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145 QUÍMICA AMBIENTAL Unidade III 7 PRODUÇÃO MAIS LIMPA (P+L) Produção Mais Limpa (P+L) é definida como a aplicação contínua de uma estratégia ambiental preventiva integrada para processos, produtos e serviços a fim de aumentar a eficiência global e reduzir os riscos para os seres humanos e o meio ambiente. • Nos processos de produção, a P+L aborda a economia de matérias-primas e energia, eliminando matérias-primas tóxicas e a redução da quantidade e toxicidade dos resíduos e das emissões. • No desenvolvimento e no design de produtos, a P+L aborda a redução dos impactos negativos durante todo o ciclo de vida do produto, desde a extração de matérias-primas até o descarte. • Nos serviços, a P+L incorpora considerações ambientais na concepção e na prestação de serviços. A P+L é a aplicação contínua de uma estratégia e de uma metodologia preventiva. Nesse contexto, é importante dizer que cada empresa tem características próprias e que esse conhecimento especializado é essencial. Consequentemente, a P+L só terá sucesso se cada membro da empresa apoiar e promover o conhecimento de todas as operações de produção. A P+L é principalmente um estímulo de novas ideias e segue uma determinada metodologia constituída pelos elementos mostrados na figura a seguir. A coleta de dados (inventário) é um dos passos básicos mais importantes, embora muitas vezes muito demorado, para a descrição adequada da situação atual. Quanto melhor se conhecem os processos e os dados reais, melhor é a aplicação de métodos apropriados de P+L. Na etapa de reflexão, após a coleta de dados, pode-se analisar onde e por que os resíduos são gerados e refletir sobre os princípios da P+L. Depois, com base na reflexão, várias opções de P+L podem ser geradas. Nessa fase, podem surgir ideias novas e criativas, visando a uma redução de resíduos na fonte, à aplicação de boas práticas, a modificações do produto ou processo, a mudanças organizacionais e/ou à implementação de reciclagem interna ou externa. 146 Unidade III Fluxos de massa, fluxos de energia, custos, higiene e segurança Onde os resíduos são gerados? O que se pode fazer com os resíduos são gerados? Como evitar/minimizar a geração de resíduos? É viável (tecnológica e/ou economicamente) evitar/minimizar a geração de resíduos? Aplicação da opção de P + L selecionada Qual o desempenho do sistema após a aplicação da opção de P+L selecionada? Coleta de dados Reflexão Opções Viabilidade Implementação Controle Figura 11 – Elementos essenciais para aplicação de P+L Um estudo vai analisar a viabilidade econômica, técnica e ecológica da implementação das opções de P+L consideradas. A implementação da opção selecionada é o passo seguinte, considerando as vantagens e a viabilidade da opção selecionada. O controle é, provavelmente, o aspecto mais significativo e desafiador para o estabelecimento de uma forma sistemática de melhoria contínua e bem-sucedida. São os resultados do controle que permitem estabelecer novas metas e objetivos para a implementação de melhoria contínua (GIANNETTI; ALMEIDA, 2005). Os passos para a aplicação do controle de um programa de P+L podem ser utilizados em vários níveis (dentro e fora da empresa) e os resultados podem ser empregados para diferentes finalidades e públicos, como mostra o quadro a seguir: Quadro 3 – Os usos para um programa de controle de P+L Documentos gerados A quem interessam Relatório de desempenho ambiental da empresa Direção Plano de Controle Ambiental Atendimento à legislação e gestão interna de resíduos Análise de fragilidades ambientais / econômicas Direção e gestores Sistema de Gestão Ambiental (ISO 14001) Investidores e clientes Relatório Ambiental Público Lembrete É sempre importante gerar documentos para cada nível hierárquico da empresa. 147 QUÍMICA AMBIENTAL 7.1 Resíduos e emissões Os resíduos e as emissões incluem todos os sólidos, gases e líquidos emitidos para a atmosfera, a água ou o solo, e podem englobar ainda o ruído e o calor residual. Esses materiais são matérias-primas e materiais de processo – a maioria comprada a um custo muito alto – que não são transformados em produtos comercializáveis ou em matérias-primas que possam ser usadas como entrada em outros processos de produção. Minimizar resíduos e emissões significa aumentar a utilização de materiais e energia utilizados na produção (aumento da ecoeficiência), sem esquecer de incluir atividades que muitas vezes são negligenciadas, como manutenção, reparação, limpeza e atividades da área administrativa. Em um caso ideal, a meta seria usar 100% dos materiais comprados, garantindo um processo sem emissões e aumentando a ecoeficiência da sua empresa. Dessa forma, para a empresa, a minimização de resíduos não será apenas uma meta ambiental, e sim um programa orientado para aumentar a utilização comercial de materiais. Por outro lado, a minimização de resíduos pode reduzir os custos de tratamento e a eliminação de resíduos e as emissões, que são muito caros, juntamente com a economia de matérias-primas. Figura 12 Saiba mais Para saber mais sobre Produção mais Limpa, leia: PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O MEIO AMBIENTE (PNUMA).1999. Disponível em: http://www.pnuma.org/eficienciarecursos/documentos/pmlcp00e.pdf. Acesso em: 15 fev. 2014. 148 Unidade III Exemplo: Aplicar uma camada de pintura em uma bicicleta pode ser um processo que emprega quantidade de materiais e gera quantidade de emissões abundante. Uma tinta convencional à base de solvente pode conter cerca de 60% de materiais não voláteis. Se a pintura é aplicada por um pintor sem treinamento, que usa uma pistola de pulverização mal regulada, a aplicação de 100 g de tinta pode consumir uma quantidade de material de cerca de 1 kg de matéria-prima. Escolhendo uma tinta com menor teor de solvente volátil e empregando uma pistola de pulverização adequada (com bomba de dosagem) – ou seja, a melhor tecnologia disponível –, pode-se reduzir o consumo de matéria-prima necessária para a aplicação da mesma camada de tinta para pouco mais de 200 g (como mostra a tabela). Pensando nos custos, pode-se, também, compensar o investimento requerido (para a compra da pistola e o treinamento do pintor) após algumas aplicações, a menos que a tinta com menor teor de solventes voláteis custe três vezes mais que a tinta convencional. Tabela 14 – Minimizando resíduos e emissões na pintura de uma bicicleta: materiais Antes Ações Depois Quantidade de tinta aplicada 200 g 200 g Quantidade desperdiçada 200 g Treinamento do pintor Compra de pistola de pulverização adequada 50 g Quantidade de tinta 400 g 250 g Quantidade de solventes voláteis 60% Compra de matéria-prima com menos solventes voláteis 20% Quantidade de matéria-prima comprada 1.000 g 312,5 g Considerando que a tinta convencional custa R$ 20 por quilograma e a tinta com menor teor de solvente, 40 R$/kg, pode-se calcular a economia com a minimização do uso de matéria-prima no processo (como mostar a tabela a seguir). Apesar de a tinta aplicada “parecer” mais custosa com a mudança da tinta usada, as economias relativas às perdas de materiais voláteis e aos desperdícios causados pelo mau desempenho do pintor compensam o investimento. Com uma economia total de R$ 7,5 reais por bicicleta pintada, pode-se compensar um investimento de, por exemplo, R$ 1.000 para compra da pistola e treinamento, após aproximadamente 140 pinturas (R$ 1.000/R$ 7,50). Tabela 15 – Minimizando resíduos e emissões na pintura de