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Noções Básicas de Direito Constitucional e Ciência Política - Apostila 2012

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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL 
POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL 
SECRETARIA GERAL 
SEÇÃO DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS 
ASSESSORIA PARLAMENTAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
II Curso de 
Assessoria Parlamentar 
Institucional 
 
 
Disciplina: 
Noções Básicas de Direito Constitucional e Ciência Política 
 
 
 
Brasília – DF, 2012 
 
 
 
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Noções Básicas de Direito Constitucional e Ciência Política 
Elaborada com base no material fornecido pelo Coronel Marcos de Araújo (PMDF) em 2010 e na doutrina mais moderna e atual 
(Marcelo Novelino e Pedro Lenza) 
 
 
Objetivo Particular da Matéria 
 
Transmitir conhecimentos básicos relativos à teoria e ao conceito jurídico da Constituição, 
evolução constitucional brasileira e ordenamento jurídico do país. Interpretar a Constituição 
Brasileira e o significado de seu conteúdo objetivo. Conhecer e analisar as estruturas de Poder e 
debater os objetivos da política, a organização do Estado e o conceito de democracia. 
 
Objetivos Específicos da Matéria 
 
1. Conceitos essenciais sobre Direito Constitucional 
Conhecer e analisar a teoria e o conceito jurídico da Constituição, a evolução Constitucional 
Brasileira e o ordenamento jurídico do país. Interpretar a Constituição brasileira e o significado de 
seu conteúdo objetivo. 
 
2. Conceitos essenciais sobre Ciências Políticas 
Conhecer e analisar as estruturas de Poder e debater os objetivos da política, a 
organização do Estado e o conceito de democracia. 
________________________________________________________________________________________________ 
 
 
 
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Direito Constitucional 
Teorias e Conceitos de Constituição e do Direito Constitucional 
Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. 
 
DIREITO CONSTITUCIONAL: é a ciência positiva da constituição (PINTO 
FERREIRA). Sempre a constituição será o centro. O direito constitucional é dividido pela 
doutrina em 03 grandes ramos: 
 
A) DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – estuda uma determinada 
constituição; 
Direito Constitucional Positivo ou Particular: é a disciplina que tem por objeto o 
estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado 
determinado. Daí falar-se em Direito Constitucional brasileiro, direito constitucional 
francês, direito constitucional americano. 
B) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – estuda a comparação entre 
duas ou mais constituições; 
Direito Constitucional Comparado: este é muito mais um método do que uma ciência ou 
disciplina propriamente dita. Seu objetivo é fazer comparações entre normas e 
princípios de várias Constituições. Estas confrontações podem utilizar como critério 
distintivo o aspecto temporal – e aí se compara a Constituição vigente com outras 
Constituições deste mesmo Estado que não estão mais em vigor) ou o aspecto espacial – 
quando se comparam Constituições de vários Estados entre si, não necessariamente 
vigentes). 
C) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – busca identificar os conceitos e noções 
gerais que estão em todas as constituições. 
Direito Constitucional Geral: é a disciplina que traça uma série de princípios e 
conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e 
sistematizá-los de modo unitário. Constituem objeto do direito constitucional geral: o 
próprio conceito de direito constitucional, seu objeto genérico, seu conteúdo, suas 
relações com outras disciplinas, suas fontes, a evolução do constitucionalismo, a teoria 
da constituição, a teoria do poder constituinte etc. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO 
Cada uma das concepções que estudaremos buscam um fundamento para a 
Constituição. Quando se fala em concepções, se fala no estudo dos fundamentos das 
Constituições. Tem-se os três fundamentos principais – o sociológico, o político e o jurídico. 
Conceitos 
 Sentidos 
a) Sociológico (Ferdinandi Lassalle) – os problemas constitucionais não são 
problemas de direito, mas de poder. A verdadeira constituição de um país 
somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder (Monarquia, 
Aristocracia, Grande Burguesia, Banqueiros, Cultura coletiva e consciência 
social, Pequena Burguesia e Classe Operária – Poder Organizado X Poder 
inorgânico) que naquele país estejam em vigência. As constituições escritas não 
têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do 
poder que imperam na realidade social. 
 
b) Político (Carl Schmitt) – a essência da constituição não se acha numa lei, ou 
norma, mas no fundo, ou por detrás de toda normatividade está uma decisão 
política (fundamental) do titular do Poder Constituinte, isto é, do povo na 
democracia, e do monarca na monarquia autêntica. O autor a ser associado por 
sustentar o fundamento político da Constituição é Carl Schmitt. Ele adota um 
conceito chamado decisionista de Constituição. O que vem a ser isso? Assim como 
Lassale faz distinção entre a Constituição real ou efetiva e a Constituição escrita, 
Carl Schmitt faz uma distinção entre o que ele chama de Constituição 
propriamente dita e o que chama de bens constitucionais. Isso vai ter um reflexo 
muito importante no tema de norma formal e materialmente constitucional e no 
tema da desconstitucionalização, que é uma teoria que se baseia em Carl Schmitt. 
O que seria a constituição propriamente dita na concepção de Carl Schmitt? 
“Constituição é somente aquilo que decorre de uma decisão política fundamental.” 
Por que conceito decisionista? Porque para ele, só é Constituição mesmo aquilo 
que decorre de uma decisão política fundamental. O restante, aquilo que faz parte 
da Constituição, mas que não decorre dessa decisão política fundamental não é 
Constituição propriamente dita. São apenas leis constitucionais. Ou seja, são 
matérias que poderiam ser tratadas pelo legislador ordinário. Não precisariam estar 
no texto da Constituição. O art. 242, § 2º, fala do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro 
 
 
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– isso é absurdo. Colocar numa Constituição um dispositivo que fala de um 
determinado colégio é exagero. Isso seria uma lei constitucional, na concepção de 
Carl Schmitt. 
 
Que tipo de matéria decorre, então, de uma decisão política fundamental? No texto da 
nossa Constituição de 1988, são fruto de decisão política fundamental: 
 
 Direitos Fundamentais, 
 Estrutura do Estado e 
 Organização dos Poderes 
 
Essas matérias, além de serem decorrentes de uma decisão política fundamental, são 
também matérias reconhecidas como matérias constitucionais, normas materialmente 
constitucionais. Há autores que dizem que se está na Constituição é matéria constitucional. O 
professor discorda. Essas matérias são chamadas de matérias constitucionais e correspondem 
exatamente ao conteúdo de direito constitucional que vamos ver. E isso não é por acaso. 
Vamos estudar direitos fundamentais e estrutura de estado e organização de poderes no 
intensivo II. Isso porque essas são as matérias típicas de uma constituição. As demais matérias 
estão relacionadas a outros ramos do direito. é claro que tem conteúdo constitucional, mas 
não são típicas do direito constitucional. 
 
O que Carl Schmitt chama de constituição, na verdade são aquelas matérias 
constitucionais. Quando uma norma trata dessas matérias são chamadas de normas 
materialmente constitucionais. Vamos para a prática: art. 1º da Constituição de 1988: 
 
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, 
formada pela união indissolúvel dos Estados e 
Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado 
democrático de direito e tem como fundamentos:” 
 
Este dispositivo é materialmente constitucional? Sim. Fala da organização do Estado 
brasileiro: é República, é uma federação, seus fundamentos (estrutura) são soberania, 
cidadania, dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o 
pluralismo político. É pois, umanorma materialmente constitucional. 
 
 
 
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O art. 1º é formalmente constitucional? Sim. Tudo o que está no texto da Constituição 
é formalmente constitucional. TUDO. 
Tudo o que está no texto constitucional é materialmente constitucional? Não. A norma 
do Colégio Pedro II é formalmente constitucional porque está no texto da Constituição, mas 
não é materialmente constitucional. É apenas formalmente constitucional. 
 
c) CONCEPÇÃO JURÍDICA (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO 
DIREITO) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há 
fundamento sociológico ou político, é pura norma. O kelsen dá 02 sentidos à 
palavra constituição: 
 
 JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem 
(pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas 
inferiores e superiores). Quem escreveu muito sobre esse princípio foi o 
MAURICE HAURIOU. No topo da pirâmide, há uma norma suprema que 
impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a 
CONSTITUIÇÃO. 
 
 LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade 
na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de 
validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO 
LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a 
NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no 
sentido lógico-jurídico. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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Classificação das Constituições 
A doutrina apresenta várias classificações distintas: 
a) QUANTO AO CONTEÚDO: pode ser 
 
i. MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, 
inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do 
Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” 
(JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). (Obs: as normas 
costumeiras não são fruto de uma decisão política fundamental, elas se 
formam ao longo do tempo). 
 
ii. FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo 
poder constituinte originário e somente modificável por processos e 
formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar 
modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 
45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, 
possuem supremacia em relação à lei ordinária. EXEMPLOS CF/88: 
 
Art. 208. § 3º - Compete ao Poder Público recensear os 
educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a 
chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela 
freqüência à escola. 
 
Art. 242. § 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade 
do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. 
 
b) QUANTO À FORMA: podem ser 
 
i. ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou 
sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade. 
 
 CODIFICADA – um único texto 
 NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos 
(Ex: Constituição da Suécia) 
 
ii. NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS 
ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia 
nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, 
 
 
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especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam-
se de textos históricos que se incorporam à constituição. 
 
 
c) QUANTO À ORIGEM 
i. DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as 
elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma 
assembléia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 
1934, 1946 e 1988. 
 
ii. OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem 
participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada 
pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e 
soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma 
constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a 
elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo 
de constituição). 
 
CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL 
(DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) O PRESIDENTE DA 
REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, 
ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à 
paz política e social, profundamente perturbada por 
conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a 
gravação dos dissídios partidários, que, uma, notória 
propaganda demagógica procura desnaturar em luta de 
classes, e da extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, 
pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se em termos de 
violência, colocando a Nação sob a funesta IMINÊNCIA DA 
GUERRA CIVIL; ATENDENDO ao estado de apreensão 
criado no País pela INFILTRAÇÃO COMUNISTA, que se 
torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo 
remédios, de caráter radical e permanente; ATENDENDO a 
que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de 
meios normais de preservação e de defesa da paz, da 
segurança e do bem-estar do povo; Sem o apoio das forças 
armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e 
outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que 
ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem 
processando a decomposição das nossas instituições civis e 
políticas; 
Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua 
honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um 
 
 
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regime de paz política e social, as condições necessárias à sua 
segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, 
DECRETANDO A SEGUINTE CONSTITUIÇÃO, que se 
cumprirá desde hoje em todo o Pais: 
 
EMENDA CONSTITUCIONAL No. 1, DE 17 DE 
OUTUBRO DE 1969 TEXTO 
Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da 
Aeronáutica Militar, (...), foi decretado, a partir dessa data, o 
RECESSO DO CONGRESSO NACIONAL; 
Considerando que, decretado o recesso parlamentar, o Poder 
Executivo Federal fica autorizado a legislar sobre todas as 
matérias, conforme o disposto no § 1o. do artigo 2o. do ATO 
INSTITUCIONAL NO. 5, de 13 de dezembro de 1968; 
Considerando que a elaboração de emendas à Constituição, 
compreendida no processo legislativo (artigo 49, I), está na 
atribuição do Poder Executivo Federal; 
Considerando que a Constituição de 24 de janeiro de 1967, na 
sua maior parte, deve ser mantida, pelo que, salvo emendas de 
redação, continuam inalterados os seguintes dispositivos: (...); 
Considerando (...); 
Considerando que, feitas as modificações mencionadas, todas 
em caráter de Emenda, a Constituição poderá ser editada de 
acordo com o texto que adiante se publica; PROMULGAM A 
SEGUINTE EMENDA À CONSTITUIÇÃO DE 24 DE 
JANEIRO DE 1967: 
 
iii. PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu 
titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o 
poder constituinte), a constituição será pactuada. 
 
iv. CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o 
texto esteja escrito, na verdade, é um referendo e não um plebiscito, 
que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto. 
 
d) QUANTO À ESTABILIDADE – a constituição deve ser capaz de se adequar às 
novas realidades sociais. A emenda é uma alteração formal que altera o texto da 
 
 
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constituição. Quando ao processo de elaboração da emenda podem ser classificadas 
em: 
 
i. RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração da 
emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF, dois 
turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA 
CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE 
CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se 
há supremacia e rididez. 
 
Da Emenda à Constituição 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante 
proposta: 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos 
Deputados ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, 
manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. 
§ 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervençãofederal, de 
estado de defesa ou de estado de sítio. 
§ 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois 
turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos 
respectivos membros. 
§ 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados 
e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. 
§ 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
§ 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou 
havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta 
na mesma sessão legislativa. 
 
 
 
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ii. FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda 
constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e 
outra. 
 
iii. SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível. EXEMPLO: 
constituição do império. 
 
CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO 
DE 1824) EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE. 
Art. 178. É SÓ CONSTITUCIONAL o que diz respeito aos 
limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos 
Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que 
não é Constitucional, PÓDE SER ALTERADO SEM AS 
FORMALIDADES REFERIDAS, pelas Legislaturas 
ordinarias. 
 
OBSERVAÇÃO: Constituição escrita não significa Constituição rígida. Pode 
haver Constituições escritas e ao mesmo tempo flexíveis. Constituição histórica 
não significa Constituição flexível. Em verdade, as Constituições históricas 
geralmente são rígidas. 
 
 
e) QUANTO À EXTENSÃO 
 
i. CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: prevêem 
somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir 
todos os efeitos. São típicas do estado liberal. 
 
ii. LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. 
São típicas do estado de bem estar social 
 
 
f) QUANTO À FINALIDADE 
 
i. NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas. 
 
ii. DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e 
definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às 
 
 
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constituições longas. Principal teórico é o CANOTILHO, no livro 
constituição dirigente e vinculação do legislador, mas o próprio 
Canotilho fez um novo prefácio, afirmando que a constituição dirigente 
MORREU. Porque na realidade contemporânea, há outros mecanismos 
que são responsáveis pela programação da sociedade, a CF não é mais o 
único instrumento, no livro, CANOTILHO e a constituição dirigente. 
Existe o direito internacional e a constituição da comunidade européia. 
 
iii. CONSTITUIÇÕES BALANÇO: preocupam-se em somente refletir a 
situação presente, sem preocupação com o futuro. EXEMPLO: 
constituições soviéticas antes da queda do muro de Berlim. 
 
Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL 
LOEVENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político: 
 
a) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou 
seja, a constituição que se impõe ao processo político; 
 
b) NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se 
amolda a ele; 
 
c) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao 
povo. 
 
OBSERVAÇÃO: Classificação da Constituição federal de 1988: formal, escrita, 
dogmática, promulgada, rígida e analítica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CONSTITUCIONALISMO – EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
 
 Constitucionalismo - nada mais é do que uma história das constituições, ligada a 
uma constituição. 
 
 Hoje é associado a três idéias: 
 
 1ª) Garantia de direitos; 
 2ª) Separação de poderes; 
 2ª) Princípio do governo limitado. 
 
 O constitucionalismo é uma luta contra o absolutismo. 
 
I – Constitucionalismo antigo: 
 
 - Experiências: 
 
 - Hebreus – é associado ao Estado teocrático, o poder era limitado pelos 
dogmas religiosos. 
 - Grécia – ocorreu a democracia constitucional. 
 - Roma – deve ser atrelada a idéia de liberdade (JHERING). 
 - Inglaterra – Rule of Law (governo das leis) veio a substituir o governo 
dos homens, contribuiu com duas idéias fundamentais: 
 a) governo limitado; 
 b) igualdade dos cidadãos perante a lei. 
 
II – Constitucionalismo clássico ou libberal (primeira geração de direitos – 
liberdade): 
 
 - Surgiu a partir do século XVIII: 
 - Revolução francesa; 
 - Revolução americana; 
 - Foram revoluções liberais que buscavam a liberdade; 
 - Surgiram as primeiras constituições escritas; 
 
 - Experiência norte americana: 
 
 - Surgiu a primeira constituição escrita (1776): 
 - Declaração de direitos do bom povo da Virgínia. 
 - Surgiu a primeira constituição americana em 1787 (em vigor até 
hoje). 
 - Contribuições para o constitucionalismo: 
 - Supremacia da constituição – surgem as regras do jogo, 
pois é a constituição que estabelece as regras (competência do Poder Legislativo, Judiciário 
e Executivo) quem manda, como manda e até aonde pode mandar, dentre os poderes o 
 
 
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Judiciário é o que possui maior neutralidade, por isso, é quem garante a supremacia da 
constituição; 
 - Garantia jurisdicional. 
 
 - Experiência Francesa: 
 
 - Surgiu a primeira constituição escrita da Europa (1791). 
 - Com garantia de direitos; 
 - Separação dos poderes. 
 - A declaração dos direitos do homem e do cidadão serviu de preâmbulo da 
Constituição francesa. 
 
III – Constitucionalismo moderno ou social (direitos de segunda geração – 
igualdade material): 
 
 - Surgiu a partir do fim da Primeira Guerra mundial; 
 - O fator que levou ao surgimento do constitucionalismo social foi a 
impossibilidade de atender as demandas sociais que abalaram o século XIX; 
 - Está ligado a uma igualdade material de direitos (Biscaretti di Ruffia) 
 
 Ciclos constitucionais: 
 
 1º) Constituições da democracia marxista ou socialista; 
 2º) Constituições da democracia racionalizada; 
 3º) Constituições da democracia social; 
 4º) Constituições de países sub-desenvolvidos. 
 
IV – Cosntitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo: 
 
 - Surgiu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial; 
 
 - Fatores que contribuíram para o surgimento do neo constitucionalismo: 
 
 - Dignidade da pessoa humana – valor constitucional supremo (o Estado existe 
para o cidadão e não o cidadão para o Estado); 
 - Rematerialização constitucional (direitos fundamentais); 
 - Reconhecimento da força normativa da Constituição (KONRAD HESSE – 
1959). 
 
 Teorias que foram alteradas com o novo constitucionalismo: 
 
a) Teoria da norma: 
 
 - Alteração com relação aos princípios – na doutrina clássica era 
considerado uma diretriz, hoje a norma é um gênero que tem duas espécies: 
 
 
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 a1) princípios; 
 a2) regras. 
 
 - Os princípios foram para o topo; 
 - Regra específica X princípio geral – aplicamos a regra geral; 
 - A subsunção hoje é aplicada em relação às regras (o servidor público é 
aposentado compulsoriamente aos setenta anos); 
 - Os princípios são aplicados através da ponderação de princípios. 
 
