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Fé- Silvio Dutra

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Fé 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Silvio Dutra 
 
 
 
 
 
DEZ/2015 
 
 
 
2 
 
Sumário 
 
 
 1 – Como a Palavra Produz a Fé 3 
 2 - O Modo Comum de Operação da Fé 7 
 3 - Aprendendo com Tiago Sobre a Fé 
 Verdadeira 
 
 9 
 4 - Porque Deus Não Aparece de Forma Visível 20 
 5 - Fé, Não é Fé na Nossa Fé 22 
 6 - A Viúva Importuna 23 
 7 - “Eu não Temerei Mal Algum” (Sl 23.4) 29 
 8 - A Espera da Fé 32 
 9 - Confie nele em todos os momentos 40 
10 - A Fé Que nos Vem de Deus 41 
11 - “Volta. E assim por sete vezes.” (I Reis 
 18.43) 
 
 45 
12 - “Tudo é possível ao que crê." (Marcos 9.23) 47 
13 - Fé, Crer e Confiar 49 
14 - Alegria e Paz em Crer 53 
15 - A Fé Atua Pelo Amor 57 
16 - Como Vem a Fé 66 
17 - A Corda e a Caçamba 71 
18 - O Assunto da Fé que é Aprovada por Deus 74 
19 - Aumento da Fé - a Força de Princípios de 
 Paz 
 
 77 
20 - Como Pode Haver a Fé Verdadeira Quando 
 Não se Crê na Verdade? 
 
 83 
21 - A Fé é uma Caminhada Constante 87 
22 - Necessitamos Sempre Aumentar a Fé 89 
23 - Viver Pela Fé 91 
24 - A Fé de Raabe 94 
25 - A Relação da Fé com a Bíblia 116 
26 - Uma Razão Por que Deus Não se Comunica 
 Visivelmente 
 
