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GOVERNO DO DISTRITO FEDERAL POLÍCIA MILITAR DO DISTRITO FEDERAL SECRETARIA GERAL SEÇÃO DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS ASSESSORIA PARLAMENTAR II Curso de Assessoria Parlamentar Institucional Disciplina: Noções Básicas de Direito Constitucional e Ciência Política Brasília – DF, 2012 2 Noções Básicas de Direito Constitucional e Ciência Política Elaborada com base no material fornecido pelo Coronel Marcos de Araújo (PMDF) em 2010 e na doutrina mais moderna e atual (Marcelo Novelino e Pedro Lenza) Objetivo Particular da Matéria Transmitir conhecimentos básicos relativos à teoria e ao conceito jurídico da Constituição, evolução constitucional brasileira e ordenamento jurídico do país. Interpretar a Constituição Brasileira e o significado de seu conteúdo objetivo. Conhecer e analisar as estruturas de Poder e debater os objetivos da política, a organização do Estado e o conceito de democracia. Objetivos Específicos da Matéria 1. Conceitos essenciais sobre Direito Constitucional Conhecer e analisar a teoria e o conceito jurídico da Constituição, a evolução Constitucional Brasileira e o ordenamento jurídico do país. Interpretar a Constituição brasileira e o significado de seu conteúdo objetivo. 2. Conceitos essenciais sobre Ciências Políticas Conhecer e analisar as estruturas de Poder e debater os objetivos da política, a organização do Estado e o conceito de democracia. ________________________________________________________________________________________________ 3 Direito Constitucional Teorias e Conceitos de Constituição e do Direito Constitucional Constituição. Conceito. Classificação. Elementos. DIREITO CONSTITUCIONAL: é a ciência positiva da constituição (PINTO FERREIRA). Sempre a constituição será o centro. O direito constitucional é dividido pela doutrina em 03 grandes ramos: A) DIREITO CONSTITUCIONAL POSITIVO – estuda uma determinada constituição; Direito Constitucional Positivo ou Particular: é a disciplina que tem por objeto o estudo dos princípios e normas de uma Constituição concreta em vigor de um Estado determinado. Daí falar-se em Direito Constitucional brasileiro, direito constitucional francês, direito constitucional americano. B) DIREITO CONSTITUCIONAL COMPARADO – estuda a comparação entre duas ou mais constituições; Direito Constitucional Comparado: este é muito mais um método do que uma ciência ou disciplina propriamente dita. Seu objetivo é fazer comparações entre normas e princípios de várias Constituições. Estas confrontações podem utilizar como critério distintivo o aspecto temporal – e aí se compara a Constituição vigente com outras Constituições deste mesmo Estado que não estão mais em vigor) ou o aspecto espacial – quando se comparam Constituições de vários Estados entre si, não necessariamente vigentes). C) DIREITO CONSTITUCIONAL GERAL – busca identificar os conceitos e noções gerais que estão em todas as constituições. Direito Constitucional Geral: é a disciplina que traça uma série de princípios e conceitos que podem ser encontrados em várias Constituições, para classificá-los e sistematizá-los de modo unitário. Constituem objeto do direito constitucional geral: o próprio conceito de direito constitucional, seu objeto genérico, seu conteúdo, suas relações com outras disciplinas, suas fontes, a evolução do constitucionalismo, a teoria da constituição, a teoria do poder constituinte etc. 4 CONCEPÇÕES DA CONSTITUIÇÃO Cada uma das concepções que estudaremos buscam um fundamento para a Constituição. Quando se fala em concepções, se fala no estudo dos fundamentos das Constituições. Tem-se os três fundamentos principais – o sociológico, o político e o jurídico. Conceitos Sentidos a) Sociológico (Ferdinandi Lassalle) – os problemas constitucionais não são problemas de direito, mas de poder. A verdadeira constituição de um país somente tem por base os fatores reais e efetivos do poder (Monarquia, Aristocracia, Grande Burguesia, Banqueiros, Cultura coletiva e consciência social, Pequena Burguesia e Classe Operária – Poder Organizado X Poder inorgânico) que naquele país estejam em vigência. As constituições escritas não têm valor nem são duráveis a não ser que exprimam fielmente os fatores do poder que imperam na realidade social. b) Político (Carl Schmitt) – a essência da constituição não se acha numa lei, ou norma, mas no fundo, ou por detrás de toda normatividade está uma decisão política (fundamental) do titular do Poder Constituinte, isto é, do povo na democracia, e do monarca na monarquia autêntica. O autor a ser associado por sustentar o fundamento político da Constituição é Carl Schmitt. Ele adota um conceito chamado decisionista de Constituição. O que vem a ser isso? Assim como Lassale faz distinção entre a Constituição real ou efetiva e a Constituição escrita, Carl Schmitt faz uma distinção entre o que ele chama de Constituição propriamente dita e o que chama de bens constitucionais. Isso vai ter um reflexo muito importante no tema de norma formal e materialmente constitucional e no tema da desconstitucionalização, que é uma teoria que se baseia em Carl Schmitt. O que seria a constituição propriamente dita na concepção de Carl Schmitt? “Constituição é somente aquilo que decorre de uma decisão política fundamental.” Por que conceito decisionista? Porque para ele, só é Constituição mesmo aquilo que decorre de uma decisão política fundamental. O restante, aquilo que faz parte da Constituição, mas que não decorre dessa decisão política fundamental não é Constituição propriamente dita. São apenas leis constitucionais. Ou seja, são matérias que poderiam ser tratadas pelo legislador ordinário. Não precisariam estar no texto da Constituição. O art. 242, § 2º, fala do Colégio Pedro II do Rio de Janeiro 5 – isso é absurdo. Colocar numa Constituição um dispositivo que fala de um determinado colégio é exagero. Isso seria uma lei constitucional, na concepção de Carl Schmitt. Que tipo de matéria decorre, então, de uma decisão política fundamental? No texto da nossa Constituição de 1988, são fruto de decisão política fundamental: Direitos Fundamentais, Estrutura do Estado e Organização dos Poderes Essas matérias, além de serem decorrentes de uma decisão política fundamental, são também matérias reconhecidas como matérias constitucionais, normas materialmente constitucionais. Há autores que dizem que se está na Constituição é matéria constitucional. O professor discorda. Essas matérias são chamadas de matérias constitucionais e correspondem exatamente ao conteúdo de direito constitucional que vamos ver. E isso não é por acaso. Vamos estudar direitos fundamentais e estrutura de estado e organização de poderes no intensivo II. Isso porque essas são as matérias típicas de uma constituição. As demais matérias estão relacionadas a outros ramos do direito. é claro que tem conteúdo constitucional, mas não são típicas do direito constitucional. O que Carl Schmitt chama de constituição, na verdade são aquelas matérias constitucionais. Quando uma norma trata dessas matérias são chamadas de normas materialmente constitucionais. Vamos para a prática: art. 1º da Constituição de 1988: “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos:” Este dispositivo é materialmente constitucional? Sim. Fala da organização do Estado brasileiro: é República, é uma federação, seus fundamentos (estrutura) são soberania, cidadania, dignidade da pessoa humana; os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; o pluralismo político. É pois, umanorma materialmente constitucional. 6 O art. 1º é formalmente constitucional? Sim. Tudo o que está no texto da Constituição é formalmente constitucional. TUDO. Tudo o que está no texto constitucional é materialmente constitucional? Não. A norma do Colégio Pedro II é formalmente constitucional porque está no texto da Constituição, mas não é materialmente constitucional. É apenas formalmente constitucional. c) CONCEPÇÃO JURÍDICA (KELSEN, no livro TEORIA PURA DO DIREITO) – a constituição é norma pura é um dever ser, não há fundamento sociológico ou político, é pura norma. O kelsen dá 02 sentidos à palavra constituição: JURÍDICO-POSITIVO: direito positivo é norma escrita ou posta pelo homem (pirâmide das leis – princípio da compatibilidade vertical entre as normas inferiores e superiores). Quem escreveu muito sobre esse princípio foi o MAURICE HAURIOU. No topo da pirâmide, há uma norma suprema que impõe a compatibilidade para todas as inferiores, essa norma é a CONSTITUIÇÃO. LÓGICO-JURÍDICO: a norma inferior encontra seu fundamento de validade na norma que lhe for superior. A constituição encontra o seu fundamento de validade, NÃO NO DIREITO POSTO, mas, no plano PRESSUPOSTO LÓGICO, tendo natureza jurídica, mas, em plano pressuposto, ou seja, a NORMA HIPOTÉTICA FUNDAMENTAL, que é a constituição no sentido lógico-jurídico. 