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Propagação de Frutíferas (UFERSA)

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UNIVERSIDADE FEDEERAL RURAL DO SEMI-ÁRIDO (UFERSA) 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS VEGETAIS 
PROFESSOR: VANDER MENDONÇA 
vander@ufersa.edu.br 
 Vander Mendonça 
Wallace Edelky de Souza Freitas 
Lydio Luciano de Gois Ribeiro Dantas 
João Paulo Nobre de Almeida 
Eduardo Castro Pereira
 Vander Mendonça 
Wallace Edelky de Souza Freitas
Lydio Luciano de Gois Ribeiro Dantas 
João Paulo Nobre de Almeida 
Eduardo Castro Pereira
Propagação de plantas frutíferas 
 Vander Mendonça 
Wallace Edelky de Souza Freitas 
Lydio Luciano de Gois Ribeiro Dantas 
João Paulo Nobre de Almeida 
Eduardo Castro Pereira
Autores: 
Vander Mendonça 
Possui Graduação em Engenharia Agronômica pela 
Universidade Federal de Lavras (1997), Mestrado em 
Agronomia/Fitotecnia pela Universidade Federal Rural do 
Semi-Árido (2000), Doutorado em Agronomia 
(Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade Federal de 
Lavras (2005) e Pós-Doutorado em Agronomia 
(Fitotecnia/Fruticultura) pela Universidade Federal de 
Lavras (2011). Atualmente é professor adjunto III na 
Universidade Federal Rural do Semi-árido (UFERSA), 
responsável pelas disciplinas: Fruticultura (Graduação), 
Propagação de Frutíferas, Fruticultura Tropical II e 
Citricultura (Pós-graduação) e também Bolsista de 
Produtividade em Pesquisa do CNPq Nível 2. E-mail: 
vanderm2000@hotmail.com 
Wallace Edelky de Souza Freitas 
Graduado em Engenharia Agronômica pela Universidade 
Federal do Semi-Árido. 
Bolsista de Apoio Técnico a Pesquisa do CNPq - Nível 1ª 
Lydio Luciano de Gois Ribeiro Dantas 
Graduação em andamento em Engenharia Agronômica. 
Universidade Federal do Semi-Árido. 
Bolsista: Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico 
João Paulo Nobre de Almeida 
Graduação em andamento em Engenharia Agronômica. 
Universidade Federal do Semi-Árido. 
Bolsista: Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico 
Eduardo Castro Pereira 
Graduação em andamento em Engenharia Agronômica. 
Universidade Federal do Semi-Árido. 
Bolsista: Conselho Nacional de Desenvolvimento 
Científico e Tecnológico
1. PROPAGAÇÃO DE FRUTÍFERAS 
As árvores frutíferas, em geral, propagam-se 
tanto por via sexual, ou gâmica, ou seminípara, como 
por via vegetativa, ou assexuada, ou agâmica. Para 
diferenciar esses dois modos de propagação, dá-se o 
nome de reprodução à propagação sexuada e o de 
multiplicação aos processos de propagação 
vegetativa. 
A transmissão das características da planta 
depende dos gens presentes nos cromossomos. 
A soma total dos gens determina o genótipo da 
planta. Em combinacão com o ambiente, o genótipo 
produz uma planta com uma determinada aparência, 
o fenótipo. 
Cultivar é sinônimo de variedade. São plantas 
idênticas, com as mesmas características. A palavra 
cultivar é resultado da contração das palavras 
inglesas cultivated variety. Os melhoristas de plantas, 
seguindo essa linha de raciocínio, conceituam 
cultivar como um material genético melhorado 
(planta ou população de plantas) e sob cruzamento 
controlado, enquanto que o termo variedade, usa-se 
para definir um material genético de cruzamento 
livre, e portanto com alta variabilidade genética. 
1.1 - Propagação por semente 
As plantas obtidas por sementes apresentam 
grandes variações. Assemelham-se aos seus 
progenitores, porém não são idênticas a eles, nem 
entre si. Apresentam uma variabilidade em 
conseqüência da constituição genética, devido à 
segregação e à recombinação de gens que têm lugar 
no processo de reprodução sexual. 
Quando as plantas propagadas são 
homozigotas e predomina a autofecundação, têm-se 
linhagens praticamente puras, que apresentam 
características idênticas às das plantas das quais 
provieram. Essas características são difíceis de ser 
mantidas, dado que, na natureza, a polinização 
cruzada é mais comum. 
As plantas que produzem sementes 
poliembriônicas possibilitam a sua propagação por 
meio de sementes e a manutenção da constituição 
genética idêntica, pois são procedentes de embriões 
nucelares e de origem somática. 
As plantas triplóides, que normalmente 
apresentam forma vegetativa maior que as diplóides, 
apresentam quase sempre uma grande esterilidade, 
devido à irregularidade da meiose, e seus frutos têm 
pouca ou quase nenhuma semente. É, portanto, difícil 
sua propagação sexuada. 
Propagação de plantas frutíferas 
 Vander Mendonça 
Wallace Edelky de Souza Freitas 
Lydio Luciano de Gois Ribeiro Dantas 
João Paulo Nobre de Almeida 
Eduardo Castro Pereira
1.1.1 Vantagens e desvantagens 
As vantagens e as desvantagens do uso da 
propagação sexuada em fruticultura encontram-se na 
Tabela 1.1. Vantagens e desvantagens da propagação 
sexual em plantas frutíferas. 
VANTAGENS DESVANTAGENS 
* Maior longevidade * Dissociação dos caracteres 
(segregação genética) 
* Desenvolvimento vigoroso * Frutificação mais tardia 
* Obtenção de variedades * Porte elevado 
* Obtenção de plantas livres 
de doenças 
* Presença de espinhos (em 
algumas variedades) 
* Perpetuação da espécie 
por bancos de germoplasma 
* Heterogeneidade entre 
plantas (porte, arquitetura, 
fenologia) 
* Sistema radicular mais 
vigoroso e profundo 
* Irregularidade de produção 
(cor, características 
organolépticas, tamanho) 
* Menor custo 
Fonte: Adaptado de Fachinello et al., 1995. 
Plantas propagadas por sementes apresentam o 
fenômeno da juvenilidade, que é uma fase 
normalmente de longa duração, na qual a planta não 
responde aos estímulos indutores do florescimento. 
Plantas em estado juvenil tendem a apresentar 
características, tais como a presença de espinhos, 
folhas lobuladas, ramos trepadores, fácil 
enraizamento e menor teor de RNA (ácido 
ribonucleico). Durante a juvenilidade não há 
produção de frutos, o que acarreta um prolongamento 
do período improdutivo do pomar. 
O porte mais elevado pode representar uma 
desvantagem nas práticas de manejo do pomar, como 
na poda, raleio, colheita e tratamentos fitossanitários. 
Além disso, a propagação sexuada pode induzir a 
desuniformidade das plantas e da produção, 
normalmente indesejadas em pomares comerciais. 
1.1.2. Emprego de sementes 
A semente é o processo natural de 
disseminação das espécies. Em fruticultura, porém, o 
uso de sementes é restrito e delimitado a 
determinados casos, tais como: 
• plantas que não podem ser propagadas por 
outro meio; 
• obtenção de porta-enxertos; 
• obtenção de variedades novas; 
• obtenção de clones nucelares; 
• sementes poliembriônicas; 
• plantas homozigotas. 
Plantas que não podem ser propagadas por outro 
meio 
Certas espécies, como o coco-da-baía e o 
mamão, dificilmente poderiam ser propagadas 
comercialmente se não fosse por meio de sementes. 
Nesse caso, procura-se obter plantas tão uniformes 
quanto possível, para evitar o aparecimento de tipos 
distintos dos desejados. 
Obtenção de porta-enxertos 
A fruticultura moderna assenta-se na 
propagação vegetativa, isto é, na enxertia das 
variedades comerciais sobre porta-enxertos, obtidos 
em muitos casos a partir de sementes, como em 
citros, abacate, caju, manga, caqui etc. 
Obtenção de variedades novas 
Toda variedade que se pretenda conseguir 
deve reunir qualidades superiores às existentes, 
porém, em fruticultura, isso nem sempre é fácil de 
obter, dado o alto grau de heterozigose e, portanto, a 
grande variabilidade dos descendentes. A mangueira, 
que vem sendo cultivada há mais de 5.000 anos, 
poucos resultados apresentou com os cruzamentos e, 
em citros, as tentativas, durante os últimos cinqüenta 
anos,de obtenção de variedades novas, altamente 
econômicas, falharam. Se, de um lado, dificilmente 
se obtêm novas variedades com cruzamentos 
dirigidos, de outro, tal processo tem sido favorável, 
como no caso do pêssego, da maçã, da tâmara, do 
caqui etc. Há também a possibilidade de obter plantas 
triplóides ou tetraplóides que, em algumas espécies, 
apresentam valor comercial. 
Hoje, com a biotecnologia, podem-se obter 
plantas transgênicas, híbridas e novas variedades. 
Obtenção de clones nucelares 
O clone nucelar ou variedade revigorada é 
obtida a partir de sementes poliembriônicas, que 
reproduzem as mesmas características das plantas 
matrizes. 
A poliembrionia é um fenômeno pelo qual se 
forma mais de um embrião em uma semente. Isso é 
freqüente em manga, citros e algumas outras plantas. 
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Os embriões são de origem nucelar e possuem 
características genéticas semelhantes, não passando, 
portanto, de uma multiplicação vegetativa que se dá 
na semente, pois nada mais é do que uma propagação 
somática. 
A polinização parece ser, em quase todos os 
casos, necessária para ativar a formação de sementes 
e embriões nucelares. 
Os embriões nucelares, ao se desenvolverem, 
estabelecem uma concorrência entre si e, muitas 
vezes, o embrião gamético é reduzido, de forma a ser 
eliminado. 
A concorrência entre os embriões se dá tanto 
em relação ao espaço a ocupar como em relação à 
nutrição. 