 
 
 
 
 
b) Teoria das fontes: 
 
 - Hoje o protagonista principal não é o legislador e sim o juiz, para o Prof.: 
Novelino é um absurdo, pois, o ideal seria um equilíbrio entre os três poderes; 
 - Ativismo do Poder Judiciário (hoje o Judiciário é mais atuante em face da 
inércia do Poder Legislativo), no caso do Mandado de Injunção o STF cansou de 
esperar e tomou um posicionamento (atuou como legislador positivo); 
 - Judicialização das relações políticas e sociais – hoje o direito está mais 
presente em assuntos políticos e sociais (controle de CPI, fidelidade partidária, 
verticalização das coligações para as eleições; pesquisa com células tronco, aborto no caso 
da acrania(anacefalia), reservas indígenas, união homoafetiva, ações afirmativas cotas). 
 - Influência do Direito Internacional (tratado internacional dos direitos humanos), 
posição do STF o tratado tem status de supralegalidade. 
 
c) Teoria da interpretação: 
 
 - Mudanças: 
 
 - Nos métodos de interpretação; 
 - Princípios interpretativos ou postulados; 
 - Princípios materiais – estão na constituição; 
 - Princípios que não estão na CF ex: interpretação conforme a Constituição; 
 - Para o Prof. Luís Roberto Barroso – toda interpretação jurídica é uma 
interpretação constitucional (é uma aplicação indireta negativa); 
 - Interpretação conforme a constituição (a doutrina chama de filtragem 
constitucional) é a aplicação finalística da constituição; 
 - Aplicação direta da constituição (a própria constituição é que regula o caso 
concreto). 
 
V – Constitucionalismo do futuro: 
 
NORMA 
REGRA PRINCÍPIO 
 
 
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 Surgiu em congresso de direito constitucional, no futuro haverá um equilíbrio entre 
os valores marcantes do constitucionalismo moderno e os excessos praticados pelo 
constitucionalismo contemporâneo. 
 
 - Valores fundamentais da teoria: 
 
 1º) Verdade; 
 2º) Solidariedade; 
 3º) Consenso; 
 4º) Continuidade; 
 5º) Participação; 
 6º) Integração; 
 7º) Universalização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES 
 
 Requisitos para a classificação: 
 Lógica. 
 Utilidade – compreender o objeto de estudo. 
I). Quanto à forma: 
 - Escrita – CRFB/88 - Existe um costume constitucional no BR é o voto de 
liderança (matérias de consenso no parlamento a aprovação é feita pelos lideres dos 
partidos, não tem previsão no texto constitucional). 
 
 - Não escrita – (Constituição inglesa) – tem vários documentos escritos (Magna 
Carta). 
 
II. Quanto à sistemática – só vale quando a constituição for escrita – pode ser 
codificada; não codificada. 
 Codificada – é a constituição que é codificada (é sistematizada) CRFB/88. 
 Não codificada – Alemanha nazista 
 
III). Quanto à origem (qual o poder que a elaborou): 
 - Democráticas ou populares ou votadas ou promulgadas – tem que ser elaborada 
por representantes do povo, eleitos para este fim específico (elaborar a constituição). 
 Duas peculiaridades da CRFB/88: os parlamentares foram eleitos para legislar e 
elaborar a constituição, alguns senadores já tinham sido eleitos antes da elaboração da 
constituição (por isso não foram eleitos para elaborar a constituição); 
 - Outorgada ou imposta – o governante impõe a constituição. Constituição 
cesarista é a que é submetida a um plebiscito ou referendum. 
Referendum – consulta posterior (ratificação do estatuto do desarmamento). 
Plebiscito – consulta prévia (mudança de sistema de governo república ou monarquia). 
 - Pactuada – pacto entre o rei e a assembléia (Constituição espanhola). 
 
IV). Quanto à forma de elaboração 
 - Dogmática – feita a partir da consagração de dogmas e princípios dominantes em 
determinado momento histórico (escrita). 
 
 - Histórica – vai surgindo lentamente através dos tempos (constituições não 
escritas, costumeiras). 
 
V). Quanto à plasticidade ou estabilidade da constituição (o grau de modificação 
da Constituição em relação às leis infraconstitucionais) 
 - Rígidas – é o processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso para 
alteração da Constituição. Para o Prof. Alexandre de Moraes se a CF possui rigidez 
+cláusula pétrea será constituição super rígida (CRFB/88). 
 - Semi flexíveis – tem uma parte rígida e outra parte flexível (Constituição imperial 
de 1824). 
 
 
18 
 
 - Flexíveis – é o mesmo processo legislativo das leis ordinárias. O parlamento tem 
uma função constituinte permanente (não existe poder reformador). Não existe hierarquia 
entre constituição e as leis. Não existe controle de constitucionalidade das leis. A 
Constituição inglesa tratado (human rigsts act) não poderá ser a rigor uma constituição 
flexível. 
 
VI) Quanto à extensão (qual é o tamanho da constituição): 
 - Concisa ou sintética ou suscita ou sumária ou breve ou clássica ou material – é 
aquela que trata apenas de matéria constitucional, só traz os princípios gerais dessa matéria. 
 
 - Prolixa ou analítica ou regulamentar ou formal – foi criada para proteger o maior 
número de direitos, pois surgiu após os períodos nazista e fascista. 
 
VI Quanto à função ou estrutura: 
 - Garantia ou quadro (moldura nos EUA) – é aquela que tem como função 
garantir direitos de liberdade. 
 
 - Dirigente ou programáticas – é aquela que dirige os rumos do Estado 
estabelecendo diretrizes, objetivos e programas de ação a serem implementados pelos 
poderes públicos. É ela mesma que dirige e não os poderes públicos. Contém normas 
programáticas (CRFB/88). 
 
 CRFB/88 (é o correto). 
 - Constituição Nacional – UU; EE; MM; DF. 
 - Constituição Federal – UU. (art. 59 e ss). 
 -Escrita; codificada; democrática; dogmática; rígida (super rígida); prolixa ou 
analítica ou regulamentar; formal; dirigente; eclética; compromissória. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19 
 
ORDENAMENTO JURIDICO DO BRASIL – ASPECTOS 
PONTUAIS 
 
I. Hierarquia de normas: 
 
- Supremacia Material – conteúdo (é característica de todas as constituições). Só tem 
relevância social 
 
- Supremacia Formal – forma (é a que interessa juridicamente) decorre do fato de ser 
rígida. O controle de constitucionalidade só ocorre nas constituições rígidas. 
 
 Temas importantes: 
 
 - Hierarquia entre lei complementar e lei ordinária: 
 - Se não houver hierarquia ambas estão submetidas à constituição; 
 - Se existe hierarquia não cabe ação direta de constitucionalidade. Para o 
STJ e o STF não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, pois ambas retiram o 
seu fundamento de validade da constituição. 
 
 LC e LO – diferença de matéria (LC reservado expressamente pela CRFB) (LO é 
residual) e de forma (iniciativa é idêntica), quorum de votação (parlamentares presentes) 
não há diferença (maioria absoluta + de 50% dos membros, quorum de aprovação (votos a 
favor) é diferente LO maioria relativa (mais de 50% dos presentes 300 = 151), LC maioria 
absoluta dos membros mais de 50%. Art. 47 da CRFB é a regra geral. 
 
 Pode uma lei ordinária tratar de matéria reserva a LC? 
 Por ser uma matéria reservada ela não pode ser tratada por leis ordinárias, medidas 
provisórias e leis delegadas. 
 
 Pode uma LC tratar de matéria residual sem invalidação? 
 - Sim, por economia legislativa. 
 - Consequência - será apenas formalmente complementar. 
 - Isso quer dizer que uma lei ordinária pode revogar uma lei apenas 
formalmente complementar. 
 
 Lei Federal; Lei Estadual; Lei Municipal – repartição horizontal possuem campos 
distintos, retiram o seu fundamento de validade da própria constituição. 
 Quando houver conflito o STF dirimirá através do Recurso Extraordinário. 
 No caso da lei federal e da estadual cabe controle de constitucionalidade. 
 
 Repartição vertical: (neste caso existe hierarquia). 
 
 Lei federal – normas gerais; 
 
 
20 
 
 Lei estadual – normas específicas - havendo violação da norma geral (não há 
controle de constitucionalidade). 
 Lei municipal – normas de interesse local 
 
 Ex.: arts. 24, 22 
 
TRATADOS INTERNACIONAIS 
 
 STF RE 466343/SP 
 
RE 466343 / SP - SÃO PAULO 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO 
Relator(a): Min. CEZAR PELUSO 
Julgamento: 03/12/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno 
 
Ementa 
 
EMENTA: PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. 
Decretação da medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da 
previsão constitucional e das normas subalternas. Interpretação do art. 5º, inc. 
LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana deDireitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso improvido. 
Julgamento conjunto do RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. É ilícita a 
prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. 
 