7 Classificação das Constituições A doutrina apresenta várias classificações distintas: a) QUANTO AO CONTEÚDO: pode ser i. MATERIAIS – “são as normas constitucionais escritas ou costumeiras, inseridas ou não num documento escrito, que regulam a estrutura do Estado, a organização de seus órgãos e os direitos fundamentais” (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 44). (Obs: as normas costumeiras não são fruto de uma decisão política fundamental, elas se formam ao longo do tempo). ii. FORMAIS – documento escrito, estabelecido de modo solene pelo poder constituinte originário e somente modificável por processos e formalidades especiais nela própria estabelecidos. Estabelece o peculiar modo de existir do Estado. (JOSÉ AFONSO DA SILVA, Curso, p. 45). As normas constitucionais, independentemente de seu conteúdo, possuem supremacia em relação à lei ordinária. EXEMPLOS CF/88: Art. 208. § 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela freqüência à escola. Art. 242. § 2º - O Colégio Pedro II, localizado na cidade do Rio de Janeiro, será mantido na órbita federal. b) QUANTO À FORMA: podem ser i. ESCRITAS ou DOGMÁTICAS – fruto de um trabalho racional ou sistemático, aplicando-se racionalmente os dogmas da sociedade. CODIFICADA – um único texto NÃO-CODIFICADA (ESPARSA/LEGAL) – dois ou mais textos (Ex: Constituição da Suécia) ii. NÃO-ESCRITAS ou COSTUMEIRAS ou CONSUETUDINÁRIAS ou HISTÓRICAS – é o exemplo da Constituição Inglesa, que se baseia nos costumes e na jurisprudência, também pode ter texto escrito, 8 especificamente no caso da constituição inglesa há texto escrito, tratam- se de textos históricos que se incorporam à constituição. c) QUANTO À ORIGEM i. DEMOCRÁTICAS ou POPULARES ou PROMULGADAS – são as elaboradas por representantes do povo, ou seja, são fruto de uma assembléia constituinte que foi criada para isso. No Brasil, são: 1891, 1934, 1946 e 1988. ii. OUTORGADAS ou IMPOSTAS – impostas pela força, sem participação popular. No Brasil, são: 1824, 1937, 1967 (foi aprovada pelo Congresso, mas não houve ambiente para uma discussão política e soberana, além de que o congresso não foi eleito para fazer uma constituição, ou seja, não existia outorga do poder pelo povo para a elaboração de constituição) e 1969 (há discussão se se trata até mesmo de constituição). CONSTITUIÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL (DE 10 DE NOVEMBRO DE 1937) O PRESIDENTE DA REPÚBLICA DOS ESTADOS UNIDOS DO BRASIL, ATENDENDO às legitimas aspirações do povo brasileiro à paz política e social, profundamente perturbada por conhecidos fatores de desordem, resultantes da crescente a gravação dos dissídios partidários, que, uma, notória propaganda demagógica procura desnaturar em luta de classes, e da extremação, de conflitos ideológicos, tendentes, pelo seu desenvolvimento natural, resolver-se em termos de violência, colocando a Nação sob a funesta IMINÊNCIA DA GUERRA CIVIL; ATENDENDO ao estado de apreensão criado no País pela INFILTRAÇÃO COMUNISTA, que se torna dia a dia mais extensa e mais profunda, exigindo remédios, de caráter radical e permanente; ATENDENDO a que, sob as instituições anteriores, não dispunha, o Estado de meios normais de preservação e de defesa da paz, da segurança e do bem-estar do povo; Sem o apoio das forças armadas e cedendo às inspirações da opinião nacional, umas e outras justificadamente apreensivas diante dos perigos que ameaçam a nossa unidade e da rapidez com que se vem processando a decomposição das nossas instituições civis e políticas; Resolve assegurar à Nação a sua unidade, o respeito à sua honra e à sua independência, e ao povo brasileiro, sob um 9 regime de paz política e social, as condições necessárias à sua segurança, ao seu bem-estar e à sua prosperidade, DECRETANDO A SEGUINTE CONSTITUIÇÃO, que se cumprirá desde hoje em todo o Pais: EMENDA CONSTITUCIONAL No. 1, DE 17 DE OUTUBRO DE 1969 TEXTO Os Ministros da Marinha de Guerra, do Exército e da Aeronáutica Militar, (...), foi decretado, a partir dessa data, o RECESSO DO CONGRESSO NACIONAL; Considerando que, decretado o recesso parlamentar, o Poder Executivo Federal fica autorizado a legislar sobre todas as matérias, conforme o disposto no § 1o. do artigo 2o. do ATO INSTITUCIONAL NO. 5, de 13 de dezembro de 1968; Considerando que a elaboração de emendas à Constituição, compreendida no processo legislativo (artigo 49, I), está na atribuição do Poder Executivo Federal; Considerando que a Constituição de 24 de janeiro de 1967, na sua maior parte, deve ser mantida, pelo que, salvo emendas de redação, continuam inalterados os seguintes dispositivos: (...); Considerando (...); Considerando que, feitas as modificações mencionadas, todas em caráter de Emenda, a Constituição poderá ser editada de acordo com o texto que adiante se publica; PROMULGAM A SEGUINTE EMENDA À CONSTITUIÇÃO DE 24 DE JANEIRO DE 1967: iii. PACTUADAS – quando o poder constituinte NÃO está na mão do seu titular o povo. Mas quando houver a divisão entre os dois (o povo e o poder constituinte), a constituição será pactuada. iv. CESARISTAS ou PLEBISCITÁRIAS – consulta popular depois que o texto esteja escrito, na verdade, é um referendo e não um plebiscito, que é anterior à tomada de decisão e à elaboração do texto. d) QUANTO À ESTABILIDADE – a constituição deve ser capaz de se adequar às novas realidades sociais. A emenda é uma alteração formal que altera o texto da 10 constituição. Quando ao processo de elaboração da emenda podem ser classificadas em: i. RÍGIDAS – nessas constituições, os processos de elaboração da emendas são diferentes dos processos de elaboração da lei. Na CF, dois turnos. São pilares do direito constitucional: SUPREMACIA CONSTITUCIONAL, RIGIDEZ, CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE, somente se pode falar em controle se há supremacia e rididez. Da Emenda à Constituição Art. 60. A Constituição poderá ser emendada mediante proposta: I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados ou do Senado Federal; II - do Presidente da República; III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros. § 1º - A Constituição não poderá ser emendada na vigência de intervençãofederal, de estado de defesa ou de estado de sítio. § 2º - A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. § 3º - A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo número de ordem. § 4º - Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir: I - a forma federativa de Estado; II - o voto direto, secreto, universal e periódico; III - a separação dos Poderes; IV - os direitos e garantias individuais. § 5º - A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma sessão legislativa. 11 ii. FLEXÍVEIS – a lei ordinária tem a mesma natureza jurídica de emenda constitucional, não há divergência entre os procedimentos de uma e outra. iii. SEMI-RÍGIDAS – parte é rígida e parte é flexível. EXEMPLO: constituição do império. CONSTITUICÃO POLITICA DO IMPERIO DO BRAZIL (DE 25 DE MARÇO DE 1824) EM NOME DA SANTISSIMA TRINDADE. Art. 178. É SÓ CONSTITUCIONAL o que diz respeito aos limites, e attribuições respectivas dos Poderes Politicos, e aos Direitos Politicos, e individuaes dos Cidadãos. Tudo, o que não é Constitucional, PÓDE SER ALTERADO SEM AS FORMALIDADES REFERIDAS, pelas Legislaturas ordinarias. OBSERVAÇÃO: Constituição escrita não significa Constituição rígida. Pode haver Constituições escritas e ao mesmo tempo flexíveis. Constituição histórica não significa Constituição flexível. Em verdade, as Constituições históricas geralmente são rígidas. e) QUANTO À EXTENSÃO i. CONCISAS ou BREVES ou CURTAS ou SINTÉTICAS: prevêem somente princípios e normas gerais, não vão se preocupar em definir todos os efeitos. São típicas do estado liberal. ii. LONGA ou ANALÍTICA ou PROLIXA: a extensão é bastante ampla. São típicas do estado de bem estar social f) QUANTO À FINALIDADE i. NEGATIVAS ou GARANTIA: equivalem às concisas. ii. DIRIGENTES ou PROGRAMÁTICAS: estabelecem programas e definem os limites e a extensão de seus direitos, equivalem às 12 constituições longas. Principal teórico é o CANOTILHO, no livro constituição dirigente e vinculação do legislador, mas o próprio Canotilho fez um novo prefácio, afirmando que a constituição dirigente MORREU. Porque na realidade contemporânea, há outros mecanismos que são responsáveis pela programação da sociedade, a CF não é mais o único instrumento, no livro, CANOTILHO e a constituição dirigente. Existe o direito internacional e a constituição da comunidade européia. iii. CONSTITUIÇÕES BALANÇO: preocupam-se em somente refletir a situação presente, sem preocupação com o futuro. EXEMPLO: constituições soviéticas antes da queda do muro de Berlim. Existe ainda a CLASSIFICAÇÃO ONTOLÓGICA, que foi feita pelo KARL LOEVENSTEIN. Ele vai cotejar a constituição com o processo político: a) NORMATIVA – o processo político da sociedade se ajusta à constituição, ou seja, a constituição que se impõe ao processo político; b) NOMINAL – tem nome de constituição, mas cede ao processo político, ela se amolda a ele; c) SEMÂNTICA – serve aos interesses dos detentores do poder político e não ao povo. OBSERVAÇÃO: Classificação da Constituição federal de 1988: formal, escrita, dogmática, promulgada, rígida e analítica. 