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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/286335801 Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves Article · January 2010 CITATIONS 24 READS 2,823 2 authors, including: Suzana B Amato Universidade Federal do Rio Grande do Sul 79 PUBLICATIONS 601 CITATIONS SEE PROFILE All content following this page was uploaded by Suzana B Amato on 21 December 2015. The user has requested enhancement of the downloaded file. https://www.researchgate.net/publication/286335801_Tecnicas_gerais_para_coleta_e_preparacao_de_helmintos_endoparasitos_de_aves?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/publication/286335801_Tecnicas_gerais_para_coleta_e_preparacao_de_helmintos_endoparasitos_de_aves?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Suzana_Amato?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_4&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Suzana_Amato?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/institution/Universidade_Federal_do_Rio_Grande_do_Sul?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Suzana_Amato?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf https://www.researchgate.net/profile/Suzana_Amato?enrichId=rgreq-c58c1b63b957031dc59409e13aeb4c85-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzI4NjMzNTgwMTtBUzozMDkxMTcwMDcxMzg4MTZAMTQ1MDcxMDY0NTcwMQ%3D%3D&el=1_x_10&_esc=publicationCoverPdf Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 1 J. F. R. Amato & S. B. Amato Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves José Felipe Ribeiro Amato1, Suzana Bencke Amato2 1 Professor Colaborador Convidado, Departamento de Zoologia, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul 2 Professora Titular, Departamento de Zoologia, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Instituto de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Sul vem (ver as revisões de Holmes & Price, 1986; Minchella & Scott, 1991; Marcogliese & Cone, 1997); Poulin, 1999, 2001), e podem in- f luenciar a biodiversidade interferindo em proces- sos como competição, migração e especiação que afetam a estabilidade dos ecossistemas (Combes, 1996). Mesmo assim, no Brasil, os parasitos ainda não são considerados pelos biólogos organizadores e condutores dos estudos de impacto ambiental (EARIMA), em levantamentos sobre a biodiver- sidade. Raramente, as equipes que são contratadas por empresas do governo e privadas, para a realiza- ção deste tipo de estudo, possuem parasitologistas em seus quadros. Como não são vistos, os parasitos não são lembrados. Livros-texto e capítulos sobre o fenômeno do parasitismo têm sido publicados em vários países desde a década 1980: Price (1980) – Evolutiona- ry Ecology of Parasites; Rausch (1983) in Far- ner et al. (1983) – Avian Biology; Anderson & Kikkawa (1986) – Community Ecology: Pat- terns and Processes; Esch et al. (1990) – Parasite Communities: Patterns and Processes; Kennedy (1990) – Synopsis of Parasites of Vertebrates of Canada; Clayton & Moore (1997) – Host-pa- rasite Co-evolution, General Principles and Avian Models; Bush et al. (2001) – Parasitism: the Di- versity and Dcology of Animal Parasites; Combes (2001) – Parasitism: the Ecology and Evolution of Iintimate Interactions, entre outros. Algumas des-Algumas des- tas referências devem ser vistas por estudantes que começam a despertar, ainda que tardiamente, para a existência de uma grande riqueza taxonômica e parcela não descrita da biodiversidade, sobretudo no Brasil. Os helmintos endoparasitos de aves perten- cem a três filos: Platyhelminthes, Acanthocepha- la e Nematoda. Embora pareçam semelhantes e sejam denominados, coletivamente, de “vermes”, Introdução O Fenômeno do Parasitismo Os parasitos fazem parte da biologia de seus hospedeiros, servindo como marcadores biológi- cos de seus hábitos alimentares, do ambiente onde vivem, e até mesmo de suas rotas de migração. Na virada do século XX pesquisadores, interessados em conhecer a biodiversidade, começaram a perce- ber a existência de uma parcela da biosfera que na maioria das vezes não era lembrada por ser consti- tuída de organismos, normalmente, não visíveis, os parasitos, por viverem no interior ou sobre outros organismos, os hospedeiros. Price (1980) afirmou que existem mais es- pécies parasitas do que espécies de vida livre na Natureza. As aves, sobretudo as espécies aquáticas, são parasitadas por muitas espécies de micro e ma- croparasitos. Em dois exemplos de aves estudadas em nosso laboratório podemos apreciar a com- provação deste fato. O marrecão, Netta peposaca (Vieillot, 1816), ave migratória que se desloca entre o sul do Brasil (seu sítio de alimentação) e o norte da Argentina (seu sítio de reprodução) é caracterizado por ser parasitado por 17 espécies de helmintos, no Rio Grande do Sul. O biguá, Pha- lacrocorax brasilianus (Gmelin, 1789) do Lago Guaíba, Porto Alegre, RS, examinado ao longo de vários anos, mostrou uma helmintofauna com- posta por 20 espécies de helmintos. Além dos hel- mintos, as aves também abrigam protistas hemo- e histoparasitos, artrópodes ectoparasitos e, mais raramente, pentastomídeos e sanguessugas. Todos estes organismos, na maioria das vezes, não são vis- tos e muito menos considerados em estudos sobre a biodiversidade. Segundo McLaughlin (2001), os parasi- tos podem regular as populações de hospedeiros, inf luenciar a estrutura das comunidades onde vi- Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento2 J. F. R. Amato & S. B. Amato cada grupo tem peculiaridades quanto à estrutura do corpo, presença de parênquima ou de pseudoce- loma e cobertura feita por tegumento ou cutícula, que exigem métodos de preparação especializados e diferentes. Para a análise das comunidades de helmin- tos parasitos das aves e estudos epidemiológicos que exigem o conhecimento da carga parasitária é preciso conhecer o tamanho de suas infrapopu- lações. Como avaliar as intensidades de infecções das aves amostradas? Muitos autores têm contri- buído para o entendimento teórico de conceitos ecológicos adaptados à Parasitologia relativos às populações e à estrutura das comunidades com a publicação de artigos específicos (Exs: Ander- son & May, 1979; Euzet, 1989; e Bush, 1990). A quantificação dos parasitos em amostras de hospedeiros foi abordada por Post & Millest (1991) e Rósza et al. (2000), enquanto Shaw & Dobson (1995) fizeram uma revisão dos aspec- tos quantitativos dos padrões de abundância e agregação dos macroparasitos em populações de animais silvestres. Outros autores estudaram os helmintos parasitos de grupos taxonômicos espe- cíficos, como McLaughlin (1990, Cestodes of Wadding Birds – Anseriformes) e Wong et al. 1990 – Nematodes of Birds), como capítulos daobra de Kennedy (1990, Synopsis of the Parasi- tes of Vertebrates of Canada), e também, McLau- ghlin (2001, Protocols for Measuring Biodiver- sity – Parasites of Birds). No ítem I.5. são apresentados os principais conceitos ecológicos aplicados à Parasitologia, mui- tos dos quais serão utilizados ao longo deste capítu- lo e dizem respeito, sobretudo, a procedimentos na coleta dos helmintos durante as necropsias. Exigências Legais Especiais para a Coleta dos Hospedeiros As aves, assim como outros animais, só podem ser capturadas para estudos de biodiversidade ou para qualquer outro tipo de estudo com a precípua autorização do Sisbio – IBAMA. A Instrução Normativa nº 154/2007 regula- menta a coleta de material biológico para fins cien- tíficos e didáticos no âmbito do ensino superior e instituiu o “Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (Sisbio)”. As autorizações e li-As autorizações e li- cenças permanentes previstas na IN 154 deverão ser solicitadas por meio do Sisbio. A licença per-A licença per- manente e as autorizações não poderão ser utiliza- das para fins comerciais, industriais, esportivos ou para realização de atividades inerentes ao processo de licenciamento ambiental de empreendimentos (www.ibama.gov.br/sisbio). Bub (1991) discutiu os vários métodos de captura de aves utilizados no mundo. Gaunt & Oring (1999) re-editaram “Guidelines to the use of wild birds in research”, uma publicação do “Ornithological Council” (Conselho composto por sete Sociedades Ornitológicas da América do Norte). Esta publicação pode ser consultada no site http://www.unca.edu/ospi/IACUC/WildBird- Guide.pdf. Nela, vários autores abordaram temas como a obtenção de permissão, o impacto das in- vestigações, coleta, marcação e transporte das aves, bem como procedimentos de exame e coleta de amostras, métodos para anestesia, cirurgia, laparo- tomia e eutanásia das aves. A Qualidade das Amostras A coleta de parasitos para trabalho taxonô- mico é composta por uma série de ações e técnicas especiais. Inclui exame do hospedeiro durante o qual os parasitos devem ser reconhecidos, remo- vidos, limpos e preservados para estudo posterior. Endoparasitos, particularmente aqueles do trato digestivo, deterioram rapidamente após a morte do hospedeiro e é essencial que se remova, limpe e pre- serve, tão rápido quanto possível, após a morte do hospedeiro para que os espécimes estejam na me- lhor condição para serem identificados. Qualquer estudo sobre biodiversidade pres- supõe a correta determinação/ identificação das espécies presentes em um determinado ambien- te, assim como o tamanho exato das populações. A precisão das determinações/identificações vai depender da qualidade e da quantidade dos espé- cimes disponíveis (Bakke, 1988; Cable, 1969; Doster & Goater, 1997; Clayton & Moo- re, 1997; Huber, 1998 e McLaughlin, 2001). A exatidão das estimativas numéricas vai depen- der da cuidadosa coleta de todos os espécimes presentes e do tamanho das amostras obtidas. A qualidade dos espécimes coletados é assegurada pela necropsia de hospedeiros recém mortos pela eutanásia, enquanto que a exatidão das estimativas numéricas vai depender da certeza de que todos os espécimes integrantes de uma mesma infrapopula- ção (ver Item I.5) foram coletados. A coleta exaus- tiva de todos os espécimes presentes só pode ser as- segurada pela utilização de peneiras de coleta com malha de aço inoxidável com aberturas de 100 e/ ou 154 µm (Fig. 4). A Determinação/Identificação dos Helmintos Amostras bem coletadas e bem processadas, com excelente qualidade, facilitam a determi- nação/identificação dos táxons superiores e das espécies de helmintos de qualquer hospedeiro. Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 3 J. F. R. Amato & S. B. Amato Consulta realizada a obras básicas de sistemática e taxonomia de helmintos faz parte do trabalho do taxonomista. Obras abrangentes a todos os grupos taxonômicos, mesmo que, aparentemen- te antigas, são tão importantes quanto os índices bibliográficos de referência: Biological Abstracts, Zoological Record, Helminthological Abstracts e Index of Medical and Veterinary Zoology, que ainda hoje têm muito valor. As principais chaves artificiais para a determinação de helmintos de to- dos os grupos taxonômicos até gênero foram escri- tas por Yamaguti (1958, 1961, 1963 e 1971). As principais chaves dicotômicas para determinados grupos de helmintos são: trematódeos – Skrjabin (1964), McDonald (1981), Gibson et al. (2002), Jones et al. (2005); cestóides – Schmidt (1986), McLaughlin (1989), Khalil et al. (1994); ne-(1994); ne- matóides - McDonald (1974), Anderson et al. (1974-1983), Vicente et al. (1995); acantocéfalos – Petrochenko (1971), Amin (1985, 1987). No Brasil, Travassos et al. (1969) publica- ram um catálogo dos trematódeos conhecidos até aquela data, onde são incluídas espécies que parasi- tam aves brasileiras. Mesmo sendo uma obra anti- ga, não deve deixar de ser consultada. Conceitos Ecológicos Aplicados à Parasitologia Os principais conceitos ecológicos aplicados à Parasitologia foram formulados principalmente por Margolis et al. (1982), Esch et al. (1990), Dur- fee (1978), Combes (2001), sendo que o trabalho de Margolis foi revisitado por Bush et al. (1997). Para um maior detalhamento de cada conceito lis- tado abaixo e exemplos, assim como para alguns outros conceitos sugerimos ver Bush et al. (1997). Termos gerais Sítio, local de infecção/infestação e hábitat – localização topológica ou espacial em um hospe- deiro onde uma determinada amostra de parasitos é coletada. Hábitat se refere ao ambiente, local típi- co onde um parasito vive. Localidade – localidade geográfica onde o parasito ocorre, junto com seu hospedeiro. Nicho – função que um parasito exerce ou o modo pelo qual um parasito se insere em uma de- terminada comunidade. Descritores quantitativos Prevalência – número de hospedeiros infecta- dos/infestados por um ou mais indivíduos de uma determinada espécie de parasito (ou grupo taxonô- mico) dividido pelo número de hospedeiros exami- nados para aquela espécie de parasito, expresso em percentagem. Incidência – número de novos hospedeiros que se tornam infectados/infestados com uma de- terminada espécie de parasito durante um determi- nado intervalo de tempo dividido pelo número de hospedeiros não infectados/infestados presentes no início do intervalo de tempo, expresso em per- centagem. Densidade – número de indivíduos de uma determinada espécie de parasito em determinada unidade amostral removida de um hospedeiro ou hábitat, i.e., em unidade de área, volume ou peso. Intensidade de infecção – número de indi- víduos de uma determinada espécie de parasito encontrado em um determinado indivíduo hospe- deiro infectado/infestado, i.e., o número de indiví- duos em uma infrapopulação (ver abaixo). Intensidade média – número total de para- sitos de uma determinada espécie encontrado em uma amostra dividido pelo número total de hospe- deiros infectados com aquela espécie de parasito. Abundância ou densidade relativa – núme- ro de indivíduos de uma determinada espécie de parasito sobre ou dentro de um único hospedeiro, mesmo que o hospedeiro não esteja infectado/in- festado. Abundância média – número total de indi- víduos de uma determinada espécie de parasito em uma amostra de uma determinada espécie de hos- pedeiro dividido pelo número total de hospedeiros daquela espécie que foram examinados. ‘Nesting’ (inclusividade) de populações de parasitos Infrapopulação – formada por todos os in- divíduos parasitos, pertencentes a mesma espécie e que são encontrados no mesmo local de infecção/ infestação em um mesmo hospedeiro, em determi- nado momento de tempo. População componente – formada por todos os indivíduos de uma determinada fase de um ciclo evolutivo de uma espécie de parasito encontrados em um determinado lugar e momento de tempo.Suprapopulação – formada por todas as fases de desenvolvimento de uma espécie de parasito em determinado lugar e momento de tempo. ‘Nesting’ (inclusividade) de comunidades de para- sitos Infracomunidade – é a comunidade formada por todas as infrapopulações em um determinado hospedeiro. Comunidade componente – é a comunidade formada por todas as infrapopulações de parasitos associadas com qualquer grupo de uma espécie de hospedeiro ou uma coleção de fases de vida livre Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento4 J. F. R. Amato & S. B. Amato associadas com algum grupo de fatores abióticos ambientais. Supracomunidade – compreende todas as suprapopulações de parasitos de um determinado lugar e momento de tempo. Registro dos Dados O formulário para Necropsia Em nosso laboratório usamos um livro de re- gistros que é formado pela encadernação dos “For- mulários para Necropsia” individuais (Figs 1 e 2), com todas as informações sobre cada hospedeiro e sobre os parasitos coletados, preenchido durante a necropsia. Os formulários são fundamentais para a construção de um banco de dados computadoriza- do e para a reunião de todas as informações sobre os helmintos de um determinado hospedeiro, bem como ítens de sua dieta, por ventura ainda presen- tes. A coleta de dados, de forma acurada, tanto so- bre o hospedeiro como sobre a localização de cada espécie de parasito, é essencial. O termo utilizado para o exame de animal morto é necropsia e não autópsia. Necropsia s.f. (gr. necropsia = abertura de qualquer animal morto que não seja da espécie humana. Pronunciada como pa- lavra paroxítona, com acento na letra “i”. Autópsia s.f. (gr. autopsia = exame de si mesmo), abertura de um cadáver da espécie humana para estudos médi- cos ou conclusões judiciais. Dados do hospedeiro Primeiramente atribuímos um número de or- dem ao hospedeiro. No Laboratório de Helmintolo- gia da UFRGS (nosso caso) a sigla é JFA de José Feli- pe Amato, atribuída a todos os hospedeiros vertebra- dos. Dados pertinentes incluem o nome genérico e o nome específico, o nome comum da ave hospedeira na região de coleta, a localidade de coleta, a idade e o sexo de cada indivíduo, o tamanho e/ou o peso se pertinentes, o código de identificação do hospedei- ro, a data de coleta, a localidade de coleta deve ser especificada de forma precisa, inclusive anotando a leitura das coordenadas de latitude e longitude in- dicadas por GPS (Global Position System), o nome geográfico da localidade, a distância de uma deter- minada localidade conhecida, o modo de captura, armazenagem (caso o hospedeiro tenha sido guarda- do em refrigerador ou congelador), a data da necrop- sia, o sexo, a categoria etária (juvenil ou adulto), a cor dos olhos, a cor da carúncula (para anatídeos), medidas de bico (medidas especiais para anatídeos), asa e tarso, comprimento total, peso em gramas, comprimento de um testículo em centímetros, com- primento do ovário em centímetros, diâmetro do maior ovócito, e deixamos um espaço para eventuais observações. Estas informações podem ser passadas para uma etiqueta com código de barras para leitura, a qualquer momento, com leitor óptico. Dados dos helmintos A númeração sequencial das infrapopulações, na ordem em que vão sendo encontradas, ao longo da necropsia, pode ser considerada como um sis- tema aberto. O sistema permite que duas espécies congenéricas e muito parecidas, que eventualmente tenham recebido o mesmo número durante a cole- ta, possam ser separadas depois da coloração e da montagem. A infrapopulação recém identificada ganhará o próximo número de ordem. As iniciais serão únicas, impossibilitando a confusão entre nú- meros, por ventura iguais. Durante a coleta, a localização ou o órgão onde cada infrapopulação de helmintos foi encon- trada, e dados sobre o fixador utilizado são ano- tados no formulário. Informação sobre as lesões macroscópicas, por ventura observadas durante o exame anatomopatológico, é extremamente impor- tante, assim como cada lesão deve ser recortada ain- da