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Resumo - Pericia e Arbitragem Contabil

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Resumo - Pericia e Arbitragem Contabil 
 
Aula1 
 (aula1-pag2) A expressão ―perícia‖ advém do latim perita, e significa 
“conhecimento adquirido pela experiência”. 
A perícia, em uma ótica mais ampla, pode ser entendida como qualquer trabalho de 
natureza específica e de notória especialização cujo rigor na execução seja profundo. 
A perícia tem como intuito obter prova ou opinião para orientar uma autoridade 
formal no julgamento de um fato. Portanto, existem trabalhos periciais em qualquer 
área do conhecimento. 
 O que é perícia contábil? (aula1-pag3) A perícia contábil é um tipo de prova 
pericial utilizado por pessoas do meio jurídico para esclarecer fatos ou questões 
contábeis controversas. Portanto, ela age como uma prova judicial (Ornelas, 2000). 
 Qual é o objeto de análise do perito-contador, ou seja, o que ele examina? 
Ele examina os fatos patrimoniais. O profissional contábil ira auxiliar o juiz quando a 
matéria sob judice for relativa a área contábil, logo o objeto será o mesmo da 
contabilidade que é o patrimônio. 
O objeto da perícia contábil deve ser limitado aquilo que foi solicitado pelo 
magistrado nos termos exatos de sua propositura, visto que o magistrado julgara o 
caso e, por isso, precisa de prova ou opinião verdadeira sobre um fato especifico 
proposto anteriormente ao perito. 
 Qual é o papel do perito e quais são suas principais responsabilidades? 
 Como ele deve se comportar para garantir a excelência de sua prática 
profissional? 
 (aula1-pag3) 1.1 Conceito 
A perícia contábil é um tipo de prova pericial utilizado por pessoas do meio jurídico 
para esclarecer fatos ou questões contábeis controversas. Portanto, ela age como uma 
prova judicial (Ornelas, 2000). É solicitada por autoridade judicial como meio de 
prova ou opinião para um fato que exige conhecimento técnico da área contábil, com 
o objetivo de auxiliar em um processo jurídico. Essa prova ou opinião que se deseja 
esclarecer só pode ser emitida por especialistas com conhecimentos científicos e 
técnicos em contabilidade, ou seja, pelo perito contábil. 
 (aula1-pag4) 1.2 Caráter 
 O conceito de perito é definido pela Norma de Perícia Judicial 1 (NPPJ-1) como 
“profissional habilitado e nomeado pelo juiz para opinar sobre questões técnicas de 
sua especialidade” (Magalhães et al., 2001). Com base na Norma Brasileira de 
Contabilidade 13 (NBC-13), podemos conceituar perícia como um conjunto de 
procedimentos técnicos que tem por objetivo a emissão de laudos sobre questões 
contábeis, mediante exame, vistoria, indagação, investigação, arbitramento, avaliação 
ou certificação, sendo de competência exclusiva do contador. 
A perícia contábil pode ser conceituada como um exercício atribuído ao contador 
com o intuito de prover um trabalho de notória especialização e com rigor profundo 
na execução. O objetivo da perícia é fornecer provas ou emitir opiniões para auxiliar 
em um processo jurídico. 
O caráter fundamental da perícia é a especificidade de exame e de opinião. 
A perícia pode ser integral ou parcial em relação aos fatos patrimoniais examinados, 
e serve para detectar realidades, existências, valores, forças de provas ou 
configurações de situações de riqueza. 
 (aula1-pag4/5) A perícia contábil pode ser visualizada como integral, pois diversos 
elementos patrimoniais são examinados para obtenção de prova ou opinião. Mesmo 
nos exames de perícia parcial, as provas não são isoladas e nem tampouco absolutas, 
visto que os instrumentos contábeis são dinâmicos. 
 (aula1-pag5) A atividade profissional de perícia contábil não é estática, inclusive 
em casos de perícia parcial. 
A perícia como o objetivo de alcançar ou perseguir a realidade. 