13 CONSTITUCIONALISMO – EVOLUÇÃO HISTÓRICA Constitucionalismo - nada mais é do que uma história das constituições, ligada a uma constituição. Hoje é associado a três idéias: 1ª) Garantia de direitos; 2ª) Separação de poderes; 2ª) Princípio do governo limitado. O constitucionalismo é uma luta contra o absolutismo. I – Constitucionalismo antigo: - Experiências: - Hebreus – é associado ao Estado teocrático, o poder era limitado pelos dogmas religiosos. - Grécia – ocorreu a democracia constitucional. - Roma – deve ser atrelada a idéia de liberdade (JHERING). - Inglaterra – Rule of Law (governo das leis) veio a substituir o governo dos homens, contribuiu com duas idéias fundamentais: a) governo limitado; b) igualdade dos cidadãos perante a lei. II – Constitucionalismo clássico ou libberal (primeira geração de direitos – liberdade): - Surgiu a partir do século XVIII: - Revolução francesa; - Revolução americana; - Foram revoluções liberais que buscavam a liberdade; - Surgiram as primeiras constituições escritas; - Experiência norte americana: - Surgiu a primeira constituição escrita (1776): - Declaração de direitos do bom povo da Virgínia. - Surgiu a primeira constituição americana em 1787 (em vigor até hoje). - Contribuições para o constitucionalismo: - Supremacia da constituição – surgem as regras do jogo, pois é a constituição que estabelece as regras (competência do Poder Legislativo, Judiciário e Executivo) quem manda, como manda e até aonde pode mandar, dentre os poderes o 14 Judiciário é o que possui maior neutralidade, por isso, é quem garante a supremacia da constituição; - Garantia jurisdicional. - Experiência Francesa: - Surgiu a primeira constituição escrita da Europa (1791). - Com garantia de direitos; - Separação dos poderes. - A declaração dos direitos do homem e do cidadão serviu de preâmbulo da Constituição francesa. III – Constitucionalismo moderno ou social (direitos de segunda geração – igualdade material): - Surgiu a partir do fim da Primeira Guerra mundial; - O fator que levou ao surgimento do constitucionalismo social foi a impossibilidade de atender as demandas sociais que abalaram o século XIX; - Está ligado a uma igualdade material de direitos (Biscaretti di Ruffia) Ciclos constitucionais: 1º) Constituições da democracia marxista ou socialista; 2º) Constituições da democracia racionalizada; 3º) Constituições da democracia social; 4º) Constituições de países sub-desenvolvidos. IV – Cosntitucionalismo contemporâneo ou neoconstitucionalismo: - Surgiu logo após o fim da Segunda Guerra Mundial; - Fatores que contribuíram para o surgimento do neo constitucionalismo: - Dignidade da pessoa humana – valor constitucional supremo (o Estado existe para o cidadão e não o cidadão para o Estado); - Rematerialização constitucional (direitos fundamentais); - Reconhecimento da força normativa da Constituição (KONRAD HESSE – 1959). Teorias que foram alteradas com o novo constitucionalismo: a) Teoria da norma: - Alteração com relação aos princípios – na doutrina clássica era considerado uma diretriz, hoje a norma é um gênero que tem duas espécies: 15 a1) princípios; a2) regras. - Os princípios foram para o topo; - Regra específica X princípio geral – aplicamos a regra geral; - A subsunção hoje é aplicada em relação às regras (o servidor público é aposentado compulsoriamente aos setenta anos); - Os princípios são aplicados através da ponderação de princípios. b) Teoria das fontes: - Hoje o protagonista principal não é o legislador e sim o juiz, para o Prof.: Novelino é um absurdo, pois, o ideal seria um equilíbrio entre os três poderes; - Ativismo do Poder Judiciário (hoje o Judiciário é mais atuante em face da inércia do Poder Legislativo), no caso do Mandado de Injunção o STF cansou de esperar e tomou um posicionamento (atuou como legislador positivo); - Judicialização das relações políticas e sociais – hoje o direito está mais presente em assuntos políticos e sociais (controle de CPI, fidelidade partidária, verticalização das coligações para as eleições; pesquisa com células tronco, aborto no caso da acrania(anacefalia), reservas indígenas, união homoafetiva, ações afirmativas cotas). - Influência do Direito Internacional (tratado internacional dos direitos humanos), posição do STF o tratado tem status de supralegalidade. c) Teoria da interpretação: - Mudanças: - Nos métodos de interpretação; - Princípios interpretativos ou postulados; - Princípios materiais – estão na constituição; - Princípios que não estão na CF ex: interpretação conforme a Constituição; - Para o Prof. Luís Roberto Barroso – toda interpretação jurídica é uma interpretação constitucional (é uma aplicação indireta negativa); - Interpretação conforme a constituição (a doutrina chama de filtragem constitucional) é a aplicação finalística da constituição; - Aplicação direta da constituição (a própria constituição é que regula o caso concreto). V – Constitucionalismo do futuro: NORMA REGRA PRINCÍPIO 16 Surgiu em congresso de direito constitucional, no futuro haverá um equilíbrio entre os valores marcantes do constitucionalismo moderno e os excessos praticados pelo constitucionalismo contemporâneo. - Valores fundamentais da teoria: 1º) Verdade; 2º) Solidariedade; 3º) Consenso; 4º) Continuidade; 5º) Participação; 6º) Integração; 7º) Universalização. 17 CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES Requisitos para a classificação: Lógica. Utilidade – compreender o objeto de estudo. I). Quanto à forma: - Escrita – CRFB/88 - Existe um costume constitucional no BR é o voto de liderança (matérias de consenso no parlamento a aprovação é feita pelos lideres dos partidos, não tem previsão no texto constitucional). - Não escrita – (Constituição inglesa) – tem vários documentos escritos (Magna Carta). II. Quanto à sistemática – só vale quando a constituição for escrita – pode ser codificada; não codificada. Codificada – é a constituição que é codificada (é sistematizada) CRFB/88. Não codificada – Alemanha nazista III). Quanto à origem (qual o poder que a elaborou): - Democráticas ou populares ou votadas ou promulgadas – tem que ser elaborada por representantes do povo, eleitos para este fim específico (elaborar a constituição). Duas peculiaridades da CRFB/88: os parlamentares foram eleitos para legislar e elaborar a constituição, alguns senadores já tinham sido eleitos antes da elaboração da constituição (por isso não foram eleitos para elaborar a constituição); - Outorgada ou imposta – o governante impõe a constituição. Constituição cesarista é a que é submetida a um plebiscito ou referendum. Referendum – consulta posterior (ratificação do estatuto do desarmamento). Plebiscito – consulta prévia (mudança de sistema de governo república ou monarquia). - Pactuada – pacto entre o rei e a assembléia (Constituição espanhola). IV). Quanto à forma de elaboração - Dogmática – feita a partir da consagração de dogmas e princípios dominantes em determinado momento histórico (escrita). - Histórica – vai surgindo lentamente através dos tempos (constituições não escritas, costumeiras). V). Quanto à plasticidade ou estabilidade da constituição (o grau de modificação da Constituição em relação às leis infraconstitucionais) - Rígidas – é o processo legislativo mais árduo, mais solene, mais dificultoso para alteração da Constituição. Para o Prof. Alexandre de Moraes se a CF possui rigidez +cláusula pétrea será constituição super rígida (CRFB/88). - Semi flexíveis – tem uma parte rígida e outra parte flexível (Constituição imperial de 1824). 18 - Flexíveis – é o mesmo processo legislativo das leis ordinárias. O parlamento tem uma função constituinte permanente (não existe poder reformador). Não existe hierarquia entre constituição e as leis. Não existe controle de constitucionalidade das leis. A Constituição inglesa tratado (human rigsts act) não poderá ser a rigor uma constituição flexível. VI) Quanto à extensão (qual é o tamanho da constituição): - Concisa ou sintética ou suscita ou sumária ou breve ou clássica ou material – é aquela que trata apenas de matéria constitucional, só traz os princípios gerais dessa matéria. - Prolixa ou analítica ou regulamentar ou formal – foi criada para proteger o maior número de direitos, pois surgiu após os períodos nazista e fascista. VI Quanto à função ou estrutura: - Garantia ou quadro (moldura nos EUA) – é aquela que tem como função garantir direitos de liberdade. - Dirigente ou programáticas – é aquela que dirige os rumos do Estado estabelecendo diretrizes, objetivos e programas de ação a serem implementados pelos poderes públicos. É ela mesma que dirige e não os poderes públicos. Contém normas programáticas (CRFB/88). CRFB/88 (é o correto). - Constituição Nacional – UU; EE; MM; DF. - Constituição Federal – UU. (art. 59 e ss). -Escrita; codificada; democrática; dogmática; rígida (super rígida); prolixa ou analítica ou regulamentar; formal; dirigente; eclética; compromissória. 