Buscar

Economia Internacional

Esta é uma pré-visualização de arquivo. Entre para ver o arquivo original

Modelos de Comércio Internacional
Prof. Paulo Dutra Costantin
Tópicos
Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano
Fatores específicos e distribuição de renda.
Recursos e comércio: o modelo de Heckscher-Ohlin
O modelo padrão de comércio
Economias de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional.
Movimentos internacionais de fatores
Instrumentos de política comercial
Economia política da política comercial
A política comercial nos países em desenvolvimento
Controvérsias em política comercial
Contabilidade nacional e balanço de pagamentos
Taxas de câmbio e o mercado de câmbio: um enfoque de ativos.
Moeda, taxa de juros e câmbio.
Níveis de preço e a taxa de câmbio no longo prazo
O produto e a taxa de câmbio no curto prazo
Taxas de câmbio fixas e intervenção no câmbio
Sistema Monetário Internacional 1870-1973
Política Macroeconômica e coordenação sob taxas de câmbio flutuantes.
Áreas monetárias e a Experiência Européia 
O mercado global de capitais: Desempenho e Problemas de Política Econômica
Países em Desenvolvimento: Crescimento, Crise e Reforma.
Produtividade do trabalho e vantagem comparativa: o modelo ricardiano
Introdução
O conceito de vantagem comparativa
Economia com um único fator
O comércio em um mundo com um único fator
Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa
Inclusão de custos de transporte e bens não comercializáveis
3
Introdução
Diferem uns dos outros em termos de clima, terreno, capital, trabalho e tecnologia.
Por que os países participam do comércio internacional? Por duas razões:
Tentam obter economias de 
escala na produção.
4
O conceito de vantagem comparativa
O modelo ricardiano baseia-se nas diferenças tecnológicas entre os países.
As diferenças tecnológicas refletem-se em diferenças na produtividade do trabalho.
Se cada país se especializa na produção do bem com custos de oportunidade menores, o comércio pode ser benéfico para ambos.
5
 
Economia com um único fator
Considere que estamos lidando com uma economia (a que chamaremos de Local). Nessa economia:
O trabalho é o único fator de produção.
Apenas dois bens (digamos, vinho e queijo) são produzidos.
A oferta de trabalho é fixa em cada país.
A produtividade da mão-de-obra é fixa para cada bem.
Em todos os mercados prevalece a concorrência perfeita.
6
Economia com um único fator
Possibilidades de produção
A fronteira de possibilidades de produção (FPP) de uma economia mostra o montante máximo de um bem (digamos, vinho) que pode ser produzido por qualquer quantidade determinada de outro (digamos, queijo) e vice-versa.
aLW e aLC são as unidades de trabalho necessárias para produzir uma unidade de vinho (W) ou queijo (C)
A FPP de nossa economia é dada pela seguinte equação:
 				aLCQC + aLWQW = L	
7
Preços relativos e oferta
As quantidades específicas de cada bem produzido são determinadas por preços.
O preço relativo do bem X (queijo) em termos de bom Y (vinho) é a quantidade de bom Y (vinho) que pode ser trocada por uma unidade de bom X (queijo).
Sob concorrência perfeita, as condições de lucros não negativas implicam:
Se PLW / aLW < wLW, não há produção de QW.
Se PLW / aLW = wLW, há produção de QW.
Se PLC / aLC < wLC, não há produção de QC.
Se PLC / aLC = wLC, há produção de QC.
Economia com um único fator
8
As relações acima implicam que o preço relativo do queijo (PC / PW ) supera o custo de oportunidade (aLC / aLW), portanto a economia vai se especializar na produção de queijo.
Na ausência de comércio, ambos os bens são produzidos, portanto PC / PW = aLC /aLW.
Economia com um único fator
9
 
O comércio em um mundo com um único fator
Premissas do modelo:
Há dois países no mundo (Local e Estrangeiro).
Cada um deles produz dois bens (digamos, vinho e queijo).
A mão-de-obra é o único fator de produção.
A oferta de mão-de-obra é fixa em cada país.
A produtividade da mão-de-obra em cada bem é fixa.
A mão-de-obra não é móvel entre os dois países.
A concorrência perfeita prevalece em todos os mercados.
Todas as variáveis com asterisco referem-se ao país Estrangeiro.
10
Vantagem absoluta
Um país tem vantagem absoluta na produção de um bem se tiver uma necessidade de mão-de-obra menor que o outro país para a produção desse bem.
Considere que aLC < a*LC e aLW < a*LW
Isso implica que o Local tem vantagem absoluta na produção dos dois bens. Também se pode notar que o Local é mais produtivo que o Estrangeiro na fabricação de ambos os bens.
Mesmo que o Local tenha vantagem absoluta nos dois bens, é possível haver um comércio benéfico.
O padrão do comércio será determinado pelo conceito da vantagem comparativa.
O comércio em um mundo com um único fator
11
O comércio em um mundo com um único fator
Vantagem comparativa
Considere que aLC /aLW < a*LC /a*LW			
Isso implica que o custo de oportunidade do queijo em termos do vinho é menor no Local que no Estrangeiro.
Em outras palavras, na ausência de comércio, o preço relativo do queijo no Local é menor que o preço relativo do preço no Estrangeiro.
O Local tem uma vantagem comparativa no queijo e vai exportá-lo para o Estrangeiro em troca de vinho.
12
O comércio em um mundo com um único fator
Determinação do preço relativo após o comércio
O que determina o preço relativo (ex.: PC / PW) após o comércio? 
Para responder a essa pergunta, temos que definir a oferta e a demanda relativas para o queijo no mundo como um todo.
A oferta relativa do queijo é igual à quantidade total de queijo fornecida por ambos os países em cada preço relativo dado dividido pela quantidade total de vinho fornecida, (QC + Q*C )/(QW+ Q*W).
A demanda relativa de queijo no mundo obedece a um conceito semelhante.
13
 
Oferta e demanda relativas mundiais
aLC / aLW
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
O comércio em um mundo com um único fator
14
Oferta e demanda relativas mundiais
aLC / aLW
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
O comércio em um mundo com um único fator
15
Oferta e demanda relativas mundiais
aLC / aLW
a*LC / a*LW
RS
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
O comércio em um mundo com um único fator
16
Oferta e demanda relativas mundiais – Países com tamanhos semelhantes
RD
1
aLC / aLW
a*LC / a*LW
RS
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
O comércio em um mundo com um único fator
17
Oferta e demanda relativas mundiais – País Local grande
2
RD1
Q'
aLC / aLW
a*LC / a*LW
RS
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
O comércio em um mundo com um único fator
18
Oferta e demanda relativas mundiais – País Estrangeiro grande
aLC / aLW
a*LC / a*LW
RS
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
RD2
3
O comércio em um mundo com um único fator
19
Oferta e demanda relativas mundiais
2
RD1
RD
1
Q'
aLC / aLW
a*LC / a*LW
RS
Preço relativo
do queijo, PC / PW
Quantidade relativa
de queijo, QC + Q*C
 
 QW + Q*W
L/aLC
L*/a *LW
RD2
3
O comércio em um mundo com um único fator
20
O comércio em um mundo com um único fator
Ganhos propiciados pelo comércio
Se um país se especializa de acordo com suas vantagens competitivas, ele obtém ganhos de sua especialização e comércio.
Demonstraremos de duas maneiras os ganhos do comércio.
Em primeiro lugar, podemos pensar no comércio como uma nova maneira de produzir
bens e serviços (isto é, uma nova tecnologia).
21
O comércio em um mundo com um único fator
Outra maneira de ver os ganhos obtidos com o comércio é considerar como o comércio afeta as possibilidades de consumo em cada um país.
Na ausência do comércio, a curva de possibilidades de consumo é igual à curva de possibilidades de produção.
O comércio amplia a possibilidade de consumo para cada um dos dois países.
22
 
O comércio em um mundo com um único fator
Salários relativos
Como há diferenças tecnológicas entre os dois países, o comércio em bens não torna os salários iguais entre eles.
Um país com vantagem absoluta nos dois produtos obterá um salário mais alto após o comércio.
23
 
O comércio em um mundo com um único fator
Isso pode ser ilustrado com a ajuda de um exemplo numérico:
Considere que PC = $12 e PW = $12. Portanto, temos que PC / PW = 1, como em nosso exemplo anterior.
Como o Local se especializa em queijo após o comércio, seu salário será (1/aLC)PC = ( 1/1)$12 = $12.
Como o Estrangeiro se especializa em vinho após o comércio, seu salário será (1/a*LW) PW = (1/3)$12 = $4. 
Portanto, o salário relativo do Local será $12/$4 = 3.
Assim, o país com a maior vantagem absoluta gozará de salários maiores depois do comércio.
24
Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa
Produtividade e competitividade
Mito 1: O livre comércio é benéfico somente se um país é suficientemente forte para resistir à concorrência estrangeira.
Esse argumento não reconhece que o comércio se baseia em vantagens comparativas, não absolutas.
O argumento do trabalho miserável
Mito 2: A concorrência estrangeira é injusta e prejudica outros países quando se baseia em salários baixos.
Mais uma vez, nosso exemplo mostra que o Estrangeiro tem salários mais baixos, porém ainda se beneficia do comércio.
25
Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa
Exploração
Mito 3: O comércio prejudica os trabalhadores em países com salários mais baixos.
Na ausência de comércio, esses trabalhadores estariam em situação ainda pior. 
Negar a oportunidade de exportar é condenar os pobres a continuarem pobres.
26
 
