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Modelos de Comércio Internacional Prof. Paulo Dutra Costantin Tópicos Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano Fatores específicos e distribuição de renda. Recursos e comércio: o modelo de Heckscher-Ohlin O modelo padrão de comércio Economias de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional. Movimentos internacionais de fatores Instrumentos de política comercial Economia política da política comercial A política comercial nos países em desenvolvimento Controvérsias em política comercial Contabilidade nacional e balanço de pagamentos Taxas de câmbio e o mercado de câmbio: um enfoque de ativos. Moeda, taxa de juros e câmbio. Níveis de preço e a taxa de câmbio no longo prazo O produto e a taxa de câmbio no curto prazo Taxas de câmbio fixas e intervenção no câmbio Sistema Monetário Internacional 1870-1973 Política Macroeconômica e coordenação sob taxas de câmbio flutuantes. Áreas monetárias e a Experiência Européia O mercado global de capitais: Desempenho e Problemas de Política Econômica Países em Desenvolvimento: Crescimento, Crise e Reforma. Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano Introdução O conceito de vantagem comparativa Economia com um único fator O comércio em um mundo com um único fator Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa Inclusão de custos de transporte e bens não comercializáveis 3 Introdução Diferem uns dos outros em termos de clima, terreno, capital, trabalho e tecnologia. Por que os países participam do comércio internacional? Por duas razões: Tentam obter economias de escala na produção. 4 O conceito de vantagem comparativa O modelo ricardiano baseia-se nas diferenças tecnológicas entre os países. As diferenças tecnológicas refletem-se em diferenças na produtividade do trabalho. Se cada país se especializa na produção do bem com custos de oportunidade menores, o comércio pode ser benéfico para ambos. 5 Economia com um único fator Considere que estamos lidando com uma economia (a que chamaremos de Local). Nessa economia: O trabalho é o único fator de produção. Apenas dois bens (digamos, vinho e queijo) são produzidos. A oferta de trabalho é fixa em cada país. A produtividade da mão-de-obra é fixa para cada bem. Em todos os mercados prevalece a concorrência perfeita. 6 Economia com um único fator Possibilidades de produção A fronteira de possibilidades de produção (FPP) de uma economia mostra o montante máximo de um bem (digamos, vinho) que pode ser produzido por qualquer quantidade determinada de outro (digamos, queijo) e vice-versa. aLW e aLC são as unidades de trabalho necessárias para produzir uma unidade de vinho (W) ou queijo (C) A FPP de nossa economia é dada pela seguinte equação: aLCQC + aLWQW = L 7 Preços relativos e oferta As quantidades específicas de cada bem produzido são determinadas por preços. O preço relativo do bem X (queijo) em termos de bom Y (vinho) é a quantidade de bom Y (vinho) que pode ser trocada por uma unidade de bom X (queijo). Sob concorrência perfeita, as condições de lucros não negativas implicam: Se PLW / aLW < wLW, não há produção de QW. Se PLW / aLW = wLW, há produção de QW. Se PLC / aLC < wLC, não há produção de QC. Se PLC / aLC = wLC, há produção de QC. Economia com um único fator 8 As relações acima implicam que o preço relativo do queijo (PC / PW ) supera o custo de oportunidade (aLC / aLW), portanto a economia vai se especializar na produção de queijo. Na ausência de comércio, ambos os bens são produzidos, portanto PC / PW = aLC /aLW. Economia com um único fator 9 O comércio em um mundo com um único fator Premissas do modelo: Há dois países no mundo (Local e Estrangeiro). Cada um deles produz dois bens (digamos, vinho e queijo). A mão-de-obra é o único fator de produção. A oferta de mão-de-obra é fixa em cada país. A produtividade da mão-de-obra em cada bem é fixa. A mão-de-obra não é móvel entre os dois países. A concorrência perfeita prevalece em todos os mercados. Todas as variáveis com asterisco referem-se ao país Estrangeiro. 10 Vantagem absoluta Um país tem vantagem absoluta na produção de um bem se tiver uma necessidade de mão-de-obra menor que o outro país para a produção desse bem. Considere que aLC < a*LC e aLW < a*LW Isso implica que o Local tem vantagem absoluta na produção dos dois bens. Também se pode notar que o Local é mais produtivo que o Estrangeiro na fabricação de ambos os bens. Mesmo que o Local tenha vantagem absoluta nos dois bens, é possível haver um comércio benéfico. O padrão do comércio será determinado pelo conceito da vantagem comparativa. O comércio em um mundo com um único fator 11 O comércio em um mundo com um único fator Vantagem comparativa Considere que aLC /aLW < a*LC /a*LW Isso implica que o custo de oportunidade do queijo em termos do vinho é menor no Local que no Estrangeiro. Em outras palavras, na ausência de comércio, o preço relativo do queijo no Local é menor que o preço relativo do preço no Estrangeiro. O Local tem uma vantagem comparativa no queijo e vai exportá-lo para o Estrangeiro em troca de vinho. 12 O comércio em um mundo com um único fator Determinação do preço relativo após o comércio O que determina o preço relativo (ex.: PC / PW) após o comércio? Para responder a essa pergunta, temos que definir a oferta e a demanda relativas para o queijo no mundo como um todo. A oferta relativa do queijo é igual à quantidade total de queijo fornecida por ambos os países em cada preço relativo dado dividido pela quantidade total de vinho fornecida, (QC + Q*C )/(QW+ Q*W). A demanda relativa de queijo no mundo obedece a um conceito semelhante. 13 Oferta e demanda relativas mundiais aLC / aLW Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW O comércio em um mundo com um único fator 14 Oferta e demanda relativas mundiais aLC / aLW Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW O comércio em um mundo com um único fator 15 Oferta e demanda relativas mundiais aLC / aLW a*LC / a*LW RS Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW O comércio em um mundo com um único fator 16 Oferta e demanda relativas mundiais – Países com tamanhos semelhantes RD 1 aLC / aLW a*LC / a*LW RS Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW O comércio em um mundo com um único fator 17 Oferta e demanda relativas mundiais – País Local grande 2 RD1 Q' aLC / aLW a*LC / a*LW RS Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW O comércio em um mundo com um único fator 18 Oferta e demanda relativas mundiais – País Estrangeiro grande aLC / aLW a*LC / a*LW RS Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW RD2 3 O comércio em um mundo com um único fator 19 Oferta e demanda relativas mundiais 2 RD1 RD 1 Q' aLC / aLW a*LC / a*LW RS Preço relativo do queijo, PC / PW Quantidade relativa de queijo, QC + Q*C QW + Q*W L/aLC L*/a *LW RD2 3 O comércio em um mundo com um único fator 20 O comércio em um mundo com um único fator Ganhos propiciados pelo comércio Se um país se especializa de acordo com suas vantagens competitivas, ele obtém ganhos de sua especialização e comércio. Demonstraremos de duas maneiras os ganhos do comércio. Em primeiro lugar, podemos pensar no comércio como uma nova maneira de produzir bens e serviços (isto é, uma nova tecnologia). 21 O comércio em um mundo com um único fator Outra maneira de ver os ganhos obtidos com o comércio é considerar como o comércio afeta as possibilidades de consumo em cada um país. Na ausência do comércio, a curva de possibilidades de consumo é igual à curva de possibilidades de produção. O comércio amplia a possibilidade de consumo para cada um dos dois países. 22 O comércio em um mundo com um único fator Salários relativos Como há diferenças tecnológicas entre os dois países, o comércio em bens não torna os salários iguais entre eles. Um país com vantagem absoluta nos dois produtos obterá um salário mais alto após o comércio. 23 O comércio em um mundo com um único fator Isso pode ser ilustrado com a ajuda de um exemplo numérico: Considere que PC = $12 e PW = $12. Portanto, temos que PC / PW = 1, como em nosso exemplo anterior. Como o Local se especializa em queijo após o comércio, seu salário será (1/aLC)PC = ( 1/1)$12 = $12. Como o Estrangeiro se especializa em vinho após o comércio, seu salário será (1/a*LW) PW = (1/3)$12 = $4. Portanto, o salário relativo do Local será $12/$4 = 3. Assim, o país com a maior vantagem absoluta gozará de salários maiores depois do comércio. 24 Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa Produtividade e competitividade Mito 1: O livre comércio é benéfico somente se um país é suficientemente forte para resistir à concorrência estrangeira. Esse argumento não reconhece que o comércio se baseia em vantagens comparativas, não absolutas. O argumento do trabalho miserável Mito 2: A concorrência estrangeira é injusta e prejudica outros países quando se baseia em salários baixos. Mais uma vez, nosso exemplo mostra que o Estrangeiro tem salários mais baixos, porém ainda se beneficia do comércio. 25 Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa Exploração Mito 3: O comércio prejudica os trabalhadores em países com salários mais baixos. Na ausência de comércio, esses trabalhadores estariam em situação ainda pior. Negar a oportunidade de exportar é condenar os pobres a continuarem pobres. 