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1 introdução à bacteriologia MORFOLOGIA E CONSTITUINTES BACTERIANOS. As principais características que diferenciam os procariotos consistem em seu tamanho relativamente pequeno e na ausência de membrana nuclear. São células haploides. O DNA de quase todas as bactérias é um círculo, representando o cromossomo procarioto. A maioria dos procariotos possui um único cromossomo. O DNA cromossômico tem de se dobrar mais 1.000 vezes para ficar contido dentro da membrana da célula procariótica. a região especializada da célula que contém DNA é denominada nucleoide. O pequeno tamanho do cromossomo procariótico limita a quantidade de informação genética que ele pode conter. muitos desses genes contém funções essenciais como a produção de energia, a síntese das macromoléculas e a replicação celular. Os eucariotos possuem membrana nuclear definida e apresentam outras estruturas celulares. São células diploides, sendo representadas por algas, protozoários, fungos e mixomicetos. Os procariotos não possuem um núcleo verdadeiro; em vez disso, o DNA é disperso no citoplasma sendo empacotado em uma estrutura conhecida como nucleoide. → Nem todas as bactérias são capsuladas. → Algumas bactérias são imóveis, ou seja, não apresentam flagelos. → Algumas bactérias apresentam DNA extracromossômico → plasmídeos. PAREDE CELULAR A pressão osmótica interna da maioria das bactérias varia de 5 a 20 atm devido à concentração de solutos obtida através do transporte ativo. Na maioria dos ambientes, esta pressão seria suficiente para provocar a ruptura da célula, se não fosse a presença de uma parede celular com elevada força de tensão. essa estrutura confere rigidez, proteção, dá forma à célula (mobilidade, fluidez) e suporte. além de proporcionar uma proteção osmótica, também desempenha um papel essencial na divisão celular e atua como modelo para a sua própria biossíntese. constituição química: peptideoglicano. em geral, a parede celular não é seletivamente permeável; entretanto, uma camada da parede celular gram- negativa – a membrana externa – impede a passagem das moléculas relativamente grandes. MEMBRANA CELULAR A membrana é quimicamente distinta de todas as outras membranas biológicas. composta por fosfolipídios em 2 camadas. possui canais especiais constituídos por moléculas proteicas denominadas porinas, que permitem a difusão passiva dos compostos hidrofílicos de baixo peso molecular, tais como açúcares, aminoácidos e certos íons. 2 as grandes moléculas de antibióticos penetram de modo relativamente lento através da membrana externa, contribuindo para a resistência relativamente alta das bactérias gram-negativas aos antibióticos. proteínas embebidas na bicamada lipídica, podendo ser intrínseca ou extrínsecas. • intrínseca: atravessando a camada lipídica. • extrínseca: somente na periferia da membrana plasmática, também chamada de proteína periférica. pode ter alguns carboidratos aderidos a membrana, formando lipopolissacarídeos (LPS). → são importantes no processo de infecção da célula bacteriana, funcionando como receptor da célula bacteriana (ajudando no processo de reconhecimento de moléculas pela bactéria, ativando a reposta imunológica e inflamatória). função dos fosfolipídios: • possuem a porção hidrofóbica (internamente) e hidrofílica (nas extremidades externas e internas) – funcionam como barreira para vazamentos de substâncias para fora da célula. • funcionam como barreira para entrada de substâncias indesejadas. CITOPLASMA Constitui 90% de água, e o restante sendo material solúvel em transição da célula como aminoácido (temporariamente). inclusões presentes: ribossomos (síntese proteica) e grânulos de volutina (acúmulo de material reserva, como aminoácido) – sendo importante porque nem sempre a célula bacteriana vai estar num meio que tem nutrientes para sua sobrevivência. no citoplasma encontra-se disperso o material nuclear, visto que não existe membrana nuclear definida. Assim, encontramos também no citoplasma o cromossomo único da bactéria que é 1000 vezes maior que