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JOÃO EUDES S ARAÚJO - SEMINÁRIO I - MÓDULO III

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________________________________________________________________ 
 
 
 
1 
INSTITUTO BRASILEIRO DE ESTUDOS TRIBUTÁRIOS – IBET 
CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO 
 
IBET/TERESINA - MÓDULO III – EXIGIBILIADE DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO 
 
João Eudes Soares de Araújo 
Turma ECT-THE 
Mar/2020 
 
 
SEMINÁRIO I - PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO FISCAL 
 
1. Recurso administrativo protocolado intempestivamente tem o condão de suspender a 
exigibilidade do crédito tributário? Fundamentar sua decisão observando o que dispõe 
o art. 35 do Decreto Federal n. 70.235/72: “Art. 35. O recurso, mesmo perempto, será 
encaminhado ao órgão de segunda instância, que julgará a perempção.” 
 
O STJ firmou entendimento de que o recurso administrativo, mesmo quando interposto 
intempestivamente, suspende a exigibilidade do credito tributário, bem como o curso do prazo 
prescricional, que somente volta a fluir da notificação do contribuinte, acerca do trânsito em 
julgado da decisão administrativa (arts. 151, III e 174, CTN). A intempestividade da interposição 
do recurso administrativo não perfaz contexto fático juridicamente relevante para afastar o 
entendimento do referido Tribunal acerca do tema. 
Mesmo assim, embora o recurso intempestivo não suspenda a exigibilidade, o crédito já 
se encontra com a sua exigibilidade suspensa, em razão da impugnação anteriormente feita 
pelo contribuinte. 
Também é cediço que impera o poder de autotutela da administração pública, garantindo-
lhe a possibilidade de rever de ofício suas ações, inclusive autuações fiscais, nos termos da 
Súmula nº 473 do STF, que dispõe que “A Administração pode anular seus próprios atos, 
quando eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou 
revogá-los, por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e 
ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial.” 
 
2. Considerando a presunção de legitimidade dos atos administrativos, a quem compete 
o ônus da prova nos recursos e impugnações? Até que momento o contribuinte 
(recorrente) pode juntar aos autos do processo administrativo provas documentais? 
Diante do que dispõem os arts. 9º e 10º do CPC/15, apresentadas novas provas pelo 
contribuinte o julgador administrativo deverá dar oportunidade ao Fisco para se 
manifestar a respeito antes de afetar o processo para julgamento? (Vide anexo I, II e III). 
 