26 Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa Tabela 2-3: Variações em salários e custos unitários de trabalho 27 Inclusão de custos de transporte e bens não comercializáveis Há três motivos principais pelos quais a especialização na economia internacional do mundo real não chega a extremos: A existência de mais de um fator de produção. Os países algumas vezes protegem suas indústrias da concorrência estrangeira. É caro transportar bens e serviços. A inclusão de custos de transporte faz com que alguns produtos se tornem bens não comercializáveis. Em alguns casos, o transporte é praticamente impossível. Exemplo: Serviços como corte de cabelo e conserto de automóveis não podem ser comercializados internacionalmente. 28 Fatores específicos e distribuição de renda Introdução O modelo de fatores específicos Comércio internacional no modelo de fatores específicos Distribuição de renda e os ganhos do comércio A economia política do comércio: uma visão preliminar 29 Introdução O comércio tem efeitos substanciais sobre a distribuição de renda nas nações que dele participam. Há duas razões principais pelas quais o comércio internacional tem forte influência sobre a distribuição de renda: Os recursos não podem se mover imediatamente ou sem custos de uma indústria a outra. As indústrias diferem quanto aos fatores de produção que demandam. O modelo de fatores específicos permite ao comércio afetar a distribuição de renda. 30 O modelo de fatores específicos Hipóteses do modelo Dois países: Local e Estrangeiro Dois bens: manufaturas (M) e alimentos (A). Há três fatores de produção; trabalho (L), capital (K) e terra (S). As manufaturas são produzidas pelo uso do capital e do trabalho (mas não da terra). O alimento é produzido pelo uso da terra e do trabalho (mas não do capital). A terra e o capital são fatores específicos que só podem ser usados na produção de um bem. O trabalho é, portanto, um fator móvel que pode ser usado nos dois setores. Concorrência perfeita e equilíbrio comercial. 31 O modelo de fatores específicos Quanto de cada bem uma economia produz? A produção de manufaturas de uma economia depende das quantidades de capital e trabalho utilizadas em um setor. Esse relacionamento é resumido por uma função de produção. A função de produção para o bem X dá as quantidades máximas do bem X que uma empresa pode produzir com várias quantidades de insumos. Por exemplo, a função de produção para manufaturas (alimento) indica a quantidade delas que pode ser produzida dadas quaisquer quantidades dos insumos trabalho e capital (terra). 32 O modelo de fatores específicos A função de produção de manufaturas é dada por QM = QM (K, LM) QM é a produção de manufaturas da economia K é o estoque de capital da economia LM é a força de trabalho empregada em manufaturas A função de produção de alimentos é dada por QA = QA (S, LA) QA é a produção de alimentos da economia S é a oferta de terra da economia LA é a força de trabalho usada na produção de alimentos 33 O modelo de fatores específicos A condição de pleno emprego de trabalho requer que o suprimento de trabalho de toda a economia seja igual à força de trabalho empregada na produção de alimentos mais a força de trabalho empregada na produção de manufaturas: LM + LA = L Podemos usar essas equações e derivar a fronteira de possibilidades de produção da economia. 34 O modelo de fatores específicos Possibilidades de produção Para analisar as possibilidades de produção da economia, basta perguntar como a composição dessa produção muda à medida que o trabalho é deslocado de um setor para o outro. 35 O modelo de fatores específicos A forma da função de produção reflete a lei dos retornos decrescentes. Agregar um trabalhador ao processo de produção (sem aumentar a quantidade de capital) significa que cada trabalhador tem menos capital para trabalhar. Portanto, cada incremento sucessivo de trabalho acrescentará menos à produção que o anterior. 36 O modelo de fatores específicos A fronteira de possibilidades de produção no modelo em estudo QA =QA(S, LA) QM =QM (K, LM) L2M L2A 3 2 1 L L AA 1' 3' PP Fronteira de possibilidades de produção da economia (PP) Função de produção de manufaturas Alocação de trabalho na economia (AA) Função de produção de alimentos Q2A Q2M 2' Insumo trabalho em alimentos, LA (crescente ) Produção de manufaturas, QM (crescente ) Insumo trabalho Em manufaturas, LM (crescente ) Produção de alimentos, QA (crescente ) 37 O modelo de fatores específicos Preços, salários e alocação de trabalho Quanto trabalho será empregado em cada setor? Para responder a essa questão, precisamos verificar a oferta e a demanda no mercado de trabalho. Demanda de trabalho: Em cada setor, os empregadores maximizadores de lucros demandam trabalho até o ponto em que o valor produzido por um homem-hora adicional seja igual ao custo de empregar aquela hora na produção. 38 O modelo de fatores específicos A curva de demanda por trabalho no setor de manufatura pode ser escrita como: PMgLM x PM = w O salário é igual ao valor do produto marginal do trabalho na manufatura. A curva de demanda por trabalho no setor de alimentos pode ser escrita como: PMgLA x PA = w O salário é igual ao valor do produto marginal do trabalho no alimento. 39 O modelo de fatores específicos O salário deve ser o mesmo em ambos os setores, porque se considera que o trabalho seja livremente móvel entre eles. O salário é determinado pela necessidade de a demanda total de trabalho ser igual à oferta total de trabalho: LM + LA = L 40 O modelo de fatores específicos No ponto de produção, a fronteira de possibilidades de produção deve ser tangente a uma reta cuja declividade seja o negativo do preço de manufaturas dividido pelo de alimentos. Relacionamento entre preços relativos e produto: –PMgLA/PMgLM = –PM/PA 41 O modelo de fatores específicos PM x PMgLM (Curva de demanda por trabalho em manufaturas) PA x PMgLA (Curva de demanda por trabalho em alimentos) Valor do produto marginal do trabalho, salário w 1 1 L1M L1A Oferta total de trabalho, L Trabalho usado em manufaturas, LM Trabalho usado em alimentos, LA A alocação de trabalho 42 O modelo de fatores específicos O que acontece com a alocação de trabalho e com a distribuição de renda quando os preços dos alimentos e das manufaturas mudam? Dois casos: Uma mudança igualmente proporcional nos preços Uma mudança nos preços relativos 43 O modelo de fatores específicos w 1 1 PA aumenta 10% Salário, w PA1 x PMgLA Trabalho usado em manufaturas, LM Trabalho usado em alimentos, LA 10% de aumento de salário PM aumenta 10% PM1 X PMgLM w 2 2 PA 2 x PMgLA PM2 X PMgLM O mesmo aumento proporcional nos preços de manufaturas e alimentos 44 O modelo de fatores específicos Quando os dois preços mudam na mesma proporção, não ocorrem mudanças reais. A taxa de salários (w) aumenta na mesma proporção que os preços, de modo que os salários reais (i.e., as razões entre os salários e os preços dos bens) não são afetados. As rendas reais de proprietários de capital e de proprietários de terra também permanecem as mesmas. 45 O modelo de fatores específicos Quando apenas PM aumenta, o trabalho desloca-se do setor de alimentos para o de manufaturas e a produção de manufaturas aumenta enquanto a de alimentos cai. Os salários (w) não aumentam tanto como PM porque o emprego no setor manufatureiro aumenta e, portanto, o produto marginal do trabalho nesse setor cai. 46 O modelo de fatores específicos Aumento no preço das manufaturas PA 1 x PMgLA Salário, W PM 1 x PMgLM 2 w 2 Trabalho usado em alimentos, LA Trabalho usado em manufaturas, LM Montante de trabalho deslocado de alimentos para manufaturas Salário aumenta menos de 7% Deslocamento para cima, equivalente a 7%, na demanda por trabalho PM 2 x PMgLM 1 w 1 47 O modelo de fatores específicos A resposta da produção a uma mudança no preço relativo das manufaturas Produção de alimentos, QA Declividade = – (PM / PA)1 QM, Produção de manufaturas Q 1A Q 1M 1 2 Declividade = –(PM / PA)2 Q2M Q2A 48 O modelo de fatores específicos Determinação dos preços relativos Quantidade relativa de manufaturas, QM / QA Preço relativo de manufaturas, PM / PA RD RS 1 (PM / PA )1 (QM / QA )1 49 O modelo de fatores específicos Preços relativos e distribuição de renda Suponha que PM aumente em 10%. Então, poderíamos esperar que o salário aumentasse em menos de 10%, digamos 5%. Qual é o efeito econômico desse aumento de preço sobre a renda dos seguintes grupos? Trabalhadores Proprietários de capital Proprietários de terra 50 O modelo de fatores específicos Trabalhadores: Não é possível dizer se os trabalhadores estão em situação melhor ou pior; isso depende da importância relativa das manufaturas e dos alimentos em seu consumo. Proprietários de capital: Certamente estão melhor. Proprietários de terra: Certamente estão pior. 51 Premissas do modelo Imagine que dois países (Japão e Estados Unidos) têm a mesma curva de demanda relativa. Portanto, a única fonte de comércio internacional são as diferenças na oferta relativa. A oferta relativa pode ser diferente porque os países podem diferir em: Tecnologia Fatores de produção (capital, terra, trabalho) Comércio internacional no modelo de fatores específicos 52 Recursos e oferta relativa Quais são os efeitos do aumento na oferta de estoque de capital na produção de manufaturas e alimentos? Um país com muito capital e pouca terra tende a produzir uma razão alta entre manufaturas e alimentos a quaisquer preços dados. Comércio internacional no modelo de fatores específicos 53 Mudando o estoque de capital Comércio internacional no modelo de fatores específicos PM x PMgLM2 PA1 x PMgLA Salário, w PM x PMgLM1 w 1 1 2 w 2 Aumento no estoque de capital, K Montante de trabalho deslocado de alimentos para manufaturas Trabalho usado em manufaturas, LM Trabalho usado em alimentos, LA 54 Um aumento na oferta de capital moveria para a direita a curva de oferta relativa. Um aumento na