a célula que o contém. APÊNDICES CELULARES ✓ CÁPSULA - Muitas bactérias sintetizam grandes quantidades de polímeros extracelulares quando crescem em seus ambientes naturais. quimicamente é constituída de polissacarídeo (dextrana, dextrina, celulose, levano). Esse material é excretado pela própria célula que, em virtude de sua viscosidade não se difunde com facilidade, formando a cobertura bacteriana. suas denominações são: cápsula, camada muco e glicocálice. tem como função: • contribuir para a capacidade de invasão das bactérias patogênicas (as células encapsuladas ficam protegidas da fagocitose). • aderência das bactérias às superfícies em seu meio ambiente, inclusive as células dos hospedeiros vegetais e animais (sendo importante para o processo de infecção bacteriana). • reservatório de nutrientes. ✓ PILI - Muitas bactérias gram-negativas são dotadas de apêndices superficiais rígidos, denominados pili. As proteínas menores, chamadas adesinas, estão localizadas nas pontas dos pili e são responsáveis pelas propriedades de fixação. Contém duas classes: • pili comuns: desempenham um papel na aderência das bactérias simbióticas e patogênicas às células hospedeiras. • pili sexuais: responsáveis pela fixação das células doadoras e receptoras no processo de conjugação bacteriana. 3 ✓ FÍMBRIAS - São menores em diâmetro e ocorrem em gram- positivas com a função de adesão. em um grupo de cocos gram-positivas, os estreptococos, as fímbrias constituem o local do principal antígeno de superfície, a proteína M. O ácido lipoteicoico, associado a essas fímbrias, é responsável pela aderência dos estreptococos do grupo A às células epiteliais de seus hospedeiros. ✓ ESPOROS OU ENDOSPOROS - Os membros de vários gêneros de bactérias são capazes de formar endósporos. são formas de resistência que se formam sob condições ambientais diversas, assim esse processo protege a bactéria por um longo período. o processo, esporulação, é desencadeado próximo da depleção de alguns dos diversos nutrientes (carbono, nitrogênio ou fósforo). ESPORULAÇÃO Cada célula forma um único esporo interno, liberado quando a célula-mãe sofre autólise. O esporo é uma célula em repouso, altamente resistente à dessecação, ao calor e a agentes químicos; quando reencontra condições nutricionais favoráveis e é ativado, o esporo germina, produzindo uma única célula vegetativa. A célula bacteriana recebe várias capas e capta e capta cálcio sintetizando o ácido dipicolínico. Depois o esporo é desidratado e passa a conter somente o DNA. Quando começa o processo de germinação, o esporo irá captar água, perder a sua capa, produzindo uma célula vegetativa idêntica a célula original. O flagelo bacteriano é constituído de vários milhares de uma subunidade proteica, denominada flagelina. se os flagelos são removidos pela agitação mecânica de uma suspensão de bactérias, verifica-se a rápida formação de novos flagelos mediante a síntese, agregação e extrusão de subunidade de flagelina; a motilidade é restaurada em 3 a 6 min. o flagelo está fixado ao corpo celular da bactéria por uma estrutura complexa constituída de um gancho e um corpúsculo basal. As bactérias apresentam diversos flagelos: • monotríquio: somente um flagelo. • lofotríquio: um tufo de flagelos. • anfitríquio: um flagelo em cada extremidade. • Peritríquio: flagelos por todo o perímetro da célula bacteriana. ESTERILIZAÇÃOÉ necessário a esterilização para a eliminação correta dos esporos no ambiente. Visto que, se a célula encontra um meio adequado para o seu desenvolvimento, poderá se tornar ativa. 