uma bicicleta: custos Antes Depois Economia Quantidade de tinta aplicada 200 g R$ 4 200 g R$ 8 - R$ 4,00 Quantidade desperdiçada 200 g R$ 4 50 g R$ 2 R$ 2,00 Quantidade de tinta 400 g R$ 12 250 g R$ 2,50 R$ 9,50 Quantidade de solventes voláteis 60% 20 % Quantidade de matéria-prima comprada 1000 g R$ 20 312,50 g R$ 12,50 R$ 7,50 149 QUÍMICA AMBIENTAL 7.2 O final de tubo não resolve? Figura 13 Até recentemente, as tecnologias ambientais convencionaisestavam sendo usadas para o tratamento dos resíduos existentes e das emissões, como a filtragem de poluentes, o tratamento de efluentes, a incineração de resíduos, o tratamento de iodo etc. Como esse método trata dos problemas no final do processo de produção, também é chamado de tecnologia de “fim de tubo” (GIANNETTI; ALMEIDA, 2005). Esse tipo de abordagem traz custos adicionais para a empresa e apenas muda o problema de lugar, por exemplo, filtrando os poluentes de emissões gasosas, mas gerando um resíduo sólido contaminado (filtro). Proteger o meio ambiente deve significar mais do que mudar os problemas de lugar. Os meios de produção devem ser integrados aos objetivos ambientais da P+L, que visa incluir os objetivos ambientais no processo de produção para reduzir os resíduos e as emissões em termos de quantidade e de toxicidade, além de reduzir os custos. Em comparação com a eliminação de serviços externos ou tecnologias de fim de tubo, a P+L tem várias vantagens: • apresenta possíveis soluções para melhorar a eficiência econômica da empresa, uma vez que ajuda a reduzir a quantidade de materiais e energia utilizados; • minimizando resíduos e emissões, geralmente induz a um processo de inovação dentro da empresa; • reduz os riscos da responsabilidade ambiental eliminando e reduzindo resíduos; • auxilia a dar um passo em direção a um desenvolvimento econômico mais sustentável. Temos que reconhecer que o chamado resíduo zero é uma meta ideal que não pode ser alcançada, entretanto temos de pensar no que podemos fazer com os resíduos e as emissões existentes. 150 Unidade III As questões levantadas pela P+L em qualquer processo são: De onde vêm nossos resíduos e emissões? Por que se tornaram resíduos? Devemos buscar a fonte dos resíduos. Portanto, a diferença essencial reside no fato de que a P+L não lida apenas com as consequências, e sim tenta chegar à fonte do problema. Há produtos bastante comuns que, durante sua fabricação, geram uma grande quantidade de resíduos. Por exemplo, uma empresa que vende anéis isolantes de borracha vermelhos de diâmetro 10 mm e azuis de 6 mm (figura a seguir). Na unidade da estamparia, descobre-se que os resíduos sólidos do corte de anéis de borracha correspondem a mais de 70% da matéria-prima comprada e que não há possibilidade de comercialização desses resíduos. Antes Depois Figura 14 – Processos de corte de anéis de borracha antes e depois da aplicação do programa de minimização de resíduos O investimento em uma ferramenta de corte, que permite o corte simultâneo dos dois tipos de anéis, pode reduzir a quantidade de resíduos sólidos em aproximadamente 10% (como mostra a tabela a seguir), e a empresa entende que o seu problema não é o que fazer com os resíduos sólidos, mas melhorar os processos de produção. Como benefício extra, a empresa pode também reduzir os custos com energia e manutenção, já que diminui o número de operações de cortes e o uso da máquina pela metade. Tabela 16 – Minimizando os resíduos com o melhor aproveitamento da matéria-prima mm2 Perdas Área de manta vermelha 2.904 Área dos anéis f 10 mm 678 Total de resíduos 2.226 76,6% Área de manta azul 1.176 Área dos anéis f 6 mm 377 Total de resíduos 799 68,0% 151 QUÍMICA AMBIENTAL mm2 Perdas Área total da manta verde 2.904 Área dos anéis f 6 e 10 mm 1.055 Total de resíduos 1.849 63,7% O fabricante ainda conta com um “resíduo” de anéis de 8 mm de diâmetro, que podem ser facimente comercializados no mercado. Área total da manta verde 2.904 Área dos anéis f 6, 8 e 10 mm 1.582 Total de resíduos 1.321 45,5% Medidas relativamente simples, em níveis de organização e tecnológicos, ajudam a reduzir significativamente o consumo de matérias-primas. Uma característica adicional de P+L é a ideia de considerar a empresa como organismo. Isso significa que matérias-primas, energia, produtos, resíduos sólidos e emissões para a água e o ar estão intimamente ligados ao longo do processo de produção. O quadro a seguir ilustra a diferença entre as tecnologias fim de tubo e P+L, no sentido de proteção ao ambiente integrada à produção. Quadro 4 – Comparação entre as abordagens de final de tubo e P+L Final de tubo P+L Como tratar resíduos e emissões? De onde vêm os resíduos e as emissões? Reage a um problema. Atua no problema. Traz custos adicionais. Pode reduzir custos. Cumpre a legislação com filtros e unidades de tratamento. Ajuda a cumprir a legislação reduzindo os resíduos e a necessidade de tratamento. Só lida com a proteção ao ambiente no final do processo. Lida com a proteção ao ambiente durante todo o processo. A proteção ambiental é um problema para especialistas. A proteção ambiental é um problema de todos. A tecnologia é, em geral, comprada. A tecnologia é, em geral, desenvolvida dentro da empresa (inovação). Aumenta o consumo de material e energia. Reduz o consumo de material e energia. Além dos argumentos em favor da P+L, outras vantagens podem ser citadas (STIGSON, 1999): • evita o aumento de custos por causa da gestão de resíduos; • menos suscetível a entraves (espaço para armazenamento de resíduos, licenças ambientais, capacidade de incineração etc.); • menos problemas em virtude das obrigações civis; • melhor imagem; • menor número de protestos de vizinhos. 152 Unidade III 7.3 Começando a pensar de acordo com a P+L Questionando sobre os fatores que influenciam a geração de resíduos e emissões, deve-se investigar a tecnologia utilizada na empresa. Certamente, ela desempenha um papel importante neste contexto. Mas isso não deve levar à conclusão de que apenas as medidas tecnológicas podem ajudar a desenvolver uma produção eficiente e limpa. Há uma infinidade de outras áreas a considerar, e é possível aplicar estratégias em vários níveis e estratégias de P+L (como mostra figura a seguir). Minimizar resíduos e emissões Modificação do processo Modificação do produto Redução na fonte Boas práticas Novos materiais Novas tecnologias Reciclagem interna P + L Figura 15 – Algumas estratégias de P+L O objetivo principal é encontrar medidas para resolver o problema na fonte (redução ou reciclagem interna). Essas alterações incluem tanto o processo de produção como produto em si (GIANNETTI; ALMEIDA, 2005). As modificações de produtos podem facilitar a produção, o uso e o descarte. Pode-se realizar a substituição do produto por outro, usar diferentes materiais ou aumentar a vida útil do produto durante o projeto. Nesse contexto, o termo eco-design ganhou importância nos últimos anos. As modificações do processo podem ajudar a reduzir os resíduos e as emissões. Para o processo, o que abrange as matérias-primas diretas, mas também o uso de materiais auxiliares, materiais de limpeza, material de escritório, água e energia. Uma boa gestão das matérias-primas e dos materiais de processo, que deriva de mudanças organizacionais, pode ser facilmente implementada e, na maioria dos casos, é economicamente viável. Essas mudanças podem incluir treinamento e motivação de pessoal, alterações no funcionamento dos equipamentos, instruções de manuseio de materiais, recipientes etc. A substituição de matérias-primas e materiais tóxicos nos ajuda a reduzir os volumes de resíduos e as emissões. Já as mudanças tecnológicas podem variar de simples a grandes mudanças no processo de fabricação e incluem medidas de economia de energia, implantação de processos de reciclagem, aproveitamento de material para fabricar um novo etc. Temos como exemplo os nuggets, que são aparas de frango, sem valor comercial, prensadas e empanadas. Observação Há vários outros produtos no mercado que foram concebidos com base nessas ideias, como o uso de aparas de madeira para fabricação de compensados e o uso de cascas de frutas (resíduos de hotéis e restaurantes) para fabricação de ração animal. 