oferta de terra moveria para a esquerda a curva de oferta relativa. E quanto ao efeito de um aumento na força de trabalho? O efeito sobre o produto relativo é ambíguo, embora ambos os produtos aumentem. Comércio internacional no modelo de fatores específicos 55 Comércio e preços relativos Suponha que o Japão tem mais capital por trabalhador que os Estados Unidos, ao passo que os Estados Unidos têm mais terra por trabalhador que o Japão. Como resultado, o preço relativo antes do comércio no Japão é mais baixo que o preço relativo antes do comércio nos Estados Unidos. O comércio internacional leva a uma convergência de preços relativos. Comércio internacional no modelo de fatores específicos 56 Comércio e preços relativos Quantidade relativa de manufaturas, QM / QA Preço relativo de manufaturas, PM / PA (PM / PA )MUNDIAL (PM / PA )EUA (PM / PA )J DRMUNDIAL OREUA ORMUNDIAL ORJ Comércio internacional no modelo de fatores específicos 57 O padrão do comércio Em um país que não pode fazer comércio, a produção de um bem deve ser igual a seu consumo. O comércio internacional torna possível que a composição de manufaturas e alimentos consumida seja diferente da composição produzida. Um país não pode gastar mais do que recebe. Comércio internacional no modelo de fatores específicos 58 A restrição orçamentária para uma economia que faz comércio Comércio internacional no modelo de fatores específicos Restrição orçamentária (declividade = –PM / PA) Consumo de manufaturas, DM Produção de manufaturas, QM Consumo de alimentos, DA Produção de alimentos, QA Fronteira de possibilidade de produção Q 1M 1 Q 1A 59 Equilíbrio com comércio Comércio internacional no modelo de fatores específicos Q JA Q EUAA D EUAN D JA Q EUAM D EUAM DJM Importações de alimentos pelo Japão Exportações de alimentos pelos EUA Exportações de manufaturas pelo Japão Importações de manufaturas pelos EUA QJM Quantidade de manufaturas Quantidade de manufaturas Quantidade de alimentos Quantidade de alimentos Restrição orçamentária japonesa Restrição orçamentária norte-americana (a) Japão (b) Estados Unidos 60 Distribuição de renda e os ganhos do comércio Para avaliar os efeitos do comércio sobre grupos em particular, o ponto-chave é que o comércio internacional muda o preço relativo de manufaturas e alimentos. O comércio beneficia o fator que é específico do setor exportador de cada país, mas prejudica o fator específico dos setores que concorrem com as importações. O comércio tem efeitos ambíguos sobre os fatores móveis. 61 Distribuição de renda e os ganhos do comércio Aqueles que lucram com o comércio poderiam compensar aqueles que perdem e ainda assim sair ganhando? Se esse é o caso, então o comércio é potencialmente uma fonte de ganho para todos. O motivo fundamental pelo qual o comércio beneficia potencialmente um país é que ele expande as escolhas da economia. Essa expansão de escolha significa que é sempre possível redistribuir renda de tal modo que todos saiam ganhando com o comércio. 62 Distribuição de renda e os ganhos do comércio O comércio expande as possibilidades de consumo da economia Restrição orçamentária (declividade = – PM / PA) PP Consumo de manufaturas, DM Produção de manufaturas, QM Consumo de alimentos, DA Produção de alimentos, QA Q1M Q1A 1 2 63 A economia política do comércio: uma visão preliminar O comércio com freqüência gera vencedores e perdedores. Política comercial ótima O governo deve, de alguma forma, ponderar o ganho de uma pessoa contra a perda de outra. Alguns grupos requerem tratamento especial por já serem comparativamente pobres (ex.: trabalhadores dos setores de calçados e roupas nos Estados Unidos). A maioria dos economistas permanece fortemente a favor do livre comércio em um grau maior ou menor. Para compreender com realismo como a política comercial é determinada, é preciso examinar as reais motivações da política. 64 A economia política do comércio: uma visão preliminar Distribuição de renda e políticas de comércio Aqueles que obtêm ganhos do comércio pertencem a um grupo muito menos concentrado, informado e organizado que o daqueles que perdem. Exemplo: Consumidores e produtores da indústria açucareira norte-americana 65 Recursos e Comércio: O modelo de Heckscher-Ohlin Introdução O modelo de uma economia com dois fatores Os efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 66 Introdução No mundo real, embora o comércio seja parcialmente explicado por diferenças na produtividade do trabalho, ele também reflete diferenças nos recursos dos países. A teoria de Heckscher-Ohlin: enfatiza as diferenças de recursos dos países como a única fonte de comércio mostra que a vantagem comparativa é influenciada por: abundância relativa de fatores (refere-se a países) intensidade relativa de fatores (refere-se a bens) é também chamada de teoria das proporções de fatores 67 O modelo de uma economia com dois fatores Hipóteses do modelo Uma economia pode produzir dois bens, roupas e alimentos. A produção desses bens requer dois insumos que têm oferta limitada: trabalho (L) e terra (S). Nos dois países, a produção de alimentos é terra-intensiva, enquanto a produção de tecidos é trabalho-intensiva. A concorrência perfeita e o equilíbrio comercial prevalecem em todos os mercados. 68 O modelo de uma economia com dois fatores Intensidade de fatores Em um mundo de dois bens (roupas e alimentos) e dois fatores (trabalho e terra), a produção de alimentos é trabalho-intensiva se, em qualquer razão dada salário–renda da terra, a relação terra-trabalho usada na produção de alimentos é maior que a usada na produção de tecidos: SA/LA > ST/ LT Exemplo: se a produção de alimentos usa 80 trabalhadores e 200 alqueires, enquanto a produção de tecidos emprega 20 trabalhadores e 20 alqueires, então a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é trabalho-intensiva. 69 O modelo de uma economia com dois fatores Preço de fatores e preços de bens Teorema (efeito) Stolper-Samuelson: Se o preço relativo de um bem aumenta, mantendo-se constantes as ofertas de fatores, então os retornos nominal e real (em termos dos dois bens) do fator usado intensivamente na produção do bem aumenta, enquanto o retorno nominal e real (em termos dos dois bens) do outro fator diminui. O inverso também é verdadeiro. 70 O modelo de uma economia com dois fatores Dos preços de bens às escolhas de insumos AA TT SS Razão terra– trabalho, S / L Preço relativo de tecidos, PT / PA Razão salário–renda da terra, w / r (PT / PA)1 (ST / LT)2 (ST / LT)1 (SA / LA)2 (SA / LA)1 (w / r)2 (w / r)1 Crescente Crescente (PT / PA)2 71 O modelo de uma economia com dois fatores Um aumento no preço do tecido em relação ao dos alimentos, PT/PA: aumentará a renda dos trabalhadores em relação à dos proprietários de terras, w/r; aumentará a razão terra–trabalho, S/L, na produção tanto de tecidos como de alimentos, e portanto aumentará o produto marginal do trabalho em termos dos dois bens; aumentará o poder de compra dos trabalhadores e reduzirá o poder de compra dos proprietários de terra, aumentando os salários reais e reduzindo as rendas reais da terra em termos dos dois bens. 72 O modelo de uma economia com dois fatores Recursos e produção Como é determinada a alocação de recursos? Dados o preço relativo do tecido e as ofertas de terra e trabalho, é possível determinar quanto de cada recurso a economia devota à produção de cada bem. 73 O modelo de uma economia com dois fatores LA SA LT ST Trabalho utilizado na produção de alimentos Trabalho utilizado na fabricação de tecidos OA Crescente Crescente Crescente Crescente Terra utilizada na fabricação de tecidos Terra utilizada na produção de alimentos 1 A T OT A alocação de recursos 74 O modelo de uma economia com dois fatores Como a produção dos dois bens se altera quando os recursos da economia se alteram? Teorema (efeito) de Rybczynski: Se um fator de produção (S ou L) aumenta, a oferta do bem que usa esse fator intensivamente aumenta e a oferta do outro bem diminui para quaisquer preços de commodity dados. O inverso também é verdadeiro. 75 O modelo de uma economia com dois fatores Um aumento na oferta de terra T L2A L2T S1A S1T A1 L1A L1T S2A S2T 1 Trabalho utilizado na produção de alimentos Terra utilizada na fabricação de tecidos Crescente Crescente Crescente Crescente Trabalho utilizado na fabricação de tecidos Terra utilizada na produção de alimentos A2 O1A O2A 2 OT 76 O modelo de uma economia com dois fatores Recursos e possibilidades de produção PP 1 PP 2 Produção de alimentos, QA Produção de tecidos, QT declividade = – PT / PA declividade = – PT / PA 2 Q 2A Q 2T 1 Q 1A Q 1T 77 O modelo de uma economia com dois fatores Um aumento na oferta de terra (trabalho) leva a uma expansão viesada das possibilidades de produção em relação à produção de alimentos (tecidos). O efeito viesado de aumentos (reduções) nos recursos sobre as possibilidades de produção é a chave para entender como diferenças nos recursos fazem surgir o comércio internacional. Uma economia tenderá a ser relativamente eficaz na produção de bens que sejam intensivos nos fatores em que o país é relativamente bem-dotado. 78 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Premissas do modelo Heckscher-Ohlin: Há dois países (Local e Estrangeiro), que têm: os mesmos gostos; a mesma tecnologia; recursos diferentes. O Local possui uma razão entre trabalho e terra mais alta que a do Estrangeiro. Cada país tem a mesma estrutura de produção de uma economia com dois fatores. 