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Dissertação_Eleonor-Shuchardt

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ELEONOR SCHUCHARDT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bullying e algumas propostas de ações de enfrentamento 
dessa problemática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MESTRADO EM EDUCAÇÃO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNISAL 
AMERICANA – SP 
2012 
 
 
ELEONOR SCHUCHARDT 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bullying e algumas propostas de ações de enfrentamento 
dessa problemática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UNISAL 
AMERICANA – SP 
2012 
Dissertação apresentada ao Centro 
Universitário Salesiano de São Paulo, 
como requisito parcial para obtenção 
do título de Mestre em Educação, sob 
a Orientação da Profª Drª Renata 
Sieiro Fernandes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Schuchardt, Eleonor 
S415b Bullying e algumas propostas de ações de enfrentamento dessa 
problemática / Eleonor Schuchardt. – Americana: Centro 
Universitário Salesiano de São Paulo, 2012. 
 83 f. 
 Dissertação (Mestrado em Educação). UNISAL – SP. 
 Orientadora: Profª Drª Renata Sieiro Fernandes. 
 Inclui bibliografia. 
 1. Violência escolar. 2. Bullying. 3. Educação – Brasil. 
 I. Título. 
 CDD – 371.58 
 Catalogação elaborada por Maria Elisa Pickler Nicolino – CRB-8/8292 
 Bibliotecária Chefe do UNISAL – Unidade de Ensino de Americana. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Eleonor Schuchardt 
 
Bullying e algumas propostas de ações de enfrentamento dessa problemática 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso defendido e aprovado em __/__/__, pela 
comissão julgadora. 
 
 
 
 
_____________________________ 
Profª Drª Renata Sieiro Fernandes 
 UNISAL 
 
 
 
 
 
___________________________________ 
Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda 
UNISAL 
 
 
 
 
_____________________________________ 
Profª Drª Regiane Aparecida Rossi Hilkner 
 MEMBRO EXTERNO 
 
 
 
 
UNISAL 
Americana 
2012 
 
 
Dissertação apresentada como 
exigência parcial para 
obtenção do grau de Mestre 
em Educação. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus, por me dar a oportunidade de galgar novos caminhos, novos 
horizontes e subir, hora alegre, hora triste, os degraus dessa vida tão 
maravilhosa e cheia de surpresas. 
À minha família, especialmente à minha mamãe, que me incentivou em 
todos os momentos dessa caminhada, tirando forças de onde parecia não 
existir. Mesmo quando a vontade de parar chegava, ela me mostrava com um 
belo sorriso o árduo caminho que deveria prosseguir. 
A meu irmão Rodolfo pelo incentivo e pelas preocupações. 
Ao meu companheiro e amigo, Júlio, pela paciência, nos momentos em 
que tive que me dedicar mais aos estudos do que a ele. 
Aos meus amigos Edicarlo, Rosa, Soneli e Lourdes (Lurdinha), que 
sempre acreditaram que eu chegaria até o final. 
À minha amiga Luciana Gotti pela consideração e grande ajuda. 
Agradeço também à Profª. Drª Regiane Aparecida Rossi Hilkner e ao 
Prof. Dr. Antonio Carlos Miranda, que muito contribuíram para a finalização 
desta dissertação. 
Desejo reconhecer também, minha gratidão à Profª Drª Maria Luisa 
Amorim Costa Bissoto, pelas intervenções que muito colaboram para 
enriquecer este trabalho e ao auxílio luminoso do Prof. Dr. Luis Carlos Miranda. 
Agradeço ao Prof. Dr. Renato Soffner e à Vaníria pela contribuição a 
mim oferecida demonstrando entendimento diante dos fatos ocorridos na 
trajetória deste percurso em minha vida. Colaboraram no sentido de me 
mostrar os conceitos a ser seguidos no que se refere aos padrões deste 
conceituado Centro Universitário. 
Agradeço em especial à minha Orientadora Profª Drª Renata Sieiro 
Fernandes, que, com todo profissionalismo, foi mais que uma orientadora, foi 
 
 
amiga e foi irmã. Soube me conduzir à conclusão deste trabalho com toda 
arte, que somente uma grande Professora Pesquisadora como ela saberia 
fazer. A você Professora Renata, meu muito obrigado. 
Meu muito Obrigado à Unisal, que me acolheu em seu Programa de 
Mestrado em Educação, contribuindo para meu crescimento pessoal e 
profissional. A todos os funcionários do Unisal, pois no dia-a-dia construímos 
uma amizade de estimado valor. 
A todos, que de alguma forma contribuíram para a produção deste 
trabalho, os meus sinceros agradecimentos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Se soubesse que o mundo se 
desintegraria amanhã, ainda 
assim plantaria a minha 
macieira. O que me assusta 
não é a violência de poucos, 
mas a omissão de muitos. 
Temos aprendido a voar como 
pássaros, a nadar como 
peixes, mas não aprendemos a 
sensível arte de vivermos 
como irmãos”. 
Martin Luther King 
 
 
 
RESUMO 
 
Esta dissertação tem por tema a violência causada pelas ações de bullying 
especialmente entre jovens no espaço escolar e as propostas de prevenção e 
enfrentamento que estão sendo pensadas e postas em prática no Brasil. A 
problemática que envolve o bullying refere-se ao ambiente hostil e agressivo 
em que se transforma o recinto escolar devido aos atos de violência física ou 
psicológica e que pode culminar em prejuízos sociais e emocionais para os 
envolvidos direta ou indiretamente nessas ações. A problemática se centra nas 
razões e nas formas pelas quais as propostas ou medidas brasileiras de 
combate ou prevenção ao bullying na escola vêm dando certo ou não, ou seja, 
se tem tido maior ou menor acertos e eficácias e por que. 
Justifica-se também a escolha deste tema e o desenvolvimento desta pesquisa 
pelos vários acontecimentos desse tipo ocorridos em diversas escolas e nos 
mais variados Estados. Assim, a violência envolvendo os jovens começa a ter 
uma conotação de algo corriqueiro no ambiente escolar, o que gera por parte 
da equipe escolar, família e comunidade em geral, a busca por reflexões, 
ações e soluções para esta problemática. 
O objetivo desta pesquisa ao oferecer material teórico e reflexivo a partir de 
exemplos de ações de combate ou prevenção ao bullying é promover a 
conscientização e reflexão do fenômeno do bullying e da violência escolar entre 
os jovens e todos os envolvidos no processo educativo, pertencentes ou não 
ao recinto escolar. Um dos focos de abordagem é a preocupação em relação 
às práticas docentes que devem ser desenvolvidas em sala de aula com 
ênfase na solidariedade, no respeito e na promoção de uma Educação para a 
PAZ. 
O referencial teórico que embasa a pesquisa são livros e artigos (pesquisa 
bibliográfica) que abordam o tema sobre o tema violência e bullying em suas 
mais variadas datas de publicação, por autores diversificados. Em especial, 
porém, podemos citar como referência de pesquisa os autores: Olweus, 
Candau, Blaya, Ives de la Taille e Abramovay. 
 
 
A metodologia desenvolvida caracteriza-se por uma pesquisa de cunho 
qualitativo com levantamento e estudo da bibliografia relativa ao tema e 
comentários de sete casos nacionais e internacionais de combate e prevenção 
a casos de violência e bullying, oriundos de tentativas de lidar com as 
problemáticas referentes à violência entre jovens no ambiente escolar. Os 
exemplos apresentados são: “O papel do diretor nesse combate: investir na 
consolidação de uma equipe unida e determinada”; “Quando a escola é 
agressora: o isolamento e o entorno não são culpados pela escola agressora”; 
“O melhor caminho para combater a violência: a aproximação com a 
comunidade para se criar alianças”; “A força da equipe: acompanhamento, 
junto à comunidade dos jovens envolvidos com droga que apresentam 
problemas de aprendizado”; “Mediadores da paz: implantação da cultura de 
paz no convívio escolar” e, “A solidariedade entre as crianças: o foco é sempre 
o lado emocional da criança”. 
Como considerações finais é possível pensar que mesmo em meio a tanta 
violência, sendo uma delas o bullying,podemos visualizar várias formas para 
se mitigarem os problemas encontrados no cotidiano escolar, entre elas, a 
aceitação das diferenças, a união entre a equipe escolar, gestão escolar dentro 
dos preceitos democráticos, um conselho de escola atuante e uma comunidade 
escolar presente, todos sendo aliado na formação de um cidadão que tenha 
valores éticos e principalmente fazer da escola o alicerce de uma sociedade 
realmente pautada na democracia. Com isso, torna-se possível trabalhar o ser 
resiliente que supera e sabe conviver com os problemas, sem que os mesmos 
o façam sofrer. 
 
Palavras – Chaves: educação, violência, bullying, omissão e resiliência. 
 