153 QUÍMICA AMBIENTAL 7.4 Coleta de dados A base para a P+L e para descobrir as medidas adequadaspara sua aplicação, na maioria dos casos, parte da coleta de dados ou de banco de dados atualizado. Os dados representam a base para o planejamento. Antes de coletar os dados, é preciso ser capaz de responder às seguintes perguntas: • Quais são os dados de que preciso? • Onde posso obtê-los? • Quais as fontes de informação que existem na empresa? Depois se estabelece uma fronteira, em que se pode considerar a empresa como um todo, ou uma determinada área (como mostra a figura a seguir). materiais processo B processo A administração emissões produtos energia Figura 16 – A caixa verde mostra a fronteira que considera toda a empresa. As linhas pontilhadas mostram possíveis cortes, para avaliação de setores Ao definir os limites do objeto de interesse, balanço de massa e energia ajudam a entender o sistema e verificar fontes de desperdícios, perdas, resíduos e emissões. Dentro de empresa orientada para a produção industrial, todos os materiais e recursos energéticos podem ser monitorados em três pontos: • no ponto de entrada da empresa: isto é, no momento em que são adquiridos. Aqui podem ser consultados documentos de contabilidade e custos, recibos de entrega, documentos de fornecedores sobre a composição de produtos, contabilidade interna de embalagens etc. • no ponto de saída: isto é, na forma de produto, de emissões, resíduos sólidos e/ou líquido e desperdícios de calor. Para isso, pode-se consultar a lista dos produtos, a composição, documentos internos sobre resíduos e emissões, recibos de venda, contas de empresas etc. 154 Unidade III • no ponto de utilização: na máquina ou na unidade de produção. Aqui também, dependendo da estrutura organizacional, haverá medições de desempenho das máquinas e instalações, informação pessoal sobre o horário de trabalho e mudanças de turno, especificações do produto para as máquinas, identificação do modelo etc. De início, a informação não pode ser completa, em qualquer um desses pontos. Por exemplo, a falta de informação sobre certos materiais voláteis (solventes evaporados) ou a quantidade de calor residual no processo; mas, após a coleta de todos os dados, você deve ser capaz de responder às seguintes perguntas: • Quanto de matéria-prima e materiais auxiliares se usa no processo? • Qual a quantidade de energia usada? • Qual a quantidade/qualidade dos resíduos e emissões? • Em qual parte do processo os resíduos e as emissões são gerados? • Quais produtos geram, são resíduos perigosos ou controlados, por quê? • Quanto da matéria-prima torna-se resíduo? • Quanto da matéria-prima é perdido na forma de emissões voláteis? • Quais são os custos incorridos por causa da eliminação de resíduos e da perda de matérias-primas? O próximo passo é classificar os resíduos. Resíduos e emissões podem se originar a partir de diferentes matérias-primas e por várias razões. Por meio do estabelecimento de uma lista de possíveis fontes, os resíduos e as emissões podem ser classificados em categorias (como mostra o quadro a seguir). Para cada categoria, diferentes estratégias podem ser aplicadas para evitar ou minimizar a geração de resíduos, desperdícios ou emissões. Tabela 17 – Estratégias para evitar resíduos ou emissões Resíduo Exemplos Estratégias Matéria-prima que não se torna produto Sobras de placas Rebarbas Resíduos de tintas e vernizes Resíduos em águas de lavagem Mudança de tecnologia Automação Treinamento de pessoal Troca da matéria-prima Mudança no projeto do produto Impurezas ou substâncias secundárias Gordura Cascas de frutas Troca da matéria-prima Aproveitamento Subprodutos não desejados Lodo do tratamento de águaSolvente evaporado Mudanças no processo Troca de matéria-prima Mudança no produto Materiais auxiliares descartados Lubrificantes Solventes Pincéis Reciclagem interna Limpeza e manutenção 155 QUÍMICA AMBIENTAL Resíduo Exemplos Estratégias Embalagens Vidros de produtos químicos Caixas de papelão ou madeira pallets Reciclagem externa Reúso Retorno ao fornecedor Produtos não comercializáveis Peças com defeitoProduto fora do padrão de qualidade Mudança de tecnologia Mudança de produto Treinamento de pessoal Automação Controle de qualidade Resíduos de manutenção Panos de limpeza Filtros Lubrificantes Melhorar a vida útil Trocar os materiais Terceirizar o serviço 7.5 Balanços de massa e energia Balanços de massa e energia auxiliam a conhecer um processo, a identificar os fluxos de materiais e energia que atravessam o processo, a estabelecer os locais de geração de resíduos ou desperdício de energia de forma quantitativa. Somente com o conhecimento detalhado desses fluxos é possível propor opções para minimização de resíduos e emissões ou de consumo de energia. As quantidades de material processado nas indústrias podem ser descritas por balanços de massa (como mostra a figura a seguir). Energia Produtos Resíduos Emissões Matérias-primas Operação Unitária Processo Empresa Materiais e Energia armazenados Figura 17 – Balanço de massa e energia Esses balanços obedecem ao Princípio de Conservação da Massa e Energia. Se não houver um armazenamento, o que entra no processo deve sair. Esse balanço de material deve ser atualizado toda vez que ocorrer qualquer alteração no processo. Observação Balanços energéticos são também utilizados na análise das várias fases de um processo, ao longo de todo o processo e também de toda a cadeia produtiva. 156 Unidade III Balanços energéticos são também utilizados na análise das várias fases de um processo, ao longo de todo o processo e também de toda a cadeia produtiva. Esses balanços podem ajudar a estudar os meios de reduzir o consumo de energia nos processos de transformação. 