79 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Preços relativos e o padrão do comércio Abundância de fatores O país Local é trabalho-abundante se comparado ao país Estrangeiro (e este é terra-abundante se comparado ao Local) se e somente se a razão entre a quantidade total de trabalho em relação à quantidade total de terra disponível no país Local for maior que no Estrangeiro: L/T > L*/ T* Exemplo: Se os Estados Unidos têm 80 milhões de trabalhadores e 200 milhões de alqueires, e a Grã-Bretanha tem 20 milhões de trabalhadores e 20 milhões de alqueires, a Grã-Bretanha é trabalho-abundante e os Estados Unidos são terra-abundantes. Nesse caso, o fator escasso no Local é a terra e, no Estrangeiro, é o trabalho. 80 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Quando Local e Estrangeiro comerciam entre si, seus preços relativos convergem. O preço relativo de tecidos aumenta no Local e declina no Estrangeiro. No Local, o aumento no preço relativo do tecido leva a um aumento na produção de tecido e a um declínio no consumo relativo, de modo que o Local se torna um exportador de tecidos e um importador de alimentos. Inversamente, o declínio do preço relativo de tecidos no Estrangeiro leva-o a se tornar um importador de tecidos e um exportador de alimentos. 81 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores O comércio leva à convergência dos preços relativos DR OR OR * 1 2 3 Preço relativo dos tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q*T QA + Q*A 82 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Teorema de Heckscher-Ohlin: Um país exportará bens que utilizarem intensivamente seu fator abundante e importará bens que utilizarem intensivamente seu fator escasso. 83 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Comércio e distribuição de renda O comércio leva à convergência dos preços relativos. Mudanças nos preços relativos têm fortes efeitos sobre a remuneração relativa do trabalho e da terra nos dois países: No Local, onde o preço relativo de tecidos aumenta: os trabalhadores saem ganhando e os proprietários de terra saem perdendo. No Estrangeiro, onde o preço relativo de tecidos cai, ocorre o contrário: os trabalhadores saem perdendo e os proprietários de terra saem ganhando. Os proprietários dos fatores abundantes de um país obtêm ganhos do comércio, mas os proprietários dos fatores escassos saem perdendo. 84 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Diferença entre o modelo de fatores específicos e o modelo de Heckscher-Ohlin em termos de efeitos da distribuição de renda: A especificidade de fatores em relação a determinadas indústrias costuma ser apenas um problema temporário. Exemplo: Costureiras não podem se tornar fabricantes de computadores da noite para o dia, mas, se lhes dermos certo tempo, a economia de um país pode deslocar seus postos de trabalho industriais de setores declinantes para setores em expansão. Em contrapartida, os efeitos do comércio sobre a distribuição de renda entre terra, trabalho e capital são mais ou menos permanentes. 85 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Equalização de preços de fatores Na ausência de comércio, o trabalho seria menos remunerado no Local do que no Estrangeiro, e a terra seria mais remunerada. Teorema da equalização dos preços de fatores: O comércio internacional leva à completa equalização dos preços de fatores dos dois países. Isso implica que o comércio internacional é um substituto para a mobilidade internacional dos fatores. 86 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores O comércio internacional igualou os retornos dos fatores homogêneos de diferentes países no mundo real? Mesmo a observação casual indica claramente que não. Exemplo: Os salários são muito mais altos para médicos, engenheiros, técnicos, mecânicos e operários nos Estados Unidos e na Alemanha do que na Coréia e no México. Sob essas circunstâncias, é mais realista dizer que o comércio internacional reduziu, mas não eliminou completamente, a diferença internacional nos retornos aos fatores homogêneos. 87 Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores Três hipóteses cruciais para a previsão de equalização dos preços de fatores são, com certeza, falsas: Ambos os países produzem ambos os bens. Ambos os países dispõem das mesmas tecnologias de produção. O comércio realmente equaliza os preços de bens nos dois países. Algo que a equalização dos preços de fatores não diz é que o comércio internacional vai eliminar ou reduzir as diferenças internacionais de rendas per capita. 88 Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin Constatação empírica acerca do modelo de Heckscher-Ohlin Testes com dados dos Estados Unidos Paradoxo de Leontief Leontief descobriu que, nos Estados Unidos, as exportações eram menos capital-intensivas do que as importações, apesar de se tratar do país mais abundante em capital no mundo. Testes com dados globais Umm estudo de Bowen, Leamer e Sveikauskas testou o modelo de Heckscher-Ohlin utilizando dados de um grande número de países. Esse estudo confirma o paradoxo de Leontief em um nível mais amplo. 89 Tabela 4-3: Conteúdo de fatores das exportações e importações norte-americanas em 1962 Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 90 Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin Testes no comércio Norte-Sul O comércio Norte-Sul de manufaturas parece ajustar-se muito melhor à teoria de Heckscher-Ohlin do que o padrão geral do comércio internacional. O caso do comércio desaparecido Um estudo de Trefler em 1995 mostrou que as diferenças tecnológicas entre uma amostra de países é muito grande. 91 Implicações dos testes As constatações empíricas acerca do modelo Heckscher-Ohlin levam às seguintes conclusões: O modelo foi menos bem-sucedido para explicar os padrões exatos do comércio internacional . O modelo permanece vital para a compreensão dos efeitos do comércio sobre a distribuição de renda . Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 92 O modelo-padrão do comércio Economia internacional: teoria e política, Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld 93 Organização do capítulo Introdução O modelo-padrão para uma economia com comércio Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR Resumo 94 Introdução As teorias de comércio apresentadas enfatizaram fontes específicas de vantagem comparativa que originaram o comércio: Diferenças na produtividade do trabalho (modelo ricardiano). Diferenças nos recursos (modelo dos fatores específicos e modelo de Heckscher-Ohlin). O modelo-padrão do comércio é um modelo geral de comércio que admite esses modelos como casos especiais. 95 O modelo-padrão para uma economia com comércio O modelo-padrão do comércio é construído a partir de quatro relacionamentos-chave: Relação entre a fronteira de possibilidades de produção e curva de oferta relativa Relação entre preços relativos e demanda relativa Determinação do equilíbrio mundial pela oferta relativa mundial e a demanda relativa mundial O efeito dos termos de troca sobre o bem-estar de uma nação 96 O modelo-padrão para uma economia com comércio Possibilidades de produção e oferta relativa Premissas do modelo: Que cada país produza dois bens, alimento (A) e tecidos (T). Que a fronteira de possibilidades de produção de cada país seja uma curva suave (TT). O ponto em que a economia efetivamente produz sobre a fronteira de possibilidades de produção depende do preço dos tecidos em relação ao dos alimentos, PT/PA. Linhas de isovalor Linhas ao longo das quais o valor do produto é constante 97 Figura 5-1: Preços relativos determinam o produto da economia O modelo-padrão para uma economia com comércio Q Linhas de isovalor TT Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA 98 Figura 5-2: Como um aumento no preço relativo de tecidos afeta a oferta relativa Q1 VV1(PT / PA)1 Q2 VV2(PT / PA)2 TT Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA O modelo-padrão para uma economia com comércio 99 O modelo-padrão para uma economia com comércio Preços relativos e demanda O valor do consumo de uma economia é igual ao valor de sua produção: PTQT + PAQA = PTDT + PADA = V A escolha pela economia de um ponto sobre a linha de isovalor depende dos gostos dos consumidores, que podem ser representados graficamente por uma série de curvas de indiferença. 100 O modelo-padrão para uma economia com comércio Curvas de indiferença Tais curvas mostram um conjunto de combinações de consumo de tecidos (T) e de alimentos (A) que deixa o indivíduo na mesma situação. Elas têm três propriedades: São negativamente inclinadas. Quanto mais para cima e para a direita a curva de indiferença, maior é o nível de bem-estar ao qual ela corresponde. Cada curva de indiferença fica menos inclinada à medida que nos movemos para a direita. 101 Figura 5-3: Produção, consumo e comércio no modelo-padrão O modelo-padrão para uma economia com comércio TT Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA Q D Curvas de indiferença Importação de alimentos Exportação de tecidos Linha de isovalor 102 O modelo-padrão para uma economia com comércio Se aumenta o preço relativo do tecido, PT/PA , a escolha de consumo da economia também se altera, de D1 para D2. O deslocamento de D1 para D2 reflete dois efeitos: Efeito-renda; Efeito-substituição. Em princípio, é possível que o efeito-renda seja forte a ponto de, quando PT/PA aumentar, o consumo de ambos os bens efetivamente aumentar, mas a razão entre o consumo de T e de A cairá. 