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Princípio da Livre Iniciativa

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PRINCÍPIO DA LIVRE INICIATIVA
NA CONSTITUIÇÃO E NA JURISPRUDÊNCIA DO STF
Prof. Julian Nogueira de Queiroz
Princípio da Livre Iniciativa
Na Constituição e na jurisprudência do STF
■Conceito:	Art.	170,	parágrafo	único	da	CF/88.
– É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade
econômica, independentemente de autorização de órgãos
públicos, salvo nos casos previstos em lei.
■Restrições:
– Regras	de	repartição	de	competências
– Exigência	de	lei
– Observância	dos	demais	preceitos	constitucionais
O STF analisou a constitucionalidade do Código
Florestal (Lei nº 12.651/2012) e decidiu declarar a
inconstitucionalidade das expressões “gestão de
resíduos” e “instalações necessárias à realização de
competições esportivas estaduais, nacionais ou
internacionais”, contidas no art. 3º, VIII, b, da Lei nº
12.651/2012;
É inconstitucional lei municipal que cria concurso de
prognósticos de múltiplas chances (loteria) em âmbito
local. A competência para tratar sobre esse assunto
(sistemas de sorteios) é privativa da União, conforme
determina o art. 22, XX, da CF/88. Sobre o tema, vale a
pena lembrar a SV 2: é inconstitucional a lei ou ato
normativo estadual ou distrital que disponha sobre
sistemas de consórcios e sorteios, inclusive bingos e
loterias. STF. Plenário. ADPF 337/MA, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 17/10/2018 (Info 920).
É constitucional lei municipal que proíbe a conferência
de mercadorias realizada na saída de estabelecimentos
comerciais localizados na cidade. A Lei prevê que, após
o cliente efetuar o pagamento nas caixas registradoras
da empresa instaladas, não é possível nova conferência
na saída. Os Municípios detêm competência para
legislar sobre assuntos de interesse local (art. 30, I, da
CF/88), ainda que, de modo reflexo, tratem de direito
comercial ou do consumidor. STF. 2ª Turma. RE 1052719
AgR/PB, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
25/9/2018 (Info 917).
São inconstitucionais as leis que obrigam
supermercados ou similares à prestação de serviços de
acondicionamento ou embalagem das compras, por
violação ao princípio da livre iniciativa (art. 1º, IV e art.
170 da CF/88). STF. Plenário. ADI 907/RJ, Rel. Min.
Alexandre de Moraes, red. p/ o ac. Min. Roberto
Barroso, julgado em 1º/8/2017 (Info 871). STF. Plenário.
RE 839950/RS, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
24/10/2018 (repercussão geral) (Info 921).
É constitucional lei estadual que concede o desconto de
50% no valor dos ingressos em casas de diversões,
praças desportivas e similares aos jovens de até 21 anos
de idade. STF. Plenário. ADI 2163/RJ, rel. orig. Min. Eros
Grau, red. p/ o ac. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em
12/4/2018 (Info 897).
É CONSTITUCIONAL lei estadual que obriga as prestadoras do
serviço de Internet móvel e de banda larga a apresentar, na
fatura mensal, gráficos informando a velocidade diária média de
envio e de recebimento de dados entregues no mês. STF
declarou constitucional a Lei Estadual 18.752/2016, do Paraná,
que obriga as empresas de internet do Estado a demonstrar para
o consumidor a velocidade de internet, por meio de gráficos. Essa
lei não trata sobre a matéria específica de contratos de
telecomunicações, tendo em vista que tal serviço não se
enquadra em nenhuma atividade de telecomunicações definida
pelas Leis 4.117/1962 e 9.472/1997. Trata-se, portanto, de
norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação
concorrente pelos Estados-Membros, nos termos do art. 24, V, da
Constituição Federal. STF. Plenário. ADI 5572, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 23/08/2019.
É formalmente inconstitucional lei municipal que
autoriza o Poder Executivo Municipal a conceder a
exploração do Serviço de Radiodifusão Comunitária no
âmbito do território do Município. O art. 21, XII, “a”, da
CF/88 estabelece que a competência para conceder
autorização para tais serviços é da União. Além disso, o
art. 22, IV da CF/88 confere à União a competência
privativa para legislar sobre o tema “radiodifusão”. STF.
Plenário. ADPF 235/TO, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em
14/8/2019 (Info 947).
É inconstitucional lei estadual que proíbe que as empresas concessionárias
cobrem “taxa” de religação no caso de corte de fornecimento de energia por
atraso no pagamento. Essa lei estadual invadiu a competência privativa da
União para dispor sobre energia, violando, assim, o art. 22, IV, da CF/88.
Além disso, também interferiu na prestação de um serviço público federal,
considerando que o serviço de energia elétrica é de competência da União,
nos termos do art. 21, XII, “b”, da CF/88.
Ex: concessionária havia “cortado” (suspendido) o serviço de energia elétrica
em razão de inadimplemento; o consumidor regularizou a situação, quitando
os débitos; a concessionária pode exigir do cliente o pagamento de uma
tarifa para efetuar o religamento do serviço; lei estadual não pode proibir que
a concessionária cobre esse valor. STF. Plenário. ADI 5610/BA, Rel. Min. Luiz
Fux, julgado em 8/8/2019 (Info 946).

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