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AULA 1 - Responsabilidade Social e Empresarial

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RESPONSABILIDADE SOCIAL 
EMPRESARIAL 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Cora Catalina 
 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Os desafios para alcançarmos o desenvolvimento e o equilibrio planetário 
são inúmeros. A Responsabilidade Social Empresarial (RSE) é um dos caminhos 
para o desenvolvimento sustentável. Conhecer o contexto e os fatores que 
influenciam esta diretriz de gestão estratégica é parte da etapa inicial. 
Nesta primeira aula, apresentamos a origem de conceitos relativos a RSE, 
terceiro setor e sustentabilidade. Aprofundaremos a temática das organizacões da 
sociedade civil, explicando as características do terceiro setor, o papel que ocupa 
dentro do sistema organizacional e práticas atuais relacionadas. Retomaremos o 
tema da sustentabilidade no terceiro tema da aula, com mais detalhamento, de 
modo a desvelar sua importância, além dos aspectos políticos, econômicos e 
sociais aos quais se correlaciona. 
Também apresentaremos a questão ambiental, com ênfase na evolucão 
histórica global e no Brasil, fazendo uma análise dos efeitos de mudanças 
culturais, técnicas, científicas e sociais. O propósito deste estudo é contribuir para 
a construção de elementos norteadores, que possibilitem ações efetivas para a 
Gestão da Responsabilidade Social Empresarial. 
Para melhor compreensão de conceitos e sua aplicabilidade, trataremos 
separadamente o tema RS e Sustentabilidade, embora esteja integrado no 
processo. 
CONTEXTUALIZANDO 
O panorama mundial, quanto aos impactos socioambientais provocados 
pela industrialização no curso da história, é marcado pelo uso irrestrito dos 
recursos naturais e por elevados índices de desigualdade social, realidade que 
a maioria dos países enfrenta na atualidade. Temos uma história de revoluções 
industriais cíclicas. Essas revoluções têm sido consequência de um sistema 
econômico, social, político e cultural fundamentado na produção e no consumo 
de mercadorias e serviços. Vivenciamos nesse momento a Quarta Revolução 
Industrial. Ela é marcada por forte participação da sociedade civil, que veio 
gradativamente se organizando em movimentos associativos comunitários e 
ONGs de atuação nacional e global, de forma a estabelecer canais de 
comunicação, reivindicação e pressão para que as indústria, empresas e 
governos mudem a sua maneira de fazer negócios. Novas teorias de 
 
 
3 
administração orientam os gestores, e assim o paradigma do crescimento a 
qualquer custo está sendo deixado de lado. Mas ainda há muito por fazer. O 
capitalismo precisa dar lugar ao desenvolvimento sustentável. 
Depois de assistir esta aula, reflita sobre essas questões observando o 
que ocorre na sua cidade, como é sua realidade e seu entorno; considere quais 
impactos socioambientais estão mais visíveis. E, caso tenha a possibilidade de 
interagir com uma indústria ou empresa, analise-a sob a ótica da RSE. 
TEMA 1 – ORIGEM E CONCEITOS: RSE E SUSTENTABILIDADE 
Para a compreensão dos conceitos pertinentes ao tema responsabilidade 
social e sustentabilidade, vamos estudar a evolução do pensamento desses dois 
movimentos globais. Tanto a Responsabilidade Social Empresarial quanto a 
Sustentabilidade promovem mudanças em todos os segmentos de uma 
empresa, moldando uma nova maneira de fazer negócios. Ambas as áreas são 
diretrizes estruturantes que norteiam a política de governança de uma 
organização, além de sua política de gestão, rumo ao equilíbrio social, ambiental 
e econômico como bases para a perenidade do negócio. 
O aspecto desafiador é o modo como lidar com a equação lucro versus 
responsabilidade social, algo impensado décadas atrás pela Escola da 
Economia Clássica, que apontava que a única obrigação de uma empresa seria 
gerar lucro para seus acionistas de acordo com os limites legais. O que 
chamamos de Responsabilidade Social Empresarial (RSE) se fundamenta na 
ética da responsabilidade. Segundo o Livro Verde da Comissão Europeia (2002), 
responsabilidade social é “um conceito segundo o qual, as empresas decidem, 
numa base voluntária, contribuir para uma sociedade mais justa e um ambiente 
mais limpo”. Outra definição bastante aplicada pelas empresas, por ser de uma 
das ONG pioneiras no Brasil, é do Instituto Ethos (2007): 
RS é a relação que a empresa estabelece com todos os seus públicos 
(stakeholders) no curto e no longo prazo. As ações das empresas 
precisam ser pautadas nos seguintes temas: Valores, transparência e 
governança; Público interno; Meio ambiente; Fornecedores; 
Consumidores/clientes; Comunidade ; Governo e sociedade. 
 
O conceito de RS, segundo o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade 
e Tecnologia (Inmetro), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, 
Indústria e Comércio Exterior, seria: 
 