103 Figura 5-4: Efeitos de um aumento no preço relativo de tecidos TT Q1 VV 1(PT / PA)1 Q2 VV 2(PT / PA)2 D2 D1 Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA O modelo-padrão para uma economia com comércio 104 O modelo-padrão para uma economia com comércio O efeito das mudanças nos termos de troca sobre o bem-estar Termos de troca O preço do bem que um país inicialmente exporta dividido pelo preço do bem que ele inicialmente importa. Um aumento nos termos de troca aumenta o bem-estar de um país, enquanto um declínio nos termos de troca reduz o bem-estar de um país. 105 O modelo-padrão para uma economia com comércio Determinando os preços relativos Suponha que a economia mundial consista em dois países: Local (que exporta tecidos) Seus termos de troca são medidos por PT/PA. As quantidades de tecidos e alimentos produzidos por ele são QT e QA. Estrangeiro (que exporta alimentos) Seus termos de troca são medidos por PA/PT. As quantidades de tecidos e alimentos produzidos por ele são Q*T e Q*A. 106 O modelo-padrão para uma economia com comércio Para determinar PT/PA, encontramos a interseção da oferta relativa mundial de tecidos e a demanda relativa mundial. A curva da oferta relativa mundial (OR) é positivamente inclinada porque um aumento em PT/PA leva ambos os países a produzir mais tecidos e menos alimentos. A curva da demanda relativa mundial (DR) é negativamente inclinada porque um aumento em PT/PA leva ambos os países a mudar a composição de seu consumo, abrindo mão dos tecidos em favor dos alimentos. 107 Figura 5-5: Oferta relativa mundial e demanda relativa mundial OR DR Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q*T QA + Q*A (PT / PA)1 1 O modelo-padrão para uma economia com comércio 108 O modelo-padrão para uma economia com comércio Crescimento econômico: a curva OR se desloca O crescimento econômico em outros países é bom ou mau para nosso país? Pode ser bom porque significa mercados maiores para nossas exportações. Pode significar o aumento da concorrência para nossos exportadores. Quando uma nação faz parte de uma economia mundial muito integrada, seu crescimento deve ser visto de maneira positiva ou negativa? Deveria ser bem-vindo quando um país pode vender parte de seu aumento de produção ao mercado mundial. É menos valioso quando os benefícios do crescimento são repassados aos estrangeiros em vez de ficarem retidos localmente. 109 O modelo-padrão para uma economia com comércio Crescimento e a fronteira de possibilidades de produção O crescimento econômico significa um deslocamento para fora da fronteira de possibilidades de produção de um país (TT). Crescimento viesado Ocorre quando TT se desloca para fora mais em uma direção do que em outra Pode ocorrer por duas razões: progresso tecnológico em um setor da economia; aumento na oferta de um fator de produção de um país. 110 Figura 5-6: Crescimento viesado (b) Crescimento viesado para alimentos TT 1 TT 1 TT 2 TT 2 Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA (a) Crescimento viesado para tecidos Produção de tecidos, QT Produção de alimentos, QA O modelo-padrão para uma economia com comércio 111 O modelo-padrão para uma economia com comércio Oferta relativa e os termos de troca Crescimento viesado para exportações Expande as possibilidades de produção de um país desproporcionalmente na direção do bem que ele exporta Tende a piorar os termos de troca de um país em crescimento em benefício do resto do mundo Crescimento viesado para importações Expande as possibilidades de produção de um país desproporcionalmente na direção do bem que ele importa Tende a melhorar os termos de troca de um país em crescimento, à custa do resto do mundo 112 Figura 5-7: Crescimento e oferta relativa Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q *T QA + Q *A OR 1 DR 1 (PT / PA)1 OR 2 (PT / PA)2 2 Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q *T QA + Q *A OR 2 DR 2 (PT / PA)2 OR 1 (PT / PA)1 1 (a) Crescimento viesado para tecidos (b) Crescimento viesado para alimentos O modelo-padrão para uma economia com comércio 113 O modelo-padrão para uma economia com comércio Efeitos internacionais do crescimento O crescimento viesado para exportações no resto do mundo melhora nossos termos de troca, enquanto o crescimento viesado para importações no estrangeiro piora nossos termos de troca. O crescimento viesado para exportações em nosso próprio país piora nossos termos de troca, reduzindo os benefícios diretos do crescimento, enquanto o crescimento viesado para importações leva a uma melhora de nossos termos de troca. 114 O modelo-padrão para uma economia com comércio Crescimento empobrecedor Situação em que o crescimento viesado para exportações nas nações mais pobres pioraria tanto seus termos de troca que elas ficariam em pior situação do que se não tivessem crescido. Pode ocorrer em condições extremas: um crescimento fortemente viesado para exportações deve estar combinado com curvas OR e DR muito inclinadas. A maioria dos economistas o considera mais uma questão teórica do que um problema do mundo real. 115 Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR Transferências de renda internacionais, como nos casos de reparações de guerra e auxílio externo, podem afetar os termos de comércio de um país deslocando a curva de demanda relativa mundial. A demanda relativa mundial por bens pode deslocar-se devido a: mudanças no gosto; mudanças na tecnologia; transferências de renda internacionais. O problema das transferências Como as transferências internacionais afetam os termos de troca 116 Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR Efeitos das transferências sobre os termos de troca Se os dois países alocarem suas mudanças nos gastos nas mesmas proporções (argumento de Ohlin): A curva DR não se deslocará e os termos de troca não sofrerão nenhum impacto. Se os dois países não alocarem suas mudanças nos gastos nas mesmas proporções (argumento de Keynes): A curva DR se deslocará e haverá efeito sobre os termos de troca. A direção do efeito sobre os termos de troca dependerá da diferença entre os padrões de gastos do Local e do Estrangeiro. 117 Figura 5-8: Efeitos de uma transferência sobre os termos de troca Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q*T QA + Q*A OR DR 2 DR 1 (PT / PA)2 2 1 (PT / PA)1 Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR 118 Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR Suposições quanto aos efeitos das transferências sobre os termos de troca Uma transferência piorará os termos de troca do doador se este tiver uma propensão marginal a gastar em seu bem de exportação mais alta que a do receptor. Na prática, a maioria dos países gasta uma proporção muito maior de sua renda em produtos produzidos domesticamente que no estrangeiro. Isso não se deve necessariamente a diferenças de gosto, mas a barreiras ao comércio tanto naturais como artificiais. 119 As tarifas sobre importações e os subsídios às exportações afetam tanto a oferta como a demanda relativas. Efeitos das tarifas sobre a demanda relativa e a oferta relativa As tarifas e os subsídios colocam uma cunha entre os preços pelos quais os bens são comercializados internacionalmente (preços externos) e os preços pelos quais são comercializados dentro de um país (preços internos). Os termos de troca são coerentes com os preços externos, e não com os internos. Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 120 Figura 5-9: Efeitos de uma tarifa sobre os termos de troca Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q*T QA + Q*A OR 1 DR 1 DR 2 OR 2 (PT / PA)1 1 (PT / PA)2 2 Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 121 Efeitos dos subsídios às exportações Muitas vezes, as tarifas e os subsídios às exportações são tratados como políticas semelhantes, mas essas duas estratégias têm efeitos opostos sobre os termos de troca. Exemplo: Suponha que o Local ofereça um subsídio de 20 por cento sobre o valor de qualquer tecido exportado: Esse subsídio aumentará o preço interno de tecidos do Local em relação ao de alimentos em 20 por cento. Isso levará os produtores do Local a produzir mais tecidos e menos alimentos . Os subsídios às exportações do Local pioram seus termos de troca e melhoram os termos de troca do Estrangeiro. Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 122 Figura 5-10: Efeitos de um subsídio sobre os termos de troca 2 Preço relativo de tecidos, PT / PA Quantidade relativa de tecidos, QT + Q *T QA + Q *A OR1 DR1 DR2 OR2 (PT / PA)1 1 (PT / PA)2 Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 123 Implicações dos efeitos sobre os termos de troca: quem ganha e quem perde? A distribuição internacional de renda Se o Local (um país grande) impõe uma tarifa, seu bem-estar aumenta desde que a tarifa não seja grande demais, enquanto o bem-estar do Estrangeiro decresce. Se o Local oferece um subsídio à exportação, seu bem-estar se deteriora, enquanto o bem-estar do Estrangeiro aumenta. A distribuição de renda dentro dos países Uma tarifa (subsídio) tem o efeito direto de aumentar o preço relativo interno do bem importado (exportado). Tarifas e subsídios à exportação podem ter efeitos perversos sobre os preços internos de um país (paradoxo de Metzler). Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 124 Capítulo 6 Economias de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional Economia internacional: teoria e política, 6ª edição de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld 125 Organização do capítulo Introdução Economias de escala e comércio internacional: uma introdução Economias de escala e estrutura de mercado A teoria da concorrência imperfeita Concorrência monopolista e comércio Discriminação internacional de preços (dumping) A teoria das economias externas Economias externas e comércio internacional 126 Introdução Os países envolvem-se no comércio internacional por dois motivos básicos: Os países diferem quanto aos recursos ou à tecnologia. Os países fazem comércio para atingir economias de escala (ou retornos crescentes) na produção). Dois modelos em que as economias de escala e a concorrência imperfeita desempenham um papel crucial: modelo de concorrência monopolista; modelo de discriminação internacional de preços (dumping). 