19 ORDENAMENTO JURIDICO DO BRASIL – ASPECTOS PONTUAIS I. Hierarquia de normas: - Supremacia Material – conteúdo (é característica de todas as constituições). Só tem relevância social - Supremacia Formal – forma (é a que interessa juridicamente) decorre do fato de ser rígida. O controle de constitucionalidade só ocorre nas constituições rígidas. Temas importantes: - Hierarquia entre lei complementar e lei ordinária: - Se não houver hierarquia ambas estão submetidas à constituição; - Se existe hierarquia não cabe ação direta de constitucionalidade. Para o STJ e o STF não há hierarquia entre lei complementar e lei ordinária, pois ambas retiram o seu fundamento de validade da constituição. LC e LO – diferença de matéria (LC reservado expressamente pela CRFB) (LO é residual) e de forma (iniciativa é idêntica), quorum de votação (parlamentares presentes) não há diferença (maioria absoluta + de 50% dos membros, quorum de aprovação (votos a favor) é diferente LO maioria relativa (mais de 50% dos presentes 300 = 151), LC maioria absoluta dos membros mais de 50%. Art. 47 da CRFB é a regra geral. Pode uma lei ordinária tratar de matéria reserva a LC? Por ser uma matéria reservada ela não pode ser tratada por leis ordinárias, medidas provisórias e leis delegadas. Pode uma LC tratar de matéria residual sem invalidação? - Sim, por economia legislativa. - Consequência - será apenas formalmente complementar. - Isso quer dizer que uma lei ordinária pode revogar uma lei apenas formalmente complementar. Lei Federal; Lei Estadual; Lei Municipal – repartição horizontal possuem campos distintos, retiram o seu fundamento de validade da própria constituição. Quando houver conflito o STF dirimirá através do Recurso Extraordinário. No caso da lei federal e da estadual cabe controle de constitucionalidade. Repartição vertical: (neste caso existe hierarquia). Lei federal – normas gerais; 20 Lei estadual – normas específicas - havendo violação da norma geral (não há controle de constitucionalidade). Lei municipal – normas de interesse local Ex.: arts. 24, 22 TRATADOS INTERNACIONAIS STF RE 466343/SP RE 466343 / SP - SÃO PAULO RECURSO EXTRAORDINÁRIO Relator(a): Min. CEZAR PELUSO Julgamento: 03/12/2008 Órgão Julgador: Tribunal Pleno Ementa EMENTA: PRISÃO CIVIL. Depósito. Depositário infiel. Alienação fiduciária. Decretação da medida coercitiva. Inadmissibilidade absoluta. Insubsistência da previsão constitucional e das normas subalternas. Interpretação do art. 5º, inc. LXVII e §§ 1º, 2º e 3º, da CF, à luz do art. 7º, § 7, da Convenção Americana deDireitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica). Recurso improvido. Julgamento conjunto do RE nº 349.703 e dos HCs nº 87.585 e nº 92.566. É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade do depósito. Tripla hierarquia: 1)-TI – de direitos humanos + - TI- direitos humanos aprovado em 2 turnos nas duas casas e 3/5 dos seus membros serão equivalentes a emendas constitucionais e tem status constitucional; - Controle de constitucionalidade. 2) TI - direitos humanos aprovado com status supralegal (abaixo da constituição mas acima da lei: - TI direitos humanos – quorum de lei ordinária art. 47 da CF. - Controle de convencionalidade ou de supralegalidade (para o Prof. Novelino) 3) T.I. não seja de direitos humanos – status de lei ordinária - Controle de legalidade. Não existe nenhuma ação específica de controle de supralegalidade e legalidade, são discutidas incidentalmente, não é a questão principal. 21 HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL (INTERPRETAÇÃO) 1 métodos de interpreção constitucional As constituições escritas surgiram no século XVIII, americana, francesa, antes das constituições escritas não poderia se falar em interpretação. Final do século XVIII ao XX não havia métodos de interpretação. Após a Segunda Guerra Mundial começou o desenvolvimento de métodos de interpretação. Fatores que levaram a aparecer os métodos: a) A maioria das Constituições têm direitos fundamentais com base em PRINCÍPIOS. Interpretar um princípio é uma questão muito complexa; b) O objeto da Constituição trata de todos os ramos do direito, por isso temos que harmonizar todos; c) Eficácia das normas constitucionais (plena, contida, limitada); d) Ideologia (pré-compreensão do intérprete) é difícil uma interpretação completamente neutra (aspectos morais, sociais, políticos, econômicos). Objetivo do método É racionalizar e tornar mais objetiva a interpretação. Qual seria o método mais adequado? Para CANOTILHO, não existe um só método justo, todos os métodos, apesar de partir de premissas diferentes, são reciprocamente complementares. 1.1. Método hermenêutico clássico (ERNEST FORSTHOFF) Este método é chamado de hermenêutico clássico por usar os elementos clássicos de interpretação, quais são? São os elementos desenvolvidos por SAVIGNY), que foram: a) Gramatical; b) Lógico; c) Histórico d) Sistemático – a norma não existe isoladamente, ela faz parte de um sistema. A premissa é a tese da identidade - entre a Constituição e a lei. - A constituição é uma lei e como tal não justifica um método especial. Crítica principal a este método 22 - Os elementos clássicos foram desenvolvidos para o direito privado, sendo insuficientes para dar conta das complexidades envolvendo a interpretação constitucional. Savigny desenvolveu estes métodos para utilização no direito privado. 1.2.Método científico espiritual ou valorativo ou sociológico ou integrativo (princípio do efeito integrador) (RUDOLF SMEND): Onde está o espírito da Constituição? Nos valores que a Constituição consagra. No caso da CRFB, onde não temos norma jurídica? - No preâmbulo. Para este método é importantíssimo a interpretação do preâmbulo, mesmo não sendo uma norma jurídica. Leva em consideração fatores EXTRACONSTITUCIONAIS. - Valores; - Realidade social. Críticas (segundo CANOTILHO). a) Indeterminação e mutabilidade dos resultados; b) Que pode gerar uma insegurança jurídica Métodos apoiéticos (partem da idéia de problema) são concretistas (só no caso concreto de aplicação da constituição). 1.3. Método tópico problemático (THEODOR VIEHWEG) 1950 reação ao positivismo jurídico. - Tópico por que é um método que se baseia no TOPOS (topoi)– formas de raciocínio, de argumentação, esquemas de pensamento, pontos de vistas. Exs.: normas excepcionais devem ser interpretadas restritivamente. Violação do sigilo de correspondência de um preso, o mesmo questionou a violação. - São extraídas do(a): Da doutrina dominante; Da jurisprudência dominante; Do senso comum. É problemático porque se baseia na idéia de um problema – é argumentativo em torno de uma situação jurídica. São levados em conta argumentos A FAVOR e CONTRA, assim veremos qual a decisão que irá prevalecer, o argumento que vai vencer será o que for mais convincente. Problema seria um caso que comporta várias decisões (HARD CASE). Críticas 1ª) a interpretação deve partir da norma para o problema e não o contrário; - A maioria dos juízes parte do problema para norma, isso que aparentemente ser justo é muito complicado, já que as decisões serão dadas de acordo com o conceito de justiça do juiz. 23 2ª) Casuísmo ilimitado. - Quando partimos do problema será uma decisão para cada caso. 3ª) Pouca importância atribuída à jurisprudência. 1.4. Método hermenêutico (dar os critérios para a interpretação) concretizador (KONRAD HESSE). - Criou um catálogo de princípios. - Interpretação. - Concretização é aplicação da norma ao caso concreto. - Premissa do método – interpretação e aplicação são inseparáveis constituem um processo unitário. Interpretar sem um caso concreto não há interpretação. Elementos Básicos. a) Existência de um problema a ser resolvido; b) Existência de uma norma obrigatoriamente – existe uma primazia da norma sobre o problema (deve partir da norma para o problema); c) É necessária uma compreensão prévia do intérprete, que é obtida através da teoria da constituição (CÍRCULO FECHADO DE INTERPRETES). No método Há uma primazia da norma sobre o problema. Crítica Quebra da unidade e enfraquecimento da força normativa da Constituição, é uma feita a todos os métodos concretistas. 1 .5. Método normativo estruturante (DRUDRICH MULLER) Premissa: Segundo ele não devemos falar em interpretação, mas sim concretização da norma. Concretização = Aplicação da norma ao caso concreto. Este método estabelece etapas (estrutura) para a concretização da norma. Primeira estrutura: - Elementos metodológicos: Métodos interpretativos Princípios interpretativos - Elementos dogmáticos Doutrina Jurisprudência Elementos teóricos (pós positivistas) Elementos de política constitucional: Repercussões da decisão no sistema político, em certos casos, até mais do que repercussão jurídica. Programa normativo – Tanto o texto da norma como a norma propriamente dita. 24 Domínio normativo – ligado à realidade social conformada pela norma jurídica. O interprete deve considerar o texto da norma e também a realidade social. Texto – é apenas a forma de exteriorização da norma. A função do texto consiste em limitar e dirigir a atuação do interprete. Norma – é o resultado da interpretação do texto. Crítica Quebra da unidade e enfraquecimento da força normativa da Constituição. 1.6. Método concretista da Constituição aberta (PAULO BONAVIDES) ler o livro deste autor neste tema. - PETER HABERLE Obra de hermenêutica constitucional “Sociedade Aberta dos Interpretes da Constituição.” Foi traduzida pelo Min. Gilmar Mendes. Idéia central do livro: A interpretação constitucional não deve se restringir apenas a um círculo fechado de interpretes. Todo aquele que vive uma realidade constitucional deve ser considerado um legítimo interprete (ou pelo menos um pré interprete). Ele não nega que a última palavra será do Poder Judiciário, no entanto, não será o único a realizar a interpretação. Para ele como a Constituição é dirigida ao povo, ele o povo deve interpretá- la. Ele traz para o texto constitucional a idéia de democracia, ela democracia não deve estar presente somente no momento anterior, mas também no momentoposterior por meio da interpretação da Constituição, e a democratização da interpretação constitucional. Qual é aplicação prática no controle de constitucionalidade das normas e a figura do amicus curiae. Realização de audiências públicas no STF para oitiva da população sobre determinados temas. Crítica O alargamento excessivo do círculo de interpretes pode causar a quebra da unidade e o enfraquecimento da força normativa da Constiuição. Interpretativismo e não interpretativismo Interpretativismo ou Originalismo ou textualismo ou preservacionismo - O juiz quando for aplicar a norma deve descobrir o sentido que foi dado pelo constituinte originário. Premissas: 25 1ª) Respeito absoluto ao texto e a vontade do constituinte originário. 