Idéias equivocadas sobre vantagem comparativa
Tabela 2-3: Variações em salários e custos unitários de trabalho
27
Inclusão de custos de transporte
e bens não comercializáveis
Há três motivos principais pelos quais a especialização na economia internacional do mundo real não chega a extremos:
A existência de mais de um fator de produção.
Os países algumas vezes protegem suas indústrias da concorrência estrangeira.
É caro transportar bens e serviços.
A inclusão de custos de transporte faz com que alguns produtos se tornem bens não comercializáveis.
Em alguns casos, o transporte é praticamente impossível.
Exemplo: Serviços como corte de cabelo e conserto de automóveis não podem ser comercializados internacionalmente.
28
Fatores específicos e distribuição de renda
Introdução
O modelo de fatores específicos
Comércio internacional no modelo de fatores específicos
Distribuição de renda e os ganhos do comércio
A economia política do comércio: uma visão preliminar
29
Introdução
O comércio tem efeitos substanciais sobre a distribuição de renda nas nações que dele participam.
Há duas razões principais pelas quais o comércio internacional tem forte influência sobre a distribuição de renda:
Os recursos não podem se mover imediatamente ou sem custos de uma indústria a outra.
As indústrias diferem quanto aos fatores de produção que demandam.
O modelo de fatores específicos permite ao comércio afetar a distribuição de renda.
30
O modelo de fatores específicos
Hipóteses do modelo
Dois países: Local e Estrangeiro
Dois bens: manufaturas (M) e alimentos (A).
Há três fatores de produção; trabalho (L), capital (K) e terra (S).
As manufaturas são produzidas pelo uso do capital e do trabalho (mas não da terra).
O alimento é produzido pelo uso da terra e do trabalho (mas não do capital). 
A terra e o capital são fatores específicos que só podem ser usados na produção de um bem.
O trabalho é, portanto, um fator móvel que pode ser usado nos dois setores.
Concorrência perfeita e equilíbrio comercial.
31
O modelo de fatores específicos
Quanto de cada bem uma economia produz?
A produção de manufaturas de uma economia depende das quantidades de capital e trabalho utilizadas em um setor.
Esse relacionamento é resumido por uma função de produção.
A função de produção para o bem X dá as quantidades máximas do bem X que uma empresa pode produzir com várias quantidades de insumos.
Por exemplo, a função de produção para manufaturas (alimento) indica a quantidade delas que pode ser produzida dadas quaisquer quantidades dos insumos trabalho e capital (terra).
32
O modelo de fatores específicos
A função de produção de manufaturas é dada por 			QM = QM (K, LM) 			
		
QM é a produção de manufaturas da economia
K é o estoque de capital da economia
LM é a força de trabalho empregada em manufaturas
A função de produção de alimentos é dada por
				QA = QA (S, LA) 			
		
QA é a produção de alimentos da economia
S é a oferta de terra da economia
LA é a força de trabalho usada na produção de alimentos
33
O modelo de fatores específicos
A condição de pleno emprego de trabalho requer que o suprimento de trabalho de toda a economia seja igual à força de trabalho empregada na produção de alimentos mais a força de trabalho empregada na produção de manufaturas:
			LM + LA = L				
Podemos usar essas equações e derivar a fronteira de possibilidades de produção da economia.
34
O modelo de fatores específicos
Possibilidades de produção
Para analisar as possibilidades de produção da economia, basta perguntar como a composição dessa produção muda à medida que o trabalho é deslocado de um setor para o outro.
35
O modelo de fatores específicos
A forma da função de produção reflete a lei dos retornos decrescentes.
Agregar um trabalhador ao processo de produção (sem aumentar a quantidade de capital) significa que cada trabalhador tem menos capital para trabalhar.
Portanto, cada incremento sucessivo de trabalho acrescentará menos à produção que o anterior.
36
O modelo de fatores específicos
A fronteira de possibilidades de produção no modelo em estudo
QA =QA(S, LA)
QM =QM (K, LM)
L2M
L2A
3
2
1
L
L
AA
1'
3'
PP
Fronteira de possibilidades de
produção da economia (PP)
Função de produção
de manufaturas
Alocação de trabalho
na economia (AA)
Função de produção
 de alimentos
Q2A
Q2M
2'
Insumo trabalho 
em alimentos, 
LA (crescente )
Produção de manufaturas, 
QM (crescente )
Insumo trabalho 
Em manufaturas, 
LM (crescente )
Produção de alimentos,
 QA (crescente )
37
O modelo de fatores específicos
Preços, salários e alocação de trabalho
Quanto trabalho será empregado em cada setor?
Para responder a essa questão, precisamos verificar a oferta e a demanda no mercado de trabalho.
Demanda de trabalho:
Em cada setor, os empregadores maximizadores de lucros demandam trabalho até o ponto em que o valor produzido por um homem-hora adicional seja igual ao custo de empregar aquela hora na produção.
38
O modelo de fatores específicos
A curva de demanda por trabalho no setor de manufatura pode ser escrita como: 
			PMgLM x PM = w			
O salário é igual ao valor do produto marginal do trabalho na manufatura.
A curva de demanda por trabalho no setor de alimentos pode ser escrita como:
			PMgLA x PA = w			
O salário é igual ao valor do produto marginal do trabalho no alimento.
39
O modelo de fatores específicos
O salário deve ser o mesmo em ambos os setores, porque se considera que o trabalho seja livremente móvel entre eles.
O salário é determinado pela necessidade de a demanda total de trabalho ser igual à oferta total de trabalho:
				LM + LA = L			
40
O modelo de fatores específicos
No ponto de produção, a fronteira de possibilidades de produção deve ser tangente a uma reta cuja declividade seja o negativo do preço de manufaturas dividido pelo de alimentos.
Relacionamento
entre preços relativos e produto:
			 	–PMgLA/PMgLM = –PM/PA
41
O modelo de fatores específicos
PM x PMgLM
(Curva de demanda por 
trabalho em manufaturas)
PA x PMgLA
(Curva de demanda por trabalho em alimentos)
Valor do produto 
marginal do trabalho, salário
w 1
1
L1M
L1A
Oferta total de trabalho, L
Trabalho usado 
em manufaturas, LM
Trabalho usado 
em alimentos, LA
A alocação de trabalho
42
O modelo de fatores específicos
O que acontece com a alocação de trabalho e com a distribuição de renda quando os preços dos alimentos e das manufaturas mudam?
Dois casos:
Uma mudança igualmente proporcional nos preços
Uma mudança nos preços relativos
43
O modelo de fatores específicos
w 1 
1
PA 
aumenta
10%
Salário, w
PA1 x PMgLA
Trabalho usado 
em manufaturas, LM
Trabalho usado 
em alimentos, LA
10% de 
aumento
de salário
PM 
aumenta 10%
PM1 X PMgLM
w 2
2
PA 2 x PMgLA
PM2 X PMgLM
O mesmo aumento proporcional nos preços de manufaturas e alimentos
44
O modelo de fatores específicos
Quando os dois preços mudam na mesma proporção, não ocorrem mudanças reais.
A taxa de salários (w) aumenta na mesma proporção que os preços, de modo que os salários reais (i.e., as razões entre os salários e os preços dos bens) não são afetados. 
As rendas reais de proprietários de capital e de proprietários de terra também permanecem as mesmas.
45
O modelo de fatores específicos
Quando apenas PM aumenta, o trabalho desloca-se do setor de alimentos para o de manufaturas e a produção de manufaturas aumenta enquanto a de alimentos cai.
Os salários (w) não aumentam tanto como PM porque o emprego no setor manufatureiro aumenta e, portanto, o produto marginal do trabalho nesse setor cai.
46
O modelo de fatores específicos
Aumento no preço das manufaturas
PA 1 x PMgLA
Salário, W
PM 1 x PMgLM
2
w 2
Trabalho usado 
em alimentos, LA
Trabalho usado 
em manufaturas, LM
Montante de trabalho
deslocado de alimentos 
para manufaturas
Salário aumenta menos
de 7%
Deslocamento para cima, equivalente a 7%, na demanda por trabalho 
PM 2 x PMgLM
1
w 1
47
O modelo de fatores específicos
A resposta da produção a uma mudança no preço relativo das manufaturas
Produção de alimentos, 
QA
Declividade = – (PM / PA)1
QM,
Produção de manufaturas
 Q 1A
 Q 1M
1
2
Declividade = –(PM / PA)2
Q2M
Q2A
48
O modelo de fatores específicos
Determinação dos preços relativos
Quantidade relativa de 
manufaturas, QM / QA
Preço relativo de 
manufaturas, PM / PA 
RD
RS
1 
(PM / PA )1 
(QM / QA )1 
49
O modelo de fatores específicos
Preços relativos e distribuição de renda
Suponha que PM aumente em 10%. Então, poderíamos esperar que o salário aumentasse em menos de 10%, digamos 5%.
Qual é o efeito econômico desse aumento de preço sobre a renda dos seguintes grupos?
Trabalhadores
Proprietários de capital
Proprietários de terra
50
O modelo de fatores específicos
Trabalhadores:
Não é possível dizer se os trabalhadores estão em situação melhor ou pior; isso depende da importância relativa das manufaturas e dos alimentos em seu consumo.
Proprietários de capital:
 Certamente estão melhor.
Proprietários de terra:
 Certamente estão pior.
51
Premissas do modelo
Imagine que dois países (Japão e Estados Unidos) têm a mesma curva de demanda relativa.
Portanto, a única fonte de comércio internacional são as diferenças na oferta relativa. A oferta relativa pode ser diferente porque os países podem diferir em:
Tecnologia
Fatores de produção (capital, terra, trabalho)
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
52
Recursos e oferta relativa
Quais são os efeitos do aumento na oferta de estoque de capital na produção de manufaturas e alimentos?
Um país com muito capital e pouca terra tende a produzir uma razão alta entre manufaturas e alimentos a quaisquer preços dados.
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
53
Mudando o estoque de capital
Comércio internacional no modelo de fatores específicos
PM x PMgLM2
PA1 x PMgLA
Salário, w
PM x PMgLM1
w 1
1
2
w 2
Aumento 
no estoque de capital, K
Montante de trabalho
deslocado de alimentos 
para manufaturas
Trabalho usado
em manufaturas, LM
Trabalho usado
em alimentos, LA
54
Um aumento na oferta de capital moveria para a direita a curva de oferta relativa.
Um aumento na oferta de terra moveria para a esquerda a curva de oferta relativa.
E quanto ao efeito de um aumento na força de trabalho? 
O efeito sobre o produto relativo é ambíguo, embora ambos os produtos aumentem.
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
55
Comércio e preços relativos
Suponha que o Japão tem mais capital por trabalhador que os Estados Unidos, ao passo que os Estados Unidos têm mais terra por trabalhador que o Japão.
Como resultado, o preço relativo antes do comércio no Japão é mais baixo que o preço relativo antes do comércio nos Estados Unidos.
O comércio internacional leva a uma convergência de preços relativos.
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
56
Comércio e preços relativos
Quantidade relativa 
de manufaturas, QM / QA
Preço relativo de manufaturas, PM / PA 
(PM / PA )MUNDIAL 
(PM / PA )EUA 
(PM / PA )J 
DRMUNDIAL 
OREUA 
ORMUNDIAL
ORJ 
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
57
O padrão do comércio
Em um país que não pode fazer comércio, a produção de um bem deve ser igual a seu consumo. 
O comércio internacional torna possível que a composição de manufaturas e alimentos consumida seja diferente da composição produzida. 
Um país não pode gastar mais do que recebe. 
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
58
A restrição orçamentária para uma economia que faz comércio
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
Restrição orçamentária 
(declividade = –PM / PA)
Consumo de manufaturas, DM Produção de manufaturas, QM 
Consumo de alimentos, DA
Produção de alimentos, QA
Fronteira de 
possibilidade 
de produção
Q 1M
1
Q 1A
59
Equilíbrio com comércio
Comércio internacional no
modelo de fatores específicos
Q JA
Q EUAA
D EUAN
D JA
Q EUAM
D EUAM
DJM
Importações 
de alimentos pelo Japão
Exportações 
de alimentos pelos EUA
Exportações 
de manufaturas 
pelo Japão
Importações 
de manufaturas 
pelos EUA
QJM
Quantidade de 
manufaturas
Quantidade de 
manufaturas
Quantidade 
de alimentos
Quantidade 
de alimentos
Restrição orçamentária 
japonesa
Restrição orçamentária 
norte-americana
(a) Japão
(b) Estados Unidos
60
Distribuição de renda e 
os ganhos do comércio
Para avaliar os efeitos do comércio sobre grupos em particular, o ponto-chave é que o comércio internacional muda o preço relativo de manufaturas e alimentos. 
O comércio beneficia o fator que é específico do setor exportador de cada país, mas prejudica o fator específico dos setores que concorrem com as importações.
O comércio tem efeitos ambíguos sobre os fatores móveis.
61
Distribuição de renda e 
os ganhos do comércio
Aqueles que lucram com o comércio poderiam compensar aqueles que perdem e ainda assim sair ganhando?
Se esse é o caso, então o comércio é potencialmente uma fonte de ganho para todos.
O motivo fundamental pelo qual o comércio beneficia potencialmente um país é que ele expande as escolhas da economia.
Essa expansão de escolha significa que é sempre possível redistribuir renda de tal modo que todos saiam ganhando com o comércio.
62
Distribuição de renda e 
os ganhos do comércio
O comércio expande as possibilidades de consumo da economia
Restrição orçamentária
(declividade = – PM / PA)
PP
Consumo de manufaturas, DM
Produção de manufaturas, QM 
Consumo de alimentos, DA
Produção de alimentos, QA
Q1M
Q1A
1
2
63
A economia política do comércio:
uma visão preliminar
O comércio com freqüência gera vencedores e perdedores.
Política comercial ótima
O governo deve, de alguma forma, ponderar o ganho de uma pessoa contra a perda de outra.
Alguns grupos requerem tratamento especial
por já serem comparativamente pobres (ex.: trabalhadores dos setores de calçados e roupas nos Estados Unidos).
A maioria dos economistas permanece fortemente a favor do livre comércio em um grau maior ou menor.
Para compreender com realismo como a política comercial é determinada, é preciso examinar as reais motivações da política.
64
A economia política do comércio:
uma visão preliminar
Distribuição de renda e políticas de comércio
Aqueles que obtêm ganhos do comércio pertencem a um grupo muito menos concentrado, informado e organizado que o daqueles que perdem.
Exemplo: Consumidores e produtores da indústria açucareira norte-americana
65
Recursos e Comércio: O modelo de Heckscher-Ohlin
Introdução
O modelo de uma economia com dois fatores
Os efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 
	
