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ANTIHIPERTENSIVOS DIURETICOS

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ANTI-HIPERTENSIVOS: 
DIURÉTICOS
ANTI-HIPERTENSIVOS: DIURÉTICOS
O tratamento da hipertensão, de acordo com as Diretrizes Brasileiras de 
Hipertensão Arterial, pode iniciar-se com um diurético tiazídico isolado. 
Caso não haja controle, são associados outros fármacos de outras classes 
farmacológicas, como IECAS (inibidores da ECA), BRAs (Bloqueadores do 
Receptor de Angiotensina), BCC (Bloqueadores de Canais de Cálcio) e por aí 
vai. Por óbvio, para as associações deve-se levar em conta as demais condições 
clínicas do paciente.
Isso não quer dizer que obrigatoriamente a sub classe farmacológica de 
diurético que um hipertenso deve fazer uso é a dos tiazídicos. Caso o hipertenso 
apresente outra situação clínica, como por exemplo, um edema associado à 
insuficiência cardíaca, outras classes de diuréticos deverão ser utilizadas, no 
caso um diurético de alça + poupador de potássio. 
Sendo assim, aproveitaremos esse momento para estudar TODAS as classes de 
diuréticos
Lembre-se que ao reduzir o volume plasmático, aumentando a excreção de Na+ 
e consequentemente água, se reduz o Débito Cardíaco, e, portanto, a Pressão 
Arterial.
 
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Para entender o mecanismo de ação dos fármacos diuréticos é necessário 
relembrar a fisiologia da função renal. Vamos relembrar os diferentes segmentos 
do néfron, unidade funcional do rim. Cada classe de diuréticos atuará em um dos 
segmentos. Veja na figura abaixo:
 
Falando um pouco da fisiologia, diariamente, 1.200 Litros de sangue passam pelos 
rins. Destes, apenas 180 Litros são filtrados e destes, em uma situação fisiológica, 
apenas 1 a 2 Litros são eliminados na urina. Ou seja, 99% do filtrado formado é 
REABSORVIDO -> Volta do néfron para o sangue.
Lembre-se que o filtrado é formado no GLOMÉRULO, no interior da Cápsula de 
Bowman. A partir daí, é transportado pelos diferentes segmentos do néfron, 
sendo que, em cada um destes segmentos há a reabsorção de determinados 
componentes e a secreção de outros.
Atenção! REABSORÇÃO -> Retorno do NÉFRON para o SANGUE
Para nós, do ponto de vista farmacológico, e focado para concursos, nos interessa 
saber como e em que quantidade ocorre a REABSORÇÃO de SÓDIO nos diversos 
segmentos, pois o mecanismo de ação dos fármacos é dependente disto. Por quê? 
Ao impedir a reabsorção de Na+, impede-se a volta de água para o sangue. Mais 
água fica nos túbulos renais e, portanto há um aumento da excreção de sódio 
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(propriedade natriurética) e aumento do volume de urina (propriedade diurética), 
com consequente DIMINUIÇÃO do volume plasmático, DIMINUIÇÃO de Débito 
Cardíaco e DIMINUIÇÃO de P.A. (lindo né? Rs)
 
Em cada um dos segmentos do néfron, a porcentagem de REABSORÇÃO de sódio 
é diferente. Veja na figura abaixo:
 
A potência dos fármacos é dependente do local onde atuam, sendo que, um 
fármaco que atue na alça de Henle, por exemplo, será mais potente que um que 
atue no Túbulo Contorcido Distal, já que, no primeiro compartimento há uma 
maior reabsorção de sódio do que no segundo. A exceção é o Túbulo Contorcido 
proximal, e será explicada a seguir.
Para que seja mais compreensível o entendimento do mecanismo de ação de cada 
fármaco lembre-se que:
 