2ª) Limitação ao conteúdo da Constituição. 3ª) Existe uma única resposta correta. Esta é uma postura muito conservadora. Não interpretativismo - É uma corrente progressista. Pressuposto Cada geração tem o direito de viver a Constituição ao seu modo. O Judiciário tem o dever de desenvolver e evoluir o texto constitucional. Está diretamente ligada ao ativismo judicial. Ativismo judicial significa uma postura mais ativa do Poder Judiciário na implementação de direitos. O poder judiciário deve tomar o papel do legislador quando este não atuar como devido. O ativismo do Judicial está ligado à opinião pública. O Ativismo judicial é uma conseqüência lógica do enfraquecimento do Poder Legislativo. Em determinados momento é bom o ativismo judicial, mas em outros não é bom. Princípios interpretativos ou princípios instrumentais ou postulados normativos Antes de estudarmos os princípios alguns conceitos são importantes e que serão vistos a seguir. DEFINIÇÕES DE: HUMBERTO ÁVILA Postulado normativo – são normas de segundo grau que estabelecem a estrutura de aplicação de outras normas, corresponde aos princípios instrumentais de LUÍS ROBERTO BARROSO. Será utilizado para aplicação de princípios e regras. Princípio – são normas que estabelecem fins a serem buscados pelos poderes públicos, correspondem aos princípios materiais de LUÍS ROBERTO BARROSO (igualdade, liberdade, moralidade). Regra – são normas imediatamente descritivas de comportamentos devidos ou atributivas de poder. DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIO DE: ROBERT ALEX Princípios – são “mandamentos de otimização”, ou seja, normas que estabelecem que algo seja cumprido na maior medida possível, de acordo com as possibilidades 26 fáticas e jurídicas existentes. São aplicados pela utilização da ponderação de valores (razoabilidade e proporcionalidade). DEFINIÇÃO DE REGRA DE: RONALD WORKIN Regras – obedecem a lógica do tudo ou nada. É aplicada através da subsunção (ocorreu a hipótese aplica-se a regra). Regras são “mandamentos de definição”, ou seja, são normas que ordenam que algo seja cumprido na medida exata de suas prescrições. Princípio da liberdade de expressão X Princípio à dignidade do povo judeu. - Princípio da proporcionalidade: - Gilmar – Fere à dignidade do povo judeu. - Marco Aurélio – Não fere a dignidade do povo judeu. HABERMAS – entende que a proporcionalidade (ponderação) pode conduzir ao subjetivismo e ao decisionismo judicial. PRINCÍPIOS INTERPRETATIVOS INSTRUMENTAIS: Princípio da interpretação conforme a Constituição Princípio da supremacia da Constituição: - A CRFB é a norma suprema, e por isso, os atos dos poderes públicos só serão válidos se estiverem em conformidade com ela. - Obedecer a forma – válido. - Obedecer o conteúdo – válido. - Neste caso é a supremacia formal, que está atrelada à rigidez. Princípio da Presunção de Constitucionalidade das leis: - Premissa: se a constituição é a norma suprema significa que os poderes públicos (Legislativo, Executivo, Judiciário) retiram suas competências da CRFB, assim sendo, presume (presunção relativa ou iuris tantum) que eles agiram de acordo com ela. É reforçada pelo controle preventivo de constitucionalidade das leis (pelo poder Legislativo (CCJ) e Executivo (veto jurídico por inconstitucionalidade) e excepcionalmente pelo Poder Judiciário (MS de parlamentar)). - Na dúvida a lei deve ser declarada constitucional. O princípio da interpretação conforme só deve ser utilizado diante de normas polissêmicas ou plurissignificativas – é a norma jurídica que tem mais de um significado possível. Ex.: Norma “A” compatível com CRFB, “B” e “C” incompatíveis, optamos pela norma “A”, pois é conforme à CRFB. Segundo o STF a interpretação conforme é equivalente a declaração de nulidade sem redução de texto Limites para a aplicação do princípio da interpretação conforme: 27 a) Clareza do texto legal – se o texto da norma é claro, ele só tem um sentido possível; b) Vontade do legislador – o juiz não pode substituir a vontade do legislador pela sua própria vontade. Correntes: 1ª) Mens lelgislatoris. 2ª) Corrente subjetivista. 3ª)Corrente objetivista- busca a vontade da lei mens legis. Através da interpretação conforme fazemos a filtragem constitucional (passamos a lei pelo filtro da constituição é uma interpretação da lei à luz da Constituição), pois, a CRFB é o fundamento de validade da lei. PRINCÍPIOS DE INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO PROPRIAMENTE DITO: CATÁLOGO DESENVOLVIDO POR: - KONRAD HESSE - FRIEDRICH MULLER 1º) Princípio da unidade da Constituição. Conceito. Nada mais é do que a interpretação sistemática. Impõe ao interprete a harmonização das tensões em conflitos entre normas constitucionais. Exemplo: direito de propriedade X função social da propriedade, segundo o Prof. JOSÉ AFONSO DA SILVA, é garantido o direito de propriedade, desde que, cumpra a sua função social. Finalidade do princípio da unidade: - Afastar a tese de que existiria hierarquia entre as normas constitucionais. OTTO BACHOF – ADI 4097. (impossibilidade jurídica do pedido) KRUGER. 2º) Princípio do efeito integrador Pressuposto: A CRFB é o principal elemento de integração comunitária. Conceito 28 Nas resoluções de problemas jurídico-constitucionais deve ser dada primazia aos critérios que favoreçam a integração política e social. 3º Princípio da concordância prática ou harmonização É muito parecido com o princípio da unidade, no entanto, neste o conflito é entre normas abstratas, já no princípio em estudo é o conflito no caso concreto (colisão de direitos ou de princípios), neste caso para resolver utilizamos a ponderação. Conceito Diante da colisão de direitos o interprete deverá combinar e coordenar os bens jurídicos em conflito realizando uma redução proporcional de cada um deles (princípio da proporcionalidade). Reduz ao mesmo tempo o campo do princípio da privacidade e do princípio da liberdade de informação (concordância prática ou harmonização), um não afasta o outro. 4º) Princípio da relatividade ou convivência das liberdades públicas. Conceito Não existem princípios absolutos (direitos absolutos), pois, todos encontram limites em outros princípios também consagrados na Constituição. Cedência recíproca dos princípios Ex.: Há autores que entendem que o PDPH é absoluto, situação concreta ADPF 54, argumento, dignidade da pessoa humana da mãe, e dignidade da pessoa humana do feto, se o princípio da DPH for absoluto não haveria solução para este conflito. Trabalho escravo não é um princípio, e sim uma regra. Quando falamos da relatividade falamos de princípios. 5º) Princípio da força normativa da Constituição Efeitos transcendentes dos motivos determinantes - Fundamentação – o STF faz a interpretação, que se forem divergentes enfraquecem a força normativada constituição. Objetivação - Extensão Relativização da coisa julgada Premissa: o STF é o guardião da CRFB, e a ele cabe a última palavra. Tem admitido o cabimento de ação rescisória dentro do prazo de dois anos para as decisões alcançadas pela decisão do STF. 29 Conceito Na interpretação constitucional deve ser dada preferência a soluções densificadoras (concretizadoras) das normas constitucionais que as tornem mais eficazes e permanentes. Ex. Relativização da coisa julgada. 6º) Princípio da máxima efetividade se refere especificamente aos direitos fundamentais Força normativa toda a CRFB e máxima efetividade só direitos fundamentais. É retirado do art. 5º, § 1º da CRFB, as normas definidoras dos direitos fundamentais têm aplicação imediata. (parênteses) Plano da existência jurídica É a norma feita por uma autoridade aparentemente competente para tal, no plano jurídico é conhecida como vigência. Plano da eficácia jurídica É aptidão da norma para ser aplicada aos casos concretos (positiva) ou para invalidar normas que lhes são contrárias (eficácia negativa). Plano da efetividade ou eficácia social Quando ela cumpre a função para qual ela foi criada. Atinge o resultado almejado (é a lei que pega). Plano de validade Fazemos uma comparação entre a norma superior e norma inferior, a inferior só será considerada válida ser for feita de acordo com a norma superior. 7º) Princípio da conformidade funcional ou justeza (ajuste às funções atribuídas pela CRFB) Ele determina que cada órgão atue conforme as funções que lhe foram atribuídas pela Constituição. Finalidade: (Canotilho) 30 Tem por finalidade impedir que os órgãos encarregados da interpretação constitucional cheguem a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório funcional estabelecido pela Constituição. Exemplos de violação: abstrativização da CRFB (art. 52, X da CRFB); Decisão com efeito erga omnes no mandado de injunção (legislador positivo). Destinatário: É o STF. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE É UMA MÁXIMA SERIA MAIS QUE UM PRINCÍPIO INFORMA A ATUAÇÃO DOS OUTROS PRINCÍPIOS (R. ALEXY) 1 . Problemas da nomenclatura: No Brasil STF é sinônimo de razoabilidade. Para o Min. Gilmar Mendes que tem influência alemã utiliza o termo proporcionalidade. Já o Prof. LUÍS ROBERTO BARROSO que tem influência norte americana utiliza o termo razoabilidade. No Brasil o STF e a doutrina não distingue proporcinalidade de razoabilidade. É um princípio implícito, não está expresso da CF. 2 . Consagração implícita na CRFB. Em várias passagens a CRFB adota termos que levam à proporcionalidade. De onde podemos abstraí-lo na CRFB: a) Pode ser abstraído dos direitos fundamentais (Prof. NOVELINO); Este sistema é incompatível com qualquer tipo de arbitrariedade por parte do poderes públicos. Os atos dos poderes públicos só serão legítimos se forem proporcinais. b) Para o direito alemão podemos retirá-lo do princípio do estado de direito; c) ***Origem EUA (comum Law) é extraído da cláusula do devido processo legal substantivo (art.5º, LIV da CRFB). 3 . Sub princípios ou (máximas parciais do princípio da proporcionalidade) 3 .1. Adequação – é uma relação entre meio e fim, para que um ato seja adequado, o meio utilizado pelos poderes públicos tem que ser apto para alcançar os fins almejados. Ex.: o prefeito de Salvador com o objetivo de diminuir a contaminação pelo vírus HIV proíbe o consumo de bebida alcoólica durante o carnaval, neste caso não é uma medida adequada 31 para a solução do problema da infecção do vírus; Se a medida (proibir o consumo de álcool) fosse aplicada em um estádio de futebol para evitar a violência seria adequada para solucionar o problema. 3 .2. Necessidade ou exigibilidade ou princípio da menor ingerência possível – dentre os vários meios existentes deve optar por aquele que seja o menos gravoso possível. JELLINEK, não se deve abater pardais com canhões. Ex.: ADI 4103 (proposta pela ABRASEL trata da lei seca); Diante de medidas igualmente legítimas não deve o Judiciário intervir na questão, aqueles poderes que foram eleitos para tal é que devem tratar do tema, no entanto, se forem contraditórias o Judiciário poderá atual; 3 .3. Princípio da proporcionalidade em sentido estrito – é uma relação entre o custo da medida e os benefícios trazidos por ela. Este princípio é utilizado no caso concreto. A lei da ponderação está relacionada à proporcionalidade em sentido estrito. Lei de ponderação – quanto maior for a intervenção em um determinado direito, maiores hão de ser os motivos que justifiquem esta intervenção. Ex.: norma que proíbe uma padaria de vender bolos e pães com a fundamentação de que causariam cárie e obesidade, nesse caso, seria muito gravosa esta restrição. Já no caso de restringir a venda cigarros a restrição é aceitável. 4 . Faces do princípio da proporcionalidade Seria uma proibição de excesso – a medida adotada pelo estado fica além do que devia. Proibição de insuficiência (proibição por defeito) - seria o caso da atuação do poder quando fica a quem. Uma medida só será constitucionalmente adequada se for suficiente para proteger o direito. PREÂMBULO Teses do Prof. JORGE MIRANDA 1ª) Eficácia idêntica a dos demais preceitos Não haveria diferença entre o preâmbulo e as normas do texto da Constituição. 2ª) Tese da eficácia jurídica específica ou indireta O preâmbulo participa das características jurídicas da Constituição, mas não se confunde com os seus preceitos. Ele estaria dentro da Constituição, mas não seria uma norma como as demais (Prof. NOVELINO). 3ª) Tese da irrelevância jurídica do preâmbulo 32 O preâmbulo não estaria situado no domínio do direito, mas sim da História ou da política. Não teria nada de normativo. Ex.: ADI do Estado do Acre que não colocou no preâmbulo de sua Constituição “sob a proteção de Deus”. O STF entendeu que o preâmbulo não serve como parâmetro para o controle de constitucionalidade, pois, o preâmbulo não e norma jurídica, e por isso, não tem caráter vinculante. O preâmbulo seria uma importante diretriz hermenêutica PREÂMBULO Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL. Valores supremos servem como parâmetros na hora da interpretação da Constituição. Método científico espiritual de interpretação da Constituição. 33 Ciência Política Introdução Ciência política envolve o estudo da estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis. Trata-se do estudo da política, dos sistemas políticos, das organizações e dos processos políticos. Discute-se sobre qual o objeto dessa ciência. Para alguns é o Estado, para outros, o poder. A primeira posição restringe o objeto de estudo da Ciência Política, já a segunda o amplia. A posição da maioria dos cientistas políticos é a visão mais abrangente, que defende ser o objeto de estudo o poder. A Ciência Política estuda o Estado e as suas relações com os grupos humanos.Estuda ainda os agentes políticos internos que lutam pela conquista, aquisição e pelo exercício do poder, ou pelo menos de influenciá-lo, visando a satisfação dos seus interesses. Além disso, estuda os agentes políticos internacionais que influenciam ou tentam influenciar o comportamento dos órgãos que no quadro de uma sociedade nacional exercem o poder político máximo. A Ciência Política busca desenvolver tanto teses positivas, analisando as políticas, quanto teses normativas, fazendo recomendações específicas. Cientistas políticos medem o sucesso de um governo e de políticas específicas examinando muitos fatores, inclusive estabilidade, justiça, riqueza material, e paz. Enquanto os historiadores olham para trás buscando explicar o passado, os cientistas políticos tentam iluminar as políticas do presente e predizer e sugerir políticas para o futuro. O estudo de Ciência Política é complicado pelo envolvimento frequente de cientistas políticos no processo político, uma vez que suas teorias por vezes servem de base para ação, opção e prática de outros profissionais, como jornalistas, grupos de interesse especiais, políticos e o eleitorado. Esses profissionais podem trabalhar como assessores de políticos ou até mesmo se candidatarem a cargos políticos eles próprios. Maj, tem necessidade desse histórico? http://pt.wikipedia.org/wiki/Positivismo http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Normativas&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a http://pt.wikipedia.org/wiki/Jornalismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtico http://pt.wikipedia.org/wiki/Eleitorado 34 Histórico Aristóteles Na Grécia Antiga, para Aristóteles, que é considerado o pai da Ciência Política, a política deveria estudar a pólis e as suas estruturas e instituições, a sua constituição e conduta. Ele considerava a política a ciência “maior”, ou mais importante do seu tempo e criou um método de observação que permitiu uma sistematização e explicação dos fenômenos sociais. Preocupava-se com um governo capaz de garantir o bem-estar geral (o bom governo). Maquiavel No século XVI, Maquiavel e a sua obra deram origem à modernidade política. A sua preocupação era a criação de um governo eficaz que unificasse e secularizasse a Itália. Ele defendia um príncipe ou dirigente de governo sem preocupações morais ou éticas, um dirigente que não olhava as sensibilidades para atingir os seus fins. A política era, assim, a arte de governar. Uma técnica que permitia ao dirigente ou governante alcançar os fins independentemente dos meios, não visava a realização geral mas sim pessoal. Maquiavel introduziu um método comparativo-histórico, fazendo comparação entre dirigentes da sua época e de épocas anteriores por meio de exemplos. Reforçou a importância do Estado e da Instituição Estatal. Jean Bodin http://pt.wikipedia.org/wiki/Gr%C3%A9cia_Antiga http://pt.wikipedia.org/wiki/Arist%C3%B3teles http://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%B3lis http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVI http://pt.wikipedia.org/wiki/Maquiavel http://pt.wikipedia.org/wiki/It%C3%A1lia 35 Na segunda metade do século XVI, Jean Bodin escreve “República”, obra que era também uma sistematização e explicação dos fenômenos políticos. Ele deu grande relevância à ideia de soberania do Estado. Com base nesta teoria de soberania do Estado, Bodin criou o conceito de soberania, segundo o qual, o poder não tem igual na ordem interna e nem superior na ordem externa. Dividiu, portanto, o Estado em ordem interna e ordem externa e apenas considera um Estado soberano, se este for superior nestas duas dimensões. Montesquieu No século XVIII, Montesquieu em pleno Iluminismo, difunde ideias políticas que têm por base a ação humana. Tais conceitos surgem como alternativa às ideias de Aristóteles, chamando a atenção para a “natureza das coisas”. Ele procurou explicar a natureza das coisas pelas suas idiossincrasias. Foi com Montesquieau que a geografia dos Estados ou a geopolítica se tornou um elemento importante na análise política. Ele introduziu o método comparativo de base geográfica e fez distinção entre República, Monarquia e Despotismo, afirmando que este último deveria ser erradicado e afastado. Na República, o poder pertence ao povo ou a uma parte esclarecida deste. Na Monarquia, o poder pertence ao monarca e no Despotismo, o poder pertence a um indivíduo. O déspota, que governa sem honra, utiliza