7.5.1 Balanço de massa A análise do fluxo de massa é um procedimento sistemático que objetiva fornecer uma visão geral dos materiais usados na empresa, identificar os pontos de origem, as quantidades e as causas dos resíduos e emissões, criar uma base para avaliar e propor opções para melhorias e definir estratégias para ações futuras. A geração de resíduos e emissões em uma empresa surge nos locais em que os materiais são utilizados, processados e transformados. Dessa forma, empresas que pretendem obter uma solução estratégica para amenizar os problemas ambientais devem ter conhecimento profundo de seus fluxos de materiais. Essas empresas deverão criar um sistema de informação que permita aos engenheiros e administradores seguir os fluxos de material dentro da empresa, possibilitando o controle sobre esses fluxos e garantindo e uso eficiente de cada um deles. Uma análise dos fluxos de massa é a reconstrução sistemática dos caminhos que um material toma dentro da empresa, e essa análise é normalmente baseada em um balanço de massa. Para visualizar os caminhos dos materiais dentro da empresa, é imprescindível a representação gráfica, que parte do fluxograma de processo. Para efetuar uma análise de fluxo de materiais, é necessário seguir estes passos: • definição dos objetivos e das variáveis a considerar; • limitação do espaço de análise; • limitação do tempo de análise; • representação gráfica dos fluxos – qualitativa; • representação gráfica dos fluxos – quantitativa; • interpretação e conclusões. Conhecendo-se, então, os caminhos dos materiais por meio do processo, pode-se (com os dados levantados e obedecendo ao Princípio de Conservação de Massa) atribuir valores numéricos a cada fluxo (como mostra a figura a seguir). Os valores numéricos dos materiais empregados no processo podem ser obtidos em notas de compra ou no controle do estoque. A análise de fluxos de materiais avalia todo o processo, identificando os materiais empregados e também os resíduos e as emissões. No processo de fabricação de solda, são importantes o estanho, o chumbo, o material que pode ser recuperado (borra) e a sucata comprada de terceiros. O limite de espaço pode ser estabelecido na operação 157 QUÍMICA AMBIENTALde fabricação, e o limite de tempo pode ser estabelecido em um ano. Para a representação gráfica dos fluxos de materiais, é necessário conhecer as etapas de operação do processo. No caso da fabricação de solda, foram identificadas as seguintes etapas: fusão e recuperação. Foram, também, identificados equipamentos necessários para a operação: fornos de fusão e recuperação. Após a identificação dos componentes do processo, pode-se representar cada etapa da operação com retângulos e os fluxos de materiais são representados por setas. O balanço de massa pode ser efetuado, lembrando que o Princípio da Conservação de Massa deve ser observado: todos os materiais que entram em cada etapa do processo devem sair na forma de produto, resíduo ou emissões (figura a seguir). Fusão Forno de recuperação Empresa de recuperação Aterro Cliente 13.200 kg 30.800 kg 44.000 kg 53.800 kg solda 273.000 kg borra 68.100 kg sucata 29.700 kg ch um bo 69 .5 00 k g es ta nh o 11 8. 00 0 kg Figura 18 – Balanço de massa do processo de fabricação de solda De posse do balanço de massa do sistema de interesse, pode-se interpretar os resultados, identificando pontos de geração de resíduos e emissões, estabelecendo relações entre a quantidade de resíduo gerado e a de produto e calculando a eficiência do processo. Se o objetivo da análise for a busca de melhorias para o processo existente, pode-se, por exemplo, calcular a eficiência do processo atual e, se for identificada a possibilidade de aplicação de uma opção de produção mais limpa, compará-la com a eficiência do novo processo. Saiba mais Para saber mais sobre balanços de massa aplicados à Produção mais Limpa, leia: MADUREIRA, M. A. Avaliação em emergia para tomada de decisão na substituição das soldas à base de estanho e chumbo. 2009. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção)– Universidade Paulista (UNIP), São Paulo, 2009. 158 Unidade III Para calcular a eficiência da produção, por exemplo, divide-se a massa de solda vendida pela quantidade de matéria-prima que entra no processo de produção. η= massa solda vendida/massa de matéria-prima No caso do exemplo da figura anterior: η= (273000) / (118000+69500+29700+68100) = 0,96 ou 96% A eficiência calculada é alta e indica que o fabricante, que já utiliza soluções de P+L, emprega eficientemente os materiais. Esse valor poderia ser comparado com os obtidos, se: 1) deixasse de recolher a borra dos clientes e usasse apenas sucata. A tabela a seguir mostra os benefícios econômicos da recuperação da borra. Tabela 18 – Simulação do retorno de borra da solda 63 –Estanho37/Chumbo Retorno da borra Total R$/ano Sem retorno de borra 6.179.729 Atual 5.866.785 2) não se comprasse sucata de terceiros. Para a avaliação do papel da captação de sucata no desempenho da empresa, pode-se considerar a quantidade adquirida e avaliar os efeitos do aumento da captação de sucata de terceiros. Os ganhos financeiros devidos à captação de sucata são mostrados na tabela a seguir: Tabela 19 – Simulação da captação anual de sucata da solda 63 Estanho/37 Chumbo Captação de sucata Custo total das matérias-primasR$/ano Sem compra de sucata 5.454.246 Atual 5.301.785 sucata x 2 5.125.825 sucata x 3 4.949.865 É fácil também observar na tabela anterior que o aumento na captação de sucata leva à diminuição do custo total das matérias-primas. Quando se duplica a quantidade de sucata, por exemplo, obtém-se uma redução de custo de aproximadamente 6%, além daquela já obtida pela captação de borra. 159 QUÍMICA AMBIENTAL O objetivo da análise pode ser o de melhorar o processo ou conhecer todos os principais fluxos de materiais que compõem o sistema. Entretanto, a análise pode ser direcionada a um determinado material de acordo com vários critérios (custo, risco, quantidade, toxidade etc). Comparando a informação referente à real eficiência do processo com valores de referência, pode-se detectar mais facilmente os pontos fracos do processo. Os principais problemas devem ser classificados em ordem de prioridade e, por meio da atualização regular dos dados, um instrumento para o controle técnico da empresa é criado, permitindo o controle dos fluxos de materiais e de seu uso. A utilização de material na fabricação de soldas pode ainda ser melhorada, de várias maneiras: • Boas práticas de produção: manuseio cuidadoso das matérias-primas e materiais auxiliares (treinamento de pessoal, reutilização das embalagens, cuidados com emissões etc). • Substituição de matérias-primas: uso de borra e sucata pode reduzir a quantidade de material que vai para o aterro. • Modificações no processo: a automação de algumas etapas poderia reduzir o uso de materiais auxiliares no processo. 7.5.2 Balanço de energia A base teórica para um balanço energético é a primeira lei da Termodinâmica, segundo a qual a energia não pode ser criada ou destruída, apenas modificada na sua forma. Na Física, o balanço energético é uma apresentação sistemática dos fluxos de energia e das transformações em um sistema. As fontes de energia são, portanto, entradas e saídas do sistema em observação (como mostra a figura a seguir). Os balanços energéticos são utilizados para quantificar a energia utilizada ou produzida por um sistema, e são muito semelhantes a um balanço de massas, mas existem algumas diferenças: 1) Um sistema específico pode ser fechado em um balanço de massas, mas aberto para o balanço energético e, 2) embora seja possível ter mais de um balanço de massas para um sistema, só pode haver um balanço energético. Em um balanço do total de energia: Entrada = Saída + Armazenado 160 Unidade III A análise dos fluxos de energia examina o consumo de energia de um sistema, um processo ou instalação, com a finalidade de: • determinar as formas de energia utilizadas; • analisar a utilização da energia; • verificar os dados atuais e investigar as práticas e os procedimentos operacionais; • identificar áreas de perdas e desperdícios de energia; • desenvolver as medidas possíveis para reduzir o consumo de energia. O levantamento visa identificar e corrigir perdas energéticas mais óbvias, como: • vazamentos (óleo, vapor, gás); • superfícies que necessitam de isolamento; • ajustes de queimadores; • saídas de gases com alta temperatura; • movimentação desnecessária de materiais; • instrumentos de controle defeituosos ou descalibrados; • excesso