 119 
27 - Oração de Confiança 121 
3 
1 – Como a Palavra Produz a Fé 
Lucas 16:29 “... Eles têm Moisés e os Profetas; 
ouçam-nos.” 
Na parábola do rico e do mendigo, Jesus usou esta 
expressão Moisés e os Profetas, que era uma das 
formas de se referir a todo o conjunto das Escrituras 
do Antigo Testamento, que foram produzidas por 
revelação e inspiração de Deus. 
Não é nosso propósito neste momento comentar 
toda a parábola, mas destacar um dos seus pontos 
muito importantes, para que possamos entender o 
modo designado por Deus para a salvação das 
nossas almas. 
O rico, estando no inferno, pensava erroneamente 
que poderia ter sido salvo por um sinal poderoso 
que lhe fosse enviado do céu, como o envio do 
mendigo Lázaro a seus cinco irmãos que ainda 
viviam na terra, para lhes servir de testemunho, 
vendo o estado de glória em que ele se encontrava, 
pois o haviam conhecido muito bem em sua miséria 
quando vivia na terra, e no entender do rico, isto 
lhes convenceria de que havia de fato um céu. 
Foi dado como resposta ao seu pedido, 
simplesmente que seus irmãos deveriam ouvir 
Moisés e os profetas, ou seja, as Escrituras, para que 
fossem salvos. 
4 
Eles deveriam dar atenção ao testemunho das 
Escrituras relativamente à santidade de Deus e de 
Cristo, como também da ruína completa dos 
homens em face da sua natureza pecaminosa, mas 
que Deus, em Sua misericórdia afirma que o justo 
viverá pela fé, ou seja ele terá vida eterna, pela fé 
na Palavra do Senhor. 
Este é o significado interior de se ouvir Moisés e os 
profetas. 
É o de nos arrependermos de nossa condição caída 
e buscar refúgio na graça do Senhor Jesus que nos 
está sendo oferecida gratuitamente por darmos 
crédito à Sua Palavra. 
O firme fundamento repousa nisto, a saber, em se 
honrar a Palavra do Senhor, porque Ele dá muita 
honra à mesma. 
Por isso nos deu a revelação da Sua pessoa e 
vontade nas Escrituras, para que mesmo sem um 
sinal visível do céu, sem qualquer coisa 
extraordinária que nos seja enviada por Ele para ser 
testemunhada pela nossa visão natural, creiamos 
em tudo o que Ele afirma na Sua Palavra escrita, de 
modo que demonstramos com isso que damos de 
fato crédito ao que Ele tem dito. 
Não foi justamente o oposto disto que aconteceu na 
queda do jardim do Éden? 
5 
O homem e a mulher deram crédito à palavra da 
serpente e desconsideram aquilo que Deus lhes 
havia falado. 
Então não seria por nenhum sinal enviado do céu, 
como o rico da parábola insistiu pedindo que outras 
pessoas que haviam morrido e ressuscitado, fossem 
enviadas a seus irmãos para que eles cressem. 
Mas esta foi a resposta que lhe foi dada: 
“Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco 
se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém 
dentre os mortos.” 
Não porque fossem duros o bastante para não 
reconhecer o poder de Deus em ressuscitar, mas 
porque não foi este o método designado por Deus 
para a salvação, que é o de ter fé na Sua palavra 
revelada, de modo que a fé vem pelo ouvir a 
Palavra. 
Não será pela visão do arcanjo Miguel, de um 
Serafim, dos querubins, do próprio Cristo, que 
alguém será salvo. 
A salvação sempre ocorrerá somente quando 
acolhermos com mansidão e fé a Palavra do Senhor. 
Hoje, temos mais do que Moisés e os profetas, 
porque por meio de nosso Senhor Jesus Cristo, 
temos também as Escrituras do Novo Testamento. 
6 
Então temos uma maior e melhor razão para 
crermos, lendo, amando, acolhendo e praticando a 
Palavra de Deus, pela fé em tudo o que nos tem sido 
revelado por Ele, para que crendo em Sua Palavra, 
que nos aponta Cristo, como nossa única esperança, 
sejamos salvos. 
Ouvir com fé. Esta é a chave que nos conduz para o 
céu e para a vida do céu. 
Lembremos sempre desta afirmação solene, que é a 
fórmula da salvação: 
“...Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
7 
2 - O Modo Comum de Operação da Fé 
Nós temos fartamente exemplificado na Bíblia, em 
que consiste a vida prática de fé com Deus, 
notadamente nas muitas batalhas que a nação de 
Israel teve que travar no Velho Testamento. 
Apesar de estarmos na dispensação da graça e nos 
ser vedado tomarmos da espada aqui, contudo o 
princípio de operação continua o mesmo, pois se 
exige de nós que também batalhemos para vermos 
o cumprimento das promessas de Deus em resposta 
às nossas orações. 
É muito comum a ideia errônea de que basta 
orarmos, porque tudo o mais é por conta de Deus. 
Podemos dar vários exemplos sobre isto, porém é 
mais interessante que o façamos no sentido 
contrário, a saber, na demonstração prática da 
interação existente entre a ação sobrenatural do 
Senhor e os passos que devemos dar, para ver a 
realização do cumprimento das coisas que formos 
direcionados pelo Espírito Santo a fazer. 
Primeiro, temos esta direção sobre o que deve ser 
feito. E oramos incessantemente para que Deus 
dirija os nossos passos e mova os corações daqueles 
que Ele levantará para solucionar nossos 
problemas. 
8 
Depois saímos em campo para tomar as 
providências práticas necessárias, sabendo antes de 
tudo que a nossa paciência, sabedoria e 
discernimento estarão sendo colocados à prova 
pelo Senhor, de modo que poderemos encontrar 
nas portas em que batermos; resistências, e 
aparentes frustrações, que em vez de nos 
demoverem de seguir adiante, devem nos estimular 
a buscar novas alternativas. 
É possível que tenhamos a solução imediata logo de 
início, mas não é desta forma que Deus costuma agir 
para nos fazer vencer nas questões práticas da vida; 
senão, de outro modo, não aprenderíamos a ser 
perseverantes. 
Caso Ele fizesse tudo por nós, e nossa parte fosse 
apenas a de pedir-Lhe, certamente ficaríamos 
mimados e inexperientes para lidar com os 
problemas que a vida nos apresenta, inclusive pela 
oposição que sofremos da parte de espíritos 
malignos. 
Assim, vemos Davi se esforçando, lutando e 
sofrendo enquanto fugia de Saul, mesmo quando 
não era rei sobre todo o Israel. Ele era um homem 
de fé, mas sabia que deveria agir e lutar para que as 
vitórias fossem alcançadas com a ajuda de Deus. 
Não pensemos então, que a vida de fé seja cômoda 
e confortável, e tudo quanto se exige de nós é que 
9 
apenas confiemos em Deus e fiquemos de braços 
cruzados esperando que Ele faça tudo por nós sem 
que precisemos mover sequer uma palha. 
Portanto, não duvidemos de Seu cuidado, bondade 
e ajuda quando as coisas não estiverem 
acontecendo conforme pensávamos que elas 
ocorreriam, e por estarmos enfrentando mais 
resistências do que pensávamos que teríamos que 
enfrentar, ou dificuldades além do pontoque 
pensávamos que poderíamos suportar. 
Em todo este processo a nossa fé está sendo 
refinada, e no final, para a nossa perplexidade e 
para a glória de Deus, veremos que Ele fará muito 
mais, além do que possamos imaginar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
10 
3 - Aprendendo com Tiago Sobre a Fé 
Verdadeira 
O apóstolo Tiago diz o seguinte, no segundo 
capítulo de sua epístola: 
“1 Meus irmãos, não tenhais a fé de nosso Senhor 
Jesus Cristo, Senhor da glória, em acepção de 
pessoas. 
2 Porque, se no vosso ajuntamento entrar algum 
homem com anel de ouro no dedo, com trajes 
preciosos, e entrar também algum pobre com 
sórdido traje, 
3 E atentardes para o que traz o traje precioso, e lhe 
disserdes: Assenta-te tu aqui num lugar de honra, e 
disserdes ao pobre: Tu, fica aí em pé, ou assenta-te 
abaixo do meu estrado, 
4 Porventura não fizestes distinção entre vós 
mesmos, e não vos fizestes juízes de maus 
pensamentos? 
5 Ouvi, meus amados irmãos: Porventura não 
escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem 
ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos 
que o amam? 
6 Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não vos 
oprimem os ricos, e não vos arrastam aos tribunais? 
11 
7 Porventura não blasfemam eles o bom nome que 
sobre vós foi invocado? 
8 Todavia, se cumprirdes, conforme a Escritura, a lei 
real: Amarás a teu próximo como a ti mesmo, bem 
fazeis. 
9 Mas, se fazeis acepção de pessoas, cometeis 
pecado, e sois redarguidos pela lei como 
transgressores. 
10 Porque qualquer que guardar toda a lei, e 
tropeçar em um só ponto, tornou-se culpado de 
todos. 
11 Porque aquele que disse: Não cometerás 
adultério, também disse: Não matarás. Se tu pois 
não cometeres adultério, mas matares, estás feito 
transgressor da lei. 
12 Assim falai, e assim procedei, como devendo ser 
julgados pela lei da liberdade. 
13 Porque o juízo será sem misericórdia sobre 
aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia 
triunfa do juízo. 
14 Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que 
tem fé, e não tiver as obras? Porventura a fé pode 
salvá-lo? 
12 
15 E, se o irmão ou a irmã estiverem nus, e tiverem 
falta de mantimento quotidiano, 
16 E algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-
vos, e fartai-vos; e não lhes derdes as coisas 
necessárias para o corpo, que proveito virá daí? 
17 Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta 
em si mesma. 
18 Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as 
obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te 
mostrarei a minha fé pelas minhas obras. 
19 Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também 
os demônios o creem, e estremecem. 
20 Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem 
as obras é morta? 
21 Porventura o nosso pai Abraão não foi justificado 
pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu 
filho Isaque? 
22 Bem vês que a fé cooperou com as suas obras, e 
que pelas obras a fé foi aperfeiçoada. 
23 E cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão 
em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi 
chamado o amigo de Deus. 
13 
24 Vedes então que o homem é justificado pelas 
obras, e não somente pela fé. 
25 E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi 
também justificada pelas obras, quando recolheu os 
emissários, e os despediu por outro caminho? 
26 Porque, assim como o corpo sem o espírito está 
morto, assim também a fé sem obras é morta.”. 
Tiago estava zelando pela manutenção da 
manifestação do poder e do amor de Deus na 
comunhão de todos os crentes reunidos na 
congregação para a adoração pública. 
Ele advertiu para o grande perigo que há em se fazer 
acepção de pessoas, especialmente em razão da 
condição social delas. 
Na igreja de Cristo caíram todas as barreiras ditadas 
por preconceitos raciais, sociais ou de qualquer 
outra natureza, de maneira que um escravo com o 
seu senhor, numa mesma congregação deveriam 
receber o mesmo tratamento em Cristo, e não 
permitirem que a comunhão deles na Igreja fosse 
prejudicada pela distância imposta pela condição 
social de ambos. 
Como não é próprio da natureza terrena lembrar 
dos pobres e dar atenção a eles, senão aos ricos e 
poderosos, Tiago advertiu a Igreja para evitar o 
14 
grande pecado de se dar preeminência aos ricos em 
detrimento dos pobres. 
É por isso que se ordena aos que são ricos segundo 
o mundo que se amoldem às coisas humildes e que 
deem a devida atenção aos seus irmãos que vivem 
em baixas circunstâncias neste mundo, porque eles 
são agora ricos em Cristo, e não é raro, que o Senhor 
distribua a estes até maiores dons e graças 
espirituais para poderem servir com eles a todos, 
inclusive aos próprios ricos. 
A riqueza de bens terrenos não é necessariamente 
um sinal do favor de Deus, assim como a pobreza 
não é um sinal do Seu desagrado. 
Então, os crentes não devem julgar segundo a 
aparência externa, mas segundo a reta justiça. 
Não é pelo simples fato de alguém ser rico de bens 
materiais que deve ser digno de receber uma 
atenção especial e diferenciada da parte da Igreja. 
Porque é até muito comum que pelo fato de serem 
ricos não tenham temor de Deus e sejam opressivos 
em relação aos pobres, tal como o Senhor Jesus 
havia padecido nas mãos dos abastados sacerdotes 
e fariseus de Jerusalém. 
Além disso, por um mistério que somente Deus 
conhece, não são de fato muitos os que são de 
nobre nascimento e que são ricos segundo o 
15 
mundo, que são os eleitos de Deus, porque aprouve 
a Ele fazer os Seus eleitos pobres em sua grande 
maioria, neste mundo, não somente para que 
ninguém se glorie na Sua presença, como também 
para abater a todo espírito exaltado. 
Não devemos desprezar a nenhum rico, antes, 
temos o dever de amá-los como a quaisquer outros, 
mas não devemos nos intimidar com a aparência 
deles, porque são afinal também pecadores 
necessitados de salvação. 
Todos os homens, sejam ricos ou pobres, são 
mendigos da graça de Deus, porque tudo Lhe 
pertence e é dEle que todas coisas provêm. Como 
pode então o homem gloriar-se em si mesmo? 
E se algum crente mostra uma deferência exagerada 
a um rico, ele está consequentemente diminuindo e 
tendo em pouca conta a única glória verdadeira e 
permanente, que é a de nosso Senhor Jesus Cristo. 
É preciso portanto vigiar constantemente contra 
este pecado odioso de dar honra ao rico, e 
menosprezar o pobre. 
Devemos lembrar que nos dias do ministério 
terreno de Jesus, Deus não pôs em honra apostólica 
a nenhum rico sacerdote ou escriba, mas a homens 
iletrados, pescadores e publicanos. 
16 
Não devemos portanto nos deixar levar pela 
aparência exterior do traje, formação intelectual ou 
de qualquer outra coisa que o mundo considere 
elevada, senão avaliar o justo valor espiritual que 
cada pessoa tem diante de Deus. 
As riquezas terrenas passarão, e ao sairmos deste 
mundo nada poderemos levar conosco, de maneira 
que os ricos fariam bem em atenderem à ordenança 
que o apóstolo Paulo dirigiu a eles em I Tim 6.9,10: 
“9 Mas os que querem tornar-se ricos caem em 
tentação e em laço, e em muitas concupiscências 
loucas e nocivas, as quais submergem os homens na 
ruína e na perdição. 
10 Porque o amor ao dinheiro é raiz de todos os 
males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e 
se traspassaram a si mesmos com muitas dores.”. 
E, nos versos 17 a 19: 
“17 manda aos ricos deste mundo que não sejam 
altivos, nem ponham a sua esperança na incerteza 
das riquezas, mas em Deus, que nos concede 
abundantemente todas as coisas para delas 
desfrutarmos; 
18 que pratiquem o bem, que se enriqueçam de 
boas obras, que sejam liberais e generosos, 
17 
19 entesourando para si mesmos um bom 
fundamento para o futuro, para que possam 
alcançar a verdadeira vida.” 
Muitos andam pregando equivocadamente que o 
grande alvo do evangelho é nos tornar pessoas ricas 
de bens deste mundo, e que é este o segredo de 
uma fé vitoriosa. 
Mas, ao contrário, a Bíblia ensina os muitos perigos, 
tentações e laços que há no desejo de querer ser 
rico, porque o grandecentro das nossas atenções 
não será mais o tesouro celestial, senão o tesouro 
terreno, do qual Jesus ordenou que nos 
acautelássemos, de maneira que nosso coração não 
seja encontrado nele, senão no tesouro que é 
celestial. 
Os que são ricos não sabem em sua grande maioria, 
por causa do endurecimento deles em seu egoísmo, 
que Deus lhes proveu de bens de forma abundante 
para que fossem generosos e liberais, cheios de 
boas obras, de modo que o nome do Senhor fosse 
glorificado pela disponibilidade deles em 
compartilhar com os necessitados. 
Mais do que isso, deveriam ser ricos na fé, vivendo 
de modo agradável a Deus em obediência à Sua 
Palavra, reconhecendo que o maior e único bem 
duradouro que eles possuem são as suas próprias 
18 
almas, as quais, como as de quaisquer outras 
pessoas, necessitam da salvação de Cristo. 
Tiago mostra de modo muito claro que uma fé que 
não é comprovada pelas boas obras que Deus 
preparou de antemão para que andássemos nelas, 
é na verdade uma fé morta. 
Ela pode ser até mesmo uma fé genuína, que está 
pronta a ser vivificada pelo Espírito, mediante 
obediência do crente, mas se ele não anda no 
Espírito, a sua fé estará como se fosse uma fé morta, 
isto é, inoperante, que não pode produzir os efeitos 
esperados por Deus no nosso comportamento e 
vida. 
Tiago nos ajuda a entender que a verdadeira fé que 
salva, a verdadeira e única fé genuína que nos é 
dada como um dom de Deus, não é uma simples 
questão de afirmar: Eu creio! Eu creio! Mas que ela 
se demonstra no modo de vida santa e obediente a 
Deus que ela produz em nós. E não é voltada apenas 
para nós mesmos mas se move em amor pelo 
próximo e especialmente pelos irmãos em 
Cristo. Porque todo o que é nascido de Deus amará 
também aos demais que são por Ele gerados pelo 
Espírito Santo, a saber os que nele creem. 
Sabemos que temos uma fé justificadora, tal como 
a de Abraão, quando fazemos as obras de Abraão. 
19 
Sabemos que temos sido justificados pela fé, 
quando vivemos cheios das obras de justiça do 
evangelho, e quando sustentamos o nosso 
testemunho de confiança total em Deus tal como 
fizera Raabe nos dias de Josué. 
Quando Tiago diz que o homem é justificado pelas 
obras, e não somente pela fé no verso 24, ele não 
quer dizer que Deus estabeleceu dois caminhos 
diferentes pelos quais podemos ser justificados; 
mas que a verdadeira fé nunca estará sozinha, 
porque se comprovará em evidência pelas boas 
obras da fé, em demonstração que de fato 
possuímos uma fé que é genuína e não morta, ou 
então como a fé dos demônios que creem em Deus, 
e tremem. 
Contudo, qual boa obra os demônios podem fazer? 
Eles creem em Deus, mas não possuem a verdadeira 
fé, e não possuem uma natureza justificada, 
regenerada e santificada, que têm somente aqueles 
que amam a Deus e guardam os Seus 
mandamentos, por causa da fé que lhes foi dada 
como um dom pelo próprio Senhor, não para que 
somente creiam nEle como também possam viver 
do modo pelo qual importa viverem perante Ele, 
porque devemos viver não por vista, mas por fé. 
 
 
20 
4 - Porque Deus Não Aparece de Forma 
Visível 
É uma grande acusação injusta afirmar que Deus 
criou o mundo e que deixou a todos entregues à 
própria sorte. 
Uma terrível dúvida permeia as mentes mais 
esclarecidas quanto até mesmo sobre a existência 
de Deus, debaixo do seguinte raciocínio: “Se ele 
fosse real ele faria questão de aparecer em pessoa, 
para nos convencer de que é de fato uma pessoa 
real.” 
Dizemos que há grande injustiça em tudo isto 
porque se Deus não se fizesse presente no mundo, 
especialmente pelas operações de Deus Espírito 
Santo, já não haveria qualquer criatura sobre a 
Terra, porque certamente o pecado e o diabo a tudo 
já teriam destruído há muito tempo. 
Como a quase totalidade das operações do Espírito 
Santo são invisíveis, sobretudo nos corações, por 
conseguinte, somente aqueles que andam em 
comunhão com Ele em espírito podem discernir o 
Seu trabalho divino, para que tanto Deus Pai, 
quanto Deus Filho sejam glorificados. 
Onde o coração não é convertido à verdade, o 
Espírito Santo realiza um trabalho de frear o avanço 
21 
da iniquidade, especialmente naqueles que não têm 
amor a Deus. 
Não seria por aparições visíveis da pessoa de Deus 
que nossos corações seriam transformados segundo 
a Sua vontade. Tanto isto é verdadeiro, que quando 
o Filho Unigênito de Deus, nosso Senhor Jesus 
Cristo, andou neste mundo fazendo o bem por toda 
a parte, teve poucos que o seguiram, e homens 
ímpios acabaram por conduzi-lo à morte de cruz. 
Cumprido o tempo determinado, Deus terá 
concluído o trabalho da formação de uma nova 
criação, especialmente pela reunião de todos 
aqueles, que em todas as gerações, se converteram 
a Ele e que o conheceram do modo pelo qual 
importa ser conhecido, a saber, em espírito, porque 
Ele é espírito. 
 
