................................................................................34 3.6. Vedações à Escolha de Ministros do TSE . .................................................................................34 *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 C U R SO S PA R A CO N C U R SO S divisão de custos ClIqUe PaRa InTeRaGiR Facebook Gmail Whatsapp https://bit.ly/2YPHtuM https://bit.ly/2Bn5D7P mailto:materialconcursosone@gmail.com?subject=Oi.%20Desejo%20informa%C3%A7%C3%B5es%20sobre 3 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL 3.7. Quórum de Deliberação do TSE . ..................................................................................................... 36 4. Tribunal Regional Eleitoral – TRE . .................................................................................................... 37 4.1. Jurisdição e Sede do TRE . ................................................................................................................. 37 4.2. Composição do TRE ............................................................................................................................. 37 4.3. Escolha dos Juízes Efetivos do TRE . ............................................................................................ 41 4.4. Escolha de Juízes Substitutos do TRE ........................................................................................49 4.5. Vedações à Escolha dos Juízes do TRE . ..................................................................................... 50 4.6. Quórum de Deliberação do TRE . .................................................................................................... 53 5. Juiz Eleitoral . ..............................................................................................................................................54 5.1. Processo de Escolha do Juiz Eleitoral . .........................................................................................54 5.2. Jurisdição do Juiz Eleitoral . ............................................................................................................. 56 5.3. Temporalidade no Cargo de Juiz Eleitoral ................................................................................. 56 6. Junta Eleitoral . .......................................................................................................................................... 57 6.1. Composição das Juntas Eleitorais . ............................................................................................... 57 6.2. Processo de Escolha dos Membros da Junta Eleitoral . .......................................................58 6.3. Vedações à Escolha de Membros da Junta Eleitoral . ........................................................... 59 7. Competências da Justiça Eleitoral . ...................................................................................................60 7.1. Estudo Comparativo das Competências da Justiça Eleitoral . .............................................61 7.2. Estudo Isolado das Competências da Justiça Eleitoral ....................................................... 78 Resumo . .............................................................................................................................................................82 Questões de Concurso . .............................................................................................................................. 92 Gabarito .............................................................................................................................................................111 Questões Comentadas . ............................................................................................................................. 112 *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 4 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL ApresentAção Caro(a) aluno(a), vamos iniciar nosso curso tratando dos aspectos gerais da Justiça Elei- toral. Essa primeira parte da aula é importante para que você comece a perceber que a Justiça Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário Federal com características muito singulares. Desde a definição de suas competências (funções jurisdicional, administrativa, consultiva e regula- mentar) até o modelo de sua organização funcional (composição híbrida e não vitalícia), tudo (ou quase tudo) na Justiça Eleitoralé um tanto diferente. Após você conhecer os aspectos gerais da Justiça Eleitoral, passaremos, na segunda par- te da aula, a estudar o modo como ela se organiza, e, na terceira e última parte, finalizaremos nosso estudo apresentando suas competências. Vamos lá!!! *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 5 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL JUSTIÇA ELEITORAL 1. Aspectos GerAis dA JustiçA eleitorAl Vamos inicialmente estudar os aspectos gerais da Justiça Eleitoral. Vamos conhecer sua estrutura organizacional, o âmbito de sua atuação, a composição de seus tribunais, as pecu- liaridades incidentes sobre seus membros, sua organização territorial e, finalmente, a recor- ribilidade de suas decisões. 1.1. Breve Histórico Antes de adentrarmos especificamente na matéria, faz-se necessário um breve histórico deste importante ramo do Poder Judiciário Federal. A Justiça Eleitoral do Brasil foi criada pelo Decreto n.º 21 076, de 24 de fevereiro de 1932. Anos depois, foi extinta com a outorga da Constituição de 1937, que não a recepcionou. Res- surgiu com o fim do Estado Novo e a promulgação da Carta Constitucional de 1946. A partir do golpe/revolução de 1964, teve sua atuação restrita a organização das eleições para ve- reador, prefeito, deputado estadual e federal. Em 1982, organizou as primeiras eleições para Governador depois do golpe/revolução militar de 1964. Em 1989, realizou, finalmente, as pri- meiras eleições para Presidente. Hoje tem como função precípua organizar eleições para os cargos eletivos de Presidente, Vice-Presidente, Governador, Vice-Governador, Senador, Deputado estadual, Deputado Fede- ral, Prefeito, Vice-Prefeito e Vereador. 1.2. estruturA orGAnizAcionAl Nos termos do art. 118 da CF/1988, a Justiça Eleitoral, integrante da estrutura do Poder Judiciário da União, é composta pelos seguintes órgãos federais: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 6 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Art. 118. São órgãos da Justiça Eleitoral: I – o Tribunal Superior Eleitoral; II – os Tribunais Regionais Eleitorais; III – os Juízes Eleitorais; IV – as Juntas Eleitorais. Em plena compatibilidade com a Constituição Federal, o art. 12 do Código Eleitoral esta- belece: Art. 12. São órgãos da Justiça Eleitoral: I – O Tribunal Superior Eleitoral, com sede na Capital da República e jurisdição em todo o País; II – um Tribunal Regional, na Capital de cada Estado, no Distrito Federal e, mediante proposta do Tribunal Superior, na Capital de Território; III – Juntas Eleitorais; IV – Juízes Eleitorais. O Tribunal Superior Eleitoral – TSE, os tribunais regionais eleitorais e as juntas eleitorais são órgãos colegiados, formados por mais de um membro, enquanto os juízes eleitorais são órgãos monocráticos, personalizados na figura única do magistrado. Esses órgãos são ordenados em instâncias para o exercício da função jurisdicional. O TSE compõe a instância especial ou extraordinária; os tribunais regionais eleitorais a 2ª instância; e os juízes eleitorais e as juntas eleitorais representam a 1ª instância. Note que os juízes eleitorais e as juntas eleitorais fazem parte do mesmo grau de juris- dição. Inexiste vinculação jurisdicional entre eles no exercício de suas funções, as quais são específicas e não se confundem, conforme será visto em momento oportuno. Composição da Justiça Eleitoral ÓRGÃO INSTÂNCIA TIPO DE ÓRGÃO TSE SUPERIOR OU ESPECIAL COLEGIADO TRE 2ª INSTÂNCIA COLEGIADO JUNTA ELEITORAL 1ª INSTÂNCIA COLEGIADO JUIZ ELEITORAL 1ª INSTÂNCIA MONOCRÁTICO *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 7 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL 1.3. JustiçA especiAlizAdA Sem embargo da jurisdição ser una, o legislador constitucional, diretamente ou por ordem expressa de elaboração de lei complementar, define o conjunto de competências próprias de cada ramo do Poder Judiciário. Por opção do legislador constitucional e rompendo a tradição constitucional brasileira de estabelecer no próprio texto constitucional um núcleo mínimo de atribuições da Justiça Eleitoral, o atual texto da Carta Magna estabeleceu, no seu art. 121, que Lei complementar deveria dispor sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das juntas eleitorais. O diploma legal que satisfaz esse comando constitucional é a Lei n. 4.737, de 15 de julho de 1945, também conhecida como Código Eleitoral – CE. Muito embora esse normativo não tenha sido editado como uma Lei complementar, as