o terror e a violência como forma de governação. Para erradicar o despotismo, Montesquieu apresentou a teoria da separação de poderes, de forma que o poder fosse descentralizado das mãos de uma só pessoa, para que não o utilizasse em proveito próprio. Resolvia-se então o perigo do despotismo com a institucionalização da separação de poderes. Comte e Alexis de Tocqueville http://pt.wikipedia.org/wiki/Jean_Bodin http://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A9culo_XVIII http://pt.wikipedia.org/wiki/Montesquieu http://pt.wikipedia.org/wiki/Iluminismo http://pt.wikipedia.org/wiki/Idiossincrasias http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexis_de_Tocqueville 36 A partir da segunda metade do século XVIII, a investigação dos fenômenos políticos começaram a perder terreno e a dar lugar a ciências como a sociologia, o direito e a economia. Mas a Ciência Política não desapareceu. No século XIX, Comte alertou para a necessidade de analisar com objetividade os fenômenos ou fatos políticos) e Alexis de Tocqueville chamou a atenção para o estudo do sistema político norte-americano. Karl Marx introduziu uma nova perspectiva de abordagem dos fenômenos políticos e de poder, uma vez que realizou uma análise do ponto de vista econômico e social O fenômeno político era uma consequência das relações de produção, e o regime político era o reflexo da organização das forças produtivas. Nesta época também surgiram as ciências políticas especializadas em determinados fenômenos, tais como economia política, direito político, geografia política, etc. No final do século XIX, a Ciência Política foi reconhecida nas universidades dos Estados Unidos, como forma de combater o caciquismo no poder local e a corrupção nos partidos políticos. Só após a Segunda Guerra Mundial, a Ciência Política volta a ganhar relevo e a tornar-se também uma disciplina autônoma nos quadros das universidades europeias. Além disso ganha força a análise de sistemas eleitorais, e também do comportamento do eleitorado. Os fenômenos que contribuíram para o reforço da Ciência Política foram a proliferação dos sistemas democráticos, dos partidos políticos, dos meios de comunicação de massa, de organizações internacionais, pelo próprio sistema internacional, etc. Campos da Ciência Política A Ciência Política analisa o Estado, a soberania, a hegemonia, os regimes políticos, os governos, as linhas históricas destas partes da política nos países desde a antiguidade e a influência que têm sobre a sociedade, incluindo as Relações Internacionais. Existem três formas de se abordar os objetos de estudo dessa ciência: Política descritiva, ou empírica, em que os pesquisadores optam por análises meramente empíricas da realidade política. http://pt.wikipedia.org/wiki/Alexis_de_Tocqueville http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado http://pt.wikipedia.org/wiki/Soberania http://pt.wikipedia.org/wiki/Hegemonia http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_pol%C3%ADtico http://pt.wikipedia.org/wiki/Regime_pol%C3%ADtico http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo http://pt.wikipedia.org/wiki/Rela%C3%A7%C3%B5es_Internacionais 37 Teoria política, em que os pesquisadores, partindo dos dados, empíricos articulam-nos à teoria política propriamente dita para compreender e explicar a realidade, considerando insuficiente a mera descrição da realidade tal como é. Política comparada, em que sebusca, por meio de comparações entre diversas realidades sócio-históricas, elementos mais gerais da realidade política das sociedades. É necessária a mediação do dado empírico com a teoria, mas desta vez, por comparação, tenta-se chegar a elementos generalizáveis da realidade política e questionar hipóteses ou teorias feitas a respeito de uma única realidade delimitada. Para que este estudo seja feito de maneira precisa, a Ciência Política é dividida em alguns ramos específicos de assunto a ser tratado em questões políticas, tais como: Política financeira Política econômica História da ciência política Geografia política Política jurídica Teoria Geral do Estado (TGE) É a disciplina que estuda os fenômenos do Estado, desde sua origem, formação, estrutura, organização, funcionamento e suas finalidades, compreendendo-se no seu âmbito tudo que considera existindo no Estado ou influindo sobre ele. Ela sistematiza conhecimentos jurídicos, filosóficos, sociológicos, políticos, históricos, antropológicos, econômicos e psicológicos. A TGE corresponde à parte geral do Direito Constitucional e constitui a base do Direito Público. Busca o aperfeiçoamento do Estado, concebendo-o, ao mesmo tempo, como um fato social e uma ordem, que procura atingir os seus fins com eficácia e com justiça. http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pol%C3%ADtica_financeira&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Pol%C3%ADtica_econ%C3%B4mica http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_da_ci%C3%AAncia_pol%C3%ADtica http://pt.wikipedia.org/wiki/Geografia_pol%C3%ADtica http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Pol%C3%ADtica_jur%C3%ADdica&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Disciplina http://pt.wikipedia.org/wiki/Estado http://pt.wikipedia.org/wiki/Jur%C3%ADdico http://pt.wikipedia.org/wiki/Antropologia http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_Constitucional http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito_P%C3%BAblico http://pt.wikipedia.org/wiki/Efic%C3%A1cia http://pt.wikipedia.org/wiki/Justi%C3%A7a 38 A TGE pode ser abordada sob múltiplos aspectos. Destacam-se três directrizes. Uma que procura encontrar justificativa para o Estado a partir dos valores éticos humanos e se identifica com a Filosofia do Estado. Outra que foca totalmente em fatos concretos e que aproxima-se da Sociologia do Estado. E, finalmente, uma terceira perspectiva que analisa seu objeto de acordo com um entendimento puramente normativo de Estado em seus aspectos técnicos e formais. Os diferentes enfoques levam à impossibilidade de um método único para a pesquisa em TGE. Dependendo do ângulo enfocado, haverá um método mais adequado. A disciplina se utiliza dos vários métodos de indução (que partem dos fatos específicos para chegar a conclusões gerais), dos métodos dedutivos (que partem das conclusões gerais para explicar o particular) e analógico (para estudos comparativos). Em Portugal e no Brasil, a Teoria Geral do Estado vem, nos últimos tempos, se identificando com a Ciência Política. Isso advém principalmente de um maior intercâmbio com o meio acadêmico norte-americano. 1.FORMAS DE GOVERNO Atualmente, existem, na maioria dos Estados, duas formas de governo. Quais são as formas de governo tradicionais: Monarquia República Muitos confundem com parlamentarismo, presidencialismo que, como veremos, são sistemas de governo. 1.1. Monarquia: Governo de POUCOS – Características principais da monarquia: a) Irresponsabilidade política do governante; b) Vitaliciedade – o monarca, o rei, são vitalícios, o poder é vitalício; c) Hereditariedade – o poder é hereditário, a pessoa o recebe de acordo com a sua ascendência. http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Filosofia_do_Estado&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Sociologia_do_Estado&action=edit&redlink=1 http://pt.wikipedia.org/wiki/Indu%C3%A7%C3%A3o http://pt.wikipedia.org/wiki/M%C3%A9todo_dedutivo http://pt.wikipedia.org/wiki/Ci%C3%AAncia_Pol%C3%ADtica 39 1.2. República – Características principais da república (opostas às da monarquia): a) Responsabilidade política do governante – responde por crimes de responsabilidade; b) Temporário – Uma das características da república é, exatamente, a alternância de poder. Aí surge uma questão importante, levantada na época da reeleição, e que, certamente vai ser levantada novamente, caso uma emenda à Constituição, para uma terceira eleição seguida, seja aprovada, que é a possibilidade de eleições repetidas. Vários doutrinadores sustentaram que a reeleição não poderia ser aprovada através de emenda porque violava os princípios republicanos. Um dos princípios republicanos que seria violado e que, caracteriza a república, é justamente essa alternância de poder. Mas república é cláusula pétrea? Está prevista expressamente como cláusula pétrea? Não há qualquer previsão de que a República seja cláusula pétrea expressa. República não é cláusula pétrea expressa. No art. 60, § 4º, a república não consta. Há autores, contudo, que sustentam que república seria cláusula pétrea por conta do plebiscito que tivemos em setembro de 1993 para escolher sistema de governo e forma de governo. Então, como teve o plebiscito, a república quanto o presidencialismo teriam se tornado cláusulas pétreas, segundo alguns autores. Eu compartilho da opinião do Pedro Taques. Ele faz uma distinção interessante e eu acho que é correta. A república em si, não deve ser considerada como cláusula pétrea, mas existem alguns princípios republicanos que, sem dúvida, seriam cláusulas pétreas e, um deles, seria justamente esse: a necessidade de alternância de poder. Alguns princípios republicanos previstos na Constituição, não poderiam ser retirados, modificados, ainda que pudéssemos passar de república para monarquia. c) Eletividade – Enquanto, na monarquia, o poder é hereditário, aqui é eletivo. É adquirido através de eleições. 