127 Economias de escala e comércio internacional: uma introdução Os modelos de vantagem competitiva (ex.: modelo ricardiano) baseiam-se na hipótese de retornos constantes de escala e na concorrência perfeita: Ao se aumentar a quantidade de todos os insumos usados na produção de um bem, a produção desse bem aumentará na mesma proporção. Na prática, muitos indústrias caracterizam-se por economia de escala (também chamadas de retornos crescentes). Uma indústria pe mais eficiente quanto maior a escala na qual ela ocorre. 128 Economias de escala e comércio internacional: uma introdução Sob retornos de escala crescente: A produção cresce proporcionalmente mais que o aumento de todos os insumos. Os custos médios (custos por unidade) declinam com o tamanho do mercado. 129 Economias de escala e estrutura de mercado As economias de escala podem ser: Externas O custo por unidade depende do tamanho da indústria, mas não necessariamente do tamanho de uma firma qualquer. Uma indústria em geral consiste de muitas firmas pequenas, com uma estrutura de mercado de concorrência perfeita. Internas O custo por unidade depende do tamanho de uma firma individual, mas não necessariamente do tamanho da indústria. A estrutura de mercado será de concorrência imperfeita, com firmas grandes com vantagens de custo sobre as pequenas. Os dois tipos de economia de escala são causas importantes do comércio internacional. 130 A teoria da concorrência imperfeita Concorrência imperfeita As firmas estão conscientes de que podem influenciar os preços de seus produtos . Sabem que somente podem vender mais ao reduzir seu preço. Cada firma considera-se uma formadora de preço, ao escolher o preço de seu produto, em vez de ser uma tomadora de preço. A estrutura de mercado de concorrência imperfeita mais simples é a de monopólio puro, em que uma firma não tem concorrência. 131 A teoria da concorrência imperfeita Monopólio: uma breve revisão Receita marginal A receita adicional que a firma ganha por vender uma unidade adicional. Sua curva de receita marginal, RMg, está sempre situada abaixo da curva de demanda, D. Para vender uma unidade adicional de sua produção, a firma deve diminuir o preço de todas as unidades vendidas (não apenas a marginal). 132 A teoria da concorrência imperfeita Figura 6-1: Decisões monopolistas de preço e produção D Custo, C, e preço, P Quantidade, Q Lucros de monopólio CMe PM QM RMg CMg CMe 133 Receita marginal e preço A receita marginal é sempre menor do que o preço. A relação entre receita marginal e o preço depende de duas coisas: Da quantidade de produto que a firma já está vendendo Da declividade da curva de demanda Ela nos diz quanto o monopolista deve diminuir seu preço para vender uma unidade a mais de sua produção. A teoria da concorrência imperfeita 134 A teoria da concorrência imperfeita Figura 6-2: Custo médio versus custo marginal Custo médio Custo marginal 1 2 0 3 4 5 6 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 Custo por unidade Produção 135 Concorrência monopolista Oligopólio Economias de escala internas geram uma estrutura de mercado de oligopólio. Há diversas firmas, cada uma grande o suficiente para afetar os preços, mas nenhuma com um monopólio incontestável. As interações estratégicas entre oligopolistas ganharam importância. Cada firma, ao determinar seu preço, considera como essa decisão pode afetar as reações dos concorrentes. A teoria da concorrência imperfeita 136 Concorrência monopolista Um caso especial de oligopólio. Duas hipóteses principais são feitas para tratar o problema da interdependência: Supõe-se que cada firma é capaz de diferenciar seu produto em relação ao produto de seus rivais. Supõe-se que cada firma tome os preços cobrados por seus concorrentes como dados. A teoria da concorrência imperfeita 137 Há indústrias caracterizadas pela concorrência monopolista no mundo real? Algumas indústrias podem ser aproximações razoáveis (ex.: a indústria automobilística na Europa). A principal vantagem do modelo de concorrência monopolista não é seu realismo, mas sua simplicidade. A teoria da concorrência imperfeita 138 Hipóteses do modelo Imagine uma indústria composta de diversas firmas que fabricam produtos diferenciados. Espera-se que uma firma: venda mais quanto maiores forem a demanda total pelo produto de sua indústria e os preços cobrados por suas rivais; venda menos quanto maiores forem o número de firmas no setor e seu próprio preço. A teoria da concorrência imperfeita 139 Onde: Q são as vendas da firma; V são as vendas totais da indústria; n é o número de firmas na indústria; b é uma constante que representa a resposta das vendas de uma firma a seu preço; P é o preço cobrado pela própria firma. Uma equação para descobrir a demanda com que se defronta uma firma com essas propriedades é: Q = V x [1/n – b x (P – P)] (6-5) A teoria da concorrência imperfeita P é o preço médio cobrado pelos concorrentes 140 Equilíbrio de mercado Todas as empresas nesse setor são simétricas. As funções demanda e custo são idênticas para todas as firmas. O método para determinar o número de firmas e o preço médio que elas cobrem envolve três passos: Estabelecemos uma relação entre o número de firmas e o custo médio de uma firma típica. Mostramos a relação entre o número de firmas e o preço que cada uma cobra. Mostramos o número de firmas no equilíbrio e o preço médio cobrado por elas. A teoria da concorrência imperfeita 141 O número de empresas e o custo médio Como o custo médio de uma firma típica depende do número de firma em sua indústria? A teoria da concorrência imperfeita Caso sejam simétricas, P = P, a equação (6-5) nos diz que Q = V/n, no entanto a equação (6-4) nos mostra que o custo médio se relaciona inversamente ao produto de uma firma. Concluímos que o custo médio depende do tamanho do mercado e do número de firmas na indústria: CMe = F/Q + c = n x F/V + c (6-6) Quanto mais firmas houver na indústria, maior será o custo médio. 142 Figura 6-3: Equilíbrio em um mercado com concorrência monopolista A teoria da concorrência imperfeita PP Custo, C, e preço, P Número de firmas, n CC P3 CMe3 n3 n1 CMe1 n2 CMe2 E P2, P1 143 O número de firmas e o preço O preço cobrado por uma firma típica depende do número de firmas na indústria. Quanto mais firmas, mais intensa a concorrência e, portanto, menor o preço. No modelo de concorrência monopolista, supõe-se que as firmas tomem os preços das demais como dados. A teoria da concorrência imperfeita Se cada firma trata P como dado, podemos reescrever a curva de demanda (6-5) da seguinte forma: Q = (V/n + V x b x P) – V x b x P (6-7) 144 As firmas que maximizam os lucros farão a receita marginal coincidir com seu custo marginal c. Isso gera uma relação negativa entre o preço e o número de firmas no mercado, que é a curva PP: P = c + 1/(b x n) (6-10) Quanto mais firmas houver na indústria, menor será o preço que cada uma cobrará. A teoria da concorrência imperfeita 145 O número de firmas no equilíbrio A curva negativamente inclinada PP mostra que, quanto mais firmas houver na indústria, menor será o preço que cada firma cobrará. Quanto mais firmas houver, mais concorrência cada uma enfrentará. A curva positivamente inclinada CC nos diz que, quanto mais firmas houver na indústria, maior o custo médio de cada uma . Se o número de firmas aumentar, cada firma venderá menos, de modo que elas não poderão se mover muito para baixo sobre sua curva de custo médio. A teoria da concorrência imperfeita 146 Limitações do modelo de concorrência monopolista Dois tipos de comportamento que surgem no cenário do oligopólio em geral não se encaixam no modelo de concorrência monopolista: Comportamento de cartel: pode elevar os lucros de todas as firmas à custa dos consumidores; pode ser administrado por meio de acordos explícitos ou por meio de estratégias tácitas de coordenação. Comportamento estratégico: adotado pelas firmas para afetar o comportamento de concorrentes de uma maneira desejável; impede a entrada de rivais potenciais na sua indústria. A teoria da concorrência imperfeita 147 Concorrência monopolista e comércio O modelo de concorrência monopolista pode ser usado para mostrar como o comércio leva a: um preço médio menor devido a economias de escala; disponibilidade de uma variedade maior de bens devida à diferenciação de produtos; importações e exportações dentro de cada setor (comércio intra-indústria). 148 Concorrência monopolista e comércio Efeitos do aumento do tamanho do mercado O número de firmas em uma indústria com concorrência monopolista e os preços que elas cobram são afetados pelo tamanho do mercado. 149 Concorrência monopolista e comércio Figura 6-4: Efeitos do aumento do mercado Custo, C, e preco, P Número de firmas, n CC1 n1 P1 1 PP n2 P2 2 CC2 150 Concorrência monopolista e comércio Ganhos de um mercado integrado: um exemplo numérico O comércio internacional permite a criação de um mercado integrado maior que o mercado de cada país. Portanto, isso torna possível oferecer aos clientes uma variedade maior de produtos e preços mais baixos. 151 Concorrência monopolista e comércio Exemplo: Vamos supor que automóveis sejam produzidos por uma indústria com concorrência monopolista. Considere o seguinte: b = 1/30.000 F = US$ 750.000.000 c = US$ 5.000 Há dois países (o Local e o Estrangeiro) com os mesmos custos de produção de automóveis. As vendas anuais de automóveis é de 900.000 no Local e de 1,6 milhão no Estrangeiro. 