matérias relativas à organização e à competência da Justiça Eleitoral nele contidas passa- ram, por força do disposto no art. 121 da CF/1988, a ter força de Lei complementar. Com isso, vale notar que qualquer alteração no CE em matéria de organização e competência exige, nos termos da sistemática própria de alteração das leis complementares, o quórum qualificado de maioria absoluta, ou seja, os votos de metade mais um do órgão legislativo. Nos termos do CE, é pacífico o entendimento de que cabe à Justiça Eleitoral a apreciação de feitos eleitorais, inclusive os de natureza criminal – crimes eleitorais. Contudo, matéria complexa e que certamente será objeto de questionamento em concur- sos públicos nos remete ao questionamento sobre o que fazer quando se tem casos cujos fatos guardam relação entre si, mas que, em razão de sua matéria, deveriam ser julgados em jurisdições com funções distintas, como por exemplo, crimes comuns, federais ou estaduais, praticados em conexão com crimes eleitorais. Para alguns doutrinadores a competência para julgar tais crimes é da justiça comum, estadual ou federal, enquanto para outros o foro adequando é a Justiça Eleitoral. Recentemente, em 13 e 14-3.2019, o Supremo Tribunal Federal se pronunciou sobre a controvérsia, no julgamento do AgR-Inq n. 4435, da relatoria do Ministro Marco Aurélio, oca- *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 8 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL sião em que manteve sua jurisprudência tradicional e reafirmou que, nesses casos, a compe- tência é da Justiça Eleitoral. Segundo o STF, diante de crimes conexos é querido a reunião dos processos em um só juízo e o julgamento em conjunto, a fim de evitar decisões conflitantes. A regra para definir o juízo único é a contida no art. 78, IV, do Código de Processo Penal – CPP, cuja redação esta- belece que no concurso entre a jurisdição comum e a especial, prevalecerá esta. Nesse mesmo sentido, lembrou a maioria dos ministros do STF, o art. 35, II, do CE afirma que cabe aos juízes eleitorais processar e julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe fo- rem conexos, ressalvada a competência originária dos tribunais regionais. Ademais, para finalizar, o art. 109, IV, da CF/1988, ao estabelecer a competência criminal da Justiça Federal, ressalva expressamente os casos de competência da Justiça Eleitoral. Eis a ementa do julgado da Corte Constitucional. COMPETÊNCIA – JUSTIÇA ELEITORAL – CRIMES CONEXOS. Compete à Justiça Eleitoral julgar os crimes eleitorais e os comuns que lhe forem conexos – inteligência dos artigos 109, inciso IV, e 121 da Constituição Federal, 35, inciso II, do Código Eleitoral e 78, inciso IV, do Código de Processo Penal. (AgR-Inq n. 4435, Min. Rel. Marco Aurélio, j. 13 e 14.3.2019) Não se preocupe com as rápidas linhas agora traçadas, vamos voltar a este tema quando tratarmos da competência dos órgãos da JustiçaEleitoral. Aqui foi só uma pílula para subli- nhara importância do tema, especialmente para concursos públicos. 1.4. inexistênciA de MAGistrAturA própriA A Justiça Eleitoral não possui um quadro próprio de membros com mandato vitalício, como sói ocorrer nos demais órgãos do Poder Judiciário. Os juízes eleitorais são escolhidos pelos tribunais regionais eleitorais entre os juízes es- taduais e exercem, durante prazo definido, a função eleitoral concomitantemente com o cargo estadual de origem. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 9 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Já o TSE e os tribunais regionais eleitorais – são compostos por advogados e juízes de outros ramos do Poder Judiciário. De igual modo, cumpre informar, que os membros dos tribunais eleitorais acumulam suas funções: os escolhidos na classe dos advogados podem continuar o exercício da advocacia, a exceção da atuação na Justiça Eleitoral, e os ministros do STF e STJ continuam exercendo, nesses tribunais, seu múnus público. Logo, não se anime, infelizmente não existe concurso público para o cargo de juiz da Jus- tiça Eleitoral. 1.5. periodicidAde de investidurA dos MeMBros Os juízes que compõem a Justiça Eleitoral não são vitalícios. Ao contrário, possuem um mandato fixo. Na lição de Adriano Soares da Costa (2009, p. 253) o objetivo da norma constitucional é evitar a captura dos juízes eleitorais pelo poder econômico ou político. Confira a seguir. Essa alternância nos quadros da Justiça Eleitoral decorre do princípio da temporariedade e foi instituída com a finalidade de evitar a influência do poder econômico ou do poder político em sua atuação. No ponto, colhe-se a lição de Andrade Neto: [...] o modelo de Justiça Eleitoral previne contra desgastes decorrentes de fricções políticas e aten- de à finalidade de que o exercício do controle seja feito imparcialmente. Com o impedimento de que a condição de magistrado se prolongue por duas eleições para os mesmos cargos, pretende-se evitar que se acumulem, de um para outro pleito, sequelas e interesses contrariados. Vamos explicar isso melhor! 1.5.1. Dos Membros de Tribunais Eleitorais Nos termos do art. 121, § 2º, da CF/1988, os membros dos tribunais eleitorais devem servir à Justiça Eleitoral por, no mínimo, dois anos. A esse respeito, veja a prescrição contida no art. 121, § 2º da CF: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 10 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Art. 121. Omissis [...] § 2º Os juízes dos tribunais eleitorais, salvo motivo justificado, servirão por dois anos, no mínimo, e nunca por mais de dois biênios consecutivos, sendo os substitutos escolhidos na mesma oca- sião e pelo mesmo processo, em número igual para cada categoria. Segundo o art. 14, §1º, do CE, o biênio será contado ininterruptamente a partir da data da posse, sem o desconto do tempo de qualquer afastamento, nem mesmo o decorrente de licença, férias, ou licença especial. Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2012, Antônio se torne juiz efetivo de um TRE. Em janeiro de 2013, Antônio entre de licença médica e retorne ao Tribunal somente em outubro do mesmo ano. Considerando que não há, durante o período de sua licença médica, suspensão da contagem do seu biênio, passados dois meses do seu retorno (novembro e dezembro de 2013), ocorrerá o término do seu 1º biênio (2012-2013). Existe, no entanto, uma exceção a essa regra. O art. 14, § 3º, do CE, estabelece que da homologação da respectiva convenção partidária até a apuração final da eleição, não po- derão servir como juízes nos Tribunais Eleitorais, ou como Juiz Eleitoral, o cônjuge, parente consanguíneo legítimo ou ilegítimo, ou afim, até o segundo grau, de candidato a cargo eletivo registrado na circunscrição. (Incluído pela Lei n. 4.961, de 4/5/1966). Nesse caso, aplicável a todos os membros da Justiça Eleitoral, esse período de afasta- mento dos juízes impedidos não é computado para fins de contagem do biênio. Os ministros escolhidos para compor a Justiça Eleitoral devem exercer o cargo, obrigato- riamente, por dois anos. Já a recondução, por igual período, é facultativa, consoante estabe- lece o art. 1º da Res.-TSE n. 20.958/2001. Caso haja pedido da dispensa da função eleitoral antes do transcurso do primeiro biênio, a apreciação do pedido compete ao tribunal eleitoral a que pertencer o juiz, nos termos do art. 9º da mencionada resolução do TSE. A despeito do mandato fixo de dois anos, é possível que haja a recondução de um mem- bro de tribunal eleitoral para um único biênio subsequente. Um terceiro biênio em sequência é vedado. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 11 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Inexiste, todavia, proibição para que um determinado juiz que já exerceu o cargo de mem- bro de tribunal eleitoral por dois biênios consecutivos volte a ocupar o mesmo cargo. Neste caso, porém, ele somente poderá retornar ao cargo após dois anos do término do segundo biênio, podendo esse prazo ser reduzido em caso de inexistência de outros juízes que preen- cham os requisitos legais. Imagine, por hipótese, que, em janeiro de 2012, João da Silva, Ministro do STF, torne-se Minis- tro efetivo do TSE. Passados dois anos (2012-2013), finda o seu biênio obrigatório, também chamado 1º biênio. A partir daí, poderá ele ainda exercer um 2º biênio (2014-2015) sem que haja qualquer impedimento, desde que o STF o eleja por meio de um escrutínio secreto. Agora, findos os dois biênios, um 3º biênio (2016-2017) na sequência está vedado. Não há, contudo, impedimento algum para que, passados dois anos do término do segundo biênio, o mesmo João da Silva seja eleito pelo STF para exercer novamente o cargo de minis- tro do TSE. Ao término de cada biênio, os ministros, sejam eles substitutos ou efetivos, deverão se submeter ao mesmo processo de escolha originário. Logo, não há recondução automática para o exercício do cargo. Continuando. Os tribunais possuem duas classes de membros: os substitutos e os efe- tivos escolhidos em número igual para cada categoria. Nesse ponto, cumpre informar que a contagem dos biênios dos ministros substitutos não se confunde com a dos efetivos. Isso significa que um ministro substituto pode exercer esse cargo por dois biênios e, na sequência, ser escolhido para o cargo de ministro efetivo e exercê-lo por mais dois mandatos, sem que com isso viole a regra constitucional. 