2. SISTEMAS DE GOVERNO Como sistemas de governo temos: 40 Presidencialismo Parlamentarismo No presidencialismo, as funções de chefe de Estado e de chefe de governo se encontram reunidas na mesma pessoa, no Presidente da República, que acumula essas duas funções. Chefe de Estado é quando ele representa o País na ordem internacional, perante outros Estados, na defesa dos interesses brasileiros. Quando visita outros países, estaria ali como Chefe de Estado. Só que, além dessa função, o Presidente da República exerce também função de chefe de governo, cuida da política interna do país. Ele não apenas representa o país na ordem internacional, mas também cuida da política interna. Já no parlamentarismo, essas duas funções são exercidas por pessoas diferentes. Quem exerce a função de chefe de Estado no parlamentarismo? Depende. Se for um parlamentarismo republicano, quem vai ser o chefe de Estado é o Presidente da República. É o caso da Alemanha, por exemplo. Se for um parlamentarismo monárquico, o chefe de estado não será o Presidente da República, mas o Monarca. É o caso da Espanha, da Inglaterra. Parlamentarismo Republicano: Chefe de Estado: Presidente Chefe de Governo: Primeiro-Ministro Parlamentarismo Monárquico: Chefe de Estado: Rei Chefe de Governo: Primeiro-Ministro Ao lado do Presidente e do Monarca, existe uma outra pessoa que exerce a função de chefe de governo. No parlamentarismo, quem cuida das políticas internas, é o Primeiro- Ministro. Aqui há uma distinção interessante que é a seguinte: No presidencialismo, para que o chefe de Estado e o chefe de Governo, que são a mesma pessoa, percam seu cargo, eles têm que praticar ou um crime comum, ou um crime de responsabilidade. Não é matéria do Intensivo I, mas no art. 86, § 4º, ele pode, sim, responder por crime comum, desde que aquele crime praticado sejaem razão da função que ele exerce. Se for um crime que não tem nada a ver com a função de Presidente 41 da República, ele só responde após o término do mandato. Durante o mandato, ele só responde por crimes que têm relação com a função de Presidente da República. É a chamada irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República. Ela só vale para o Presidente. Não vale para o Governador, não vale para o Prefeito. Esses respondem por crime comum, mesmo que não tenham relação com o mandato. Nem a Constituição Estadual e nem a Lei Orgânica podem prever essa hipótese para governador e prefeito. Isso é só para o Presidente da República. No caso do parlamentarismo, é diferente. O primeiro-ministro pode ser destituído do cargo através de uma moção de desconfiança. Essa moção de desconfiança é dada pelo parlamento. Se o Primeiro-Ministro não estiver correspondendo às expectativas do parlamento pode ser destituído, através dessa moção de desconfiança. Enquanto o Presidente só pode ser destituído do cargo por crime comum ou de responsabilidade, o primeiro-ministro pode perder o cargo via moção de desconfiança do parlamento. 3.FORMAS DE ESTADO Tem autores que falam em três formas de Estado, colocando a confederação como se fosse uma delas. Mas a classificação mais correta é aquela que não inclui a confederação, já que nela há Estados independentes. A mais correta é a que divide as formas de Estado em duas espécies: Estado UNITÁRIO Estado FEDERAL O Estado unitário já foi alguma vez adotado no Brasil? Sim. Tivemos um Estado unitário que foi de 1500, com o descobrimento do Brasil, até o advento da República, 15/15/1889. Durante o Brasil - Colônia e o Brasil – Império, o Brasil adotou uma forma de Estado unitário. Havia o poder central e as províncias que não tinham as mesmas autonomias que um estado-membro possui hoje. Desde 1889, com o advento da República, o Brasil já tinha passado a ser uma federação, mas a primeira constituição que consagrou essa a forma de Estado Federal foi a Constituição Republicana de 1891. ESTRUTURA DE PODER: ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO 42 FORMAS DE GOVERNO SISTEMAS DE GOVERNO FORMAS DE ESTADO Monarquia: -Governo de poucos (rei); -Irresponsabilidade política do governante; -Vitaliciedade (até o final da vida; -Hereditariedade (passagem do poder). República Presidencialismo: -O Presidente acumula a função de chefe de Estado (representa o país internacionalmente); -O presidente também exerce a chefia de governo; Para a perda do cargo terá que praticar um crime comum ou de responsabilidade (art. 86 da CRFB/88), irresponsabilidade penal relativa do Presidente da República, só vale para ele. Estados Unitários: -Tivemos um Estado Unitário entre 1.500 a até 15 NOV de 1889 (Brasil Colônia e Brasil Império). República: -Responsabilidade política do governante (ART. 86 da CRFB; -Poder temporário (alternância de poder); -Não é cláusula pétrea expressa. Para alguns autores é cláusula pétrea depois do plebiscito que definiu a forma de governo; -O poder é adquirido por eleição. Parlamentarismo: -O Chefe de Estado: no parlamentarismo republicano o chefe de Estado é o Presidente da República (Alemanha); Se for um parlamentarismo monárquico o chefe de estado será o monarca (Inglaterra); -Chefe de Governo: Primeiro Ministro, ele governa com a ajuda do gabinete (Ministros) ele pode ser destituído do cargo através de uma moção de desconfiança do Parlamento. Estado Federal: -A CRFB 1891 – constituição republicana consagrou o a república federativa. Federação: vem do latim foedus ou foederis = união/pacto/aliança. Características da essenciais da federação: 1ª – Descentralização político-administrativa fixada pela Constituição (capacidade de inovar na ordem jurídica), capacidade legislativa e capacidade administrativa; 2ª – Princípio da participação – é a possibilidade das vontades parciais participarem da formação da vontade nacional (no Brasil encontramos no Senado que é o órgão de 43 representação dos Estados); 3ª – Princípio da autonomia – é a capacidade de auto organização dos entes federativos, (DF e Municípios têm organização por Leis Orgânicas). Requisitos para a manutenção da federação 1º - Rigidez constitucional; 2º - Forma federativa consagrada como cláusula pétrea; 3º - Controle de constitucionalidade. Espécies (classificações de federalismo: 1º - Primeiro critério: quanto ao surgimento: a) Federalismo por agregação, é o federalismo clássico, surgiu nos EUA, vários Estados soberanos que se unem cedendo uma parcela de sua soberania, movimento centrípeto = perto do centro. b) Segregação – o poder central é distribuído em vários domínios parceláveis é o movimento centrífugo = fuga do centro. A federação 44 brasileira surgiu por segregação (o ente central distribuiu o poder para os Estados. 45 FEDERALISMO Espécies (classificações de federalismo: 1º - Primeiro critério: quanto ao surgimento: a) Federalismo por agregação, é o federalismo clássico, surgiu nos EUA, vários Estados soberanos que se unem cedendo uma parcela de sua soberania, movimento centrípeto = perto do centro. b) Segregação – o poder central é distribuído em vários domínios parceláveis é o movimento centrífugo = fuga do centro. A federação brasileira surgiu por segregação (o ente central distribuiu o poder para os Estados; 2º - Segundo critério (quanto à repartição de competências): a) Federalismo clássico dual ou dualista – é o que surgiu nos EUA, há uma distribuição muito parecida entre a União e os Estado membros, eles estão no mesmo plano, há uma relação de coordenação, repartição horizontal de competência; b) Federalismo por integração – a relação aqui é de subordinação entre os Estados e a União, neste caso a repartição de competência é vertical; c) Federalismo cooperativo – é o que vem sendo mais usado atualmente, ele prega uma cooperação entre os entes federativos. Há uma repartição horizontal, mas algumas competências ficam sob a tutela da União, (Brasil, Alemanha, EUA após 1929 com a crise da Bolsa de Valores). 3º - Terceiro critério: quanto à concentração do poder (não tem nada a ver com os movimentos de formação): a) Federalismo centrípeto – há um fortalecimento excessivo do poder central. Geralmente é quando o federalismo é por segregação (como é o caso do Brasil); b) Federalismo centrífugo – é uma reação à concentração de poder. EMERSON GARCIA – tem um livro sobre o MP que é um dos melhores do Brasil. Geralmente é quando é por agregação (é o caso dos EUA). 4º - Quarto critério: quanto às características dominantes do federalismo (RAUL MACHADO HORTA): É feita a partir da identificação de algumas características comuns às várias constituições. a) Federalismo simétrico ou homogêneo (adotas as características comuns, exemplos: a1) possibilidade de intervenção federal (quando a União intervém no Estado ela não esta intervindo hierarquicamente, mas sim em nome de todos os Estados da Federação, CRFB/88 art. 34); a2)Poder Legislativo bicameral – Câmara e Senado; a3) Poder Judiciário dual – Poder Judiciário Estadual e Poder Judiciário Federal (União). 46 a4) Existência de um poder constituinte originário e poder constituinte decorrente (elaboração da Constituição Estadual). b) Federalismo assimétrico ou heterogêneo – rompe com as características tradicionais do federalismo simétrico.No Brasil adotamos o federalismo simétrico, mas com algumas
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