A eliminação do embrião gamético, em alguns 
casos, ao que parece, está ligada à sua posição, pois 
ele se situa no ápice do saco embrionário e, portanto, 
em posição desvantajosa em relação aos embriões 
nucelares quanto à nutrição, através dos feixes 
vasculares. O embrião sexual pode germinar, porém, 
por ser de constituição genética mais fraca, ou por 
atrasar o inicio da germinação, ou por ser de 
crescimento inicial mais lento, sendo dominado pelos 
embriões nucelares. 
O número de embriões por semente varia de 
acordo com a espécie, a variedade e as condições 
climáticas. Em citros, encontram-se de dois a 
quarenta e, em manga, têm-se registrado até dezesseis 
embriões nucelares. 
 - Apomixia 
Resulta da produção de um embrião que 
ultrapassa o processo de meiose e fertilização. 
O genótipo do embrião e o da planta resultante 
seriam o mesmo da semente. 
A produção dessa semente é assexuada e dita 
apomíctica. 
A apomixia pode ser obrigatória — sementes 
que só produzem embriões apomícticos — ou 
facultativa — quando produzem embriões apomícticos 
e sexuais. 
- Poliembrionia 
Células específicas do nucelo ou do tegumento 
têm potencial embriogenético. Geralmente, esses 
embriões têm o mesmo genótipo e são também 
apomícticos nessas espécies. Ambos, embrião e 
zigoto apomíctico, necessitam do estímulo da 
polinização para serem produzidos. 
Sementes poliembriônicas 
Quando certas variedades apresentam 
sementes poliembriônicas, é possível, porém nem 
sempre desejável, a propagação delas diretamente de 
sementes (Figura 5.1). 
Figura 5.1. Detalhes de sementes monoembriônica e 
poliembriônicas de Poncirus trifoliata. 
Elas deverão transmitir as mesmas 
características, mas estão sujeitas a variações, por 
germinação do embrião sexuado. Além do mais, o 
inicio da produção é sempre retardado e as plantas 
tendem a atingir dimensões maiores do que as 
enxertadas. 
1.1.3. Escolha das matrizes 
Uma das principais utilização das sementes é 
para a obtenção de porta-enxertos. 
Deve-se selecionar a árvore para a colheita de 
sementes. 
As árvores escolhidas são denominadas 
matrizes e devem apresentar os seguintes requisitos: 
• vigor; 
• sanidade; 
• regularidade de produção; 
• qualidade dos frutos; 
• idade. 
O vigor de uma planta é característica 
importante, por se encontrar relacionada à sanidade e 
à produtividade. A regularidade de produção constitui 
importante característica de valor econômico. Há 
árvores que apresentam produção alternada e outras, 
produção constante. Sendo possível, é preferível 
escolher a segunda para a propagação, por 
possibilitar maior estabilidade ao fruticultor. 
As árvores devem também ser selecionadas 
pelas qualidades dos frutos. Há variedades que, 
quando multiplicadas por sementes, apresentam 
frutos com diferentes sabores, uns mais doces, outros 
mais ácidos. O teor vitamínico, a forma dos frutos, 
bem como a coloração, variam de árvore para árvore.
A idade da planta para retirada de frutos 
apresenta valor até certo ponto relativo. Sabe-se que 
plantas novas, bem como as velhas ou em 
decrepitude, apresentam sementes com menor poder 
germinativo. Nas primeiras, as reservas são 
destinadas à constituição da copa, e nas velhas, em 
virtude de estarem em decadência, apresentam-se 
subnutridas. 
Devem-se preferir sempre árvores de idade 
média, isto é, as já formadas e antes de mostrarem 
sinais de decrepitude. 
um embrião um embrião
dois embriões
três embrião
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1.1.4. Escolha dos frutos 
A escolha dos frutos para a retirada de 
sementes deve ser feita levando-se em consideração 
os seguintes aspectos: 
• conformação; 
• tipo-padrão; 
• sanidade; 
• maturação. 
Escolhidas as plantas matrizes, passa-se à 
escolha dos frutos que apresentam as características 
desejadas. De preferência, eles devem ser colhidos na 
periferia da copa, evitando os pouco expostos à luz. 
Quanto à maturação, deve-se atentar para que o fruto 
tenha atingido a sua maturação flsiológica. Muitas 
vezes, ele encontra-se morfologicamente maduro, 
porém essa maturação não coincide com a 
flsiológica; outras vezes, a maturação flsiológica 
antecede a morfológica, como ocorre com 
mangueiras, citros e mirtáceas. 
A observação do estágio de maturação é de 
importância na conservação do poder germinativo 
das sementes. 
1.1.5. Escolha das sementes 
Sendo as sementes o material básico na 
propagação, devem-se selecioná-las com critério, 
levando-se em consideração: tamanho, sanidade, 
poder germinativo e tamanho normal (volume e 
peso), de acordo com a variedade ou espécie a que 
pertencem. As sementes maiores possuem sempre 
maiores quantidades de reservas e, portanto, dão 
origem a árvores mais vigorosas. 
Com relação à sanidade, sabe-se que todas as 
sementes que apresentam aspecto distinto do normal 
devem ser eliminadas. 
O poder germinativo das sementes e sua 
longevidade devem ser conhecidos para maior 
garantia. Há espécies cujo poder germinativo dura 
somente algumas semanas e outras, vários anos. 
As sementes provenientes de plantas que 
mostram grandes variações no seu desenvolvimento 
comunicam aos enxertos alterações semelhantes, 
razão pela qual se deve ter coleção de plantas 
matrizes para a retirada de sementes. 
1.1.6. Fatores que afetam a germinação das 
sementes 
A germinação abrange todo o processo que vai 
desde a ativação dos processos metabólicos da 
semente até a emergência da radícula e da plúmula. O 
percentual de germinação depende de fatores internos 
e externos. Como fatores internos, podem ser citados 
o estado de dormência, a qualidade da semente e o 
potencial de germinação da espécie. Os fatores 
externos mais importantes são água, temperatura, 
gases e luz. 
- Fatores internos 
Dormência 
A dormência representa uma condição em que 
o conteúdo de água nos tecidos é pequeno e o 
metabolismo das células é praticamente nulo, 
permitindo que a semente seja mantida sem germinar 
durante um período relativamentelongo. 
Segundo HARTMANN & KESTER (1990), a 
dormência pode ser classificada em: 
Dormência devida aos envoltórios da semente: 
Dormência física - a testa ou partes 
endurecidas dos envoltórios da semente são 
impermeáveis à água, mantendo-a dormente 
(quiescente) devido ao seu baixo conteúdo de 
umidade. 
Dormência mecânica - os envoltórios 
impõem urna resistência mecânica à expansão do 
embrião. Em geral, a dormência mecânica está 
associada com outras causas de dormência, como a 
física. 
Dormência química - substâncias inibidoras 
da germinação, tais como fenóis, cumarinas e ácido 
abscísico, estão associadas ao fruto ou aos 
envoltórios da semente. 
Dormência Morfológica: 
Embrião rudimentar - quando o embrião é 
pouco mais do que um pró-embrião envolvido por 
um endosperma. 
Embrião não-desenvolvido - quando, na 
maturação do fruto, o embrião encontra-se 
parcialmente desenvolvido. Um crescimento 
posterior do embrião se dará após a maturação e 
senescência do fruto. 
Dormência Interna: 
Dormência fisiológica - comum na maioria 
das plantas herbáceas. Ocorre devido a mecanismos 
internos de inibição e tende a desaparecer com o 
armazenamento a seco. Existem dois casos especiais 
de dormência fisiológica: 
a) - dormência térmica - a germinação é 
inibida em temperaturas superiores a um limite, 
variável conforme a espécie; 
b) fotodormência - ocorre em espécies cujas 
sementes necessitam de escuro para germinarem. Na 
presença de luz, não há germinação. 
Dormência interna intermediária - é 
característica de coníferas e é induzida pela presença 
dos envoltórios ou tecidos de armazenamento da 
semente. 
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Dormência do embrião - ocorre quando o 
embrião é incapaz de germinar normalmente, mesmo 
que separado da semente. 
Dormência do epicótilo - ocorre quando a 
exigência do epicótilo, para germinação, é 
diferenciada da do embrião. 
Qualidade da semente 
A qualidade da semente pode ser expressa por 
dois parâmetros: viabilidade e vigor. A viabilidade é 
expressa pelo percentual de germinação, o qual 
indica o número de plantas produzidas por um dado 
número de sementes. O vigor é definido como sendo 
a soma de todos os atributos da semente que 
favorecem o estabelecimento rápido e uniforme de 
uma população no campo. 
Uma semente em senescência se caracteriza 
por apresentar urna diminuição gradual do vigor e 
subseqüente perda da viabilidade. 
Potencial de germinação da espécie 
As sementes da maioria das plantas perenes 
apresentam dificuldade de germinação, requerendo a 
utilização de métodos de superação da dormência. Na 
maioria das vezes, a diferença de potencial de 
germinação entre espécies e cultivares é devida à 
interação entre os diversos fatores que podem afetar a 
viabilidade da semente. Não somente a germinação é 
influenciada pelo fator genético, como também o 
vigor e a longevidade. 
- Fatores externos 
Água 
A água é necessária para ativação do 
metabolismo da semente no momento da germinação. 
O teor de água mínimo para germinação depende da 
espécie, variando entre 40 e 60% de água, com base 
no peso da semente. 
Temperatura 
É o fator mais importante para a germinação, 
pois exerce influência nas reações metabólicas, 
afetando também o crescimento das plântulas. 
Conforme a espécie, as temperaturas mínimas, ótimas 
e máximas são bastante variáveis, sendo que a 
temperatura ótima, para a maioria das sementes que 
não se encontram em repouso, varia de 25 a 30ºC. 
Temperaturas alternadas são geralmente mais 
favoráveis do que temperaturas constantes. 