 
4 
Responsabilidade Social pode ser traduzido como um princípio ético, 
aplicado à realidade através de uma gestão que leva em consideração 
as necessidades e opiniões dos diferentes stakeholders: clientes, 
funcionários, acionistas, comunidades, meio ambiente, fornecedores, 
governo e outros. 
Patrícia A. Ashley (2005), pesquisadora e autora de diversos livros na 
área, conceitua RSE como sendo: 
um compromisso empresarial para o desenvolvimento da sociedade 
expresso por suas atitudes e valores. De maneira ampla, as empresas 
devem contribuir para o desenvolvimento sustentável com obrigações 
de caráter moral, além das estabelecidas pelas diversas leis às quais 
está submetida, mesmo que não estejam diretamente vinculadas à sua 
atividade. 
 Ashley aponta para um novo modelo, em que a RSE se incorpora às 
estruturas institucionais, legais, de comunicação e conhecimento, influenciando 
a cultura e os valores sociais, em diferentes níveis éticos imbricados nos 
processos sociais de educação, governança, desenvolvimento da sociedade civil 
e formulação de políticas. Ashley acredita numa renovação das perspectivas 
existentes sobre o conceito de responsabilidade social. 
Até alguns anos atrás, a RSE era confundida com filantropia ou 
assistencialismo, cujo foco são ações de caridade ou doações voltadas a “fazer o 
bem” e atender importantes necessidades imediatas, como calamidades naturais 
(enchentes, terremotos, incêndios). O termo investimento social vem sendo 
aplicado pelas empresas, que também investem recursos voluntariamente, só que 
de maneira planejada, visando a transformação das comunidades. Por exemplo, 
muitas empresas investem em projetos para o desenvolvimento de 
empreendedorismo comunitário (panificadoras, hortas, artesanato etc.) para 
geração autosustentável de emprego e renda. Outro exemplo são projetos de 
inclusão digital, que visam facilitar a inserção no mercado de trabalho. Filantropia, 
assistencialismo e investimento social fazem parte da RSE. No entanto, é um 
equívoco comum que empresas divulguem que são socialmente responsáveis 
apenas por realizarem projetos nessas áreas de atuação. Na verdade, o conceito 
de RSE é bem mais amplo. 
Charles Handy, autor do livro The Hungry Spirit (citado por Visser, 2012), 
descreve um aspecto da RSE: 
Indivíduos e organizações têm um desejo nato de encontrar uma 
finalidade superior, muito além daquele de fazer dinheiro e obter lucros 
(esses são simplesmente meios para um fim). 
 
 
5 
Assim, aponta-se para a importância de a empresa oferecer um lugar 
melhor para trabalhar. Uma pesquisa na Grã-Bretanha mostrou que 72% dos 
trabalhadores não gostavam de suas organizações, e que 19% deles as 
sabotavam. “Não me parece que seja um lugar feliz para se trabalhar. Se 
quisermos fazer as pessoas terem orgulho da organização onde trabalham, 
temos de demonstrar que estamos fazendo bem para o mundo”, destacao autor 
(Handy, citado por Visser, 2012). 
Sem dúvida, a RSE transforma o clima organizacional e tem 
desempenhado um importante papel na cultura interna das empresas. Ao 
realizar projetos e programas socioambientais, os gestores têm contribuído para 
o desenvolvimento da cidadania empresarial. Por sua vez, a cidadania 
empresarial abre caminhos para a gestão da sustentabilidade. 
A sustentabilidade, segundo o sociólogo e pesquisador britânico John 
Elkington, está relacionada ao equilibrio entre os aspectos econômico, social e 
ambiental, os quais a organização precisa considerar se deseja estabelecer a 
sustentabilidade como diretriz estratégica. John foi o criador do nome Triple 
Bottom Line – TBL (em português, linha de base tripla ou tripê da 
sustentabilidade). Os pilares do TBL são três Ps: planet, people e profit (em 
português, planeta, pessoas e lucro): 
1. O planeta se relaciona ao capital e aos impactos dos recursos naturais na 
fabricação de bens de consumo, produtos e serviços; 
2. As pessoas se referem ao desenvolvimento do capital humano e do capital 
social, com os stakeholders da organização; 
3. O lucro é o resultado econômico positivo da empresa, sem o qual ela não 
existe. 
Vejamos o conceito de sustentabilidade, de acordo com Barbieri (citado 
por Scatena, 2012): 
é a capacidade de desenvolver atividade econômico-produtiva, 
atendendo às necessidades da geração presente, sem comprometer 
as fontes de recursos e vida da geração futura. 
A sustentabilidade deve atender a três forças: a preservação do meio 
ambiente; o desenvolvimento econômico; e a responsabilidade social. 
A gestão da RSE e Sustentabilidade acontecem com planejamento a 
longo prazo e, por isso, precisam ser executadas pela organização durante todo 
 
 
6 
o processo. É preciso pensar inclusive nas atitudes dos membros da organização 
e seus públicos de interesse. (Arantes, 2014) 
Estudiosos resgataram a origem histórica da responsabilidade social e 
analisaram, que durante a Revolução Industrial (1840-1870), foram realizadas 
campanhas para: a abolição das prisões por dívidas; a extensão de direito ao 
voto às mulheres; a restrição do trabalho infantil. Mas foi a atitude do americano 
Henry Ford que se tornou um marco histórico em 1916, quando, contrariando a 
maioria dos acionistas da empresa Ford Motor Company, da qual era fundador, 
dividiu parte dos lucros da empresa com seus funcionários. Esta atitude histórica 
o tornou um dos pioneiros da responsabilidade social, impulsionando mudanças 
no comportamento empresarial. 
Quanto à caridade e doações, as corporações americanas passaram a 
realizar ações de filantropia com base legal, a partir de 1953, por determinação 
da justiça, mesmo a contragosto dos acionistas, que não queriam diminuir seus 
ganhos financeiros. Nos anos seguintes, teve início na Europa a mesma adesão 
(Ashley, 2005). No Brasil, a filantropia acontece desde o século XVIII, 
diretamente associada, em grande parte, a instituições religiosas. Entretanto, 
apenas a partir da Constituição de 1988 a assistência social foi instituída como 
política pública; em 1993, as entidades filantrópicas passam a ser reconhecidas 
através de certificação. 
A partir da década de 1990, questões relativas à ética, meio ambiente, 
justiça social, educação, inovação, qualidade em produtos e serviços passam a 
compor a pauta da responsabilidade social das empresas, que assumem novo 
papel rumo ao desenvolvimento sustentável. Ações de filantropia tomavam lugar 
de destaque na gestão empresarial, de modo que até hoje ela ainda é confundida 
com RSE. 
TEMA 2 – TERCEIRO SETOR: CONCEITO E CARACTERÍSTICAS 
Os países democráticos estruturam a sociedade em organizações sociais. 
Essas organizações são classificadas em três setores: 
 Primeiro setor – Corresponde ao Estado no âmbito federal, estadual e 
municipal. São as prefeituras e suas secretariais, governos estaduais e 
suas secretariais, a presidência da república e os ministérios. 
 