 
 
 
 
 
ABSTRACT 
This dissertation focus on the violence caused by the bullying actions, 
especially among young school people, and the proposals for preventing and 
coping being designed and implemented in Brazil. The problems involved refer 
to the hostile an aggressive environment of school grounds due to acts of 
physical and psychological damage that may lead to social and emotional 
damage for those involved directly or indirectly in these actions. The issue 
focuses on the reasons and the ways in which Brazilian measures to combat or 
prevent bullying in the school are going well or not, or if it has had more or less 
hits and efficiencies and why. It also justifies the choice of this theme and the 
development of this research for several events in different schools and states, 
since the violence involving young people begins to have a connotation of 
something commonplace in the school environment, requiring the school staff, 
family and community to search for ideas, actions and solutions to this problem. 
This research also aims to provide theoretical and practical material from 
examples of actions to combat or prevent bullying as to promote awareness and 
reflection of the phenomenon among young people and everyone involved in 
the educational process, even those not belonging the school grounds. One 
focus of approach is the concern about the teaching practices that should be 
developed in the classroom with an emphasis on solidarity, respect and 
promotion of Education for Peace. The theoretical framework that supports the 
research is books and articles on the topic of violence and bullying even 
published recently by different authors, but especially Olweus, Candau, Blaya, 
Ives de la Taille and Abramovay. The methodology is characterized by a 
qualitative research study and a survey of the literature on the subject and 
presents comments of cases aimed at combating and preventing violence and 
bullying, from attempts to deal with the problems pertaining to youth violence in 
schools. The examples presented are: the director’s role in this combat, 
investing in the consolidation of a team united and determined; when school is 
the aggressor, the isolation and the environment are not to blame for the 
offending school; the best way to combat violence: the approach to the 
community to create alliances; the strength of the team’s follow up, in the 
 
 
community of young people involved with drugs who have learning problems; 
peace mediators; implantation of the culture of peace in the school life, and 
solidarity among children, since the focus is always the emotional side of the 
child. As a conclusion, it is possible to think that even in the midst of so much 
violence we can see several ways to mitigate the problems encountered in 
everyday school life, including the acceptance of differences, unity between the 
school staff, the management of the school within the precepts of democracy, 
an active school council and school community presence, all being together in 
the formation of a citizen who has ethical values and especially make the school 
the foundation of a society truly based on democracy that we can work out 
being resilient and knowing that this overcomes the life with the problems, and 
not suffering. 
 Key-words: education, violence, bullying, omission and resilient. 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 13 
CAP. 1 VIOLÊNCIA ESCOLAR ........................................................................ 18 
1.1 Breve panorama da violência................................................................... 18 
1.2 Gestão Escolar ........................................................................................ 28 
 
CAP. 2 HISTÓRICO E ANÁLISE DAS CARACTERÍSTICAS DO BULLYING .. 34 
2.1 Origens do bullying ..................................................................................... 34 
2.2 Pesquisas de Olweus ................................................................................. 36 
2.3 O bullying no Brasil .................................................................................... 37 
2.4 Características do bullying ......................................................................... 38 
2.5 Personagens do bullying (vítima/agressor/espectador) .............................. 40 
2.6 Como identificar os personagens do bullying ............................................. 44 
2.7 Consequências do bullying ......................................................................... 46 
2.8 Locais de assédio ....................................................................................... 51 
CAP. 3 A RESPONSABILIDADE DA ESCOLA SOBRE A PRÁTICA DO 
BULLYING EM SEU INTERIOR ...................................................................... 53 
3.1 Como a escola pode agir perante o bullying? ............................................ 56 
3.2 Regras básicas de comportamento ............................................................ 57 
3.3 Regras do regimento escolar ..................................................................... 58 
3.4 Quando o professor é o agressor ............................................................... 59 
3.5 A omissão da escola sobre a prática do bullying ........................................ 60 
3.6 A responsabilidade da família sobre o bullying (vítima/agressor) ............... 61 
3.7 O bullying mediante a lei ............................................................................ 63 
3.8 Exemplos de combate ao bullying .............................................................. 67 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................. 78 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 82 
 
 
INTRODUÇÃO 
 
 
 
 
Podemos dizer que Bill Waterson, o criador da personagem Calvin 
(“Calvin e Haroldo”, no inglês “Calvin and Hobbes”), em suas histórias em 
quadrinhos, aborda o tema do bullying colocando sua personagem em 
situações embaraçosas, as quais não possuem o apoio ou a colaboração dos 
adultos que se encontram afastadas da situação, muitas vezes até 
desconhecendo os fatos que estão ocorrendo. Faz uso de violência física e 
psicológica sendo que seu agressor mais frequente é Moe. 
Os quadrinhos acima referenciam e evidenciam esta situação. 
Outras personagens que também sofrem com o bullying e que merecem 
ser relembradas são o Minduim (Charlie Brown, das tiras em inglês “Peanuts”), 
do criador Charles Schulz. Esta personagem sofre com os desaforos da 
personagem Lucy. Citamos ainda, o Bart Simpson, do criador da série Os 
Simpsons, Matt Groening, que passa por situações complicadas com jovens de 
idade mais elevada em seu ambiente escolar. 
Em diferentes momentos deste trabalho são apresentados exemplos de 
quadrinhos que evidenciam a problemática desta pesquisa sendo que os 
mesmos estão presentes também em formato texto estabelecendo relação com 
o referencial teórico utilizado. 
O fato de, essas situações, serem abordadas em mídia impressa como 
as histórias em quadrinhos, as quais são veiculadasem revistas, em jornais e 
 
em mídia televisiva, aproxima as pessoas das mais variadas localizações 
geográficas ao fenômeno do bullying, bem como de suas provocações, e das 
dificuldades enfrentadas, uma vez que, expõem as vítimas e as ações do 
agressor do bullying. As histórias em quadrinhos nos mostram ainda, a 
omissão ou do desconhecimento que há por parte dos adultos no que se refere 
a este fenômeno como também as discussões e reflexões que provêm disso. É 
uma forma de abordar o assunto e as problemáticas envolvidas. 
Quando idealizamos a escola como um espaço onde depositamos 
nossas esperanças de formação de um cidadão capaz de agir eticamente e 
constatamos que tem sido um lugar de expressão e manifestação da violência, 
nos questionamos sobre a possibilidade real de concretização do objetivo 
maior com que a escola trabalha, ou seja, para a vivência na coletividade e o 
exercício da cidadania. 
Acreditamos que ao se compreender o fenômeno do bullying, como um 
exemplo das manifestações da violência é possível buscar e encontrar 
caminhos novos para se implantar a cultura da paz nas escolas e formar 
cidadãos éticos, por meio da prevenção e da luta a essas práticas que têm sido 
recorrentes. 
Muitos são os desafios para se realizar o combate à violência escolar e 
eles devem se orientar por alguns parâmetros importantes na escolha das 
estratégias mais oportunas, como: 
a) adequação ao público envolvido; 
b) realização de um levantamento no recinto escolar e no seu entorno 
com o objetivo de descobrir as razões destes problemas; 
c) todos os membros da escola, pais, alunos, professores devem somar 
esforços para construir e concretizar projetos de enfrentamento. 
Muitas escolas têm posto em prática algumas estratégias que contam 
com resultados em longo prazo, e isso não deve atrair ou provocar a 
desistência, pois ainda somos movidos pela esperança. O que não pode haver 
é a omissão ou a negligência. 
No Brasil, o conceito adotado para definir a violência contra crianças e 
adolescentes tem por base o poder. Segundo Bourdieu (2002) este “poder” se 
pauta no mau uso da autoridade, isto ocorre quando um indivíduo que possui 
poder suprime opiniões, a autonomia de outros sujeitos que lhe são 
 
“submetidos”, visando alcançar objetivos e obter vantagens previamente 
definidos (dominação, prazer sexual, lucro, entre outros). A relação violenta 
nega os direitos de um dos sujeitos da relação que se encontra na situação de 
dominado e isso interferem e desestruturam sua identidade. 
Em razão disso é que esta pesquisa tem como objetivo buscar a 
compreensão do fenômeno bullying nas escolas e as estratégias de prevenção 
e enfrentamento postas em prática para, dessa maneira, contribuir para a 
diminuição da violência que tem acontecido no cotidiano escolar. 
Precisamos construir pontes entre a escola e a comunidade com o 
objetivo de haver uma relevante participação de todos visando coibir os 
problemas no recinto escolar e em seu entorno. 
Sendo a escola um espaço de socialização, deve-se refletir sobre suas 
práticas pedagógicas em relação ao bullying e como cada um dos envolvidos 
na relação educativa desenvolverá seu papel e suas funções na realização 
dessas ações. 
Para Delors (2001), a educação é um caminho que conduz o 
desenvolvimento humano de forma harmoniosa, combatendo formas de 
pobreza, exclusão social, intolerâncias e opressões. É um caminho para se 
buscarem valores que promovam transformações na sociedade, na cultura e 
isso envolve opções, escolhas, ou seja, é um ato político e envolve ética, 
responsabilidade e compromisso. 
Qualquer fenômeno educativo que busca tratar de suas questões de 
forma crítica, descobrindo suas causas, relações, precisa se pautar em uma 
perspectiva ou abordagem sistêmica. Essa abordagem trata da ideia de que 
um determinado objeto ou tema de estudo possui diversas dimensões que 
podem ser mais aprofundados os estudos e melhor entendidas por meio da 
conjugação de conceitos e princípios oriundos de diversas ciências. O bullying 
é um caso que vai envolver reflexões provindas de diferentes áreas do 
conhecimento. 
As reflexões e pesquisas feitas inclusive atualmente servem de suporte 
para a área da educação e seus profissionais terem visões estratégicas para 
elaborar e mediar os conflitos tendo como principal objetivo a construção de um 
ambiente de respeito e solidariedade em uma cultura de paz ou de Educação 
para a Paz. 
 
