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Continuação AULA 1 (17/08/20) – Célia Ambiel TRANSPORTE DE ÍONS E MOLÉCULAS ATRAVÉS DE MEMBRANAS CELULARES ESTRUTURA DA MEMBRANA Bicamada lipídica, contendo grande número de moléculas incrustadas nos lipídeos AS 3 PRINCIPAIS CLASSES DE LIPÍDEOS ENCONTRADOS EM MEMBRANAS Glicerofosfolipídeos – (ex.: fosfatidilcolina) 40 a 60% do conteúdo total de lipídeos Esfingofosfolipídeos – (ex.: esfingomielina) 10 a 20% Colesterol – 30 a 40% A distribuição de lipídeos na membrana celular é assimétrica entre as monocamadas interna e externa. Mobilidade dos lipídeos na membrana: o Difusão lateral o Rotação ao longo do próprio eixo o Flip-flop (de uma monocamada para outra) LEC: ↑ sódio ↓ potássio ↑ cloreto LIC: ↓ sódio ↑ potássio ↓ cloreto ↑ fosfatos e proteínas Carol Seixas Por que é importante manter a assimetria de membrana? Questão de logística estrutural: mantém enzimas, receptores, moléculas de adesão, sistemas de sinalização e outras moléculas nos folhetos da bicamada corretos, facilitando a atividade celular. “Quebra” da assimetria é geralmente associada com a ativação celular (adesão celular, agregação, apoptose, reconhecimento por células fagocíticas, etc) além, de estar associada a condições patológicas. Rafts (“barcas”) lipídicos Domínios submicrômicos ou nanomicrômicos (<300 nm), dinâmicos (tempo de meia vida de 10-20 ms), ricos em colesterol, esfingolipídeos e proteínas ligadas a GPI (glicosilfosfatidilinusitol); Proteínas integrais e periféricas podem ser “sequestradas” pelos rafts formando plataformas sinalizadoras importantes na transdução de sinal e em outras funções celulares; Facilmente visualizados em modelos de membrana; caracterização e visualização em membranas biológicas é ainda incompleta. Permeabilidade seletiva da bicamada lipídica a diferentes classes de moléculas: Quanto menor for a molécula e quanto menos pontes de hidrogênio fizer com a água, mais rapidamente essa molécula se difundirá através da bicamada. MODELO DO MOSAICO FLUIDO As moléculas de fosfolipídeos orientam-se para que suas extremidades polares de glicerol-fosfato fiquem em contato com a face intracelular aquosa e o fluido extracelular, e as caudas lipídicas apolares fiquem entre as duas camadas; Moléculas de colesterol inserem-se no meio da camada lipídica; Proteínas integrais ficam estreitamente ligadas de maneira mais frouxa à superfície; Carboidratos ligam-se tanto com as proteínas da membrana quanto com os lipídeos. PROTEÍNAS DE MEMBRANA Uma membrana típica contém 50% da sua massa em proteínas, porém essa quantidade em membranas mielinizadas é < que 25% e na membrana mitocondrial interna e cloroplastos é em torno de 75%; 50 moléculas lipídicas para 1 molécula de proteínas; Realizam muitas das funções específicas das membranas. Funções das proteínas de membrana Transporte Atividade enzimática Transdução de sinal Reconhecimento celular Junção celular Ancoragem (citoesqueleto, matriz extracelular) Tipos de proteínas de membrana Proteínas integrais Proteínas ancoradas à membrana Proteínas periféricas 1. Proteínas periféricas Associadas fracamente à cabeça polar dos lipídeos ou a proteínas integrais via interações eletrostáticas (ligações iônicas e ou pontes de hidrogênio). Importantes na sinalização, endocitose, na interação com lipid rafts e com o citoesqueleto. Canais proteicos: consistem de proteínas que se estendem através da membrana formando um poro. o Canais iônicos: transportam íons ou água. P. ex.: bomba de sódio e potássio, canais de cálcio, aquaporina. Proteínas transportadoras de íons ou moléculas