Rezam as normas que regulamentam o procedimento administrativo tributário que a 
produção probatória no processo administrativo tributário compete, de forma concorrente, às 
partes e ao Julgador. Assim, mesmo produzidas de forma intempestiva pelo impugnante, as 
provas podem ser analisadas e consubstanciar a decisão, visto que para o julgador não ocorre 
o instituto da preclusão, devendo, este portanto motivar, haja visto haver o amparo do princípio 
da livre apreciação das provas desde que motivado, bem como o princípio da segurança 
jurídica. 
O contribuinte, segundo a lei, deve apresentar provas até o prazo para defesa, após esse 
prazo apenas excepcionados pela lei, ou seja, como regra geral, o contribuinte apresenta as 
provas aos autos (documentais) junto com a impugnação, vez que preclui desse direito em 
outro momento processual. 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
2 
Mesmo assim, o julgador deverá valorar as provas a eles apresentadas livremente, 
sempre buscando a verdade dos fatos e norteado, sempre pelo princípio da proporcionalidade, 
não se afastando, obviamente da formalidade processual. 
À luz dos arts. 9º e 10º do CPC/15, “não se proferirá decisão contra uma das partes sem 
que ela seja previamente ouvida” e “o juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com 
base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se 
manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício”. 
Há, assim, a consagração de regra geral que estipula a prévia oitiva da parte antes de 
decisões que lhe possam ser prejudiciais, sob pena pena de ferir os princípios do contraditório 
e da ampla defesa. 
Contudo, não se aplica no contencioso administrativo as normas aplicadas na função 
jurisdicional típica, haja vista ser esta regulamentada de forma mais restrita no tocante a 
legalidade e vinculariedade, cabendo as exceções apenas nos casos previstos em lei, 
aplicando, quase sempre, nas decisões, o princípio da realidade formal. 
Na seara administrativa, aplica-se o princípio da legalidade, mas de forma mais amena 
no tocante a formalidade, pois consubstanciada no informalismo procedimental, bem como no 
princípio da verdade material, onde o julgador não está adstrito às provas carreadas aos autos 
pelas partes, mas o próprio julgador, em busca da aplicação mais justa, poderá e deverá 
produzir provas, bem como analisar provas existentes nos autos, valorando-as, mesmo 
anexadas extemporaneamente pelas partes. 
Atualmente entende-se que não se aplica a presunção de legitimidade dos atos 
administrativos de forma arbitrária e tampouco a administração pública fica exonerada de 
provar as ocorrências por ela apontada em fiscalização/autuação. Dessa forma, após 
comprovada a legitimidade do ato da fazenda pública, cabe ao contribuinte em impugnação 
contestar a fiscalização/autuação, revertendo novamente o ônus à Fazenda Pública, gerando 
este ciclo de inversão de ônus da prova, não sendo intangível a palavra/acusação fazendária. 
No que se refere ao momento de juntada das provas documentais no processo 
administrativo, adrede mencionado, via de regra, alega-se que o momento de juntada dos 
documentos é até a apresentação da defesa, salvo comprovada justificativa para juntada em 
momento posterior – motivo de força maior ou ocorrência de fato superveniente. 
Assim, em caso de apresentação de novos documentos nos autos e comprovadamente 
alegado o motivo da sua apresentação em determinado momento, deve-se dar a oportunidade 
de manifestação da parte contrária, sob pena de se ferir o princípio do contraditório e da ampla 
defesa. Caso não seja possível a manifestação, deverá haver o ‘sopesamento’ dos princípios 
para válida admissão do mesmo. 
 
3. Os tribunais administrativos exercem “jurisdição”? Justifique sua resposta definindo 
“jurisdição”. Podem, no ato de julgar, afastar a aplicação de Decreto sob a alegação de 
sua ilegalidade para com a Lei. Pode a decisão administrativa inovar o feito, agravando 
o lançamento por ocasião do julgamento da defesa do contribuinte? 
 