Além do caráter de especificidade e abrangência, a perícia deve ser confiável, já que 
se propõe a buscar a verdade sobre a opinião pericial. 
 (aula1-pag6) 1.3 Objeto 
A perícia contábil tem por objeto central os fatos ou questões contábeis 
relacionados com os aspectos patrimoniais, os quais devem ser verificados, e, por 
isso, são submetidos à apreciação técnica do perito, que deve considerar, nessa 
apreciação, certos limites essenciais, ou „caracteres essenciais‟. 
 (aula1-pag6/7) A atividade pericial deve adotar procedimentos rigorosos para o 
exame das questões contábeis solicitadas pelo magistrado; ainda, deve identificar “as 
fontes informativas ou reveladoras dos elementos” que pesquisou, pois isso permitirá 
à perícia contábil oferecer respostas ou raciocínios técnicos fundamentados e 
circunstanciados. E, por fim, o laudo ou o parecer pericial deve refletir uma posição 
de imparcialidade absoluta. 
 (aula1-pag7/8) A perícia contábil no Brasil 
A figura do perito nomeado pelo juiz, no Brasil, passou a existir de fato a partir de 
1882, com o regulamento das sociedades anônimas (Decreto n. 8.821/1882, art. 104). 
Em 1924, mesmo ano do mesmo congresso supracitado, a contabilidade passou por 
uma crise pericial. Essa crise foi denominada de indústria da falência, o que 
significava que havia uma “intensa maquinação para mascarar situação nos balanços e 
com a manobra falaciosa produzir quebras de empresas” (Sá, 2010, p. 1). 
Em1929, foi aprovado o Decreto n. 5.746/1929, que regulou de forma objetiva a 
exigência de se atribuir apenas ao contador a tarefa pericial. 
Na década de 1940, foi regulamentada a profissão de contador, e se fez privativo 
do contador o exercício da perícia contábil. Mas foi em 1973, com o segundo Código 
de Processo Civil (CPC) (Lei n. 5.869/1973), que as perícias judiciais foram 
premiadas com uma legislação ampla, clara e aplicável. 
Segundo o Conselho Federal de Contabilidade (CFC), a partir de 2018, o contador só 
poderá ingressar no Cadastro Nacional de Peritos Contábeis (CNPC) mediante 
aprovação prévia em exame de qualificação técnica (EQT) para perito contábil, 
regulamento pela NBC PP 02, que tem por objetivo aferir o nível de conhecimento e 
a competência técnico-profissional necessário ao contador que pretenda atuar na 
atividade de perícia contábil. 
 (aula1-pag8) Classificação das perícias 
A perícia judicial é feita por determinação do juiz, visando esclarecer fatos ou 
produzir provas sobre a questão investigada. Por exemplo, deve ser realizada a 
perícia judicial de uma empresa para que o juiz possa decidir se homologa a 
concordata que ela pediu. Outro exemplo é quando o juiz solicita ao perito contábil o 
cálculo da apuração de haveres de sócio excluído em sociedade limitada, em demanda 
pleiteada pelos demais sócios. 
A perícia administrativa é realizada a pedido de uma ou mais partes interessadas, 
visando produzir as constatações necessárias. Um exemplo de sua utilização é a 
verificação contábil para apurar corrupção. Ou, ainda, quando um sócio solicita ao 
perito que levante o fundo de comércio da empresa para basear uma proposta de 
aquisição de quotas de capital de outro sócio. 
A perícia especial ou arbitral é feita a pedido do árbitro ou da parte interessada, 
visando subsidiar elementos para a arbitragem. Pode ser utilizada em casos de fusão 
de sociedades, por exemplo. Ou, ainda, quando duas empresas solicitam ao árbitro 
nomeado de comum acordo entre as partes a determinação de haveres em uma 
rescisão de contrato cuja cláusula previa arbitragem com base na Lei n. 9.307/1996. 