 Tripla hierarquia: 
 
 1)-TI – de direitos humanos + 
 - TI- direitos humanos aprovado em 2 turnos nas duas casas e 3/5 dos seus 
membros serão equivalentes a emendas constitucionais e tem status constitucional; 
 - Controle de constitucionalidade. 
 2) TI - direitos humanos aprovado com status supralegal (abaixo da constituição 
mas acima da lei: 
 - TI direitos humanos – quorum de lei ordinária art. 47 da CF. 
 - Controle de convencionalidade ou de supralegalidade (para o Prof. Novelino) 
 3) T.I. não seja de direitos humanos – status de lei ordinária 
 - Controle de legalidade. 
 Não existe nenhuma ação específica de controle de supralegalidade e legalidade, são 
discutidas incidentalmente, não é a questão principal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21 
 
HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL (INTERPRETAÇÃO) 
 
1 métodos de interpreção constitucional 
 
 As constituições escritas surgiram no século XVIII, americana, francesa, antes das 
constituições escritas não poderia se falar em interpretação. 
 
 Final do século XVIII ao XX não havia métodos de interpretação. 
 
 Após a Segunda Guerra Mundial começou o desenvolvimento de métodos de 
interpretação. 
 
 Fatores que levaram a aparecer os métodos: 
 
a) A maioria das Constituições têm direitos fundamentais com base em 
PRINCÍPIOS. Interpretar um princípio é uma questão muito complexa; 
b) O objeto da Constituição trata de todos os ramos do direito, por isso temos que 
harmonizar todos; 
c) Eficácia das normas constitucionais (plena, contida, limitada); 
d) Ideologia (pré-compreensão do intérprete) é difícil uma interpretação 
completamente neutra (aspectos morais, sociais, políticos, econômicos). 
 
 Objetivo do método 
 
 É racionalizar e tornar mais objetiva a interpretação. 
 
 Qual seria o método mais adequado? 
 Para CANOTILHO, não existe um só método justo, todos os métodos, apesar de 
partir de premissas diferentes, são reciprocamente complementares. 
 
1.1. Método hermenêutico clássico (ERNEST FORSTHOFF) 
 Este método é chamado de hermenêutico clássico por usar os elementos clássicos 
de interpretação, quais são? São os elementos desenvolvidos por SAVIGNY), que foram: 
a) Gramatical; 
b) Lógico; 
c) Histórico 
d) Sistemático – a norma não existe isoladamente, ela faz parte de um sistema. 
 
 A premissa é a tese da identidade - entre a Constituição e a lei. 
 - A constituição é uma lei e como tal não justifica um método especial. 
 
 Crítica principal a este método 
 
 
 
22 
 
 - Os elementos clássicos foram desenvolvidos para o direito privado, sendo 
insuficientes para dar conta das complexidades envolvendo a interpretação constitucional. 
Savigny desenvolveu estes métodos para utilização no direito privado. 
 
1.2.Método científico espiritual ou valorativo ou sociológico ou integrativo 
(princípio do efeito integrador) (RUDOLF SMEND): 
 Onde está o espírito da Constituição? 
 Nos valores que a Constituição consagra. 
 No caso da CRFB, onde não temos norma jurídica? 
 - No preâmbulo. Para este método é importantíssimo a interpretação do 
preâmbulo, mesmo não sendo uma norma jurídica. 
 Leva em consideração fatores EXTRACONSTITUCIONAIS. 
 - Valores; 
 - Realidade social. 
 
 Críticas (segundo CANOTILHO). 
 
a) Indeterminação e mutabilidade dos resultados; 
b) Que pode gerar uma insegurança jurídica 
 
Métodos apoiéticos (partem da idéia de problema) são concretistas (só no caso 
concreto de aplicação da constituição). 
 
1.3. Método tópico problemático (THEODOR VIEHWEG) 1950 reação ao 
positivismo jurídico. 
 - Tópico por que é um método que se baseia no TOPOS (topoi)– formas de 
raciocínio, de argumentação, esquemas de pensamento, pontos de vistas. Exs.: normas 
excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Violação do sigilo de 
correspondência de um preso, o mesmo questionou a violação. 
 - São extraídas do(a): 
 Da doutrina dominante; 
 Da jurisprudência dominante; 
 Do senso comum. 
 É problemático porque se baseia na idéia de um problema – é argumentativo em 
torno de uma situação jurídica. São levados em conta argumentos A FAVOR e CONTRA, 
assim veremos qual a decisão que irá prevalecer, o argumento que vai vencer será o que for 
mais convincente. 
 Problema seria um caso que comporta várias decisões (HARD CASE). 
 
 Críticas 
 
 1ª) a interpretação deve partir da norma para o problema e não o contrário; 
 - A maioria dos juízes parte do problema para norma, isso que aparentemente ser 
justo é muito complicado, já que as decisões serão dadas de acordo com o conceito de 
justiça do juiz. 
 
 
23 
 
 2ª) Casuísmo ilimitado. 
 - Quando partimos do problema será uma decisão para cada caso. 
 3ª) Pouca importância atribuída à jurisprudência. 
 
1.4. Método hermenêutico (dar os critérios para a interpretação) concretizador 
(KONRAD HESSE). 
 - Criou um catálogo de princípios. 
 - Interpretação. 
 - Concretização é aplicação da norma ao caso concreto. 
 - Premissa do método – interpretação e aplicação são inseparáveis constituem um 
processo unitário. Interpretar sem um caso concreto não há interpretação. 
 
 Elementos Básicos. 
 
a) Existência de um problema a ser resolvido; 
b) Existência de uma norma obrigatoriamente – existe uma primazia da norma 
sobre o problema (deve partir da norma para o problema); 
c) É necessária uma compreensão prévia do intérprete, que é obtida através da 
teoria da constituição (CÍRCULO FECHADO DE INTERPRETES). 
 
 No método Há uma primazia da norma sobre o problema. 
 
 Crítica 
 
 Quebra da unidade e enfraquecimento da força normativa da Constituição, é uma 
feita a todos os métodos concretistas. 
 
1 .5. Método normativo estruturante (DRUDRICH MULLER) 
 
 Premissa: Segundo ele não devemos falar em interpretação, mas sim concretização 
da norma. 
 Concretização = Aplicação da norma ao caso concreto. 
 Este método estabelece etapas (estrutura) para a concretização da norma. 
 Primeira estrutura: 
 - Elementos metodológicos: 
 Métodos interpretativos 
 Princípios interpretativos 
 - Elementos dogmáticos 
 Doutrina 
 Jurisprudência 
 Elementos teóricos (pós positivistas) 
 Elementos de política constitucional: 
 Repercussões da decisão no sistema político, em certos casos, até mais do 
que repercussão jurídica. 
 Programa normativo – Tanto o texto da norma como a norma propriamente dita. 
 
 
24 
 
 Domínio normativo – ligado à realidade social conformada pela norma jurídica. 
 O interprete deve considerar o texto da norma e também a realidade social. 
 Texto – é apenas a forma de exteriorização da norma. A função do texto consiste 
em limitar e dirigir a atuação do interprete. 
 Norma – é o resultado da interpretação do texto. 
 
 Crítica 
 
 Quebra da unidade e enfraquecimento da força normativa da Constituição. 
 
1.6. Método concretista da Constituição aberta (PAULO BONAVIDES) ler o livro 
deste autor neste tema. 
 
 - PETER HABERLE 
 Obra de hermenêutica constitucional “Sociedade Aberta dos Interpretes da 
Constituição.” Foi traduzida pelo Min. Gilmar Mendes. 
 Idéia central do livro: A interpretação constitucional não deve se restringir 
apenas a um círculo fechado de interpretes. Todo aquele que vive uma realidade 
constitucional deve ser considerado um legítimo interprete (ou pelo menos um pré 
interprete). 
 Ele não nega que a última palavra será do Poder Judiciário, no entanto, não 
será o único a realizar a interpretação. 
 Para ele como a Constituição é dirigida ao povo, ele o povo deve interpretá-
la. 
 Ele traz para o texto constitucional a idéia de democracia, ela democracia 
não deve estar presente somente no momento anterior, mas também no momentoposterior por meio da interpretação da Constituição, e a democratização da interpretação 
constitucional. 
 Qual é aplicação prática no controle de constitucionalidade das normas e a 
figura do amicus curiae. Realização de audiências públicas no STF para oitiva da população 
sobre determinados temas. 
 
 Crítica 
 
 O alargamento excessivo do círculo de interpretes pode causar a quebra da unidade 
e o enfraquecimento da força normativa da Constiuição. 
 
Interpretativismo e não interpretativismo 
 
 Interpretativismo ou Originalismo ou textualismo ou preservacionismo 
 - O juiz quando for aplicar a norma deve descobrir o sentido que foi dado pelo 
constituinte originário. 
 
 Premissas: 
 
 
 
25 
 
 1ª) Respeito absoluto ao texto e a vontade do constituinte originário. 
 2ª) Limitação ao conteúdo da Constituição. 
 3ª) Existe uma única resposta correta. 
 
 Esta é uma postura muito conservadora. 
 
 Não interpretativismo 
 - É uma corrente progressista. 
 
 Pressuposto 
 
 Cada geração tem o direito de viver a Constituição ao seu modo. 
 
 O Judiciário tem o dever de desenvolver e evoluir o texto constitucional. Está 
diretamente ligada ao ativismo judicial. 
 Ativismo judicial significa uma postura mais ativa do Poder Judiciário na 
implementação de direitos. O poder judiciário deve tomar o papel do legislador quando 
este não atuar como devido. O ativismo do Judicial está ligado à opinião pública. O 
Ativismo judicial é uma conseqüência lógica do enfraquecimento do Poder Legislativo. 
 Em determinados momento é bom o ativismo judicial, mas em outros não é bom. 
 