O conhecimento jurídico e da legislação sobre o bullying se faz 
necessário para orientar e sustentar o campo pedagógico na tomada de 
decisões por parte dos gestores, coordenadores e professores. É nessa 
perspectiva que se estrutura esta dissertação. 
A metodologia utilizada se deu por meio de levantamento e estudo 
bibliográfico pela busca das seguintes palavras-chave: bullying, violência e 
gestão escolar, envolvendo tanto as produções acadêmicas e de conteúdo de 
pesquisa como as produções oriundas de diferentes mídias como jornais, 
revistas, sites, entrevistas já que, como foi dito no início, é um assunto de 
destaque e preocupação social. Cremos que trazer para a pesquisa a produção 
não acadêmica mostra um entrecruzamento de conteúdos que visa enriquecer 
as análises, além do que, muito do que é veiculado pela mídia – e em especial, 
pelos quadrinhos que são trazidos neste trabalho – têm como base tanto 
experiências ou vivências pessoais ou indiretas como resultados de pesquisa. 
A partir do estudo dessas fontes foram escolhidos casos nacionais e 
internacionais que trazem estratégias de prevenção e enfrentamento do 
bullying no universo escolar para serem descritos e analisados. 
O referencial teórico utilizado baseou-se especialmente em Olweus, 
Candau, Blaya, Ives de la Taille, Abramovay e de suas reflexões foram 
extraídas possíveis “chaves” de interpretações do fenômeno e do que está 
sendo focado ou privilegiado pelas formas de enfrentamento e combate ao 
bullying em suas peculiaridades e particularidades. 
Esta dissertação estrutura-se da seguinte maneira: 
No Capítulo I, enfoca-se a violência e suas manifestações no ambiente 
escolar. Com prioridade, destaca-se a violência gerada por meio das 
manifestações de bullying. Destaca-se ainda a função da equipe gestora para a 
construção de uma cultura de paz no convívio do ambiente escolar e salienta-
se que o gestor deve ter um papel preponderante na mediação dos conflitos. 
No Capítulo II, faz-se uma análise das origens do bullying e observam-
se relatos de pesquisas sobre o tema bullying no Brasil, as características 
desse fenômeno, análise dos personagens envolvidos com o bullying (vítimas, 
agressor e expectador). 
No Capítulo III aborda-se a responsabilidade da escola sobre a prática 
do bullying em seu interior, estudam-se alguns casos considerados como 
 
exemplos que obtiveram êxito na resolução dos conflitos gerados pelo bullying. 
Também são apresentadas as propostas ou medidas brasileiras de combate ou 
prevenção ao bullying na escola que vêm sendo realizadas em vários 
Municípios dos Estados de Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo, com 
base em leis, mas não temos resultados atuais, visto que são medidas 
recentes e os respectivos resultados aparecem em longo prazo. 
Na parte final, conclui-se por meio desta pesquisa que a existência de 
bullying na escola se dá pela omissão ou desconhecimento e a cumplicidade e 
responsabilidade de todos os membros da comunidade escolar para ajudar, 
prevenir e combater o fenômeno junto aos demais sujeitos presentes na 
escola, ressaltando-se a ênfase no desenvolvimento da habilidade de 
resiliência como uma capacidade positiva que permite superar as dificuldades e 
as marcas da violência. 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 – VIOLÊNCIA ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1.1. – Breve panorama da violência 
 
Um breve panorama histórico é necessário para que se possa entendercomo as crianças e adolescentes foram, no decorrer do tempo, envolvidos ou 
se envolveram em situações e relações de maus tratos por várias instituições 
ou sujeitos sociais. Em vista disso e por meio de transformações socioculturais 
passou a haver ênfase no “sujeito de direito’’ que é aquele que necessita de 
intervenção de vários segmentos da sociedade pública e civil para ser 
protegido”. Na medida em que é preciso haver regulamentação e proteção, ou 
seja, intervenção de várias ordens, isso indica que os direitos não estão sendo 
respeitados ou garantidos cultural e socialmente. 
Esta proteção ficou fundamentada no Estatuto da Criança e Adolescente 
(ECA) – 1990 em seu artigo 5° e são reflexos da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos (1948), aprovado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, 
no mesmo ano. 
O referido artigo trata do direito das crianças e do cidadão e está 
explicitado também na Constituição Federal do Brasil (1988) em seus Artigos 
“A violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é 
sempre uma derrota”. 
Jean-Paul Sartre 
http://pensador.uol.com.br/autor/jean_paul_sartre/
 
6º e 205º como direitos de todos e dever do Estado, que nenhuma criança ou 
adolescente será objeto de qualquer forma de negligencia, discriminação, 
exploração, violência, crueldade e pressão, punido na forma da lei, qualquer 
atentado, por ação ou emissão aos seus direitos fundamentais. 
O que fazer e pensar diante desta questão? 
O entendimento e o significado que a cultura de cada sociedade dá para 
o que é entendido por violência costumam não ser consensuais e muitas vezes 
são chocantes para nós. Em muitas das análises e entendimentos, o que 
prevalece é o pensamento sobre a falta de solidariedade, de respeito e 
principalmente a falta de tolerância entre sujeitos e grupos sociais. 
A “Declaração de Princípios sobre Tolerância” (UNESCO1, 1995), afirma 
que a tolerância é necessária de ser estimulada e desenvolvida entre os 
sujeitos e também no âmbito da família e da comunidade. A promoção da 
tolerância, o aprendizado da abertura e flexibilização, da escuta mútua e da 
solidariedade, devem ser realizados nas instituições formais de nossa 
sociedade, nas escolas e nas universidades, na educação não formal, bem 
como nos lares e nos locais de trabalho. 
Nos quadrinhos abaixo, Calvin se vê impotente em relação às ameaças 
e intromissões do Moe. O garoto faz uso de seu tamanho desigual e de sua 
força como elementos de vantagem sobre o outro. A tolerância, a abertura, a 
escuta e demais atitudes citadas acima não estão presentes por parte de um 
dos lados da relação. 
 
 
1 Organização das Nações Unidas para a Educação e a Cultura. 
 
 
 
 
Segundo Abramovay, “além da multiplicidade de formas assumidas pela 
violência, existem, diferenças entre períodos históricos e culturais no que tange 
à compreensão sobre o tema” (2005, p.54). Isto implica pensar que os valores 
e o pensamento sobre determinados aspectos culturais têm suas marcas 
temporais e espaciais, sendo passíveis de serem transformadas. E é sob essa 
premissa que as ações educativas se pautam. 
Como diz Odália: 
A guerra é um ato violento, o mais violento de todos, contudo 
esse caráter essencial parece passar a ser secundário se o 
submergir sob razões que vão desde a defesa da pátria às 
incompatibilidades de ideológicas. (1983, pg. 23). 
 
A autora traz o fator da incompatibilidade ideológica como um dos 
elementos promotores de guerras, entretanto, relativiza o fato dependendo do 
ponto de vista de quem a promove. O agressor pode justificar o seu ato 
violento em resposta a outro ato violento como forma de defesa. 
Ao se tratar da guerra ou dos conflitos de interesses na sociedade, 
Freud diz que a violência é um recurso próprio dos animais e dos seres 
humanos e: 
É, pois um princípio geral que os conflitos de interesses entre 
os homens são resolvidos pelo uso de violência. É isto que se 
passa em todo o reino animal, do qual o homem não tem 
motivos para se excluir. (FREUD, 1932, pg. 198). 
 
Levando-se em consideração que a violência é algo intrínseco aos 
homens e que faz parte da cultura e das relações sociais, faz-se importante 
pensar na mediação como uma estratégia para a boa convivência. 
Abramovay destaca que “além da multiplicidade de formas assumidas 
pela violência, existem diferenças entre períodos históricos e culturais no que 
tange à compreensão sobre o tema”. (2005.p.55) 
As manifestações da violência nem sempre se apresentam de modo 
explícito. De acordo com Abramovay, a violência se caracteriza por variadas 
formas e está presente em diversos lugares. “Não necessariamente se fazem 
necessárias provas, corpos, para configurar como violência” (ABRAMOVAY 
2005, p.54). 
A autora apresenta três classificações da violência, a direta, a indireta e 
a simbólica. 
 
 
A violência direta se refere aos fatos físicos que resultam em 
prejuízo deliberado à integridade da vida humana (...) envolve 
todas as modalidades de homicídio (assassinato, chacinas, 
crimes de guerra, suicídios, acidentes de trânsito e massacres 
civis). A violência indireta envolve todos os tipos de ação 
coerciva ou agressiva que implique prejuízo psicológico ou 
emocional (...) a violência simbólica abrange relações de poder 
interpessoais que cerceiam a livre ação, pensamentos e 
consequência dos indivíduos. (ABRAMOVAY, 2002, pg. 27-28). 
 
Para Costa (2003), a violência é a agressividade aplicada com fins de 
destruição, por meio de agressões físicas, brigas e conflitos que podem se 
desencadear através de expressões que agridem fortemente a humanidade. 
Neste caso, a ação é traduzida como violência não só pela vítima, mas também 
pelo agente e pelo observador. Faz-se violência quando existe um grande 
desejo de destruição. 
O autor deixa claro que o objetivo do ato é causar danos (físicos, morais, 
psicológicos, etc.). Nem mesmo as brincadeiras são ingênuas, podendo ter 
gradações de violência ou agressividade. 
Podemos pensar que talvez a mídia colabore com isto, devido à sua 
programação diária, mas podemos analisar também que a mídia oferece 
material para elaboração simbólica e que isso é necessário para os sujeitos 
usarem como “válvula de escape”. Sem dúvida, é uma via de dois sentidos, 
mas podemos levantar ainda, a falta de cuidado dos pais em selecionar o que é 
mais conveniente para as crianças e adolescentes assistirem e que acaba 
influenciando seus modos de pensar e agir. A conscientização deve ser uma 
ação estimulada pela via da educação. 
 