Jurisdição, segundo Paulo César Conrado, “é dever estatal que objetiva a composição 
de conflito de interesses”. Nessa acepção, a jurisdição seria também exercida nos denominados 
processos administrativos tributários. 
O exercício da jurisdição seria dever cometido predominantemente ao Poder Judiciário, 
mas não exclusivamente a ele, visto que a ideia de jurisdição não privativa do Poder Judiciário, 
pois as outras funções políticas (legislativa e executiva), além de suas funções precípuas 
exercem também de forma atípica a função judicante. 
Contudo, é cediço que para o exercício de jurisdição é imprescindível que haja 
imparcialidade material, combinada com independência administrativa. 
A imparcialidade, que se afere pelos interesses que constituem o objeto do processo, 
difere da independência, que se mede frente à posição ocupada pelo órgão julgador perante 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
3 
os demais órgãos do Estado. Os órgãos de julgamento do Fisco são imparciais, material e 
formalmente. 
Todavia, os órgãos do Fisco não possuem independência, na medida em que estão 
integrados a uma das partes do conflito, fazendo parte da Administração Pública ativa (Poder 
Executivo) e, ainda, seus atos não possuem, ainda, força de coisa julgada. 
Diferentemente, os Tribunais são integrados a um Poder autônomo e independente 
(Poder Judiciário), cujas decisões são proferidas em processo sujeito àampla defesa e 
contraditório, analisadas com independência por seus membros, dotadas de força e autoridade 
de coisa julgada. 
Mas, frise-se que o fato dos "Tribunais" administrativos não exercerem jurisdição, em 
sentido estrito, é uma das razões apontadas para que eles não possam, por si sós, fixar a 
interpretação das normas jurídicas vinculando os demais órgãos e, tampouco, afastar a 
aplicação de dispositivo legal (Decreto, por exemplo) por inconstitucionalidade, ou seja, não 
podem inovar no feito. 
Súmula CARF nº 2: “O CARF não é competente para se pronunciar sobre a 
inconstitucionalidade de lei tributária” 
Inobstante o dito adrede, entendemos que na atípica função de julgar, os tribunais 
administrativos podem afastar a aplicação de lei sob a alegação de sua incompatibilidade com 
a Constituição, pois lhes compete aplicar aos casos concretos sob julgamento o estabelecido 
nos princípios constitucionais, nas leis que regem o procedimento administrativo e no direito, 
como integração da doutrina, jurisprudência e da norma posta. 
Por fim, não pode a decisão administrativa inovar o feito, agravando o lançamento por 
ocasião do julgamento da defesa do contribuinte, pois o direito de impugnar atos do poder 
público é uma garantia do administrado, sendo que essa garantia se esvaziaria se permitido 
fosse o agravamento do lançamento inicial, quer seja pelo órgão da administração judicante ou 
mesmo pelo órgão da administração ativa (órgãos de lançamento), quando do exercício, pelo 
contribuinte, de seu direito de impugnação. 
O Princípio do Reformatio in Pejus está inserido no Direito Administrativo Fiscal, e essa 
proibição atinge os próprios órgãos de lançamento, que não poderão praticar um novo 
lançamento mais gravoso do que aquele que foi objeto de um processo já instaurado, por 
iniciativa do particular, no exercício de seu direito de impugnar. 
Isto posto, apesar de ser possível o pleno exercício de Jurisdição, mesmo de forma não 
precípua, por parte dos Tribunais Administrativos, estes não podem, contudo, sob o manto 
dessa Jurisdição, agravar o lançamento por ocasião de qualquer julgamento de defesas dos 
contribuintes. 
 
4. Qual a aplicabilidade do CPC/15 ao processo administrativo tributário? Os enunciados 
das súmulas vinculantes devem ser observados pela Administração Pública? E os 
demais enunciados das súmulas do STF em matéria constitucional e do STJ em matéria 
infraconstitucional? E os acórdãos em incidente de resolução de demandas repetitivas 
(vide art. 928, II, do CPC/15)? 
 
Com o advento do novo Código de Processo Civil, Lei nº 13.105/2015, que entrou em 
vigência em 17/03/16, houve alteração positiva quanto à perspectiva de sua aplicação no 
âmbito administrativo. 
Em seu art. 15 é expresso ao determinar que na ausência de normas, aplicar-se-á 
supletivamente e subsidiariamente nos processos eleitorais, trabalhistas ou 
ADMINISTRATIVOS. 
Sendo a aplicação subsidiaria e supletiva, devem ser aproveitadas as regras processuais 
do novo código não só na ausência de norma do processo administrativo, mas também para 
complementação de matérias já previstas. 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
4 
E ainda que não houvesse tal determinação expressa, não poderia o julgador se esquivar 
de seus munus ao argumento de não existir solução legal ao caso posto sob análise, pois a 
aplicação do CPC se impõe no Processo Administrativo Fiscal por força de outros critérios para 
preenchimento das lacunas na lei e não somente pelo comando expresso previsto atualmente 
em seu bojo normativo. 
Nesse diapasão, vejamos a leitura do acórdão proferido pelo Conselho Administrativo de 
Recursos Fiscais, no qual recentemente e de forma expressa se determinou a aplicação 
subsidiária do NCPC. 
 