de iluminação; • uso excessivo de aquecimento ou ar condicionado. Energia Saída FORNO Calor armazenado Perdas no gás de escape Perdas pelas paredes Perdas pela abertura do forno Perdas por resfriamento Pré-aquecedor Energia recuperada Figura 19 – Balanço de energia de um forno 161 QUÍMICA AMBIENTAL Um exemplo típico de balanço de energia aplicado a um equipamento da empresa é o balanço para melhoria do desempenho de caldeiras. Caldeiras são equipamentos comuns em muitas indústrias e têm a função de produzir vapor por meio do aquecimento da água. Em geral, são empregadas para alimentar máquinas térmicas, autoclaves para esterilização de materiais diversos, cozimento de alimentos com o uso do vapor ou calefação ambiental. Exemplo: Antes das melhorias propostas, a análise do gás de escape mostrou 8% de excesso de oxigênio e temperatura do gás de saída de 343 oC, com a eficiência da caldeira calculada em 75% (como mostra a figura a seguir). Toda combustão exige a medida correta de oxigênio, excesso ou falta de oxigênio podem causar efeitos indesejáveis. A falta de oxigênio resulta na formação de monóxido de carbono, fuligem e até mesmo explosão, se a fuligem acumulada e o combustível não queimado ficarem expostos, de repente, há oxigênio suficiente para queimar rapidamente. Os queimadores de caldeira são normalmente ajustados manualmente numa base periódica para cerca de 3% de excesso de oxigênio, que corresponde a cerca de 15% de excesso de ar. Dessa forma, garante-se que haverá oxigênio disponível suficiente para acombustão completa do combustível, evitando a emissão de CO e a formação de fuligem. Energia 100% VaporCaldeira Calor armazenado 3% Perdas no gás de escape 18% Temperatura = 343 ºC 8% de oxigênio Perdas pelas paredes 4% Eficiência de 75% Figura 20 – Balanço de energia da caldeira antes das melhorias propostas Entretanto, o excesso de O2 significa que há mais ar na combustão do que deveria haver. Isso inclui também a umidade do ar. A qualidade do ar no entorno da caldeira, assim como a temperatura do ar, também afeta a quantidade de oxigênio. Estudos empíricos mostram que o excesso de O2 é quase diretamente proporcional à eficiência perdida, ou seja, 3% mais O2 significa 3% menos de eficiência. Embora seja possível controlar e ajustar o queimador diariamente de acordo com as condições locais, esse procedimento não é prático. Dessa forma, uma opção de Produção mais Limpa é a instalação de sistemas de monitorização contínua automática dos gases de combustão para ajustar o abastecimento de ar dos queimadores. Proposta de melhoria A – instalação de sistemas de monitorização contínua automática dos gases de combustão. 162 Unidade III A análise do gás de escape mostrou 4% de excesso de oxigênio e temperatura do gás de saída de 329 oC, com a eficiência da caldeira calculada em 79,6%. Além disso, o uso de combustível na entrada caiu em 5,8%. Há ainda a possibilidade de instalação de um “economizador”. Trata-se de trocadores de calor que, aproveitando a alta temperatura dos gases de escape, são empregados para aumentar a temperatura da água de entrada. Proposta de melhoria B – instalação de trocador de calor para elevar a temperatura da água de entrada. A análise do gás de escape mostrou 4% de excesso de oxigênio e temperatura do gás de saída de 194 oC, com a eficiência da caldeira calculada em 86,2%. Além disso, o uso de combustível na entrada caiu em 7,7%. O objetivo dos balanços de massa e energia é avaliar o uso de matérias-primas, a energia, os materiais auxiliares e a eficiência da conversão (matéria prima + energia = produto), de produção e de perdas. Os balanços de massa e energia, usados em conjunto com um diagnóstico voltado à busca de soluções benéficas ao meio ambiente, são uma ferramenta poderosa para a melhoria dos processos de produção, tanto no que se refere à sua eficiência como à redução dos impactos ambientais causados pela indústria. Lembrete Os balanços de material são essenciais para o controle do processo, especialmente dos rendimentos de cada produto, e podem ser empregados no projeto de um novo processo, na melhoria de uma unidade, na operação da planta e como instrumento de controle de produção contínua. Os balanços de material são essenciais para o controle do processo, especialmente dos rendimentos de cada produto, e podem ser empregados no projeto de um novo processo, na melhoria de uma unidade, na operação da planta e como instrumento de controle de produção contínua. 7.6 Metabolismo industrial Essa abordagem leva além das operações unitárias de cada processo, analisando toda a cadeia produtiva. O que é metabolismo? Quais são as etapas do metabolismo? 163 QUÍMICA AMBIENTAL Todo ser vivo é caracterizado pelo seu metabolismo. O metabolismo de um indivíduo é uma complexa troca de materiais entre o indivíduo e o meio ambiente exterior (ambiente), compreendendo as seguintes etapas: Consumo à Processamento à Assimilação à Expulsão Na natureza, as substâncias eliminadas por um indivíduo são utilizadas no metabolismo de outro ser vivo, como o dióxido de carbono produzido pela respiração humana, que é utilizado na fotossíntese das plantas, ou o álcool etílico produzido por leveduras, que é utilizado por bactérias para produzir ácido acético. Os materiais circulam (como mostar a figura a seguir). Figura 21 – Os ciclos na natureza • Produtores são aqueles capazes de produzir seu próprio alimento por fotossíntese ou síntese química, como as plantas e algumas bactérias. • Consumidores são aqueles que obtêm alimento das plantas (herbívoros), de outros animais (carnívoros) ou ambos (onívoros). • Decompositores (fungos e algas) degradam a matéria orgânica de produtores e consumidores, produzindo substâncias inorgânicas que podem ser utilizadas como alimento pelos produtores. No metabolismo biológico da fotossíntese, o dióxido de carbono (CO2), a água, os minerais e a energia do Sol são usados para produzir macromoléculas altamente energéticas (plantas) e oxigênio. O oxigênio e as moléculas energéticas (como carboidratos) são usados por seres aeróbicos no processo de respiração e para produzir sua própria biomassa. Os resíduos desse processo são decompostos por bactérias fechando o ciclo, podendo-se, então, dizer que no metabolismo os resíduos de produtos biológicos de uma atividade são a matéria-prima de outra atividade e que não há lixo ou desperdício. O metabolismo industrial é um processo pelo qual o homem transforma matérias-primas e energia em produtos, bens e serviços, que são necessários para a vida, o desenvolvimento e, 164 Unidade III obviamente, para o seu bem-estar (AYRES; AYRES, 2001). Ele traça um paralelo entre os processos que ocorrem na natureza e aqueles controlados pelo homem (como mostra a figura a seguir). Figura 22 – O ciclo de materiais promovido pelo homem Utilizando metáfora biológica, as atividades industriais podem ser classificadas em três componentes similares: • produtores: representados pelas atividades primárias de produção de energia e matéria-prima (extração de combustíveis, agricultura); • consumidores: representados por um sistema industrial; • decompositores: representados pelas atividades de reciclagem ou de tratamento de resíduos, efluentes e emissões. O processo industrial humano ou metabolismo industrial transforma os recursos da natureza (minérios, biomassa etc.) utilizando moléculas ricas em energia (combustíveis fósseis). O sistema industrial também produz resíduos, especialmente o dióxido de carbono em quantidades