 
 Princípios interpretativos ou princípios instrumentais ou postulados 
normativos 
 
 Antes de estudarmos os princípios alguns conceitos são importantes e que serão 
vistos a seguir. 
 
 DEFINIÇÕES DE: HUMBERTO ÁVILA 
 
 Postulado normativo – são normas de segundo grau que estabelecem a estrutura 
de aplicação de outras normas, corresponde aos princípios instrumentais de LUÍS 
ROBERTO BARROSO. Será utilizado para aplicação de princípios e regras. 
 
 Princípio – são normas que estabelecem fins a serem buscados pelos poderes 
públicos, correspondem aos princípios materiais de LUÍS ROBERTO BARROSO 
(igualdade, liberdade, moralidade). 
 
 Regra – são normas imediatamente descritivas de comportamentos devidos ou 
atributivas de poder. 
 
 DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIO DE: ROBERT ALEX 
 
 Princípios – são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que estabelecem 
que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades 
 
 
26 
 
fáticas e jurídicas existentes. São aplicados pela utilização da ponderação de valores 
(razoabilidade e proporcionalidade). 
 
 DEFINIÇÃO DE REGRA DE: RONALD WORKIN 
 
 Regras – obedecem a lógica do tudo ou nada. É aplicada através da subsunção 
(ocorreu a hipótese aplica-se a regra). 
 
 Regras são “mandamentos de definição”, ou seja, são normas que ordenam que 
algo seja cumprido na medida exata de suas prescrições. 
 
 Princípio da liberdade de expressão X Princípio à dignidade do povo judeu. 
 - Princípio da proporcionalidade: 
 - Gilmar – Fere à dignidade do povo judeu. 
 - Marco Aurélio – Não fere a dignidade do povo judeu. 
 HABERMAS – entende que a proporcionalidade (ponderação) pode conduzir ao 
subjetivismo e ao decisionismo judicial. 
 
PRINCÍPIOS INTERPRETATIVOS INSTRUMENTAIS: 
 
 Princípio da interpretação conforme a Constituição 
 
 Princípio da supremacia da Constituição: 
 - A CRFB é a norma suprema, e por isso, os atos dos poderes públicos só 
serão válidos se estiverem em conformidade com ela. 
 - Obedecer a forma – válido. 
 - Obedecer o conteúdo – válido. 
 - Neste caso é a supremacia formal, que está atrelada à rigidez. 
 Princípio da Presunção de Constitucionalidade das leis: 
 - Premissa: se a constituição é a norma suprema significa que os poderes 
públicos (Legislativo, Executivo, Judiciário) retiram suas competências da CRFB, assim 
sendo, presume (presunção relativa ou iuris tantum) que eles agiram de acordo com ela. É 
reforçada pelo controle preventivo de constitucionalidade das leis (pelo poder Legislativo 
(CCJ) e Executivo (veto jurídico por inconstitucionalidade) e excepcionalmente pelo Poder 
Judiciário (MS de parlamentar)). 
 - Na dúvida a lei deve ser declarada constitucional. 
 
 O princípio da interpretação conforme só deve ser utilizado diante de 
normas polissêmicas ou plurissignificativas – é a norma jurídica que tem mais de um 
significado possível. Ex.: Norma “A” compatível com CRFB, “B” e “C” incompatíveis, 
optamos pela norma “A”, pois é conforme à CRFB. 
 Segundo o STF a interpretação conforme é equivalente a declaração de 
nulidade sem redução de texto 
 Limites para a aplicação do princípio da interpretação conforme: 
 
 
27 
 
a) Clareza do texto legal – se o texto da norma é claro, ele só tem um sentido 
possível; 
b) Vontade do legislador – o juiz não pode substituir a vontade do legislador pela 
sua própria vontade. 
Correntes: 
1ª) Mens lelgislatoris. 
2ª) Corrente subjetivista. 
3ª)Corrente objetivista- busca a vontade da lei mens legis. 
 
 Através da interpretação conforme fazemos a filtragem constitucional 
(passamos a lei pelo filtro da constituição é uma interpretação da lei à luz da 
Constituição), pois, a CRFB é o fundamento de validade da lei. 
 
PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO PROPRIAMENTE 
DITO: 
CATÁLOGO DESENVOLVIDO POR: 
- KONRAD HESSE 
- FRIEDRICH MULLER 
 
 1º) Princípio da unidade da Constituição. 
 
 Conceito. 
 
 Nada mais é do que a interpretação sistemática. 
 
 Impõe ao interprete a harmonização das tensões em conflitos entre normas 
constitucionais. 
 Exemplo: direito de propriedade X função social da propriedade, segundo o Prof. 
JOSÉ AFONSO DA SILVA, é garantido o direito de propriedade, desde que, cumpra a 
sua função social. 
 
 Finalidade do princípio da unidade: 
 
 - Afastar a tese de que existiria hierarquia entre as normas constitucionais. 
 OTTO BACHOF – ADI 4097. (impossibilidade jurídica do pedido) 
 KRUGER. 
 
 2º) Princípio do efeito integrador 
 
 Pressuposto: 
 
 A CRFB é o principal elemento de integração comunitária. 
 
 Conceito 
 
 
 
28 
 
 Nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais deve ser dada primazia aos 
critérios que favoreçam a integração política e social. 
 
 3º Princípio da concordância prática ou harmonização 
 
 É muito parecido com o princípio da unidade, no entanto, neste o conflito é entre 
normas abstratas, já no princípio em estudo é o conflito no caso concreto (colisão de 
direitos ou de princípios), neste caso para resolver utilizamos a ponderação. 
 
 Conceito 
 
 Diante da colisão de direitos o interprete deverá combinar e coordenar os bens 
jurídicos em conflito realizando uma redução proporcional de cada um deles (princípio da 
proporcionalidade). Reduz ao mesmo tempo o campo do princípio da privacidade e do 
princípio da liberdade de informação (concordância prática ou harmonização), um não 
afasta o outro. 
 
 4º) Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas. 
 
 Conceito 
 
 Não existem princípios absolutos (direitos absolutos), pois, todos encontram limites 
em outros princípios também consagrados na Constituição. 
 
 Cedência recíproca dos princípios 
 Ex.: Há autores que entendem que o PDPH é absoluto, situação concreta ADPF 
54, argumento, dignidade da pessoa humana da mãe, e dignidade da pessoa humana do 
feto, se o princípio da DPH for absoluto não haveria solução para este conflito. 
 Trabalho escravo não é um princípio, e sim uma regra. 
 Quando falamos da relatividade falamos de princípios. 
 
 5º) Princípio da força normativa da Constituição 
 
 Efeitos transcendentes dos motivos determinantes 
 - Fundamentação – o STF faz a interpretação, que se forem divergentes 
enfraquecem a força normativada constituição. 
 
 Objetivação 
 - Extensão 
 
 Relativização da coisa julgada 
 
 Premissa: o STF é o guardião da CRFB, e a ele cabe a última palavra. 
 Tem admitido o cabimento de ação rescisória dentro do prazo de dois anos para as 
decisões alcançadas pela decisão do STF. 
 
 
29 
 
 
 Conceito 
 
 Na interpretação constitucional deve ser dada preferência a soluções densificadoras 
(concretizadoras) das normas constitucionais que as tornem mais eficazes e permanentes. 
Ex. Relativização da coisa julgada. 
 
 6º) Princípio da máxima efetividade se refere especificamente aos direitos 
fundamentais 
 
 Força normativa toda a CRFB e máxima efetividade só direitos fundamentais. 
 
 É retirado do art. 5º, § 1º da CRFB, as normas definidoras dos direitos 
fundamentais têm aplicação imediata. 
(parênteses) 
 
 Plano da existência jurídica 
 
 É a norma feita por uma autoridade aparentemente competente para tal, no plano 
jurídico é conhecida como vigência. 
 
 Plano da eficácia jurídica 
 
 É aptidão da norma para ser aplicada aos casos concretos (positiva) ou para 
invalidar normas que lhes são contrárias (eficácia negativa). 
 
 Plano da efetividade ou eficácia social 
 
 Quando ela cumpre a função para qual ela foi criada. Atinge o resultado almejado (é 
a lei que pega). 
 
 Plano de validade 
 
 Fazemos uma comparação entre a norma superior e norma inferior, a inferior só 
será considerada válida ser for feita de acordo com a norma superior. 
 
 
 7º) Princípio da conformidade funcional ou justeza (ajuste às funções 
atribuídas pela CRFB) 
 
 Ele determina que cada órgão atue conforme as funções que lhe foram atribuídas 
pela Constituição. 
 
 Finalidade: (Canotilho) 
 
 
 
30 
 
 Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação 
constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório 
funcional estabelecido pela Constituição. Exemplos de violação: abstrativização da CRFB 
(art. 52, X da CRFB); Decisão com efeito erga omnes no mandado de injunção (legislador 
positivo). 
 
 Destinatário: 
 
 É o STF. 
 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE É UMA MÁXIMA SERIA MAIS QUE 
UM PRINCÍPIO INFORMA A ATUAÇÃO DOS OUTROS PRINCÍPIOS (R. 
ALEXY) 
 
1 . Problemas da nomenclatura: 
 No Brasil STF é sinônimo de razoabilidade. 
 Para o Min. Gilmar Mendes que tem influência alemã utiliza o termo 
proporcionalidade. Já o Prof. LUÍS ROBERTO BARROSO que tem influência norte 
americana utiliza o termo razoabilidade. 
 