4 Os nutrientes nos meios de crescimento devem conter todos os elementos necessários à síntese biológica de novos microrganismos. ✓ AUTÓTROFAS - São aquelas que conseguem produzir seu próprio alimento. Elas obtêm o carbono, para a produção de moléculas orgânicas através do gás carbônico (CO2). Também podem realizar fotossíntese (sem produzir O2) ou quimiossíntese. ex.: cianobactérias Em algumas espécies de bactérias autótrofas pode ocorrer o processo fotossintético um pouco diferente da fotossíntese comum. Este processo diferenciado de fotossíntese ocorre em bactérias extremófilas (que vivem em condições extremas em que outros seres vivos não sobreviveriam), como as bactérias verdes sulfurosas e as púrpuras. Durante esta fotossíntese, estas bactérias não utilizam água, mas sim gás sulfídrico(H2S), liberando enxofre em vez de oxigênio. Lembre-se de que durante a fotossíntese comum, o oxigênio gasoso liberado na fase clara é proveniente da fotólise da água. Neste caso, como a água não é utilizado como reagente desta reação de fotossíntese, não será liberado oxigênio. O processo de quimiossíntese ocorre quando certas bactérias que vivem no solo são capazes de produzir moléculas orgânicas sem utilizar a energia luminosa, como na fotossíntese realizada pelas cianobactérias. Ocorre oxidação de substâncias inorgânicas como minerais presente no solo ou na água (como amônia, enxofre, sais de ferro) e a energia química liberada durante estas reações é utilizada para fixar o carbono (proveniente do gás carbônico atmosférico) e sintetizar novas moléculas, como açúcares. 6CO2 + 2H2S → CH2O + H2O + 2S 5 A partir destes açúcares estas bactérias podem ainda realizar outros processos metabólicos, sintetizando outras moléculas orgânicas. substâncias inorgânicas oxidação subprodutos energia CO2 + H2O substâncias orgânicas Os processos quimiossintéticos podem estar relacionados a vários fenômenos naturais como a decomposição (bactérias que oxidam amônia para a quimiossíntese) e a participação no ciclo do nitrogênio (transformando nitrito em nitrato, um sal nitrogenado que as plantas conseguem absorver e é utilizado na síntese de proteínas). ✓ HETERÓTROFAS - São aquelas que precisam retirar seu alimento do meio. Elas necessitam de carbono orgânico para seu crescimento, e esse carbono orgânico deve estar em uma forma passível de ser assimilada. ex.: bactérias saprófagas. As saprófagas utilizam a energia proveniente da matéria morta ou as parasitas, as quais causam diversas doenças em seus hospedeiros. As bactérias heterótrofas podem ser: • Decompositoras: obtêm carbono a partir de moléculas orgânicas encontradas em matéria morta; • parasitas: apresentam como fonte de carbono moléculas de organismos vivos, causando-lhes doenças; • simbiontes: obtêm seu alimento a partir de outros seres vivos, porém sem causar doenças. O crescimento bacteriano se refere ao aumento do número de bactérias, normalmente acontece por divisão binária, fissão binária ou Cissiparidade. Ocorre de maneira assexuada. No processo de replicação de DNA de qualquer célula, temos formação de uma nova fita de DNA. A enzima adicionará as bases nitrogenadas (nucleotídeos) para formar a nova fita, nesse processo, poderá correr a troca de nucleotídeo (formando uma mutação). Então podemos afirmar que as bactérias são idênticas, mas não 100%. As bactérias de interesse médico podem apresentar diversas formas: COCOS Os cocos geralmente são redondos, mas podem ser ovais, alongados ou achatados em uma das extremidades. São divididos em: diplococos: permanecem em pares. estreptococos: permanecem ligados uns aos outros em forma de cadeia. tétrades: se dividem em dois planos e permanecem em grupos de quatros. sarcinas: se dividem em três planos e permanecem ligados uns aos outros em grupos de outro, em forma de cubo. estafilococos: se dividem em múltiplos planos e formam agrupamentos em formato de cachos de uva. 6 BACILOS Os bacilos se dividem somente ao longo de seu eixo curto; portanto, existe um menor número de agrupamentos de bacilos que de cocos. São encontrados na forma de: bacilo: se apresenta como bastonete simples. diplobacilos: se apresentam sem pares. estreptobacilos: aparecem em cadeias. coco bacilos: são ovais e parecidos com os cocos, por isso recebe esse nome. ESPIROQUETA E VIBRIÃO As bactérias que se assemelham a bastões curvos são chamadas de vibriões. Já outro grupo de espirais tem forma helicoidal e flexível; são chamados de espiroquetas. As diferenças estruturais e de composição química da parede celular permitem que as bactérias sejam divididas em dois grandes grupos: GRAM POSITIVAS A parede celular consiste em muitas camadas de peptideoglicano, formando uma estrutura rígida e espessa. O espaço entre a parede celular e a membrana plasmática de uma bactéria gram-positiva é o espaço periplasmático, esta é composta por ácido lipoteicoico. Além disso, as paredes celulares das bactérias gram-positivas contêm ácidos técoicos, que consistem principalmente em um álcool (como o glicerol ou ribitol) e fosfato. Existem duas classes de ácidos teicoicos: o ácido lipoteicoico, que atravessa a camada de peptideoglicano e está ligado à membrana plasmática e o ácido teicoicos da parede, o qual está ligado à camada de peptideoglicano. 7 GRAM NEGATIVAS Em contrapartida, as paredes celulares de gram-negativas contêm somente uma ou poucas camadas finas de peptideoglicano e uma membrana externa. O peptideoglicano está ligado a lipoproteínas na membrana externa e está localizado no periplasma (região entre a membrana externa e a membrana plasmática). O periplasma contém uma alta concentração de enzimas de degradação e proteínas de transportes. As paredes celulares gram-negativas contêm uma pequena quantidade de peptideoglicano, assim sendo mais suscetíveis ao rompimento mecânico e não contem ácidos teicoicos. A membrana externa da célula gram- negativa consiste em lipopolissacarídeos (LPS), lipoproteínas e fosfolipídios; tem várias funções especializadas. Sua forte carga negativa é um fator importante na evasão da fagocitose e nas ações do complemento (causa lise de células e promove a fagocitose), dois componentes das defesas do hospedeiro. A membrana externa também fornece uma barreira contra a ação de detergentes, metais pesados, sais biliares, determinados corantes, antibióticos e enzimas digestórias como a lisozima. No entanto, a membrana externa não fornece uma barreira para todas as substâncias do ambiente, pois os nutrientes devem atravessa-la para garantir o metabolismo celular. Parte da permeabilidade da membrana externa é devida as proteínas na membrana, denominadas porinas, que formam canais. • As porinas permitem a passagem de moléculas, como nucleotídeos, peptídeos, aminoácidos, vitamina B12 e ferro. O lipopolissacarídeos (LPS) da membrana externa é uma molécula grande e complexa que contem lipídeos e carboidratos e que consiste em três componentes: lipídeo A: responsável pelos sintomas associados a infecções por bactérias gram- negativas, como febre, dilatação de vasos sanguíneos, choque e formação de coágulos. um cerne polissacarídeo: fornece estabilidade. um polissacarídeo O: funciona como antígeno, sendo útil para diferenciar espécies de bactérias gram-negativas. Pode ser comparado ao papel dos ácidos teicoicos nas gram-positivas. 8 Os lipopolissacarídeos podem atuar sítios adsorção bacteriófagos / receptores bacteriocinas (citocinas que interage com a bactéria). Bacteriófago é um vírus que infecta somente bactérias. É um dos procedimentos utilizados para classifica as bactérias em dois grandes grupos: gram-positivas e gram-negativas. 1) Transferir parte da colônia para o centro de uma lâmina contendo uma gota de ADE, realizando movimentos circulares. 2) um esfregaço fixado em calor é coberto com um corante básico púrpura, geralmente cristal violeta. coloração primária. 3) Após um curto período de tempo, o corante púrpura é lavado e o esfregaço é recoberto com lugol, um mordente. Ambas as bactérias gram-positivas e gram-negativas aparecem em cor violeta-escura. 4) A lâmina é lavada com álcool ou com uma solução de álcool-acetona agente descorante, que remove a coloração púrpura de algumas espécies. descoloração. 5) O álcool é lavado, e a lâmina é então corada com Safranina, um corante básico vermelho. a Safranina possui uma cor contrastante com a coloração primária, logo, sendo denominada contra-corante. As bactérias que retêm a cor púrpura após a tentativa de descoloração com o álcool são classificadas como gram-positivas; as bactérias que perdem a coloração púrpura após a descoloração são classificadas com gram-negativas.
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