1.5.2. Dos juízes eleitorais Embora a regra do art. 121, § 2º, da CF/1988 faça referência expressa aos “juízes dos tri- bunais eleitorais”, o mandato dos juízes eleitorais também obedece a regra da periodicidade. Obviamente que esse mandato não é tão rígido quanto os dos juízes de tribunais elei- torais, notadamente porque em muitos municípios do Brasil há um único juiz em exercício. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 12 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Todavia, na medida do possível, os tribunais regionais eleitorais, responsáveis pela escolha dos juízes eleitorais, tentam realizar esse rodízio na função eleitoral, a fim de evitar a captura do juiz eleitoral pelo poder econômico ou político. Mais adiante vamos estudar como é realizada a escolha de juízes eleitorais e, então, isso ficará mais evidente. 1.6. GArAntiAs dA MAGistrAturA AplicAdAs Aos Juízes eleitorAis O art. 121, § 1º, da CF/1988 garante aos membros, titularese substitutos, de tribunais eleitorais, aos juízes de Direito e aos integrantes das Juntas Eleitorais, no exercício de suas funções e no que lhes for aplicável, plenas garantias e inamovibilidade. Essas garantias estão elencadas na própria Carta Constitucional, mais precisamente no seu art. 95, quais sejam: vitaliciedade, irredutibilidade de subsídio e inamovibilidade, previstas nos seguintes termos: Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: I – vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquirida após dois anos de exercício, dependendo a perda do cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em julgado; II – inamovibilidade, salvo por motivo de interesse público, na forma do art. 93, VIII; III – irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto nos arts. 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. Não obstante todas essas garantias estejam asseguradas pelo texto constitucional, so- mente a inamovibilidade se amolda a peculiar situação dos juízes eleitorais. Chega-se a essa conclusão a partir da seguinte análise: a) Vitaliciedade – os membros de tribunais eleitorais são escolhidos para exercerem um mandato de, no mínimo, dois anos e podem ser reconduzidos, por um único período subsequente (art. 121, § 2º, CF). Passado esse período, esses membros, necessaria- mente, deixam de compor a Justiça Eleitoral. Trata-se do princípio da temporariedade do exercício das funções eleitorais. Assim, a garantia da vitaliciedade é incompatível com o princípio da periodicidade da investidura das funções eleitorais. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 13 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL b) Irredutibilidade de subsídios – quem exerce funções de magistrado na Justiça Eleitoral não recebe um subsídio. Percebe tão somente uma gratificação de representação pela efetiva participação nas sessões de julgamento do tribunal. Se não participam não recebem retribuição alguma. c) Inamovibilidade – essa garantia é compatível com a Justiça Eleitoral e os membros desta, no exercício de suas funções, são inamovíveis. 1.7. divisão territoriAl própriA pArA Fins eleitorAis (circunscrições, zonAs e seções) A circunscrição eleitoral revela a abrangência territorial da eleição. Na eleição presidencial alcança todo o País; na eleição estadual, o Estado; na eleição municipal, o município. a) Tribunal Superior Eleitoral – TSE: É o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral. Exerce a jurisdição eleitoral em todo o País, nos limites de sua competência; b) Tribunais Regionais Eleitorais – Possuem jurisdição nos limites territoriais de um Es- tado. A circunscrição eleitoral de um TRE limita-se ao Estado da Federação em que possui sua sede; c) Juízes Eleitorais – O Estado é dividido em zonas eleitorais, nas quais os juízes eleito- rais exercem as funções eleitorais. Para melhor prestar a jurisdição, a circunscrição eleitoral é dividida em zonas eleitorais. A depender do número de eleitores, essas zonas eleitorais podem abranger mais de um muni- cípio e vice-versa. Noutro falar, município com grande número de eleitores comporta mais de uma zona eleitoral; municípios com reduzido número de eleitores podem compor uma única zona eleitoral. Você já percebeu que essa especialíssima forma de organização da Justiça Eleitoral – di- visão em zonas eleitorais levando em consideração o número de eleitores – não segue a di- visão em comarcas adotada pela Justiça Comum. Assim, podem existir comarcas com mais de uma zona e vice-versa. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 14 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL No município do Rio de Janeiro, por exemplo, temos várias zonas eleitorais e vários Ju- ízes Eleitorais, fato este perfeitamente adequado ao grande número de eleitores existentes, haja vista a impossibilidade fática da organização dessa massa de eleitores por apenas um magistrado. Ao contrário, em municípios minúsculos, com uma quantidade muito pequena de elei- tores, é comum a junção desses municípios em apenas uma zona eleitoral, vinculada a um único Juiz Eleitoral. No período 2017/2018, eu, Weslei Machado, atuei como Promotor Eleitoral na 50ª Zona Eleitoral do Estado do Amazonas, cuja sede do cartório está localizada no Município de Juruá. Essa zona eleitoral tem 71061 eleitores. Assim, nesse município, há a apenas uma zona elei- toral em que atuam um juiz eleitoral e um promotor eleitoral. Por fim, temos a seção eleitoral, que nada mais é do que uma subdivisão da zona. Trata- -se da menor unidade na divisão eleitoral, onde, na prática, os eleitores votam. 1.8. irrecorriBilidAde de suAs decisões Os feitos eleitorais são julgados pela Justiça Eleitoral com caráter de definitivi- dade. Assim, em regra, não cabem recursos das decisões do TSE, salvo aqueles dirigidos ao STF, nas hipóteses expressamente previstas no art. 121, § 3º da CF. § 3º São irrecorríveis as decisões do Tribunal Superior Eleitoral, salvo as que contrariarem esta Constituição e as denegatórias de habeas corpus ou mandado de segurança. Nota-se, portanto, que o TSE é o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, a quem cabe decidir definitivamente sobre a matéria eleitoral infraconstitucional. São passíveis de recurso, no en- tanto, decisões que violam diretamente o texto constitucional – cabe recurso extraordinário ao STF – ou aquelas proferidas pelo TSE, em sua competência originária, em que denegada a ordem em mandado de segurança ou habeas corpus – neste caso o apelo a ser dirigido ao STF é o recurso ordinário. 1 http://www.tre-am.jus.br/eleicoes/eleitorado-do-amazonas, acessado em 14/4/2018, às 15h06 *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 http://www.tre-am.jus.br/eleicoes/eleitorado-do-amazonas 15 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL 2. Funções dA JustiçA eleitorAl A Justiça Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário da União que, além da função jurisdi- cional típica, possui, ainda, de forma típica, as funções administrativa, regulamentar e con- sultiva. 2.1. Função JurisdicionAl A função jurisdicional da Justiça Eleitoral se circunscreve ao julgamento de matérias que estão sob a tutela normativa do Direito Eleitoral. De acordo com Zilio (p. 37): A atividade julgadora da Justiça Eleitoral ocorre através da resolução de conflitos na esfera espe- cializada, precipuamente através do julgamento das ações eleitorais (lato sensu). Essa regra, contudo, possui exceções. Fique atento(a) a duas delas: a primeira se refere a questões internas dos partidos políticos e suas relações com os filiados, que tenham reflexos no pleito eleitoral, como por exemplo, no registro de candidatura. Muito embora os partidos possuam, nos termos do art. 17, §1º, da CF/1988, autonomia para definir regras sobre sua organização e funcionamento, e, em regra, a Justiça Comum Estadual seja a competente para solucionar, por meio da aplicação de regras de Direito Par- tidário, eventuais litígios no âmbito interno dessas agremiações, o TSE já decidiu que se os reflexos desses conflitos atingirem o pleito, a competência passa a ser da Justiça Eleitoral. Confira precedentes: A Justiça Eleitoral não detém competência para apreciar feitos em matérias respeitan- tes a conflitos envolvendo partidos políticos e seus filiados, quando estas não tenham reflexo no prélio eleitoral. (TSE, AgR/AI n. 70-98, Rel. Min. Luiz Fux, DJE de 23/06/2015). Conquanto as questões envolvendo órgãos partidários constituam matéria interna cor- poris dasagremiações, a Justiça Eleitoral tem competência para examinar os efeitos daí decorrentes que se relacionam aos processos de registro de candidatura. (REspe n. 183-51, Rel. Min. Dias Toffoli, PSESS de 25.10.2012). É competência de a Justiça Eleito- ral analisar controvérsias sobre questões internas das agremiações partidárias quando houver reflexo direto no processo eleitoral, sem que esse controle jurisdicional interfira *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 16 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL na autonomia das agremiações partidárias, garantido pelo art. 17, § 1º, da CF. (AgR/ REspe n. 26.412, Rel. Min. Cesar Rocha, de 20/9/2006) A outra exceção refere-se às ações sobre perda de mandato por infidelidade partidária, regulamentada pela Res.