 
7 
 Segundo setor – Formado por empresas privadas. Engloba toda 
empresa legalmente constituída, registrada no Cadastro Nacional de 
Pessoas Jurídicas e portadora de CNPJ. 
 Terceiro Setor – São as organizações sem fins lucrativos. Nesse setor, o 
objetivo é o lucro social. Precisam estar legalmente constituídas. São, em 
geral, associações, fundações e institutos voltados à educação e 
pesquisa. 
As organizações do Terceiro Setor são entidades que trabalham para o 
bem público, de finalidades coletivas em torno de uma causa comum. Elas não 
visam lucro e não pertencem a empresas ou governos. Há cinco características 
em comum nessas organizações: 
1. Pessoas jurídicas de direito privado. 
2. Sem fins lucrativos, mas que podem e devem ter receitas. Os 
rendimentos/superávit serão revertidos para o desenvolvimento da 
missão e não para o benefício pessoal dos membros da entidade. 
3. Institucionalizadas, ou seja, devem ser gerenciadas coletivamente. 
4. Devem prestar serviços de interesse público. 
5. Devem ser de caráter voluntário, ou seja, nascem pela vontade das 
pessoas de se unirem para uma causa comum. Os membros podem ser 
remunerados, desde que sejam estabelecidos certos critérios no Estatuto 
de cada entidade. 
Integram o Terceiro Setor todas as organizações que visam ao benefício 
mútuo, seja em artes, práticas culturais, assistência social, práticas esportivas e, 
principalmente, na promoção da cidadania e de direitos fundamentais, desde que 
não possuam como escopo formal a obtenção de lucro financeiro. Para Vital 
Moreira (citado por Mânica, 2016), “trata-se de um setor intermediário entre o 
Estado e o mercado, entre o setor público e o privado, que compartilha de alguns 
traços de cada um deles”. 
Segundo Antonio S. Munhoz (2015), o surgimento do Terceiro Setor foi 
consequência direta da falência do Estado no tratamento das questões sociais, 
aliada à vontade das pessoas de solucionar problemas graves que eram 
ignorados. Esse setor contribui para garantir uma gestão democrática das 
organizações como um todo. Atua como fiscalizador, denunciante e agente de 
 
 
8 
mobilização social para promover políticas públicas e políticas de mercado 
empresarial mais justas, menos discriminatórias e tendenciosas, minimizando 
comportamentos maniqueístas político-partidários ou interesses exclusivamente 
mercadológicos. 
As organizações que integram esse setor são: Fundações; Institutos; 
Associações; Clubes sem fins lucrativos, tais como Clube de Mães; e 
Organizações Sociais (OS) destinadas a ensino, pesquisa, desenvolvimento 
tecnológico, meio ambiente, cultura e saúde. Com a participação de membros 
do Primeiro Setor, temos Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público 
(OSCIP), instituídas pela Lei Federal n. 9.790, de 1999, que traz disposições 
estatutárias para a atuação conjunta com o Poder Público com vistas ao acesso 
a recursos públicos, cabendo ao Ministério da Justiça a expedição de certificado. 
Empresas apoiadoras e doadoras podem obter dedução fiscal, e os 
administradores de uma entidade podem ser remunerados. Temos também 
Organizações da Sociedade Civil (OSC), que é o mesmo que ONG. 
As Organizações Não Governamentais (ONGs) derivam de uma 
expressão criada em 1945 pela ONU para definir as entidades que não 
estivessem vinculadas ao Estado. O termo ONG, embora mundialmente usado, 
não pode ser aplicado a todas as entidades do terceiro setor. As ONGs têm 
amplo poder de influenciar a opinião pública, sendo capaz de angariar recursos 
financeiros e pessoas para trabalho voluntário para as mais diversas causas 
sociais e ambientais. A Greenpeace e a World Wildlife Fund (WWF)são 
conhecidas mundialmente por conseguir adesões massivas em causas 
ambientais, com ativismo engajado em defesa da sustentabilidade planetária. 
Por exemplo, a “Pegada Ecológica” introduzida pela ONG WWF é uma 
metodologia de contabilidade ambiental que avalia a pressão do consumo das 
populações humanas sobre os recursos naturais. Ela possibilita que cada 
indivíduo conheça o impacto que seu estilo de vida provoca no planeta. 
No Brasil, estimativas apontam que 12 milhões de pessoas estejam 
envolvidas no Terceiro Setor. Vejamos as estatísticas de 2010. Nesse período, 
haviam 290 mil Fundações Privadas e Associações sem Fins Lucrativos 
(FASFIL), voltadas, predominantemente (Abong, 2012): 
à religião (28,5%), associações patronais e profissionais (15,5%) e ao 
desenvolvimento e defesa de direitos (14,6%). As áreas de saúde, 
educação, pesquisa e assistência social (políticas governamentais) 
totalizavam 54,1 mil entidades (18,6%). 
 