Ementa: Assunto: Processo Administrativo Fiscal Período de apuração: 25/06/1999 a 
24/09/1999 NORMAS PROCESSUAIS. ADMISSIBILIDADE DO RECURSO. MATÉRIA 
DE ORDEM PÚBLICA. LEGITIMIDADE PASSIVA Aplicam-se, subsidiariamente, ao 
processo administrativo fiscal as normas do Código de Processo Civil, como a do seu 
art. 485 (antigo 267) que permite o conhecimento de ofício das matérias de ordem 
pública ali expressamente enumeradas, entre as quais consta a legitimidade das 
partes. (Acórdão 9303-003.834. Processo 16327.001353/2004- 16. Data de Publicação 
11/08/2016. Relator Henrique Pinheiro Torres). 
 
Os enunciados das Súmulas vinculantes, como o próprio adjetivo diz, vinculam os todos 
os órgãos do Poder Judiciário (vincula todos os juízes, os tribunais e até mesmo as Turmas do 
próprio STF), assim como a administração pública, direta ou indireta, nas esferas federal, 
estadual e municipal. Vincula também o legislativo em sua atividade atípica (de administração). 
Por isso, a sua aplicação ou não aplicação, enseja reclamação direta ao STF, órgão 
jurisdicional autor. 
No que se refere às demais súmulas do STF e STJ, tratam-se de meras jurisprudências 
uniformes, não gerando qualquer vinculação ou compulsoriedade a sua aplicação. 
O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas previsto no Novo Código de 
Processo Civil é instrumento que visa: a) agilizar a prestação jurisdicional; b) diminuir o número 
de processos judiciais e c) gerar uniformidade na jurisprudência. 
O Incidente de Resolução de Demandas Repetitivas efetivamente irá permitir uma 
agilização da prestação jurisdicional e irá gerar uniformidade na jurisprudência. Todavia, tal 
instituto jurídico não irá servir para diminuir o número de processos judiciais, uma vez que os 
indivíduos ainda serão obrigados a ajuizarem ações individuais para outorga do bem jurídico 
mesmo após a fixação de tese jurídica favorável no âmbito do Incidente de Resolução de 
Demandas Repetitivas. 
A bem da verdade, é necessário observar que o Incidente de Resolução de Demandas 
Repetitivas padece de algumas idiossincrasias próprias de um instituto novo e que foi muito 
pouco estudado pelo Direito Brasileiro. Certamente, a amplitude de aplicação do Incidente de 
Resolução de Demandas Repetitivas irá depender do uso que lhe for dado pelos operadores 
do direito. Assim, tais institutos é de observação aos mesmos e não de aplicação obrigatória 
pelos tribunais administrativos, nos termos do Art. 927 do CPC/15. Tais institutos, portanto, não 
vinculam os órgãos da Administração Pública. 
 
5. A Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro (LINDB) é aplicada ao 
procedimento/processo administrativo fiscal? Quais as implicações da aplicação da 
LINDB no PAF? Analisar especificamente os arts. 24 e 28 da referida lei (vide Acórdãos 
do CARF nºs 9202-006.996, 1301-003.284, 9101-003.839). A desconsideração de negócios 
jurídicos para requalificação dos efeitos tributários por consideração de inexistência de 
propósito negocial pode ensejar a aplicação do art. 28 da LINDB? 
 
A LINDB não se aplica ao procedimento administrativo fiscal, visto que a mesma se refere 
a atos administrativos e não a procedimentos administrativos fiscais. 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
5 
O art. 24 da LINDB, no caso, assegura aos contribuintes o princípio da segurança jurídica, 
de patamar constitucional, que deve nortear todas as decisões administrativas, contudo a 
norma em comento é direcionada mais para contratos, por isso a não possibilidade da 
retroatividade. 
No tocante o que preconiza o art. 28 da referida lei, este sim se aplica, vez que o agente 
por erro grosseiro deverá responder pelo ato praticado, pois este consubstancia em 
negligência, o que leva a responsabilidade, mesmo subjetiva. 
 