 
 
 
É muito comum a ocorrência de problemas, no dia-a-dia da escola, pois 
este é um lugar de frequência assídua, de encontros, de sociabilidade e 
socialização dos sujeitos. É no ambiente escolar que os sujeitos de mesma ou 
de diferentes idades, de mesmo gênero ou de gêneros diferentes se encontram 
e se relacionam e, portanto, relações desiguais estão presentes. 
Quando os conflitos passam a ser rotineiros podem atingir níveis altos 
de violência e seus efeitos tendem a ser prejudiciais ao desempenho escolar, 
além do que danos físicos, emocionais ou psicológicos podem ser causados às 
pessoas vindas a comprometer suas relações. Desta forma, é inadmissível que 
haja omissão ou negligência dos adultos e, especialmente, da equipe escolar. 
As manifestações de violência que acontecem na escola são, por 
exemplo, as agressões verbais, as quais podem ser “consideradas 
incivilidades, xingamentos, desrespeito, ofensas, modos grosseiros de se 
expressar, discussões, que se dão muitas vezes por motivos banais ou ligados 
ao cotidiano da escola.” (ABRAMOVAY, 2005). 
Outras formas de violência que são manifestadas no recinto escolar são 
as agressões físicas que ganham atenção pelo “grau de violência e 
agressividade envolvido nas disputas, pelos instrumentos e mecanismos 
utilizados paraatacar o adversário, e pelo fato de os alunos estarem ora como 
vitimas, ora como agressores.” (ABRAMOVAY, 2005, p.171). Este tipo de 
violência envolve alunos, mas podem ocorrer conflitos entre alunos e adultos 
da escola, principalmente professores, é o que destaca Abramovay (op.cit.). 
A violência simbólica ocorre quando existe o mau uso da autoridade 
(poder), quando o sujeito que possui poder suprime opiniões, impede a 
autonomia de outros indivíduos que passam a ser-lhe “submetidos”. Muitas 
vezes pode ser observado este tipo de violência na sala de aula vindo da parte 
do professor para o aluno, na medida em que aquele de alguma forma priva a 
liberdade do outro e tenta demonstrar poder sobre ele. Tais atitudes do 
professor nem sempre são percebidas pelo aluno como atos violentos e nem o 
fato de que ele é vítima desses atos, uma vez que o professor dificilmente 
admitirá que esteja abusando de sua autoridade e que isso poderá trazer 
prejuízos ao aluno imediatamente ou em longo prazo, principalmente em seu 
desempenho na escola. 
 
A princípio, não existem sujeitos específicos no interior da escola que 
podem estar envolvidos em conflitos. Qualquer pessoa ligada a esta instituição, 
direta ou indiretamente, ou outros sem vínculo, podem cometer atos de 
violência neste espaço. 
Todos esses tipos de violência são, por exemplo, mostrados nas tiras do 
Calvin de que nos valemos até o presente momento e que também serão vistas 
mais adiante envolvendo outras personagens. 
O que mais contribui para a possível relação entre jovem e violência 
pode ser destacada no estado de vulnerabilidade social e de descuido em 
situações familiares e por parte dos adultos, desde a infância, pois o sujeito é 
biopsicossocial e os fatores que influenciam são, de fato, multifatoriais. 
A vulnerabilidade social se apresenta: 
Como o resultado negativo da relação entre a disponibilidade 
dos recursos materiais ou simbólicos dos atores, sejam eles 
indivíduos ou grupos, e o acesso à estrutura de oportunidades 
sociais, econômicas, culturais que proveem do Estado, do 
mercado e da sociedade. (ABRAMOVAY, 2002, p. 29). 
 
Destaca-se ainda que a relação entre juventude e violência é: 
 
Um produto de dinâmicas sociais, pautadas por desigualdades 
de oportunidades, segregações, uma inserção deficitária na 
educação e no mercado de trabalho, de ausência de 
oportunidades de lazer, formação ética e cultural em valores de 
solidariedade e de cultura de paz e de distanciamentos de 
modelos que vinculam esforços e êxitos. (ABRAMOVAY, 2002, 
p.56). 
 
 Observa-se também, em alguns casos, que a própria escola tende a 
contribuir com a falta de desempenho social, educacional e profissional dos 
alunos. Isto acontece quando não há confiança nos alunos, quando se possui 
uma representação negativa da juventude, não dando oportunidades aos 
alunos para demonstrarem habilidades, quando não oportuniza a participação, 
quando não compreende os problemas sociais ou pessoais pelos quais o 
jovem está enfrentando. 
 Ao agir desta forma a escola e os adultos fazem ou podem fazer com 
que o jovem não confie na escola, não tenha sentimento de pertencimento, não 
tenha possibilidade de ascensão e mudança. Associado a esta desestabilidade 
escolar e, se o referencial familiar for desequilibrado ou instável, o sujeito 
 
encontrará nos grupos dos quais toma parte as suas referências ou 
ancoragem. Podemos citar como exemplo a participação e o envolvimento nas 
gangues escolares ou nas tribos (ABRAMOVAY, 2002). 
 A escola pode gerar violência ao mesmo tempo em que também pode 
ser atingida pelos conflitos externos, pois não está apartada da sociedade. Ela 
reflete e absorve. E promove e propaga. Sabendo-se disso é preciso cuidado, 
atenção, responsabilidade e compromisso com a conscientização e reflexão de 
forma a se evitarem ou minimizarem as situações geradas ou refletidas no 
universo da escola e de seus sujeitos. 
 Um fator que traz grande influência negativa ao ambiente escolar são os 
conflitos familiares. A isso Candau destaca que: 
 
A violência familiar, sofrida por crianças e adolescentes, tem 
sido motivo de grande preocupação dos educadores. Apesar 
de estar localizada, quase sempre, fora dos muros escolares, 
tal forma de violência interfere significativamente no cotidiano 
escolar. (CANDAU, 1999, pg. 35) 
 
 Este fator pode prejudicar as relações sociais do aluno e interferir no seu 
desempenho escolar. Dependendo da gravidade e caso sofra violência vinda 
de qualquer membro da família, este pode ser um fator que impulsiona o 
próprio aluno a ser violento no ambiente escolar. 
 Se pensarmos, principalmente, na criança como um ser vulnerável e 
ainda dependente do auxílio e da tutela adulta, os efeitos sobre ele podem ser 
mais fortemente marcantes. Toda pessoa necessita de amparo ao longo da 
vida e a criança deve ser conduzida pelos pais e professores para se 
desenvolver como ser pleno no que tange ao cognitivo, afetivo-emocional, 
física, psíquico, sociocultural e espiritual. Portanto, a família e a escola devem 
zelar pela qualidade do ambiente educativo e devem planejar e cuidar para que 
espaços viabilizem o desenvolvimento harmonioso e saudável dos indivíduos. 
 O bem estar infantil está associado à capacidade da criança superar 
algumas limitações sociais, primeiramente com o apoio de adultos 
responsáveis e de serviços públicos de garantia de seus direitos, e 
posteriormente, por meio de seus próprios repertórios. 
 Não é possível pensar em cooperação, reciprocidade e direitos quando 
as relações que se estabelecem dentro de uma escola são assimétricas, isto é, 
 
estão fundadas no respeito unilateral, numa coação tanto intelectual quanto 
moral. A equipe gestora e as práticas pedagógicas necessitam contemplar e 
considerar as vozes infantis e juvenis como uma das possibilidades de 
conhecer o universo simbólico de seus alunos. Para tanto, devemos buscar 
uma proposta pedagógica centrada na própria infância e juventude 
relativizando as concepções e hipóteses dos adultos. 
 Quando o ponto de vista do outro é levado em consideração, isso pode 
contribuir para transformar os processos e práticas de formação inicial e 
continuada do professor. As formações nem sempre tem auxiliado os 
professores na construção de um conjunto de saberes que viabilize uma ação 
educativa condizente com as necessidades, características e peculiaridades 
dos alunos e, sobretudo, que lhes permitam entender a produção de saberes a 
partir do contexto sociocultural no qual os sujeitos experimentam o mundo. 
 Familiares que agridem e violam suas crianças, geralmente, foram ou 
são vítimas de outras agressões e violações, entretanto, nenhum determinismo 
justifica a violência. As pessoas não podem acreditar e se deixar influenciar 
pelas frases “bateu porque apanhou”, “violentou porque foi violentado”, temos 
que acreditar que a liberdade e a dignidade humana podem superar 
determinações morais, culturais e genéticas. Toda pessoa necessita de 
sistemas de suporte ao longo de sua vida e precisa aprender a construir 
processos de resiliência. 
A resiliência é um conceito psicológico “emprestado” da física que define 
a capacidade de cada sujeito para lidar com os problemas, superar obstáculos 
ou resistir à pressão de situações adversas, tais como choque ou estresse, 
sem entrar em desequilíbrio emocional ou, se ao acaso desestruturar-se, ter 
condições de voltar ao equilíbrio. 
A resiliência é uma combinação de habilidades que propiciam ao ser 
humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades, ou 
seja, é uma atitude de sobrevivência emocional. 
 A família, seguida pela escola, deveriam ser os principais sistemas e 
agentes de socialização, de suporte e de promoção da resiliência. 
 Acredita-se na resiliência desde que o individuo seja assistido pela 
família e pelas políticas públicas (YUNES, 2003). 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Psicologiahttp://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%ADsica
 
 Podemos destacar como um princípio do Estatuto da Criança e do 
Adolescente (ECA) em relação à escola: 
 
Artigo 5º - Nenhuma criança ou adolescente será objeto de 
qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, 
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei 
qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos 
fundamentais. 
 
 Diante deste artigo entende-se que um dos desafios e compromissos da 
comunidade educativa é o de construir, a cada dia, em cada turma e para cada 
aluno, o maior equilíbrio possível entre forças éticas, adversas e de tensão. 
 Não podemos deixar de estimular e manter o diálogo como uma forma 
de enfrentamento da violência na escola. Tanto a palavra e o diálogo como a 
reflexão e a conscientização bem como a resiliência, são habilidades ou 
capacidades a serem desenvolvidas e fomentadas, a fim de que possa haver 
mudanças em nossa cultura visando à transformação dos sujeitos e da 
sociedade. 
 