 
 
 
 
 
 
22 
5 - Fé, Não é Fé na Nossa Fé 
Fé, biblicamente falando, não é meramente crer 
na existência de Deus, nem tampouco a capacidade 
de crer no cumprimento ou realização de qualquer 
coisa; porque é somente a fé verdadeiramente 
bíblica que pode nos levar ao conhecimento do 
único Deus verdadeiro, o Deus e Pai de nosso 
Senhor Jesus Cristo. 
Esta fé é também um dom sobrenatural recebido 
exclusivamente de Deus, pois não se encontra em 
nossa natureza terrena. 
Assim, ninguém pode possuir a fé de modo natural, 
já que é um fruto da graça divina que nos é dado e 
amadurecido pela manutenção do próprio Deus, 
para ser aumentada, firmada e aperfeiçoada. 
Então, quando dizemos: “tenha fé em Jesus”, o 
sentido real destas palavras é: “fixe o seu 
pensamento e coração em Jesus, em seu poder e em 
suas palavras, para que ele gere em você a fé que o 
ligará a ele em espírito, e assim, lhe capacite a ser, 
pensar, orar e a agir, conforme a Sua santa 
vontade.” 
 
 
23 
6 - A Viúva Importuna 
“Então, disse o Senhor: Considerai no que diz este 
juiz iníquo. Não fará Deus justiça aos seus 
escolhidos, que a ele clamam dia e noite, embora 
pareça demorado em defendê-los? Digo-vos que, 
depressa, lhes fará justiça. Contudo, quando vier o 
Filho do Homem, achará, porventura, fé na terra?” 
(Lucas 18.6-8) 
Não há dever mais fortemente enfocado na 
Escritura do que o da oração; nem há qualquer 
outro que necessite ser mais inculcado na 
consciência. 
Para aqueles que nunca se envolveram nesta tarefa 
com espiritualidade real de mente, pode parecer ser 
de fácil realização, mas aqueles que são mais sérios 
no seu desempenho, encontram muitas 
dificuldades para serem enfrentadas. 
Para nos encorajar a perseverar na oração, a 
despeito de todas as dificuldades, nosso Senhor 
falou a parábola diante de nós. 
Devemos considerar o que diz o juiz injusto. 
Havia uma viúva laborando sob alguma pesada 
opressão. 
24 
O pecado tem universalmente armado os homens 
contra seus semelhantes. O mundo está cheio de 
roubo e opressão de todos os tipos, Sl 74.20, e os 
que são mais indefesos geralmente sofrem os 
maiores danos. Cada um está pronto para se 
aproveitar do órfão e da viúva. Então é o conforto 
deles, saber que a par de terem inimigos na Terra, 
que têm um amigo no céu. 
A viúva foi a um magistrado para apresentar suas 
queixas. 
A nomeação de magistrados é uma bênção rica para 
a comunidade, e eles deveriam ser considerados 
com muito respeito e gratidão. Nós não deveríamos 
de fato recorrer à lei por ninharias. Devemos sim 
resolver nossas disputas, se possível, por meio de 
arbitragem, mas nas circunstâncias da viúva, era 
correto solicitar a interferência do magistrado. 
O juiz, por um longo tempo, não deu qualquer 
atenção ao seu pedido. 
O juiz demonstrou não ser uma pessoa de caráter: 
ele não temia o santo, onisciente, onipotente Deus; 
e nem sequer considerava a boa opinião dos 
homens. Assim, ele não possuía qualquer regra de 
conduta, mas o seu próprio capricho ou interesse. 
Certamente, ao lado de um ministro vicioso, não 
pode haver maior maldiçãopara um bairro do que 
um magistrado desleixado como este. Nós temos 
25 
motivos para bendizer a Deus, no entanto, apesar 
de tais caracteres serem muito comuns, são 
raramente encontrados entre a magistratura. 
Não é à toa que o tal juiz era surdo aos clamores da 
equidade e da compaixão. 
Finalmente, ele agiu sob a importunação da viúva. 
Ele se gloriava em seu desprezo a todas as leis 
humanas e divinas; mas não podia suportar os 
constantes apelos da viúva. Portanto, apenas para 
se livrar dela, atendeu à sua petição, e fez para sua 
própria comodidade, aquilo que deveria ter feito a 
partir de um melhor motivo. Assim, infelizmente! 
proclamou sua própria vergonha, mas declarou, de 
forma muito marcante, a eficácia da importunação. 
Sua fala, ímpia como foi, pode ser vista como 
rentável para as nossas almas; conforme a aplicação 
feita por nosso Senhor. 
Todos nós, do ponto de vista espiritual, nos 
assemelhamos a esta viúva indefesa. 
Estamos cercados de inimigos no nosso interior e 
também externamente: nossos conflitos com a 
corrupção do pecado que habita em nós são 
grandes e múltiplos. Temos, sobretudo, que lutar 
com todos os poderes das trevas; e não temos em 
nós mesmos qualquer força para resistir aos nossos 
adversários. 
26 
Mas Deus, o juiz de todos, nos ajudará se apelarmos 
a ele. 
Deus tem prometido ouvir as súplicas de seu povo; 
ele tem declarado que não irá lançar fora a qualquer 
pessoa que vier a ele. 
Ele pode, de fato, por razões sábias atrasar as 
respostas à oração; pode suportar tanto tempo com 
a gente, como para nos fazer pensar que ele não irá 
ouvir, mas nunca vai deixar de nos socorrer em 
qualquer época. 
Isto pode ser fortemente deduzido a partir da citada 
parábola. 
A viúva era uma estranha sem qualquer 
relacionamento com o juiz; mas nós somos eleitos 
de Deus, seu povo peculiar e favorito. O juiz injusto 
não estava interessado na concessão de seu pedido; 
mas a honra de Deus se preocupa em aliviar as 
necessidades das pessoas do seu povo. Podemos 
até tratá-lo na língua de Davi, Sl 74.22. Havia pouca 
esperança de prevalecer com tal juiz injusto e não 
misericordioso, mas nós tratamos com um 
compassivo Pai de amor. Além disso, a viúva não 
tinha ninguém para interceder por ela, mas temos 
um advogado justo e todo-suficiente. 
Ela estava em perigo de irritar o juiz por suas 
súplicas; mas quanto mais importunos somos, mais 
Deus se agrada de nós, Isa 62.7. Ela, apesar de todas 
27 
as suas dificuldades, obteve resposta ao seu pedido. 
Quanto mais, iremos nós, que em vez de suas 
dificuldades, temos esses incentivos abundantes! 
Certamente esta dedução é tão consoladora quanto 
simples e óbvia, e nosso Senhor, com sinceridade 
peculiar, o confirma: “Digo-vos que, depressa, lhes 
fará justiça.“. 
Há muito pouco de tal importunação para ser 
achada; nem é de se admirar, uma vez que há tão 
pouca "fé sobre a Terra". 
A fé é o princípio de onde a oração sincera procede. 
Se nós cremos nas declarações de Deus, devemos 
nos sentir fracos e indefesos; se cremos nas suas 
promessas, vamos reconhecer a sua prontidão para 
nos ajudar, e se cremos na realidade e importância 
das coisas eternas, vamos fervorosamente buscar a 
ajuda de Deus; nem estaremos indispostos por 
esperar até que ele nos responda. Mas quão pouco 
há de tal fé no mundo! Quão poucos são fiéis às 
convicções de suas próprias consciências! Quão 
poucos mantêm essa constância santa e fervor na 
oração! Quão poucos podem ser realmente 
chamados de um povo íntimo de Deus! 
Se Cristo viesse agora para juízo, iria encontrar esta 
fé em nós? 
Alguns vivem sem qualquer reconhecimento de 
Deus na oração; eles parecem ter esquecido de que 
28 
haverá um dia de julgamento; outros se envolvem 
com seus deveres habituais e ficam satisfeitos com 
um recital sem sentido de certas palavras. Há outros 
ainda que sob a pressão da aflição irão clamar a 
Deus, mas logo se cansarão de um serviço no qual 
eles não têm prazer. Poucos, muito poucos, é para 
ser lamentado, se assemelham à viúva importuna. 
Poucos oram, como se eles cressem completamente 
na eficácia da oração. Se Cristo viesse agora ele 
encontraria tal fé em nós? Ele certamente irá 
investigar o que diz respeito à nossa fé, como às 
nossas obras, e se nós não temos a fé que nos 
estimula à oração, ele lançará a nossa parte com os 
infiéis. 
Tradução, adaptação e redução feitas pelo Pr Silvio 
Dutra, de um texto de Charles Simeon, em domínio 
público 
 
 
 
 
 
 
 
29 
7 - “Eu não Temerei Mal Algum” (Sl 23.4) 
Seria presunçoso ao extremo para qualquer um 
usar uma expressão como essa, se ele olhasse 
apenas para o braço de carne; porque "não que, por 
nós mesmos, sejamos capazes de pensar alguma 
coisa," 2 Cor 3.5, mas, tendo como protetor nosso 
Senhor Jesus Cristo, nós podemos rir de todos os 
nossos inimigos espirituais com desprezo. 
Sabemos quão poderoso, quão sutil, quão maligno 
é este "leão que ruge, que busca nos devorar", e 
sabemos que somos muito fracos e impotentes em 
nós mesmos como ovelhas, mas se Davi, um homem 
como nós, matou um leão e um urso que atacaram 
o rebanho de seu pai, o que Jesus não fará em nossa 
defesa? 
Quem poderá escapar de seu olho, ou quem poderá 
suportar o seu braço? Ouça o que o próprio Senhor 
diz: "O meu povo habitará em moradas de paz, em 
moradas bem seguras e em lugares quietos e 
tranquilos, ainda que haja saraivada, caia o bosque 
e seja a cidade inteiramente abatida.”, Is 
32.18,19. Deixe então o tímido lançar fora os seus 
temores, a partir de qualquer fonte que possa 
surgir. "Eu não temerei mal algum", disse o 
salmista; e nós, à vista de nossos inimigos, podemos 
adotar a mesma linguagem triunfante se sabemos 
em quem temos crido, podemos ter a certeza de 
que ele continuará nos guardando até aquele 
30 
glorioso dia, quando todo o seu rebanho será 
reunido em um só rebanho com um só Pastor. 
A minha felicidade não terá fim. 
Eis como confiantemente o salmista fala sobre este 
assunto! "Certamente que a bondade e a 
misericórdia me seguirão todos os dias da minha 
vida." O quê! Tu não tens nenhuma dúvida sobre 
este grande assunto? Não. Certamente será assim. 
Não és presunçoso, portanto, em falar deste modo 
em relação a ti mesmo? Não. Será assim comigo. 
Mas não seria suficiente dizer que a bondade e a 
misericórdia não devem se afastar de ti? Não. Elas 
me seguirão, e também "todos os dias da minha 
vida" elas me seguirão, assim como a minha 
sombra, onde quer que eu vá. Bondade, para suprir 
as minhas necessidades, e misericórdia, para cobrir 
os meus defeitos. E tu és corajoso o bastante para 
levar esta confiança além túmulo? Sim: "habitarei 
na casa do Senhor para sempre", não somente para 
servi-lo em sua casa aqui embaixo, mas para 
admirá-lo e glorificá-lo em sua casa lá em cima. 
Eis aqui a felicidade dos santos. Todo o resto do 
mundo está procurando pela felicidade, e ela 
escapa de seu alcance; mas aqueles que creem em 
Jesus têm a felicidade lhes seguindo: "bondade e 
misericórdia "são os seus anjos atendentes, que 
nunca por um momento se desviam deles, ou que 
relaxam sua atenção sobre eles. 
31 
Tradução e adaptação feitas pelo Pr Silvio Dutra, de 
um texto de Charles Simeon em domínio público. 
 