 No Brasil o STF e a doutrina não distingue proporcinalidade de razoabilidade. É 
um princípio implícito, não está expresso da CF. 
 
2 . Consagração implícita na CRFB. 
 
 Em várias passagens a CRFB adota termos que levam à proporcionalidade. 
 De onde podemos abstraí-lo na CRFB: 
a) Pode ser abstraído dos direitos fundamentais (Prof. NOVELINO); 
 Este sistema é incompatível com qualquer tipo de arbitrariedade por parte 
do poderes públicos. Os atos dos poderes públicos só serão legítimos se forem 
proporcinais. 
 
b) Para o direito alemão podemos retirá-lo do princípio do estado de direito; 
 
c) ***Origem EUA (comum Law) é extraído da cláusula do devido processo legal 
substantivo (art.5º, LIV da CRFB). 
 
3 . Sub princípios ou (máximas parciais do princípio da proporcionalidade) 
 
3 .1. Adequação – é uma relação entre meio e fim, para que um ato seja adequado, o meio 
utilizado pelos poderes públicos tem que ser apto para alcançar os fins almejados. Ex.: o 
prefeito de Salvador com o objetivo de diminuir a contaminação pelo vírus HIV proíbe o 
consumo de bebida alcoólica durante o carnaval, neste caso não é uma medida adequada 
 
 
31 
 
para a solução do problema da infecção do vírus; Se a medida (proibir o consumo de 
álcool) fosse aplicada em um estádio de futebol para evitar a violência seria adequada para 
solucionar o problema. 
 
3 .2. Necessidade ou exigibilidade ou princípio da menor ingerência possível – 
dentre os vários meios existentes deve optar por aquele que seja o menos gravoso possível. 
JELLINEK, não se deve abater pardais com canhões. Ex.: ADI 4103 (proposta pela 
ABRASEL trata da lei seca); Diante de medidas igualmente legítimas não deve o Judiciário 
intervir na questão, aqueles poderes que foram eleitos para tal é que devem tratar do tema, 
no entanto, se forem contraditórias o Judiciário poderá atual; 
 
3 .3. Princípio da proporcionalidade em sentido estrito – é uma relação entre o custo 
da medida e os benefícios trazidos por ela. Este princípio é utilizado no caso concreto. 
 A lei da ponderação está relacionada à proporcionalidade em sentido estrito. Lei de 
ponderação – quanto maior for a intervenção em um determinado direito, maiores hão de 
ser os motivos que justifiquem esta intervenção. Ex.: norma que proíbe uma padaria de 
vender bolos e pães com a fundamentação de que causariam cárie e obesidade, nesse caso, 
seria muito gravosa esta restrição. Já no caso de restringir a venda cigarros a restrição é 
aceitável. 
 
4 . Faces do princípio da proporcionalidade 
 
 Seria uma proibição de excesso – a medida adotada pelo estado fica além do que 
devia. 
 Proibição de insuficiência (proibição por defeito) - seria o caso da atuação do 
poder quando fica a quem. 
 
 Uma medida só será constitucionalmente adequada se for suficiente para proteger o 
direito. 
 
PREÂMBULO 
 
 Teses do Prof. JORGE MIRANDA 
 
 1ª) Eficácia idêntica a dos demais preceitos 
 
 Não haveria diferença entre o preâmbulo e as normas do texto da Constituição. 
 
 2ª) Tese da eficácia jurídica específica ou indireta 
 
 O preâmbulo participa das características jurídicas da Constituição, mas não se 
confunde com os seus preceitos. Ele estaria dentro da Constituição, mas não seria uma 
norma como as demais (Prof. NOVELINO). 
 
 3ª) Tese da irrelevância jurídica do preâmbulo 
 
 
32 
 
 
 O preâmbulo não estaria situado no domínio do direito, mas sim da História ou da 
política. Não teria nada de normativo. Ex.: ADI do Estado do Acre que não colocou no 
preâmbulo de sua Constituição “sob a proteção de Deus”. O STF entendeu que o 
preâmbulo não serve como parâmetro para o controle de constitucionalidade, pois, o 
preâmbulo não e norma jurídica, e por isso, não tem caráter vinculante. O preâmbulo seria 
uma importante diretriz hermenêutica 
 
PREÂMBULO 
 Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em 
Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado 
Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais 
e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o 
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos 
de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada 
na harmonia social e comprometida, na ordem interna e 
internacional, com a solução pacífica das controvérsias, 
promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte 
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO 
BRASIL. 
 
 Valores supremos servem como parâmetros na hora da interpretação da 
Constituição. Método científico espiritual de interpretação da Constituição. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
33 
 
Ciência Política 
 
Introdução 
Ciência política envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e 
dos processos de governo ou qualquer sistema equivalente de organização humana que 
tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Trata-se do estudo da política, dos 
sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. 
Discute-se sobre qual o objeto dessa ciência. Para alguns é o Estado, para 
outros, o poder. A primeira posição restringe o objeto de estudo da Ciência Política, já a 
segunda o amplia. A posição da maioria dos cientistas políticos é a visão mais abrangente, 
que defende ser o objeto de estudo o poder. 
A Ciência Política estuda o Estado e as suas relações com os grupos humanos.Estuda ainda os agentes políticos internos que lutam pela conquista, aquisição e pelo 
exercício do poder, ou pelo menos de influenciá-lo, visando a satisfação dos seus interesses. 
Além disso, estuda os agentes políticos internacionais que influenciam ou tentam influenciar 
o comportamento dos órgãos que no quadro de uma sociedade nacional exercem o poder 
político máximo. 
A Ciência Política busca desenvolver tanto teses positivas, analisando as 
políticas, quanto teses normativas, fazendo recomendações específicas. Cientistas políticos 
medem o sucesso de um governo e de políticas específicas examinando muitos fatores, 
inclusive estabilidade, justiça, riqueza material, e paz. Enquanto os historiadores olham para 
trás buscando explicar o passado, os cientistas políticos tentam iluminar as políticas do 
presente e predizer e sugerir políticas para o futuro. 
O estudo de Ciência Política é complicado pelo envolvimento frequente de 
cientistas políticos no processo político, uma vez que suas teorias por vezes servem de base 
para ação, opção e prática de outros profissionais, como jornalistas, grupos de interesse 
especiais, políticos e o eleitorado. Esses profissionais podem trabalhar como assessores de 
políticos ou até mesmo se candidatarem a cargos políticos eles próprios. 
 
Maj, tem necessidade desse histórico? 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Normativas&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Eleitorado
 
 
34 
 
Histórico 
 
Aristóteles 
 
Na Grécia Antiga, para Aristóteles, que é considerado o pai da Ciência Política, 
a política deveria estudar a pólis e as suas estruturas e instituições, a sua constituição e 
conduta. Ele considerava a política a ciência “maior”, ou mais importante do seu tempo e 
criou um método de observação que permitiu uma sistematização e explicação dos 
fenômenos sociais. Preocupava-se com um governo capaz de garantir o bem-estar geral (o 
bom governo). 
 
Maquiavel 
 
No século XVI, Maquiavel e a sua obra deram origem à modernidade política. 
A sua preocupação era a criação de um governo eficaz que unificasse e secularizasse a 
Itália. Ele defendia um príncipe ou dirigente de governo sem preocupações morais ou 
éticas, um dirigente que não olhava as sensibilidades para atingir os seus fins. 
A política era, assim, a arte de governar. Uma técnica que permitia ao dirigente 
ou governante alcançar os fins independentemente dos meios, não visava a realização geral 
mas sim pessoal. 
Maquiavel introduziu um método comparativo-histórico, fazendo comparação 
entre dirigentes da sua época e de épocas anteriores por meio de exemplos. Reforçou a 
importância do Estado e da Instituição Estatal. 
 
 
 
Jean Bodin 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga
http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles
http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3lis
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI
http://pt.wikipedia.org/wiki/Maquiavel
http://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia
 
 
35 
 
Na segunda metade do século XVI, Jean Bodin escreve “República”, obra que 
era também uma sistematização e explicação dos fenômenos políticos. Ele deu grande 
relevância à ideia de soberania do Estado. 
Com base nesta teoria de soberania do Estado, Bodin criou o conceito de 
soberania, segundo o qual, o poder não tem igual na ordem interna e nem superior na 
ordem externa. Dividiu, portanto, o Estado em ordem interna e ordem externa e apenas 
considera um Estado soberano, se este for superior nestas duas dimensões. 
 
Montesquieu 
 
No século XVIII, Montesquieu em pleno Iluminismo, difunde ideias políticas 
que têm por base a ação humana. Tais conceitos surgem como alternativa às ideias de 
Aristóteles, chamando a atenção para a “natureza das coisas”. Ele procurou explicar a 
natureza das coisas pelas suas idiossincrasias. 
Foi com Montesquieau que a geografia dos Estados ou a geopolítica se tornou 
um elemento importante na análise política. 
Ele introduziu o método comparativo de base geográfica e fez distinção entre 
República, Monarquia e Despotismo, afirmando que este último deveria ser erradicado e 
afastado. 
Na República, o poder pertence ao povo ou a uma parte esclarecida deste. Na 
Monarquia, o poder pertence ao monarca e no Despotismo, o poder pertence a um 
indivíduo. O déspota, que governa sem honra, utiliza o terror e a violência como forma de 
governação. 
Para erradicar o despotismo, Montesquieu apresentou a teoria da separação de 
poderes, de forma que o poder fosse descentralizado das mãos de uma só pessoa, para que 
não o utilizasse em proveito próprio. 
Resolvia-se então o perigo do despotismo com a institucionalização da 
separação de poderes. 
 