 
9 
Dessas instituições, 72,2% não possuíam empregados formalizados. 
Todas as pessoas trabalhavam como voluntários e/ou na prestação de serviços 
autônomos (Abong, 2012). 
Nas três últimas décadas, houve uma transformação nas diretrizes de 
governança de grandes empresas privadas. Por um lado, a inserção da 
responsabilidade social movimentou as organizações; a maioria não sabia o que 
fazer nem como fazer. Em 1998, um grupo de executivos da iniciativa privada, 
interessados em criar grupos de estudos e pesquisas, fundou o Instituto Ethos, 
entidade do Terceiro Setor que busca apoiar empresas associadas na gestão de 
responsabilidade social e sustentabilidade. Na mesma época, empresas da 
iniciativa privada começaram a criar suas próprias organizações do Terceiro 
Setor. Elas passaram a implementar, monitorar, avaliar resultados e impactos 
nas comunidades com relação a seus próprios investimentos em projetos sociais 
e ambientais, na maioria das vezes gerenciados e executados por colaboradores 
e funcionários da empresa, com apoio de consultorias e auditorias externas. 
Essas iniciativas estimularam novas práticas de cidadania empresarial, inseridas 
em indicadores de RSE. 
A gestão dos recursos investidos, em busca da sustentabilidade de ações 
que no passado ficavam à mercê, muitas vezes, de pessoas com poucas 
qualificações técnicas para a prestação de contas, fez com que esse cenário 
parecesse promissor para muitas empresas, inclusive para as instituições 
bancárias. O Banco Itaú criou, em 1986, o Instituto Itaú Cultural, que tem por 
objeto incentivar, promover e pesquisar linguagens artísticas, de modo preservar 
o patrimônio cultural do país. O Banco Santander, que pertence a um grupo 
espanhol, tem a Fundação Banco Santander, que exerce atividades de mecenas 
no campo das artes, música, letras, ciência e projetos de recuperação do 
Patrimônio Natural. No setor de produção de bens e mercadorias, a empresa 
Boticário, uma rede de franquias brasileira de cosméticos e perfumes, desde 
1990 desenvolve programas de proteção à natureza por intermédio da Fundação 
Boticário. 
Empresas e órgãos governamentais que possuem governança voltada 
para RSE e Sustentabilidade costumam atuar de forma integrada e participativa 
com as organizações do Terceiro Setor. Constroem indicadores, compartilham 
resultados e mantêm informados seus colaboradores e toda a sociedade. 
 
 
10 
TEMA 3 – SUSTENTABILIDADE: IMPORTÂNCIA, TRAJETO, ASPECTOS 
POLÍTICOS, ECONÔMICOS E SOCIAIS 
A preocupação com o desenvolvimento sustentável é resultado de longas 
décadas de exploração dos recursos naturais para a manutenção da indústria, 
além da alarmante desigualdade social provocada pelo sistema de produção. 
Essa preocupação advém do questionamento ao sistema econômico dominante, 
o sistema capitalista, para atender principalmente duas questões: cumprir as 
normas regulatórias e leis e atender à pressão da sociedade. Pode-se afirmar, 
nesse sentido, que existem empresas genuinamente preocupadas com todo o 
processo de fabricação de seus produtos. (Stadler; Maioli 2012, p.99). 
O Relatório de Brundtland Comission, intitulado “Nosso Futuro Comum” e 
divulgado em 1987, abordan as principais questões sobre desenvolvimento 
sustentável (citado por ONU, 2018): 
“O desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento que encontra as 
necessidades atuais sem comprometer a habilidade das futuras 
gerações de atender suas próprias necessidades.” 
“Um mundo onde a pobreza e a desigualdade são endêmicas estará 
sempre propenso à crises ecológicas, entre outras…O 
desenvolvimento sustentável requer que as sociedades atendam às 
necessidades humanas tanto pelo aumento do potencial produtivo 
como pela garantia de oportunidades iguais para todos.” 
“Muitos de nós vivemos além dos recursos ecológicos, por exemplo, 
em nossos padrões de consumo de energia… No mínimo, o 
desenvolvimento sustentável não deve pôr em risco os sistemas 
naturais que sustentam a vida na Terra: a atmosfera, as águas, os 
solos e os seres vivos.” 
“Na sua essência, o desenvolvimento sustentável é um processo de 
mudança no qual a exploração dos recursos, o direcionamento dos 
investimentos, a orientação do desenvolvimento tecnológico e a 
mudança institucional estão em harmonia e reforçam o atual e futuro 
potencial para satisfazer as aspirações e necessidades humanas”. 
Em 2002, durante a Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável, 
realizada na África, foi elaborado o Plano de Implementação de Johanesburgo, 
que definiu a integração das dimensões econômicas, sociais e ambientais do 
desenvolvimento sustentável, reforçando a implementação da Agenda 21, 
inclusive por meio da mobilização de recursos financeiros e tecnológicos, além 
de variados programas de capacitação, especialmente para os países em 
desenvolvimento. 
O pensamento estratégico da sustentabilidade é “pensar no futuro 
olhando para o todo”, considerando a totalidade em seu devido contexto. Esse 
 
 
11 
“todo” significa uma visão sistêmica; trata-se de olhar tudo o que está ao redor. 
A visão sistêmica é originária do método de sistemas, criado inicialmente para 
atacar complexos problemas organizacionais de âmbito militar. Depois, foi 
aplicado por biólogos para a compreensão dos seres vivos e, por fim, utilizado 
por administradores para a resolução de problemas nos negócios. 
Segundo Fritjof Capra (2016), o significado raiz da palavra sistema, deriva 
do grego synhistanai (colocar junto). A visão sistêmica considera cada coisa 
dentro de um contexto, estabelecendo a natureza das interações e relações 
entre as partes. Nos organismos vivos, essa relação recebe o nome de 
ecossistema. Podemos analisar a metáfora da árvore, como exemplo: ao olhar 
para ela, vemos uma rede de relações entre folhas, ramos, galhos e tronco. Em 
muitas árvores, não vemos as raízes; no entanto, as raízes dão vida à árvore. 
Numa floresta, as raízes de todas as árvores estão interligadas e formam uma 
rede subterrânea e, portanto, não há fronteiras entre uma árvore e outra. A inter-
relação entre os elementos é um dos princípios básicos da sustentabilidade. 
Nos ecossistemas de produção, todos os bens de consumo, no seu 
processo de fabricação, utilizam recursos naturais (energia, ar, água, minérios), 
os quais posteriormente devolvem rejeitos, resíduos que poluem o meio 
ambiente. São milhares de comunidades que respiram ar poluído, bebem água 
com alterações químicas e são impactados pelos resíduos de minérios ou por 
resíduos nucleares, dependendo do tipo de indústria. 
Um exemplo de impacto provocado pelo setor industrial é o caso do 
rompimento da barragem da mineradora Samarco, em 2015, sob o controle 
acionário das transnacionais Vale S.A. (50%)e da australiana BHP Billiton Brasil 
(50%). O desastre ocorreu no município de Bento Rodrigues (MG), tendo sido 
registrado como o pior acidente ambiental na história do Brasil. Foram 34 milhões 
de metros cúbicos de rejeito de minério de ferro jorrando nos rios até desaguar 
no Rio Doce (Mota, 2018). Tal catástrofe traz tem implicações sociais 
imensuráveis. Comunidades perderam moradias e bens. Surgiram gravíssimos 
problemas de saúde coletiva. Perdeu-se a biodiversidade da bacia do Rio Doce. 
Perda total de equipamentos públicos, infraestrutura. Poluição das águas. Além 
disso, a identidade local foi completamente alterada, uma vez que a população 
precisou ser acomodada em abrigos emergenciais. Famílias perderam sua fonte 
de emprego, comerciantes da região tiveram que fechar ou mudar de ramo. 
Escolas foram destruídas. Altíssimos prejuízos econômicos, sociais e ambientais 
 