1.2. – Gestão Escolar na Prevenção da Violência 
 
Compreende-se por gestão escolar como a organização do trabalho 
educativo voltado para um objetivo definido, a saber: a realização e a 
apropriação do conhecimento escolar. Referimo-nos aos meios empregados 
para que a prática educativa e o trabalho educativo alcancem seus objetivos de 
propor e possibilitar a formação necessária para que os alunos sejam 
integrados e pertencentes a uma determinada forma de sociedade na qual 
estamos inseridos. 
A gestão, sob caráter político e na perspectiva crítica deve visar uma 
educação transformadora que promova a compreensão das contradições 
sociais a partir do conhecimento produzido historicamente pela humanidade. 
Gestão democrática é um reflexo da evolução politica da sociedade, pois tem 
uma participação fundamental no processo de constituição das relações sociais 
no interior da escola numa perspectiva critica e em que a organização do 
trabalho educativo ocorra numa direção coletiva. A perspectiva crítica se dá 
 
pela busca de apresentar, analisar, refletir e compreender o trabalho sob um 
olhar histórico e pautado pelas contradições sociais, na tentativa de superá-las. 
Esse olhar crítico a que nos referimos é em relação à organização do 
trabalho coletivo escolar, compreendendo-o como uma forma de trabalho 
realizado pelo conjunto da escola, por todos aqueles envolvidos com a 
organização do trabalho pedagógico, 
 
O termo “trabalho coletivo” tem sido enfatizado no campo 
educacional já há algum tempo. Por parte dos educadores, 
houve toda uma mobilização, principalmente ao longo da 
década de 1980, para que fossem garantidos espaços de 
formação de professor, construção do projeto politico-
pedagógico da escola, discussão dos problemas comuns do 
processo de ensino entre outras [...] No processo de trabalho 
organizado sob forma coletiva, o resultado do trabalho de um é 
o ponto de partida para o trabalho do outro, promovendo uma 
dependência direta dos trabalhadores entre si, o que obriga 
cada um a empregar o tempo necessário à sua função. 
(OLIVEIRA, 2006, p. 94, 96). 
 
 A violência e a indisciplina são também processos externos ao ambiente 
escolar, produzidas pelo contexto social, econômico e politico da realidade em 
que vivemos. A prática docente muitas vezes reproduz dentro da escola as 
contradições sociais de uma forma de organização social pautadas pelas 
relações de dominação e de poder, ou seja, pelas marcas da violência.
 Pensar a violência e a indisciplina no âmbito da gestão escolar constitui-
se como uma necessidade do desenvolvimento do trabalho educativo na 
perspectiva democrática, deve zelar pela boa educação valorizando e 
incentivando iniciativas que tendem a desenvolver uma cultura de paz ou uma 
Educação para a Paz, em que haja e prevaleçam as boas relações, o respeito 
mútuo, a tolerância e a dignidade humana. 
A gestão Escolar assume aqui um papel fundamental no qual deve 
oferecer recursos materiais, físicos e pedagógicos para o desenvolvimento de 
projetos que visem diminuir, prevenir e combater a ocorrência do bullying e 
outras manifestações de violência no espaço escolar. 
A escola deve buscar conciliar o que ocorre fora de seus muros e o que 
ocorre no seu recinto, pois o papel da gestão educacional contribui no 
desenvolvimento da capacidade permanente de exercício da crítica como 
 
condição intrínseca para o desenvolvimento do sujeito com base na autonomia. 
Essa é a condição política que a educação se impõe diante de uma prática 
pedagógica que busca compreender e superar os processos de violência 
dentro do espaço escolar. Ao mesmo tempo pensar a gestão escolar 
democrática envolve a realidade do espaço público como espaço de 
contradições e poder. 
Para Bedin (2010), a escola deve ser reinventada, no que tange ao 
poder, para que consiga realizar a sua verdadeira missão que é educar. 
Quando pensamos em escola democrática pode ser difícil conceder e 
permitir a participação dos outros membros da escola na gestão, assim como 
sua adesão. Mas este exercício deve ser feito. 
Outra problemática é a parte de gerenciamento das verbas que consome 
grande parte do tempo do diretor. Nestas circunstâncias, o lado pedagógico 
sempre fica em segundo plano, ou então, a coordenação assume essas 
funções, agindo como se fosse a direção. A busca de soluções é sempre 
complicada, pois constantemente esbarra no tempo e na falta de interesse de 
muitos. 
 Para que realmente exista uma escola democrática há a necessidade de 
desenvolver uma gestão escolar colegiada e, para tanto, nos referimos à 
constituição do Conselho Escolar como instância promotora dos mecanismos 
de participação social e mesmo política na gestão da escola. 
 Como resultado do processo de redemocratização da sociedade 
brasileira, na década de 80 deu-se início a implantação dos Conselhos 
Escolares em várias regiões do Brasil. 
Os conselhos escolares surgem de fato no cenário educacional 
brasileiro no inicio da década de 80, embalados pelo 
movimento de redemocratização do país. Isso foi resultado da 
reorganização da sociedade civil que buscava no limite da 
sociedade capitalista, construir e ampliar espaços de 
organização e participação popular em todos os setores da 
sociedade no caso, da busca de uma nova organização de 
trabalho e de administração das escolas públicas brasileiras. 
[...]. (ALMEIDA, 2006, p.26). 
 
 O Conselho Escolar ganhou uma dimensão não apenas de fórum 
colegiado para pensar a escola pública, mas antes de tudo para transformar a 
escola num espaço de reflexão, medida estimulada pelas políticas 
 
educacionais. A Constituição de 1988 traz no artigo 206 inciso VI a 
contingência legal que garante a organização do sistema de ensino nas bases 
democráticas e essa democratização fica reforçada com a LDBEN/9394/96 que 
deixa clara a opção pela gestão democrática no ensino público brasileiro. 
 Construir uma cultura da participação envolve a mobilização da 
comunidade escolar no sentido de que a educação é um direito e um dos 
primeiros aspectos para a constituição de uma cidadania ao mesmo tempo em 
que é um pressuposto para o desenvolvimento da participação da sociedade 
na escolarização pública. Entretanto, para que este processo entre em ação, 
depende-se da mobilização da sociedade organizada para exigir e reivindicar 
políticas públicas para a educação. 
 O que todos os educadores, gestores, pais e alunos devem buscar 
consciente e garantidamente, é o direito da criança e do adolescente 
estudarem num ambiente saudável e isto inclui que todos sejam aceitos e 
respeitados em suas diferenças. Para isto, é necessário estimular uma 
pedagogia da admiração e afirmação da vida, da alegria de viver, acreditando 
sempre que a mudança de um promoverá a mudança de todos (CANDAU, 
1999). 
 A gestão tem um papel primordial para lidar com as situações de 
violências, necessitandode ajustes conceituais e práticos, tendo em vista a 
gama de peculiaridades e necessidades para a tarefa educativa que se coloca. 
 A contribuição de Chrispino e Chrispino (2002, p.83 e 84) que 
apresentam um quadro-resumo dos tópicos de sua proposta de “Mediação de 
Conflitos” pode ser um começo para elucidar os conflitos escolares, mas 
também pode ser o caminho que cada gestor irá adequar a sua realidade 
escolar. Seguem abaixo, os tópicos designados pelos autores: 
 
Política Pública: introdução da Mediação de Conflitos e 
redução da violência no espaço escolar. 
Justificativa: a escola tem sofrido com inúmeros episódios de 
violência em vários níveis e com conflitos envolvendo diversos 
atores. Isto tem causado dificuldade para o alcance de seus 
reais objetivos. 
Etapa Principal: criar condições para que a escola possua a 
cultura de mediação do conflito entre todos os seus atores. 
Etapas Necessárias: conhecer a cartografia da violência e do 
conflito no ambiente escolar por meio de uma Avaliação da 
Violência Escolar; criar em curto prazo um Plano de Segurança 
 
nas escolas; estabelecer a necessidade de adequar lentamente 
os prédios escolares numa visão de escola segura; capacitar 
pessoal e mudar a dinâmica da gestão. 
Estratégias: Sensibilizar para a necessidade de se discutir o 
assunto; conscientizar para a necessidade de mudar a maneira 
como a escola trata o assunto, e operacionalizar ações efetivas 
para diminuir e reduzir a violência escolar. 
Abordagem e Parcerias: iniciar discussão junto aos diretores 
sobre a maneira de ver e entender o conflito e a violência na 
escola. Construir o processo junto com professores, alunos e 
comunidade. 
Avaliação Final: existência de Plano de Segurança da Escola 
–“PAZ nas Escolas” e a instalação de Mediadores de Conflito 
no ambiente escolar. 
Ganho Indireto: o aprendizado da mediação do conflito na 
escola torna-se patrimônio cultural do futuro cidadão. Espera-
se que esse tipo de cultura possa ser utilizado em outros 
setores da relação social (CHRISPINO e CHRISPINO, 2002, 
p.83 e 84). 
 
 Para que esta proposta seja colocada em prática pensamos muito mais 
em posturas que envolvem atitudes democráticas, participativas e vontade 
política por parte dos gestores e professores e uma visão humanitária por parte 
de nossos governantes para que tenham um mínimo de conscientização em 
reafirmar que a educação é a prioridade de qualquer país que queira ser 
considerado de primeiro mundo. 
 É preciso repensar a necessidade de uma mudança na formação de 
professores e gestores frente aos temas de solidariedade, respeito, preconceito 
e principalmente o amor pelo ser humano como forma de combater a violência 
escolar visando à mediação de conflitos e a Educação para a Paz. 
Para Charlot (1997), a escola possui um papel central no processo de 
aprendizagem. Ele lembra que pais e estudantes a enxergam como um espaço 
de aquisição do saber, de status e de possível mudança social. 
Charlot (1997) diz ainda das dificuldades de se analisarem os diferentes 
aspectos da violência escolar, em que nem sempre é fácil separar a análise 
dos fenômenos, a referência às normas e a reflexão sobre as soluções. 
A partir de 1960, quando a escola se ampliou para receber uma parte da 
população que estava fora dos muros escolares, a massificação não 
correspondeu à melhora na qualidade do ensino e da aprendizagem, tornando 
evidente a exclusão das crianças e jovens pertencentes às classes populares. 
 