 
 
 
 
 
 
32 
8 - A Espera da Fé 
“Deus se lembrou de Noé" (Gênesis 8.1) 
Existem heróis, cujo monumento de honra não é em 
nenhuma construção terrena, ao molde das que 
eram erigidas para os vencedores de batalhas no 
passado, que nunca receberam uma medalha do 
tipo Vitória da Cruz, paciente, povo fiel, que tem 
aprendido a trabalhar ou a esperar, que teme a 
Deus e guarda os seus mandamentos, em meio às 
más línguas e dias maus; pessoas que amam a Deus 
e que procedem retamente, que veem seu dever 
diante deles, e partem diretamente para a 
execução, que se sacrificam a si mesmos para o bem 
de outros, que passam fome para que possam dar o 
pão das crianças, que vestem trapos para que 
possam vestir mulheres indignasou maridos 
bêbados: esses são heróis de Deus. Muitos deles são 
desprezados e desconhecidos. Seus nomes nunca 
serão escritos no noticiário do jornal, ou esculpidos 
em mármore, estão escritos no céu. Deus conhece 
os que são Seus. Eles viveram em todas as épocas e 
em todos os países. Eles foram encontrados nas 
fileiras dos reis e mendigos, profetas e servos, 
porque Deus não faz acepção de pessoas. 
Vamos olhar para trás agora na distância cinza-
escuro do velho mundo, e tomar Noé como nosso 
exemplo de paciência, na espera da fé. Eu chamo 
herói Noé de Deus porque ele foi corajoso o 
33 
suficiente para acreditar que Deus disse para fazer 
o que Deus disse a ele, e esperar pacientemente 
pelo cumprimento da promessa de Deus, apesar do 
ridículo e da oposição de um mundo incrédulo. 
Eu chamo qualquer homem de herói de Deus hoje a 
quem faz o mesmo. O homem que acredita que 
Deus quer tê-lo acreditando nEle, que obedece o 
que Deus lhe ordena obedecer, que confia em Deus 
para o futuro, e nunca perde a fé, apesar de ele ser 
julgado e tentado e afligido; o homem que não 
perde o coração e a coragem de fazer o bem apesar 
de todos os seus companheiros estarem contra ele, 
que se atreve a ler a Bíblia e faz suas orações, apesar 
de risos e perseguição, este homem é um dos heróis 
de Deus. 
Eu aprendo com a história de Noé, que em todas as 
gerações Deus tem tido Seus heróis, suas 
testemunhas para a verdade. 
No meio do deserto de um mundo que tinha 
perdido de vista a Deus, está Noé, o herói, a fiel 
testemunha, ele e sua família formando a pequena 
Igreja de Deus, cercado por um povo de idólatras. 
No meio das abominações inomináveis de Sodoma 
se levanta Ló, o fiel que se afligia com a conversação 
suja dos ímpios. Na selvageria do pecado e da 
tristeza se levanta Moisés, a mansa e paciente 
testemunha de Deus. Na corte de falsidade de 
34 
Acabe está Elias, o tisbita. No meio de um mundo 
hostil estão aqueles poucos homens e mulheres 
fiéis que se reuniram no cenáculo em Jerusalém. 
Quando, mais tarde, o mundo corria o risco de ser 
contra a verdade, se levanta Atanásio para 
responder, "Então eu estou contra o mundo." 
Embora homens pecaminosos possam ser achados 
em qualquer época, Deus tem sempre algum fiel, 
que não dobrou os joelhos diante do Baal da época, 
ou que não se ajoelhou para a imagem de ouro que 
a imaginação tem criado. 
Eu aprendo também da história de Noé, que é uma 
coisa boa ter uma arca de salvação para fugir 
quando vem o dilúvio. Deus providenciou tal Arca 
de salvação para nós, a Sua Igreja é o nosso refúgio. 
Jesus, a Cabeça da Igreja da qual somos os 
membros, é um lugar para nos escondermos, nossa 
fortaleza e o nosso Libertador, um esconderijo 
contra o vento, e um refúgio contra a tempestade. 
Há sempre uma enchente de um tipo ou de outro 
nos ameaçando neste mundo. Agora isto é um 
dilúvio de tristeza que parece mesmo cobrir a nossa 
alma. Ainda, é um dilúvio de tentação varrendo 
contra nós, e prometendo nos levar junto com ele. 
Logo se torna um dilúvio de dúvidas e ansiedade 
que parece nos engolir. 
35 
Se queremos estar a salvo do dilúvio, devemos estar 
na Arca. Se quisermos aprender a suportar as nossas 
tristezas, nossas provações e lutos, pacientemente, 
se devemos vencer a tentação, se quisermos 
guardar a nossa fé forte e limpa, devemos buscar 
segurança em Cristo, devemos utilizar os meios da 
graça, devemos guardar a Arca da Igreja que é 
Cristo. As pessoas do velho mundo não iriam 
acreditar em Noé ou na arca. Eles duvidaram da 
promessa de Deus que a inundação viria, ou 
confiaram em seus próprios recursos para escapar 
caso ela viesse. Assim, nestes dias há muitos que se 
recusam a acreditar na Arca da Igreja. Eles tentam 
passar através das ondas deste mundo 
problemático em alguma arca de sua própria 
elaboração. Um homem confia na sua filosofia e sua 
aprendizagem, ele pensa que sabe mais sobre o 
mundo e os homens do que Deus que o criou; ele é 
muito inteligente para entrar na Arca da Igreja, ou 
para acreditar nas palavras da Bíblia, então ele 
tenta atravessar as cheias de perigo, julgamento e 
tentação em seu pequeno barco, e orienta o seu 
curso por seu próprio conhecimento, em vez de 
fazê-lo pela Palavra de Deus. Outro faz para si 
mesmo uma pequena arca, e toma para ser seu 
lema: "Eu não sei." Se você lhe perguntar se existe 
um Deus, ou a vida após a morte, ou uma condição 
de céu ou inferno, ele responde: "Eu não sei.” E ele 
se recusa a crer que ele faz o que não sabe, e com 
um tipo de insensatez como esta espera passar pelo 
dilúvio. Outro tenta fazer a viagem em algum barco 
36 
de sua própria concepção, e toma para o seu lema, 
"Eu não me importo." Ele não diz que descrê das 
promessas de Deus, ou de suas ameaças de punição, 
ele é simplesmente indiferente, ele não se importa. 
Estes naufragam na enchente de dúvidas, ou 
problemas, ou pecado. 
Em seguida, eu aprendo com essa história que Noé 
não teve medo de ser ridicularizado. Podemos estar 
certos que as pessoas ímpias que viram Noé se 
movendo dia após dia, na construção da arca, e o 
ouvindo pregar sobre a justiça e o juízo vindouro, 
escarneciam dele, e riam de suas palavras. Agora, 
há algumas armas mais poderosas do que o ridículo. 
Muitos jovens que suportariam a dor real sem um 
grito, têm tanto medo do riso dos seus 
companheiros, que abandonam suas orações e suas 
Bíblias, e vão se arruinar na companhia de 
zombadores ímpios. Muitos jovens ao entrarem no 
exército ou marinha, ou em algum lugar grande de 
negócio, têm se determinado a levar uma vida boa, 
para orar, ler a Bíblia, para se manterem sóbrios e 
castos, mas não foram capazes de se levantar diante 
das vaias e risos de seus companheiros, e por isso 
caíram. Muitas almas têm sido ridicularizadas para 
a perdição. Conheço muitos casos de jovens que 
entraram na vida, que desejavam viver como parte 
do povo de Cristo, e que tinham medo de mostrar 
suas cores por causa da zombaria de seus vizinhos. 
37 
Sempre haverá pessoas más, insensatas e 
impensadas para rirem de alguém como Noé, que 
continua fazendo o seu dever para com Deus. 
Algumas vezes os inimigos do homem são os da sua 
própria casa. 
Os parentes de Ló zombaram de suas advertências 
e não creram em suas palavras. Em muitas famílias, 
entre nós, as boas resoluções e zelo santo de um 
membro são desativadas e destruídas pelas 
zombarias dos outros. Se Noé tivesse medo do riso 
ele nunca teria terminado a arca e sido salvo. Se 
Colombo temesse o ridículo ele nunca teria 
perseverado, e descoberto o novo mundo. Se 
Stephenson tivesse temido a zombaria dos 
ignorantes ele nunca teria iniciado a fabricação de 
uma estrada de ferro. 
Meu irmão, não deixe que ninguém zombe de você 
fora da Arca da Salvação, nem levá-lo de volta para 
buscar um lugar melhor, isto é algo Celestial. Jovens 
e donzelas, vocês que temem mais o ridículo do que 
qualquer outra coisa, orem para que possam ser 
corajosos para fazer o que é justo a qualquer custo. 
Não sejam covardes, mas sejam como homens e 
mulheres maduros e lutem. Se outros lhes tentam 
para pecar, para seguir os maus caminhos deles, 
tome a firme decisão de ficar de pé e diga: "não", e 
aqueles que quiserem rir de você, deixe que o 
façam. Deus vai lhe dar a força necessária. Noé 
nunca poderia ter se mantido como ele fez, ano 
38 
após ano, mas pôde pela graça de Deus. Tente ser 
como Noé, e o Deus de Noé, que lembrou dele vai 
se lembrar de você. 
Também, eu aprendo com a história de Noé o dever 
de levar outros à salvação. Noé não pensava apenas 
em si mesmo e em sua própria segurança, ele teve 
o cuidado de obedecer ao mandamento de Deus 
"Vem tu e toda a tua casa na arca". 
Irmãos, não sejam egoístas em sua religião, que não 
pode ser a verdadeira religião, se é egoísta. Se você 
está apenas ansioso para garantir um lugar para si 
mesmo na Arca da Salvação, e indiferente se os seus 
vizinhos e parentes perecerem no dilúvio, a sua 
religião é falsa. Alguns de vocêsestão seguros na 
Arca da Igreja de Cristo, vocês obedecem aos 
mandamentos, vocês se professam cristãos, mas 
que será de sua família, ou seus amigos? Vocês 
estão contentes em estarem seguros na Arca, e os 
deixarão no terrível dilúvio do pecado do lado de 
fora? 
Os pais, empregadores, maridos, esposas, você 
tenta conduzir outros na Arca? Você, como Noé, 
oferece um sacrifício ao Senhor, em que sua família 
pode participar? Não podemos esperar que nossa 
casa seja piedosa, se a oração e louvor e ação de 
graças nunca são ouvidos dentro delas. Uma 
criança, certa vez perguntou a seu pai: "Deus está 
morto?" 
39 
"Não", foi a resposta, "por que você pergunta?" 
"Porque, quando mamãe estava viva, costumava 
orar a Deus, agora nós nunca o fazemos, e eu pensei 
que, talvez, Deus estivesse morto, assim como a 
mamãe." Ó, irmãos, coloquem suas casas sem 
oração em ordem, reúnam suas famílias para a 
oração, "venha e toda a sua família na Arca," Deus 
se lembrou de Noé, Deus vai se lembrar de você. 
Tradução e adaptação do Pr Silvio Dutra de um 
sermão de Harry John Wilmot – Buxton, em domínio 
público. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
9 - “Confie nele em todos os momentos." 
(Salmo 62.8) 
A fé é quase como o governo tanto da vida 
temporal quanto da espiritual; devemos ter fé em 
Deus para os nossos assuntos terrenos, bem como 
para os celestiais. 
É somente à medida que aprendemos a confiar em 
Deus para o provimento de toda a nossa 
necessidade diária que iremos viver acima do 
mundo. 
Nós não devemos ser ociosos, porque isto revelaria 
que não confiamos em Deus, que trabalha até 
agora, mas no diabo, que é o pai da preguiça. Não 
devemos ser imprudentes ou precipitados; que 
confiam no acaso, e não no Deus vivo, que é Deus 
cuidadoso e ordeiro. Agindo com toda a prudência 
e honestidade, estamos confiando de forma simples 
e inteiramente no Senhor em todos os momentos. 
Deixe-me recomendar a você uma vida de confiança 
em Deus nas coisas temporais. Confiando em Deus, 
você não será compelido a se entristecer porque 
você usou meios pecaminosos para enriquecer. 
Sirva a Deus com integridade, e se você não 
conseguir nenhum sucesso, pelo menos nenhum 
pecado irá residir sobre sua consciência. 
41 
Confiando em Deus, você não será culpado de 
contradizer a si mesmo. O que confia na tripulação, 
navega desta forma hoje, e também depois, como 
um navio sacudido pelo vento inconstante; mas 
aquele que confia no Senhor é como um navio 
movido a vapor, que corta as ondas, desafia o 
vento, e faz uma brilhante pista prateada atrás de si 
rumando para o seu porto de destino. 
Seja uma pessoa que vive com princípios interiores; 
nunca se curve aos diferentes costumes da 
sabedoria mundana. Ande em seu caminho de 
integridade com passos firmes, e mostre que você é 
invencivelmente forte na força que a confiança 
somente em Deus pode conferir. Assim, você será 
livrado de cuidados ansiosos, você não será 
incomodado com a má notícia, o seu coração estará 
firme, confiando no Senhor. 
Como é agradável flutuar ao longo do córrego da 
Providência! Não há nenhuma maneira mais 
abençoada de vida do que uma vida de dependência 
de um Deus que guarda a aliança. 
Nós não temos ansiedades, porque ele tem cuidado 
de nós; nós não temos nenhum problema, porque 
lançamos todos os nossos fardos sobre o Senhor. 
Texto de Spurgeon traduzido e adaptado por Silvio 
Dutra. 
 