Gases 
O oxigênio, em geral, favorece a germinação, 
por ativar o processo da respiração. Já o CO2, em 
concentrações elevadas, pode impedir ou dificultar o 
desencadeamento deste processo. 
Luz 
O efeito da luz sobre a germinação das 
sementes é variável de espécie para espécie, ainda 
que a luz sempre favoreça o crescimento das 
plântulas. A germinação das sementes da grande 
maioria das plantas cultivadas não é afetada pela luz, 
porém sementes de muitas plantas daninhas 
apresentam exigências de luz variáveis, sendo 
algumas favorecidas e outras inibidas pela luz. A 
presença ou ausência de luz só é efetiva após a 
embebição da semente e atua na remoção de um 
bloqueio no metabolismo do embrião. 
1.1.7. Escolha dos frutos 
Da mesma forma que para a escolha das 
plantas matrizes, a escolha dos frutos deve obedecer a 
alguns critérios, como sanidade e maturação. Como 
regra geral, os frutos atacados por doenças, pragas, 
ou caídos no chão, devem ser descartados, como 
forma de evitar uma possível contaminação das 
sementes. Os frutos também devem ter atingido a 
maturação fisiológica, de maneira que as sementes 
encontrem-se completamente desenvolvidas. 
1.1.8. Extração das sementes 
As sementes, no momento da colheita, estão 
envolvidas pelos frutos, os quais, de acordo com suas 
características, são divididos em dois grandes grupos: 
secos e carnosos. Os frutos secos liberam as sementes 
por deiscência ou por decomposição das paredes. 
Este tipo de fruto não tem grande expressão na 
fruticultura, pois a maioria dos frutos de importância 
econômica são carnosos. Quando um fruto carnoso é 
formado por um ou mais carpelos, contendo uma ou 
mais sementes, como é o caso da uva, maçã, pêra, 
citros, caqui, entre outros, é genericamente chamado 
de baga. Quando o fruto é formado por um único 
carpelo que contém no seu interior uma só semente, 
como pêssego e ameixa, é chamado de drupa. 
Para extração das sementes de frutos carnosos, 
estes devem estar maduros, a fim de facilitar a 
separação da polpa e da semente. Deve-se tomar o 
cuidado para não deixar restos de polpa aderidos à 
semente, os quais, pela sua decomposição e 
fermentação, podem provocar sérios danos ao poder 
germinativo. Caroços com polpa aderida e mantidos 
amontoados podem ter sua temperatura aumentada, 
em virtude da fermentação, a ponto de prejudicar a 
viabilidade do embrião, reduzindo o poder 
germinativo e vigor da plântula. 
1.1.9. Conservação das sementes 
A finalidade da conservação das sementes é 
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manter a sua viabilidade pelo maior tempo possível, 
de modo a permitir a semeadura na época mais 
adequada, bem como garantir a manutenção do 
germoplasma na forma de semente. 
A viabilidade após o armazenamento é 
resultante dos seguintes fatores: 
a) viabilidade inicial na colheita, determinada 
por fatores de produção e métodos de manejo. No 
caso de sementes que não requerem quebra de 
dormência, o armazenamento pode, no máximo, 
manter a qualidade das mesmas; 
b) taxa de deterioração das sementes, também 
denominada de taxa de trocas flsiológicas ou 
envelhecimento. Esta é determinada pelo potencial 
genético de conservação da espécie e pelas condições 
de armazenamento, principalmente temperatura e 
umidade. 
A durabilidade da semente é bastante variável 
com a espécie. Podem ser encontradas desde espécies 
cujas sementes perdem rapidamente o seu poder 
germinativo em condições naturais, como outras que 
mantêm o poder germinativo por longos períodos. As 
sementes de citros armazenadas em condições 
normais perdem rapidamente o seu poder 
germinativo devido à dessecação dos tecidos. 
Sementes com embriões dormentes, como macieira, 
pereira e videira, possuem maior capacidade de 
conservação, mesmo em ambiente normal. É 
conveniente lembrar que, quanto maior for o período 
dearmazenamento da semente, maior será o consumo 
das substâncias de reserva, resultando assim numa 
redução do vigor do embrião. 
As características das sementes podem 
determinar seu potencial de conservação. Sementes 
amiláceas apresentam, em geral, maior longevidade 
do que sementes oleaginosas. Além disso, sementes 
com embriões dormentes e envoltório impermeável 
apresentam maior tempo de conservação. 
No que se refere a condições ambientais, a 
relação umidade/temperatura é muito importante na 
redução da taxa de respiração. Para a maioria das 
espécies, ambientes com baixo teor de umidade, 
acompanhados de baixas temperaturas, oferecem 
condições adequadas para prolongar a conservação 
das sementes. Além disso, a modificação da 
atmosfera de armazenamento, especialmente na 
redução do teor de oxigênio, mostra-se favorável à 
manutenção do poder germinativo da semente. 
No que se refere à umidade da semente, acima 
de 8 a 9% de umidade, insetos podem entrar em 
atividade; acima de 12 a 14%, fungos podem tornar-
se ativos; acima de 18 a 20%, pode ocorrer 
aquecimento devido à fermentação; e acima de 40 a 
60%, ocorre germinação. Caso a semente seja 
tolerante à dessecação, é importante que ela seja 
mantida com baixo teor de umidade. 
As baixas temperaturas prolongam a vida das 
sementes, sendo que, em temperaturas de 0 a 450C, 
cada diminuição de 50C duplica a vida de 
armazenamento destas. 
- Meios de conservação 
Há inúmeros processos para manter a 
viabilidade do poder germinativo. Dentre eles, 
destacam-se os seguintes: 
conservação em sacos de polietileno; 
estratificação; 
câmaras frigoríficas; cloreto de cálcio; 
vácuo. 
1.1.10. Superação da dormência 
O tratamento para superação da dormência 
varia com o tipo de dormência que a semente 
apresenta. 
Aumento da permeabilidade dos envoltórios 
É utilizado quando a causa da dormência é a 
impermeabilidade do tegumento da semente. A 
escarificação é o método que objetiva tornar os 
envoltórios da semente mais permeáveis à entrada de 
água e a trocas gasosas, bem como facilitar a 
emergência da radícula e/ou da plúmula, podendo ser 
realizada por métodos físicos, químicos ou 
mecânicos. 
Método físico - consiste na imersão da 
semente em água quente, entre 65 e 850C, durante 5 a 
10 minutos. A temperatura elevada diminui a 
resistência dos envoltórios e facilita a germinação. 
Método químico - consiste no tratamento das 
sementes com hidróxido de sódio ou de potássio, 
formol e ácido clorídrico ou sulfúrico, em geral por 
um tempo entre 10 minutos até 6 horas, conforme a 
espécie. Dessa forma, os tegumentos são desgastados 
e a germinação é facilitada. E importante que sejam 
eliminados todos os resíduos de ácido que, aderidos à 
semente, podem prejudicar a germinação, o que pode 
ser feito através de lavagem em água corrente. 
Método mecânico - pode ser realizado com 
uso de uma superfície abrasiva, agitação em areia ou 
pedra ou por quebra dos envoltórios. Deve-se ter 
cuidado para que o embrião não seja danificado. As 
sementes escarificadas tornam-se mais sensíveis ao 
ataque de patógenos. 
Maturação do embrião 
Destina-se à superar a dormência da semente 
através do amadurecimento do embrião ou do 
estabelecimento de um balanço hormonal favorável à 
germinação. Isso é obtido pelo armazenamento das 
sementes em ambiente úmido e frio por um 
determinado período (estratificação). 
De um modo geral, o meio adequado para a 
estratificação é aquele que retém um adequado teor 
de umidade e não contém substâncias tóxicas. Como 
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exemplos, podem-se citar o solo, areia lavada, 
musgo, vermiculita e serragem ou a mistura destes. 
Camadas de sementes são intercaladas com camadas 
de substrato à temperatura ambiente ou em câmaras 
refrigeradas, com temperaturas entre O e 100C. 
O período de armazenamento varia conforme a 
espécie, sendo que, para a maioria, está 
compreendido entre 1 e 4 meses. Durante a 
estratificação, deve-se ter cuidado com o teor de 
umidade do substrato e com a eventual germinação 
das sementes antes que o período previsto para a 
estratificação das sementes esteja terminado. 
Em variedades precoces, nas quais em geral o 
embrião não esta completamente desenvolvido 
quando da maturação do fruto, muitas vezes é 
necessário cultivar o embrião em meio de cultura 
adequado, permitindo que seja completado o seu 
desenvolvimento. Este processo é utilizado em 
cultivares precoces de pessegueiro que se destinam 
ao melhoramento genético. 
1.1.11. Manejo das sementeiras 
Antes da semeadura em viveiro, é importante 
que se adote um tratamento das sementes com 
fungicida ou hipoclorito de sódio. Dessa forma, é 
possível minimizar a ocorrência de doenças que 
possam vir a prejudicar as plântulas. 
A sementeira deve estar localizada fora da área 
de produção e, de preferência, em terreno bem 
drenado, com pequena declividade, plena exposição à 
luz e boa disponibilidade de água para irrigação. A 
má drenagem favorece a ocorrência de uma doença 
denominada “damping-off’. E recomendável o uso de 
áreas submetidas a uma prévia rotação de culturas, 
como forma de reduzir o potencial de inóculo de 
doenças. Não é aconselhável o uso de uma mesma 
área como sementeira por mais de 2 anos. 
O tratamento do solo é útil para reduzir a 
incidência de patógenos nas futuras plantas, 
especialmente considerando a sensibilidade das 
mesmas no estágio de plântula. Este pode ser 
realizado com uso de fumigantes, fungicidas, 
solarização ou calor (1050C por 30 minutos). Apesar 
de suas vantagens, a esterilização completa interfere 
na biologia do solo e na disponibilidade de nutrientes. 