A escola tornou-se então, ao longo do tempo um espaço de geração e 
de reprodução da violência em suas mais diferentes manifestações. Os fatores 
que contribuem para os conflitos e violência no cotidiano escolar são os mais 
variados e um dos casos que cresce de forma intensa e agravada é o bullying. 
 
 
 
CAPÍTULO 2 – HISTÓRICO E ANÁLISE DAS 
CARACTERÍSTICAS DO BULLYING 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2.1. Origens do Bullying 
 
O primeiro país a se preocupar com o fenômeno bullying escolar foi a 
Suécia, na década de 1970. Na busca de soluções para o problema, 
investigaram-se as causas buscando formas de prevenção e soluções 
alternativas para os casos já existentes. 
O professor Dan Olweus, pesquisador da Universidade de Berger foi o 
primeiro a observar esta problemática nos intervalos e em locais distantes da 
área administrativa da escola. Tal observação se tornou o marco de suas 
pesquisas. 
Dan Olweus desencadeou um projeto de intervenção envolvendo o 
governo e a sociedade civil numa campanha nacional de conscientização sobre 
“Bullying é uma violência que cresce com a cumplicidade de alguns, com 
a tolerância de outros e com a omissão de muitos”. 
Gabriel Chalita 
 
a violência escolar. O projeto alcançou repercussão em outros países como 
Inglaterra, Canadá e Portugal que também tinham que lidar com o fenômeno 
do bullying. 
O bullying passou a ser objeto de atenção das autoridades educacionais 
na Noruega somente no ano de 1983, com a morte de três alunos na faixa 
etária de 10 a 14 anos, causadas pelos maus tratos que recebiam de seus 
companheiros de escola, fato que tornou o ambiente escolar carregado de 
medo e tensão. 
Na Espanha, foram realizadas investigações para a prevenção da 
violência escolar por meio de campanhas e programas fomentados pelo 
Ministério da Educação e Ciência e pelas universidades espanholas. Um deles 
é o SAVE (Sevilha contra a Violência Escolar), desenvolvido pela Universidade 
local no ano de 1996, em Sevilha, com o objetivo de desenvolver a educação 
de sentimentos e valores, melhoria de convivência e dos relacionamentos 
interpessoais. 
Na Inglaterra, atualmente, desenvolvem-se alguns projetos com base 
nas campanhas realizadas na Noruega. Um dos projetos desenvolvidos foi 
“NÃO SOFRA EM SILÊNCIO”, realizado nos anos de 1991 e 1993. Tal projeto 
envolveu escolas do ensino primário e secundário com orientação 
disponibilizada às crianças envolvidas com o bullying. Este material educativo 
buscou preservar a segurança das crianças, valorizando e incentivando o 
desenvolvimento da amizade, a mediação de conflitos e apoio psicológico. Este 
programa teve ainda por objetivo promover o respeito interpessoal, adquirir 
confiança em si mesmo, elevando a autoestima, aspectos relacionados a 
resiliência. 
No ano de 1993, se realizou na Irlanda, a 1ª Conferência sobre o 
Bullying, por meio de programas educativos contando com representação 
teatral sobre prevenção da violência. 
Em 1996, a 1ª Convenção Internacional sobre o Bullying, desenvolveu 
programas e estratégias para prevenir o fenômeno com a criação de cursos de 
capacitação para professores. No curso de pedagogia se inseriram disciplinas 
voltadas para a formação de professores a fim de se tornarem aptos a 
identificar e realizar a mediação diante do bullying, evitando assim o conflito. 
 
A Europa enfatizou o fenômeno no ano de 2001 e isto só ocorreu por ser 
um grande fator causador de tentativas de suicídio entre adolescentes e 
jovens, o que mostra uma ausência da habilidade de resiliência. 
Um relatório Internacional de Saúde Mundial, realizado em 2004, mostra 
que o bullying é um problema crônico da sociedade e que tem persistido ao 
longo do tempo, embora as pesquisas só se ativeram a temática mais 
recentemente, a partir dos anos 80 e com mais ênfase nos anos 2000. 
 
2.2. Pesquisas de Olweus 
Olweus realizou pesquisas sobre agressões e violência com 
aproximadamente 84.000 estudantes, 300 a 400 professores e 1.000 pais entre 
vários níveis de ensino. Foi um processo lento em que se observaram direta e 
indiretamente as características dos comportamentos que cada um dos grupos 
apresentava. Fez uso de um questionário contendo 25 questões com respostas 
de múltipla escolha que tinha como objetivo verificar com que frequência 
ocorriam as agressões, os locais de maior risco, os tipos de agressões e as 
percepções individuais. 
Desse estudo desenvolvido em escalanacional se pôde calcular que, 
aproximadamente, 15% do total de alunos das escolas de educação primária e 
secundária da Noruega figuravam como agressores ou como vitimas de 
agressões. 
As pesquisas se estenderam a vários países fazendo-se as devidas 
adaptações à realidade de cada comunidade. 
Em Portugal, a pesquisa realizada por Olweus contou com a 
participação de 7.000 sujeitos. Com a coleta de dados e o processar das 
informações, o pesquisador constatou que 22% dos alunos entre 6 e 16 anos já 
haviam sido vítimas de bullying. 
Os primeiros resultados foram informados por Olweus e por Roland no 
ano de 1989. Ambos revelaram que, um entre sete estudantes estavam 
envolvidos em caso de bullying. 
Em 1993, Dan Olweus publicou o livro ‘’Bullying at school’’, onde 
apresenta e discute o problema, os resultados de seu estudo, projetos de 
intervenção e uma relação de sinais e sintomas que identificariam vítimas e 
 
agressores. Por suas iniciativas nos anos 80 e pelo teor de seus dados e 
análises, Olweus é reconhecidamente um teórico de ancoragem nos estudos 
sobre a problemática do bullying. 
 
2.3. O bullying no Brasil 
No Brasil, os primeiros estudos sobre bullying foram realizados pelo 
coordenador Aramis Lopes Neto. O Programa “Diga não ao Bullying” teve como 
objetivo reduzir o comportamento agressivo entre estudantes. Foi realizado 
pela Associação Brasileira Multiprofissional e Proteção a Infância e 
Adolescência (ABRAPIA), uma organização não governamental (ONG). Esta 
ONG sempre cuidou da violência contra as crianças, mas, infelizmente não 
conseguiu continuar o seu trabalho. No ano de 2006 fechou suas portas por 
falta de verbas. 
A pesquisa da ABRAPIA foi realizada com alunos de escola do Ensino 
Fundamental no Rio de Janeiro. Os objetivos eram ensinar e debater com os 
professores e alunos formas de evitar a violência no interior da escola e as 
consequências das agressões. A pesquisa revelou que 40,5 % dos alunos 
entrevistados estavam diretamente envolvidos nesse tipo de violência como 
autores ou vítimas de bullying. 
Os agressores faziam de vítimas pessoas com alguma característica que 
servia de foco para justificar suas agressões, por exemplo: obesidade, baixa 
estatura, deficiência física, outros aspectos étnicos ou religiosos. 
Segundo Oliboni que relata sobre o fenômeno bullying em nosso país: 
 
No Brasil o bullying também foi estudado por Canfield, em 
1997, esta desenvolveu um estudo exploratório sobre o bullying 
em 4 escolas públicas da cidade de Santa Maria (RS). 
Utilizando um modelo adaptado do questionário de Olweus, 
Canfield constatou que o bullying, também, é uma realidade 
entre os alunos brasileiros. (OLIBONI, 2008, p. 12). 
 
No ano de 2000, Fante (2005) pesquisou um grupo de 430 estudantes 
de 5ª a 8ª séries do Ensino Fundamental e das 1ª e 2ª séries do Ensino Médio 
de uma escola privada de Barretos (SP) e identificou que 81% dos alunos 
estiveram envolvidos em algum ato de violência no decorrer daquele ano letivo. 
Destes, 41% foram identificados como casos de bullying, sendo 18% de alunos 
 
alvos, 14% de autores e 9% de alvo/autores. Quanto ao local de maior 
incidência do bullying, em primeiro lugar, apareceu a sala de aula, seguido dos 
corredores. Entre os autores, 73% declararam reproduzir contra seus colegas a 
violência sofrida em casa (OLIBONI, 2008). 
 
A pesquisa feita pela ABRAPIA com apoio financeiro da 
PETROBRAS e em parceria com o IBGE (Instituto Brasileiro de 
Opinião Publica e Estatística) e a Secretária de Educação do 
Município do Rio de Janeiro entre novembro e dezembro de 
2002 e março de 2003, através de questionários distribuídos a 
alunos de 5ª a 8ª série, de 11 escolas, sendo 9 públicas e 2 
particulares constatou que da prática do bullying 60,2% era em 
sala de aula, 16,1% no recreio, 15,9% no portão 7,8% em 
corredores.” (SAAVEDRA e NETO, 2003, p. 19). 
 
 
No princípio, tratava-se o bullying como brincadeira da idade, mas 
posteriormente observou-se a gravidade do ato por meio de casos que 
demandavam a atenção e interferência conjunta do poder público, de 
educadores e comunidades na busca por se mitigar esse problema. Apesar de 
se falar muito sobre o assunto pouco ou nada de concreto e eficiente se tem 
feito a respeito, o que o torna uma grave problemática atual. 
Uma lei de autoria do deputado Vieira Cunha (PDT-RS) quer instituir um 
“Programa Nacional de combate ao bullying” a ser colocado em prática pelo 
Ministério da Educação em parceria com o estado e municípios 
(www.2camara.gov.br) e propõe a conscientização da sociedade e a 
implantação de uma campanha nacional na mídia e a capacitação dos 
profissionais da educação e psicólogos especializados. 
Um dos possíveis motivos do crescimento da evasão escolar e da 
repetência pode ser o bullying, pois a escola é considerada por algumas 
crianças, vítimas de agressões, como um local hostil e não um ambiente de 
aprendizado. 
 