6. A existência de processo judicial e administrativo concomitantes implica renúncia às 
instâncias administrativas? (Vide anexos IV, V e VI). 
 
Importa renúncia às instâncias administrativas a propositura pelo sujeito passivo de ação 
judicial por qualquer modalidade processual, antes ou depois do lançamento de ofício, com o 
mesmo objeto do processo administrativo, sendo cabível apenasa apreciação, pelo órgão de 
julgamento administrativo, de matéria distinta da constante do processo judicial (Súmula nº 1 
do CARF). 
Segundo o então ministro Joaquim Barbosa, a tramitação simultânea de processos 
administrativo e judicial é antieconômica e ignora a prevalência dos atos jurisdicionais, 
independentemente se a instauração do feito judicial precedeu à do processo administrativo. 
E, ainda, a decisão judicial com trânsito em julgado, ainda que posterior ao término do 
contencioso administrativo, prevalece sobre a decisão administrativa, mesmo quando a 
decisão judicial tenha sido desfavorável ao contribuinte e a decisão administrativa lhe tenha 
sido favorável. 
Também, é irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de 
mérito, pois a renúncia às instâncias administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, 
insuscetível de retratação (v. art. 38, LEF). 
 
Art. 38 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é 
admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de 
mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória 
do ato declarativo da dívida, esta precedida do depósito preparatório do 
valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de 
mora e demais encargos. 
Parágrafo Único - A propositura, pelo contribuinte, da ação prevista 
neste artigo importa em renúncia ao poder de recorrer na esfera 
administrativa e desistência do recurso acaso interposto. (grifou-se) 
 
Vejamos ementa da ADN Cosit nº 7/2014: 
 
 Assunto: Processo Administrativo Fiscal 
Ementa: CONCOMITÂNCIA ENTRE PROCESSO ADMINISTRATIVO 
FISCAL E PROCESSO JUDICIAL COM O MESMO OBJETO. 
PREVALÊNCIA DO PROCESSO JUDICIAL. RENÚNCIA ÀS INSTÂNCIAS 
ADMINISTRATIVAS. DESISTÊNCIA DO RECURSO ACASO 
INTERPOSTO. 
A propositura pelo contribuinte de ação judicial de qualquer espécie contra 
a Fazenda Pública com o mesmo objeto do processo administrativo fiscal 
implica renúncia às instâncias administrativas, ou desistência de eventual 
recurso de qualquer espécie interposto. 
Quando contenha objeto mais abrangente do que o judicial, o processo 
administrativo fiscal deve ter seguimento em relação à parte que não esteja 
sendo discutida judicialmente. A decisão judicial transitada em julgado, 
ainda que posterior ao término do contencioso administrativo, prevalece 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
6 
sobre a decisão administrativa, mesmo quando aquela tenha sido 
desfavorável ao contribuinte e esta lhe tenha sido favorável. 
A renúncia tácita às instâncias administrativas não impede que a Fazenda 
Pública dê prosseguimento normal a seus procedimentos, devendo proferir 
decisão formal, declaratória da definitividade da exigência discutida ou da 
decisão recorrida. 
É irrelevante que o processo judicial tenha sido extinto sem resolução de 
mérito, na forma do art. 267 do CPC, pois a renúncia às instâncias 
administrativas, em decorrência da opção pela via judicial, é insuscetível 
de retratação. 
A definitividade da renúncia às instâncias administrativas independe de o 
recurso administrativo ter sido interposto antes ou após o ajuizamento da 
ação. 
 
7. A Administração lavra contra determinado contribuinte auto de infração imputando 
duas condutas que resultaram em ausência de recolhimento de imposto. Em face do 
auto, o contribuinte se insurge contra apenas uma das imputações, mantendo-se inerte 
em relação à remanescente. Pode o Fisco segregar o auto de infração para cobrança da 
parte não expressamente impugnada? 
 