 
12 
para o município e o Estado. Segundo reportagem da BBC Brasil, após dois 
anos (novembro de 2017), o impacto ambiental do desastre em Mariana continua 
sendo um grave problema social e ambiental (Mota, 2018). 
Outro aspecto importante é a transparência na declaração que a empresa 
faz sobre si mesma. Sobre a construção imagética da Samarco: 
A mineradora Samarco foi reconhecida nos últimos 20 anos como uma 
das líderes em responsabilidade socioambiental no Brasil. Enfileirou 
prêmios, foi a primeira mineradora do mundo a ter a certificação de 
gestão ambiental para todas as etapas de produção. (Almeida, 2015) 
Este evento, assim como milhares de desastres ambientais na história, 
tem suas causas. Há diversas causas relacionadas: falhas técnicas ou humanas, 
tudo engloba os sistemas de gestão. O desafio mais urgente é conciliar 
interesses antagônicos; conciliar interesses públicos e privados sobre questões 
ambientais, mercadológicas, políticas, econômicas. Infelizmente, a 
implementação de mecanismos de controle, leis e fiscalização adequada e 
rigorosa, tem sido um ponto problemático. Além disso, o comportamento 
antiético, como aceitação de propinas e corrupção de gestores e líderes das 
organizações, têm pautado a agenda de noticiários. São atos que descumprem 
a Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, Art. 225: 
ao consagrar o meio ambiente ecologicamente equilibrado como direito 
de todos, de uso comum e essencial à boa qualidade de vida, atribui a 
responsabilidade de sua preservação ao Poder Público e à 
coletividade. (Citado por Berté, 2013) 
 
Diante desse contexto, vejamos a importância do Gestor em 
Sustentabilidade, cuja função originalmente recebe nomenclatura em inglês, 
Chief Sustainability Officer (CSO). Cabe a este profissional exercer a liderança 
com fundamentos éticos e visão sistêmica. Para cada tipo de empresa e 
segmento de mercado, o CSO estabelece missão flexível o suficiente para 
adaptação às necessidades e particularidades de cada negócio. Dentre as 
principais atribuições, estão: promover ações em prol da sustentabilidade com 
todos os stakeholders; acompanhar ações da concorrência; desenvolver 
diretrizes e construir indicadores relacionados à sustentabilidade; acompanhar 
mudanças nos produtos e serviços da empresa, para que se adequem às 
necessidades de uso racional dos recursos naturais, com redução de resíduos e 
correto descarte; acompanhar programas de compras sustentáveis junto aos 
 
 
13 
fornecedores; representar a empresa perante entidades que pesquisam e 
desenvolvem o tema da sustentabilidade em seus mercados. 
Gestores em Sustentabilidade têm aplicado diretrizes do documento 
“Transformando o Nosso Mundo: Agenda 2030 para o Desenvolvimento 
Sustentável”, proposto pela ONU. Nela estão contidos 17 Objetivos do 
Desenvolvimento Sustentável (ODS) para a erradicação da pobreza. Os ODS 
são o foco da Agenda 2030, durante o período 2016-2030. 
Outra plataforma, direcionada para empresas, é o Pacto Global, lançado 
no Fórum Econômico Mundial (Fórum de Davos) de 1999. É também uma diretriz 
proposta pela ONU para encorajar as organizações privadas a adotar políticas 
de responsabilidade social e sustentabilidade em suas práticas de negócios, e 
considera direitos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à 
corrupção. O Pacto Global disponibiliza uma plataforma online sobre cidadania 
empresarial, divulga práticas de responsabilidade social empresarial e é uma 
base para implementar a ISO 26000 de RSE. 
Temos também os indicadores internacionais de sustentabilidade, 
propostos pela Norma Global Reporting Iniciative (GRI), que são amplamente 
aplicados pelas empresas como orientação de diretrizes para a elaboração de 
relatórios. 
TEMA 4 – A QUESTÃO AMBIENTAL E SUA EVOLUÇÃO 
Entre os estudos ambientais, a Ecologia ocupa o primeiro lugar na história. 
Palavra de origem grega, traz o prefixo oikos, que significa casa/lar, e a base logos 
quer dizer estudo. Seria, então, o estudo das relações que interligam todos os 
membros da Terra. Esse termo foi introduzido em 1866 pelo biólogo alemão E. 
Haeckel. Quase 70 anos depois (1935), o ecologista britânico A.G. Tansley 
trabalhou a ecologia por uma abordagem sistêmica: a concepção de ecossistema, 
como sendo o conjunto de elementos bióticos e abióticos de uma determinada 
área, que se influenciam entre si de maneira cíclica. Num ecosissistema, todos os 
organismos produzem resíduos; lembramos que aquili que é resíduo para uma 
espécie é alimento para outra. É assim a evolução: reaproveitamos e reciclamos 
as moléculas de minerais, de água e ar. 
 Os ecossistemas podem ser interessantes para a Administração das 
Organizações, uma vez que os sistemas industriais, e também as atividades 
comerciais que extraem recursos naturais, são atividades cíclicas, transformando 
 