-TSE n. 22.610. Ainda que o instituto infidelidade partidária não tenha liame algum com o Direito Eleitoral e refira-se ao vínculo entre o candi- dato eleito (para cargo majoritário) e o seu partido político, no julgamento do MS n. 26.002, o STF decidiu que essas lides são da competência da Justiça Eleitoral. Mais adiante vamos estudar com detalhes a competência dos órgãos da Justiça Elei- toral. Nesse estudo, você verá que, ainda que a matéria seja de competência dessa Justiça especializada, vez ou outra, a resolução de conflitos exige a aplicação supletiva e subsidiária de outros diplomas normativos, tais como o Código de Processo Civil, o Código de Processo Penal, o Código Civil etc. 2.2. Função AdMinistrAtivA Sem prejuízo do exercício da função administrativa atípica, comum a todos os ramos do Poder Judiciário que cuidam da organização e funcionamento dos seus tribunais, a Justiça Eleitoral exerce a chamada função administrativa típica, que se consiste na administração das eleições e do cadastro de eleitores no Brasil. Em razão dessa especificidade, esse é o único ramo do Poder Judiciário que possui função administrativa de forma típica. Segundo Zilio (p. 36): A atividade administrativa da Justiça Eleitoral se revela pela organização e administração do pro- cesso eleitoral (lato sensu). Assim, é atribuição da Justiça Eleitoral a administração do cadastro de eleitores, procedendo aos atos de alistamento e transferência, revisão do eleitorado, designação de locais de votação, criação das seções eleitorais e Zonas Eleitorais, nomeação e convocação de mesários e escrutinadores Não confunda essa função administrativa típica da Justiça Eleitoral relacionado à organiza- ção e administração das eleições com: a) função administrativa atípica – essa função é realizada por todos os órgãos da Admi- nistração Pública, inclusive os tribunais. Consiste na organização interna dos serviços *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 17 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL administrativos, como por exemplo a contratação de mão-de-obra de atividades meio, a concessão de benefícios a servidores etc. b) função jurisdicional em processos administrativos – trata de função jurisdicional típi- ca de qualquer tribunal, na qual a matéria de natureza administrativa é submetida ao crivo do Poder Judiciário, como por exemplo pedido de cancelamento de registro de partido político. 2.2.1. Poder de Polícia como Manifestação da Atividade Administrativa O poder de polícia pode ser definido como o poder/dever atribuído aos órgãos da Justiça Eleitoral para fiscalizar e impedir a continuidade de veiculação de propaganda em desconfor- midade com a lei (art. 41, §§ 1º e 2º, da Lei n. 9.504/1997). É caracterizado como atividade tipicamente administrativa da Justiça Eleitoral, prevista no art. 41 da Lei n. 9.504/1997. Nessa atuação, os juízes eleitorais estão autorizados a notificar os candidatos a retirar de circulação propagandas eleitorais irregulares, ou a depender da natureza do artefato propa- gandístico, proceder sua imediata retirada. Por ser uma atividade administrativa, não cabe ao juiz eleitoral iniciar, de ofício, o procedi- mento judicial para sancionar o candidato, mas sim encaminhar a notícia do ilícito ao Minis- tério Público para que este, se assim entender, apresente uma representação por propaganda irregular junto ao juiz competente. Mais à frente, na aula de propaganda eleitoral, vamos estudar com mais detalhes o poder polícia. Por enquanto, note apenas que se trata de uma atividade característica da função administrativa da Justiça Eleitoral. 2.2.2. Não Submissão em Matéria Administrativa Eleitoral ao Conselho Nacional de Justiça A Justiça Eleitoral é um ramo do Poder Judiciário da União que possui, além da função jurisdicional, as funções regulamentar, consultiva e administrativa. Esta última se revela na expedição de atos administrativos relacionado à realização das eleições. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 18 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Nos termos do art. 103-B, §4º, da CF/1988, compete ao Conselho Nacional de Justiça – CNJ o controle da atuação administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres funcionais dos juízes, cabendo-lhe, além de outras atribuições que lhe forem conferidas pelo Estatuto da Magistratura. Logo, era de se esperar que o TSE se submetesse ao controle do aludido conselho no exercício de sua função administrativa. Todavia, o TSE já decidiu que o Conselho Nacional de Justiça – CNJ não possui compe- tência em matéria administrativa eleitoral, cuja atribuição é exclusiva da Justiça Eleitoral. No julgamento do PA n. 2333-74, de 26/8/2010, da relatoria do Ministro Ricardo Lewan- dowski, que cuidava da legalidade das requisições de pessoal no âmbito da Justiça Eleitora em face da Resolução n. CNJ 8812009, o eminente relator consignou que: O Plenário do Tribunal Superior Eleitoral, ao examinar a atuação do CNJ em face da Jus- tiça Eleitoral, tem repelido a indevida interferência desse órgão administrativo nos tra- balhos desta Justiça Especializada. Assento, pois, que o CNJ, ao se imiscuir na adminis- tração da Justiça Eleitoral, invade, por consequência, a competência privativa, exclusiva, que o Poder Constituinte Originário confiou aos órgãos desta Justiça Especializada para dirigir as eleições. (PA n. 2333-74, Min. Rel. Ricardo Lewandoski, j. 26/8/2010) No mesmo sentido, o TSE decidiu pela não interferência do CNJ nas seguintes matérias: a) regulamentação, pelo CNJ, da prestação jurisdicional ininterrupta, por meio de plantão per- manente dos juízes eleitorais; e b) pagamento de auxílio-alimentação a mesários. Em todos esses casos, ficou assentado que o conteúdo das resoluções do TSE em ma- téria administrativa eleitoral não se orienta por àquelas expedidas pelo CNJ, podendo, por vezes, contrariá-las. 2.3. Função reGulAMentAr A função regulamentar da Justiça Eleitoral se perfaz na autorização dada ao TSE para ex- pedir instruções para a fiel execução das leis eleitorais, nos termos do art. 1º e 23, IX, ambos do CE e art. 105 da Lei n. 9.504/1997, que transcrevemos: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 19 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Lei n. 4.737/1965 Art. 1º Este Código contém normas destinadas a assegurar a organização e o exercício de direitos políticos precipuamente os de votar e ser votado. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral expedirá Instruções para sua fiel execução. (...) Art. 23 – Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, (...) IX – expedir asinstruções que julgar convenientes à execução deste Código; Lei n. 9.504/1997 Art. 105. Até o dia 5 de março do ano da eleição, o Tribunal Superior Eleitoral, atendendo ao caráter regulamentar e sem restringir direitos ou estabelecer sanções distintas das previstas nesta Lei, poderá expedir todas as instruções necessárias para sua fiel execução, ouvidos, previamente, em audiência pública, os delegados ou representantes dos partidos políticos. A atuação do TSE pode se dirigir a regulamentar lei eleitoral já editada ou, na omissão do poder legislativo, excepcionalmente colmatar (preencher) o ordenamento jurídico. Regulamentando lei existente, o órgão de cúpula da Justiça Eleitoral não pode restringir direitos ou criar sanções distintas daquelas previstas em lei, conforme proibição expressa no art. 105 da Lei n. 9.504/1997, razão pela qual devem ser editadas secundum ou praeter legem. A esse respeito, Marcos Ramayana ensina que (p. 83): Com efeito, ressalte-se que, no exercício dessa função consultiva, a Justiça Eleitoral não pode restringir direitos, nem criar obrigações, sob pena de afronta ao princípio da legalidade. Com efeito, somente lei poderá impor restrições a direitos ou exigir condutas. No mesmo sentido, a jurisprudência do TSE: As Instruções baixadas pelo Tribunal Superior Eleitoral se destinam a regulamentar a lei ou suprir- -lhe omissões, não devendo jamais ser interpretadas contrariamente ao que nela se contém. (INST n. 353/DF, rel. Min. Afrânio Antônio da Costa, PSESS 2/9/1955) A edição de resoluções pelo TSE que inovem no ordenamento jurídico, pelo seu cará- ter excepcionalíssimo, devem obrigatoriamente, na linha da jurisprudência do STF, observar cumulativamente os seguintes requisitos: a) a matéria seja relevante e urgente; b) deve haver omissão do Congresso Nacional no exercício de sua função legislativa. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 20 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Nesse caso, em razão do seu caráter substitutivo-temporário, essas resoluções somente produzirão efeitos até que o Poder Legislativo, titular da função legiferante, cumpra com o seu dever constitucional de legislar. Ademais, seus dispositivos normativos podem ser questionados por meio da Ação Di- reta de Inconstitucionalidade perante o STF, como recentemente ocorreu com a Res.-TSE n. 22.610/2007 e 22.733/2008. O Supremo Tribunal Federal, por ocasião do julgamento dos Mandados de Segurança 26.602, 26.603 e 26.604 reconheceu a existência do dever constitucional de observância do princípio da fidelidade partidária. Ressalva do entendimento então manifestado pelo ministro-relator. 4. Não faria sentido a Corte reconhecer a existência de um direito constitucional sem prever um instru- mento para assegurá-lo. 5. As resoluções impugnadas surgem em contexto excepcional e tran- sitório, tão-somente como mecanismos para salvaguardar a observância da fidelidade partidária enquanto o Poder Legislativo, órgão legitimado para resolver as tensões típicas da matéria, não se pronunciar. 6. São constitucionais as Resoluções 22.610/2007 e 22.733/2008 do Tribunal Superior Eleitoral. Ação direta de inconstitucionalidade conhecida, mas julgada improcedente. (ADI n. 3.999, DJe de 17/4/2009) 2.4. Função consultivA Segundo Carlos Mário da Silva Velloso e Walber de Moura Agra (2010, p. 401), as consul- tas no âmbito eleitoral podem assim ser definidas: consultar é descrever uma situação, estado ou circunstância de forma genérica, para permitir a sua utilização posterior de maneira sucessiva e despersonalizada, com o propósito de revelar dúvida razoável e inespecífica, em face de eventual lacuna ou obscuridade legislativa ou jurisprudencial, desde que não se configure antecipação de julgamento judicial. No âmbito da Justiça Eleitoral, o TSE e os tribunais regionais eleitorais são competentes para, em matéria eleitoral, responder consultas que lhes forem feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político, nos termos do art. 23, XII, c.c., art. 30, VIII, ambos do CE. Confira os dispositivos legais: Art. 23. Compete, ainda, privativamente, ao Tribunal Superior, XII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas em tese por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político; (...) *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 21 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Art. 30. Compete, ainda, privativamente, aos Tribunais Regionais: VIII – responder, sobre matéria eleitoral, às consultas que lhe forem feitas, em tese, por autoridade pública ou partido político; 2.4.1. Finalidade O objetivo da função consultiva da Justiça Eleitoral é explicitar o entendimento dos tribu- nais eleitorais – juízes e juntas eleitorais não são competentes para responder consultas – sobre determinada matéria eleitoral, a fim de esclarecer eventuais dúvidas e, com isso, guiar, com segurança, o comportamento dos agentes políticos durante o processo eleitoral. A ideia de esclarecer dúvidas e antecipar comportamentos é a chave para entender a função consultiva. Isso tanto é verdade que as consultas somente são respondidas pelos tri- bunais eleitorais até o início do microprocesso eleitoral, ou seja, até o termo inicial para reali- zação das convenções partidárias. Depois desse prazo, se ainda restar dúvida sobre determi- nada matéria, a solução se apresentará somente na análise do caso concreto. Nesse sentido: CONSULTA. FUNDO ESPECIAL DE FINANCIAMENTO DE CAMPANHA (FEFC). RECUR- SOS. PROPAGANDA ELEITORAL GRATUITA NO RÁDIO E NA TELEVISÃO. TEMPO. DIS- TRIBUIÇÃO. PROPORCIONALIDADE. CANDIDATURAS POR GÊNERO. ELEIÇÃO MAJORI- TÁRIA. CHAPA. VICE¿PRESIDENTE DA REPÚBLICA, VICE¿GOVERNADOR, VICE¿PREFEITO E SUPLENTE DE SENADOR. PROCESSO ELEITORAL. INÍCIO. CONSULTA. NÃO CONHECI- MENTO. 1. Iniciado o processo eleitoral, com a realização das convenções para escolha de can- didatos e deliberação sobre coligações, não se conhece de consulta, pois a eventual resposta à indagação poderá resultar em pronunciamento sobre caso concreto. Prece- dentes. 2. Consulta não conhecida. (Cta N. 0600561-39/DF, Rel. Min. Admar Gonzaga, DJE de 25/9/2018) 2.4.2. Objeto Os tribunais eleitorais respondem somente a consultas realizadas em tese e sobre maté- ria exclusivamente eleitoral. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 22 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL A formulação em tese é exigência que visa impedir que o tribunal se manifeste, sem a ob- servância do devido processo legal, sobre casos que estão na iminência de serem apreciados pela Justiça Eleitoral. Confira um precedente: CONSULTA. VACÂNCIA DE CARGOS DO PODER EXECUTIVO. MOMENTO EM QUE AS ELEI- ÇÕES PARA SUPRI-LOS PODERÁ SER FEITA NA FORMA INDIRETA – INTERPRETAÇÃO DOS ART. 81 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL E 224, §§ 3º E 4º, INCISO I, DO CÓDIGO ELEI- TORAL. MATÉRIA QUE PODERÁ SER ANALISADA NO CASO CONCRETO. NÃO CONHECI- MENTO. 1. Pretende-se, nas questões formuladas nesta consulta, que este Tribunal se pronuncie, de forma direta ou indireta, a respeito de matéria a qual poderá ser analisada caso pro- vidas ações que aqui tramitam. 2. Não se conhece de consulta quando a eventual resposta redundar, em última análise, em manifestação acerca de conjuntura concreta. Precedente. 3. Consulta não conhecida. (CTA n. 115-56/DF, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE de 22/6/2016) Além da formulação em tese, a Consulta para ser conhecida deve versar sobre matéria eleitoral e, portanto, afeta à competência da JustiçaEleitoral. Nesse sentido, o TSE não conheceu de Consulta sobre a fixação do número de Vereadores por se tratar de matéria de competência da Justiça Comum: 2. De acordo com a jurisprudência do STF, a fixação do número de Vereadores é com- petência da Câmara Municipal, por intermédio de lei orgânica (AgR-RE 391.827/MG, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, de 22.4.2016). Eventuais impugnações judiciais referentes à matéria devem, em princípio, ser resolvidas na Justiça Comum, pois a competência desta Justiça Especializada nesta seara é atraída somente no caso de afetação do pro- cesso eleitoral. Assim, a matéria, objeto da consulta, é estranha à competência da Jus- tiça Eleitoral. 3. Consulta não conhecida. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 23 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL De igual, o TSE não conheceu do questionamento sobre matéria interna corporis de parti- do político, matéria de competência da Justiça Comum. Confira: 2. Não compete ao Tribunal Superior Eleitoral responder consulta sobre “a democracia interna dos partidos políticos”, precisamente acerca da necessidade de distribuição iso- nômica e proporcional dos recursos do fundo partidário dentro da agremiação, enquanto matéria interna corporis ao partido político (art. 23, XII, do Código Eleitoral). Precedentes. 3. Matéria não conhecida. Por meio de Consulta, também não pode ser conhecida matéria administrativo-financeira, como já decidiu o TSE ao apreciar questionamento sobre o pagamento de auxílio-moradia a membros da classe dos juristas. Confira: CONSULTA. PRESIDENTE DE TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL. ILEGITIMIDADE ATIVA. MATÉRIA ADMINISTRATIVA. PAGAMENTO DE AUXÍLIO MORADIA A MEMBROS DA CLASSE DE JURISTAS. NÃO CONHECIMENTO. 1. Nos termos do art. 23, XII, do Código Eleitoral, compete ao Tribunal Superior Eleito- ral responder às consultas formuladas por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político sobre matéria eleitoral. 2. No caso dos autos, a consulta foi formulada por Presidente de Tribunal Regional Elei- toral, o qual não detém legitimidade ativa. 3. Ademais, também não se conhece de consulta que envolva matéria administrativo-fi- nanceira, tal como na espécie. 