significativas. Vale ressaltar que existem alguns processos industriais mais predadores do que outros em termos de consumo de recursos, outros que geram mais resíduos e outros, em termos gerais, menos eficientes. Uma análise do sistema de produção de etanol mostra, por exemplo, que o maior percentual de materiais utilizados como matéria-prima é descartado no meio ambiente (restos da agricultura e CO2). O sistema industrial gera produtos e resíduos que são descartados no ambiente sem que haja decompositores e recicladores para eles. Há um acúmulo de material indesejado e, portanto, poluição. Sistema industrial = sistema aberto Sistema biológico = ciclo fechado O atual sistema de metabolismo industrial aparece, do ponto de vista ambiental, como um sistema de desperdício de poluição. Há muito desperdício porque esse sistema trabalha com grandes 165 QUÍMICA AMBIENTAL quantidades de matéria e energia, ameaçando os recursos não renováveis. O sistema é também altamente contaminante, pois gera substâncias que poluem o ar, a água e o solo, em todas as fases do metabolismo industrial. Há ainda a contribuição da poluição e dos resíduos produzidos pelos sistemas de transporte que operam esse metabolismo. O metabolismo industrial propõe um modelo produtor-consumidor-reciclador para representar o sistema industrial, baseado nos princípios de conservação de massa e energia, em que se deve considerar que a escolha de materiais para produção vai depender da disponibilidade de reservas, da demanda e do custo/possibilidade de reciclagem. Ele também visa otimizar os sistemas industriais, que devem ser projetados para operar de forma similar ao sistema natural: Sem consumir reservas não renováveis. Sem produzir resíduos inúteis ou tóxicos. Para tanto, o metabolismo industrial trata dos fluxos de matéria e energia no sistema industrial com uma abordagem descritiva e analítica que visa ao entendimento da circulaçãode materiais e dos fluxos de energia, seguindo os fluxos de matéria e energia desde sua fonte inicial, por meio do sistema industrial, ao consumidor e ao seu descarte final (como mostra a figura a seguir). Re se rv as n at ur ai s De sc ar te ex tr aç ão matérias- primas materiais puros materiais combinados manufatura produto resíduo co m bi na çã o se pa ra çã o fo rm at o m on ta ge m us o Sistema industrial Figura 23 – Os fluxos acompanhados no metabolismo industrial 7.6.1 Outras ideias e suas ferramentas Como vimos, a degradação ambiental atual, resultante da atividade industrial e da explosão demográfica nos últimos dois séculos, produz uma situação de repensar processos de produção sob uma óptica de otimização de energia e recursos naturais. As primeiras tentativas de atenuar o impacto causado ao meio ambiente, por meio de medidas do setor, foram tomadas no final do processo de fabricação (final de tubo). A grande desvantagem era que o tratamento de final de tubo apenas transferia os danos de um meio para outro, sem qualquer economia no consumo de recursos ou na redução das emissões poluentes. 166 Unidade III Com o surgimento de vários movimentos sociais, a conscientização sobre o cuidado ambiental foi criada pela aplicação de boas práticas ambientais, a P+L. Também surgiram ideias semelhantes, como a Ecoeficiência (produzir mais com menos) e a Prevenção à Poluição (PP ou P2), que visam reduzir os impactos das atividades humanas sobre o meio ambiente (como mostra o quadro a seguir). Esses conceitos e outros, como produtividade verde, são às vezes usados como sinônimos ou como um conceito à parte. De qualquer modo, são instrumentos importantes no processo de mudança de postura da indústria em face ao problema da poluição (EPA, [s.d.]). Quadro 5 – Comparando P+L, ecoeficiência e prevenção à poluição P+L Ecoeficiência PP Fornece estratégias para melhorar continuamente produtos, serviços e processos. Combina eficiência econômica e ecológica (“fazer mais com menos”). O objetivo é produzir maior quantidade de produtos e serviços com menos energia e utilizando, o menos possível, reservas naturais de matérias- primas. Caráter mais normativo, estando vinculado a programas promovidos por agências de proteção ambiental. Consequente benefício econômico, redução da poluição e da geração de resíduos na fonte. Uma empresa ecoeficiente agrega grande valor a suas matérias-primas, gerando pouco resíduo e pouca poluição. Visa claramente minimizar o impacto ambiental Tende a dar mais atenção, a tornar mais eficiente o uso de materiais, energia, processos e serviços. Focaliza o aumento da eficiência em quais e como são usadas as reservas naturais na produção de bens e serviços. Tende a dar mais atenção, a tornar menos poluente o uso de materiais, energia, processos e serviços. O consumo de reservas naturais é minimizado, assim como a poluição e a quantidade de resíduos, trazendo como consequência benefícios econômicos e ambientais. Há uma ligação direta entre o desempenho ambiental e a performance financeira, sendo o principal objetivo utilizar as reservas naturais de forma eficiente. Não se preocupa com as possíveis consequências financeiras que a poluição evitada pode causar nas empresas. O metabolismo industrial, que também contribuiu com esse contexto, promove o fluxo de materiais por meio de sistemas industriais para processamento e posterior alienação como lixo. Esse coceito busca sistemas industriais com comportamentos similares aos dos ecossistemas naturais e tenta transformar o modelo atual de produção promovendo interações entre economia e ambiente e aumentando a eficiência industrial. Para ajudar a reduzir o impacto ambiental, melhorar a ecoeficiência e aumentar a rentabilidade, sempre tendendo a uma maior sustentabilidade, a criação de um ecossistema industrial pode usar métodos como análise de ciclo de vida, minimização e a própria P+L. Entre os vários métodos e ferramentas que permitem analisar e melhorar as interações e inter-relações entre os sistemas industriais e o ambiente, citam-se: • fluxo de análise de material (AFM): quantifica as entradas e saídas de recursos em massa de um sistema; 167 QUÍMICA AMBIENTAL • fluxogramas: processos que ocorrem em uma empresa, instituição, região etc. São expressos como fluxos de matérias-primas, resíduos, emissões e descargas, bem como indicando as trocas de materiais e energia. • mercado (bolsa de resíduos): promove a venda de resíduos e/ou subprodutos de vários fabricantes. • economia ambiental: quantifica os impactos econômicos de um produto ou serviço sobre o meio ambiente, com base nos custos de geração e exploração de recursos naturais e do posterior manuseamento e eliminação de resíduos. • análise do ciclo de vida (ACV): quantifica todos os impactos ambientais de um produto ou serviço, desde a fabricação até o descarte. 8 ECOLOGIA INDUSTRIAL A partir da introdução de conceitos como prevenção da poluição, reciclagem, minimização de resíduos, P+L, ecoeficiência e metabolismo industrial surgiu, no final do século XX, uma nova abordagem, chamada de Ecologia Industrial, fundamentada no conceito de simbiose industrial. De acordo com essa abordagem, um fluxo de resíduos pode tornar-se matéria-prima para outra indústria, fechando o ciclo da matéria. No início dos anos 1990, o conceito de Ecologia Industrial estabeleceu uma nova forma de pensar e agir que pode conduzir à meta do desenvolvimento sustentável. Desenvolvimento sustentável ECOLOGIA INDUSTRIAL Metabolismo industrial P + L e Eco-Eficiência Prevenção à população Minimização de resíduos Reciclagem Final de tubo Figura 24 – O caminho para a sustentabilidade Em setembro de 1989, uma revista científica americana, Managing Planet Earth (Gerenciando o planeta Terra), publicou o artigo “Estratégias para produção” (FROSCH; GALLOPOULOS, 1989) e pela primeira vez se usou o termo ecossistema industrial, que lançou as bases para a definição do conceito de Ecologia Industrial. 