 
14 
produtos em resíduos e vice-versa. Segundo Fritjof Capra (2016), a Nova Ciência 
da Ecologia introduziu duas concepções: comunidade e rede, que formam 
complexos ecossistemas. Abelhas e formigas são um exemplo, pois são 
incapazes de sobreviver isoladas; em grande número, agem com inteligência 
coletiva e capacidade de adaptação muito superiores do que agindo 
individualamente. Capra descreve os ecossistemas como sendo uma rede, uma 
teia com nodos. Cada nodo na nova rede pode representar um órgão, o qual, por 
sua vez, vai ampliando a rede. Em junho de 2012, Capra esteve no Brasil para a 
Rio+20, a Conferência Mundial sobre Meio Ambiente, e declarou: “Nosso desafio 
é mudar de um sistema econômico baseado na noção de crescimento ilimitado 
para um que é tanto ecologicamente sustentável quanto socialmente justo”. 
(Capra, 2012). 
Uma das primeiras vozes a se levantar contra a confiança cega da 
humanidade no progresso tecnológico foi a da bióloga e escritora americana 
Rachel Carson. Em 1962, publicou o livro Primavera Silenciosa, no qual 
denunciou os efeitos desastrosos do poderoso pesticida DDT 
(diclorodifeniltricloroetano), intensamente utilizados nas plantações após a 
Segunda Guerra Mundial. Demonstrou que ele penetrava na cadeia alimentar e 
se acumulava nos tecidos de animais e seres humanos, aumentando os riscos de 
câncer e danos genéticos. A obra é considera um marco importantíssimo na na 
trajetória do pensamento ambientalista. (Alencastro, 2015). 
Dez anos depois, em 1972, no polêmico relatório “Os Limites do 
Crescimento”, publicado por um grupo de cientistas do Massachusetts Institute 
of Technology (MIT), membros da ONG Clube de Roma abordaram temas sobre 
meio ambiente e recursos naturais. Utilizando programas de computador, 
comprovaram que a utilização indiscriminada dos recursos naturais levaria nosso 
planeta a um colapso, se não fossem tomadas novas atitudes. Foi quandoo 
conceito de desenvolvimento sustentável começou a ser delineado. “A 
repercussão internacional do Relatório fez com que fosse o principal objeto de 
discussão, no mesmo ano, durante a Conferência das Nações Unidas sobre o 
Ambiente Humano, mais conhecida como Conferência de Estocolmo, na 
Suécia”. (Portal Educação, 2012) 
A partir daí, a temática ambiental se consolidou nos debates e práticas de 
organizações do mundo todo. Para o Brasil, a Conferência da ONU-ECO-92, 
também conhecida como Cúpula da Terra e Rio-92, que aconteceu no Rio de 
 
 
15 
Janeiro, culminou na elaboração do documento Agenda 21 Global, um marco 
referencial para políticas públicas, com diretrizes para serem adotadas global, 
nacional e localmente por organizações do sistema das Nações Unidas, de 
governos e da sociedade civil. A partir desse documento, a Comissão Mundial 
de Desenvolvimento Sustentável da ONU (CDS) sugeriu a realização da 
Conferência de Johanesburgo, na África do Sul. Assim, em 2002, na Declaração 
de Joanesburgo sobre Desenvolvimento Sustentável, foi apresentada a proposta 
de integrar as três dimensões do desenvolvimento sustentável: econômica, 
social e ambiental. 
No Brasil, em julho de 2002, o Conselho Nacional do Meio Ambiente 
(Conama) publica a Resolução No. 306, estabelecendo os requisitos mínimos e 
o termo de referência para a realização de auditorias ambientais. Também define 
meio ambiente, como sendo “o conjunto de condições, leis, influência e 
interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que 
permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (Brasil, 2002). 
Na Rio+20 (2012), Conferência das Nações Unidas sobre 
Desenvolvimento Sustentável, foi elaborado o documento “O Futuro que 
Queremos”. O foco das discussões foi a “Economia Verde”; a eliminação da 
pobreza e a estruturação institucional para o desenvolvimento sustentável. Neste 
encontro, também foram iniciadas as discussões para a Agenda para o 
Desenvolvimento Sustentável de 2030, com os Objetivos do Desenvolvimento 
Sustentável (ODS). 
Na prática das organizações, a preocupação mundial é grande, porque as 
devastações provocadas por acidentes industriais aterrorizam as populações, 
deixando marcas terríveis para os sobreviventes das regiões afetadas e para o 
ambiente como um todo. Alguns dos mais recentes e principais desastres 
ambientais no mundo e no Brasil são: 
 1976 – A explosão da fábrica de produtos químicos na Itália lançou ao ar 
uma nuvem composta de dioxina, gerado na produção de cloro e 
inseticida e na incineração do lixo. Provocou doenças e mortes. 
 1979/1986/1999/2011 – Acidentes das Usinas Nucleares: Three Mile 
Island nos EUA; Chernobyl na Ucrânia, quandi a explosão de reatores foi 
dezenas de vezes maior que a das bombas de Hiroshima e Nagasaki; 
Tokaimura em Tóquio; Fukushima no Japão. 
 