com os helmintos inseridos aos tecidos e fixada de forma adequada para ser enviada ao Laboratório de Patologia, isto é, em formalina 10% fosfato tam- ponada (Fórmula 7) ou Dubosc-Brasil-modificada (Fórmula 8) para tecidos muito moles como cére- bro e testículo. Dados sobre os ítens alimentares encontrados no trato digestivo são importantes e poderão ser de grande utilidade na interpretação das informações parasitológicas e em estudos ulteriores sobre o ciclo evolutivo das espécies de helmintos encontradas. Os locais de infecção que deverão ser exami- nados durante cada necropsia são (Figs 1 e 2 – For- mulário de Necropsia): penas, olhos, narinas, sinus nasais, veias nasais, cérebro, boca e língua, esôfago, papo (quando houver), proventrículo, moela (quan- do houver), intestino (dividido em partes, duode- no, jejuno/íleo – parte anterior, jejuno/íleo – parte posterior, intestino grosso, cecos intestinais (direi- to e esquerdo), cloaca, bolsa de Fabricio (em aves juvenís), traquéia, pulmões/brônquios, sacos aére- os, coração, cavidade pericárdica, aorta do coração, grandes vasos (aorta dorsal), veias mesentéricas, veias renais, sangue/linfa, rins e ureteres, oviduto, fígado, vesícula biliar, baço, ovário/testículos e ca- vidade abdominal. Outros dados Outras informações relacionadas ao ambien- te onde os hospedeiros foram coletados além de aspectos especiais como estiagens, enchentes, La Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 5 J. F. R. Amato & S. B. Amato Niña ou El Niño e mortandades de aves devem ser informados, sobretudo se o objetivo do trabalho inclui aspectos de análise da estrutura das comu- nidades. As Etiquetas As etiquetas são extremamente necessárias durante todo o transcorrer da necropsia para mar- car o conteúdo das várias placas de petri onde serão colocados os diversos órgãos, tubulares e sólidos, que serão examinados. Alguns órgãos tubulares são facilmente identificáveis, porém, outros não só se mostram muito difíceis de serem reconhecidos quando vistos através serosa, como também, seus limites são difíceis de serem estabelecidos. Exemplos de etiquetas: JFA – Iniciais do nome escolhido para representar o Laboratório; 2324 – Nº do hospedeiro; 8 – Número da infrapopu- lação; 1-29 – Tamanho da infrapopula- ção; AFA – Fixador utilizado. A etiqueta inferior mostra a numeração de uma in- frapopulação que não teve o número to- tal de espécimes contado, por ser muito grande. O fixador utilizado é o Dubosc- Brasil-modificado. Estes dados, como aparecem no exemplo pos- terior, são os mesmos de cada etiqueta escrita em papel vegetal com tinta nanquim à prova d’água, ou em papel especial Schoelershammer ou similar. O tamanho da etiqueta deve ser pequeno de forma a caber nos frascos onde os helmintos serão estoca- dos em solução conservadora (etanol 70ºGL). Importância de métodos padronizados O exame de um hospedeiro é um trabalho minucioso e difícil, por isso deve ser feito por al- guém que tenha familiaridade com a anatomia do animal que está sendo necropsiado. O número e a diversidade dos parasitos encontrados dependerão, em parte, do tamanho e do número de hospedeiros que se têm para examinar, assim como o volume de material e a experiência de quem estiver fazendo a necropsia. É extremamente importante que todo o pro- cesso seja feito sempre da mesma forma, com a uti- lização de um método padronizado. As principais coleções de referência para depósito e conservação de helmintos parasitos utilizam procedimentos que asseguram a qualidade dos espécimes nelas depositados e que serão utilizados por pesquisado- res do mundo inteiro. Exemplos de procedimentos padronizados publicados indicam os métodos ado- tados em Washington (Lichtenfels, 1984), Pa- ris (Durette-Desset, 1984) e Londres (Bray, 1984). No Brasil, a coleçãode referência, por exce- lência, para o depósito de helmintos (tipos e espé- cimes representativos) é a Coleção Helmintológica do Instituto Oswaldo Cruz (CHIOC), na Funda- ção Instituto Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, RJ. A Necropsia A ave recém submetida a eutanásia, realizada de acordo com os preceitos estabelecidos (reco- mendamos Gaunt & Oring, 1999), deve passar primeiro pelos procedimentos de morfometria e determinação do peso. A determinação do peso pode ser feita em balança simples, apropriada ao tamanho da ave, ou em balança digital ou analógi- ca da marca Pesola®. A seguir deve passar por uma inspeção externa, quando os olhos são examinados e os helmintos presentes nos sacos conjuntivais são removidos com auxílio de pincel delicado, e coloca- dos em placa de petri com solução salina fisiológica (ssf) 0,85%. A ave é colocada com o lado ventral para cima, em uma bandeja plástica rasa. Um corte longitu- dinal é feito da base do bico até a proximidade da cloaca. Com cuidado a cloaca é contornada para garantir que seja retirada inteira. O conjunto de órgãos internos é removido para uma bandeja rasa, onde os órgãos são individualizados, identificados, separados e transferidos para placas de petri (com 10 e 20cm de diâmetro, conforme o tamanho da peça) individuais, e imersos em ssf 0.85%, ou sim- plesmente em água da torneira. O tamanho da ave influenciará o procedimento da necropsia. Aves muito pequenas devem ser necropsiadas com mui- to cuidado, sobretudo na remoção das vísceras de dentro do corpo do animal. Esta tarefa exigirá pa- ciência e cuidado, principalmente na separação dos órgãos tubulares, vasos e ductos. Os órgãos tubulares deverão ser examinados antes dos órgãos sólidos. Entre os órgãos tubulares, os intestinos delgado e grosso, assim como os cecos intestinais (muito desenvolvidos em aves granívo- ras) devem ser abertos primeiro, pois além de serem os órgãos com a maior diversidade de espécies de helmintos, existe a tendência de serem os primeiros a sofrerem degradação. JFA-2324-8-1-n - DB JFA-2324-8-1-27- AFA Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento6 J. F. R. Amato & S. B. Amato Figura 1. Formulário para necropsia de aves (frente). ( Ilustrações: Beatrix Nüscheler ) Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 7 J. F. R. Amato & S. B. Amato Figura 2. Formulário para necropsia de aves (verso). Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento8 J. F. R. Amato & S. B. Amato Como Coletar os Helmintos Como Coletar Digenéticos Os trematódeos digenéticos utilizam as aves como hospedeiros definitivos, portanto, nelas os encontramos na fase adulta. Estão nos vários ór- gãos do sistema digestório, do esôfago à cloaca, nos rins e ureteres, no sistema circulatório, nos olhos e sacos aéreos. A separação do jejuno e do íleo pode ser mais difícil de ser feita através da serosa. Assim, após a separação do duodeno, devemos dividir jeju- no e íleo em jejuno-íleo anterior e jejuno-íleo pos- terior. Cada secção, devidamente etiquetada e sepa- rada em placas de petri individuais contendo água de torneira, é cortada longitudinalmente, cuidan- do-se para que a ponta da tesoura fique sempre dirigida para cima, evitando que corte algum hel- minto. Cada órgão separado e aberto é transferido para uma peneira de coleta (Fig. 4). Seu conteúdo deve ser lavado, rapidamente, sob um jato fraco de água corrente. Com a mão cobrimos o fundo da peneira para reter o líquido, e com movimentos de abrir e fechar dos dedos, deixamos a água passar através da malha para que possa ser feita limpeza do seu conteúdo. O órgão, ou a secção, é retirado da peneira junto com o conteúdo do fundo des- ta, sempre com um pouco de água. É colocado em uma placa de petri para ser examinado com auxí- lio do aumento médio do estereomicroscópio. O exame do conteúdo mostrará os helmintos lim- pos e detritos, com os helmintos vistos pela sua mobilidade e/ou pela sua cor características. Desta manei- ra, mesmo uma pessoa pou- co experiente não deixará de encontrar todos os helmin- tos presentes. Caso seja possível, o tra- balho pode ser agilizado pela primeira separação dos hel- mintos diferentes e que, cla- ramente, são integrantes de diferentes infrapopulações. O trabalho deve ser rápido, po- rém cuidadoso. Após a retira- da de todos os helmintos pre- sentes, com o auxílio de um pincel (helmintos grandes) ou de pipeta de Pasteur (hel- mintos pequenos), e já tendo feito sua distribuição para vá- rias placas de petri, voltamos ao recipiente que contém o órgão ou secção, para percorrer a mucosa que pode estar retendo muco e alguns trematódeos muito pe- quenos. Alguns helmintos podem ainda ter ficado aderidos ao tecido pelo muco ou pela capacidade de sucção do acetábulo (Fig. 3). Com a ajuda de um pincel, ou de uma pinça e agulha histológica, deslo- camos, delicadamente, cada helminto que está ade- rido à mucosa. Caso seja impossível fazer a remo- ção só com o auxílio destes instrumentos, pode-se recortar parte da parede do órgão e com o auxílio de uma pequena tesoura dar um pique lateral em direção ao local onde o helminto está fixado. Logo em seguida, com o auxílio de duas pinças, rasga- mos a parede do órgão até permitir a liberação do helminto. É muito comum que alguns trematódeos digenéticos fiquem envolvidos pelo muco e tenham que ser removidos das vilosidades com o auxílio de uma agulha histológica especial. Aves de porte maior, como os anatídeos, que precisam ser abatidas por caçadores autorizados, devem ter seu bico fechado e enrolado com fita cre- pe, e ser colocadas em recipiente térmico especial, com gelo seco, para assegurar a preservação de seus órgãos e parasitos até o momento da necropsia. Bush & Holmes (1986) sugeriram uma técnica especial de congelamento rápido dos hospedeiros, no campo, utilizando gelo seco e etanol. Alguns autores sugerem que, como as aves possuem um excelente isolamento térmico, seu congelamento com as vísceras é menos efetivo do que a separação das vísceras e congelamento independente do cor- po da ave. Figura 3. Digenéticos (Taxorchis sp.), parasitos de capivara, aderidos à mucosa pela capaci- dade de sucção do acetábulo. Círculo mostra a ação do acetábulo sobre a mucosa, depois da retirada do helminto. Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 9 J. F. R. Amato & S. B. Amato Resumo 01) Cada órgão deve ser aberto dentro de uma placa de petri; o conteúdo passado através de uma peneira de coleta com malha de 100µm ou 154µm de abertura (Fig. 3). 02) Após a lavagem do conteúdo e da mucosa do órgão, todo o material deve ser transferido para uma placa de petri contendo água de torneira. 03) O órgão recém cortado deve ser transferido para outra placa de petri contendo água de torneira. 04) Pipetas, agulhas histológicas, pincéis e/ou pinças são usados para transferir os helmintos para placas de pe- tri com ssf 0,85% ou água de torneira. 05) Comprimir entre lâminas - helmintos grandes (ex. Echinostoma spp., Clinostomum spp.) e entre lâmina e lamínula - helmintos pequenos (ex. Stomylotrema spp.). 06) Não comprimir helmintos muito pequenos. 07) As lâminas que comprimem o helminto devem ser amarradas com linha URSO Nº 00 e deixadas em pé, no fixador, por algumas horas. 08) Helmintos pequenos devem ser comprimidos com o peso de pequenos frascos, contendo água ou chum- binhos. 09) Digenéticos que deverão ser estudados com histo- logia não devem ser comprimidos, sendo fixados em Dubosc-Brasil – modificado, ou em formalina 10% fos- fato tamponada. Como Coletar Cestóides Os cestóides adultos que parasitam as aves são de porte médio ou pequeno. Muitas espécies são bastante frágeis, e por possuírem o corpo for- mado por proglótides, podem facilmente se frag- mentar durante a coleta. Os cestóides inteiros devem ser removidos do intestino e/ouda cloaca, únicos órgãos onde vivem, antes do conteúdo ser colocado na peneira de coleta e lavado em água de torneira. Esta operação deve ser feita com a ajuda de um pincel macio. O cestóide inteiro deve ser transferido para uma placa de petri de tamanho adequado. É importante que se saiba quais as técnicas que serão empregadas na coloração, e se as pro- glótides maduras deverão ser preparadas para a histologia. Neste caso, alguns estróbilos não deverão ser comprimidos. Imediatamente após a morte, em água destilada no refrigerador, os espécimes destinados à histologia deverão ser alinhados em placas de petri ou em prato pirex retangular, contendo Dubosc-Brasil-modificado (Fórmula 8) ou formalina 10% fosfato tampo- nada (Fórmula 7). A placa de petri, ou o prato, deverão ser cobertos com uma tampa e os hel- mintos deixados no fixador até que estejam du- ros (para determinar se o estróbilo está suficien- temente enrijecido deve-se levantar o espécime com um pincel e devolvê-lo ao líquido). Quando a fixação estiver adequada, o espécime voltará à posição original estendida. Os espécimes que deverão ser corados para es- tudo em lâminas permanentes deverão ser compri- midos. A compressão pode ser realizada cortando- se o estróbilo em trechos que contenham: 1. o escó- lece e algumas proglótides imaturas, 2. proglótides imaturas, 3. proglótides maduras e 4. proglótides grávidas. Resumo 01) Relaxamento da musculatura sob ação do frio no refri- gerador – em ssf 0,85% até a morte. 02) Imediatamente após a morte, todo o cestóide, quando for pequeno, ou secções contendo o escólece, o colo e algumas proglótides imaturas, proglótides imaturas, proglótides maduras, e proglótides grávidas – devem ser comprimidos e fixados em temperatura ambiente. 03) Cestóides que não serão comprimidos devem ser es- tendidos em uma placa de petri grande ou pirex retan- gular com tampa e deixados no refrigerador em ssf 0,85% até a morte. 04) Dependendo do grupo taxonômico (ordem) dos cestói- des, serão necessários cortes histológicos transver- sais de proglótides maduras. Não comprimir um ou dois espécimes inteiros. Usar o fixador para histologia Dubosc-Brasil – modificado ou formalina 10% fosfato tamponada. Como Coletar Acantocéfalos Os acantocéfalos adultos vivem, exclusiva- mente, no intestino de seu hospedeiro definitivo, no nosso caso, as aves. Espécimes adultos podem ser encontrados com diferentes tamanhos, já que muitas vezes são recrutados de forma contínua pelo hospedeiro. Todos deverão ser coletados. Muitos deles, sobretudo os maiores, poderão estar com a probóscide firmemente inserida na mucosa intesti- nal. Recomenda-se que sejam removidos de forma gentil, usando pincel ou pinça delicada com ponta fina, sem fazer muita pressão. Caso não seja possí- vel removê-los do tecido, uma pequena secção da parede intestinal ao redor do ponto de fixação do acantocéfalo é recortada com uma tesoura de pon- ta fina, ou com duas pinças de ponta fina uma pe- quena porção de tecido é rasgada para liberação da probóscide do acantocéfalo. É na hora da coleta que se deve fazer todo o possível para limpar a probóscide e também o tronco dos detritos que ficaram aderidos. Caso a limpeza não tenha ficado bem feita, pode-se colo- car os espécimes em um pequeno frasco com água Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento10 J. F. R. Amato & S. B. Amato Fig. 4. Peneiras para coleta, feitas com luva em PVC cortada ao meio e tela com malha em aço inoxidável com 100µm ou 154µm de abertura. Fig. 5. Peneiras para coloração, feitas com anéis de redução em PVC e tela de musseline de náilon, com 3cm de diâmetro. Fig. 6. Mini-placas de petri, feitas com o corte do fundo de pequenos frascos de vidro. Fig. 7. Sequência de nós para amarrar as lâminas de compressão. Fig. 8. Montagem para compressão entre lâmina e lamínula de platielmintes e acantocéfalos de porte pequeno e médio. Fig. 9. Recipiente com fixador para receber platielmintes e acantocéfalos de porte médio e grande, entre lâminas com amarração. 4 98 76 5 Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 11 J. F. R. Amato & S. B. Amato ou com solução para limpeza de helmintos (Fór- mula 1) e agitar fortemente. Logo após a limpeza, os espécimes devem ser colocados em placa de pe- tri com água destilada e deixados até a morte no refrigerador. Não esquecer de incluir a etiqueta com a numeração que a infrapopulação recebeu no momento da necropsia. O fenômeno osmótico fará pressão de dentro para fora e o relaxamento da musculatura farão com que a probóscide seja evertida. É importante que a probóscide inteira esteja evertida, pois a taxonomia dos acantocé- falos está baseada na oncotaxia dos ganchos da probóscide (número e disposição dos ganchos por fileira e no número de fileiras longitudinais), as- sim como na mensuração do colo (distância entre o limite do tronco e o último gancho na base de cada fileira). Quando os acantocéfalos estiverem com a probóscide evertida e a musculatura relaxada deve- rão ser comprimidos entre lâmina e lamínula (Fig. 7) ou entre lâminas (Fig. 9), dependendo de seu tamanho. É importante lembrar que os acantocé- falos são vermes pseudocelomados e, diferente dos trematódeos e cestóides que são acelomados, pre- cisam permanecer sob compressão por um tempo mais longo, às vezes, inclusive, por um pouco mais de 24h. Neste caso precisamos ter cuidado com a quantidade de A.F.A. em que deixaremos os espéci- mes sob compressão já que esta substância fixadora evapora com facilidade. Resumo 01) Acantocéfalos estão sempre no intestino das aves, seus hospedeiros definitivos. 02) Devem ser colocados em água destilada no refrige- rador, para morrerem sob o efeito do frio que relaxa a musculatura e da pressão osmótica para eversão da probóscide e da bolsa copuladora. 03) Após a morte, devem ser agitados em água ou solução para limpeza (Fórmula 1). 04) A compressão, muitas vezes, deve ser feita por um período maior que 24h. Como Coletar Nematóides Os nematóides constituem o segundo maior grupo taxonômico de parasitos encontrados em aves. A forma do corpo e a presença de cutícula faz com que os nematóides apresentem certas dificul- dades e particularidades desde o momento em que são coletados até a sua clarificação e montagem de- finitiva. O corpo, normalmente, é muito longo e a boca pode estar repleta de detritos de mucosa. Por isso, é sempre melhor que estes helmintos estejam vivos na hora da necropsia. Se estiverem vivos apre- sentarão movimentos rápidos (os menores) e colo- ração característica. A cutícula tende a diminuir a velocidade de penetração dos fixadores. Os nematóides devem ser removidos para placas de petri contendo ssf 0,85% ou água de torneira. Quando todos tiverem sido coletados, devem ser colocados em um pequeno frasco con- Figura 10. Acantocéfalos (jovem-adultos) do gênero Centrorhynchus, parasitos de anu-branco, Guira guira (Gmelin, 1788) e de anu- preto Crotophaga ani (linnaeus, 1758), mortos em água destilada no refrigerador, com a probóscide completamente evertida. Figura 11. Três fêmeas e três machos adultos da mesma espécie (veja bolsa copuladora evertida nos três espécimes da direita). Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento12 J. F. R. Amato & S. B. Amato tendo água ou solução de limpeza (Formula 1) e agitados vigorosamente. A morte/fixação dos nematóides deverá ser feita com fixador aquecido a 65ºC. O calor faz o fi- xador agir com rapidez impedindo que o helminto enrole já que os nematóides possuem apenas mus- culatura longitudinal. Devem ser transferidos para placas de petri de preferência pequenas, com 6cm de diâmetro (dependendo do tamanho da infrapo- pulação) , com uma quantidade mínima de líqui- do e sobre eles é derramado, rapidamente, A.F.A. aquecido. Resumo 01) Devem, preferencialmente, ser coletadosvivos. 02) À medida que são coletados devem ser transferidos para ssf 0,85% ou água de torneira. 03) Ainda na solução salina, em água de torneira, ou solu- ção para limpeza, os nematóides devem ser agitados vigorosamente. Como Fixar os Helmintos A primeira razão para a escolha de um fixador deve ser a preparação dos tecidos para o uso futuro. O efeito endurecedor dos fixadores deve ser con- siderado. Se existem dúvidas em relação à futura utilização de um tecido use a formalina como fi- xador, pois ela permite tratamentos de pós-fixação (Humason, 1979). A fixação é a ação de determinadas substâncias que impede a decomposição de tecidos, mantendo a estrutura e a forma de todos os seus componentes. As soluções fixadoras não devem ser usadas como líquido de conservação. Após a ação do fixador, cerca de 48h, no máximo, os espécimes são transfe- ridos para o líquido de conservação, o etanol, usado na concentração de 70ºGL. Em nosso laboratório usamos um densímetro de Gay Lussac (alcoômetro) para fazer as diluições de etanol. Isto afere com mais precisão a quanti- dade de água adicionada ao álcool. Hoje em dia a graduação alcoólica do etanol vendido no co- mércio é indicada em ºGL, isto é, a determinação da quantidade de água presente no etanol é feita através da densitometria. O uso da percentagem, na maioria das vezes, é impreciso, principalmente porque na rotina do laboratório não fazemos as di- luições alcoólicas a partir de etanol absoluto, mas sim de etanol comercial que pode nem ser 96ºGL e sim apenas 40 ou 46ºGL. Deve-se ter muito cui- dado com o etanol vendido em supermercados ou em grande quantidade (tonéis), sendo sempre reco- mendável fazer sua aferição, de tempos em tempos, com um densímetro. Muitos laboratoristas não têm a preocupação de aferir a graduação alcoólica do etanol que está em uso. Como Fixar Digenéticos Os trematódeos digenéticos, como já foi dito acima, são comprimidos entre lâminas ou entre lâ- mina e lamínula e devem ser fixados com A.F.A. (Fórmula 6) em temperatura ambiente. Não há sentido em usar o fixador quente em helmintos que já estão comprimidos. Outro aspecto a considerar é que há diferen- ça no procedimento de fixação entre digenéticos pequenos e digenéticos grandes. Os primeiros são colocados sobre uma gota de água, em uma lâmi- na colocada dentro de uma placa de petri (Fig. 7), sobre esta coloca-se uma lamínula de tamanho pro- porcional ao espécime, e com auxílio de dois pe- quenos frascos onde colocamos líquido ou chum- binhos de caça, é feita a compressão. A compressão deve diminuir a altura do parênquima, sem alterar a forma dos órgãos. É preciso cuidar para que os espécimes não sejam comprimidos em excesso. O tempo de compressão irá variar entre 15 e 30min, dependendo da espessura do espécime. Os digené- ticos grandes devem ser comprimidos entre duas lâminas (Fig. 9), com auxílio de duas amarrações feitas com linha URSO nº 00 (Fig. 8). Como a li- nha URSO, comprada em carretéis, é engomada, as amarrações com nó cirúrgico (que permite contro- lar a pressão) devem ser feitas com a linha, previa- mente, mergulhada em água. Muitas vezes os digenéticos podem escapar da compressão pelo lado das lâminas, caso tenham sido colocados sobre uma gota muito generosa de água, ou se forem muito musculosos. Se os espéci- mes estão muito escorregadios podem ser passados, rapidamente, sobre um pedaço de papel filtro an- tes de serem colocados sobre a lâmina. O conjun- to deve ser colocado em um frasco, ou beaker (Fig. 9), contendo o fixador na temperatura ambiente, deixando-se pedaços de linha URSO para fora do frasco. Esta providência auxiliará no momento que tivermos que puxar as lâminas para cortar as laça- das de linha e liberar os espécimes. O tempo de compressão estará correto quando o espécime não ficar aderido à lamínula ou à lâmi- na, ao desfazermos a montagem de compressão. Os espécimes comprimidos são reunidos, com a res- pectiva etiqueta, em frasco contendo o fixador até que seja completado o tempo de 48h no máximo. Completado o período de fixação, os espécimes de- vem ser passados para o líquido conservante, isto é, etanol 70ºGL. Para que o corante apresente bom resultado é preciso que o fixador seja totalmente removido Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 13 J. F. R. Amato & S. B. Amato dos tecidos e substituído por etanol 70ºGL. É re- comendável que sejam feitas duas ou três trocas de etanol 70ºGL antes da coloração dos espécimes. Resumo 01) Helmintos devem ser mortos em água destilada, no refrigerador. 02) Fixar em A.F.A. em temperatura ambiente. 03) Deixar NO MÁXIMO 48h no fixador. 04) Transferir para o líquido conservador – etanol 70ºGL. Como Fixar Cestóides Os cestóides de porte médio devem ser fixados como os trematódeos digenéticos grandes, sendo comprimidos entre duas lâminas. Pode-se escolher fixar estes cestóides inteiros, utilizando placas de vidro longas, que caibam dentro de um recipiente (prato pirex retangular com tampa) também de porte médio, ou pode-se fixar conjuntos de progló- tides comprimidos entre duas lâminas comuns para microscopia. Neste caso as lâminas são amarradas e colocadas em posição vertical dentro do recipiente ou beaker de 250ml (Fig. 9). Os cestóides de porte pequeno ou as progló- tides, geralmente grávidas, que se soltaram do es- tróbilo podem ser comprimidos como se fossem trematódeos digenéticos pequenos. À medida que as necropsias vão sendo realizadas, deve-se fazer a coloração de alguns espécimes para auxiliar no pla- nejamento sobre quais trechos do estróbilo devem ser cortados. Desta forma teremos os melhores tre- chos de proglótides imaturas, maduras e grávidas, além, é claro, do escólece. Esta é a hora para prepararmos escóleces com rostelos armados com ganchos. Para esta técnica devemos utilizar aqueles escóleces que ficaram des- membrados dos estróbilos. Para estudo da morfo- logia dos ganchos os escóleces deverão ser cortados com gilete, deixando-se uma quantidade mínima de tecido ao redor dos ganchos e colocados sobre uma gota do meio de montagem de Faure (Fórmula 14). Este meio de montagem foi proposto pelo Dr Giovani Faure, e embora utilizado para montagens temporárias, seca na temperatura ambiente, de modo a deixar a preparação definitiva (Fig. 12). Como Fixar Acantocéfalos Os acantocéfalos que também têm tegumen- to serão fixados como os trematódeos digenéticos grandes, isto é, entre lâminas amarradas. Estes hel- mintos devem ficar mais tempo sob compressão no fixador, pois são organismos pseudocelomados e têm uma cavidade preenchida por f luído. Caso sejam retirados da compressão antes do tempo ade- quado, o corpo voltará à sua espessura inicial. Deve- mos fazer alguns (poucos) orifícios bem pequenos nos acantocéfalos, usando agulhas para acupuntu- ra ou micro-alfinetes entomológicos. Estes orifícios devem ser feitos nas regiões anterior e/ou mediana do corpo, próximo às margens, para não danificar estruturas internas importantes na determinação taxonômica. Normalmente, os acantocéfalos se posicio- nam sobre um dos lados do corpo, isto possibilita a identificação dos lados dorsal e ventral. Espécimes com a probóscide parcialmente evertida podem ser usados para a preparação de um, ou mais, cortes transversais da probóscide, os quais serão úteis no estudo da oncotaxia, além de permitir a contagem inequívoca do número de fileiras longitudinais de ganchos. Como Fixar Nematóides Os nematóides são os únicos helmintos que deverão ser fixados a quente. A fixação a quente será efetiva se os nematóides estiverem vivos. Os helmintos que foram recém coletados, depois de limpos em solução de limpeza (Fórmula 1) deve- rão ser transferidos para uma placa de petri funda contendo muito pouco líquido. A seguir o fixador (A.F.A.) quente (65ºC) será derramado rapidamen- te sobre os nematóides. As Figs 13 e 14 mostram a ação da fixação a quente.Os helmintos não se enrolam podendo assim ser medidos e desenhados com mais facilidade. Como os nematóides abaixo são representantes da superfamília Ascaridoidea, pode-se notar que a porção posterior do corpo dos machos continua curvada ventralmente, em sua posição característica. Somente no caso dos nematóides pode-se adicionar 5% ou 10% de glicerina pura ao etanol 70ºGL, onde os helmintos serão conservados. A glicerina deixará os helmintos mais maleáveis, Figura 12. Escólece de Microsomacanthus hopkinsi (schiller, 1951) parasito de marrecão, Netta peposaca, do Rio Grande do Sul, montado em Faure e fotografado com contraste de fase. Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento14 J. F. R. Amato & S. B. Amato terísticas próprias que se ref letem em diferentes graus de cromofilia (maior ou menor capacidade de absorver corantes) e ficará corado com uma in- tensidade própria que permitirá o seu reconheci- mento. Existem dois métodos básicos para a colora- ção de tecidos. O primeiro método, chamado de processo progressivo, utiliza os corantes na forma extremamente diluída. O corante é deixado em contato com os espécimes por um longo perío- do de tempo (dias). Assim, cada tecido/órgão vai absorvendo o corante de forma mais, ou menos, intensa. Os tecidos/órgãos menos cromófilos fica- rão menos corados do que os mais cromófilos. Há corantes que têm mais afinidade nuclear (hemato- loxilinas) e corantes que têm mais afinidade cito- plasmática (carmins). O segundo método é chama- do de processo regressivo porque utiliza corantes pouco diluídos e por tempo determinado pressu- pondo que todos os tecidos/órgãos ficarão com excesso de corante. Com auxílio de uma solução diferenciadora (Fórmula 9), o excesso de corante será removido de acordo com a cromofilia do te- cido/órgão. Em nosso laboratório sempre usamos o processo regressivo, tanto para as hematoxilinas como para os carmins. Cada corante será formulado estritamente de acordo com a proposição de seu autor, ou como está listado em obras especializadas no processa- mento técnico de tecidos animais. Seguimos, ba- sicamente, os preceitos de Gretchen L. Humason (Humason, 1979) ou de manuais de laboratório, por exemplo, Cable (1969). Alguns corantes se apresentam com formulação aquosa, enquanto outros, se apresentam com formulação alcoólica. Isto vai determinar o número de etapas a serem seguidas em cada sequência. Se o corante possui uma formulação aquosa é preciso hidratar, lenta- facilitando a sua manipulação. Grandes nematói- des conservados em etanol glicerinado poderão ser dissecados, e os órgãos internos, normalmen- te enovelados, poderão ser estendidos para fora do corpo sem fragmentar-se. Durette-Desset (1984), no entanto, chama atenção que a gliceri- na não deve ser utilizada em helmintos que serão processados para estudos histológicos e citológi- cos. Resumo 01) Nematóides vivos – transferir para placa de petri funda, com muito pouco líquido. 02) Fixador A.F.A. já deve estar aquecido a 65ºC. 03) Derramar o fixador rapidamente, em grande volume, sobre os helmintos vivos. 04) Deixar 48h no fixador. 05) Transferir para o líquido conservador – etanol 70ºGL, etanol com 5% ou 10% de glicerina. Como Corar e/ou Clarificar os Helmintos Como Corar Platielmintos e Acantocéfalos A coloração dos helmintos tem por objetivo auxiliar na identificação dos vários órgãos. Isto é necessário para que o taxonomista reconheça aque- les órgãos não esclerotinizados que são caracteres taxonômicos e que serão utilizados na determina- ção dos táxons superiores bem como dos gêneros e espécies. Na grande maioria dos casos, apenas um corante será utilizado, mas pode haver a necessida- de de utilizarmos dois ou três corantes, separados e em sequência, ou combinados em uma mesma for- mulação. A coloração padrão que usamos na helminto- logia, principalmente em preparações in toto, está baseada na idéia de que cada tecido tem carac- Figura 13. Fêmeas selecionadas. Figura 14. Machos, mostrando que o método é efetivo para a maioria dos espécimes. Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 15 J. F. R. Amato & S. B. Amato mente, os helmintos que serão corados até a água destilada (hematoxilina de Delafield), porém, se o corante possui uma formulação alcoólica (car- mins), já podemos iniciar a sequência pelo etanol 70ºGL, que é o líquido conservador onde os espé- cimes já se encontram. O processo de coloração exige a passagem dos espécimes por recipientes (placas de petri de 2 cm de altura e 6 cm de diâmetro) ou recipientes especiais chamados de ‘stender dishes’ colocados sobre papel toalha em uma bandeja rasa. A pas- sagem de muitos espécimes ao mesmo tempo se- ria tediosa e provocaria um problema de tempos variáveis na mesma etapa para os espécimes que fazem parte do grupo que está sen- do corado. Assim, em nosso laboratório criamos as penei- ras de coloração, pequenas peneiras feitas com anéis de redução em PVC com 3cm de diâmetro (Fig. 5) e tela de musseline de náilon, cola- da ao anel com cola especial para PVC. Com elas, vários, ou mesmo muitos espécimes passarão juntos pelas dife- rentes etapas, simplesmente pela transferência da peneira com o auxílio de uma pinça. Sempre devemos ter o cuida- do para não permitir que o líquido dentro da peneira es- corra completamente, ou que algum espécime f lutue quan- do da sua entrada na solução seguinte. Caso isto aconteça deve-se empurrar, com um pincel ou agulha histológica, o espécime para baixo até que o mesmo fique com- pletamente submerso. Não devemos permitir que os espécimes entrem em contato com o ar, evitan- do que o ar penetre pelos orifícios naturais. Os tempos de permanência em cada etapa do processo, indicados nas Tabelas 1 e 2, são relativos e dependem do tamanho do espécime. Quinze mi- nutos seria o tempo padrão, mas deve ser aumen- tado em caso de espécimes maiores. A seguir apre- sentamos os dois tipos de sequência, tipicamente a sequência aquosa para as hematoxilinas e a sequên- cia alcoólica para os carmins. Como o corante hematoxilina de Delafield foi formulado em solução aquosa, iniciamos a HIDRA- TAÇÃO pela série decrescente de álcoois (etanol) que inicia na mesma graduação onde os espécimes já se encontram conservados no estoque. O tempo de 15 min é apenas para referência. Dependendo do tamanho dos espécimes, o tempo de 15 min pode- rá ser aumentado. A água destilada é o diluente do corante hematoxilina. É importante que seja água destilada, pois a água de torneira, em algumas cida- des, está carregada de tantas substâncias químicas básicas que poderá oxidar a hematoxilina antes do momento certo. A ação do corante que usaremos no item 5 da bateria de coloração poderá variar de acordo com o estado de maturação da solução estoque (tempo decorrido desde a sua preparação até o uso; deven- Tabela 1 Sequência para coloração de helmintos pelas hematoxilinas PROCESSO REGRESSIVO 1. Etanol 70ºGL 15 min 2. Etanol 50ºGL 15 min HIDRATAÇÃO 3. Etanol 30ºGL 15 min 4. Água destilada Lavagem rápida 5. Hematoxilina de Delafield Tempo variável COLORAÇÃO 6. Água destilada Lavagem rápida 7. Água de torneira/amoniacal 15 min OXIDAÇÃO 8. Etanol 30ºGL 15 min DESIDRATAÇÃO 9. Etanol 50ºGL 15 min 10. Etanol 70ºGL, Clorídrico 0,5% Tempo variável DIFERENCIAÇÃO 11. Etanol 70ºGL 15 min 12. Etanol 80ºGL 15 min 13. Etanol 90ºGL 15 min DESIDRATAÇÃO 14. Etanol Absoluto I 15 min 15. Etanol Absoluto II 15 min 16. Óleo de cedro/creosoto de faia Tempo variável CLARIFICAÇÃO Figura 21. Bateria para coloração pelas hematoxilinas. Bateria para coloração de helmintos pelas hematoxilinas PROCESSO REGRESSIVO Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento16 J. F. R. Amato & S. B. Amato do maturar por, pelo menos, seis semanas) e com a diluição utilizada. O corante deve ser filtrado em papel filtro antesdo uso. A diluição da solução es- toque deverá ser feita com água destilada. A adição de água destilada ao corante estoque deve ser feita na placa de coloração e, aos poucos, a quantidade de água será aquela que permitirá a visualização de um texto de jornal com letras grandes colocado sob a placa com o corante. É sempre recomendável testar a diluição e o tempo de coloração corando um espécime antes de proceder a coloração de um grupo maior de espécimes. A qualidade do resulta- do poderá variar com a espécie de helminto, com o tempo decorrido desde a sua coleta e fixação, com o fixador utilizado e com o grau de remoção do fi- xador através das lavagens em etanol. Os melhores resultados são obtidos com espécimes que não te- nham sido armazenados por muito tempo. Encerrado o tempo de coloração, passamos os espécimes por água destilada, para assegurar a remoção de eventuais depósitos de corantes sobre sua superfície. Com os espécimes livres de detritos ini- ciamos a etapa de OXIDAÇÃO da hematoxilina colocando os espéci- mes em água com pH básico, por 15 minutos. Dependendo da qualidade de tratamento da água que chega à torneira do laboratório, a oxidação pode ser feita com esta água, em caso contrário devemos usar água amoniacal (Fórmula 2). A oxida- ção fará com que a hematoxilina de cor arroxada fique azulada (Figs 18 e 19). Desta forma teremos tecidos/ órgãos com diferentes intensidades de coloração devido ao diferente grau de cromofilia e com diferentes tonalidades en- tre roxo e azul. Após a oxidação, iniciamos a DESIDRATA- ÇÃO dos espécimes. Na passagem pelo etanol- clorídrico (Fórmula 9) que é a solução diferen- ciadora, veremos a remoção do excesso de corante adquirido pelos tecidos. Esta etapa deve ser acom- panhada ao estereomicroscópio. Para facilitar a observação, os espécimes devem ser retirados das peneiras de coloração, sendo deixados no fundo da placa de petri com etanol-clorídrico. Quando estamos processando vários espécimes na mesma peneira de coloração, é preciso lembrar que, como eles podem ter diferentes graus de compressão, o tempo de diferenciação poderá variar dentro do mesmo grupo. Por isto o tempo nesta etapa é va- riável. A peneira de coloração que trouxe os