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Agora, vejamos quais diuréticos agem em cada segmento do néfron:
TÚBULO CONTORCIDO PROXIMAL (TCP)
Agentes INIBIDORES DA ANIDRASE CARBÔNICA como a Acetazolamida 
• No interior do TCP, a enzima Anidrase Carbônica é a responsável pela conversão 
de H+ e CO2 em H2CO3 (ácido carbônico). O ácido carbônico, por sua vez, 
dissocia-se em HCO3- (bicarbonato) e H+. 
• Este H+ formado dentro da célula do TCP é trocado pelo Na+ que está no 
Lúmem. Ou seja, H+ sai da célula e vai para o Lúmem do túbulo. E o Na+ sai 
do Lúmem do túbulo e vai para dentro da célula e posteriormente volta para a 
circulação sanguínea. Perceba que está ocorrendo REABSORÇÃO de SÓDIO. 
• Assim, ao bloquear a Anidrase Carbônica (A), não há a troca de Na+ e H+, e o 
Na+ fica no LÚMEM. Na+ no Lúmem = Água no Lúmem = Poder diurético 
 
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Como o Túbulo Contorcido Proximal é o segmento em que há a maior porcentagem 
de reabsorção de sódio, poderíamos pensar que os fármacos que agem nesse 
segmento inibindo a Anidrase Carbônica, seriam os mais potentes. Porém, isto 
não é verdade! Como após o TCP ainda há uma grande quantidade de espaço a 
ser percorrido (Alça de Henle, Túbulo Contorcido Distal, Ducto Coletor), o néfron 
consegue compensar e reabsorver grande quantidade de Na+, diminuindo o 
poder diurético desses fármacos.
Na prática clínica, a ACETAZOLAMIDA, que é o protótipo dos fármacos inibidores 
da Anidrase Carbônica, praticamente NÃO é utilizada como DIURÉTICO e sim 
como fármaco para o controle do glaucoma, atuando na anidrase carbônica 
presente no globo ocular, diminuindo a quantidade de humor aquoso.
Observe na tabela abaixo as principais características dessa classe de fármacos:
 
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ALÇA DE HENLE
No ramo ascendente espesso da Alça de Henle, há um co-transporte de Na+/
K+/2Cl-, que são transportados do lúmem da ALÇA para o interior da célula, e 
que, posteriormente é transportado ao sangue.
O mecanismo de ação de fármacos que atuam nesse segmento nada mais é do que 
bloquear a proteína transportadora, inibindo este co-transporte, possibilitando, 
desta forma, que o Na+ e consequentemente a água mantenham-se no Lúmem, 
e, portanto, sejam excretados na urina posteriormente.
 
Fármacos que atuam na Alça de Henle são os que têm MAIOR poder diurético de 
todos os fármacos (veja que neste segmento há uma grande reabsorção de Sódio 
– 33%). Por isso, tais fármacos são chamados diuréticos de alça.
Fármacos desta classe são indicados em condições de
• EDEMA (já que tem grande potencial diurético), associado a outras condições 
clínicas, como insuficiência cardíaca, por exemplo. 
• HIPERCALEMIA – Já que tais fármacos causam grande depleção de potássio. Isto 
se dá porque o Túbulo Contorcido Discal e o Ducto Coletor são os segmentos onde 
há maior SECREÇÃO de Potássio (Potássio jogado no lumem). Quanto maior 
a quantidade de Sódio no lúmem, maior a quantidade de Potássio Secretada. 
Como os diuréticos de teto promovem um bloqueio potente da reabsorção 
de Sódio, nestes segmentos há grande oferta desse íon, promovendo, assim, 
aumento de secreção e consequente excreção de Potássio.
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Os protótipos desta classe são a FUROSEMIDA (muito mais usado na prática 
clínica) e o ÁCIDO ETACRÍNICO.
Veja na tabela abaixo as principais características dessa classe de fármacos:
 
Vamos pensar: se temos um paciente HIPERTENSO, que está apresentando 
edema associado à outra condição clínica, é viável a troca de um diurético tiazídico 
(menor potencia diurética) por um diurético de alça (maior poder diurético)? SIM, o 
volume é diminuído, diminui a P.A. e ao mesmo tempo diminui o edema.
Além disso, em casos de hipertensão de difícil controle, os diuréticos de alça 
também são utilizados.
São particularidades dos diuréticos de alça:
• Mais eficientes
• Hipercalciúria
• Hiperuricemia
• Hipovolemia aguda
• Hipomagnesemia
• Hipocalemia 
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TÚBULO CONTORCIDO DISTAL
Neste seguimento do néfron, a reabsorção de Na+ é mediada por um CO-
TRASNPORTE de Na+/Cl-.
 