 
16 
 1984 - Vazamento de agrotóxicos na Índia. Mais de duas mil pessoas 
morreram pelo contato com as substâncias tóxicas, e outras tiveram 
queimaduras nos olhos e pulmões. 
 1989/1991/2002 - Derramamento de óleo: Navio Exxon Valdez no Alaska; 
Queima de petróleo no Golfo Pérsico, parte que foi queimada bloqueou a 
luz do Sol. Aproximadamente mil pessoas morreram por problemas 
respiratórios; Navio Prestige na Espanha, contaminou 700 praias e 
mataou mais de 20 mil aves. 
 2015 – Derramamento de rejeitos da Mineradora Samarco, Brasil. 
 Em relação aos assuntos socioambientais, a empresa pode agir de três 
formas, segundo aponta Barbieri (citado por Scatena, 2012, p. 219): 
1. Controle da poluição: consiste em definir práticas que impeçam os 
efeitos desta, causados por uma, ou mais, atividades produtivas; o 
melhoramento no tratamento e descarte de resíduos. 
2. Prevenção da poluição: realizar modificações nos processos produtivos 
tradicionais, com foco na eco-inovação. 
3. Incorporação dessas questões na estratégia empresarial: 
implementação de diretrizes e capacitação para a gestão da 
sustentabilidade. Os benefícios são posicionamento institucional, 
renovação do portfólio de produtos, melhores relações de trabalho, 
abertura de novos mercados e maior facilidade para cumprir os padrões 
ambientais. 
 Essas três formas podem ser vistas como fases de um processo pelo qual 
a empresa se engaja gradualmente ao movimento de preservação e 
recuperação ambiental. A definição de modelos a serem adotados também é 
fundamental. Dentre alguns modelos, destacam-se no Brasil a Produção Mais 
Limpa (P+L), que envolve produtos e processos, estabelecendo uma hierarquia 
de prioridades: prevençao, redução; reuso e reciclagem, tratamento com 
recuperação de materiais e energia, tratamento e disposição final. Outro modelo, 
idealizado em 1992 pelo World Business Council for Sustainable Development 
(WBCSD), é o da Ecoeficiência, focado na redução dos impactos ecológicos e 
na diminuição do uso dos recursos naturais (ex. energia), ao longo da fabricação 
do produto. 
 
 
17 
TEMA 5 – ANÁLISE DOS EFEITOS DAS MUDANÇAS CULTURAIS, TÉCNICAS, 
CIENTÍFICAS E SOCIAIS 
 Os avanços tecnológicos e seus desdobramentos envolvem, certamente, 
uma série de riscos e incertezas: são os riscos próprios de todo processo. Ao 
mesmo tempo, proporcionam à ciência um laboratório em grande escala, uma 
incubadora para desafios constantes. Para Habermas (citado por Alencastro, 
2015, p. 24), 
no capitalismo a pressão institucional para aumentar a produtividade 
do trabalho pela introdução de novas técnicas e uso de tecnologias 
sempre existiu. Uma mudança aconteceu a partir do século XIX, com 
o advento da pesquisa industrial em grande escala. A ciência e a 
técnica passaram a fazer parte de um mesmo sistema. 
O sistema de controle de qualidade total dos produtos e a pressão da 
sociedade civil trouxeram novas metodologias de gestão empresarial. Uma 
delas, revolucionária para a gestão empresarial, é o Balanced Scorecard (BSC). 
O BSC foi criado na década de 1990, e é utilizado até os dias de hoje. Kaplan e 
Norton (citados por Stadler; Maioli, 2012. p.51) classificam o BSC como sistema 
de mensuração de desempenho das organizações privadas, governamentais e 
do terceiro setor, com base em medições não financeiras, sempre considerando 
que nem todas as decisões se baseiam somente nisso, porque há outros 
mecanismos de gestão que agregam valor ao negócio e ao posicionamento das 
marcas. Essa filosofia, com visão nas diretrizes de sustentabilidade, foi um 
marco para o desenvolvimento da RSE. 
A Responsabilidade Social, fortemente influenciada por novos valores 
culturais e motivações compartilhadas provocaram mudanças comportamentais 
entre os gestores e os públicos da empresa. Com isso, o Investimento Social 
Privado se fortaleceu, substituindo em grande parte os projetos de caráter 
filantrópico e assistencial. As ações sociais passam a ser protagonizadas por 
fundações e institutos de origem empresarial, ou instituídos por famílias, 
comunidades ou indivíduos. O repasse de recursos privados é feito de maneira 
voluntária, planejada, monitorada e sistemática, com vistas ao desenvolvimento 
de projetos de interesse público. Disponibilizam-se incentivos fiscais para 
repasses do poder público e/ou para alocação de recursos não-financeiros e 
intangíveis. Segundo o Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE, 2012), 
os elementos fundamentais de Investimento Social Privado (ISP), são: 
 
 
18 
1. Preocupação com planejamento, monitoramento e avaliação 
dos projetos; 
2. Estratégia voltada para resultados sustentáveis de impacto e 
transformação social; 
3. Envolvimento da comunidade no desenvolvimento da ação. 
 
Outra consequência provocadapela nova cultura organizacional da RSE 
é o foco no relacionamento com os públicos, denominados stakeholders. 
Estudos sobre os públicos nas organizações afirmam os públicos se formam com 
o objetivo de obter respostas ou formalizar acordos com a organização. Entre as 
reivindicações do público, podem estar consciência socioambiental, 
empregabilidade e até mesmo redução no preço dos produtos. 
No planejamento estratégico, os stakeholders são os públicos 
influenciados direta ou indiretamente pelas decisões da organização. De acordo 
com Grunig e Hunt (citado por Mota, 2016): “são pessoas que estão vinculadas 
à organização porque exercem consequências uma sobre outra”. Vejamos a 
definição do criador da Teoria de Stakeholder, Edward Freeman (1984): 
“Stakeholder é qualquer indivíduo ou grupo que pode influenciar ou ser 
influenciado pelos atos, decisões, práticas, ou objetivos de uma organização. ” 
Com a definição do conceito, é possível compreender a amplitude das 
empresas no relacionamento com os públicos-chave do negócio. Grayson e 
Hodges (citados por Arantes, 2014), definem cinco pontos principais que devem 
ser avaliados para que o relacionamento seja efetivo e consistente: 
1. Utilizar canais de comunicação que possibilitem o diálogo permanente; 
2. Capacidade de elaborar mensagens que fortaleçam a credibilidade da 
empresa; 
3. Estabelecer parcerias com organizações do 3o. Setor; 
4. Haver coerência entre o discurso e as ações que a empresa realiza; 
5. Utilizar linguagens de fácil compreensão para cada público. 
Segundo diretrizes para o relato da Sustentabilidade G4-Global Reporting 
Iniciative (GRI), são exemplos de grupos de stakeholders: sociedade civil, 
clientes, empregados, outros funcionários e seus sindicatos, comunidades 
locais, acionistas e provedores de capital, e fornecedores. 
 