espé- cimes até a etapa da DIFERENCIAÇÃO já deve estar esperando dentro da placa de petri seguinte que contém etanol 70ºGL. Quando todos os es- pécimes estiverem corretamente diferenciados, continuamos a etapa da desidratação, que vai ser concluída com o etanol absoluto II. Como decidir sobre o ponto certo da diferenciação? Esta dúvida sempre confunde os principiantes. Algumas vezes, devido ao tamanho dos espécimes ou também de- vido à maior ou menor compressão, pode-se ver se a maior parte do corante já foi removida do parên- quima (trematódeos e cestóides). O parênquima é o tecido menos cromófilo do corpo dos platielmin- tos. O correto é transferir cada espécime com um pincel, um pouco antes do ponto certo, pois com a contaminação do líquido seguinte (etanol 70ºGL) a diferenciação sempre continua por mais um pou- co de tempo. Em determinadas ocasiões, caso seja neces- sário interromper o processo de coloração, não Tabela 2 Sequência para coloração de helmintos pelos carmins PROCESSO REGRESSIVO 1. Etanol 70ºGL 15 min 2. Carmim Tempo variável COLORAÇÃO 3. Etanol 70ºGL Lavagem rápida 4. Etanol 70ºGL, Clorídrico 0,5% Tempo variável DIFERENCIAÇÃO 5. Etanol 70ºGL 15 min 6. Etanol 80ºGL 15 min 7. Etanol 90ºGL 15 min DESIDRATAÇÃO 8. Etanol Absoluto 1 15 min 9. Etanol Absoluto 2 15 min 10. Óleo de cedro/creosoto de faia Tempo variável CLARIFICAÇÃO Figura 22. Bateria para coloração pelos carmins. Bateria para coloração de helmintos pelos carmins PROCESSO REGRESSIVO Qualquer coloração pressupõe a COMPRESSÃO dos helmintos. Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 17 J. F. R. Amato & S. B. Amato Figura 15. Eurytrema coelomaticum (Giard & Billet, 1892), parasito dos ductos pancreáticos de bovinos, corado pelo carmin alcoó- lico de Langeron, como exemplo de coloração e diferenciação corretas para os carmins. Figuras 16 - 20. Digenéticos corados pela he- matoxilina de Delafield, mostrando diferentes aspectos de coloração e da diferenciação. Figura 16. Conspiccum conspicuum (Farias, 1912), parasito da vesícula biliar do sabiá-laranjeira, Turdus rufiventris Vieillot, 1818, corado pela hematoxilina, mas com menor oxi- dação. Figura 17. Prosthogonimus ovatus (rudolphi, 1803), parasito do biguá, Phalacrocorax brasilianus do Lago Guaíba, exemplo de coloração e diferenciação corretos. Figuras 18 e 19. Stomylotrema vicarium Braun, 1901, parasitos da cloaca de anú-branco, Guira guira e anú-preto, Crotophaga ani, mostrando a ação menor ou maior da água amoniacal oxidando a hematoxilina de Delafield, assim como a correta diferenciação pelo etanol 70ºGL-clorídrico a 0,5%. Figura 20. Ribeiroia ondatrae (price, 1931), parasito de biguá do Lago Guaíba, onde aparecem os ovos com ar (pretos). Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento18 J. F. R. Amato & S. B. Amato que a primeira etapa de desidratação não existe, pois os carmins são sempre de formulação alcoóli- ca. A advertência de que os espécimes a ser corados devem passar pelo etanol 70ºGL deve ser sempre considerada, sobretudo na possibilidade de que algumas vezes é necessário que a fixação seja feita em formalina 10% fosfato tamponada. Todas as de- mais etapas são as mesmas utilizadas na sequência (Tabela I) e na bateria de coloração das hematoxi- linas (Fig. 21). Como Clarificar Nematóides Processo para clarificação de nematóides. Montagens temporárias em glicerina/gelatina de glicerina. Os nematóides quase nunca são corados para a realização de estudos taxonômicos, pois os carac- teres utilizados pelos autores das chaves artificiais são, normalmente, caracteres esclerotinizados. Di- ferente da maneira que usamos para a determina- ção de um trematódeo digenético, um cestóide, ou mesmo um acantocéfalo, não precisaremos corar gônadas, por isso basta clarificar o corpo do hel- minto. Existem dois métodos para clarificar nema- tóides, utilizados pela maioria dos helmintolo- gistas que estudam este grupo de helmintos. No primeiro faz-se uma montagem temporária, como proposto por Anderson (1958), usado tanto para nematóides inteiros como para cortes ‘en face’ da extremidade oral. Esta técnica é muito importante na identificação da forma da abertu- ra oral, lábios, papilas de vários tipos (cefálicas, labiais e sublabiais) e abertura dos anfídios. Após o corte transversal com uma gilete nova do tipo (‘single-edge-razor-blade’), comum no comércio dos Estados Unidos, obtém-se uma ‘tampa’ que deve ser mais larga do que alta, para que possa ficar apoiada sobre a superfície cortada. Este cor- te da extremidade apical do nematóide é feito depois que os espécimens destinados a este fim foram levados lentamente do etanol 70ºGL até a glicerina pura com a adição gradativa de gotas de glicerina ao etanol 70ºGL onde os nematóides estão. Pode-se também agilizar a evaporação do etanol deixando a placa de petri ficar sem tampa em local livre de poeira e de formigas (as formigas são atraídas pela glicerina). No momento do corte transversal, que re- sultará na extremidade anterior, já devemos ter preparado uma lâmina para microscopia conten- do uma gota de gelatina de glicerina (Fórmula 13) dentro de uma placa de petri que foi deixada no congelador para endurecimento da gelatina. Aquece-se em placa quente, uma ou mais lamínu- devemos parar no etanol 70ºGL logo depois da etapa da diferenciação, pois aquele recipiente ainda conterá líquido diferenciador carreado com a peneira, e por isto, a diferenciação passa- rá do ponto certo. Só devemos parar no etanol 90ºGL ou nos recipientes com etanol absoluto I e II. Os recipientes destinados ao etanol absolu- to devem ser deixados vazios até o momento em que formospassar os espécimes do etanol 90ºGL para o etanol absoluto I. Este cuidado é impor- tante para evitar qualquer possibilidade de hi- dratação, pois a etapa seguinte, a CLARIFICA- ÇÃO exige que os espécimes estejam completa- mente desidratados. Classicamente a clarificação é feita com creosoto de faia, salicilato de metila, ou óleo de cravo. As duas primeiras substâncias, além de tóxicas, são bastante caras. Uma alter- nativa que temos usado em nosso laboratório é o óleo de cedro de alta qualidade (usado para mi- croscopia). A qualidade do óleo de cedro é muito importante, ele precisa ser incolor e transparen- te. Não use óleo de cor amarelada. Importante, o óleo de cedro só tem apresentado bons resulta- dos em trematódeos dignéticos e cestóides, com os acantocéfalos recomendamos o uso de creoso- to de faia. Quando existe dúvida sobre a utili- zação do óleo de cedro pode-se voltar ao uso do creosoto de faia, o qual pode custar mais de R$ 1.000,00 por 500ml. Os espécimes que estiveram dentro da penei- ra de coloração até o etanol absoluto II devem ser retirados da mesma, sem deixarem de estar sempre mergulhados em etanol. Um simples movimen- to inclinando a peneira dentro da placa de petri facilitará a retirada dos espécimes, se eles forem muito pequenos podem ser pipetados, ou também podemos usar um pincel delicado para colocá-los no fundo da placa de petri. A clarificação (ou dia- fanização) será feita em mini-placa de petri (Fig. 6) contendo a substância diafanizadora (creosoto ou óleo de cedro). O diâmetro da mini-placa de petri deve ser proporcional à quantidade de espé- cimes que serão clarificados. Com os espécimes no fundo do recipiente contendo etanol absoluto II, passamos um-por-um, com o auxílio de pincel, para a mini-placa de petri contendo a substância diafanizadora. Com os espécimes submersos na substância diafanizadora, adiciona-se gotas de bálsamo do Ca- nadá ultra fino, até que eles estejam basicamente banhados em bálsamo, para então montá-los entre lâmina e lamínula. A sequência (Tabela II) e o diagrama da bate- ria de coloração pelos carmins (Fig. 22), mostram Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 19 J. F. R. Amato & S. B. Amato las bem limpas e do tamanho correto para a gota de gelatina. Com o corte da extremidade anterior pronto, deixado em minúscula gota de glicerina, faz-se um orifício no centro da gota que chegue ao vidro da lâmina, e, rapidamente, transfere- se a extremidade apical para dentro do orifício. Depois de ter certeza de que a extremidade api- cal, realmente, está com a parte superior voltada para cima, colocamos a lamínula aquecida sobre a gota. Na montagem certa, a gelatina de glicerina derretida não vazará além dos limites da lamínu- la, o que permitirá a lutagem, prolongando a du- ração da preparação. A lutagem poderá ser feita com esmalte incolor para unhas. Resumo 01) Transferir do etanol 70ºGL para etanol com 10% e 50% de glicerina. 02) Lentamente, adicionar glicerina pura, até que os nematóides fiquem apenas em glicerina. 