66
Introdução
No mundo real, embora o comércio seja parcialmente explicado por diferenças na produtividade do trabalho, ele também reflete diferenças nos recursos dos países.
A teoria de Heckscher-Ohlin:
enfatiza as diferenças de recursos dos países como a única fonte de comércio
mostra que a vantagem comparativa é influenciada por:
abundância relativa de fatores (refere-se a países)
intensidade relativa de fatores (refere-se a bens)
é também chamada de teoria das proporções de fatores 
67
O modelo de uma economia 
com dois fatores
 Hipóteses do modelo 
Uma economia pode produzir dois bens, roupas e alimentos.
A produção desses bens requer dois insumos que têm oferta limitada: trabalho (L) e terra (S).
Nos dois países, a produção de alimentos é terra-intensiva, enquanto a produção de tecidos é trabalho-intensiva.
A concorrência perfeita e o equilíbrio comercial prevalecem em todos os mercados.
68
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Intensidade de fatores
Em um mundo de dois bens (roupas e alimentos) e dois fatores (trabalho e terra), a produção de alimentos é trabalho-intensiva se, em qualquer razão dada salário–renda da terra, a relação terra-trabalho usada na produção de alimentos é maior que a usada na produção de tecidos:
				 SA/LA > ST/ LT
Exemplo: se a produção de alimentos usa 80 trabalhadores e 200 alqueires, enquanto a produção de tecidos emprega 20 trabalhadores e 20 alqueires, então a produção de alimentos é terra-intensiva e a produção de tecidos é trabalho-intensiva.
69
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Preço de fatores e preços de bens 
Teorema (efeito) Stolper-Samuelson:
Se o preço relativo de um bem aumenta, mantendo-se constantes as ofertas de fatores, então os retornos nominal e real (em termos dos dois bens) do fator usado intensivamente na produção do bem aumenta, enquanto o retorno nominal e real (em termos dos dois bens) do outro fator diminui.
O inverso também é verdadeiro.
70
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Dos preços de bens às escolhas de insumos 
AA
TT
SS
Razão
terra– trabalho, S / L
Preço 
relativo de 
tecidos, PT / PA
Razão salário–renda
da terra, w / r
(PT / PA)1
(ST / LT)2
(ST / LT)1
(SA / LA)2
(SA / LA)1
(w / r)2
(w / r)1
Crescente
Crescente
(PT / PA)2
71
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Um aumento no preço do tecido em relação ao dos alimentos, PT/PA:
aumentará a renda dos trabalhadores em relação à dos proprietários de terras, w/r;
aumentará a razão terra–trabalho, S/L, na produção tanto de tecidos como de alimentos, e portanto aumentará o produto marginal do trabalho em termos dos dois bens; 
aumentará o poder de compra dos trabalhadores e reduzirá o poder de compra dos proprietários de terra, aumentando os salários reais e reduzindo as rendas reais da terra em termos dos dois bens.
72
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Recursos e produção 
Como é determinada a alocação de recursos?
Dados o preço relativo do tecido e as ofertas de terra e trabalho, é possível determinar quanto de cada recurso a economia devota à produção de cada bem.
73
O modelo de uma economia 
com dois fatores
LA
SA
LT
ST
Trabalho utilizado na produção de alimentos
Trabalho utilizado na fabricação de tecidos
OA
Crescente
Crescente
Crescente
Crescente
Terra utilizada na fabricação de tecidos
Terra utilizada na produção de alimentos
1
A
T
OT
A alocação de recursos
74
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Como a produção dos dois bens se altera quando os recursos da economia se alteram?
Teorema (efeito) de Rybczynski:
Se um fator de produção (S ou L) aumenta, a oferta do bem que usa esse fator intensivamente aumenta e a oferta do outro bem diminui para quaisquer preços de commodity dados.
O inverso também é verdadeiro.
75
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Um aumento na oferta de terra 
T
L2A
L2T
S1A
S1T
A1
L1A
L1T
S2A
S2T
1
Trabalho utilizado na produção de alimentos
Terra utilizada na fabricação de tecidos
Crescente
Crescente
Crescente
Crescente
Trabalho utilizado na fabricação de tecidos
Terra utilizada na produção de alimentos
A2
O1A
O2A
2
OT
76
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Recursos e possibilidades de produção 
PP 1
PP 2
Produção de alimentos, QA
Produção de tecidos, QT
declividade = – PT / PA
declividade = – PT / PA
2
Q 2A
Q 2T
1
Q 1A
Q 1T
77
O modelo de uma economia 
com dois fatores
Um aumento na oferta de terra (trabalho) leva a uma expansão viesada das possibilidades de produção em relação à produção de alimentos (tecidos).
O efeito viesado de aumentos (reduções) nos recursos sobre as possibilidades de produção é a chave para entender como diferenças nos recursos fazem surgir o comércio internacional.
 