2.4. Características do bullying 
“O bullying é definido como subtipo de comportamento agressivo que 
gera atos violentos. Comportamentos que visam causar danos ou prejudicar 
alguém.” (SILVA, 2010). 
http://www.2camara.gov.br/
 
O comportamento agressivo e o bullying são compreendidos como 
processos decorrentes entre uma pessoa e seu ambiente físico, social e 
cultural. O bullying não se restringe a um determinado nível socioeconômico, 
está presente em todas as classes sociais. Atitudes protagonizadas pelos 
agressores no bullying envolvem abuso de poder e ocorrem sem motivação 
consciente. Comportamentos violentos de forma verbal, física, psíquica, 
constante a uma mesma pessoa por inúmeras vezes são considerados 
bullying. 
A agressão proativa e reativa faz parte da característica do bullying 
também, pois a agressão reativa é aquela que o individuo tem como resposta 
de “sangue-quente”, é impulsiva, automática, defensiva a uma ameaça 
eminente. Já a proativa não ocorre como uma resposta defensiva e emocional 
a uma ameaça, ela é organizada com propósito e de maneira premeditada, 
sem qualquer característica automática ou impulsiva. Mas talvez o pior efeito 
produzido pelo agressor proativo seja condenar a vitima à ‘inexistência’, ou à 
‘invisibilidade’, isto é o que faz geralmente uma mente premeditada, força o 
grupo a ignorar o colega, fazendo de conta que o mesmo não existe, 
desqualificando sua competência intelectual, ou rejeitando um pedido seu, 
dentre outros. Esse tipo de vitima passa a sofrer baixa autoestima e em alguns 
casos sequer tem forças para desabafar com alguém. 
Outro efeito produzido na vitima é se conformar para conviver com a 
situação se tornando uma voluntária servil do dominador. 
Para Neto (2003), há casos de pessoas que não suportaram tamanha 
pressão psicológica advindas do bullying e se suicidaram. 
Em virtude de graves consequências oriundas dessa prática, torna-se 
necessário repensar a violência oriunda do bullying que vem ocorrendo em 
todas as esferas da sociedade e desenvolver trabalhos com o objetivo de se 
estimular habilidades de resiliência nos sujeitos tanto quanto buscar uma forma 
de acabar com esse comportamento que tantas vidas têm prejudicado. 
 Recentemente, dois livros foram lançados pela editora brasileira Cosac e 
Naify que contam histórias verídicas e autobiográficas envolvendo vivência de 
bullying e exercício de resiliência. A autora de ambos os livros é a atriz Julianne 
Moore e ela os escreveu como forma de ajudar seus filhos a enfrentar esse tipo 
de situação. 
 
 O primeiro livro chama-se Morango sardento (MOORE, 2010) e conta a 
história da atriz, durante a infância, quando era chamada de “morango 
sardento” em razão de suas sardas e do cabelo ruivo. O apelido a incomodava 
e fazia menção a um suco em pó para ser dissolvido na água. Diz a atriz que 
isso a desorientava e mais tarde ela veio a saber que muitas outras pessoas 
receberam esse apelidopelas mesmas características. Ela tentava de muitas 
formas se livrar de suas sardas, inclusive, tomando banho com suco de limão. 
 O segundo livro chama-se Morango sardento e o valentão da escola 
(MOORE, 2011) e nele ela narra as desventuras e dificuldades para lidar e 
enfrentar o valentão Pedro Bomba, temido por sua habilidade no jogo e por não 
titubear antes de arremessar a bola com força e violência nos menores no 
playground da escola. 
 Em ambos os livros, a autora e atriz apresenta formas de lidar com 
essas situações de forma a ter saúde mental suficiente para não se deixar 
desmotivar ou esmorecer frente a situações difíceis e complicadas em que se 
vê sozinha para enfrentá-las. São exercícios de resiliência como forma de 
enfrentamento e de sobrevivência. Isso reforça a necessidade de se estimular 
e desenvolver essa habilidade como um recurso interno de estruturação 
emocional e psicológica. 
 
2.5. Personagens do Bullying – Vítima/Agressor/Espectador 
 
 
 
Ao tratar do bullying privilegiarei SILVA (2010) porque a autora foca no 
aspecto psicológico. 
O bullying engloba três tipos de personagens, para ela são: 
a) as vitimas da agressão, isto é, os agentes passivos que sofrem a 
agressão; 
b) os agressores, agentes da ação; 
c) o espectador, ou testemunha, que são coniventes, incentivando 
mesmo que com medo, sem participar diretamente do ato de violência. (SILVA, 
2010). 
 
 
 
O termo vítima vem do latim “victimia e victus” que significa vencido, 
dominado, ou seja, os que sofrem os infelizes resultados consequentes dos 
próprios atos, dos atos dos outros ou do acaso. 
De acordo com Silva (2010), existem três tipos de vítimas: 
a) a típica; 
b) a provocadora; 
c) a agressora. 
A típica é, em geral, tímida, submissa, pouco sociável, com aspectos 
físicos frágeis e com dificuldades de se impor. Geralmente apresenta algo que 
a difere dos outros, algo que não está dentro dos padrões impostos. 
De acordo com Silva (2010, p.38), 
Essas crianças estampam suas inseguranças na forma de 
sensibilidade, passividade, submissão, falta de coordenação 
motora, baixa autoestima, ansiedade excessiva e dificuldades 
de se expressar. (SILVA, 2010, p. 38). 
 
 
A vítima provocadora é aquela que provoca reações agressivas com as 
quais não pode lidar e tenta reagir a essas agressões. Na maioria das vezes, 
são crianças ou adolescentes hiperativos e impulsivos (SILVA, 2010). Observa-
se na vítima a satisfação ao chamar a atenção dos outros. Dessa maneira, é 
como se a vítima dissesse “ei, olhem pra mim eu preciso de ajuda” (SILVA, 
2010). 
E finalmente, a vítima agressora é a que reproduz com outra pessoa 
mais frágil os maus tratos que sofre. Isso contribui para que o bullying ganhe 
proporções ainda maiores, pois se torna um círculo de comportamentos 
agressivos. 
Silva observou que: 
A maioria das vítimas de bullying possui personalidade afetiva, 
repleta de sensibilidade, empatia e senso moral em relação aos 
demais. Geralmente apresentam elevados níveis de 
inteligência, concentrando-a em atividades nas quais se sente 
atraído desde cedo, e em sala de aula fica com o olhar perdido 
e só faz o que realmente lhe interessa. (SILVA, 2010, p. 81) 
 
Além da preocupação com as vítimas, é necessário compreender os 
motivos que levam uma criança ou um jovem a expressar sua agressividade na 
escola e, muitas vezes, sob a forma de crueldade. 
Segundo Silva, “os agressores apresentam, desde muito cedo, aversão 
às normas, não aceitam ser contrariados ou frustrados, geralmente estão 
envolvidos em pequenos delitos e o desempenho escolar costuma ser regular 
ou deficitário” (SILVA, 2010 p. 43). Desde cedo apresentam manifestações de 
desrespeito como maus tratos a irmãos, colegas, animais de estimação, 
empregados domésticos ou funcionários da escola, além da ausência de culpa 
ou remorso (SILVA, 2010). De acordo com Neto (2005) o objetivo do agressor 
é a realização da afirmação de poder interpessoal por meio da agressão. 
As consequências da falta de limites impostos pelos pais geram uma 
criança com deformação na percepção do outro. Para essas crianças, o que 
importa é o seu prazer, fato que ocorre devido à permissividade concedida nos 
seus primeiros anos de vida (ZAGURY, 2006). 
Ainda, de acordo com Neto, 
Algumas crianças que vivem em condições familiares adversas 
parecem ter maior predisposição para desenvolverem a 
agressividade. Entre os fatores de risco pode ser identificado: a 
falta de afetividade e envolvimento com os pais, o excesso de 
 
tolerância ou de permissividade em relação ao comportamento 
agressivo e a prática de maus tratos físicos ou de explosões 
violentas. (2008, p.6). 
 
Se esse tipo de comportamento é apresentado na escola, a equipe 
escolar tem o dever de comunicar a família e verificar se o problema pode ser 
solucionado pelos pais ou se existe a necessidade de procurar ajuda de um 
profissional habilitado a lidar com esse tipo de problema. 
Além de contar com autores e vítimas, o bullying tem um terceiro 
personagem fundamental na cena, a testemunha, peça crucial que presencia 
as agressões, mas que não age em relação a elas. São classificadas como 
passivas por suas posturas e pelo medo de ser a próxima vítima. Não 
defendem as vítimas mesmo sabendo que o que ocorre é uma atitude não 
aceitável socialmente. Se a testemunha for uma criança com estrutura 
psicológica abalada, possivelmente sofrerá consequências psíquicas, 
traumáticas ao presenciar tais fatos (SILVA, 2010). 
Já as testemunhas ativas participam das agressões apoiando o agressor 
e incentivando ou rindo da vítima. 
As testemunhas neutras são indiferentes às situações de bullying e 
dificilmente demonstram qualquer tipo de sensibilidade diante dos 
acontecimentos. 
A omissão diante do bullying se configura em uma ação criminosa e 
imoral da mesma forma que a omissão de socorro no caso de um acidente de 
trânsito (SILVA, 2010). Em muitos casos, pode-se afirmar que o espectador 
pode ser o estimulante das ações do agressor. Este, eventualmente, se sente 
mais forte ao perceber que há um espectador. 
 