03) Montar em gelatina de glicerina e lutar com esmalte incolor para unhas. Processo para Clarificação de Nematóides. Montagens Definitivas em Bálsamo do Canadá. O segundo método de clarificação de nematóides usa lactofenol de Amann (Fórmula 3) como meio diafanizador e deve ser utilizado quando se pretende produzir montagens defi- nitivas para depósito em coleções de referência, onde o meio de montagem será o bálsamo do Canadá. O lactofenol, por ter uma formulação aquosa, permite que os nematóides sejam trans- feridos diretamente da solução conservadora, i. e., o etanol 70ºGL. Clarifica muito rapidamente os nematóides de pequeno e médio porte. Estes nematóides depois de estudados em lactofenol podem retornar ao etanol para conservação, ou seguir, através do creosoto de faia, para o bálsa- mo do Canadá. A cutícula, que é parte da parede do corpo dos nematóides pode, em alguns casos, i.e. nematóides de porte médio e grande, ser um problema, difi- cultando a penetração do meio de montagem. Já ao receber o creosoto de faia deve-se ter o cuidado para que a manipulação dos helmintos não permita a entrada de ar pelos orifícios naturais (boca, poro excretor, vulva ou pela cloaca nos machos). Se o ar penetrar no espécime será muito difícil removê-lo, mesmo que se utilize um pincel e pressão sobre a bolha de ar em direção ao exterior. Pode-se ter cer- teza de que o ar penetrou no espécime pela presen- ça de área escura resultante da expansão da bolha de ar inicial. Para nematóides de pequeno porte costuma- mos utilizar mini-placas de petri. Primeiro coloca- mos uma pequena quantidade de creosoto e com um pincel delicado transferimos todos os nematói- des do lactofenol para o creosoto. A permanência no creosoto é muito importante, pois prepara os nematóides para receber bálsamo ultra-fino. Como o lactofenol tem água em sua composição, é aconse- lhável que os espécimes sempre passem pelo creoso- to, que além de diafanizador também completará a desidratação, por ventura necessária. A seguir, com os nematóides já na mini-placa de petri (poucos espécimes) ou em placas de petri de 6 cm diâmetro, inicia-se a adição de bálsamo do Canadá ultra-fino - poucas gotas todos os dias. A diluição do bálsamo do Canadá é efetuada com a adição de xileno de altíssima qualidade. Xileno de baixa qualidade pode conter água, o que é inacei- tável, pois produzirá gotículas esbranquiçadas no bálsamo. Quanto mais fino o bálsamo melhor. O processo levará alguns dias. Caso se observe um co- lapsamento da parede do corpo de algum dos nema- tóides, suspende-se a adição do bálsamo. Raramente a parede do corpo que colapsou retornará à posição original. Por isso é sempre aconselhável que se faça este procedimento de forma muito gradual. Os ne- matóides, depois que estiverem imersos em bálsamo puro, podem ser montados neste próprio bálsamo. Eventual evaporação, com recessão do bálsamo sob a lamínula, pode ser corrigida adicionando-se bálsa- mo por um dos lados, com uma pipeta de Pasteur. Os nematóides de porte grande, que não cla- rificam com o lactofenol, devem ser passados para uma placa de petri com solução de fenol a 1% (Fór- mula 4), e caso seja necessário devem ser passados para uma solução de fenol a 10% (Fórmula 5). De- pois de clarificados seguem o caminho normal até o bálsamo do Canadá. Resumo 01) Remover a glicerina com etanol 70ºGL. 02) Transferir para lactofenol de Amann. 03) Transferir para creosoto de faia. 04) Deixar os nematóides em uma quantidade mínima de creosoto e adicionar, lentamente, bálsamo do Canadá, ultra-fino. 05) Montar no próprio meio onde os nematóides estão. Como Preparar os Espécimes para Depósito em Coleções de Referência Montagens dos Helmintos O passo final é a MONTAGEM. É nosso costume cortar lamínulas com o tamanho pro- Ornitologia e Conservação: Ciência Aplicada, Técnicas de Pesquisa e Levantamento20 J. F. R. Amato & S. B. Amato porcional ao espécime que está sendo montado, utilizando um lápis de diamante ou um mar- cador de azulejos que pode ser adquirido em casas de ferragens. Espécimes pequenos serão montados sob lamínulas pequenas, sempre com a superfície ventral voltada para cima e a região anterior do corpo voltada para baixo. Assim, ao ser colocado ao microscópio, instrumento que inverte a imagem dos objetos observados, o es- pécime já estará na posição correta para estu- do. A numeração coletiva, contada ( JFA-2165 -1-1-17) ou não ( JFA-2165-1-1-n) na etapa da coleta, agora será individualizada. Cada espéci- me montado receberá um número próprio que fará parte da etiqueta, por exemplo: JFA-2165- 1-1. Este número deverá ser escrito com lápis de diamante, ou tinta à prova d´água, no bordo la- teral direito. Em cada infrapopulação sempre é possível organizar os espécimes de acordo com o tamanho e qualidade. O melhor espécime sem- pre receberá o número 1. Na maioriadas vezes, quando a espécie é nova para a Ciência, este es- pécime será escolhido como HOLÓTIPO. No caso de espécies dióicas, o melhor macho será o HOLÓTIPO e a melhor fêmea será o ALÓTI- PO. Com todos os espécimes numerados de acor- do com sua qualidade (do melhor ao pior, do maior ao menor) podemos escrever, temporaria- mente, na lâmina os detalhes mais importantes, tais como: ‘ótimo’, ‘bom’, ‘macho’, ‘fêmea’, ‘cirro’, ‘ar nos ovos’, ‘bolsa do cirro’, ‘espículos’, ‘guberná- culo’, etc... O número individual de cada espécime deve ser incluído em planilha, produzindo-se as- sim uma lista que deverá ser guardada em arquivo especial e também na caixa onde as lâminas serão armazenadas. A lista é importante, pois as lâminas deverão ser limpas com etanol absoluto (não usar xileno, e muito menos etanol que não seja absoluto) para o depósito em coleções de referência, o que apagará as observações que foram feitas ao longo de seu estudo. Quando os es- pécimes (holótipos e alóti- pos, parátipos, ou espécimes representativos – ‘voucher specimens’) receberem nú- mero da coleção de referên- cia, devemos anotar na lista o nome da instituição onde foram depositados e colocar um cartão com o ta- manho de uma lâmina para microscopia (24mm por 76mm) no lugar que ficou vago. No cartão deve-se escrever os dados do espécime que está em cada lâmina. Todos os espécimes que não me- receram ser montados individualmente, deverão ser reunidos na última lâmina. Durante o processo de montagem as lâminas devem ser colocadas em bandejas especiais para lâminas, onde deverão permanecer em posição horizontal até que o bálsamo esteja completamen- te endurecido. Somente enviar para depósito lâ- minas que estejam com o bálsamo completamente endurecido. Etiquetas Normas para confecção de etiquetas para lâminas Para textos já digitados em Word ® 01) Usar o formulário padrão com as linhas-guia apropriado para o modelo de etiqueta que será utilizado. 02) Digitar o texto em Word® (doc). 03) Abrir o arquivo de etiquetas (doc). 04) Abrir o arquivo do Corel Draw® (cdr). 05) Copiar (Ctrl+C) o texto de cada etiqueta. 06) Abrir uma caixa de texto em parágrafo (De- fault Paragraph Text) no Corel Draw® (Bar- ra de ferramentas – A) e colar o texto (Ctrl + V). 07) Marcar a lâmina que contém o HOLÓTI- PO, com um asterisco bem visível ou um dos cantos da etiqueta com uma linha dia- gonal. (Somente usar impressora a laser.) Figura 23. Modelo de etiqueta para ser colada no lado esquerdo da lâmina permanente. O lado direito deverá ser deixado livre para receber a etiqueta da coleção de referência. JFA-2165-1-1 Echinuria uncinata Netta peposaca Proventrículo Santa Vitória do Palmar, RS, Brazil FA-2165-1-1 Echinuria uncinata Netta peposaca Proventrículo Santa Vitória do Palmar, RS, Brazil FA-2165-1-1 Echinuria uncinata Netta peposaca Proventrículo Santa Vitória do Palmar, RS, Brazil 12 July 2004 Silveira et al./ col./det. HOLOTYPE JFA-2165-1-1 Echinuria uncinata Netta peposaca Proventrículo Santa Vitória do Palmar, RS, Brazil 12 July 2004 Silveira et al./ col./det. HOLOTYPE Técnicas gerais para coleta e preparação de helmintos endoparasitos de aves 21 J. F. R. Amato & S. B. Amato Fórmulas Fórmula 1 Solução para limpeza de helmintos (Hanelt & Janovy, Jr, 1999) Água sanitária........................................... 1 ml Água filtrada............................................. 249 ml Figura 24. Formulário com três colunas de etiquetas para imprimir o texto de duas etiquetas por coluna. JFA 2115-6-1 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-2 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-3 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-4 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-5 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-6 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-7 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-8 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-9 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-10 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-11 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-12 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-13 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-14 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 2115-6-15 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-6 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-1 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-2 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-3 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-4 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-5 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Female Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-12 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-7 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-8 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba, RS, Brazil 20 August 2003 Monteiro et al. Col./det. Male Delafield’s Hematoxylin Paratype JFA 1284-5-9 Andracantha tandemtesticulata Phalacrocorax brasilianus Lago Guaíba Guaíba,
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