O STJ, Segunda Turma, decidiu que é possível o desmembramento de crédito tributário 
para a cobrança da parte do débito que não foi impugnado e que não está mais sujeito à 
modificação no processo administrativo fiscal. 
Contudo, o Fisco deverá aguardar o término da discussão para a cobrança do Auto de 
Infração lavrado. Caso entendesse de cobrar cada infração de forma autônoma, poderia ter 
lavrado dois autos de infrações distintos. 
 
8. Analise os acórdãos lavrados no RE nº 601.314 e na ADIN 2859 e responda, em relação 
à quebra de sigilo bancário: 
a) Há diferença entre envio de Declaração de Movimentação Financeira (DIMOF), atual e-
FINANCEIRA, pelos bancos à RFB, e a obtenção de extratos bancários pela RFB junto 
aos bancos, sem autorização judicial. (Vide anexos VII e VIII). 
b) A declaração efetuada para fins de aproveitamento do Programa que recebeu o nome 
de “Regime Especial de Regularização Cambial e Tributária” – RERCT, criado pela Lei n. 
13.254/16 está protegida pelo sigilo fiscal? 
 
a) Para verificar uma possível diferença entre a e-FINANCEIRA de extratos bancários emitidos 
pela RFB e o caminho inverso, obtenção de extratos bancários pela RFB junto aos bancos, 
primeiro precisamos conceituar. Sobre a e-FINANCEIRA, destaca-se que: 
“Dentro de um processo de evolução tecnológica contínua, foi instituída, pela Instrução 
Normativa nº RFB 1.571, de 2 de julho de 2015, a e-Financeira, que faz parte do Sistema 
Público de Escrituração Digital (Sped). Este instrumento passa a ser o único canal de prestação 
de informações pelas instituições financeiras à Receita Federal, tendo incorporado além das 
informações prestadas na antiga Dimof, dados sobre aplicações financeiras, seguros, planos 
de previdência privada e investimentos em ações. 
(...) 
Destaque-se que tais informações são protegidas pelo sigilo fiscal, nos termos do art. 
198 do Código Tributário Nacional. Quebrar sigilo, seja ele bancário ou fiscal, é tornar algo que 
não poderia ser divulgado em informação pública. A Constituição Federal estabelece que 
apenas o Poder Judiciário e as Comissões Parlamentares de Inquérito têm esse poder no País. 
Não há, portanto, como querem fazer crer alguns, quebra de sigilo de qualquer espécie, mas 
transferência de informações sigilosas, que permanecem protegidas pelo sigilo fiscal, sob pena 
de o agente público responder penal e administrativamente. 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
7 
Desde 2001, ano da edição da Lei Complementar nº 105, o mundo mudou. Os países 
perceberam a necessidade de atuar em cooperação global para transparência de informações 
tributárias. Com o patrocínio inicial dos países do G20 e no âmbito do Fórum Global de 
Transparência, diversas ações foram implementadas para permitir que as administrações 
tributárias troquem informações para combater de forma eficaz a sonegação, a corrupção, a 
lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo. 
Acreditar que o Fisco brasileiro não possa participar deste processo é admitir que o Brasil 
se torne um paraíso para recursos ilícitos e seja classificado como uma jurisdição não 
transparente, com consequências negativas diretas para os investimentos estrangeiros e para 
a concorrência e livre iniciativa, ensejando prejuízos para a sociedade brasileira.” 
Diante das informações acima, verificamos que trata-se de uma transferência de dados 
sigilosos de determinado portador (Banco ou RFB) que tem o dever de sigilo para outro 
portador (RFB ou Banco) que mantém a obrigação de sigilo, permanecendo resguardadas a 
intimidade e a vida privada da pessoa que teve as informações verificadas. 
Referida verificação cujo acesso da Administração Pública à relação de bens, renda e 
patrimônio de determinados indivíduos já é amplamente realizada. 
 