Comte e Alexis de Tocqueville 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Bodin
http://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu
http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII
http://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu
http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiossincrasias
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexis_de_Tocqueville
 
 
36 
 
A partir da segunda metade do século XVIII, a investigação dos fenômenos 
políticos começaram a perder terreno e a dar lugar a ciências como a sociologia, o direito e 
a economia. Mas a Ciência Política não desapareceu. 
No século XIX, Comte alertou para a necessidade de analisar com objetividade 
os fenômenos ou fatos políticos) e Alexis de Tocqueville chamou a atenção para o estudo 
do sistema político norte-americano. Karl Marx introduziu uma nova perspectiva de 
abordagem dos fenômenos políticos e de poder, uma vez que realizou uma análise do 
ponto de vista econômico e social O fenômeno político era uma consequência das relações 
de produção, e o regime político era o reflexo da organização das forças produtivas. 
Nesta época também surgiram as ciências políticas especializadas em 
determinados fenômenos, tais como economia política, direito político, geografia política, 
etc. No final do século XIX, a Ciência Política foi reconhecida nas universidades dos 
Estados Unidos, como forma de combater o caciquismo no poder local e a corrupção nos 
partidos políticos. 
Só após a Segunda Guerra Mundial, a Ciência Política volta a ganhar relevo e a 
tornar-se também uma disciplina autônoma nos quadros das universidades europeias. Além 
disso ganha força a análise de sistemas eleitorais, e também do comportamento do 
eleitorado. 
Os fenômenos que contribuíram para o reforço da Ciência Política foram a 
proliferação dos sistemas democráticos, dos partidos políticos, dos meios de comunicação 
de massa, de organizações internacionais, pelo próprio sistema internacional, etc. 
 
Campos da Ciência Política 
 
A Ciência Política analisa o Estado, a soberania, a hegemonia, os regimes 
políticos, os governos, as linhas históricas destas partes da política nos países desde a 
antiguidade e a influência que têm sobre a sociedade, incluindo as Relações Internacionais. 
Existem três formas de se abordar os objetos de estudo dessa ciência: 
 Política descritiva, ou empírica, em que os pesquisadores optam por análises 
meramente empíricas da realidade política. 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexis_de_Tocqueville
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Soberania
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_pol%C3%ADtico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_pol%C3%ADtico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais
 
 
37 
 
 Teoria política, em que os pesquisadores, partindo dos dados, empíricos 
articulam-nos à teoria política propriamente dita para compreender e 
explicar a realidade, considerando insuficiente a mera descrição da realidade 
tal como é. 
 Política comparada, em que sebusca, por meio de comparações entre diversas 
realidades sócio-históricas, elementos mais gerais da realidade política das 
sociedades. É necessária a mediação do dado empírico com a teoria, mas 
desta vez, por comparação, tenta-se chegar a elementos generalizáveis da 
realidade política e questionar hipóteses ou teorias feitas a respeito de uma 
única realidade delimitada. 
 
Para que este estudo seja feito de maneira precisa, a Ciência Política é dividida 
em alguns ramos específicos de assunto a ser tratado em questões políticas, tais como: 
 Política financeira 
 Política econômica 
 História da ciência política 
 Geografia política 
 Política jurídica 
 
Teoria Geral do Estado (TGE) 
 
É a disciplina que estuda os fenômenos do Estado, desde sua origem, 
formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades, compreendendo-se no 
seu âmbito tudo que considera existindo no Estado ou influindo sobre ele. Ela sistematiza 
conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, 
econômicos e psicológicos. 
A TGE corresponde à parte geral do Direito Constitucional e constitui a base 
do Direito Público. Busca o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, 
como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com 
justiça. 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pol%C3%ADtica_financeira&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_econ%C3%B4mica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ci%C3%AAncia_pol%C3%ADtica
http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_pol%C3%ADtica
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pol%C3%ADtica_jur%C3%ADdica&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Disciplina
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jur%C3%ADdico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_Constitucional
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_P%C3%BAblico
http://pt.wikipedia.org/wiki/Efic%C3%A1cia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a
 
 
38 
 
A TGE pode ser abordada sob múltiplos aspectos. Destacam-se três 
directrizes. Uma que procura encontrar justificativa para o Estado a partir dos valores 
éticos humanos e se identifica com a Filosofia do Estado. Outra que foca totalmente em 
fatos concretos e que aproxima-se da Sociologia do Estado. E, finalmente, uma terceira 
perspectiva que analisa seu objeto de acordo com um entendimento puramente normativo 
de Estado em seus aspectos técnicos e formais. 
Os diferentes enfoques levam à impossibilidade de um método único para a 
pesquisa em TGE. Dependendo do ângulo enfocado, haverá um método mais adequado. A 
disciplina se utiliza dos vários métodos de indução (que partem dos fatos específicos para 
chegar a conclusões gerais), dos métodos dedutivos (que partem das conclusões gerais para 
explicar o particular) e analógico (para estudos comparativos). 
Em Portugal e no Brasil, a Teoria Geral do Estado vem, nos últimos tempos, 
se identificando com a Ciência Política. Isso advém principalmente de um maior 
intercâmbio com o meio acadêmico norte-americano. 
 
1.FORMAS DE GOVERNO 
 
 Atualmente, existem, na maioria dos Estados, duas formas de governo. Quais são 
as formas de governo tradicionais: 
 
 Monarquia 
 República 
 
Muitos confundem com parlamentarismo, presidencialismo que, como veremos, 
são sistemas de governo. 
 
1.1. Monarquia: Governo de POUCOS – Características principais da 
monarquia: 
 
a) Irresponsabilidade política do governante; 
b) Vitaliciedade – o monarca, o rei, são vitalícios, o poder é vitalício; 
c) Hereditariedade – o poder é hereditário, a pessoa o recebe de acordo com a 
sua ascendência. 
 
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Filosofia_do_Estado&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociologia_do_Estado&action=edit&redlink=1
http://pt.wikipedia.org/wiki/Indu%C3%A7%C3%A3o
http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_dedutivo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_Pol%C3%ADtica
 
 
39 
 
1.2. República – Características principais da república (opostas às da 
monarquia): 
 
a) Responsabilidade política do governante – responde por crimes de 
responsabilidade; 
b) Temporário – Uma das características da república é, exatamente, a 
alternância de poder. 
 
Aí surge uma questão importante, levantada na época da reeleição, e que, 
certamente vai ser levantada novamente, caso uma emenda à Constituição, para uma 
terceira eleição seguida, seja aprovada, que é a possibilidade de eleições repetidas. Vários 
doutrinadores sustentaram que a reeleição não poderia ser aprovada através de emenda 
porque violava os princípios republicanos. Um dos princípios republicanos que seria 
violado e que, caracteriza a república, é justamente essa alternância de poder. Mas república 
é cláusula pétrea? Está prevista expressamente como cláusula pétrea? Não há qualquer 
previsão de que a República seja cláusula pétrea expressa. República não é cláusula pétrea 
expressa. No art. 60, § 4º, a república não consta. Há autores, contudo, que sustentam que 
república seria cláusula pétrea por conta do plebiscito que tivemos em setembro de 1993 
para escolher sistema de governo e forma de governo. Então, como teve o plebiscito, a 
república quanto o presidencialismo teriam se tornado cláusulas pétreas, segundo alguns 
autores. 
 
Eu compartilho da opinião do Pedro Taques. Ele faz uma distinção interessante e 
eu acho que é correta. A república em si, não deve ser considerada como cláusula pétrea, 
mas existem alguns princípios republicanos que, sem dúvida, seriam cláusulas pétreas e, um 
deles, seria justamente esse: a necessidade de alternância de poder. Alguns princípios 
republicanos previstos na Constituição, não poderiam ser retirados, modificados, ainda que 
pudéssemos passar de república para monarquia. 
 
c) Eletividade – Enquanto, na monarquia, o poder é hereditário, aqui é eletivo. 
É adquirido através de eleições. 
 
 
2. SISTEMAS DE GOVERNO 
 
 
 Como sistemas de governo temos: 
 
 
40 
 
 
 Presidencialismo 
 Parlamentarismo 
 
 No presidencialismo, as funções de chefe de Estado e de chefe de governo se 
encontram reunidas na mesma pessoa, no Presidente da República, que acumula essas duas 
funções. Chefe de Estado é quando ele representa o País na ordem internacional, perante 
outros Estados, na defesa dos interesses brasileiros. Quando visita outros países, estaria ali 
como Chefe de Estado. Só que, além dessa função, o Presidente da República exerce 
também função de chefe de governo, cuida da política interna do país. Ele não apenas 
representa o país na ordem internacional, mas também cuida da política interna. 
 
Já no parlamentarismo, essas duas funções são exercidas por pessoas diferentes. 
Quem exerce a função de chefe de Estado no parlamentarismo? Depende. Se for um 
parlamentarismo republicano, quem vai ser o chefe de Estado é o Presidente da República. 
É o caso da Alemanha, por exemplo. Se for um parlamentarismo monárquico, o chefe de 
estado não será o Presidente da República, mas o Monarca. É o caso da Espanha, da 
Inglaterra. 
 