Uma economia tenderá a ser relativamente eficaz na produção de bens que sejam intensivos nos fatores em que o país é relativamente bem-dotado.
78
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores 
Premissas do modelo Heckscher-Ohlin:
Há dois países (Local e Estrangeiro), que têm:
os mesmos gostos;
a mesma tecnologia;
recursos diferentes.
O Local possui uma razão entre trabalho e terra mais alta que a do Estrangeiro. 
Cada país tem a mesma estrutura de produção de uma economia com dois fatores.
79
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Preços relativos e o padrão do comércio
Abundância de fatores
O país Local é trabalho-abundante se comparado ao país Estrangeiro (e este é terra-abundante se comparado ao Local) se e somente se a razão entre a quantidade total de trabalho em relação à quantidade total de terra disponível no país Local for maior que no Estrangeiro:
				L/T > L*/ T*
Exemplo: Se os Estados Unidos têm 80 milhões de trabalhadores e 200 milhões de alqueires, e a Grã-Bretanha tem 20 milhões de trabalhadores e 20 milhões de alqueires, a Grã-Bretanha é trabalho-abundante e os Estados Unidos são terra-abundantes.
Nesse caso, o fator escasso no Local é a terra e, no Estrangeiro, é o trabalho.
80
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Quando Local e Estrangeiro comerciam entre si, seus preços relativos convergem. O preço relativo de tecidos aumenta no Local e declina no Estrangeiro. 
No Local, o aumento no preço relativo do tecido leva a um aumento na produção de tecido e a um declínio no consumo relativo, de modo que o Local se torna um exportador de tecidos e um importador de alimentos. 
Inversamente, o declínio do preço relativo de tecidos no Estrangeiro leva-o a se tornar um importador de tecidos e um exportador de alimentos.
81
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
O comércio leva à convergência dos preços relativos 
DR
OR
OR *
1
2
3
Preço relativo dos tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q*T
 QA + Q*A
82
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Teorema de Heckscher-Ohlin:
Um país exportará bens que utilizarem intensivamente seu fator abundante e importará bens que utilizarem intensivamente seu fator escasso.
83
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Comércio e distribuição de renda
O comércio leva à convergência dos preços relativos.
Mudanças nos preços relativos têm fortes efeitos sobre a remuneração relativa do trabalho e da terra nos dois países:
No Local, onde o preço relativo de tecidos aumenta:
os trabalhadores saem ganhando e os proprietários de terra saem perdendo.
No Estrangeiro, onde o preço relativo de tecidos cai, ocorre o contrário: 
os trabalhadores saem perdendo e os proprietários de terra saem ganhando.
Os proprietários dos fatores abundantes de um país obtêm ganhos do comércio, mas os proprietários dos fatores escassos saem perdendo.
84
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Diferença entre o modelo de fatores específicos e o modelo de Heckscher-Ohlin em termos de efeitos da distribuição de renda:
A especificidade de fatores em relação a determinadas indústrias costuma ser apenas um problema temporário. 
Exemplo: Costureiras não podem se tornar fabricantes de computadores da noite para o dia, mas, se lhes dermos certo tempo, a economia de um país pode deslocar seus postos de trabalho industriais de setores declinantes para setores em expansão. 
Em contrapartida, os efeitos do comércio sobre a distribuição de renda entre terra, trabalho e capital são mais ou menos permanentes.
85
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Equalização de preços de fatores 
Na ausência de comércio, o trabalho seria menos remunerado no Local do que no Estrangeiro, e a terra seria mais remunerada.
Teorema da equalização dos preços de fatores:
O comércio internacional leva à completa equalização dos preços de fatores dos dois países.
Isso implica que o comércio internacional é um substituto para a mobilidade internacional dos fatores.
86
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
O comércio internacional igualou os retornos dos fatores homogêneos de diferentes países no mundo real?
Mesmo a observação casual indica claramente que não. 
Exemplo: Os salários são muito mais altos para médicos, engenheiros, técnicos, mecânicos e operários nos Estados Unidos e na Alemanha do que na Coréia e no México.
Sob essas circunstâncias, é mais realista dizer que o comércio internacional reduziu, mas não eliminou completamente, a diferença internacional nos retornos aos fatores homogêneos.
87
Efeitos do comércio internacional entre economias com dois fatores
Três hipóteses cruciais para a previsão de equalização dos preços de fatores são, com certeza, falsas:
Ambos os países produzem ambos os bens. 
Ambos os países dispõem das mesmas tecnologias de produção.
O comércio realmente equaliza os preços de bens nos dois países.
Algo que a equalização dos preços de fatores não diz é que o comércio internacional vai eliminar ou reduzir as diferenças internacionais de rendas per capita.
88
Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 
Constatação empírica acerca do modelo de Heckscher-Ohlin 
Testes com dados dos Estados Unidos 
Paradoxo de Leontief
Leontief descobriu que, nos Estados Unidos, as exportações eram menos capital-intensivas do que as importações, apesar de se tratar do país mais abundante em capital no mundo.
Testes com dados globais 
Umm estudo de Bowen, Leamer e Sveikauskas testou o modelo de Heckscher-Ohlin utilizando dados de um grande número de países.
Esse estudo confirma o paradoxo de Leontief em um nível mais amplo.
89
Tabela 4-3: Conteúdo de fatores das exportações e importações norte-americanas em 1962 
Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin
90
Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin
Testes no comércio Norte-Sul 
O comércio Norte-Sul de manufaturas parece ajustar-se muito melhor à teoria de Heckscher-Ohlin do que o padrão geral do comércio internacional.
O caso do comércio desaparecido 
Um estudo de Trefler em 1995 mostrou que as diferenças tecnológicas entre uma amostra de países é muito grande.
91
Implicações dos testes
As constatações empíricas acerca do modelo Heckscher-Ohlin levam às seguintes conclusões:
O modelo foi menos bem-sucedido para explicar os padrões exatos do comércio internacional .
O modelo permanece vital para a compreensão dos efeitos do comércio sobre a distribuição de renda .
Constatações empíricas acerca do modelo de Heckscher-Ohlin
92
O modelo-padrão do comércio
Economia internacional: teoria e política, 
Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld
93
Organização do capítulo
Introdução
O modelo-padrão para uma economia com comércio 
Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
Resumo
94
Introdução
As teorias de comércio apresentadas enfatizaram fontes específicas de vantagem comparativa que originaram o comércio:
Diferenças na produtividade do trabalho (modelo ricardiano).
Diferenças nos recursos (modelo dos fatores específicos e modelo de Heckscher-Ohlin).
O modelo-padrão do comércio é um modelo geral de comércio que admite esses modelos como casos especiais.
95
 O modelo-padrão para uma economia com comércio
O modelo-padrão do comércio é construído a partir de quatro relacionamentos-chave:
Relação entre a fronteira de possibilidades de produção e curva de oferta relativa 
Relação entre preços relativos e demanda relativa 
Determinação do equilíbrio mundial pela oferta relativa mundial e a demanda relativa mundial 
O efeito dos termos de troca sobre o bem-estar de uma nação 
96
 O modelo-padrão para uma economia com comércio
Possibilidades de produção e oferta relativa 
Premissas do modelo:
Que cada país produza dois bens, alimento (A) e tecidos (T).
Que a fronteira de possibilidades de produção de cada país seja uma curva suave (TT).
O ponto em que a economia efetivamente produz sobre a fronteira de possibilidades de produção depende do preço dos tecidos em relação ao dos alimentos, PT/PA.
Linhas de isovalor 
Linhas ao longo das quais o valor do produto é constante 
97
Figura 5-1: Preços relativos determinam o produto da economia 
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Q
Linhas de isovalor
TT
Produção de tecidos, QT
Produção de alimentos, QA
98
Figura 5-2: Como um aumento no preço relativo de tecidos afeta a oferta 	 relativa 
Q1
VV1(PT / PA)1
Q2
VV2(PT / PA)2
TT
Produção de tecidos, QT
Produção de alimentos, QA
O modelo-padrão para uma economia com comércio
99
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Preços relativos e demanda 
O valor do consumo de uma economia é igual ao valor de sua produção:
PTQT + PAQA = PTDT + PADA = V
A escolha pela economia de um ponto sobre a linha de isovalor depende dos gostos dos consumidores, que podem ser representados graficamente por uma série de curvas de indiferença.
100
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Curvas de indiferença
Tais curvas mostram um conjunto de combinações de consumo de tecidos (T) e de alimentos (A) que deixa o indivíduo na mesma situação. 
Elas têm três propriedades:
São negativamente inclinadas. 
Quanto mais para cima e para a direita a curva de indiferença, maior é o nível de bem-estar ao qual ela corresponde. 
Cada curva de indiferença fica menos inclinada à medida que nos movemos para a direita. 
101
Figura 5-3: Produção, consumo e comércio no modelo-padrão 
O modelo-padrão para uma economia com comércio
TT
Produção de tecidos, QT
Produção de alimentos, QA
Q
D
Curvas de indiferença
Importação 
de alimentos
Exportação de tecidos
Linha de isovalor
102
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Se aumenta o preço relativo do tecido, PT/PA , a escolha de consumo da economia também se altera, de D1 para D2.
O deslocamento de D1 para D2 reflete dois efeitos:
Efeito-renda;