A semeadura pode ser realizada a lanço ou em 
linha. A semeadura a lanço exige menor mão-de-obra 
inicial, mas cria dificuldades para realização dos 
tratos culturais, tais como controle de plantas 
invasoras. Por essa razão, a semeadura em linha é a 
mais utilizada. A quantidade de sementes a ser 
utilizada deve ser de 3 a 4 vezes o número desejado 
de plantas, de modo a permitir uma seleção rigorosa; 
porém, deve-se evitar uma densidade muito elevada 
de plântulas, para que não ocorra redução do tamanho 
e do vigor, conduzindo à obtenção de plantas com 
sistema radicular pouco desenvolvido. 
A cobertura das sementes pode ser realizada 
com solo ou areia e a cobertura do canteiro pode ser 
realizada com uma fina camada de palha. O objetivo 
da cobertura com palha é impedir o crescimento de 
plantas invasoras, bem como conservar a umidade do 
solo. A palha deverá ser removida pouco tempo antes 
da emergência das plântulas. 
Cuidados especiais devem ser dispensados no 
que se refere à irrigação, considerando a exigência de 
água para o processo da germinação e a sensibilidade 
das plântulas à falta de umidade do solo. A irrigação 
deve ser feita por aspersão, com uso de regadores ou 
de um sistema de irrigação, no caso de sementeiras 
de maior porte. O controle da umidade pode ser feito 
por avaliação visual ou com uso de tensiômetros. 
O controle de plantas invasoras pode ser 
realizado através de métodos químicos ou mecânicos. 
A distância entre as linhas deve possibilitar a 
utilização de implementos agrícolas e o uso de 
herbicidas pode ser realizado em pré ou pós-
emergência. A definição da forma de controle das 
plantas invasoras deve considerar a viabilidade 
econômica de cada método, bem como a 
sensibilidade das plantas aos herbicidas. 
De acordo com a espécie e o tempo de 
permanência na sementeira, pode ser aconselhável a 
realização de adubação, tanto de correção, quanto de 
cobertura. É importante que o pH seja corrigido, 
conforme a exigência da espécie, com uso de 
calcário. A adubação nitrogenada, se necessária,deve 
ser realizada com cautela, pois aplicações em excesso 
podem criar um desequilíbrio nutricional, que resulta 
em excesso de crescimento e elevada suscetibilidade 
a pragas e doenças. Por outro lado, elevadas 
concentrações de sais produzidos por um excesso de 
fertilizantes inibem a germinação. 
Dada a sensibilidade das plântulas e a elevada 
densidade na sementeira, é necessário que se adotem 
medidas eficientes de monitoramento e controle de 
pragas e doenças. Os principais fungos causadores de 
doenças de sementeiras são pertencentes aos gêneros 
Pythium, Rhizoctonia e Phytophthora, agentes 
causadores do “dampingoff’, que afeta a germinação 
e a sobrevivência das plantas jovens. 
A partir da sementeira, assim que as mudas 
atinjam um crescimento satisfatório, estas são 
submetidas a uma seleção por tamanho, visando 
obter-se um padrão adequado das plantas destinadas 
ao viveiro, quando estarão colocadas em maiores 
espaçamentos. As plantas no viveiro poderão ser 
utilizadas como porta-enxertos ou como mudas 
destinadas à formação de pomares. No caso de 
mudas, é necessário realizar uma seleção de plantas 
próximas a um padrão característico da planta-mãe. 
~ 
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1.2. Propagação assexuada 
1.2.1 Conceito 
A propagação assexuada, vegetativa ou 
agâmica é o processo de multiplicação que ocorre 
através de mecanismos de divisão e diferenciação 
celular, por meio da regeneração de partes da planta-
mãe. 
Baseia-se nos seguintes princípios: 
Totipotência: é a informação genética que 
cada célula possui para reconstrução de uma planta e 
de suas funções, assim, as células da planta contêm 
toda a informação genética necessária para a 
perpetuação da espécie. 
Diferenciação: é a capacidade de células 
maduras retornarem a condições meristemáticas e 
desenvolverem um novo ponto de crescimento, 
portanto, são células somáticas e, por conseqüência, 
os tecidos, apresentam a capacidade de regeneração 
de órgãos adventícios, 
A propagação vegetativa consiste no uso de 
órgãos da planta, sejam eles estacas da parte aérea ou 
da raiz, gemas ou outras estruturas especializadas, ou 
ainda meristemas, ápices caulinares, calos e 
embriões. Desse modo, um vegetal é regenerado a 
partir de células somáticas sem alterar o genótipo, 
devido à multiplicação mitótica. 
O uso deste modo de propagação permite a 
formação de um clone, grupo de plantas provenientes 
de uma matriz em comum, ou seja, com carga 
genética uniforme e com idênticas necessidades 
climáticas, edáficas, nutricionais e de manejo. 
1.2.2. Importância e utilização 
Enquanto em fruticultura a propagação 
sexuada tem importância restrita, a propagação 
assexuada é largamente utilizada na produção de 
mudas. Isso se deve à necessidade de se garantir a 
manutenção das características varietais, as quais 
determinam o valor agronômico do material a ser 
propagado, em espécies de elevada heterozigose, 
como as frutíferas. 
A utilização da propagação assexuada diz 
respeito à multiplicação tanto de porta-enxertos 
quanto da cultivar-copa. A importância e a 
viabilidade da utilização da propagação assexuada 
são uma função da espécie ou da cultivar, da 
capacidade de regeneração de tecidos (raízes ou parte 
aérea), do número de plantas produzidas, do custo de 
cada processo e da qualidade da muda formada. 
De modo geral, o uso da propagação 
assexuada justifica-se nos seguintes casos: 
a) propagação de espécies e cultivares que não 
produzem sementes viáveis, como, por exemplo, 
limão Tahiti, laranja de umbigo e figueira; 
b) perpetuação de clones, pois as frutíferas são 
altamente heterozigotas e perderiam suas 
características com a propagação sexuada. 
A escolha do método a ser utilizado depende 
da espécie e do objetivo do propagador. Basicamente, 
um bom método de propagação deve ser de baixo 
custo, fácil execução e deve proporcionar um elevado 
percentual de mudas obtidas. 
1.2.3. Vantagens e desvantagens 
Dada a sua larga utilização na multiplicação 
de plantas frutíferas, a propagação assexuada 
apresenta diversas vantagens, que a toma, muitas 
vezes, mais viável que a propagação sexuada. 
São vantagens da propagação assexuada: 
a) permite a manutenção do valor agronômico 
de uma cultivar ou clone, pela perpetuação de seus 
caracteres; 
b) possibilita que se reduza a fase juvenil, uma 
vez que a propagação vegetativa mantém a 
capacidade de floração pré-existente na planta-mãe. 
Desse modo, há redução do período improdutivo; 
e) permite a obtenção de áreas de produção 
uniformes devido à ausência de segregação genética. 
Assim, plantas obtidas por propagação assexuada 
apresentam uma maior uniformidade fenológica, bem 
como uma resposta idêntica aos fatores ambientais, o 
que permite uma definição mais fácil das práticas de 
manejo a serem executadas no futuro pomar; 
d) permite a combinação de clones, 
especialmente quando utilizada a enxertia. 
Como desvantagens da propagação assexuada, 
podem ser apontadas: 
a) possibilita a transmissão de doenças, 
especialmente as cansadas por vírus e bactérias. O 
material utilizado na propagação vegetativa (estacas, 
ramos, gemas), constitui-se de tecido somático, o 
qual pode ser infectado por estes patógenos através 
de vetores ou pelo uso de ferramentas. O uso 
prolongado das mesmas plantas matrizes aumenta o 
risco de propagação de doenças. Os patógenos 
associados à propagação vegetativa incluem fungos 
(Phytophthora spp., Pythium spp., Rhizoctonia spp.), 
bactérias (Erwinia spp., Pseudomonas spp. e 
Agrobacterium tumefasciens), vírus, rnicoplasmas e 
organismos tipo Ricketsia; 
b) ainda que a manutenção dos caracteres seja 
citada como uma vantagem, pode ocorrer, ao longo 
do tempo, uma mutação das gemas, podendo ser 
gerado um clone diferenciado e de menor qualidade 
que a planta matriz. Entre plantas de um clone podem 
ocorrer mudanças que resultam em degenerescência e 
variabilidade dos mesmos. A exposição a um 
ambiente continuamente desfavorável pode conduzir 
à deterioração progressiva do clone, manifestada em 
perda gradual do vigor e da produtividade, ainda que 
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o genótipo básico não se altere. A degenerescência do 
clone é causada principalmente por doenças de 
natureza virótica. O uso inadvertido das mesmas 
matrizes, sem que uma prévia indexagem tenha sido 
realizada, aumenta o risco de propagação de doenças 
e de degenerescência do clone. Além disso, a 
replicação do DNA (ácido desoxirribonucleico) 
durante a divisão celular no meristema pode resultar 
em alterações no genótipo e originar mutações. O 
efeito da mutação na variabilidade de um clone 
depende da taxa de mutação e da extensão que as 
células oriundas da célula mutante original ocupam 
dentro do meristema. Entretanto, como as células do 
meristema são relativamente estáveis e menos 
sujeitas a mutações, a significância das mutações em 
boas condições fitossanitárias é reduzida; 
e) a ausência de variabilidade gerada no clone 
pode levar a problemas na futura área de produção, 
aumentando o risco de danos em todas as plantas por 
problemas climáticos ou fitossanitários, uma vez que 
foram fixadas todas as características varietais e todas 
as plantas têm a mesma combinação genética. 
As principais vantagens e desvantagens da 
propagação assexuada são resumidas na Tabela 1.2. 
Tabela 1.2. Principais vantagens e desvantagens da 
propagação assexuada em plantasfrutíferas. 
VANTAGENS DESVANTAGENS 
* perpetuação de caracteres 
agronômicos 
* transmissão de doenças 
* redução da fase juvenil * risco de mutação das 
gemas 
* obtenção de plantas 
uniformes 
* risco de danos 
generalizados na área de 
produção 
* combinação de clones na 
enxertia 
Fonte: Adaptado de Fachinello et al., 1995. 