 Parlamentarismo Republicano: Chefe de Estado: Presidente 
 Chefe de Governo: Primeiro-Ministro 
 
 Parlamentarismo Monárquico: Chefe de Estado: Rei 
 Chefe de Governo: Primeiro-Ministro 
 
 
 Ao lado do Presidente e do Monarca, existe uma outra pessoa que exerce a função 
de chefe de governo. No parlamentarismo, quem cuida das políticas internas, é o Primeiro-
Ministro. Aqui há uma distinção interessante que é a seguinte: 
 
No presidencialismo, para que o chefe de Estado e o chefe de Governo, que são a 
mesma pessoa, percam seu cargo, eles têm que praticar ou um crime comum, ou um 
crime de responsabilidade. Não é matéria do Intensivo I, mas no art. 86, § 4º, ele pode, 
sim, responder por crime comum, desde que aquele crime praticado sejaem razão da 
função que ele exerce. Se for um crime que não tem nada a ver com a função de Presidente 
 
 
41 
 
da República, ele só responde após o término do mandato. Durante o mandato, ele só 
responde por crimes que têm relação com a função de Presidente da República. É a 
chamada irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República. Ela só vale 
para o Presidente. Não vale para o Governador, não vale para o Prefeito. Esses respondem 
por crime comum, mesmo que não tenham relação com o mandato. Nem a Constituição 
Estadual e nem a Lei Orgânica podem prever essa hipótese para governador e prefeito. 
Isso é só para o Presidente da República. 
 
No caso do parlamentarismo, é diferente. O primeiro-ministro pode ser destituído 
do cargo através de uma moção de desconfiança. Essa moção de desconfiança é dada 
pelo parlamento. Se o Primeiro-Ministro não estiver correspondendo às expectativas do 
parlamento pode ser destituído, através dessa moção de desconfiança. Enquanto o 
Presidente só pode ser destituído do cargo por crime comum ou de responsabilidade, o 
primeiro-ministro pode perder o cargo via moção de desconfiança do parlamento. 
 
3.FORMAS DE ESTADO 
 
 Tem autores que falam em três formas de Estado, colocando a confederação como 
se fosse uma delas. Mas a classificação mais correta é aquela que não inclui a 
confederação, já que nela há Estados independentes. A mais correta é a que divide as 
formas de Estado em duas espécies: 
 
 Estado UNITÁRIO 
 Estado FEDERAL 
 
 O Estado unitário já foi alguma vez adotado no Brasil? Sim. Tivemos um Estado 
unitário que foi de 1500, com o descobrimento do Brasil, até o advento da República, 
15/15/1889. Durante o Brasil - Colônia e o Brasil – Império, o Brasil adotou uma forma 
de Estado unitário. Havia o poder central e as províncias que não tinham as mesmas 
autonomias que um estado-membro possui hoje. 
 
 Desde 1889, com o advento da República, o Brasil já tinha passado a ser uma 
federação, mas a primeira constituição que consagrou essa a forma de Estado Federal foi a 
Constituição Republicana de 1891. 
 
ESTRUTURA DE PODER: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
BRASILEIRO 
 
 
42 
 
 
 
FORMAS DE 
GOVERNO 
SISTEMAS DE 
GOVERNO 
FORMAS DE 
ESTADO 
Monarquia: 
-Governo de poucos 
(rei); 
-Irresponsabilidade 
política do governante; 
-Vitaliciedade (até o final 
da vida; 
-Hereditariedade 
(passagem do poder). 
República 
Presidencialismo: 
-O Presidente acumula a 
função de chefe de Estado 
(representa o país 
internacionalmente); 
-O presidente também 
exerce a chefia de governo; 
Para a perda do cargo terá 
que praticar um crime 
comum ou de 
responsabilidade (art. 86 da 
CRFB/88), 
irresponsabilidade penal 
relativa do Presidente da 
República, só vale para ele. 
Estados Unitários: 
-Tivemos um Estado 
Unitário entre 1.500 a até 
15 NOV de 1889 (Brasil 
Colônia e Brasil Império). 
 
República: 
-Responsabilidade 
política do governante 
(ART. 86 da CRFB; 
-Poder temporário 
(alternância de poder); 
-Não é cláusula pétrea 
expressa. Para alguns 
autores é cláusula pétrea 
depois do plebiscito que 
definiu a forma de 
governo; 
-O poder é adquirido por 
eleição. 
Parlamentarismo: 
-O Chefe de Estado: no 
parlamentarismo 
republicano o chefe de 
Estado é o Presidente da 
República (Alemanha); Se 
for um parlamentarismo 
monárquico o chefe de 
estado será o monarca 
(Inglaterra); 
-Chefe de Governo: 
Primeiro Ministro, ele 
governa com a ajuda do 
gabinete (Ministros) ele 
pode ser destituído do cargo 
através de uma moção de 
desconfiança do 
Parlamento. 
 
Estado Federal: 
-A CRFB 1891 – 
constituição republicana 
consagrou o a república 
federativa. 
Federação: vem do latim 
foedus ou foederis = 
união/pacto/aliança. 
Características da 
essenciais da federação: 
1ª – Descentralização 
político-administrativa 
fixada pela Constituição 
(capacidade de inovar na 
ordem jurídica), 
capacidade legislativa e 
capacidade administrativa; 
2ª – Princípio da 
participação – é a 
possibilidade das vontades 
parciais participarem da 
formação da vontade 
nacional (no Brasil 
encontramos no Senado 
que é o órgão de 
 
 
43 
 
representação dos 
Estados); 
3ª – Princípio da 
autonomia – é a 
capacidade de auto 
organização dos entes 
federativos, (DF e 
Municípios têm 
organização por Leis 
Orgânicas). 
Requisitos para a 
manutenção da 
federação 
1º - Rigidez constitucional; 
2º - Forma federativa 
consagrada como cláusula 
pétrea; 
3º - Controle de 
constitucionalidade. 
Espécies (classificações 
de federalismo: 
1º - Primeiro critério: 
quanto ao surgimento: 
a) Federalismo por 
agregação, é o 
federalismo 
clássico, surgiu 
nos EUA, vários 
Estados soberanos 
que se unem 
cedendo uma 
parcela de sua 
soberania, 
movimento 
centrípeto = perto 
do centro. 
b) Segregação – o 
poder central é 
distribuído em 
vários domínios 
parceláveis é o 
movimento 
centrífugo = fuga 
do centro. A 
federação 
 
 
44 
 
brasileira surgiu 
por segregação (o 
ente central 
distribuiu o poder 
para os Estados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
FEDERALISMO 
Espécies (classificações de federalismo: 
 
1º - Primeiro critério: quanto ao surgimento: 
 
a) Federalismo por agregação, é o federalismo clássico, surgiu nos EUA, vários 
Estados soberanos que se unem cedendo uma parcela de sua soberania, movimento 
centrípeto = perto do centro. 
b) Segregação – o poder central é distribuído em vários domínios parceláveis é o 
movimento centrífugo = fuga do centro. A federação brasileira surgiu por 
segregação (o ente central distribuiu o poder para os Estados; 
 
2º - Segundo critério (quanto à repartição de competências): 
 
a) Federalismo clássico dual ou dualista – é o que surgiu nos EUA, há uma 
distribuição muito parecida entre a União e os Estado membros, eles estão no 
mesmo plano, há uma relação de coordenação, repartição horizontal de 
competência; 
b) Federalismo por integração – a relação aqui é de subordinação entre os Estados 
e a União, neste caso a repartição de competência é vertical; 
c) Federalismo cooperativo – é o que vem sendo mais usado atualmente, ele prega 
uma cooperação entre os entes federativos. Há uma repartição horizontal, mas 
algumas competências ficam sob a tutela da União, (Brasil, Alemanha, EUA 
após 1929 com a crise da Bolsa de Valores). 
 
3º - Terceiro critério: quanto à concentração do poder (não tem nada a ver com os 
movimentos de formação): 
a) Federalismo centrípeto – há um fortalecimento excessivo do poder central. 
Geralmente é quando o federalismo é por segregação (como é o caso do Brasil); 
b) Federalismo centrífugo – é uma reação à concentração de poder. EMERSON 
GARCIA – tem um livro sobre o MP que é um dos melhores do Brasil. 
Geralmente é quando é por agregação (é o caso dos EUA). 
 
4º - Quarto critério: quanto às características dominantes do federalismo (RAUL 
MACHADO HORTA): 
 É feita a partir da identificação de algumas características comuns às várias 
constituições. 
a) Federalismo simétrico ou homogêneo (adotas as características comuns, 
exemplos: 
a1) possibilidade de intervenção federal (quando a União intervém no Estado 
ela não esta intervindo hierarquicamente, mas sim em nome de todos os 
Estados da Federação, CRFB/88 art. 34); 
a2)Poder Legislativo bicameral – Câmara e Senado; 
a3) Poder Judiciário dual – Poder Judiciário Estadual e Poder Judiciário Federal 
(União). 
 
 
46 
 
a4) Existência de um poder constituinte originário e poder constituinte 
decorrente (elaboração da Constituição Estadual). 
b) Federalismo assimétrico ou heterogêneo – rompe com as características 
tradicionais do federalismo simétrico.No Brasil adotamos o federalismo 
simétrico, mas com algumas

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