42 
10 - A Fé Que nos Vem de Deus 
A fé não consiste apenas no assentimento da mente 
para com a verdade das promessas de Deus. Sem 
isto, não há fé. Mas isto por si só não é a fé da qual 
a Bíblia fala. 
Esta fé de mero assentimento é a fé que Satanás e 
os demônios possuem, porque eles sabem e creem 
que Deus é fiel em cumprir tudo o que tem 
prometido. E isto lhes causa dor porque não podem 
deixar de acreditar nisto. 
A verdadeira fé além de demandar o assentimento 
da mente, também exige o consentimento da 
vontade com toda a palavra revelada de Deus. 
O tipo de confiança em Cristo que a fé verdadeira 
possui é confiança em qualquer circunstância, 
tendo ou não tendo, sendo honrado ou humilhado, 
na saúde ou na enfermidade, nas perseguições 
sofridas por causa da prática ao evangelho e 
obediência à vontade de Deus. 
A fé verdadeira habitando na alma não gera 
obediência mecânica a Deus, mas por amor a Ele e à 
sua Palavra, no poder do Espírito Santo. 
A fé que nos vem como dom de Deus é purificada e 
aumentada nas experiências que temos com a 
43 
fidelidade, amor e poder de Deus em nós, nas 
tribulações e tentações que sofremos. 
Esta fé ilumina a nossa mente e espírito para 
entendermos a Palavra de Deus. 
A fé genuína nos leva a conhecermos a nossa 
pecaminosidade e a nossa necessidade da aceitação 
de Cristo para ser a nossa justiça, que é o único meio 
de sermos livrados da maldição, da condenação 
eterna e da ira de Deus. 
Por tudo o que foi afirmado até este ponto, 
podemos concluir que a fé não pode ser produzida 
pela vontade do homem, e por isso é necessário 
recebê-la como um dom de Deus, que não somente 
dá a fé, como também a mantém, aumenta e prova 
para que seja refinada. 
Esta fé que é dom de Deus é a única que nos habilita 
a recebermos a Cristo da forma pela qual convém 
ser recebido por nós, em todos os aspectos 
relacionados à nossa justificação, regeneração, 
santificação, comunhão e tudo o mais que temos 
por estarmos unidos a Ele pela fé. 
Todavia, ainda que uma pequena fé nos habilite a 
receber a justificação e a regeneração, somente 
pelo aumento da fé em graus podemos fazer 
progresso na santificação e no aumento da nossa 
comunhão com Deus. 
44 
Este aumento da fé em graus se refere ao seu 
fortalecimento, e isto não é obtido por meio de 
esforço mental para crer na fidelidade de Deus em 
suas promessas, especialmente em circunstâncias 
difíceis, mas no fechamento com a vontade Deus, 
sem recuar em praticar o que seja do Seu desagrado 
em toda e qualquer circunstância, por ter sido 
aperfeiçoado no conhecimento íntimo e pessoal 
com Jesus Cristo, experimentando de Sua presença 
fortificadora e consoladora em todas as situações 
da vida. 
Assim, o crescimento na graça, na fé e no 
conhecimento de Cristo depende de nossas 
experiências com a Palavra de Deus, sendo aplicada 
em nossas vidas pelo Espírito Santo, no decurso de 
nossa jornada terrena. 
Portanto, a firmeza nas tentações será tanto maior 
quanto maior for a nossa fé. Uma fé fraca nos levará 
a cair até mesmo em pequenas tentações. 
 
 
 
 
 
45 
11 - “Volta. E assim por sete vezes.” (I Reis 
18.43) 
O sucesso é certo quando o Senhor o tem 
prometido. Embora você possa ter suplicado mês 
após mês sem evidências de resposta, não é 
possível que o Senhor seja surdo quando seu povo 
é sincero numa questão que diz respeito à Sua 
glória. 
O profeta no cume do Carmelo continuou a lutar 
com Deus, e nunca por um momento deu lugar ao 
medo de que ele fosse rejeitado nos átrios de Jeová. 
Seis vezes o servo voltou, mas em cada ocasião, 
nenhuma palavra foi dita, apenas "Vá novamente." 
Nós não devemos sonhar com incredulidade, mas 
manter a nossa fé até mesmo setenta vezes sete. A 
fé manda a esperança voltar e olhar, expectante, do 
cume do Carmelo, e se nada for visto, ela a envia 
outra vez. Assim, longe de ser esmagada pelo 
desapontamento repetido, a fé é animada para 
pleitear com mais fervor com seu Deus. Ela é 
mantida humilde, mas não é envergonhada: seus 
gemidos são mais profundos, e seus suspiros mais 
veementes, mas ela nunca relaxa nem retira sua 
mão. 
Seria mais agradável à carne e ao sangue ter uma 
resposta rápida, mas as almas crentes aprenderam 
46 
a ser submissas, e acham bom esperar pelo Senhor 
e no Senhor. Respostas adiadas, muitas vezes põem 
o coração a sondar a si mesmo, e assim levam à 
contrição e à reforma espiritual: golpes mortais são 
assim desferidos na corrupção de nossa natureza 
decaída no pecado, e as câmaras de imagens 
mentais são purificadas. O grande perigo éque os 
homens desfaleçam e percam a bênção. 
Leitor, não caia nesse pecado, mas continue em 
oração e vigie. 
Por fim, a pequena nuvem foi vista, a indicação 
certa de torrentes de chuva, e assim também com 
você - certamente será dado o sinal para o bem, e 
você subirá como um príncipe que prevalece para 
desfrutar a misericórdia que você buscou. 
Elias era homem sujeito às mesmas paixões que 
nós: o seu poder com Deus não estava em seus 
próprios méritos. Se a sua oração da fé pôde tanto, 
por que não a sua? Suplique sob a cobertura do 
sangue precioso com insistência incessante, e lhe 
será feito de acordo com seu desejo. 
Texto de Charles Haddon Spurgeon, Traduzido e 
adaptado por Silvio Dutra. 
 
 
47 
12 - “Tudo é possível ao que crê." (Marcos 
9.23) 
Muitos cristãos professos estão sempre 
duvidando e temendo, e desalentados pensam que 
é esta, necessariamente, a condição dos crentes. 
Isso é um erro, pois "tudo é possível ao que crê", e 
é possível para nós, alcançarmos um estado no qual 
haverá a dúvida ou o medo, mas como um pássaro 
esvoaçando a alma, e nunca permanecendo na 
mesma. 
Quando você lê sobre as elevadas e doces 
comunhões experimentadas por santos agraciados, 
você suspira e sussurra no recôndito do seu coração: 
"Ai de mim! isto não é para mim." 
Oh alpinista, se tu tens fé, tu porás o teu pé sobre o 
pináculo ensolarado do templo, porque "tudo é 
possível ao que crê." 
Você ouve sobre proezas que homens santos têm 
feito para Jesus - pelo que alcançaram testemunho 
de tê-lo agradado; ouve sobre o quanto eles têm 
sido semelhantes a ele, como foram capazes de 
suportar grandes perseguições por causa dele, e 
você diz: "Ah! Quanto a mim, eu sou apenas um 
verme, nunca poderei alcançar isto." Mas não há 
nada que um santo tenha sido que você não possa 
ser. Não há nenhum crescimento na graça, 
48 
nenhuma realização espiritual, nenhuma certeza de 
segurança, nenhuma atribuição de dever, que não 
estejam abertos para você caso tenha apenas o 
poder de crer. Deixe de lado a sua veste de saco e 
cinzas, e suba para a dignidade da sua posição 
verdadeira, você é pequeno em Israel, porque você 
se fez assim, não porque haja alguma necessidade 
para isso. 
Não é bom que tu deverias ser achado rastejando 
no pó, ó filho de um Rei. Eleve-se! O trono de ouro 
da segurança está esperando por você! A coroa da 
comunhão com Jesus está pronta para ornamentar 
a tua fronte. Vista-se de fino linho escarlate, e 
caminhe suntuosamente todos os dias, porque se 
cresses, tu poderias comer do melhor; tua terra 
manaria leite e mel, e a tua alma se fartaria, como 
de tutano e de gordura. 
Reúna feixes dourados da graça, pois eles esperam 
por ti no campo da fé. "Tudo é possível ao que crê." 
Texto de autoria de Charles Haddon Spurgeon, 
traduzido e adaptado pelo Pr Silvio Dutra. 
 