 
 
19 
TROCANDO IDEIAS 
Na página do link abaixo você conhecerá os principais acidentes 
ambientais ocorridos no Brasil. Você consideraria verdadeiro que estas 
empresas aplicam diretrizes da sustentabilidade? Analise cada caso. 
PORTAL EBC. Relembre os principais desastres ambientais ocorridos no 
Brasil. 2015. Disponível em: <http://www.ebc.com.br/noticias/meio-
ambiente/2015/11/conheca-os-principais-desastres-ambientais-ocorridos-no-
brasil>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
NA PRÁTICA 
A empresa que adota a diretriz de RSE sem considerar os indicadores 
necessários normalmente cai no erro comum de considerar que a 
implementação de um projeto social com funcionários e colaboradores é o 
suficiente para comunicar em seus relatórios que se trata de uma empresa 
socialmente responsável. A atividade proposta é fazer um levantamento sobre 
quais são os indicadores de RSE mais aplicados pelas empresas brasileiras. 
Passos para resolver: 
1. Compreender o que são indicadores de RSE 
2. Pesquisar práticas no mercado 
3. Identificar a empresa o negócio 
4. Fazer a análise das informações 
A síntese de uma resolução: 
1. Procurar artigos científicos, teses e dissertações 
2. Buscar exemplos de empresas na internet 
3. Buscar falhas e acertos na comunicação 
4. Elaborar suas próprias conclusões observando os conteúdos da aula 
FINALIZANDO 
Nesta aula conhecemos a origem, o conceito e os fundamentos da RSE 
e Sustentabilidade. Também aprendemos sobre o 3o. Setor, suas características 
e quais entidades integram essas organizações. Conhecemos quais são as 
atribuições do gestor em sustentabilidade. Finalizamos conhecendo a questão 
ambiental e sua evolução no contexto das políticas públicas. E ainda, os efeitos 
 
 
20 
das mudanças, no escopo da RSE. Os desafios não são poucos porque, se por 
um lado devemos estimular o consumo de bens e produtos, por outro, 
precisamos educar para o consumo consciente, valores éticos, respeito, 
honestidade e transparência nos negócios. Entretanto, estes desafios nos 
tornam pessoas capacitadas para a transformação e para minimizar impactos 
negativos na sociedade e na natureza. 
 
 
 
 
21 
REFERÊNCIAS 
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lucrativos no brasil: Pesquisa Fasfil 2010. 2012. Disponível em: 
<http://www.abong.org.br/ongs.php?id=18>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
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Futuro Sustentável. Curitiba: InterSaberes, 2015. 
ALMEIDA, A. O caso Samarco e o desmoronamento da responsabilidade social 
corporativa. IstoéDinheiro, 9 nov. 2015. Disponível em: 
<https://www.istoedinheiro.com.br/blogs-e-colunas/post/20151109/caso-
samarco-desmoronamento-responsabilidade-social-corporativa/7737>. Acesso 
em: 28 abr. 2018. 
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InterSaberes, 2014. 
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Paulo: Saraiva, 2005. 
BERTÉ, R. Gestão Socioambiental no Brasil: uma análise ecocêntrica. 
Curitiba: InterSaberes, 2013. 
CAPRA, F. A Teia da Vida: uma nova compreensão científica dos sistemas 
vivos. 14. ed. São Paulo: Cultrix, 2016. 
_____. Fritjof Capra discute sobre a contrução de práticas sustentáveis. Globo 
Universidade, 21 jun. 2012. Entrevista. Disponível em: 
<http://redeglobo.globo.com/globouniversidade/noticia/2012/06/fritjof-capra-
discute-sobre-construcao-de-praticas-sustentaveis.html>. Acesso em: 28 abr. 
2018. 
GIFE. Investimento Social Privado. Disponível em: 
<https://gife.org.br/investimento-social-privado/>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
INSTITUTO ETHOS DE EMPRESAS E RESPONSABILIDADE SOCIAL. 
Conceitos Básicos e Indicadores de Responsabilidade Social Empresarial. 
2007. Disponível em: <https://www3.ethos.org.br/wp-
content/uploads/2012/12/7Conceitos-Básicos-e-Indicadores-de-
Responsabilidade-Social-Empresarial.pdf>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
 
 
22 
MOTA, C. V. Após dois anos, impacto ambiental do desastre em Mariana ainda 
não é totalmente conhecido. BBC Brasil, 5 nov. 2017. Disponível em: 
<http://www.bbc.com/portuguese/brasil-41873660>. Acesso em: 28 abr. 2018. 
MOTA, F. et al. Gestão estratégica: públicos, stakeholders e líderes de opinião. 
INTERCOM – CONGRESSO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO NA REGIÃO 
CENTROOESTE, 18., 2016, Goiânia. 
MUNHOZ, A. S. Responsabilidade e Autoridade Social das Empresas. 
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ONU – Organização das Nações Unidas. A ONU e o meio ambiente. Disponível 
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STADLER, A.; MAIOLI, M. Organizações e Desenvolvimento Sustentável. 
Curitiba: InterSaberes, 2012. 
VISSER, W. E. Os 50 + importantes livros em Sustentabilidade. 1. Ed. São 
Paulo: Peirópolis, 2012.

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