Efeito-substituição.
Em princípio, é possível que o efeito-renda seja forte a ponto de, quando PT/PA aumentar, o consumo de ambos os bens efetivamente aumentar, mas a razão
entre o consumo de T e de A cairá.
103
Figura 5-4: Efeitos de um aumento no preço relativo de tecidos 
TT
Q1
VV 1(PT / PA)1
Q2
VV 2(PT / PA)2
D2
D1
 Produção de tecidos, QT
Produção de alimentos, QA
O modelo-padrão para uma economia com comércio
104
O modelo-padrão para uma economia com comércio
O efeito das mudanças nos termos de troca sobre o bem-estar
Termos de troca 
O preço do bem que um país inicialmente exporta dividido pelo preço do bem que ele inicialmente importa.
Um aumento nos termos de troca aumenta o bem-estar de um país, enquanto um declínio nos termos de troca reduz o bem-estar de um país.
105
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Determinando os preços relativos 
Suponha que a economia mundial consista em dois países:
Local (que exporta tecidos)
Seus termos de troca são medidos por PT/PA.
As quantidades de tecidos e alimentos produzidos por ele são QT e QA.
Estrangeiro (que exporta alimentos) 
Seus termos de troca são medidos por PA/PT.
As quantidades de tecidos e alimentos produzidos por ele são Q*T e Q*A.
106
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Para determinar PT/PA, encontramos a interseção da oferta relativa mundial de tecidos e a demanda relativa mundial.
A curva da oferta relativa mundial (OR) é positivamente inclinada porque um aumento em PT/PA leva ambos os países a produzir mais tecidos e menos alimentos.
A curva da demanda relativa mundial (DR) é negativamente inclinada porque um aumento em PT/PA leva ambos os países a mudar a composição de seu consumo, abrindo mão dos tecidos em favor dos alimentos.
107
Figura 5-5: Oferta relativa mundial e demanda relativa mundial 
OR
DR
Preço relativo
de tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q*T
 QA + Q*A
(PT / PA)1
1
O modelo-padrão para uma economia com comércio
108
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Crescimento econômico: a curva OR se desloca
O crescimento econômico em outros países é bom ou mau para nosso país?
Pode ser bom porque significa mercados maiores para nossas exportações. 
Pode significar o aumento da concorrência para nossos exportadores.
Quando uma nação faz parte de uma economia mundial muito integrada, seu crescimento deve ser visto de maneira positiva ou negativa?
Deveria ser bem-vindo quando um país pode vender parte de seu aumento de produção ao mercado mundial. 
É menos valioso quando os benefícios do crescimento são repassados aos estrangeiros em vez de ficarem retidos localmente.
109
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Crescimento e a fronteira de possibilidades de produção 
O crescimento econômico significa um deslocamento para fora da fronteira de possibilidades de produção de um país (TT).
Crescimento viesado
Ocorre quando TT se desloca para fora mais em uma direção do que em outra 
Pode ocorrer por duas razões:
progresso tecnológico em um setor da economia; 
aumento na oferta de um fator de produção de um país. 
110
Figura 5-6: Crescimento viesado
(b) Crescimento viesado para alimentos
TT 1
TT 1
TT 2
TT 2
Produção de tecidos, QT
Produção de 
alimentos, QA
(a) Crescimento viesado para tecidos
Produção de tecidos, QT
Produção de 
alimentos, QA
O modelo-padrão para uma economia com comércio
111
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Oferta relativa e os termos de troca 
Crescimento viesado para exportações 
Expande as possibilidades de produção de um país desproporcionalmente na direção do bem que ele exporta 
Tende a piorar os termos de troca de um país em crescimento em benefício do resto do mundo 
Crescimento viesado para importações 
Expande as possibilidades de produção de um país desproporcionalmente na direção do bem que ele importa
Tende a melhorar os termos de troca de um país em crescimento, à custa do resto do mundo
112
Figura 5-7: Crescimento e oferta relativa 
Preço relativo de
tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q *T
 QA + Q *A
OR 1
DR
1
(PT / PA)1
OR 2
(PT / PA)2
2
Preço relativo de
tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q *T
 QA + Q *A
OR 2
DR
2
(PT / PA)2
OR 1
(PT / PA)1
1
(a) Crescimento viesado para tecidos
(b) Crescimento viesado para alimentos
O modelo-padrão para uma economia com comércio
113
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Efeitos internacionais do crescimento 
O crescimento viesado para exportações no resto do mundo melhora nossos termos de troca, enquanto o crescimento viesado para importações no estrangeiro piora nossos termos de troca.
O crescimento viesado para exportações em nosso próprio país piora nossos termos de troca, reduzindo os benefícios diretos do crescimento, enquanto o crescimento viesado para importações leva a uma melhora de nossos termos de troca.
114
O modelo-padrão para uma economia com comércio
Crescimento empobrecedor 
Situação em que o crescimento viesado para exportações nas nações mais pobres pioraria tanto seus termos de troca que elas ficariam em pior situação do que se não tivessem crescido.
Pode ocorrer em condições extremas: um crescimento fortemente viesado para exportações deve estar combinado com curvas OR e DR muito inclinadas.
A maioria dos economistas o considera mais uma questão teórica do que um problema do mundo real.
115
Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR 
Transferências de renda internacionais, como nos casos de reparações de guerra e auxílio externo, podem afetar os termos de comércio de um país deslocando a curva de demanda relativa mundial.
A demanda relativa mundial por bens pode deslocar-se devido a:
mudanças no gosto;
mudanças na tecnologia;
transferências de renda internacionais.
O problema das transferências
Como as transferências internacionais afetam os termos de troca 
116
Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR 
Efeitos das transferências sobre os termos de troca 
Se os dois países alocarem suas mudanças nos gastos nas mesmas proporções (argumento de Ohlin):
A curva DR não se deslocará e os termos de troca não sofrerão nenhum impacto.
Se os dois países não alocarem suas mudanças nos gastos nas mesmas proporções (argumento de Keynes):
A curva DR se deslocará e haverá efeito sobre os termos de troca.
A direção do efeito sobre os termos de troca dependerá da diferença entre os padrões de gastos do Local e do Estrangeiro. 
117
Figura 5-8: Efeitos de uma transferência sobre os termos de troca 
Preço relativo 
de tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q*T
 QA + Q*A
OR
DR 2
DR 1
(PT / PA)2
2
1
(PT / PA)1
Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR 
118
Transferências de renda internacionais: deslocando a curva DR 
Suposições quanto aos efeitos das transferências sobre os termos de troca 
Uma transferência piorará os termos de troca do doador se este tiver uma propensão marginal a gastar em seu bem de exportação mais alta que a do receptor.
Na prática, a maioria dos países gasta uma proporção muito maior de sua renda em produtos produzidos domesticamente que no estrangeiro.
Isso não se deve necessariamente a diferenças de gosto, mas a barreiras ao comércio tanto naturais como artificiais.
119
As tarifas sobre importações e os subsídios às exportações afetam tanto a oferta como a demanda relativas.
Efeitos das tarifas sobre a demanda relativa e a oferta relativa 
As tarifas e os subsídios colocam uma cunha entre os preços pelos quais os bens são comercializados internacionalmente (preços externos) e os preços pelos quais são comercializados dentro de um país (preços internos).
Os termos de troca são coerentes com os preços externos, e não com os internos.
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
120
Figura 5-9: Efeitos de uma tarifa sobre os termos de troca 
Preço relativo de
tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q*T
 QA + Q*A
OR 1
DR 1
DR 2
OR 2
 (PT / PA)1
1
(PT / PA)2
2
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
121
Efeitos dos subsídios às exportações 
Muitas vezes, as tarifas e os subsídios às exportações são tratados como políticas semelhantes, mas essas duas estratégias têm efeitos opostos sobre os termos de troca.
Exemplo: Suponha que o Local ofereça um subsídio de 20 por cento sobre o valor de qualquer tecido exportado:
Esse subsídio aumentará o preço interno de tecidos do Local em relação ao de alimentos em 20 por cento.
Isso levará os produtores do Local a produzir mais tecidos e menos alimentos .
Os subsídios às exportações do Local pioram seus termos de troca e melhoram os termos de troca do Estrangeiro.
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
122
Figura 5-10: Efeitos de um subsídio sobre os termos de troca 
2
Preço relativo de
tecidos, PT / PA
Quantidade relativa 
de tecidos, QT + Q *T
 QA + Q *A
OR1
DR1
DR2
OR2
(PT / PA)1
1
(PT / PA)2
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
123
Implicações dos efeitos sobre os termos de troca: quem ganha e quem perde? 
A distribuição internacional de renda 
Se o Local (um país grande) impõe uma tarifa, seu bem-estar aumenta desde que a tarifa não seja grande demais, enquanto o bem-estar do Estrangeiro decresce.
Se o Local oferece um subsídio à exportação, seu bem-estar se deteriora, enquanto o bem-estar do Estrangeiro aumenta.
A distribuição de renda dentro dos países 
Uma tarifa (subsídio) tem o efeito direto de aumentar o preço relativo interno do bem importado (exportado).
Tarifas e subsídios à exportação podem ter efeitos perversos sobre os preços internos de um país (paradoxo de Metzler).
Tarifas e subsídios às exportações: deslocamentos simultâneos de OR e DR 
124
Capítulo 6
Economias de escala, concorrência imperfeita e comércio internacional 
Economia internacional: teoria e política, 6ª edição
de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld
125
Organização do capítulo
Introdução
Economias de escala e comércio internacional: uma introdução
Economias de escala e estrutura de mercado
A teoria da concorrência imperfeita
Concorrência monopolista e comércio
Discriminação internacional de preços (dumping)
A teoria das economias externas
Economias externas e comércio internacional
126
Introdução
Os países envolvem-se no comércio internacional por dois motivos básicos:
Os países diferem quanto aos recursos ou à tecnologia.
Os países fazem comércio para atingir economias de escala (ou retornos crescentes) na produção).
Dois modelos em que as economias de escala e a concorrência imperfeita desempenham um papel crucial:
modelo de concorrência monopolista; 
modelo de discriminação internacional de preços (dumping). 
127
Economias de escala e comércio internacional: uma introdução 
Os modelos de vantagem competitiva (ex.: modelo ricardiano) baseiam-se na hipótese de retornos constantes de escala e na concorrência perfeita: 
Ao se aumentar a quantidade de todos os insumos usados na produção de um bem, a produção desse bem aumentará na mesma proporção.
Na prática, muitos indústrias caracterizam-se por economia de escala (também chamadas de retornos crescentes).
Uma indústria pe mais eficiente quanto maior a escala na qual ela ocorre. 
128
Economias de escala e comércio internacional: uma introdução
Sob retornos de escala crescente: 
A produção cresce proporcionalmente mais que o aumento de todos os insumos.
Os custos médios (custos por unidade) declinam com o tamanho do mercado.
129
Economias de escala 
e estrutura de mercado 
As economias de escala podem ser:
Externas
O custo por unidade depende do tamanho da indústria, mas não necessariamente do tamanho de uma firma qualquer.
Uma indústria em geral consiste de muitas firmas pequenas, com uma estrutura de mercado de concorrência perfeita.
Internas 
O custo por unidade depende do tamanho de uma firma individual, mas não necessariamente do tamanho da indústria.
A estrutura de mercado será de concorrência imperfeita, com firmas grandes com vantagens de custo sobre as pequenas.
Os dois tipos de economia de escala são causas importantes do comércio internacional.
130
A teoria da 
concorrência imperfeita 
Concorrência imperfeita
As firmas estão conscientes de que podem influenciar os preços de seus produtos .
Sabem que somente podem vender mais ao reduzir seu preço. 
Cada firma considera-se uma formadora de preço, ao escolher o preço de seu produto, em vez de ser uma tomadora de preço.
A estrutura de mercado de concorrência imperfeita mais simples é a de monopólio puro, em que uma firma não tem concorrência.
131
A teoria da 
concorrência imperfeita
Monopólio: uma breve revisão 
Receita marginal
A receita adicional que a firma ganha por vender uma unidade adicional.
Sua curva de receita marginal, RMg, está sempre situada abaixo da curva de demanda, D.
Para vender uma unidade adicional de sua produção, a firma deve diminuir o preço de todas as unidades vendidas (não apenas a marginal). 
132
A teoria da 
concorrência imperfeita
Figura 6-1: Decisões monopolistas de preço e produção 
D
Custo, C, e preço, P
Quantidade, Q
Lucros de monopólio
CMe
PM
QM
RMg
CMg
CMe
133
Receita marginal e preço 
A receita marginal é sempre menor do que o preço.
A relação entre receita marginal e o preço depende de duas coisas:
Da quantidade de produto que a firma já está vendendo 
Da declividade da curva de demanda 
Ela nos diz quanto o monopolista deve diminuir seu preço para vender uma unidade a mais de sua produção.
A teoria da 
concorrência imperfeita
134
A teoria da 
concorrência imperfeita
Figura 6-2: Custo médio versus custo marginal 
Custo médio
Custo marginal
1
2
0
3
4
5
6
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22
24
Custo por unidade
Produção
135
Concorrência monopolista 
Oligopólio 
Economias de escala internas geram uma estrutura de mercado de oligopólio. 
Há diversas firmas, cada uma grande o suficiente para afetar os preços, mas nenhuma com um monopólio incontestável.
As interações estratégicas entre oligopolistas ganharam importância.
Cada firma, ao determinar seu preço, considera como essa decisão pode afetar as reações dos concorrentes.
A teoria da 
concorrência imperfeita
136
Concorrência monopolista
Um caso especial de oligopólio.
Duas hipóteses principais são feitas para tratar o problema da interdependência:
Supõe-se que cada firma é capaz de diferenciar seu produto em relação ao produto de seus rivais.
Supõe-se que cada firma tome os preços cobrados por seus concorrentes como dados.
A teoria da 
concorrência imperfeita
137
Há indústrias caracterizadas pela concorrência monopolista no mundo real?
Algumas indústrias podem ser aproximações razoáveis (ex.: a indústria automobilística na Europa).
A principal vantagem do modelo de concorrência monopolista não é seu realismo, mas sua simplicidade.
A teoria da 
concorrência imperfeita
138
Hipóteses do modelo
Imagine uma indústria composta de diversas firmas que fabricam produtos diferenciados.
Espera-se que uma firma:
venda mais quanto maiores forem a demanda total pelo produto de sua indústria e os preços cobrados por suas rivais;
venda menos quanto maiores forem o número de firmas no setor e seu próprio preço.
A teoria da 
concorrência imperfeita
139
		Onde:
Q são as vendas da firma;
V são as vendas totais da indústria;
n é o número de firmas na indústria;
b é uma constante que representa a resposta das vendas de uma firma a seu preço;
P é o preço cobrado pela própria firma.
 Uma equação para descobrir a demanda com que se defronta uma firma com essas propriedades é:
	 Q = V x [1/n – b x (P – P)] (6-5)
A teoria da 
concorrência imperfeita
P é o preço médio cobrado pelos concorrentes
140
Equilíbrio de mercado
Todas as empresas nesse setor são simétricas.
As funções demanda e custo são idênticas para todas as firmas.
O
método para determinar o número de firmas e o preço médio que elas cobrem envolve três passos:
Estabelecemos uma relação entre o número de firmas e o custo médio de uma firma típica.
Mostramos a relação entre o número de firmas e o preço que cada uma cobra.
Mostramos o número de firmas no equilíbrio e o preço médio cobrado por elas.
A teoria da 
concorrência imperfeita
141
O número de empresas e o custo médio
Como o custo médio de uma firma típica depende do número de firma em sua indústria?
A teoria da 
concorrência imperfeita
Caso sejam simétricas, P = P, a equação (6-5) nos diz que Q = V/n, no entanto a equação (6-4) nos mostra que o custo médio se relaciona inversamente ao produto de uma firma. 
Concluímos que o custo médio depende do tamanho do mercado e do número de firmas na indústria:
 	 CMe = F/Q + c = n x F/V + c (6-6)
 Quanto mais firmas houver na indústria, maior será o custo médio.
142
Figura 6-3: Equilíbrio em um mercado com concorrência monopolista 
A teoria da 
concorrência imperfeita
PP
Custo, C, e
preço, P
Número de
firmas, n
CC
P3
CMe3
n3
n1
CMe1
n2
 CMe2
E
P2,
P1
143
O número de firmas e o preço
O preço cobrado por uma firma típica depende do número de firmas na indústria.
Quanto mais firmas, mais intensa a concorrência e, portanto, menor o preço.
No modelo de concorrência monopolista, supõe-se que as firmas tomem os preços das demais como dados.
A teoria da 
concorrência imperfeita
Se cada firma trata P como dado, podemos reescrever a curva de demanda (6-5) da seguinte forma:
	 Q = (V/n + V x b x P) – V x b x P (6-7)
144
As firmas que maximizam os lucros farão a receita marginal coincidir com seu custo marginal c.
Isso gera uma relação negativa entre o preço e o número de firmas no mercado, que é a curva PP:
		 P = c + 1/(b x n) (6-10)
Quanto mais firmas houver na indústria, menor será o preço que cada uma cobrará.
A teoria da 
concorrência imperfeita
145
O número de firmas no equilíbrio
A curva negativamente inclinada PP mostra que, quanto mais firmas houver na indústria, menor será o preço que cada firma cobrará.
Quanto mais firmas houver, mais concorrência cada uma enfrentará.
A curva positivamente inclinada CC nos diz que, quanto mais firmas houver na indústria, maior o custo médio de cada uma .
Se o número de firmas aumentar, cada firma venderá menos, de modo que elas não poderão se mover muito para baixo sobre sua curva de custo médio.
A teoria da 
concorrência imperfeita
146
Limitações do modelo de concorrência monopolista 
Dois tipos de comportamento que surgem no cenário do oligopólio em geral não se encaixam no modelo de concorrência monopolista:
Comportamento de cartel:
pode elevar os lucros de todas as firmas à custa dos consumidores; 
pode ser administrado por meio de acordos explícitos ou por meio de estratégias tácitas de coordenação.
Comportamento estratégico:
adotado pelas firmas para afetar o comportamento de concorrentes de uma maneira desejável;
impede a entrada de rivais potenciais na sua indústria.
A teoria da 
concorrência imperfeita
147
Concorrência 
monopolista e comércio 
O modelo de concorrência monopolista pode ser usado para mostrar como o comércio leva a: 
um preço médio menor devido a economias de escala;
disponibilidade de uma variedade maior de bens devida à diferenciação de produtos;
importações e exportações dentro de cada setor (comércio intra-indústria).
148
Concorrência 
monopolista e comércio 
Efeitos do aumento do tamanho do mercado
O número de firmas em uma indústria com concorrência monopolista e os preços que elas cobram são afetados pelo tamanho do mercado.
149
Concorrência 
monopolista e comércio 
Figura 6-4: Efeitos do aumento do mercado
Custo, C, e 
preco, P
Número de
firmas, n
CC1
n1
P1
1
PP
n2
P2
2
CC2
150
Concorrência 
monopolista e comércio 
Ganhos de um mercado integrado: um exemplo numérico 
O comércio internacional permite a criação de um mercado integrado maior que o mercado de cada país.