1.3. Métodos de propagação vegetativa 
Dentre os processos de propagação agâmica, 
os principais são: estaquia, mergulhia e enxertia. 
1.3.1. Estaquia 
Estaquia é o termo utilizado para o processo de 
propagação no qual ocorre a indução do 
enraizamento adventício em segmentos destacados da 
planta-mãe, que, uma vez submetidos a condições 
favoráveis, origina uma muda. A estaquia baseia-se 
no princípio de que é possível regenerar uma planta a 
partir de uma porção de raízes (regeneração de 
ramos). Desse modo, a partir de um segmento, é 
possível formar-se uma nova planta. 
Entende-se por estaca qualquer segmento da 
planta-mãe, com pelo menos uma gema vegetativa, 
capaz de originar uma nova planta podendo haver 
estacas de ramos, de raízes e de folhas. 
Utilização 
A estaquia é, sem dúvida, um dos principais 
métodos utilizados na multiplicação de plantas 
frutíferas. Inúmeras espécies de interesse comercial 
podem ser propagadas por este método, destacando-
se a produção direta de mudas de figueira e a 
propagação de porta-enxertos de videira. 
Em espécies que são comumente propagadas 
por outros métodos (sementes, mergulhia, enxertia), a 
estaquia pode ser uma alternativa viável para a 
produção de mudas. A viabilidade do uso da estaquia 
na propagação comercial é função da facilidade de 
enraizamento de cada espécie e/ou cultivar, da 
qualidade do sistema radicular formado e do 
desenvolvimento posterior da planta na área de 
produção. Muitas espécies de folhas caducas, como é 
o caso do pessegueiro e da ameixeira, não são 
propagadas comercialmente através de estacas. 
Porém, se utilizadas técnicas como a nebulização 
intermitente, a aplicação de reguladores de 
crescimento, o anelamento, o estiolamento, a dobra 
dos ramos, entre outras, os resultados poderão ser 
satisfatórios e viáveis na maioria das espécies 
frutíferas. 
De modo geral, as aplicações da estaquia são: 
a) multiplicação de variedades ou espécies que 
possuem aptidão para emitir raízes adventícias; 
b) produção de porta-enxertos clonais; 
c) perpetuação de novas variedades oriundas 
de processos de melhoramento genético. 
Vantagens e desvantagens 
Como vantagens da estaquia podem ser 
apontadas: 
a) permite que se obtenha muitas plantas a partir de 
uma única planta matriz em curto espaço de tempo; 
b) é uma técnica de baixo custo e de fácil execução; 
c) não apresenta problemas de incompatibilidade 
entre enxerto e o porta-enxerto; 
d) plantas produzidas com porta-enxertos originados 
de estacas apresentam maior uniformidade do que 
plantas enxertadas sobre mudas oriundas de 
sementes. 
Pode-se afirmar que a propagação por estacas 
praticamente não apresenta inconvenientes. 
Entretanto, nem sempre é viável se reproduzirem 
plantas por estacas, especialmente quando a espécie 
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ou cultivar apresenta um baixo potencial genético de 
enraizamento, resultando em pequena percentagem 
de mudas obtidas. Por outro lado, mesmo que haja 
formação de raízes, o seu desenvolvimento pode ser 
insuficiente e o percentual de mudas que sobrevivem 
após o plantio no viveiro pode ser muito baixo. 
Nestes casos, ainda que seja possível se produzirem 
estacas enraizadas, deve-se dar preferência a outros 
métodos de propagação assexuada. 
Tipos de estacas 
A estaca pode ser obtida de órgãos aéreos ou 
subterrâneos. 
 folha 
 
herbáceas
 ramos ponteiros 
 
 simples 
 talão 
Aéreas 
 cruzeta 
Estacas 
 tanchão 
 gema 
 
lenhosas 
 enxerto 
 
 Subterrâneas raiz 
Herbáceas
As estacas herbáceas são obtidas de ramos 
apicais. Sua retirada deve ser feita pela manhã, 
quando ainda estão túrgidas e com níveis mais 
elevados de ácido abscísico e de etileno, que são 
elementos favoráveis ao enraizamento (Fig. 5.2). 
Figura 5.2. Estaca herbácea. Parte terminal de um 
ramo em desenvolvimento. 
Lenhosas
São obtidas de ramos lenhosos ou lignificados, 
com idade entre 8 e 15 meses. As estacas lenhosas 
encontram maior campo de aplicação do que as 
herbáceas e, quase sem exceção, constituem-se no 
material básico de propagação de árvores frutíferas. 
• Estaca simples 
A estaca simples é obtida subdividindo-se o 
ramo em pedaços de 20 a 30 cm de comprimento. O 
diâmetro dessa estaca normalmente varia de 0,5 a 1,5 
cm e cada uma deve possuir de quatro a seis gemas 
(Fig. 1.3A). 
Figura 1.3. Diferentes tipos de estacas: A) simples; 
B) talão; C) cruzeta; D) gema; E) raiz. 
Esse tipo de material constitui-se num dos 
mais efetivos, tanto pelo rendimento que oferece 
como na prática da estaquia. 
• Estaca-talão 
Difere da anterior por trazer consigo parte do 
lenho velho, que se denomina talão. É obtida 
destacando-se um ramo no ponto de inserção com 
outro de dois anos. E utilizada quando a espécie ou 
variedade apresenta dificuldade de enraizamento. 
O número de estacas, nesse tipo, é inferior ao 
das simples, pois só podem ser obtidas quando os 
ramos apresentam bifurcação (Fig. 5.3B). 
• Estaca-cruzeta 
Assemelha-se ao tipo anterior, porém, em vez 
de ser retirada com um pedaço de lenho velho na 
forma de pata de cavalo, é obtida secionando-se o 
ramo de dois anos, de modo a permitir maior porção 
de lenho. Apresenta o formato de uma cruz (Fig. 
1.3C). 
• Estaca-tanchão 
É um tipo de estaca pouco comum, que 
apresenta comprimento que varia entre 60 e 80 cm ou 
mais e diâmetro de 4 a 20 cm. É utilizada na 
multiplicação de jabuticabeira, no Brasil, e de 
oliveira, nos países europeus. A presença de lenho 
velho na lingüeta favorece o enraizamento, por 
possuir raízes pré-formadas. O mesmo ocorre com as 
estacas de talão. 
• Estaca-gema 
O material de propagação é representado por 
uma única gema e é utilizado em casos muito 
especiais. Seu uso se restringe à multiplicação de 
material muito valioso ou quando não se dispõe de 
material em quantidade suficiente (Fig.1.3D). 
• Estaca-enxerto 
As estacas de difícil propagação podem ter o 
 A B C D E
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seu enraizamento facilitado utilizando-as como garfo 
e a estaca de mais fácil enraizamento, como cavalo.
Subterrâneas
• Estaca-raiz 
É um tipo de estaca pouco utilizado. Tem 
algumas aplicações em pessegueiro, goiabeira e 
caquizeiro (Fig. 5.3E). A melhor estaca é retirada de 
plantas com dois a três anos de idade. A época mais 
favorável é o fim do inverno e o início da primavera, 
quando as raízes estão bem providas de reservas. Ao 
plantá-la, deve-se manter a polaridade correta. 
A estaca-raiz produz primeiro uma haste 
adventícia, sobre a qual ocorre o enraizamento. 
A polaridade é inerente aos ramos e raízes. A 
estaca forma o broto na posição distal e as raízes, na 
proximal. 
A estaca-garfo deve ter comprimento maior 
que o da estaca-cavalo e a enxertia é feita em 
laboratório (enxerto de mesa). 
Na estaquia, enterra-se também parte do garfo. 
O seu enraizamento pode ser facilitado pelo uso de 
um estimulante de raiz na região de união de ambas 
as estacas. O AIB é recomendado. 
Após o enraizamento das duas estacas, 
reduzem-seas raízes do cavalo para estimular as do 
garfo. 
Em citros, C. medica enraíza facilmente, ao 
passo que o C. aurantium apresenta dificuldade, e 
esse processo facilita a sua propagação vegetativa.
Princípios anatômicos do enraizamento 
No momento em que uma estaca é preparada, 
esta consiste de uma ou mais gemas (sistema aéreo 
em potencial) e de uma porção de tecido 
diferenciado, aéreo ou subterrâneo, sem sistema 
radicular formado. As raízes formadas na estaca 
serão, portanto, uma resposta ao traumatismo 
produzido pelo corte. Dessa forma, dois aspectos são 
fundamentais no enraizamento de estacas: 
a) a desdiferenciação, ou seja, o processo pelo 
qual células de um tecido já diferenciado retornam à 
atividade meristemática e originam um novo ponto de 
crescimento; 
b) a totipotência, ou seja, a capacidade de uma 
só célula originar um novo indivíduo, uma vez que 
ela contém toda a bagagem genética necessária para 
reconstituir todas as partes da planta e suas funções. 
Com o preparo da estaca, há uma lesão dos 
tecidos, tanto de células do xilema quanto do floema. 
Este traumatismo é seguido de cicatrização, que 
consiste da formação de uma capa de suberina, que 
reduz a desidratação na área danificada. Nesta região, 
em geral, há a formação de uma massa de células 
parenquimatosas que constituem um tecido pouco 
diferenciado, desorganizado e em diferentes etapas de 
lignificação, denominado calo. O calo é um tecido 
cicatricial que pode surgir a partir do câmbio 
vascular, do córtex ou da medula, cuja formação 
representa o início do processo de regeneração. As 
células que se tornam meristemáticas dividem-se e 
originam primórdios radiculares. Após, células 
adjacentes ao câmbio e ao floema iniciam a formação 
de raízes adventícias. Pode-se dividir a formação de 
raízes adventícias em duas fases. Uma primeira fase, 
de iniciação, caracterizada pela divisão celular e 
após, uma fase de diferenciação das células em um 
primórdio radicular, que resulta no crescimento da 
raiz adventícia. Estes processos, em geral, ocorrem 
em seqüência. 