P. ex.: transportadores de glicose (GLUTs) 2. Proteínas ancoradas à membrana Proteínas ancoradas a lipídeos o "Âncoras": cadeias de ácido graxo (miristil, palmitoil), grupo pernil (farnesil) Proteínas ancoradas a GPI o O aminoácido C terminal da proteína está ligado a uma etanolamina, a qual está ligada a um oligossacarídeo associado ao grupamento polar do fosfatidilinositol. As cadeias de ácido graxo do fosfatidilinositol se encontram inseridas na bicamada lipídica. AULA 2 (18/08/20) – Célia Ambiel Proteínas de membrana funcionam como: Proteínas estruturais (p. ex., distrofina) Enzimas – p. ex., adenilato ciclase (ATP AMPc) Receptores – p. ex., receptor nicotínico (canal seletivo a Na+ e K+ que se abre mediante a ligação de 2 moléculas de acetilcolina a um domínio extracelular) Canais de passagem de água e íons o Canais de vazamento – sempre abertos Transportam íons ou água de forma altamente seletiva. P. ex., canais de vazamento de Na+, K+ ou Ca++, aquaporinas Permeabilidade seletiva resulta das características do canal propriamento dito, como seu diâmetro, sua forma, e a natureza das características elétricas e das ligações químicas ao longo de suas superfícies internas. Proteínas ancoradas à lipídeos Proteína ancorada à GPI o Canais com comporta (aberto ou fechado) Transportam apenas íons de forma altamente seletiva. Sua) comportas abrem ou fecham mediante um estímulo: Químico – canais dependentes de ligantes Elétrico – canais dependentes de voltagem Mecânico – canais mecanodependentes Transportadoras de íons e moléculas – proteína carreadora ou transportadora fazem o transporte de íons e moléculas de forma altamente seletiva. o Um carreador que transporta um substrato é denominado uniporte. o Quando um carreador co-transporta duas ou mais moléculas na mesma direção através da membrana da célula, o processo é denominado simporte. o No antiporte, moléculas são trocadas em direções opostas, com uma movendo-se para dentro da célula e outra para fora. MAPA DAS PROTEÍNAS DE MEMBRANA TIPOS DE TRANSPORTE ATRAVÉS DA MEMBRANA CELULAR 1. TRANSPORTE PASSIVO OU DIFUSÃO A favor do gradiente de concentração) NÃO há consumo de energia metabólica. As moléculas ou íons se movem espontaneamente de uma área de alta concentração para uma área de baixa concentração. Simples (sem mediadores) ocorre através da BICAMADA LIPÍDICA ou de CANAIS PROTEICOS. Facilitado (com mediadores) via PROTEÍNAS CARREADORAS ou TRANSPORTADORAS. Random walk (caminhada aleatória) ou movimento browniano O movimento de uma molécula é aleatório, sendo o resultado de uma sequência de corridas e choques com mudança de direção. Apesar do movimento ser aleatório, a molécula vai sempre se afastar de um ponto arbitrário de origem. Difusão Resulta da agitação térmica (energia cinética) das moléculas e partículas. Cessa apenas na temperatura de zero absoluto (-273,15 °C). É movimento espontâneo e irreversível e sempre ocorre do local onde a concentração do soluto é maior para o local onde a sua concentração é menor. A difusão é um processo espontâneo, pois a variação total da entropia é maior que zero (ΔStotal> 0). O sistema evolui para uma entropia maior do que a entropia inicial (antes do início da difusão). A velocidade de uma molécula é diretamente proporcional à temperatura (energia cinética) e inversamente proporcional à massa da molécula. V = √𝟑𝐤𝐓/𝐦 T = temperatura; k = constante de Boltzmann: constante física que relaciona temperatura e energia das moléculas (1.381 x 10-23 J K-1); m= massa. ↑Temperatura ↑Velocidade ↑Energia cinética O tempo de difusão aumenta com o quadrado da distância: Ex.: uma molécula de glicose percorre 10 μm em alguns segundos; enquanto que, para uma distância de 10 cm, levaria 11 anos! FLUXO UNIDIRECIONAL E FLUXO RESULTANTE No equilíbrio, os fluxos unidirecionais são iguais e, portanto, o fluxo resultante é zero. No caso de uma molécula neutra (sem carga), no equilíbrio asconcentrações 1 e 2 se igualarão. NOTA: Nos líquidos orgânicos, Equilíbrio difusão efetiva = 0, o que, muitas vezes, é diferente de uniforme. Ex.: difusão de íons através da membrana celular. Fatores que afetam a taxa de difusão através de uma membrana celular: Solubilidade lipídica Tamanho molecular Espessura da membrana Gradiente de concentração Área de superfície da membrana Composição da camada lipídica Propriedades da difusão Moléculas movem-se de uma área de maior concentração para uma área de menor concentração, ou seja, a favor do gradiente de concentração; A difusão é um processo passivo (sem gasto de energia); Existirá movimento efetivo entre as moléculas até que as concentrações sejam equivalentes (para moléculas sem cargas); A difusão é rápida em distância curta e muito lenta em distância maior; A difusão está diretamente relacionada com a temperatura; A difusão é inversamente proporcional ao tamanho da molécula; A difusão pode acontecer em um sistema aberto ou através de uma separação entre dois sistemas. DIFUSÃO SIMPLES a) Substâncias lipossolúveis; b) Substâncias pequenas hidrossolúveis (íons). Substâncias lipossolúveis Atravessam passivamente a bicamada lipídica (difusão simples). Hormônios esteroides, colesterol, vitaminas A, D, E e K O sentido do transporte é a favor do gradiente de concentração da partícula. A facilidade de transporte (permeabilidade) depende do coeficiente de partição óleo/água. Substâncias hidrossolúveis ÍONS - Partículas eletricamente carregadas necessitam de um corredor aquoso (canal iônico) para atravessarem a membrana. DIFUSÃO FACILITADA Moléculas orgânicas eletricamente neutras - (aminoácidos, glicose, etc.) necessitam de transportadores para atravessarem a membrana A favor do gradiente de concentração Apresenta saturação: o número de proteínas carreadoras é limitado. A quantidade máxima transportada terá um limite (Vmáx). 2. TRANSPORTE ATIVO Contra o gradiente de concentração. HÁ consumo de energia metabólica. As moléculas ou íons se movem de uma área de baixa concentração para uma área de alta concentração. Somente ocorre com a participação de PROTEÍNAS CARREADORAS ou TRANSPORTADORAS. Primário: energia metabólica (hidrólise de ATP) Secundário: energia de outras fontes que não a metabólica Transporte ativo primário Ocorre contra o gradiente de concentração. A proteína carreadora (bomba) deve ter atividade ATPásica. Ocorre gasto direto de energia. A hidrólise de ATP fornece energia para o transporte. Ex.: bomba de Na+/K+, bomba de Ca++, bomba de H+ Apresenta saturação: o número de proteínas carreadoras (bombas) é limitado, a quantidade máxima transportada terá um limite (Vmáx). Transporte ativo secundário É aquele no qual está acoplado o transporte de dois ou mais solutos, onde um soluto (geralmente o sódio) se move de acordo com seu gradiente eletroquímico e o outro soluto se move contra seu gradiente eletroquímico. Assim não ocorre gasto direto de ATP, mas a energia é fornecida de modo indireto pelo transporte ativo (bomba de Na+/K+) que propiciou o gradiente de concentração do sódio. O transporte ativo primário cria gradientes de concentração para o transporte ativo secundário. Ex.: Cotransporte Na+/Glicose, Na+/aminoácidos nos enterócitos.
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