Portanto, isso torna possível oferecer aos clientes uma variedade maior de produtos e preços mais baixos.
151
Concorrência 
monopolista e comércio 
Exemplo: Vamos supor que automóveis sejam produzidos por uma indústria com concorrência monopolista.
Considere o seguinte:
b = 1/30.000
F = US$ 750.000.000
c = US$ 5.000
Há dois países (o Local e o Estrangeiro) com os mesmos custos de produção de automóveis. 
As vendas anuais de automóveis é de 900.000 no Local e de 1,6 milhão no Estrangeiro.
152
Concorrência 
monopolista e comércio 
Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis (continua)
153
Concorrência 
monopolista e comércio 
Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis (continua)
154
Figura 6-5: Equilíbrio no mercado de automóveis
Concorrência 
monopolista e comércio 
155
Concorrência 
monopolista e comércio 
Tabela 6-2: Exemplo hipotético dos ganhos com a integração de mercados 
156
Concorrência 
monopolista e comércio 
Economias de escala e vantagem comparativa 
Premissas:
Há dois países: Local (país capital-abundante) e Estrangeiro.
Há duas indústrias: manufaturas (capital-intensiva) e alimentos. 
Por causa das economias de escala, nenhum dos dois países pode produzir a gama total de produtos manufaturados por si próprio. 
157
Concorrência 
monopolista e comércio 
Figura 6-6: Comércio em um mundo sem retornos crescentes 
Local 
(capital-abundante)
Estrangeiro
(trabalho-abundante) 
Manufaturas
Alimentos
158
Concorrência 
monopolista e comércio 
Se as manufaturas são um setor com concorrência monopolista, o comércio mundial é composto de duas partes:
Comércio intra-indústria
Troca de manufaturas por manufaturas.
Comércio interindústria
Troca de manufaturas por alimentos.
159
Concorrência 
monopolista e comércio 
Figura 6-7: Comércio com retornos crescentes e concorrência monopolista 
Local
 (capital-abundante)
Estrangeiro
 (trabalho-abundante) 
Manufaturas
Alimentos
Comércio
interindústria
Comércio
intra-indústria
160
Concorrência 
monopolista e comércio 
Principais diferenças entre o comércio interindústria e o comércio intra-indústria:
O comércio interindústria reflete a vantagem comparativa, enquanto o intra-indústria não.
O padrão do comércio intra-indústria é imprevisível, enquanto o comércio interindústria é determinado por diferenças subjacentes entre os países.
A importância relativa do comércios interindústria e intra-indústria depende do grau de semelhança entre os países.
161
Concorrência 
monopolista e comércio 
Significado do comércio intra-indústria 
Cerca de um quarto do comércio mundial consiste no comércio intra-indústria.
O comércio intra-indústria desempenha um papel particularmente importante no comércio de bens manufaturados entre nações avançadas, o qual responde pela maioria do comércio mundial.
162
Concorrência 
monopolista e comércio 
Tabela 6-3: Índices de comércio intra-indústria em algumas indústrias 
	 norte-americanas em 1993 
163
Concorrência 
monopolista e comércio 
Por que o comércio intra-indústria é importante 
Permite que os países sejam beneficiados por mercados maiores.
O estudo de caso do pacto da indústria automobilística na América do Norte em 1964 indica que os ganhos da criação de um setor integrado em dois países pode ser substancial.
Os ganhos do comércio intra-indústria são grandes quando as economias de escala são fortes e os produtos altamente diferenciados.
Por exemplo, bens manufaturados sofisticados.
164
A economia da discriminação internacional de preços 
Discriminação de preços
A prática de cobrar preços diferentes de clientes diferentes.
Dumping
A forma mais comum de discriminação de preços no comércio internacional.
Prática de formação de preços em que a firma cobra um preço menor pelos bens exportados do que o cobrado pelos mesmos bens vendidos domesticamente.
Discriminação internacional 
de preços (dumping)
165
É uma questão controversa em política
comercial, em que é considerada uma prática ‘desleal’.
Exemplo: em abril de 2002, os Estados Unidos impuseram tarifas antidumping sobre 265 itens de 40 países diferentes. 
O dumping só pode ocorrer na presença de duas condições:
indústria com concorrência imperfeita;
mercados segmentados.
Dadas essas condições, uma firma monopolista pode descobrir que é lucrativo se engajar na discriminação internacional de preços. 
 Discriminação internacional 
de preços (dumping)
166
Figura 6-8: A discriminação internacional de preços
Discriminação internacional 
de preços (dumping)
Exportações
Vendas domésticas
Custo, C, e
preço, P
Quantidades produzidas
e demandadas, Q
CMg
DEST = RMgEST
RMgDOM
DDOM
2
PEST
PDOM 
QDOM
QMONOPÓLIO
Produto total
1
3
167
Discriminação internacional de preços recíproca (dumping recíproco)
Situação em que o dumping leva ao comércio do mesmo produto nos dois sentidos.
Tende a aumentar o volume do comércio de bens que não são completamente idênticos.
Seu efeito sobre o bem-estar nacional é ambíguo porque:
desperdiça recursos no transporte;
leva a certa concorrência.
Discriminação internacional 
de preços (dumping)
168
A teoria das economias externas 
Quando as economias de escala se aplicam ao nível da indústria, em vez de ao nível das firmas individualmente, são chamadas economias externas.
Há três razões principais para um conglomerado de firmas ser mais eficiente do que uma firma isolada:
fornecedores especializados;
mercado comum de trabalho;
vazamentos de conhecimento.
169
A teoria das economias externas 
Fornecedores especializados
Em muitas indústrias, a produção de bens e serviços e o desenvolvimento de produtos novos requer o uso de equipamento ou serviços de apoio especializados.
Uma empresa individual não fornece um mercado grande o suficiente para manter os fornecedores no negócio.
Um conglomerado industrial pode resolver esse problema, ao reunir muitas firmas que, coletivamente, geram um mercado grande o suficiente para sustentar uma ampla gama de fornecedores especializados.
Esse fenômeno tem sido extensivamente documentado na indústria de semicondutores localizada no Vale do Silício.
170
A teoria das economias externas 
Mercado comum de trabalho
Um conglomerado de firmas pode criar um mercado comum de trabalhadores com qualificação altamente especializada.
É vantagem para:
Os produtores
menos dificuldade em encontrar recursos humanos.
Os trabalhadores
menos riscos de ficarem desempregados.
171
A teoria das economias externas 
Vazamentos de conhecimento
O conhecimento é um insumo importante nas indústrias mais inovadoras.
O conhecimento especializado, crucial para o sucesso das indústrias inovadoras, vem de:
esforços de pesquisa e desenvolvimento;
engenharia reversa;
troca informal de informações e idéias.
172
A teoria das economias externas 
Economias externas e retornos crescentes
As economias externas ocasionam retornos crescentes de escala no nível da indústria nacional.
Curva de oferta negativamente inclinada
Quanto maior o produto da indústria, menor o preço pelo qual as empresas estão dispostas a vender seu produto.
173
Economias externas e o padrão de comércio
Um país com uma produção grande em alguma indústria tenderá a ter custos baixos na produção daquele bem.
Os países que começam como grandes produtores em certas indústrias tendem a permanecer como grandes produtores, mesmo se algum outro país puder produzir os bens de forma mais barata.
A Figura 6-9 ilustra um caso em que um padrão de especialização criado por um acaso histórico persiste.
Economias externas 
e comércio internacional 
174
Figura 6-9: Economias externas e especialização
Economias externas 
e comércio internacional 
CMe TAILANDÊS
CMe SUÍÇO
Q1
P1
Preço, custo (por relógio)
Quantidade de relógios
fabricados e demandados
2
1
C0
D
175
Comércio e bem-estar com economias externas 
O comércio baseado em economias externas possui mais efeitos ambíguos sobre o bem-estar nacional do que o comércio baseado na vantagem comparativa ou aquele baseado nas economias de escala no nível da firma. 
Um exemplo de como um país pode efetivamente estar em uma situação pior com comércio do que sem ele é mostrado na Figura 6-10.
Economias externas 
e comércio internacional 
176
Figura 6-10: Economias externas e perdas do comércio 
Economias externas 
e comércio internacional 
CMeSUÍCO
P1
Preço, custo (por relógio)
Quantidade de relógios 
produzidos e demandados
CMeTAILANDÊS
2
1
C0
DTAILANDESA
DMUNDIAL
P2
177
Retornos crescentes dinâmicos
Curva de aprendizagem
Relaciona o custo unitário com o produto acumulado.
É negativamente inclinada por causa do efeito da experiência, ganha graças à produção, sobre os custos.
Retornos crescentes dinâmicos
Caso em que os custos caem com a produção acumulada ao longo do tempo, em vez de com a taxa corrente de produção.
Economias de escala dinâmicas justificam o protecionismo.
A proteção temporária de indústrias permite-lhes ganhar experiência (argumento da indústria nascente).
Economias externas 
e comércio internacional 
178
Figura 6-11: Curva de aprendizagem
Economias externas 
e comércio internacional 
L
Custo unitário
Produto acumulado
L*
C*0
C1
QL
179
Capítulo 7
Movimentos internacionais de fatores 
Economia internacional: teoria e política, 6ª edição
de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld
180
Organização do capítulo
Introdução
Mobilidade internacional do trabalho
Empréstimos internacionais 
Investimento estrangeiro direto e firmas multinacionais 
Resumo
Apêndice: Mais algumas palavras sobre o comércio intertemporal 
181
Introdução
O movimento de bens e serviços não é a única forma de integração internacional. 
Outra forma de integração são os movimentos internacionais de fatores de produção (movimentos de fatores).
Entre os movimentos de fatores, incluem-se:
migração do trabalho;
transferência de capital por meio de empréstimos internacionais;
ligações internacionais sutis envolvidas na formação das empresas multinacionais. 
182
 Mobilidade internacional 
do trabalho