Figura 1.4. Estruturas morfológicas do caule e 
formação de primórdios radiculares (adaptado de 
JANICK, 1966). 
Durante a iniciação das raízes, quatro etapas 
de modificações morfológicas podem ser citadas: 
a) desdiferenciação de algumas células adultas; 
b) formação de iniciais de raízes próximas aos 
feixes vasculares; 
c) formação de primórdios radiculares; 
d) desenvolvimento dos primórdios e 
emergência, através do córtex e epiderme da estaca, 
das raízes adventícias, acompanhado da sua conexão 
com o sistema vascular da estaca. 
O local de emissão dos primórdios radiculares 
é bastante variável conforme a espécie e o tipo de 
estaca. Em estacas herbáceas, que não possuem um 
cambio desenvolvido, os primórdios podem surgir 
entre os feixes vasculares e para fora destes e as 
raízes podem emergir em filas, acompanhando os 
feixes vasculares. As raízes adventícias também 
podem ser formadas a partir da epiderme e do 
periciclo. Já em estacas lenhosas, os primórdios se 
formam a partir do xilema secundário jovem, em 
geral, em um ponto correspondente à entrada do raio 
vascular. Também podem ser formados primórdios a 
partir do câmbio, do floema, das lenticelas ou da 
medula. À medida que o ramo se toma mais 
lignificado, o local de formação das raízes parece se 
deslocar em direção centrípeta, ou seja, em estacas 
semilenhosas, originadas do floema, e em estacas 
lenhosas, do câmbio. De modo geral, as raízes 
adventícias se originam próximas ao cilindro 
vascular. 
Em algumas espécies, como Citrus medica, 
Populus sp. e Ribes sp., há primórdios radiculares 
pré-formados latentes no momento da coleta das 
estacas, de modo que, uma vez colocadas em 
condições favoráveis, formam raízes. 
Muitas vezes é observada, na base da estaca, 
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como resultado de um traumatismo, a formação de 
calo. Ainda que sejam fenômenos independentes, a 
formação do calo e o aparecimento das raízes 
adventícias são influenciados, na maioria dos casos, 
pelos mesmos fatores e podem ocorrer 
simultaneamente. Tem sido observado que, ao menos 
para algumas espécies de difícil enraizamento, a 
formação de raízes se dá sobre o calo, ainda que a 
formação de calo não seja um prenúncio seguro da 
formação de raízes adventícias. Não há uma relação 
direta entre formação de calo e enraizamento. O calo 
pode ser ainda uma barreira protetora ao ataque de 
microrganismos. É possível que estacas com calo 
respondam mais facilmente ao uso de promotores 
exógenos de enraizamento do que estacas sem 
formação de calo. 
A localização das raízes adventícias é variável 
e algumas espécies somente formam raízes na base 
da estaca, outras em nós ao longo do caule, e outras 
nos nós e entrenós. 
A casca pode constituir-se em uma barreira à
emergência das raízes. Um anel de esclerênquima 
contínuo altamente lignificado entre o berna e o 
córtex pode ser uma das causas da dificuldade de
enraizamento em determinadas espécies. Caso este 
esclerênquima não seja rompido mecanicamente, as 
raízes podem emergir na base da estaca. 
Princípios fisiológicos do enraizamento 
A capacidade de uma estaca emitir raízes é 
função de fatores endógenos e das condições 
ambientais proporcionadas ao enraizamento. O 
manejo da estaquia, para proporcionar o desejado 
sucesso na produção de mudas, requer o 
conhecimento e a aplicação destes princípios. Além 
disso, o estudo destes aspectos pode auxiliar a 
caracterização de uma espécie como sendo de fácil 
ou difícil enraizamento. Tem sido observado que a 
formação de raízes adventícias deve-se à interação de 
fatores existentes nos tecidos e à translocação de 
substâncias localizadas nas folhas e gemas. Entre 
estes fatores, os reguladores de crescimento são de 
importância fundamental. Outros compostos, alguns 
deles parcialmente conhecidos, também têm 
influência indireta sobre o enraizamento. 
Auxinas 
As auxinas compõem o grupo de reguladores 
de crescimento que apresenta o maior efeito na 
formação de raízes em estacas. Possuem ação na 
formação de raízes adventícias, na ativação das 
células do câmbio e na promoção do crescimento das 
plantas, além de influenciarem a inibição das gemas 
laterais e a abscisão de folhas e frutos. 
O AIA (ácido indol-3-acético) foi identificado 
em 1934 e se constitui na auxina de ocorrência mais 
comum nas plantas. Uma das primeiras utilizações 
práticas da auxina foi a de promover o enraizamento 
em segmentos de plantas. Posteriormente, outras 
substâncias de origem exógena, como o AIB (ácido 
indolbutírico) e o ANA (ácido naftalenacético) 
mostraram-se até mesmo mais eficientes do que o 
AIA na promoção do enraizamento de estacas, 
mesmo que fossem de origem exógena. 
A auxina é sintetizada nas gemas apicais e 
folhas novas, de onde é translocada para a base da 
planta por um mecanismo de transporte polar. Os 
ápices radiculares também produzem auxinas, porém 
não há acumulação nas raízes devido ao elevado teor 
de substâncias inativadoras de auxinas nesta parte da 
planta. 
O aumento da concentração de auxina exógena 
aplicada em estacas provoca efeito estimulador de 
raízes até um valor máximo, a partir do qual qualquer 
acréscimo de auxinas tem efeito inibitório. O teor 
adequado de auxina exógena para estímulo do 
enraizamento depende da espécie e da concentração 
de auxina existente no tecido. 
No momento em que a auxina é aplicada, há 
um aumento da concentração na base da estaca e, 
caso os demais requerimentos fisiológicos sejam 
satisfeitos, há formação do calo, resultante da 
ativação das células do câmbio e das raízes 
adventícias. 
Giberelinas 
Dentre as giberelinas encontradasna natureza, 
o AG3 (ácido giberélico) é o mais importante. Uma 
vez que a principal ação das giberelinas é o estímulo 
ao crescimento do caule, em concentrações a partir de 
10-3 molar as giberelinas inibem o enraizamento, 
possivelmente devido à interferência na regulação da 
síntese de ácidos nucléicos. Por outro lado, inibidores 
da síntese de giberelinas, como SADH (ácido 
succínico 2,2-dimetilhidrazida) ácido abscísico e 
paclobutrazol, mostram efeito benéfico no 
enraizamento. 
Citocininas 
As citocininas tem efeito estimulador da 
divisão celular na presença de auxinas. Dessa forma, 
há um estímulo à formação de calos e à iniciação de 
gemas. Entretanto, espécies com elevados teores de 
citocininas em geral são mais difíceis de enraizar do 
que aquelas com conteúdos menores, sugerindo que a 
aplicação de citocininas inibe a formação de raízes 
em estacas. Por outro lado, em estacas de raiz, as 
citocininas podem estimular a iniciação de gemas. 
Uma relação auxina/citocinina baixa estimula 
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a formação de gemas ou primórdios foliares, ao passo 
que uma relação elevada estimula a formação de 
raízes. No cultivo “in vitro”, uma relação equilibrada 
promove a formação de calo e permite uma boa 
regeneração de plantas a partir de meristemas. 
Ácido abscísico 
A princípio, os dados sobre ácido abscísico, 
um inibidor do crescimento na formação de raízes 
adventícias, são contraditórios, dependendo da 
concentração e do estado nutricional da planta-mãe.
Etileno 
Em baixas concentrações (próximas a 10 
ppm), o etileno estimula a formação e o 
desenvolvimento de raízes. Possivelmente, o etileno 
sintetizado quando da aplicação de auxina explica o 
efeito desta no enraizamento de estacas. Entretanto, o 
efeito do etileno é mais dependente de interações 
complexas do que da simples concentração deste 
regulador. 
O estudo isolado do efeito de um regulador, 
em geral, não permite explicar satisfatoriamente a sua 
influência no enraizamento, de forma que o equilíbrio 
entre estes diferentes compostos pode realmente 
explicar os mecanismos fisiológicos envolvidos. O 
equilíbrio hormonal numa planta varia com a época 
do ano e com a fase fisiológica. 
Além dos reguladores do crescimento, outras 
substâncias de ocorrência natural, denominadas 
“cofatores do enraizamento’, que atuam 
sinergicamente com as auxinas, são necessárias para 
que se dê o enraizamento. Estes cofatores são 
sintetizados em gemas e folhas jovens e, em maior 
quantidade, em estacas provenientes de plantas 
jovens. São transportados pelo floema a partir dos 
locais de síntese. Dessa forma, é caracterizada a 
importância, para muitas espécies, de serem mantidas 
as folhas e gemas em atividade vegetativa. Estes 
órgãos atuam como um laboratório de produção de 
reguladores de crescimento e nutrientes. As folhas 
contribuem para a formação das raízes, devido à 
síntese de cofatores ou carboidratos. 
O termo “rizocalina” foi adotado inicialmente 
por Bouillenne e Went (1933) e engloba o conjunto 
de substâncias, além dos reguladores de crescimento, 
que estimulam o enraizamento, muitas delas ainda 
não conhecidas totalmente. Em 1955, foi proposto 
que a rizocalina seria um complexo formado por 3 
componentes: 
a) um orto-dihidroxifenol, fator especifico 
transportado a partir das folhas; 
b) a auxina, fator não-especifico; 
e) uma enzima especifica, do tipo 
polifenoloxidase, encontrada em alguns tecidos 
(periciclo, floema e câmbio). A reação entre estes três 
componentes origina a rizocalina. 