 
 
 
49 
13 - Fé, Crer e Confiar 
O texto de Habacuque 2.4, no qual se diz que o justo 
viverá pela sua fé, tem esta palavra “fé” vertida do 
hebraico emunah, que ocorre em outras 48 
passagens do Velho Testamento com o significado 
de ofício ministerial ou fidelidade, e isto é muito 
instrutivo para entendermos que a qualidade de fé 
aludida pelo profeta, e que nos justifica para a vida 
eterna que está em Cristo Jesus, tem este caráter de 
fidelidade a Deus e de o servirmos ministerialmente 
conforme o ofício que tiver designado a nós. 
A fé salvífica bíblica, que é um dom de Deus, tem 
sempre a propriedade de gerar em nós esta ligação 
com Deus para que o sirvamos em fidelidade. 
Daí, etimologicamente, nossa palavra portuguesa fé 
vem do latim fides, raiz de fidelidade. 
Mas no original grego do Novo Testamento temos 
pistis, cujo sentido é bem mais amplo, pois significa 
crer, confiar, assentir e concordar com algo como 
sendo verdadeiro, ficar firme e seguro 
Então, sempre que pensarmos na fé, ou falarmos da 
fé que procede de Deus, devemos ter em conta que 
não estamos tratando com algo que seja 
simplesmente nocional, ou uma afirmação de 
crença em algo ou alguém que não opere 
eficazmente no nosso interior, e que não nos 
50 
conduza a buscar um aumento progressivo desta fé, 
pois ela sempre tem este caráter de busca de 
crescimento, pois o crescimento na graça e no 
conhecimento de Jesus é proporcional ao 
crescimento na fé, porque ela é o instrumento de 
recepção das graças e da intimidade com Deus. 
O povo de Israel nos dias do Velho Testamento, 
apesar de ser o povo da aliança, e ter recebido a 
revelação da Palavra de Deus, não chegou a 
alcançar em sua grande maioria, e em todas as 
gerações, o descanso de Deus, ou seja, a salvação da 
alma pela comunhão com Ele, pois segundo o autor 
de Hebreus, “a palavra da pregação nada lhes 
aproveitou, porquanto não estava misturada com a 
fé naqueles que a ouviram.”(Hebreus 4.2). 
Quantas vezes se afirma no texto bíblico que eles 
creram em Deus e nos sinais que Ele fazia, e no 
entanto isto de nada lhes aproveitou porque tinham 
uma fé morta, uma crença nocional, e não uma 
confiança e certeza interna na pessoa de Deus, que 
os levasse a observar os Seus mandamentos, a 
temê-lo e a Sua Palavra, por um firme impulso 
espiritual em seus corações. 
Por isso Deus não se fiava a eles pois bem conhecia 
a incredulidade dos seus corações. Tinham uma fé 
de boca mas não de coração. 
51 
O apóstolo Paulo ensina em Romanos 10 que é por 
se crer em Cristo no coração que somos salvos, e 
não simplesmente por confessar com nossos lábios 
que Ele é o Salvador e Senhor. 
Não é forçoso pois reconhecer que a vida de fé em 
toda a sua plenitude, em todas as nações da terra, e 
não apenas em Israel, estava reservada para a 
dispensação da graça - para a glória e honra de Jesus 
Cristo, por quem recebemos a bênção de habitação 
do Espírito que fora prometida desde os dias de 
Abraão (Gál 3.14). 
Esta fé evangélica é fruto do Espírito Santo que 
habita nos crentes (Gál 4), de modo que pode-se 
dizer que a rigor, a vida de fé dos crentes esperada 
por Deus haveria de ter cumprimento somente 
depois que o Espírito Santo fosse derramado para 
que o evangelho fosse anunciado em todas as 
nações. De modo que se afirma em Gálatas 3.23: 
“Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados 
debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se 
havia de manifestar.” 
Temos então a fé no Novo Testamento não apenas 
ligada à ideia de crer e confiar, pois ela é 
apresentada como algo que recebemos do alto, algo 
que não se encontrava inerentemente em nós, algo 
vivo e operante que realiza toda a dinâmica da vida 
espiritual e celestial em nós. 
52 
Tal é o caráter da fé no Novo Testamento que em 
muitas passagens bíblicas ela é citada como fé 
objetiva, a saber, como sendo o próprio sistema do 
evangelho em sua totalidade, como incorporado à 
vida do crente, e não apenas como sendo o dom 
subjetivo que opera no interior do crente levando-o 
a experimentar o que é espiritual, celestial e divino. 
Graças a Deus, portanto, por nos ter dado Jesus 
Cristo e esta fé que nos mantém firmemente ligados 
a Ele em espírito. 
Graças a Deus por nos ter dado o Espírito Santo 
porque é Ele quem opera esta fé em nós. Sem a 
habitação do Espírito Santo não poderíamos ter 
esta qualidade de fé que nos desvenda e introduz 
aos mistérios da pessoa de Deus. 
 
 
 
 
 
 
 