168 Unidade III Aplica-se a Ecologia Industrial para buscar o conhecimento dos sistemas industriais, com um comportamento semelhante ao dos ecossistemas naturais, transformando o modelo linear dos sistemas de produção em um modelo com interações cíclicas para impulsionar a economia e a sociedade, preservando o meio ambiente e aumentando a eficiência dos processos industriais (ERKMAN; RAMASWAMY, 2003). Pode ser descrita como o estudo das interações e inter-relações dos sistemas industriais, naturais e sociais. Figura 25 – Interações propiciadas pela Ecologia Industrial O intercâmbio de materiais entre vários sistemas produtivos de maneira que o resíduo de um se torna matéria-prima de outro promove uma rede de empresas trabalhando em conjunto e gerando menos resíduos e emissões (BASU; DIRK, 2006). O primeiro objetivo desse arranjo era puramente econômico, porém logo foram observadas as consequências ambientais e sociais positivas. Entre essas consequências positivas, são observados três elementos principais: • criação de uma rede de indústrias ou elementos relacionados com o seu ambiente; • imitação do funcionamento dos ecossistemas naturais; • inclusão dos três setores de desenvolvimento sustentável (social, econômico e ambiental). O objetivo final é garantir o desenvolvimento sustentável em qualquer nível (global, regional ou local), relacionando os setores econômico, social e ambiental, como mostrado na figura a seguir. Dessa 169 QUÍMICA AMBIENTAL forma, a Ecologia Industrial visa alcançar o desenvolvimento sustentável proporcionando condições ideais para o desenvolvimento da humanidade e das futuras gerações. MEIO AMBIENTE SOCIEDADE ECONOMIA Ambiente seguro e saudável Eficiência e redução do uso de recursos Equidade socioeconômica Figura 26 – Metas da Ecologia Industrial: os três elementos da sustentabilidade e as inter-relações entre seuscomponentes Para a implementação da Ecologia Industrial, é muito importante conhecer e aplicar os critérios para a transformação dos sistemas industriais em ecossistemas industriais. Entre esses critérios, citam-se: • fechar o ciclo do sistema de ciclo industrial; • economia na extração e no uso de recursos naturais; • produção de energia a partir de fontes renováveis; • ecoeficiência; • desmaterialização da economia; • inclusão dos custos ambientais no produto ou nos serviços; • geração de redes entre unidades industriais e o ambiente; • geração de empregos. O projeto mais representativo e mais completo no que se refere à troca de subprodutos e resíduos está em Kalundborg, Dinamarca. Esse projeto começou por casualidade, quando algumas empresas, tratando de reduzir custos e cumprir com a legislação do país, buscaram novas alternativas para gerenciar seus resíduos e otimizar o uso da água no local. Atualmente, os resíduos de Kalundborg são comprados e vendidos por meio de contratos bilaterais, em três áreas: energia, água e fluxos de materiais, com benefícios para ambas as partes. 170 Unidade III Em 1994, havia dezesseis contratos no projeto de simbiose industrial de Kalundborg (investimento de 40 milhões de dólares e economia anual estimada em 7 milhões de dólares). Em 2000, já tinham sido investidos 75 milhões de dólares em dezenove projetos, com uma economia estimada em 15 milhões de dólares por ano. Os intercâmbios de material e energia desse projeto são mostrados na figura a seguir. Figura 27 – Intercâmbios de Kalundborg (Dinamarca) em 2001 Atualmente, existem vários exemplos de Ecologia Industrial aplicada e/ou de conjuntos de indústrias que conseguiram um arranjo de simbiose industrial implementado com sucesso. Na quadro a seguir, são listados alguns casos. Quadro 6 – Exemplos Ecologia Industrial aplicada EUROPA Mesval (Espanha, Itália e Grécia) Estíria (Áustria) Ora Ecopark (Noruega) Jyvaskyla (Finlândia) Progetto Closed (Itália) ÁSIA Bungangam Baru (Indonésia) Naroda (Índia) Nandeseri (Índia) Thane-Pelapur (Índia) Calabarzon (Filipinas) AMÉRICA By-Product Synergy (México) Burnside (Canadá) The Bruce Energy Center (Canadá) Brownsville (Estados Unidos) Devens (Estados Unidos) 171 QUÍMICA AMBIENTAL 8.1 Ferramentas da Ecologia Industrial Além da produção mais limpa e do metabolismo industrial, a Ecologia Industrial usa muitas ferramentas diferentes e métodos que permitem analisar e promover as interações e inter-relações entre sistemas industriais e outros que se desenvolvem dentro de uma única empresa ou sistema. Entre essas ferramentas, temos: • análise do ciclo de vida (ACV): consiste em quantificar impactos ambientais de um produto ou serviço, “do berço ao túmulo”, como mostrado na figura a seguir: Figura 28 – As etapas da avaliação de ciclo de vida • análise de fluxo de material (AFM): quantifica as entradas e saídas (em massa) de uma economia (região, país); • diagramas de fluxo: gráficos que expressam os processos que ocorrem em uma empresa, instituição, região etc., indicam as trocas de matérias-primas, energia, resíduos, emissões e efluentes; • análise econômica ambiental: quantifica os impactos econômicos de um produto ou serviço sobre o ambiente, com base nos custos da exploração de produtos e nos recursos naturais para a sua preparação. Avalia, também, os impactos ambientais da eliminação como resíduo; • ecoeficiência: definida como a prestação de bens e serviços a um preço competitivo, reduzindo progressivamente seu impacto ambiental, a intensidade e a utilização de recursos; • prevenção da poluição (P2): definida pela agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) como a redução ou eliminação de resíduos na fonte, por meio de processos de modificação da produção, promoção do uso de substâncias não tóxicas ou menos tóxicas, implementando técnicas de conservação e reutilização materiais; 172 Unidade III • bolsas de resíduos: promovem a venda de resíduos e/ou subprodutos entre diferentes empresas. Existem fatores que podem promover o sucesso na implementação de critérios e sistemas de ecologia industrial em uma área. Alguns deles estão relacionados com o fator humano, como a motivação dos participantes. A participação e a comunicação estabelecida para a criação do ecossistema industrial são a chave para a geração de sinergias. A implementação de novas sinergias envolve não só as empresas participantes, mas deve também obedecer às regras e à legislação local sobre a possibilidade de troca de resíduos e outros materiais entre indústrias. Há outros fatores contextuais, como a proximidade física entre as empresas participantes, pois, nesse caso, pode-se diminuir os custos associados ao transporte, à criação ou utilização de infraestrutura e à utilização dos serviços. 