 
2.6. Como identificar os personagens do bullying 
 
 
Os autores do bullying são comumente indivíduos com pouca empatia, 
que estão na maioria dos casos em situação desfavorável em uma relação e 
possuem uma família que pouco se preocupa com eles. Não são protetoras, 
tendem a ter doenças na família e pais permissivos. Geralmente estes pais 
exercem sobre os filhos uma supervisão pobre, toleram e oferece como 
modelo, para solucionar os conflitos o comportamento agressivo ou explosivo. 
É possível que apresentem culpa e remorso por suas atitudes, o que 
significa que seus comportamentos são transitórios e que precisam de ajuda, 
pois sofrem com seus atos e com as consequências destes. Mas, por outro 
lado, alguns jovens de até 18 anos, podem apresentar transtorno de conduta. 
Esse transtorno não é algo passageiro, é um grave transtorno de difícil controle 
no qual apresentam mentiras constantes, crueldade com animais, irmãos ou 
colegas, falta de responsabilidade, comportamento desafiador, fugas, violação 
de regras, fraudes, atos de vandalismo, manipulação e até mesmo histórico de 
homicídio. Silva (2010) acredita num projeto de educação que os tire da 
situação de controle no sentido de impor limites, deixando claro que eles 
devem seguir algumas regras e comportamentos. 
No ambiente escolar, os agressores estão sempre se envolvendo em 
confusões, desentendimentos e discussões com outros alunos ou até mesmo 
professores (SILVA, 2010). Fazem ameaças, atribuem apelidos pejorativos, 
constrangem alguns colegas, fazem brincadeiras de mau gosto e pegam 
materiais de outros colegas sem autorização. Em casa, habitualmente 
 
apresentam atitudes hostis, desafiadoras e agressivas em relação à família, 
não respeitam hierarquias, manipulam, mentem, adotam maneiras arrogantesde se vestir, aparecem com objetos que não possuíam, voltam da escola com 
roupas amarrotadas etc. Há, em alguns casos, personagens que se comportam 
em suas casas como se nada estivesse acontecendo e negam todas as 
acusações feitas contra eles. Os espectadores ou testemunhas costumam não 
apresentar sinais explícitos que denunciem a situação na qual estão vivendo e 
dificilmente fazem comentários sobre o que presenciam. 
 
 
Segundo Silva, no ambiente escolar, 
 
Frequentemente encontram-se isoladas ou perto de alguém que 
possa protegê-las (inspetor de alunos), isto no intervalo, 
apresentam postura retraída na sala de aula, dificuldade de 
perguntar algo na frente dos outros alunos, faltas frequentes, 
insegurança, ansiedade, são tristes, deprimidas, aflitas, em 
geral, são as últimas a serem escolhidas para atividades em 
grupo; acabam perdendo o interesse por atividades escolares, 
 
perdem materiais, e, em casos mais complicados, podem 
apresentar hematomas. Em casa, podem se queixar de dores, 
alegarem sintomas físicos para faltar à aula, apresentar 
mudanças de humor, irritação, tem poucos amigos, passam a 
gastar mais dinheiro na cantina da escola (para presentear os 
agressores e evitar perseguições) e se tornam descuidados com 
tarefas escolares. (SILVA, 2010, p. 48) 
 
O silêncio é a mola propulsora para a continuidade das agressões e 
torna este problema um círculo vicioso e sem solução, pois o medo gera 
“fantasmas” que oprimem emocionalmente. 
 
2.7. Consequências do bullying 
 
 
Toda a forma de bullying praticado contra uma pessoa na sua infância 
ou adolescência poderá se refletir em sua vida adulta e as consequências para 
a vítima ou para o agressor são significativas e marcantes para a vida. 
Ninguém é igual ao outro e cada um possui uma genética própria, assim 
como vivências psicológicas próprias, cada qual com habilidades e 
dificuldades. E devido a estas características ímpares observam-se 
comportamentos diversos relacionados ao bullying. 
Os problemas e as consequências mais comuns dos atos de bullying 
para a saúde das vitimas são: 
 Sintomas psicossomáticos: são diversos sintomas físicos, tais 
como cefaleia (dor de cabeça), cansaço crônico, insônia, 
dificuldades de concentração, náuseas (enjoo), diarreia, boca 
seca, palpitações, alergias, crise de asma, sudorese, tremores, 
 
sensação de “nó” na garganta, tonturas ou desmaios, calafrios, 
tensão muscular, formigamentos. (SILVA, 2010, p.25). 
 Transtorno do pânico: este sintoma é o que mais demonstra o 
quanto o ser humano sofre. Sua caraterística é o medo intenso e 
infundado que parece surgir do nada, sem qualquer aviso prévio. 
A pessoa é tomada por uma sensação enorme de medo e 
ansiedade, acompanhada de uma série de sintomas físicos 
(taquicardia, calafrios, boca seca, dilatação das pupilas, suores 
etc), sem razão aparente. Um ataque de pânico dura, em média, 
entre vinte a quarenta minutos. A pessoa que passa por esses 
momentos angustiantes tem a sensação de que pode morrer a 
qualquer momento. (SILVA, 2010, p.25 e 26). 
 Fobia escolar: provoca intenso medo de ir para a escola, 
ocasionando faltas, em excesso, problemas de aprendizado e 
evasão escolar. A fobia escolar aglutina os sintomas 
psicossomáticos e síndrome do pânico. (SILVA, 2010, p. 26). 
 Fobia social (Transtorno de Ansiedade Social – TAS): esta fobia é 
mais conhecida por timidez patológica. A vítima sofre de 
ansiedade excessiva e persistente, tem pavor de ser o centro das 
atenções. Depois de algum tempo, este indivíduo deixa de 
frequentar qualquer evento social e passa a se esquivar deles. 
Esta atitude causa prejuízos a sua vida profissional, social e 
afetiva. Esta fobia pode ter sido deflagrada em função das 
inúmeras humilhações sofrida em seu passado escolar. (SILVA, 
2010, p. 27). 
 Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG): é uma sensação 
de medo e insegurança persistente. Geralmente são pessoas 
impacientes que vivem com pressa, aceleradas, negativistas e 
que tem a impressão constante de que algo de ruim pode 
acontecer a qualquer momento. Sofrem de insônia e irritabilidade, 
precisam ser tratadas ou estes sintomas vão se transformar em 
transtornos mais graves. (SILVA, 2010, p.27). 
 
 Depressão: entender que depressão é somente uma sensação de 
tristeza, de fraqueza ou de baixo astral é muito simplista, trata-se 
de uma doença que afeta o humor, os pensamentos, a saúde e o 
comportamento. Os sintomas mais característicos de um quadro 
depressivo são: tristeza persistente, ansiedade ou sensação de 
vazio; sentimentos de culpa, inutilidade e desamparo; insônia ou 
excesso de sono; perda ou aumento de apetite; fadiga e 
sensação de desânimo; irritabilidade e inquietação; dificuldades 
de concentração e de tomar decisões; sentimentos de 
desesperança e pessimismo; perda de interesse por atividades 
que anteriormente despertavam prazer; ideias ou tentativas de 
suicídio. A depressão em crianças ou adolescentes foi por muito 
tempo ignorado. Hoje este quadro mudou. Sabe-se que existe um 
alto nível de incidência de sintomas depressivos na população 
escolar. Este quadro pode demonstrar uma situação de bullying. 
(SILVA, 2010, p.28). 
 Anorexia e bulimia: são os transtornos alimentares. 
A anorexia nervosa se caracteriza pelo pavor descabido e inexplicável 
que a pessoa tem de engordar, com grave distorção de sua imagem, mesmo 
que já esteja muito magra ou até esquelética, se acha acima do peso. É uma 
doença grave, de difícil controle e deve ser diagnosticado o mais breve 
possível. (SILVA, 2010, p.29). 
A bulimia nervosa se caracteriza pela ingestão compulsiva de alimentos, 
com grande quantidade de calorias, logo em seguida, sente-se culpa pelo 
excesso. Na tentativa de eliminar os alimentos ingeridos, a pessoa desenvolve 
diversas ações compensatórias (rituais purgativos) que são os vômitos 
autoinduzidos (várias vezes ao dia), abuso de diuréticos, laxantes, excesso de 
exercícios físicos e longos períodos de jejum. Os dois casos são patológicos, 
necessitando de diagnóstico e tratamento. 
 Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC): este transtorno é o que 
mais intriga os psicólogos e psiquiatras. Mais conhecido como 
“manias”, também se caracteriza por pensamentos negativos, 
intrusivos e recorrentes (obsessões) causando muita ansiedade e 
sofrimento. Para aliviar e banir estes pensamentos ruins passa-se 
 
a adotar comportamentos repetitivos (mais conhecidos como 
compulsão) de forma sistemática e ritualizados. A pessoa pensa 
insistentemente que pode se contaminar ou adquirir uma doença 
grave ao tocar em maçanetas, objetos ou simplesmente ao 
apertar a mão de alguém; fica tão prisioneira desses 
pensamentos negativos que passa a lavar as mãos várias vezes 
ao dia. (SILVA, 2010, p.30). São comuns banhos excessivos e 
demorados, checar ou verificar tudo antes de dormir, as portas, as 
janelas e se o fogo do gás esta ligado. Se este ritual não for feito, 
a mente não consegue parar de pensar que algo muito grave 
poderá acontecer a ela ou a seus parentes. O bullying pode 
causar um estresse muito forte e deflagrar o TOC. 
 Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT): é derivado de 
qualquer situação que traga medo intenso, como é o caso de 
pessoas que passaram por experiências traumáticas como 
vivenciar a morte de perto, acidentes, sequestros, catástrofes 
naturais etc. A característica é ter ideias intrusivas e recorrentes 
do evento traumático como se fosse um filme se repetindo, como 
lembranças de todo o horror. O TEPT pode levar a um quadro de 
depressão, ao embotamento emocional (frieza com as pessoas 
queridas), à sensação de vida abreviada, a perda de seus 
prazeres, afetando diretamente todos os seus setores vitais. 
O número de TEPT em adolescentes que estiveram envolvidos com 
bullying vem crescendo significativamente, especialmente quando sofreram 
agressões ou presenciaram

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