53 
14 - Alegria e Paz em Crer 
Parte introdutória de um sermão de Charles Haddon 
Spurgeon, traduzida e adaptada pelo Pr Silvio Dutra. 
"O Deus de esperança vos encha de toda alegria e 
paz no vosso crer." (Romanos 15.13) 
A alegria e a paz, embora eminentemente 
desejáveis, não são evidências infalíveis de 
segurança. Há muitas pessoas que têm grande 
alegria e muita paz, e que não são salvas. Sua alegria 
brota de um erro, e sua paz é a paz falsa que não 
descansa sobre a rocha da Verdade Divina, mas 
sobre a areia de sua própria imaginação. 
Eu não devo inferir porque o calor do sol está em tal 
e tal grau, que, portanto, devo necessariamente 
saltar de alegria. E, por outrolado, temos tido dias 
muito frios, e assim, a alegria e a paz são como dias 
bem ensolarados que vêm para aqueles que não 
têm fé e que estão no inverno de sua incredulidade, 
e dias estes que podem nem sempre visitar vocês 
que creem. Ou se tais dias ensolarados vêm, eles 
não podem perdurar, pois pode haver tempo frio 
em alguma tristeza e aflição de espírito, mesmo 
para uma verdadeira alma que crê em Cristo. 
Entenda que você não deve olhar para a posse da 
alegria e da paz como sendo uma consequência 
absolutamente necessária da sua salvação. Um 
54 
homem pode estar no bote salva-vidas, mas este 
bote pode ser tão sacudido que ele ainda pode 
sentir-se extremamente angustiado e pensar que 
ainda se encontra em perigo. Não é o seu senso de 
segurança que o torna seguro – ele está seguro 
porque está no bote salva-vidas - se ele está sensato 
disto ou não. Entenda, então, que a alegria e a paz 
não são infalíveis ou evidências indispensáveis de 
segurança, e que elas não são certamente 
evidências imutáveis. 
Os cristãos mais brilhantes perdem a sua alegria - e 
alguns daqueles que se destacam bem nas coisas de 
Deus, e que, no entanto, entretêm muitas suspeitas 
acerca de si mesmos. 
Alegria e paz são os elementos de um cristão, mas 
ele está, por vezes fora do seu elemento. Alegria e 
paz são o seu estado normal, mas há momentos 
quando, com lutas por dentro e guerras por fora, 
sua alegria se vai e a sua paz é quebrada. As folhas 
da árvore provam que a árvore está viva, mas a 
ausência de folhas não vai provar que a árvore está 
morta. 
A verdadeira alegria e paz podem ser evidências 
muito satisfatórios, mas a ausência de alegria e de 
paz, durante determinadas épocas do ano, muitas 
vezes pode ser contabilizada em alguma outra 
hipótese do que a de não haver fé. E, mais uma vez, 
peço-vos, queridos amigos, para não buscarem a 
55 
alegria e a paz como a primeira e principal coisa. 
Seja vossa oração: "Senhor, dá-me conforto, mas 
dá-me segurança em primeiro lugar. Impeça que eu 
ache conforto com exceção de Sua mão direita." 
Acredite que seria melhor para você seguir toda a 
sua vida na escuridão e terminar na vida eterna e na 
luz, do que desfrutar muito do que você pensava ser 
a alegria celeste aqui, e, em seguida, ir para as 
trevas exteriores, onde há pranto e ranger de 
dentes. Não andem ansiosos para serem felizes, 
mas sejam mais ansiosos para serem santos. Sejam 
desejosos da paz, mas sejam mais desejosos, ainda, 
de ter uma boa esperança através de Cristo - Aquele 
através do qual a paz pode fluir. 
(Nota do tradutor: Entendemos, portanto, que a 
alegria e a paz que eram esperadas pelo apóstolo 
que fossem concedidas por Deus àqueles que creem 
em Cristo, são aquelas que são decorrentes da 
esperança que temos por meio da fé no Senhor, a 
qual é firme e segura (Hb 6.18,19); por conseguinte, 
são constantes e eternas, independentemente de 
nossas circunstâncias presentes – daí o apóstolo se 
referir a Deus no texto de Romanos 5.13, como 
sendo o Deus de esperança. Não se trata de uma 
alegria e paz que são geradas por nós mesmos, por 
nossos sentimentos e emoções, mas a certeza 
interior da bem-aventurança que recebemos da 
parte de Deus pela Sua graça e misericórdia, e 
mediante e simplesmente pela nossa fé em Cristo – 
56 
alegria e paz que percebemos que possuímos 
quando andamos por fé e não por vista – daí o 
apóstolo afirmar que isto nos é concedido no nosso 
crer – alegria e paz que são fruto do Espírito Santo, 
e cuja evidência atestamos portanto, quando 
andamos no Espírito.) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
57 
15 - A Fé Atua Pelo Amor 
Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, 
traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra. 
"A fé que atua pelo amor." (Gálatas 5.6) 
Todas as formas de justificação pelas obras 
humanas e as formas exteriores são deixadas de 
lado pelo Apóstolo. Em uma única frase ele fecha 
cada estrada que é moldada pelo homem e abre o 
caminho do Senhor, o único caminho da salvação 
que é pela graça mediante a fé em Cristo Jesus. 
Alguns esperam ser salvos pelo ritualismo, mas suas 
esperanças são quebradas com estas palavras: 
"nem a circuncisão para nada aproveita." Por outro 
lado, muitos estão confiando em sua liberdade de 
todas as cerimônias e colocam a sua confiança em 
uma espécie de antiritualismo, eles são atingidos 
pelas palavras, "nem a incircuncisão." 
Se pensarmos que as coisas exteriores irão nos 
salvar porque elas são biblicamente simples, vamos 
errar tanto quanto aqueles que multiplicam os seus 
cultos lindos e procissões pomposas. Paulo diz: 
"nem a circuncisão para nada aproveita", mas ele 
não para por aí, pois acrescenta, "nem a 
incircuncisão." O exterior, seja decorado ou sem 
adornos, seja fixo ou livre, não pode salvar - a única 
58 
coisa que pode nos salvar é a fé em Jesus Cristo, a 
quem Deus propôs como propiciação pelo pecado. 
A fé nos põe em contato com a fonte de cura e por 
isso a nossa doença natural é removida. Ela se 
apropria, em nosso favor, do resultado do serviço e 
sacrifício do Redentor e por isso nos tornamos 
aceitos nEle. Mas qualquer coisa menos do que isso 
deve ser deixada - isto é o rompimento do 
vestuário, enquanto o coração está inquebrantável 
- a lavagem do exterior do copo e do prato, 
enquanto a parte interna está cheia de imundícia. O 
Apóstolo, no entanto, faz mais do que 
simplesmente condenar outros fundamentos além 
do da fé, pois distingue aqui entre a fé, em si, e suas 
muitas imitações. Não é todo o tipo de fé que vai 
salvar a alma. 
A verdadeira fé, sem dúvida, salvará um homem 
ainda que ela seja como um grão de mostarda. Mas 
deve ser a verdadeira fé - a prata genuína e não um 
mero artigo banhado em prata. "O dinheiro 
responde a todas as coisas", diz o sábio, mas então 
deve ser a moeda corrente do reino, porque o 
dinheiro falso para nada servirá, exceto para 
condenar o homem que o tem em sua posse! A 
verdadeira fé nos salvará, mas falsificações irão 
aumentar a nossa conta e risco. A Segurança é de 
Deus, mas a presunção é do diabo. A prova da 
verdadeira fé é que ela trabalha - "a fé que atua", 
diz o texto. Para o efeito, deve, antes de tudo, ser 
59 
viva, pois está claro que uma fé morta não pode 
trabalhar. Deve haver coração em nossa fé e o sopro 
do Espírito de Deus nela, ou não será a fé viva de um 
filho vivo de Deus. 
Sendo viva, a verdadeira fé não dormirá, mas deve 
estar desperta, uma vez que o sono é um primo da 
morte. A fé torna-se ativa e vigilante, e em sua 
atividade encontra-se muito de sua prova. "Pelos 
seus frutos os conhecereis" é uma das próprias 
regras de Cristo para os homens – conhecemos a fé 
por aquilo que resulta dela - pelo que ela faz por nós 
e em nós e através de nós. Não vale a pena ter fé, se 
é infrutífera. Ela tem um nome de que vive mas está 
morta. Se ela não funciona não pode justificar a sua 
posse. Um deus morto pode ser servido por uma fé 
morta, mas apenas uma viva, despertada e atuante 
fé pode agradar ao sempre vivo e operante Jeová. 
"Não foi somente por palavras que custou ao 
Senhor comprar o perdão para o seu povo. 
Tampouco será uma alma restaurada somente por 
palavras do Salvador.” 
Uma outra distinção também é apresentada, ou 
seja, que a verdadeira fé "opera pelo amor." Há 
alguns que fazem muitas obras como o resultado de 
uma espécie de fé que, no entanto, não são 
justificados. Como por exemplo, Herodes, que 
acreditou em João e fez muitas coisas e ainda matou 
seu ministro. Sua fé funcionou, mas funcionou por 
60 
medo e não por amor e ele temia a linguagem do 
segundo Elias e os julgamentos que viriam sobre ele 
se ele rejeitasse as suas advertências, e assim sua fé 
trabalhou através do medo. 
O grande teste do funcionamento da fé salvadora é 
este: que "opera pelo amor." Se você é conduzido 
por sua fé em Jesus Cristo por amá-Lo e assim servi-
Lo, então você tem a fé dos eleitos de Deus. Você é, 
então, sem dúvida, um homem salvo e pode seguir 
o seu caminho ese alegrar na liberdade com que 
Cristo o libertou. 
Será uma alegria para você servir ao Senhor, porque 
o amor é a mola mestra do seu serviço. 
Então, a FÉ sempre produz AMOR - "A fé que opera 
pelo amor." As duas graças divinas são inseparáveis. 
Como Maria e Marta, elas são irmãs e permanecem 
juntas em sua casa. A fé, como Maria, senta-se aos 
pés de Jesus e ouve as Suas palavras e então o amor 
vai atuar diligentemente sobre a casa e alegrar-se 
em honrar o Senhor Divino. A fé é a luz, enquanto o 
amor é o calor e em cada feixe da Graça do Sol da 
Justiça, você vai encontrar uma medida de cada um. 
A verdadeira fé em Deus não pode existir sem o 
amor a Ele, nem o amor sincero, sem a fé. Eles estão 
unidos como gêmeos siameses, e onde você 
encontra um pode ter a certeza de que o outro está 
presente. 
61 
Isso acontece por uma necessidade da própria 
natureza da fé. No momento em que um homem crê 
em Jesus Cristo, ele o adora em consequência disto. 
Porque confiar no Cordeiro que sangrou por nós e 
não amá-lo é uma coisa que não se pode imaginar! 
Assim, a fé recebe as promessas e o amor alimenta 
o fruto delas. Ela faz isso ainda mais docemente pela 
familiaridade com Deus que ela gera no coração, 
pois a fé é o hábito de ir a Deus com todas as suas 
cargas e voltar com a sua carga removida. A fé tem 
a prática diária de suplicar promessas junto a Deus, 
falar com Ele face a face como um homem fala com 
seu amigo e recebe favores da mão direita do 
Altíssimo! A fé começa com Deus pela manhã, como 
Abraão fez, e caminha com Ele no campo à noite, 
como Isaque. A fé abriga-se com Deus como a 
andorinha que construiu seu ninho sob o beiral do 
telhado do templo. A vida da fé está em Deus, assim 
como a vida de um peixe está no mar. 
O seio de Jesus Cristo é o travesseiro da fé e o 
coração de Deus é o pavilhão da fé. Porque a fé 
assim nos mantém perto de Deus, é que nos leva a 
amá-Lo. Oh, pobre alma cega, se você pudesse ver 
Jesus, você iria amá-Lo! Vocês que mais se opõem a 
Ele se tornariam Seus amigos! Não é possível para 
um crente estar na companhia de Cristo por uma 
hora que seja sem sentir seu coração aquecido. 
62 
Porque a fé, portanto, faz-nos familiarizados com o 
nosso Senhor Divino, deve inevitavelmente 
produzir amor na alma. 
Assim, o santo e o Salvador crescem unidos depois 
de anos de convivência –crescemos nEle em todas 
as coisas, pois é a Cabeça. Oh que nossa semelhança 
a Cristo seja tão clara e completa como nossa 
semelhança com os nossos queridos companheiros 
aqui embaixo! Você vê como o amor é assim nutrido 
na alma por uma semelhança cada vez maior de 
disposição. Onde quer que haja simpatia de gosto, 
mente, visão, e espírito, o amor torna-se forte e 
bem estabelecido. E, assim, a fé, por gerar em nós 
semelhança a Cristo, leva-nos a amar a Cristo para 
se tornar um grande poder na alma! 
O amor deve ser livre, ele não pode ser comprado 
ou forçado. Se você crê, você vai adorar. Se você não 
crê, nunca vai amar até que você creia. Vá à raiz da 
questão. Não tente fazer crescer o jacinto de amor 
sem o bulbo da fé. 
Deixe-me agora fazer uma observação – o AMOR é 
totalmente dependente da FÉ. "A fé que atua pelo 
amor." O amor, então, não funciona por si só, 
exceto na força da fé. O amor é tão inteiramente 
dependente da fé que, como eu já disse, não pode 
existir sem ela! Pode haver uma admiração do 
caráter de Cristo, mas a emoção que a Escritura 
trata como "amor", só vem ao coração quando nós 
63 
confiamos em Jesus. "Nós amamos porque Ele nos 
amou primeiro." O amor a Jesus não pode existir 
sem a fé nEle. 
Certamente o amor não pode desabrochar exceto 
quando a fé floresce. Se você duvidar de seu Senhor, 