4. Consulta não conhecida. (CTA n. 165-19/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de 10/6/2015) 2.4.3. Legitimidade Ativa As Consultas eleitorais somente podem ser formuladas perante o TSE por autoridade com jurisdição federal ou órgão nacional de partido político. Nesse passo, o TSE já decidiu que devem ser não conhecidas consultas formuladas, entre outros, por: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 24 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL a) Presidente de TRE (CTA n. 165-19/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de 10/6/2015); b) Presidente de Tribunal de Justiça Estadual (CTA n. 1893-32/DF, Rel. Min. João Otávio de Noronha, DJE de 9/3/2015); c) Partido político sem registro no TSE (CTA 1691/DF, Min. Rel. Marcelo Ribeiro, DJE de 21/9/2009) Contudo, o TSE tem sido flexível na análise deste requisito legal para conhecer, como Pro- cesso Administrativo, Consultas quando a matéria objeto do questionamento for considerada de grande importância. Assim, conheceu, como Processo Administrativo, de Consulta formulada pela Procura- doria da Fazenda Nacional que formulou questão sobre a recuperação de créditos da União decorrentes de desaprovação de contas. Confira: CONSULTA RECEBIDA COMO PROCESSO ADMINISTRATIVO. RECUPERAÇÃO DE CRÉ- DITOS DA UNIÃO DECORRENTES DE DESAPROVAÇÃO DE CONTAS PARTIDÁRIAS. ILE- GITIMIDADE DA PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL. CARÁTER JURIS- DICIONAL DO PROCESSO DE PRESTAÇÃO DE CONTAS. PROCEDIMENTO. ART. 61 DA RESOLUÇÃO-TSE N. 23.464/2015. COMPETÊNCIA DA ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO. MATÉRIA DEVIDAMENTE REGULAMENTADA. 1. Consulta feita pelo TRE, recebida como processo administrativo devido à relevância da matéria. (CTA n. 116-75/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, DJE de 7/3/2016) A legitimidade para formular Consulta aos TREs se circunscreve à autoridade pública ou partido político de qualquer esfera de Poder – municipal, regional ou federal. 2.4.4. Requisitos Jurisprudenciais Além dos requisitos expressos na norma de regência, a jurisprudência do TSE se con- solidou no sentido de exigir outros requisitos para o conhecimento de Consultas eleitorais, as quais devem ser não conhecidas quando: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 25 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL a) a questão formulada for inespecífica, de modo a permitir multiplicidades de respostas (CTA n. 0600193-93/DF, Rel. Min. Edson Fachin, DJE de 9/8/2019); b) Versar sobre matéria que já foi objeto de pronunciamento do tribunal em caso concreto (CTA n. 0600288-26/DF, Rel. Min. Edson Fachin, DJE de 29/8/2019) c) Versar sobre matéria que não vigora no ordenamento jurídico (CTA n. 0602999-72/DF, Rel. Min. Admar Gonzaga, DJE de 15/3/2018); d) Versar sobre matéria que estiver sob análise do STF (CTA n. 0602250-55/DF, Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, DJE de 17/8/2017) 2.4.5. Efeito Vinculante Outro ponto relevante, é saber se as respostas dos tribunais eleitorais em Consultas têm efeito vinculante, ou seja, se a solução dos casos concretos que se seguirem à resposta dada pelo tribunal deve necessariamente com ela guardar estreita consonância. A pacífica jurisprudência do TSE sempre se posicionou no sentido de não atribuir efeito vinculante às consultas. Ademais, a resposta do tribunal em Consulta é ato normativo em tese, sem efeitos concretos, por se tratar de orientação desprovida de força executiva com referência a situação jurídica de qualquer pessoa em particular (MS n. 3710/DF, Rel. Min. Caputo Bastos, DJ de 16.6.2018). No mesmo sentido: 4. As respostas às consultas não têm caráter vinculante, mas tão somente sinalizam orientação sobre determinado tema, sem qualquer força executiva, não sendo o meio adequado para pleitear autorização para prática de ato administrativo. (CTA n. 0600010-59/DF, Rel. Min. Tarcísio Vieira de Carvalho Neto, DJE 3.4.2018) A matéria, contudo, voltou a entrar em ebulição com a edição, em 25.4.2018, da Lei n. 13.655/2018, conhecida como Lei Anastasia, que alterou a Lei de Introdução ao Direito bra- sileiro. A redação do art. 30, parágrafo único estabelece que: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 26 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Art. 30. As autoridades públicas devem atuar para aumentar a segurança jurídica na aplicação das normas, inclusive por meio de regulamentos, súmulas administrativas e respostas a consultas. Parágrafo único. Os instrumentos previstos no caput deste artigo terão caráter vinculante em rela- ção ao órgão ou entidade a que se destinam, até ulterior revisão. (grifo nosso). A discussão está em aberto no TSE, mas, atualmente, está mantido o entendimento de que as Consultas não possuem efeito vinculante. Qualquer alteração atualizaremos imedia- tamente o material de estudo. 3. triBunAl superior eleitorAl O Tribunal Superior Eleitoral, órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, é formado por, no mí- nimo, sete membros e representa a instância especial ou extraordinária da Justiça Eleitoral. 3.1. sede e Jurisdição do tse O TSE possui sede na capital da República. Trata-se de uma determinação do art. 12, inc. I, do Código Eleitoral. Isso significa que o local físico, o prédio no qual os ministrosdo TSE se reúnem para decidir as questões eleitorais, está situado, atualmente, em Brasília. Caso a capital da República seja mudada, o local da sede do TSE também será alterado, tendo em vista que o CE dispõe que a sede deve ser na capital da República, e não necessa- riamente em Brasília. Lembre-se de que até 1960 a sede do TSE era no Rio de Janeiro, pois lá era a capital da República. Com a mudança da capital para Brasília, mudou-se, por disposição regimental, também a sede do Tribunal. Apesar de ter sua sede na capital da República, o TSE exerce sua jurisdição em todo o país. Inicialmente, esclarecemos que jurisdição nada mais é do que o poder/dever de dizer o direito. Ora, então isso significa que o TSE pode apreciar originariamente qualquer matéria eleito- ral decorrente de fatos relacionados com o Direito Eleitoral ocorridos com qualquer cidadão, em qualquer lugar do país? É claro que não! Na verdade, o Código Eleitoral, em seu art. 12, inc. I, dispôs menos do que deveria. A pre- ocupação do dispositivo legal foi a de não limitar geograficamente a atuação do TSE nas matérias de sua competência. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 27 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Um candidato a governador pelo Estado do Amazonas pratica atos de captação ilícita de sufrágio – compra de voto – no município X daquele Estado. A competência originária para apreciar essa matéria não é do TSE, mas sim do TRE do Estado do Amazonas. O TSE poderá eventualmente apreciá-la em grau de recurso, mas nunca de forma originária. No mesmo município X do Estado do Amazonas, um candidato a Presidente da República pra- tica atos de captação ilícita de sufrágio. De quem é a competência, do TRE ou do TSE? Agora, você vai entender por que afirmamos que o dispositivo legal de regência disse menos do que deveria. O TSE é competente para processar e julgar o registro de candidatos a Presidente e Vice-Pre- sidente da República (veremos isso com detalhes mais adiante). É também competente para apreciar quaisquer atos desses candidatos que atentem contra a legislação eleitoral. Desse modo, se um candidato a Presidente da República compra votos de eleitores, não importa em que lugar do País, o TSE é o órgão competente para apreciar a matéria. Com efeito, podemos afirmar que o TSE tem jurisdição em todo país, mas desde que a matéria seja de sua competência. 3.2. coMposição do tse Segundo o art. 119 da Constituição Federal, o TSE compõe-se de, no mínimo, sete minis- tros: três escolhidos entre os ministros do STF; dois entre os ministros do STJ; e dois entre advogados. O TSE, em votação pelo plenário, escolhe seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os ministros provenientes, e o Corregedor-Geral, dentre os ministros do STJ. do STF. Confira o dispositivo constitucional: Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I – mediante eleição, pelo voto secreto: três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; – por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Parágrafo único. O Tribunal Superior Eleitoral elegerá seu Presidente e o Vice-Presidente dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal, e o Corregedor Eleitoral dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 28 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Note que não há representante do Ministério Público na composição do TSE. Na verdade, como você verá mais adiante, também nos TREs essa ausência é sentida. Assim, não há falar em quinto constitucional no âmbito da Justiça Eleitoral. 3.3. AlterAção dA coMposição do tse A expressão constitucional “no mínimo”, contida no art. 119 da CF/1988, autoriza que se aumente o número de membros do TSE. Não permite, de outro modo, a sua diminuição. Mas como e qual instrumento legal deve ser utilizado para modificar a composição do TSE? Não será necessária a edição de uma emenda à Constituição, pois se a própria Carta Magna estabelece que a composição é mínima (art. 119), já há uma permissão para que o legislador infraconstitucional faça a alteração. Na legislação infraconstitucional (aquela que é hierarquicamente inferior à Constituição) temos duas possibilidades: lei ordinária ou lei complementar. Uma leitura do art. 96, inc. I, alínea “b”, combinado com o art. 121, ambos da Constituição Federal, revela-nos que essa alteração só pode ser feita por meio de lei complementar de ini- ciativa privativa do TSE. Veja a redação dos dispositivos referidos: Art. 96. Compete privativamente: (...) II – ao Supremo Tribunal Federal, aos Tribunais Superiores e aos Tribunais de Justiça propor ao Poder Legislativo respectivo, observado o disposto no art. 169: (...) b) a criação e a extinção de cargos e a remuneração dos seus serviços auxiliares e dos juízos que lhes for em vinculados, bem como a fixação do subsídio de seus membros e dos juízes, inclusive dos tribunais inferiores, onde houver; (Redação dada pela Emenda Constitucional n. 41, 19.12.2003) (...) Art. 121. Lei complementar disporá sobre a organização e competência dos tribunais, dos juízes de direito e das Juntas Eleitorais. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 29 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL 3.4. escolHA de Ministros eFetivos do tse Existem, além das normas constitucionais, duas resoluções do TSE que tratam da matéria: a) Res.-TSE n. 20.958/2001, que regula a investidura e o exercício dos membros dos tri- bunais eleitorais e o término dos respectivos mandatos; b) Res.-TSE n. 23.517/2017, que dispõe sobre a lista tríplice para preenchimento das va- gas de juízes dos Tribunais Regionais Eleitorais, na classe dos advogados. Note que a primeira delas, a Res.-TSE n. 20.958/2001, cuidava da investidura de membros dos TREs oriundos de todas as classes. Posteriormente, em 2017, o TSE editou a Res.-TSE n. 23.517, que tratou especificamente da classe dos advogados e, com isso, revogou pon- tos específicos a respeito da escolha dos membros dessa classe, contidos na Res.-TSE n. 20.958/2001. Para fins didáticos, vamos dividir o estudo do processo de escolha dos ministros do TSE em duas partes. A primeira se refere aos ministros da classe do STF e STJ; a segunda, mira os ministros da classe dos advogados/juristas. 3.4.1. Ministros Efetivos do TSE das Classes do STF e STJ Nos termos do art. 119 da CF/1988, na composição do TSE temos três ministros prove- nientes do STF e dois oriundos do STJ. Todos eles escolhidos em eleição, pelo voto secreto, nos seus respectivos tribunais. Confira o dispositivo de regência: Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: I – mediante eleição, pelo voto secreto: a) três juízes dentre os Ministros do Supremo Tribunal Federal; b) dois juízes dentre os Ministros do Superior Tribunal de Justiça; Nos termos do art. 11, da Res.-TSE n. 20.958/2001, o processo de escolha se inicia em até vinte dias antes do término do biênio do ministro das classes de magistrado, ou imediatamente depois da vacância do cargo por motivo diverso. No primeiro ato, o presidente do TSE convocará o Tribunal competente para a escolha, STJ ou STF, esclarecendo, naquele caso, se se trata de primeiro ou de segundo biênio. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/209540290743069130 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Devidamente cientificado da vaga, o tribunal de origem – STJ ou STF – fará a escolha, por meio de votação, por escrutínio secreto, o que permite, em tese, que qualquer um dos minis- tros do STF ou STJ, independentemente de ser o mais “novo” ou mais “antigo” (não estou fa- lando de idade, mas sim de tempo de atuação no Tribunal), pode ser eleito para compor o TSE. No STJ, há um “acordo de cavalheiros” entre os ministros para que na eleição, por voto secreto, seja obedecida a ordem de antiguidade do Tribunal. No STF, a eleição, por voto secreto, tem como parâmetro proposta aprovada, na Sessão Administrativa de 30.5.2018, nos seguintes termos: O Ministro Ricardo Lewandowski apresentou proposta de estabelecimento de critérios objetivos para as eleições que visam o preenchimento de vagas de Ministro Substituto no Tribunal Superior Eleitoral. Para tanto, propôs a observância dos critérios: i) ineditismo e ii) quantidade de mandatos exercidos, respeitando-se, em ambos os casos, o critério da antiguidade dos Ministros a serem considerados para o cargo. O Ministro Celso de Mello propôs que a votação para o atual cargo vago de Ministro Substituto do Tribunal Superior Eleitoral seguisse os critérios de costume, sendo que a nova regra proposta seria aplicada para as eleições subsequentes. O Ministro Dias Toffoli sugeriu acrescer, ainda, o tempo de afastamento da jurisdição eleitoral, respeitada a antiguidade, como critério adicional para a votação. A proposta apresentada pelo Ministro Ricardo Lewa- ndowski, combinada com as achegas apresentadas pelos Ministros Celso de Mello e Dias Toffoli, foi aprovada, pela maioria. O Ministro Marco Aurélio votou pela manutenção do sistema tradicional de votação, fazendo juntada de manifestação escrita. O Ministro Edson Fachin, em que pese ter acompanhado a maioria, deixou consignado que, nos termos do art. 119 da Constituição da República, as vagas em questão são preenchidas por um processo de eleição, o que significa um processo de votação que prescindiria de critério, sendo necessário apenas o entendimento do colegiado. A despeito de haver um “acordo de cavalheiros” no STJ e uma decisão administrativa a guiar a escolha do STF, em ambos os tribunais a escolha se dá nos exatos termos do art. 119 da CF: eleição pelo voto secreto. É isso que importa para fins de concurso público. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 31 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Por fim, note que a norma constitucional não prevê a participação do Presidente da Repú- blica no processo de escolha dos ministros das classes do STF e do STJ. 3.4.2. Ministros efetivos do TSE da classe dos advogados Compete ao Presidente da República nomear dois ministros do TSE da classe dos advo- gados, escolhidos dentre seis advogados de notável saber jurídico e reputação ilibada, indi- cados em lista tríplice pelo STF, nos termos do art. 119 da CF/1988: Art. 119. O Tribunal Superior Eleitoral compor-se-á, no mínimo, de sete membros, escolhidos: (...) II – por nomeação do Presidente da República, dois juízes dentre seis advogados de notável saber jurídico e idoneidade moral, indicados pelo Supremo Tribunal Federal. Atente-se, ainda, para o seguinte fato: a CF/1988 não se refere à lista sêxtupla. A menção a seis advogados se deve ao fato de haver duas vagas para esta classe. Na verdade, para cada uma dessas vagas, o STF encaminha uma lista tríplice ao Presidente da República, para que este proceda à nomeação. Ainda que haja simultaneamente duas vagas de ministros em aber- to, o STF encaminhará duas listas tríplices, independentes entre si, ao Presidente da República, e não uma lista sêxtupla. 3.4.2.1. Elaboração da Lista Tríplice Por analogia, deve-se aplicar o art. 2º, da Res.-TSE n. 23.517/2017. Assim, em até noventa dias antes do término do biênio do juiz a ser substituído, ou imediatamente depois da vacância do cargo por motivo diverso, o presidente do TSE notificará o STF para a indicação de advoga- dos em ordem de classificação na lista tríplice. Cientificado, o STF, por meio de eleição, elabora a lista tríplice de advogados pleiteantes ao cargo de juiz do TSE, que será levada à apreciação do Presidente da República. Essa lista é elaborada única e exclusivamente pelo STF, sem qualquer participação da OAB. Nesse sentido, veja o seguinte julgado: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 32 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Tribunal Regional Eleitoral. Juízes da classe de Advogados. Artigos 120, § 1º, inc. III, e 94, parágrafo único, da Constituição. Compete exclusivamente ao Tribunal de Justiça do Estado a indicação de advogados, para composição de Tribunal Regional Eleitoral, nos termos do art. 120, § 1º, inc. III, da Constituição, sem a participação, portanto, do órgão de representação da respectiva classe, a que se refere o parágrafo único do art. 94, quando trata da composição do quinto nos Tribunais Regionais Federais, dos Estados, do Distrito Federal e Territórios. (MS n. 21.060, Min. Rel. Sydney Sanches, DJ de 23.8.1991) Na sequência, o Presidente da República escolhe entre os nomes listados o membro do TSE. Uma vez elaborada a lista tríplice pelo STF, o Presidente da República não poderá recusá- -la, sendo que sua escolha deve recair, obrigatoriamente, entre um dos advogados que nela constarem. Trata-se de ato complexo, do qual não cabe qualquer recurso. 3.4.2.2. Requisitos Constitucionais para Participar da Lista Tríplice Nos termos do art. 119, II, do CE, os requisitos são: ser advogado; ter notável saber jurídico; idoneidade moral. O indicado deve necessariamente ser advogado. A regularidade da inscrição na OAB se com- prova pela existência de número de ordem ativo naquela autarquia especial. A idoneidade moral deve ser deve ser verificada de modo rigoroso, a partir de circunstân- cias da vida do indivíduo, reveladoras de padrões de comportamento – notadamente ligados à honestidade, à aptidão e à competência – que permitam a ele se investir no cargo público pretendido (LT n. 301-79/MT, DJE de 24/11/2017). Na prática, essa comprovação se faz por meio de certidões, as quais, juntadas aos autos da lista tríplice, comprovam objetivamente o requisito requerido. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 33 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL De outro modo, o notável saber jurídico é um conceito indeterminado, sobre o qual recai uma análise subjetiva por parte do STF. 3.4.2.3. Incompatibilidade com o Exercício do Cargo Os ministros do TSE da classe dos advogados podem continuar o exercício de suas ati- vidades advocatícias, vedado apenas a atuação nos tribunais eleitorais. Uma das justifica- tivas é o fato de tais membros, no exercício da magistratura no TSE, receberem apenas a gratificação de presença e representação, sendo, portanto, necessário o exercício de suas atividades para manter seu padrão de vida. Sobre a possibilidade de os advogados integrantes de tribunais eleitorais poderem exer- cer a advocacia, salvo na Justiça Eleitoral, veja o seguinte trecho da ementa do acórdão do STF, no julgamento da ADI n. 1.227: Art. 20, inciso II – incompatibilidade da advocacia com membros de órgãos do Poder Judiciário. Interpretação de conformidade a afastar da sua abrangência os membros da Justiça Eleitoral e os juízes suplentes não remunerados. (ADI n. 1127 MC /DF. Min. Rel. Paulo Brossard.Tribunal Pleno. DJ 29.6.01) 3.4.2.4. Quarentena Além de continuarem advogando durante o exercício da atividade judicante, o TSE decidiu, em 8.6.2010, que seus membros, da classe dos advogados, não precisam cumprir, ao término de sua atuação no Tribunal, a “quarentena” estabelecida no art. 95, parágrafo único, inc. V, da CF, segundo a qual: Art. 95. Os juízes gozam das seguintes garantias: (...) Parágrafo único. Aos juízes é vedado: (...) V – exercer a advocacia no juízo ou tribunal do qual se afastou, antes de decorrido três anos do afastamento do cargo por aposentadoria ou exoneração. Portanto, esses ex-membros não precisam esperar três anos para atuar no juízo ou tribu- nal do qual se afastaram. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 34 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL QUESTÃO DE ORDEM. MAGISTRADO ELEITORAL. CLASSE JURISTA. ART. 95, PARÁ- GRAFO ÚNICO, V, DA CONSTITUIÇÃO. INAPLICABILIDADE. A restrição prevista no art. 95, parágrafo único, V, da Constituição não se aplica aos ex-membros de Tribunais Eleito- rais, oriundos da classe dos juristas. 2. Questão de ordem resolvida. (PET n. 3020, Rel. Min. Aldir Passarinho Junior, DJE de 4/8/2010) 3.5. escolHA de Ministros suBstitutos do tse Os ministros substitutos são escolhidos pelo mesmo processo e em número igual para cada categoria. No TSE, tem-se, portanto, três ministros substitutos da classe do STF e dois ministros substitutos da classe do STJ. A escolha dos substitutos em igual número se faz necessária em razão da substituição dos membros efetivos obedecer a ordem de antiguidade e a categoria a que estão vinculados. A título de exemplo, o ministro substituto mais antigo da classe do STF ocupará temporaria- mente o cargo, nos casos de vacância, licença ou afastamento de qualquer um dos ministros efetivos da classe do STF, até que o efetivo seja escolhido. É o que dispõe o art. 7º da Res.-T- SE n. 20.958/2001. Art. 7º Nos casos de vacância do cargo, licença, férias individuais ou afastamento de juiz efetivo, será obrigatoriamente convocado, pelo tempo que durar o motivo, juiz substituto da mesma classe, obedecida a ordem de antiguidade. 3.6. vedAções à escolHA de Ministros do tse As vedações as escolhas de ministro do TSE estão expressas no art. 16 do Código Eleito- ral – CE. A primeira delas, constante no art. 16, § 1º, do CE, estabelece que não podem fazer parte do Tribunal pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, até o 4º grau, excluindo-se, nesse caso, a que tiver sido escolhida por último. Essa vedação se aplica a to- dos os membros do TSE, não importando a classe do ministro, se jurista, do STF ou do STJ. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 35 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL Para você não ter dúvidas, veja as principais relações de parentesco, com o respecti- vo grau: RELAÇÕES DE PARENTESCO POR CONSANGUINIDADE RELAÇÃO DE PARENTESCO GRAU DE PARENTESCO PAIS E FILHOS 1º GRAU IRMÃOS 2º GRAU NETOS E AVÔS 2º GRAU BISNETOS E BISAVÔS 3º GRAU TRINETOS E TRISAVÔS 4º GRAU TIOS E SOBRINHOS 3º GRAU PRIMOS 4º GRAU RELAÇÕES DE PARENTESCO POR AFINIDADE RELAÇÃO DE PARENTESCO GRAU DE PARENTESCO GENROS E SOGROS(AS) 1º GRAU NORAS E SOGROS(AS) 1º GRAU FILHOS E PADRASTOS 1º GRAU FILHOS E MADRASTAS 1º GRAU CUNHADOS 2º GRAU Vamos a um caso prático: O Ministro A é nomeado para compor o TSE na classe do STJ. Após algum tempo, seu filho B é nomeado ministro do STF e, por eleição, em escrutínio secreto naquela Corte, é escolhido para compor o TSE. Isso é possível? Claro que não. Enquanto o Ministro A, da classe do STJ, estiver no TSE, seu filho B, ministro do STF, não poderá compor o Tribunal. Caso o parentesco surja no curso do exercício do mandato – casamento de ministros do TSE –, será excluído do tribunal eleitoral o membro mais moderno. Ou seja, exclui-se o que foi escolhido por último. A segunda vedação, expressa no art. 16, §2º, do CE, incide somente sobre os concorren- tes a membros da classe dos advogados. Segundo o texto normativo, a escolha de ministros do TSE na classe dos advogados não pode recair sobre aqueles que se enquadrem em uma das seguintes situações: *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 36 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL a) ocupe cargo público de que seja demissível ad nutum – cargo em comissão. Por opor- tuno, destaque-se que, se for servidor ocupante de cargo efetivo, ainda que investido em função de confiança, não incide a causa impeditiva. É o caso dos atuais ministros da classe dos advogados do TSE, que são Procuradores do Distrito Federal. b) seja diretor, proprietário ou sócio de empresa beneficiada com subvenção, c) seja beneficiário de privilégio, isenção ou favor em virtude de contrato com a adminis- tração pública. Também nessa hipótese, merece atenção o fato de que, se o advogado for sócio, diretor ou proprietário de pessoa jurídica contratada pelo Poder Público após regular processo licitatório (em que houve igualdade de condições na concorrência), não incidirá esse impedimento; d) exerça cargo eletivo federal, estadual ou municipal. Essas vedações também se referem à escolha de ministros substitutos. 3.7. QuóruM de deliBerAção do tse Consoante estabelece o art. 19 do CE, o TSE delibera por maioria de votos, desde que pre- sentes a maioria de seus membros. Isso quer dizer que, para a instalação de uma sessão de julgamento, é imprescindível a presença da maioria absoluta dos membros do TSE, ou seja, 4 membros. Assim, preenchido o quórum de instalação da sessão (maioria absoluta), o TSE julgará os pedidos que lhes são apresentados pelo voto da maioria dos presentes (maioria simples). Entretanto, existem determinadas matérias que exigem a presença de todos os membros para a discussão e, por consequência, para se julgar dessa ou daquela forma, será exigível a maioria absoluta dos votos. Quais são essas matérias? Segundo o parágrafo único do art. 19 do Código Eleitoral, só poderão ser tomadas com a presença de todos os membros do TSE as decisões sobre: a) interpretação das leis eleitorais em face da Constituição; b) cassação de registro de partidos políticos; c) recursos que importem em anulação geral das eleições; d) recursos que importem em perda de diplomas. *** https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 37 de 137https://www.facebook.com/groups/2095402907430691 Weslei Machado e Marco Carvalhedo Justiça Eleitoral DIREITO ELEITORAL 4. triBunAl reGionAl eleitorAl – tre Agora que você já conhece como funciona o TSE, órgão de cúpula da Justiça Eleitoral, va- mos estudar como se organiza os tribunais regionais eleitorais, órgão de 2ª instância dessa Justiça especializada. 4.1. Jurisdição e sede do tre O Tribunal Regional Eleitoral – TRE – é órgão colegiado de 2ª instância da Justiça Elei- toral. Há um TRE em cada Estado da Federação e no Distrito Federal com jurisdição em todo o território do respectivo Estado/Distrito Federal na matéria afeta a sua competência, nos termos do art. 120, da CF. Art. 120. Haverá um Tribunal Regional Eleitoral na capital de cada Estado e no Distrito Federal. 4.2. coMposição do tre Nos termos do art. 120, §1º, da CF/1988, o TRE é composto de: i) dois juízes dentre os desembargadores do TJ; ii) dois juízes, dentre juízes de Direito, escolhidos pelo TJ; iii) um juiz do TRF, no caso de o Estado possuir sede deste Tribunal, ou não tendo, um juiz federal, escolhido em qualquer caso pelo respectivo TRF; dois advogados,
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