152 Concorrência monopolista e comércio Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis (continua) 153 Concorrência monopolista e comércio Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis (continua) 154 Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis Concorrência monopolista e comércio 155 Concorrência monopolista e comércio Tabela 6-2: Exemplo hipotético dos ganhos com a integração de mercados 156 Concorrência monopolista e comércio Economias de escala e vantagem comparativa Premissas: Há dois países: Local (país capital-abundante) e Estrangeiro. Há duas indústrias: manufaturas (capital-intensiva) e alimentos. Por causa das economias de escala, nenhum dos dois países pode produzir a gama total de produtos manufaturados por si próprio. 157 Concorrência monopolista e comércio Figura 6-6: Comércio em um mundo sem retornos crescentes Local (capital-abundante) Estrangeiro (trabalho-abundante) Manufaturas Alimentos 158 Concorrência monopolista e comércio Se as manufaturas são um setor com concorrência monopolista, o comércio mundial é composto de duas partes: Comércio intra-indústria Troca de manufaturas por manufaturas. Comércio interindústria Troca de manufaturas por alimentos. 159 Concorrência monopolista e comércio Figura 6-7: Comércio com retornos crescentes e concorrência monopolista Local (capital-abundante) Estrangeiro (trabalho-abundante) Manufaturas Alimentos Comércio interindústria Comércio intra-indústria 160 Concorrência monopolista e comércio Principais diferenças entre o comércio interindústria e o comércio intra-indústria: O comércio interindústria reflete a vantagem comparativa, enquanto o intra-indústria não. O padrão do comércio intra-indústria é imprevisível, enquanto o comércio interindústria é determinado por diferenças subjacentes entre os países. A importância relativa do comércios interindústria e intra-indústria depende do grau de semelhança entre os países. 161 Concorrência monopolista e comércio Significado do comércio intra-indústria Cerca de um quarto do comércio mundial consiste no comércio intra-indústria. O comércio intra-indústria desempenha um papel particularmente importante no comércio de bens manufaturados entre nações avançadas, o qual responde pela maioria do comércio mundial. 162 Concorrência monopolista e comércio Tabela 6-3: Índices de comércio intra-indústria em algumas indústrias norte-americanas em 1993 163 Concorrência monopolista e comércio Por que o comércio intra-indústria é importante Permite que os países sejam beneficiados por mercados maiores. O estudo de caso do pacto da indústria automobilística na América do Norte em 1964 indica que os ganhos da criação de um setor integrado em dois países pode ser substancial. Os ganhos do comércio intra-indústria são grandes quando as economias de escala são fortes e os produtos altamente diferenciados. Por exemplo, bens manufaturados sofisticados. 164 A economia da discriminação internacional de preços Discriminação de preços A prática de cobrar preços diferentes de clientes diferentes. Dumping A forma mais comum de discriminação de preços no comércio internacional. Prática de formação de preços em que a firma cobra um preço menor pelos bens exportados do que o cobrado pelos mesmos bens vendidos domesticamente. Discriminação internacional de preços (dumping) 165 É uma questão controversa em política comercial, em que é considerada uma prática ‘desleal’. Exemplo: em abril de 2002, os Estados Unidos impuseram tarifas antidumping sobre 265 itens de 40 países diferentes. O dumping só pode ocorrer na presença de duas condições: indústria com concorrência imperfeita; mercados segmentados. Dadas essas condições, uma firma monopolista pode descobrir que é lucrativo se engajar na discriminação internacional de preços. Discriminação internacional de preços (dumping) 166 Figura 6-8: A discriminação internacional de preços Discriminação internacional de preços (dumping) Exportações Vendas domésticas Custo, C, e preço, P Quantidades produzidas e demandadas, Q CMg DEST = RMgEST RMgDOM DDOM 2 PEST PDOM QDOM QMONOPÓLIO Produto total 1 3 167 Discriminação internacional de preços recíproca (dumping recíproco) Situação em que o dumping leva ao comércio do mesmo produto nos dois sentidos. Tende a aumentar o volume do comércio de bens que não são completamente idênticos. Seu efeito sobre o bem-estar nacional é ambíguo porque: desperdiça recursos no transporte; leva a certa concorrência. Discriminação internacional de preços (dumping) 168 A teoria das economias externas Quando as economias de escala se aplicam ao nível da indústria, em vez de ao nível das firmas individualmente, são chamadas economias externas. Há três razões principais para um conglomerado de firmas ser mais eficiente do que uma firma isolada: fornecedores especializados; mercado comum de trabalho; vazamentos de conhecimento. 169 A teoria das economias externas Fornecedores especializados Em muitas indústrias, a produção de bens e serviços e o desenvolvimento de produtos novos requer o uso de equipamento ou serviços de apoio especializados. Uma empresa individual não fornece um mercado grande o suficiente para manter os fornecedores no negócio. Um conglomerado industrial pode resolver esse problema, ao reunir muitas firmas que, coletivamente, geram um mercado grande o suficiente para sustentar uma ampla gama de fornecedores especializados. Esse fenômeno tem sido extensivamente documentado na indústria de semicondutores localizada no Vale do Silício. 170 A teoria das economias externas Mercado comum de trabalho Um conglomerado de firmas pode criar um mercado comum de trabalhadores com qualificação altamente especializada. É vantagem para: Os produtores menos dificuldade em encontrar recursos humanos. Os trabalhadores menos riscos de ficarem desempregados. 171 A teoria das economias externas Vazamentos de conhecimento O conhecimento é um insumo importante nas indústrias mais inovadoras. O conhecimento especializado, crucial para o sucesso das indústrias inovadoras, vem de: esforços de pesquisa e desenvolvimento; engenharia reversa; troca informal de informações e idéias. 172 A teoria das economias externas Economias externas e retornos crescentes As economias externas ocasionam retornos crescentes de escala no nível da indústria nacional. Curva de oferta negativamente inclinada Quanto maior o produto da indústria, menor o preço pelo qual as empresas estão dispostas a vender seu produto. 173 Economias externas e o padrão de comércio Um país com uma produção grande em alguma indústria tenderá a ter custos baixos na produção daquele bem. Os países que começam como grandes produtores em certas indústrias tendem a permanecer como grandes produtores, mesmo se algum outro país puder produzir os bens de forma mais barata. A Figura 6-9 ilustra um caso em que um padrão de especialização criado por um acaso histórico persiste. Economias externas e comércio internacional 174 Figura 6-9: Economias externas e especialização Economias externas e comércio internacional CMe TAILANDÊS CMe SUÍÇO Q1 P1 Preço, custo (por relógio) Quantidade de relógios fabricados e demandados 2 1 C0 D 175 Comércio e bem-estar com economias externas O comércio baseado em economias externas possui mais efeitos ambíguos sobre o bem-estar nacional do que o comércio baseado na vantagem comparativa ou aquele baseado nas economias de escala no nível da firma. Um exemplo de como um país pode efetivamente estar em uma situação pior com comércio do que sem ele é mostrado na Figura 6-10. Economias externas e comércio internacional 176 Figura 6-10: Economias externas e perdas do comércio Economias externas e comércio internacional CMeSUÍCO P1 Preço, custo (por relógio) Quantidade de relógios produzidos e demandados CMeTAILANDÊS 2 1 C0 DTAILANDESA DMUNDIAL P2 177 Retornos crescentes dinâmicos Curva de aprendizagem Relaciona o custo unitário com o produto acumulado. É negativamente inclinada por causa do efeito da experiência, ganha graças à produção, sobre os custos. Retornos crescentes dinâmicos Caso em que os custos caem com a produção acumulada ao longo do tempo, em vez de com a taxa corrente de produção. Economias de escala dinâmicas justificam o protecionismo. A proteção temporária de indústrias permite-lhes ganhar experiência (argumento da indústria nascente). Economias externas e comércio internacional 178 Figura 6-11: Curva de aprendizagem Economias externas e comércio internacional L Custo unitário Produto acumulado L* C*0 C1 QL 179 Capítulo 7 Movimentos internacionais de fatores Economia internacional: teoria e política, 6ª edição de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld 180 Organização do capítulo Introdução Mobilidade internacional do trabalho Empréstimos internacionais Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais Resumo Apêndice: Mais algumas palavras sobre o comércio intertemporal 181 Introdução O movimento de bens e serviços não é a única forma de integração internacional. Outra forma de integração são os movimentos internacionais de fatores de produção (movimentos de fatores). Entre os movimentos de fatores, incluem-se: migração do trabalho; transferência de capital por meio de empréstimos internacionais; ligações internacionais sutis envolvidas na formação das empresas multinacionais. 