As relações hipotéticas entre os vários 
componentes que conduzem à iniciação de raízes 
adventícias, segundo HARTMANN & KESTER 
(1990), são mostradas no esquema a seguir: 
Os cofatores do enraizamento não estão todos 
quimicamente determinados. Sabe-se que o cofator 3 
é o ácido isoclorogênico e o cofator 4 consiste de 
terpenóides oxigenados. Além disso, o composto 
fenólico catecol, que atua protegendo a auxina da 
ação da AIA oxidase, o ácido abscísico, de ação 
antagônica à síntese de giberelinas e o floroglucinol, 
que atua sinergicamente com o AIB, são substâncias 
com atividade no enraizamento, mas há necessidade 
de comprovação. 
Os inibidores do enraizamento, ainda que na 
sua maioria não estejam determinados quimicamente, 
são freqüentemente associados com a facilidade de 
enraizamento em algumas espécies. Em determinadas 
situações, a lavagem dos inibidores e sua lixiviação 
estimulam o enraizamento. 
Em nível bioquímico, o enraizamento e o 
desenvolvimento de raízes são acompanhados da 
síntese de proteínas e de RNA (ácido ríbonucleico). 
Além disso, há modificações nos padrões e 
concentrações de DNA (ácido desoxirribonucléico) e 
aumento da atividade enzimática à medida que as 
raízes se desenvolvem. Em estacas de ameixeira, 
observouse que o calo e as raízes em formação atuam 
como um dreno dos carboidratos da estaca. 
Fatores que afetam a formação de raízes 
O conhecimento dos fatores que afetam a 
formação de raízes é importante para que se possa 
explicar por que uma espécie tem facilidade ou 
dificuldade de enraizar. Além disso, o adequado 
manejo destes fatores permitirá que haja mais chance 
de sucesso na produção de mudas por estaquia. 
Podem-se classificar os fatores que afetam o 
enraizamento em: 
Fatores internos
Ácido giberélico (AG) 
(bloqueia a divisão celular)
Ácido abscísico 
(antagônico ao AG)
Iniciação 
de raízes
COFATOR 1
COFATOR 2
COFATOR 3 
(Ácido iso- 
clorogênico) 
COFATOR 4 
(terpenóides 
oxigenados) 
Auxina 
(AIA) 
Complexo 
cofator/AIA RNA
Polifenol 
oxidase Glicose 
Compostos 
nitrogenados 
Cálcio 
Outros nutrientes
+
Oxidase de ácido 
indolacético
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- Condição fisiológica da matriz 
- Idade da planta 
- Tipo de estaca 
- Época do ano 
- Potencial genético de enraizamento 
- Sanidade 
- Balanço hormonal 
- Oxidação de compostos fenólicos. 
Fatores externos
- Temperatura 
- Luz 
- Umidade 
- Substrato 
- Condicionamento 
De modo geral, a interação entre fatores, e não 
o estudo isolado destes, é que permite se explicarem 
melhor as causas do enraizamento. Quanto mais 
difícil for o enraizamento de uma espécie e/ou 
cultivar, tanto maior a importância dos fatores que o 
afetam. 
Fatores internos 
Condição fisiológica da planta matriz 
Por condição flsiológica da planta matriz 
entende-se o conjunto das características internas da 
mesma, tais como o conteúdo de água, teor de 
reservas e de nutrientes, por ocasião da coleta das 
estacas. 
Estacas retiradas de uma planta matriz em 
déficit hídrico tenderão a enraizar menos do que 
aquelas obtidas sob adequado suprimento de água. 
A condição nutricional da planta matriz afeta 
fortemente o enraizamento. No que se refere ao teor 
de carboidratos, tem-se observado que reservas mais 
abundantes correlacionam-se com maiores 
percentagens de enraizamento e sobrevivência de 
estacas. A importância dos carboidratos refere-se ao 
fato de que a auxina requer uma fonte de carbono 
para a biossíntese dos ácidos nucléicos e proteínas, e 
leva à necessidade de energia e carbono para a 
formação das raízes. Além do teor de carboidratos, a 
relação C/N (Carbono/Nitrogênio) é importante. 
Relações C/N elevadas induzem a um maior 
enraizamento, mas com produção de uma pequena 
parte aérea, ao passo que estacas com baixa relação 
C/N, devido a um elevado teor de nitrogênio, são 
pobres em compostosnecessários ao enraizamento e 
mostram pouca formação de raízes. Relações C/N 
adequadas permitem que se obtenha um bom 
equilíbrio entre as raízes e a parte aérea formada, 
além de maior enraizamento. O teor de carboidratos 
varia conforme a época do ano, sendo que em ramos 
de crescimento ativo (primavera/verão) o teor é mais 
baixo. Ramos maduros e mais lignificados 
(outono/inverno) tendem a apresentar mais 
carboidratos. Em geral, estacas com um maior 
diâmetro apresentam maior quantidade de substâncias 
de reserva e tendem a enraizar mais, ainda que, por 
vezes, um maior diâmetro esteja relacionado com 
mais brotações e poucas raízes. A condição 
fitossanitária da planta matriz também afeta o teor de 
carboidratos. Este teor pode ser avaliado 
indiretamente pelo teste do iodo, permitindo 
classificar as estacas conforme o teor de amido. Esta 
classificação mostrou correlação significativa com o 
enraizamento de estacas de videira, sendo que o 
percentual de estacas enraizadas foi de 63% nas mais 
ricas, 35% nas intermediárias e 17% nas pobres em 
amido. 
No que se refere à composição nutricional, um 
conteúdo equilibrado de alguns nutrientes, como o P, 
K, Ca e Mg, favorece o enraizamento. Ainda que o N 
seja necessário para a síntese de proteínas e ácidos 
nucleicos, essenciais ao enraizamento, seu teor em 
excesso pode ser prejudicial. O excesso de Mn 
também pode prejudicar o enraizamento. O zinco é 
ativador do triptofano, precursor da auxina, e deve 
estar presente para que se dê a formação de raízes. 
Cuidados devem ser tomados especialmente com o 
conteúdo excessivo de N e Mn na planta-mãe, 
demonstrando a importância de um adequado manejo 
de adubação das plantas matrizes para obtenção das 
estacas. 
Idade da planta 
De modo geral, estacas provenientes de 
plantas jovens enraizam com mais facilidade e isso 
especialmente se manifesta em espécies de difícil 
enraizamento. Possivelmente este fato esteja 
relacionado com o aumento no conteúdo de 
inibidores e com a diminuição no conteúdo de 
cofatores (compostos fenólicos) à medida que 
aumenta a idade da planta. É recomendável a 
obtenção de brotações jovens em plantas adultas, as 
quais, mesmo não caracterizando uma verdadeira 
condição de juvenilidade, têm mais facilidade de 
enraizamento. 
Tipo de estaca 
Em espécies de fácil enraizamento, a 
importância do tipo de estaca na formação de raízes é 
pequena. Entretanto, quanto maior a dificuldade de 
formação de raízes adventícias, tanto maior a 
necessidade da correta escolha do tipo de estaca. O 
tipo ideal de estaca varia com a espécie ou, até 
mesmo, com a cultivar. 
Como a composição química do tecido varia 
ao longo do ramo, estacas provenientes de diferentes 
porções do mesmo tendem a diferir quanto ao 
enraizamento. Assim, em estacas lenhosas, o uso da 
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porção basal geralmente proporciona os melhores 
resultados. Isso pode ser devido à acumulação de 
substâncias de reserva, a um menor teor de N 
(resultando uma relação C/N mais favorável) e à 
presença de iniciais de raízes pré-formadas nesta 
região. Fato inverso se observa com estacas 
semilenhosas, para as quais os maiores percentuais de 
enraizamento são obtidos com a porção mais apical. 
Neste caso, isto pode ser atribuído a uma maior 
concentração de promotores do enraizamento, pela 
proximidade dos sítios de síntese de auxinas, e à 
menor diferenciação dos tecidos, resultando em 
maior facilidade de as células voltarem a ser 
meristemáticas. 
Estacas com gemas floríferas, ou coletadas 
durante a floração, tendem a enraizar menos que 
aquelas provenientes de ramos vegetativos em fase de 
crescimento ativo, o que mostra um antagonismo 
entre a floração e o enraizamento. 
A presença de um talão (segmento de ramo 
velho na base da estaca) pode, em certos casos, como 
no marmeleiro, favorecer a formação de raízes, 
provavelmente em função da existência de iniciais de 
raízes pré-formadas em tecidos de mais idade. 
Estacas mais lignificadas geralmente 
apresentam maior dificuldade de enraizamento do 
que estacas de consistência mais herbácea. 
Época do ano 
A época do ano está estreitamente relacionada 
com a consistência da estaca, sendo que estacas 
coletadas em um período de crescimento vegetativo 
intenso (primavera/verão) apresentam-se mais 
herbáceas e, de modo geral, em espécies de difícil 
enraizamento, mostram maior capacidade de 
enraizamento. Já estacas coletadas no inverno 
possuem um maior grau de lignificação e tendem a 
enraizar menos. Entretanto, estacas menos 
lignificadas (herbáceas e semilenhosas) são mais 
propícias à desidratação e à morte, requerendo um 
manejo adequado de irrigação, ao passo que estacas 
lenhosas podem até mesmo serem enraizadas no 
campo. Em muitos casos, especialmente em espécies 
caducifólias, as estacas lenhosas dormentes são 
preferidas em função da sua facilidade de transporte e 
manuseio. 
No que se refere à época mais adequada para 
obtenção das estacas, há diferença entre espécies, 
sendo que algumas enraízam melhor no início da 
primavera e outras, de folhas grandes e persistentes, 
desde a primavera até fins do outono. 
A influência da época de coleta das estacas no 
enraizamento pode ser também atribuída a condições 
climáticas, especialmente no que se refere à 
temperatura e à disponibilidade de água. 
Potencial genético de enraizamento 
A potencialidade de uma estaca formar raízes 
é variável com a espécie e também com a cultivar. 