b) A Lei de repatriação em seu art. 7º, § 1º e § 2º, dispõem que: 
 
 Art. 7o A adesão ao RERCT poderá ser feita no prazo de 210 (duzentos e dez) dias, 
contado a partir da data de entrada em vigor do ato da RFB de que trata o art. 10, com 
declaração da situação patrimonial em 31 de dezembro de 2014 e o consequente 
pagamento do tributo e da multa. 
 §1o A divulgação ou a publicidade das informações presentes no RERCT implicarão 
efeito equivalente à quebra do sigilo fiscal, sujeitando o responsável às penas previstas 
na Lei Complementar no105, de 10 de janeiro de 2001, e no art. 325 do Decreto-Lei 
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e, no caso de funcionário público, 
à pena de demissão. 
 §2o Sem prejuízo do disposto no § 6o do art. 4o, é vedada à RFB, ao Conselho 
Monetário Nacional (CMN), ao Banco Central do Brasil e aos demais órgãos públicos 
intervenientes do RERCT a divulgação ou o compartilhamento das informações 
prestadas pelos declarantes que tiverem aderido ao RERCT com os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, inclusive para fins de constituição de crédito tributário. 
 
Assim, referida declaração encontra-se protegida pelo sigilo fiscal. Ainda, nos termos do 
Art. 9º, §2º da mesma lei, dispõe que mesmo na hipótese de exclusão do contribuinte do 
RERCT em face da constatação de apresentação de declarações ou documentos falsos 
relativos à titularidade e à condição jurídica dos recursos, por si só, não poderá lastrear o 
procedimento investigatório contra o contribuinte: 
 
“Art. 9o Será excluído do RERCT o contribuinte que apresentar declarações ou 
documentos falsos relativos à titularidade e à condição jurídica dos recursos, bens ou 
direitos declarados nos termos do art. 1o desta Lei ou aos documentos previstos no § 
8º do art. 4º. 
 § 1o Em caso de exclusão do RERCT, serão cobrados os valores equivalentes aos 
tributos, multas e juros incidentes, deduzindo-se o que houver sido anteriormente pago, 
sem prejuízo da aplicação das penalidades cíveis, penais e administrativas cabíveis. 
 §2o Na hipótese de exclusão do contribuinte do RERCT, a instauração ou a 
continuidade de procedimentos investigatórios quanto à origem dos ativos objeto de 
regularização somente poderá ocorrer se houver evidências documentais não 
relacionadas à declaração do contribuinte.” 
 
___________________________________________________________________________ 
 
________________________________________________________________ 
 
 
 
8 
Outra questão discutida: 
 
9. Existem limitações dos meios de prova no processo administrativo tributário? Podem ser 
aplicadas no processo administrativo tributário as disposições dos §§ 1º e 2º, do art. 373, do 
CPC? Relacionar o princípio do contraditório com o primado da busca da verdade no 
processo administrativo. Trata-se de verdade material ou formal? Como fica a questão da 
verdade material em face da imposição de prazos à apresentação de impugnação e recursos 
administrativos, bem como da proibição de emprego de provas obtidas ilicitamente? 
 
Em todo e qualquer procedimento/processo, administrativo ou judicial, há limitações dos 
meios de prova, seja de caráter formal ou material. 
Aplicáveis ao procedimento administrativo tributário o contido nos §§ 1º e 2º do CPC. O 
estabelecido no § 1º aplica-se de modo parcial, onde o juiz pode, de forma motivada, distribuir o 
ônus da prova, não desincumbindo o ônus de cada parte, utilizando-se, sempre, da 
proporcionalidade ampla. No que se refere o estatuído no § 2º este pode ser aplicado integralmente. 
Mesmo aplicando-se a passos largos o verdade material dos fatos, prevalece no processo 
administrativo tributário a verdade formal, haja vista seguir os princípios que norteiam todo e 
qualquer ato da administração pública, mormente o da legalidade restrita. 
 
__________________________________

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