8.2 Benefícios da Ecologia Industrial A implementação da Ecologia Industrial em uma área pode trazer muitos benefícios. Economicamente, gera grandes oportunidades para crescimento da receita da indústria, com o aumento da eficiência na utilização dos recursos e no uso de tecnologia, a compra de resíduos e subprodutos, como matérias- primas (mais baratos que o material virgem) e a venda de resíduos e subprodutos, reduzindo os custos de descarte e tratamento. Ambientalmente, pode-se reduzir significativamente a quantidade de resíduos destinados à eliminação, as emissões de poluentes para a atmosfera e as descargas de águas residuais em corpos d’água. Também se pode promover a economia significativa dos recursos naturais e poupar energia por meio da ecoeficiência e do uso de energia renovável. Socialmente, a recuperação de alguns resíduos pode dar origem a novos processos de transformação que poderão gerar empregos. Além disso, a redução do impacto no ambiente poderá evitar danos à qualidade de vida da sociedade. A Ecologia Industrial também pode promover o desenvolvimento científico, ligando a academia com o setor industrial. Essa ligação pode acelerar a busca por novas tecnologias para suprir deficiências na gestão dos recursos dentro dos sistemas de produção. Além disso, os princípios promovidos podem contribuir significativamente para que a sociedade e seus governantes possam encontrar caminhos para a sustentabilidade, estabelecendo políticas e regulamentos que orientem o planejamento de áreas industriais. Resumo Nesta unidade, vimos como a sociedade vem reagindo às pressões ambientais e como a indústria tem-se organizado para combater os efeitos da produção voltada a atender à demanda sem considerar os impactos ambientais. 173 QUÍMICA AMBIENTAL A primeira opção apresentada é a Produção mais Limpa (P+L), que aplica a ideia de prevenir a geração de resíduos na fonte (dentro das empresas) como reação aos tratamentos de final de tubo. A P+L propõe integrar métodos preventivos nos processos para aumentar sua eficiência ambiental, ao mesmo tempo que garante aos produtores aumento de lucros ou redução de custos. Empregando uma abordagem mais sofisticada, o metabolismo industrial surge como consequência das atividades propostas pela P+L, ampliando suas ações para toda a cadeia produtiva. Finalmente, entendendo que as cadeias produtivas estão inseridas no meio ambiente, apresenta-se a Ecologia Industrial, que propõe tratar os problemas ambientais de forma holística, considerando a rede formada por várias cadeias produtivas, e formas de simbiose para reduzir os impactos do setor industrial no meio ambiente, empregando várias ferramentas de avaliação. Exercícios Questão 1. A gestão dos resíduos sólidos gerados nas cidades brasileiras demanda a integração de ações de não geração, redução, reutilização, reciclagem, tratamento e disposição final. O Brasil vem se destacando por obter altos índices de reciclagem, em especial para latas de alumínio, 98,2%, e para o papelão, 80%, no ano de 2009. Nesse contexto, a percepção ambiental dos cidadãos para a necessidade de reciclar é um dos fatores determinantesdo sucesso da reciclagem no país. Compromisso Empresarial para a Reciclagem (Cempre). Disponível em: www.cempre.org.br. Acesso em 9 set. 2011. No contexto da reciclagem de resíduos domésticos, analise as asserções que se seguem. A educação ambiental e sanitária tem como objetivo a sensibilização, a conscientização e a mobilização dos cidadãos para que estes segreguem na origem os componentes recicláveis de seu lixo, encaminhando-os para os programas de coleta seletiva. PORQUE A segregação na origem potencializa, técnica e economicamente, a reciclagem dos componentes recicláveis do lixo e minimiza o trabalho de separação desses componentes nas usinas de triagem, em especial quando esses resíduos coletados seletivamente não estão misturados ao componente matéria orgânica do lixo, o chamado lixo úmido. Acerca dessas asserções, assinale a opção correta. A) As duas asserções são proposições verdadeiras, e a segunda é uma justificativa correta da primeira. 174 Unidade III B) As duas asserções são proposições verdadeiras, mas a segunda não é uma justificativa correta da primeira. C) A primeira asserção é uma proposição verdadeira, e a segunda, uma proposição falsa. D) A primeira asserção é uma proposição falsa, e a segunda, uma proposição verdadeira. E) Tanto a primeira quanto a segunda asserções são proposições falsas. Resposta correta: alternativa A. Análise das asserções Primeira asserção: correta. Justificativa: de fato, a educação ambiental é fator de suma importância para que o cidadão passe a adotar práticas de relevância no sentido de reduzir a geração de resíduos sólidos, contribuindo, assim, com a sustentabilidade ambiental. Segunda asserção: correta e justificativa da primeira asserção. Justificativa: uma vez conscientizados os cidadãos com relação à prática de isolamento dos componentes recicláveis do lixo, isso pouparia boa parte do trabalho nas usinas de triagem, o que se converteria em maior eficiência e menor custo associado ao processo de reciclagem. Questão 2. Uma montadora de automóveis, certificada pela ABNT NBR ISO 14001:2004, recebe parte de suas peças em caixas de madeira. Tais caixas, quando desmontadas, geram um resíduo de madeira que é enviado para um aterro industrial licenciado. Com o intuito de aprimorar o seu sistema de gestão ambiental, foi implantado um programa de produção mais limpa, que estabeleceu a seguinte ordem de prioridade para a gestão dos resíduos: eliminação – redução – reaproveitamento – tratamento – disposição final. Analisando o que foi exposto, a melhor proposta a ser indicada para esse resíduo é A) O envio para unidades de pirólise. B) A doação para empresas recicladoras. C) A incineração com recuperação de energia. D) O coprocessamento em unidades de produção de clínquer. E) A substituição das caixas de madeira por embalagens retornáveis. Resposta correta: alternativa E. 175 QUÍMICA AMBIENTAL Análise das questões Justificativa geral: de acordo com a ordem de prioridade para a gestão de resíduos estabelecida pela indústria em questão, o melhor a ser feito seria a eliminação, ou seja, a não formação de resíduos. Assim sendo, a única das propostas apresentadas nas alternativas que prevê a não formação de resíduos seria a substituição das caixas de madeira por embalagens retornáveis, o que é descrito na alternativa E. As demais alternativas descrevem procedimentos de reaproveitamento/tratamento de resíduos: formação de carvão vegetal (após pirólise), reciclagem, incineração para produção de calor e produção de clínquer para cimento. 176 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 2 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 388. Figura 3 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 390. Figura 4 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 392. Figura 5 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 523. Figura 6 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 524. Figura 7 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 525. Figura 8 BOTKIN, D. B.; KELLER, E.A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 518. Figura 9 BOTKIN, D. B.; KELLER, E. A. Ciência ambiental Terra: um planeta vivo. 7. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2012. p. 520. Figura 10 DERISIO, J. C. Introdução ao controle de poluição ambiental. 4. ed. São Paulo: Oficina de Textos, 2012. p. 129. 177 Figura 12 1390831722GIKH2.JPG. Disponível em: http://cdn.morguefile.com/imageData/public/files/p/ pippalou/01/l/1390831722gikh2.jpg. Acesso em: 14 ago. 2014. Figura 13 Grupo Unip - Objetivo. Figura 16 Grupo Unip - Objetivo. Figura 21 Grupo Unip - Objetivo. Figura 22 Grupo Unip - Objetivo. Figura 25 Grupo Unip - Objetivo. Figura 27 Grupo Unip - Objetivo. Figura 28 Grupo Unip - Objetivo. REFERÊNCIAS Textuais ALMEIDA, C. M. 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