Nesse sentido, pode ser feita uma classificação como 
espécie ou cultivar de fácil, mediano ou difícil 
enraizamento, ainda que a facilidade de enraizamento 
seja resultante da interação de diversos fatores e não 
apenas do potencial genético. 
Sanidade 
Em estacas de macieira e de Ribes spp., 
observou-se que clones livres de vírus têm uma maior 
facilidade de enraizamento do que o material 
envirosado, havendo também efeito das viroses sobre 
a qualidade das raízes formadas e sobre a 
variabilidade de resultados entre diversas estaquias 
realizadas sob as mesmas condições. Da mesma 
forma que com as viroses, o ataque de fungos e 
bactérias pode ocasionar a morte das estacas, antes ou 
após a formação de raízes, podendo afetar a 
sobrevivência das estacas ou a qualidade do sistema 
radicular da muda. 
A sanidade durante a estaquia é influenciada 
pelo grau de contaminação do material propagativo, 
pelo substrato, pela qualidade da água de irrigação e 
pelos tratamentos fitossanitários que venham a ser 
realizados neste período. 
Balanço hormonal 
O equilíbrio entre os diversos reguladores do 
crescimento tem forte influência no enraizamento de 
estacas. Assim, é necessário que haja um balanço 
adequado, especialmente entre auxinas, giberelinas e 
citocininas. Uma das formas mais comuns de 
favorecer o balanço hormonal para o enraizamento é 
a aplicação exógena de reguladores de crescimento 
sintéticos, tais como o AIB (ácido indolbutírico), o 
ANA (ácido naftalenacético) e o AIA (ácido 
indolacético), os quais elevam o teor de auxinas no 
tecido. O paclobutrazol, por outro lado, é um inibidor 
da síntese de giberelinas, que são inibidoras do 
enraizamento, e seu uso favorece o equilíbrio 
hormonal para o enraizamento. 
Oxidação de compostos fenólicos 
Em algumas espécies, especialmente as 
pertencentes à família Myrtaceae, o forte 
escurecimento na região do corte da estaca, 
ocasionado pela oxidação de compostos fenólicos, 
pode dificultar a formação de raízes. Os diferentes 
tipos de fenóis nos tecidos, ao entrarem em contato 
com o oxigênio, iniciam reações de oxidação, cujos 
produtos resultantes são tóxicos ao tecido. A 
oxidação destes compostos pode ser minimizada com 
o uso de substâncias antioxidantes,tais como o ácido 
ascórbico, o PVP (polivinilpirrolidona), o ácido 
cítrico e o DLECA (dietilditiocarbamato), além de 
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outros. Têm sido obtidos resultados preliminares que 
demonstram a importância do controle da oxidação 
no cultivo “in vitro’. Entretanto, a significância e a 
eficiência do controle da oxidação na propagação por 
estacas ainda carecem de maiores informações, visto 
que os resultados obtidos até o momento são 
incipientes. 
Fatores externos 
Temperatura 
O aumento da temperatura favorece a divisão 
celular para a formação de raízes; porém, 
especialmente em estacas herbáceas e semilenhosas, 
estimula uma elevada taxa de transpiração, induzindo 
o murchamento da estaca. Além disso, pode 
favorecer o desenvolvimento de brotações antes que 
o enraizamento tenha ocorrido, o que é indesejável. 
Com o objetivo de estimular o enraizamento de 
estacas lenhosas, recomenda-se manter o substrato 
aquecido de modo a reduzir a respiração e a 
transpiração na parte exposta ao ar, e a favorecer a 
divisão celular na região de formação de raízes. E 
citado que temperaturas diurnas de 21 a 260C e 
noturnas de 15 a 21 0C são consideradas adequadas 
ao enraizamento. 
Luz 
A importância da luz no enraizamento diz 
respeito à fotossíntese e à degradação de compostos 
fotolábeis como as auxinas. De modo geral, baixa 
intensidade luminosa sobre a planta-mãe previamente 
à coleta das estacas, tende a favorecer a formação de 
raízes, provavelmente devido à preservação das 
auxinas e de outras substâncias endógenas. 
O estiolamento dos ramos dos quais serão 
retiradas as estacas facilita o enraizamento e é uma 
prática recomendada, especialmente no caso de 
espécies de difícil enraizamento. Na região basal da 
estaca, onde serão formadas as raízes, é necessário 
que se mantenha um ambiente completamente escuro. 
Umidade 
Para que haja divisão celular, é necessário que 
as células se mantenham túrgidas. O potencial de 
perda de água em uma estaca é muito grande, seja 
através das folhas ou das brotações em 
desenvolvimento, especialmente considerando o 
período em que não há raízes formadas. A perda de 
água é uma das principais causas da morte de estacas. 
Portanto, a prevenção do murchamento é 
especialmente importante em espécies que exigem 
um longo tempo para formar raízes e nos casos em 
que são utilizadas estacas com folhas e/ou de 
consistência mais herbácea. O uso da nebulização 
intermitente permite a redução da perda de umidade 
pela formação de uma película de água sobre as 
folhas, além da diminuição da temperatura, com 
manutenção da atividade fotossintética em estacas 
com folhas. Por outro lado, a alta umidade favorece o 
desenvolvimento de patógenos, para os quais devem 
ser dispensados cuidados especiais. 
Substrato 
O substrato destina-se a sustentar as estacas 
durante o período do enraizamento, mantendo sua 
base em um ambiente úmido, escuro e 
suficientemente aerado. Os efeitos do substrato, tanto 
sobre o percentual de enraizamento como sobre a 
qualidade das raízes formadas, relacionam-se 
especialmente com a porosidade, a qual afeta o teor 
de água retida e o seu equilíbrio com a aeração. 
Diferentes materiais são utilizados como meios para 
enraizamento, como, por exemplo, a areia, a 
vermiculita, a cinza de casca de arroz, a casca de 
arroz carbonizada, o solo e outros. 
O substrato mais adequado varia para cada 
espécie. De um modo geral, pode-se afirmar que um 
bom substrato é aquele que: 
a) proporciona a retenção de um teor de água 
suficiente para manter as células túrgidas e prevenir o 
murchamento das estacas; 
b) permite uma aeração na base da estaca, de 
modo a permitir a iniciação e o desenvolvimento das 
raízes; 
c) apresenta uma boa aderência à estaca; 
d) não favorece a contaminação e o 
desenvolvimento de organismos patógenos e 
saprófitos; 
e) permite que as estacas enraizadas sejam 
removidas com um mínimo de dano às raízes; 
f) é de baixo custo de aquisição e de fácil 
obtenção; 
g) não contém ou libera qualquer tipo de 
substância que exerça efeito fitotóxico à estaca. 
O pH do substrato afeta o enraizamento, sendo 
que para algumas espécies a diminuição do pH 
favorece o enraizamento e dificulta o 
desenvolvimento de microorganismos. Não é 
necessário que o substrato forneça nutrientes, uma 
vez que o enraizamento se dá às expensas da própria 
estaca. 
Condicionamento 
Em espécies de difícil enraizamento, alguns 
Propagação de plantas frutíferas 
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tratamentos que venham a ser realizados previamente 
à estaquia podem permitir a obtenção de bons 
resultados. Em diversos casos, o condicionamento é 
fundamental para que se possa obter um percentual 
de enraizamento satisfatório. Como exemplos, podem 
ser citados o tratamento com reguladores de 
crescimento, o anelamento, o estiolamento, a dobra 
de ramos, entre outros. 
Técnicas de estaquia 
Para que a prática da estaquia seja realizada 
com sucesso, é necessário que se observem alguns 
aspectos: 
Obtenção do material propagativo 
No momento da coleta das estacas, deve-se 
selecionar como planta matriz aquela que possui 
identidade conhecida, características peculiares da 
espécie ou cultivar, além de apresentar um ótimo 
estado fitossanitário, um vigor moderado e sem danos 
provocados por secas, geadas ou outras intempéries. 
Além disso, a planta matriz deve estar numa condição 
nutricional equilibrada. Estes requisitos são 
necessários para a obtenção de bons resultados. Na 
produção comercial de mudas, não é conveniente que 
se utilizem estacas provenientes de uma área de 
produção de frutas, devido à possibilidade de 
contaminação por patógenos, especialmente viroses. 
Neste caso, é recomendável a obtenção do material 
propagativo junto a blocos de matrizes ou coleções 
de cultivares em instituições de pesquisa. 
A posição e o tipo de ramo de onde serão 
obtidas as estacas é variável conforme a espécie. 
Estacas retiradas da porção mais apical são mais 
herbáceas e apresentam bons resultados, mas são 
mais suscetíveis à desidratação. De modo geral, 
recomenda-se o uso de ramos de crescimento 
vigoroso. No caso de estacas lenhosas, pode ser 
utilizado o material descartado pela poda, para 
obtenção de material propagativo. 
Época de coleta das estacas 
Conforme citado anteriormente, a época do 
ano afeta fortemente o potencial de formação de 
raízes, especialmente em espécies de difícil 
enraizamento. Para cada espécie, são necessários 
testes para se verificar, empiricamente, qual a época 
mais adequada para a coleta das estacas. Esta época 
está mais relacionada com as condições fisiológicas 
da planta do que com um período fixo do ano. A 
princípio, desde que se disponha de estrutura com 
nebulização, a coleta de estacas pode ser feita em 
qualquer época. 
Podem ser estabelecidos três períodos 
principais de coleta de material para estaquia, quais 
sejam: 
Período de repouso (inverno) 
Neste período são utilizadas estacas com alto 
grau de lignificação, denominadas estacas lenhosas. 
Em espécies caducifólias, o uso de estacas com 
gemas dormentes é bastante difundido, dada a sua 
simplicidade, baixo custo e viabilidade de uso em 
diversas espécies, especialmente aquelas de fácil 
enraizamento. Não é necessário o uso de estruturas 
especiais (estufas, nebulização e outras) sendo 
possível em alguns casos, como o da figueira, a 
estaquia diretamente no viveiro. Em geral,

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