182 Mobilidade internacional do trabalho Modelo com um bem, sem mobilidade de fatores Premissas do modelo: Há dois países (o Local e o Estrangeiro). Há dois fatores de produção: terra (S) e trabalho(L). Os dois países produzem apenas um bem (denominado ‘produto’). Os dois países possuem a mesma tecnologia, mas razões terra–trabalho totais diferentes. Local é o país trabalho-abundante e Estrangeiro é o país terra-abundante. A concorrência perfeita prevalece em todos os mercados. 183 Mobilidade internacional do trabalho Trabalho, L Produto, Q Q (S, L) Figura 7-1: Função de produção de uma economia 184 Rendas da terra Salários Salário real PMgL Trabalho, L Produto marginal do trabalho, PMgL Mobilidade internacional do trabalho Figura 7-2: O produto marginal do trabalho 185 Movimento internacional do trabalho Suponha que os trabalhadores possam mover-se entre os dois países. Os trabalhadores vão imigrar do Local para o Estrangeiro até que o produto marginal do trabalho seja o mesmo nos dois países. Esse movimento reduzirá a força de trabalho do Local e elevará o salário real do país. Esse movimento aumentará a força de trabalho do Estrangeiro e reduzirá o salário real do país. Mobilidade internacional do trabalho 186 Mobilidade internacional do trabalho Figura 7-3: Causas e efeitos da mobilidade internacional do trabalho PMgL L2 PMgL PMgL* PMgL* Emprego no Local O Emprego no Estrangeiro O* A B C L1 Migração de trabalho do Local para o Estrangeiro Força de trabalho total mundial Produto marginal do trabalho 187 A redistribuição da força de trabalho mundial: leva a uma convergência de salários reais; aumenta o produto mundial como um todo; prejudica alguns grupos. Ampliando a análise Modificação do modelo com a adição de algumas complicações: Suponha que os países produzam dois bens, um mais trabalho-intensivo do que o outro. O comércio oferece uma alternativa à mobilidade de fatores: o Local pode exportar trabalho e importar terra, ao exportar o bem trabalho-intensivo e importar o bem terra-intensivo. Mobilidade internacional do trabalho 188 Os movimentos internacionais de capital: Referem-se a empréstimos entre países. Exemplo: Um banco norte-americano concede empréstimo a uma firma mexicana. Podem ser interpretados como comércio intertemporal. O comércio de bens hoje por bens no futuro. Empréstimos internacionais 189 As possibilidades de produção intertemporal e o comércio Imagine uma economia que consuma apenas um bem e que existirá por dois períodos, os quais denominamos presente e futuro. Fronteira de possibilidades de produção intertemporal Um dilema entre a produção presente e a produção futura do bem de consumo. Sua forma difere entre os países: Alguns países terão possibilidades de produção viesadas para o produto presente. Alguns países terão terão possibilidades de produção viesadas para o produto futuro. Empréstimos internacionais 190 Figura 7-4: A fronteira de possibilidades de produção intertemporal Consumo presente Consumo futuro Empréstimos internacionais A taxa de juros real Como um país faz comércio ao longo do tempo? Um país pode fazer comércio ao longo do tempo tomando empréstimos ou emprestando. Quando toma dinheiro emprestado, adquire o direito de comprar alguma quantidade de consumo no presente em troca do pagamento de alguma quantidade maior no futuro. A quantidade de pagamento no futuro será (1 + r) vezes a quantidade que se tomou emprestada no presente, onde r é a taxa de juros real do empréstimo. O preço relativo do consumo futuro é 1/(1 + r). Empréstimos internacionais 192 Vantagem comparativa intertemporal Supusemos que as possibilidades de produção intertemporal do Local são viesadas para a produção presente. Um país que tem uma vantagem comparativa na produção futura de bens de consumo terá, na ausência de empréstimos internacionais, um preço relativo baixo do consumo futuro (i.e., uma taxa de juros real alta). Uma taxa de juros real alta corresponde a um retorno elevado sobre o investimento. Empréstimos internacionais 193 Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais Investimento estrangeiro direto Trata-se dos fluxos internacionais de capital pelos quais uma firma de determinado país cria ou expande uma filial sua em outro. Não envolve somente uma transferência de recursos, mas também a aquisição do controle. A filial não tem simplesmente uma obrigação financeira com a matriz; ela é parte da mesma estrutura organizacional. 194 Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais As empresas multinacionais: são um veículo para empréstimos internacionais; fornecem capital a suas subsidiárias estrangeiras. Por que se escolhe o investimento estrangeiro direto, e não alguma outra maneira de transferir fundos? Para permitir a formação de organizações multinacionais (ampliação do controle). Por que as firmas buscam ampliar seu controle? A resposta é resumida pela teoria da firma multinacional. 195 Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais A teoria da firma multinacional Dois elementos explicam a existência de uma empresa multinacional: Localização Um bem é produzido em dois (ou mais) países diferentes, em vez de em um, devido a: Recursos Custos de transporte Barreiras comerciais Internalização Um bem é produzido em diferentes locais pela mesma empresa, e não por empresas separadas porque é mais lucrativo efetuar transações envolvendo tecnologia e administração. Transferência de tecnologia Integração vertical 196 Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais As firmas multinacionais na prática As firmas multinacionais desempenham importante papel no comércio e no investimento mundiais. Exemplo: Metade das importações norte-americanas pode ser considerada fruto de transações entre filiais de firmas multinacionais, e 24% dos ativos dos Estados Unidos no exterior consistem no valor das filiais estrangeiras de firmas norte-americanas. As firmas multinacionais podem ser domésticas ou de propriedade estrangeira. As firmas multinacionais estrangeiras desempenham um papel fundamental na maioria das economias, especialmente nos Estados Unidos. 197 Capítulo 8 Instrumentos de política comercial Economia internacional: teoria e política, 6ª edição de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld 198 Organização do capítulo Introdução Análise das tarifas Custos e benefícios das tarifas Outros instrumentos de política comercial Efeitos da política comercial: um resumo 199 Introdução Este capítulo concentra-se nas seguintes perguntas: Quais são os efeitos dos vários instrumentos de política comercial? Quem se beneficia e quem perde com esses instrumentos de política comercial? Quais são os custos e os benefícios da proteção? Os benefícios vão superar os custos? Qual deveria ser a política comercial das nações? Por exemplo, os Estados Unidos deveriam utilizar uma tarifa ou uma cota de importação para proteger sua indústria automobilística da concorrência japonesa e sul-coreana? 200 Introdução Classificação dos instrumentos de política comercial Instrumentos de política comercial Contração do comércio Expansão do comércio Tarifa Taxa de exportação Cota de importação Restrição Voluntária à Exportação (RVE) Subsídio à importação Subsídio à exportação Expansão Voluntária das importações (EVI) Preço Quantidade Preço Quantidade 201 Análise das tarifas As tarifas podem ser classificadas como: Tarifas específicas São cobradas como um valor fixo para cada unidade importada do bem Exemplo: Uma tarifa específica de US$10 sobre cada bicicleta importada com um preço internacional de US$100 significa que as autoridades cobram o valor fixo de US$10. Tarifas ad valorem São cobradas como uma fração do valor dos bens importados Exemplo: Uma tarifa ad valorem de 20% sobre bicicletas gera um pagamento de US$20 sobre cada bicicleta importada a US$100. 202 Análise das tarifas Uma tarifa composta é uma combinação de uma tarifa ad valorem e de uma tarifa específica. Os governos modernos preferem proteger as indústrias domésticas por meio de uma variedade de barreiras não tarifárias, como: Cotas de importação Limitam a quantidade de importações. Restrições à exportação Limitam a quantidade de exportações. 203 Análise das tarifas Oferta, demanda e comércio com uma única indústria Suponha a existência de dois países (o Local e o Estrangeiro). Os dois países consomem e produzem trigo, que pode ser transportado sem custo entre os países. Em ambos os países, o trigo é uma indústria competitiva. Suponha que, na ausência de comércio, o trigo custe mais no Local do que no Estrangeiro. Com isso, os exportadores comecem a transportar trigo do Estrangeiro para o Local. A exportação de trigo aumenta seu preço no Estrangeiro e o diminui no Local, até que a diferença entre os preços tenha sido eliminada. 204 Análise das tarifas Para determinar o preço mundial (Pw) e a quantidade comercializada (Qw), definem-se duas curvas: A curva de demanda por importações do Local Mostra a quantidade máxima de produtos importados que o Local gostaria de consumir a cada faixa de preço do bem importado. Isto é, o excesso do que os consumidores do Local demandam sobre o que os produtores do Local ofertam: DM = D(P) – O(P) A curva de oferta de exportações do Estrangeiro Mostra a quantidade máxima de produtos exportados que o Estrangeiro gostaria de fornecer ao resto do mundo a cada faixa de preço. Isto é, o excesso do que os produtores do Estrangeiro ofertam sobre o que os consumidores do Estrangeiro demandam: OX = O*(P*) – D*(P*) 205 Quantidade, Q Preço, P Preço, P Quantidade, Q DM D O A PA P 2 P 1 O2 D2 D2 – O2 2 O1 D1 D1 – O1 1 Figura 8-1: Derivando a curva de demanda por importações do Local Análise das tarifas 206 Análise das tarifas Propriedades da curva de demanda por importações:
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