Modelo com um bem, sem mobilidade de fatores 
Premissas do modelo:
Há dois países (o Local e o Estrangeiro).
Há dois fatores de produção: terra (S) e trabalho(L).
Os dois países produzem apenas um bem (denominado ‘produto’).
Os dois países possuem a mesma tecnologia, mas razões terra–trabalho totais diferentes.
Local é o país trabalho-abundante e Estrangeiro é o país terra-abundante.
A concorrência perfeita prevalece em todos os mercados.
183
 Mobilidade internacional 
do trabalho
Trabalho, L
Produto, Q
Q (S, L)
Figura 7-1: Função de produção de uma economia 
184
Rendas 
da terra
Salários
Salário real
PMgL 
Trabalho, L
Produto marginal 
do trabalho, PMgL
 Mobilidade internacional 
do trabalho
Figura 7-2: O produto marginal do trabalho 
185
Movimento internacional do trabalho 
Suponha que os trabalhadores possam mover-se entre os dois países.
Os trabalhadores vão imigrar do Local para o Estrangeiro até que o produto marginal do trabalho seja o mesmo nos dois países.
Esse movimento reduzirá a força de trabalho do Local e elevará o salário real do país.
Esse movimento aumentará a força de trabalho do Estrangeiro e reduzirá o salário real do país.
 Mobilidade internacional 
do trabalho
186
 Mobilidade internacional 
do trabalho
Figura 7-3: Causas e efeitos da mobilidade internacional do trabalho 
 PMgL
L2
PMgL
PMgL*
 PMgL*
Emprego 
no Local
O
Emprego no
Estrangeiro
O*
A
B
C
L1
Migração de trabalho do Local para o Estrangeiro
Força de trabalho total mundial
Produto marginal 
do trabalho
187
A redistribuição da força de trabalho mundial:
leva a uma convergência de salários reais;
aumenta o produto mundial como um todo;
prejudica alguns grupos.
Ampliando a análise 
Modificação do modelo com a adição de algumas complicações:
Suponha que os países produzam dois bens, um mais trabalho-intensivo do que o outro.
O comércio oferece uma
alternativa à mobilidade de fatores: o Local pode exportar trabalho e importar terra, ao exportar o bem trabalho-intensivo e importar o bem terra-intensivo.
 Mobilidade internacional 
do trabalho
188
Os movimentos internacionais de capital:
Referem-se a empréstimos entre países.
Exemplo: Um banco norte-americano concede empréstimo a uma firma mexicana.
Podem ser interpretados como comércio intertemporal. 
 O comércio de bens hoje por bens no futuro.
 Empréstimos internacionais
189
As possibilidades de produção intertemporal e o comércio 
Imagine uma economia que consuma apenas um bem e que existirá por dois períodos, os quais denominamos presente e futuro.
Fronteira de possibilidades de produção intertemporal 
Um dilema entre a produção presente e a produção futura do bem de consumo.
Sua forma difere entre os países:
Alguns países terão possibilidades de produção viesadas para o produto presente.
Alguns países terão terão possibilidades de produção viesadas para o produto futuro.
Empréstimos internacionais
190
Figura 7-4: A fronteira de possibilidades de produção intertemporal 
Consumo presente
Consumo futuro
Empréstimos internacionais
A taxa de juros real
Como um país faz comércio ao longo do tempo? 
Um país pode fazer comércio ao longo do tempo tomando empréstimos ou emprestando.
Quando toma dinheiro emprestado, adquire o direito de comprar alguma quantidade de consumo no presente em troca do pagamento de alguma quantidade maior no futuro.
A quantidade de pagamento no futuro será (1 + r) vezes a quantidade que se tomou emprestada no presente, onde r é a taxa de juros real do empréstimo.
O preço relativo do consumo futuro é 1/(1 + r). 
Empréstimos internacionais
192
Vantagem comparativa intertemporal 
Supusemos que as possibilidades de produção intertemporal do Local são viesadas para a produção presente.
Um país que tem uma vantagem comparativa na produção futura de bens de consumo terá, na ausência de empréstimos internacionais, um preço relativo baixo do consumo futuro (i.e., uma taxa de juros real alta). 
Uma taxa de juros real alta corresponde a um retorno elevado sobre o investimento.
Empréstimos internacionais
193
Investimento estrangeiro direto 
e firmas multinacionais
Investimento estrangeiro direto
Trata-se dos fluxos internacionais de capital pelos quais uma firma de determinado país cria ou expande uma filial sua em outro.
Não envolve somente uma transferência de recursos, mas também a aquisição do controle.
A filial não tem simplesmente uma obrigação financeira com a matriz; ela é parte da mesma estrutura organizacional.
194
Investimento estrangeiro direto 
e firmas multinacionais
As empresas multinacionais:
são um veículo para empréstimos internacionais;
fornecem capital a suas subsidiárias estrangeiras.
Por que se escolhe o investimento estrangeiro direto, e não alguma outra maneira de transferir fundos?
Para permitir a formação de organizações multinacionais (ampliação do controle).
Por que as firmas buscam ampliar seu controle?
A resposta é resumida pela teoria da firma multinacional.
195
Investimento estrangeiro direto 
e firmas multinacionais
A teoria da firma multinacional 
Dois elementos explicam a existência de uma empresa multinacional:
Localização
Um bem é produzido em dois (ou mais) países diferentes, em vez de em um, devido a:
Recursos
Custos de transporte
Barreiras comerciais
Internalização
Um bem é produzido em diferentes locais pela mesma empresa, e não por empresas separadas porque é mais lucrativo efetuar transações envolvendo tecnologia e administração.
Transferência de tecnologia
Integração vertical
196
Investimento estrangeiro direto 
e firmas multinacionais
As firmas multinacionais na prática 
As firmas multinacionais desempenham importante papel no comércio e no investimento mundiais.
Exemplo: Metade das importações norte-americanas pode ser considerada fruto de transações entre filiais de firmas multinacionais, e 24% dos ativos dos Estados Unidos no exterior consistem no valor das filiais estrangeiras de firmas norte-americanas.
As firmas multinacionais podem ser domésticas ou de propriedade estrangeira.
As firmas multinacionais estrangeiras desempenham um papel fundamental na maioria das economias, especialmente nos Estados Unidos.
197
Capítulo 8
Instrumentos de política comercial 
Economia internacional: teoria e política, 6ª edição
de Paul R. Krugman e Maurice Obstfeld
198
Organização do capítulo
Introdução
Análise das tarifas 
Custos e benefícios das tarifas 
Outros instrumentos de política comercial 
Efeitos da política comercial: um resumo 
199
Introdução
Este capítulo concentra-se nas seguintes perguntas:
Quais são os efeitos dos vários instrumentos de política comercial?
Quem se beneficia e quem perde com esses instrumentos de política comercial?
Quais são os custos e os benefícios da proteção?
Os benefícios vão superar os custos?
Qual deveria ser a política comercial das nações?
Por exemplo, os Estados Unidos deveriam utilizar uma tarifa ou uma cota de importação para proteger sua indústria automobilística da concorrência japonesa e sul-coreana?
200
Introdução
Classificação dos instrumentos de política comercial
Instrumentos de política comercial
Contração do comércio 
Expansão do comércio 
Tarifa 
Taxa de exportação
Cota de importação
Restrição Voluntária à Exportação (RVE)
Subsídio à importação
Subsídio à exportação
Expansão Voluntária das importações (EVI)
 Preço 
Quantidade 
Preço
Quantidade 
201
Análise das tarifas
As tarifas podem ser classificadas como:
Tarifas específicas
São cobradas como um valor fixo para cada unidade importada do bem
Exemplo: Uma tarifa específica de US$10 sobre cada bicicleta importada com um preço internacional de US$100 significa que as autoridades cobram o valor fixo de US$10.
Tarifas ad valorem
São cobradas como uma fração do valor dos bens importados 
Exemplo: Uma tarifa ad valorem de 20% sobre bicicletas gera um pagamento de US$20 sobre cada bicicleta importada a US$100.
202
Análise das tarifas
Uma tarifa composta é uma combinação de uma tarifa ad valorem e de uma tarifa específica. 
Os governos modernos preferem proteger as indústrias domésticas por meio de uma variedade de barreiras não tarifárias, como:
Cotas de importação
Limitam a quantidade de importações.
Restrições à exportação
Limitam a quantidade de exportações.
203
Análise das tarifas
Oferta, demanda e comércio com uma única indústria 
Suponha a existência de dois países (o Local e o Estrangeiro).
Os dois países consomem e produzem trigo, que pode ser transportado sem custo entre os países.
Em ambos os países, o trigo é uma indústria competitiva.
Suponha que, na ausência de comércio, o trigo custe mais no Local do que no Estrangeiro.
Com isso, os exportadores comecem a transportar trigo do Estrangeiro para o Local. 
A exportação de trigo aumenta seu preço no Estrangeiro e o diminui no Local, até que a diferença entre os preços tenha sido eliminada.
204
Análise das tarifas
Para determinar o preço mundial (Pw) e a quantidade comercializada (Qw), definem-se duas curvas:
A curva de demanda por importações do Local
Mostra a quantidade máxima de produtos importados que o Local gostaria de consumir a cada faixa de preço do bem importado.
Isto é, o excesso do que os consumidores do Local demandam sobre o que os produtores do Local ofertam: DM = D(P) – O(P)
A curva de oferta de exportações do Estrangeiro
Mostra a quantidade máxima de produtos exportados que o Estrangeiro gostaria de fornecer ao resto do mundo a cada faixa de preço.
Isto é, o excesso do que os produtores do Estrangeiro ofertam sobre o que os consumidores do Estrangeiro demandam: OX = O*(P*) – D*(P*)
205
Quantidade, Q
Preço, P
Preço, P
Quantidade, Q
DM
D
O
A
PA
P 2
P 1
O2
D2
D2 – O2
2
O1
D1
D1 – O1
1
Figura 8-1: Derivando a curva de demanda por importações do Local 
Análise das tarifas
206
Análise das tarifas
Propriedades da curva de demanda por importações:

Teste o Premium para desbloquear

Aproveite todos os benefícios por 3 dias sem pagar! 😉
Já tem cadastro?

Continue navegando