Tais fármacos são os chamados TIAZÍDICOS, sendo os principais fármacos 
utilizados para hipertensão em decorrência de sua potência moderada, tendo 
como protótipos a hidroclorotiazida e a clortalidona. Também levam à depleção 
de potássio (hipocalemia), porém em menor grau do que os diuréticos de alça.
São particularidades dos tiazídicos:
• Mais toleráveis
• Hiperuricemia
• Hiperglicemia 
• Hipomagnesemia
• Hipocalemia
• Diminui excreção de cálcio 
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 DUCTO COLETOR
Neste ramo, há DOIS mecanismos de ações:
Inibidores dos Canais de Sódio 
• Inibindo tais canais, o sódio mantém-se no lúmem do túbulo e é excretado na 
urina;
Antagonistas da Aldosterona 
• A aldosterona induz a expressão de várias proteínas envolvidas na REABSORÇÃO 
de Sódio. Assim, antagonizando a aldosterona, INIBE-SE a reabsorção de sódio, 
o qualmantem-se no lúmen do túbulo e é eliminado na urina. 
 
A espironolactona também é bastante utilizada na Insuficiência Cardíaca por seu 
efeito protetor de hipertrofia cardíaca.
 
Fármacos que atuam no 
ducto coletor
Inibidores dos canais 
de sódio
Amilorida/ 
Triantereno
Antagonistas de 
Aldosterona
Espironolactona
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Veja na tabela abaixo as principais características destes fármacos:
 
FÁRMACOS QUE AGEM EM TODOS OS SEGMENTOS DO 
NEFRON
O principal fármaco que age em todos os segmentos do néfron é o MANITOL. Trata-
se de uma substância de pequeno peso molecular, sendo, portanto, livremente 
filtrada no néfron.
Como é não absorvível, reduz a quantidade de água reabsorvida (mais água fica 
no lúmen do túbulo e é excretada na urina).
É utilizada principalmente em casos de intoxicação, urgência, profilaxia de IRA 
(como no caso de protocolos de quimioterapia que utilizam cisplatina), e preparo 
para procedimentos.
 
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A tabela abaixo apresenta um resumo desta apostila.
LOCAL DE 
AÇÃO
MECANISMO 
DE AÇÃO
PODER 
DIURÉTICO
USO CLÍNICO PROTÓTIPO
EFEITOS 
ADVERSOS 
PRINCIPAIS
TÚBULO 
CONTORCIDO 
PROXIMAL
Inibição da 
Anidrase 
Carbônica
Pequeno Glaucoma Acetazolamida
Sonolência e 
parestesia
ALÇA 
ASCENDENTE 
DE HENLE
Inibição do co-
transportador 
de Na+, K, 2Cl
Muito grande
Condições 
de EDEMA 
diversas; 
Hipercalemia
Furosemida
Hipocalemia 
(redução de 
K+ sérico); 
Ototoxicidade; 
Gota 
Hipomagnesia
TÚBULO 
CONTORCIDO 
DISTAL
Inibição do co-
trnsportador 
de Na+/ 2Cl-
Moderado Hipertensão Hidroclorotiazida
Aumento da 
resistência à 
insulina;
DUCTO 
COLETOR
Inibição de 
canais de 
Sódio
Pequeno
Poupadores de 
Potássio
Amilorida e 
Triantereno
Hipercalemia
Antagonismo 
de aldosterona
Pequeno
Poupadores de 
Potássio
Espirinolactona
Efeitos anti-
androgênicos 
(é comum 
homens 
apresentarem 
ginecomastia, 
por exemplo)
TODOS OS 
SEGMENTOS 
DO NÉFRON
Livremente 
filtrada no 
néfron
Muito grande
Intoxicação, 
urgência, 
profilaxia de 
IRA
Manitol
Aumento da 
osmolaridade 
sanguínea 
(muita perda 
de água)
Autora: Profa Cá Cardoso

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