você vai pensar em coisas duras acerca dEle e 
deixará de amá-lo como deveria. Se você cair em 
apuros e você duvidar de Sua sabedoria, ou da Sua 
bondade, a próxima coisa que vai ocorrer é que seu 
coração vai ficar frio em relação a Ele - você vai 
começar a pensar que seu Senhor é tirânico e cruel 
e lutará com Ele. As duas Graças devem diminuir ou 
aumentar juntas! Se você alcançar uma confiança 
simples e infantil que se apoia em Cristo como um 
bebê no colo de sua mãe repousa inteiramente no 
seu cuidado, então o seu amor será perfeito! 
Como Jesus nos amou, assim também devemos 
amar uns aos outros. E como Ele amou o Pai e por 
amor do Pai, para que Ele pudesse glorificá-Lo, 
cumprindo a Lei e fazendo-se um sacrifício por nós, 
assim também, devemos estar dispostos a dar nossa 
vida pelos irmãos e para a glória e honra do Pai. 
O amor é a essência de toda boa obra. Se há alguma 
virtude, zelo, consagração ou santa ousadia, sua 
essência é o amor. Todas as grandes obras que os 
heróis da Cruz apresentaram são compostas do 
metal sólido de amor a Jesus Cristo. Seja ela grande 
ou pequena, aquele que tem servido a Deus 
64 
corretamente sempre trouxe para dentro do 
santuário uma oferenda de amor puro comparável 
ao ouro de Ofir. 
A falta de confiança mútua na vida conjugal é a 
morte do amor, mas o amor expulsa qualquer 
suspeita relativa ao amado querido e fiel. Mesmo 
quando se supõe que há um erro, o amor o coloca 
para baixo e conclui que pode haver uma sensação 
de que ele está certo, pois o amor tudo crê, tudo 
suporta e não vai tolerar a desconfiança que sabe 
ser um verme no âmago do coração. Então você vê, 
que onde há um grande amor de Cristo, ele proíbe a 
dúvida e, assim, mata as raposas de desconfiança 
que estragam as vinhas da fé. O amor a Jesus sente 
que seria melhor desconfiar de todos os homens e 
anjos do que duvidar do querido Redentor, que 
derramou Seu sangue para provar o seu 
amor! Além disso, o perfeito amor lança fora o 
medo, porque o medo tem tormento e o perfeito 
amor lança fora o medo - a fé tem espaço para 
mostrar a sua força. O amor não aprendeu a ter 
medo, nem vai permitir que o trabalho da fé 
diminua e se torne o trabalho de um escravo. 
O amor dá coragem e é ainda muito reverente – 
reverência familiar. Calafrios não são para os filhos 
de Deus – eles são chamados à íntima comunhão 
com o Pai celestial e o lugar de encontro deles não 
é no Sinai, mas no Calvário! 
65 
Oh Amado, esta é a alegria do amor, que nos traz a 
tão estreita comunhão pessoal com Deus em Jesus 
Cristo! Estamos familiarizados com Ele e confiamos 
nEle implicitamente. Oh, queridos amigos, confiem 
no seu Deus em tudo! Confiem nEle nas pequenas 
coisas! Confiem nEle em grandes coisas! Confiem 
nEle em suas alegrias para mantê-los sóbrios! 
Confiem nEle em suas tristezas para mantê-los livres 
de desespero! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
66 
16 - Como Vem a Fé 
Partes de um sermão de Charles Haddon Spurgeon, 
traduzidas e adaptadas pelo Pr Silvio Dutra. 
"E muitos samaritanos daquela cidade creram nele, 
pela palavra de testemunho da mulher, que 
anunciara: Ele me disse tudo quanto tenho feito. 
Vindo, pois, os samaritanos ter com Jesus, pediam-
lhe que permanecesse com eles; e ficou ali dois dias. 
Muitos outros creram nele por causa da sua palavra, 
e diziam à mulher: já agora não é pelo que disseste 
que nós cremos; mas porque nós mesmos temos 
ouvido e sabemos que este é verdadeiramente o 
Salvador do mundo. (João 4.39-42) 
Onde existe fé, é dom de Deus. É uma planta que 
nunca brota espontaneamente do solo da natureza 
humana corrompida. Quer se trate de pouca fé ou 
uma grande fé, é igualmente de origem divina, e 
onde quer que seja encontrada: se no filho de pais 
piedosos que foi criado com o maior cuidado, ou em 
alguém que viveu toda a primeira parte de sua vida 
no mais vil pecado é igualmente o fruto do Espírito 
Santo, e o efeito da Graça de Deus. 
Lançando os olhos sobre todo o mapa da Palestina, 
poderia ser dito que Samaria era provavelmente um 
lugar tão improvável como qualquer outro em todo 
o país no qual pudéssemos esperar encontrar 
67 
seguidores do Senhor Jesus, pois, os samaritanos, 
por preconceito, não acreditariam em um judeu. 
Eles nem sequer ouviam um judeu, pois,enquanto 
os judeus não se comunicavam com os samaritanos, 
os samaritanos retribuíam o sentimento e não 
tinham relações com eles. No entanto, foi entre os 
samaritanos, em que o judaísmo se deteriorou, que 
Cristo encontrou um grande número de seus 
seguidores! 
O Senhor sabe que o solo onde a semente do Reino 
é semeada pode estar na melhor condição para a 
fecundidade, mesmo quando imaginamos que não 
pode nos dar qualquer retorno para o nosso 
trabalho. Se a fé é a obra de Deus, uma coisa 
sobrenatural, como certamente é, o que você tem e 
eu de julgarmos de acordo com as aparências 
naturais? 
A fé genuína pode, por timidez, ficar escondida por 
um tempo, ou, possivelmente, o amor carnal pode 
levar alguns a esconderem a sua fé em Cristo. Mas é 
da própria natureza da fé que ela deve fazer a sua 
aparição conhecida e sentida. 
Nosso Senhor sempre colocou, lado a lado com a fé 
que salva, o dever de confissão de fé. Suas palavras 
são: "Aquele que crer e for batizado será salvo." E 
Paulo, guiado pelo Espírito Santo, escreveu: "Se 
você confessar com a sua boca o Senhor Jesus, e em 
68 
teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os 
mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê 
para a justiça e com a boca se faz confissão para a 
salvação." 
Então, esses samaritanos, quando vieram a crer em 
Jesus, confessaram sua fé e eles fizeram isso, 
dizendo: "Agora nós acreditamos." 
Evidentemente, essas pessoas não receberam o 
testemunho da mulher, embora outros o fizeram. 
Eles a ouviram e foram suficientemente movidos 
por ela para sair e ver o Mestre de quem ela falava, 
mas eles não foram levados à fé por ela. Talvez eles 
até lutaram com ela e levantaram questões, mas, 
enfim, para sua grande alegria, disseram-lhe: 
"Agora nós acreditamos." Temos deixado a 
escuridão, a dúvida e a dificuldade. E “agora nós 
acreditamos." 
Creio que havia lágrimas nos olhos daquela pobre 
mulher quando ela disse aos homens: "Você se 
lembra que tipo de pessoa eu costumava ser, e 
você vê a mudança que foi trabalhada em mim. 
Você sabe que eu sempre falava diretamente o que 
eu acreditava, e este homem abençoado, que leu a 
minha própria alma, é o Cristo! Sei que Ele é. Então, 
por que você não acredita no que eu digo sobre 
ele?" 
69 
Neste anúncio de fé, eu quero que você observe, 
também, que foi muito rápido. O Senhor Jesus 
Cristo esteve naquele lugar, somente durante dois 
dias, de modo que aqueles que disseram: "Agora, 
nós acreditamos", devem ter testemunhado muito 
rapidamente depois que eles acreditaram. 
De acordo com o claro ensino da Escritura: "A fé 
vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus." Mas 
a fé não é sempre criada no coração do homem pelo 
mesmo tipo de instrumentalidade. Ela é sempre o 
fruto do Espírito de Deus, mas opera de maneiras 
diferentes. Alguns desses samaritanos creram por 
causa da palavra da mulher e, suponho que na Igreja 
cristã, um número muito grande deriva sua fé 
através do poder do Espírito de Deus, a partir do 
testemunho pessoal de outras pessoas que foram 
convertidas. Agora olhem, queridos amigos, todos 
vocês, para esta mulher, e sejam encorajados a usar 
o seu testemunho pessoal de Cristo! Ela era a mãe 
espiritual de muitos crentes Samaritanos, no 
entanto, ela fora uma mulher de mau caráter. Um 
mau cheiro estivera sobre seu nome, todo mundo 
em Sicar deve ter olhado para ela como uma pessoa 
perigosa, de amor inconstante e de falta de 
maneiras e ainda, depois de ter encontrado Cristo, 
ela não hesita em dizer a seus vizinhos sobre Ele e 
Deus não se recusou a abençoar o seu testemunho! 
70 
Aqui estava uma pobre mulher caída e ainda, depois 
de sua conversão, ela se tornou um missionário de 
Cristo para a cidade de Sicar! 
Se você perguntar: "Qual será a minha mensagem?" 
Deixe sua mensagem ser o seu próprio testemunho 
pessoal, o que você tem, você mesmo, viu, ouviu, 
provou, manuseou e sentiu da boa Palavra de Deus. 
Eu não suponho que essa mulher arrumou um 
sermão com três divisões, ou que ela tinha uma 
introdução e uma conclusão e tudo o mais, mas ela 
só foi aos homens da cidade e disse: "Vinde ver um 
homem que me disse tudo que eu tenho feito –não 
é este o Cristo?" Esse era o seu pequeno sermão e 
quantas vezes ela repetiu uma e outra vez, ela falou 
e deu à luz o seu testemunho pessoal, e por isso ela 
trouxe os homens de Sicar a Cristo. 
Você vai ter ouvintes atentos quando você falar 
sobre suas próprias relações com Cristo, as 
maravilhas que Cristo tem trabalhado em você e 
para você, e que você pode testemunhar, porque 
são a sua própria experiência! 
Entretanto, muitos não creram por este meio, senão 
por ouvirem a Palavra de Deus ungida pelo Espírito, 
como ocorreu com muitos em Samaria, ao ouvirem 
o Evangelho de dos próprios lábios de nosso Senhor 
Jesus Cristo, naqueles dois dias em que havia 
permanecido com eles. 
71 
17 - A Corda e a Caçamba 
“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede 
vós também santos em todo o vosso 
procedimento”. I Pe 1.15 
É a fé que misturada com a boa nova na palavra do 
evangelho, que produz os efeitos esperados por 
Deus na transformação do nosso viver. 
Portanto, estas duas coisas devem caminhar juntas, 
a saber: a fé e a Palavra, porque se ajudam 
mutuamente, porque não há fé sem ouvir a 
pregação da Palavra, e não há verdadeira pregação 
da Palavra que não seja acompanhada pela fé. 
E esta mistura de fé com Palavra mistura-se 
também com a alma do crente transformando-se 
em graça e poder que santificam a sua vida. 
Portanto, quando alguém não é santificado na 
Igreja, não é porque haja falta de poder inerente na 
própria Palavra, mas porque não há fé naquele que 
a ouve. Ou então não há nenhuma Palavra 
verdadeira sendo pregada com vida pela unção do 
Espírito. 
Esta fé não se resume apenas ao ato de crer naquilo 
que está escrito, nas promessas do Senhor na Bíblia, 
mas incorporá-las à nossa vida, por uma santa 
72 
disposição em se consagrar inteiramente a Deus 
para honrá-lo e fazer a Sua vontade. 
É requerida, uma união da mente com a verdade da 
Palavra, para que haja uma verdadeira santidade. 
Onde isto não estiver presente as pessoas 
continuarão vivendo de acordo com as próprias 
imaginações e vontades, sem qualquer 
conhecimento verdadeiro experiencial de Deus em 
suas vidas. 
A mente natural não pode receber os dons de Deus 
porque se manifestam somente numa mente 
renovada pelo Espírito, que pode discernir as coisas 
espirituais. 
Daí a necessidade da existência de uma fé viva, 
operante, ativa, para que se possa conhecer e 
praticar a vontade de Deus. 
A fé é o firme fundamento das coisas que se 
esperam. Estas coisas que são esperadas, são 
também aquelas que se esperam de nós conforme 
a verdade revelada. 
Estão incluídas, também e principalmente, a plena 
certeza quanto às promessas contidas nas Escrituras 
sobre o poder do Espírito que nos transformará e 
operará toda a vontade de Deus para a Sua Igreja 
através da nossa instrumentalidade pelo canal da 
fé. 
73 
Não se pode portanto, viver aquilo que Deus espera 
de nós, sem uma fé autêntica e que seja aumentada 
cada vez mais em graus. 
Porque uma fé pequena não poderá nos conduzir a 
toda a plenitude de Deus, conforme é a Sua 
expectativa para todos os Seus filhos. 
Devemos ter em consideração que uma fé que 
aumente em graus destruirá o pecado na mesma 
proporção do tamanho progressivo que esta fé 
alcance, e daí entendermos que à medida que 
avance o tamanho da fé, maior é a intensidade da 
comunhão com Deus e da santificação da vida. 
À medida que ocorre o despojamento progressivo 
do velho homem, pelo aumento da fé, e pela 
renovação da mente pela Palavra da verdade, 
aumenta também a manifestação da nova vida 
recebida, a vida da nova criatura em Cristo, e isto se 
traduz em aumento da plenitude de Deus no nosso 
próprio ser. 
Permanecer vivendo na carne, segundo o homem 
natural, que está em inimizade contra Deus, 
impossibilita portanto, o aumento da fé e da 
santificação.

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