 (aula1-pag8/9) Os fatos relativos aos tipos de perícia citados não devem ser 
confundidos com auditoria, pois a perícia serve a um questionamento ou a uma 
necessidade, é uma atividade requerida, que se destina a produzir uma prova técnica 
com objetivo determinado. A auditoria tem objetivos mais amplos, de forma a 
evidenciar (ou não) a adequação de procedimentos técnicos e operacionais de 
determinada entidade. 
 (aula1-pag9) Perito judicial contábil é o profissional, com independência e 
autonomia em relação às partes e o juiz, e que detém, no mínimo, o nível superior, e 
está devidamente registrado no ConselhoNacional de Perícia Contábil (CNPC), com 
inegável capacidade científica e tecnológica, devendo ser possuidor de uma pública e 
notória especialização ou capacidade científica necessária à revelação da verdade real 
sobre os atos e fatos entranhados nas riquezas das células sociais. Por conseguinte, 
tem o dever ético de iluminar os leigos e tem a honra de ser nomeado pelo juiz. Dessa 
forma, podemos concluir que o perito é o olho tecnológico-científico do 
magistrado, a mão longa da justiça, enfim, o apoio científico ao ilustre condutor 
judicial. 
 Quais são as características desejáveis em um perito? 
(aula1-pag9) Detém, no mínimo, o nível superior, e está devidamente registrado no 
Conselho Nacional de Perícia Contábil (CNPC), com inegável capacidade científica e 
tecnológica, devendo ser possuidor de uma pública e notória especialização ou 
capacidade científica necessária à revelação da verdade real sobre os atos e fatos 
entranhados nas riquezas das células sociais. 
(aula1-pag11) As características desejáveis em um perito contábil são: conhecimento 
das normas, constante busca por aprendizado, inteligência emocional para lidar com 
as pressões enfrentadas ao longo do exercício da profissão, valores morais e éticos 
bem cristalizados, rigor nos procedimentos periciais e neutralidade e independência 
para expressar opiniões. Assim, o trabalho pericial cumpre com seu objetivo de 
investigar fatos ou emitir opiniões de forma verdadeira e fidedigna. 
 Quais são os compromissos com a justiça esperados desse profissional (perito-
contador)? 
(aula1-pag9) Tem o dever ético de iluminar os leigos e tem a honra de ser nomeado 
pelo juiz. O perito é o olho tecnológico-científico do magistrado, a mão longa da 
justiça, enfim, o apoio científico ao ilustre condutor judicial. 
(aula1-pag12) O perito-contador deve ser compromissado com a justiça e, portanto, 
tem a obrigação de revelar a verdade real, ainda que em detrimento da verdade formal 
e processual. 
 (aula1-pag12/13/14) A responsabilidade do perito-contador ou do contador pode 
ser visualizada, no mínimo, sob seis ângulos, conforme segue: 
4.1.1 Responsabilidade moral: Essa responsabilidade moral, em que o profissional 
cumpre com total ânimo o seu encargo, deve ser pautada pelo dever de lealdade, de 
prestar todos os esclarecimentos tantas vezes quantas forem necessárias, abstendo-se 
de dar sua convicção pessoal, apreciando com imparcialidade os fatos, além de, se for 
o caso, recusar a nomeação quando não estiver devidamente capacitado para o bom 
desempenho do encargo. 
4.1.2 Responsabilidade social: Está relacionada à preocupação com o impacto das 
informações geradas e divulgadas em relação à distribuição de empregos, riquezas, 
educação e ciência, 
4.1.3 Responsabilidade ética: É estabelecida pelo Código de Ética do Contabilista, 
conforme a Resolução CFC n. 803/1996. O objetivo é fixar a forma pela qual se 
devem conduzir os trabalhos e o relacionamento profissional do perito contador. 
Como é um conjunto de regras aceitas socialmente, seu não cumprimento está sujeito 
a penalidades. 
4.1.4 Reponsabilidade civil subjetiva ou objetiva: A responsabilidade civil 
subjetiva do perito-contador é relativa a um dano causado diretamente pelo 
profissional, em função de ato doloso ou culposo, com as seguintes características: A 
ação praticada deve estar comprovada, ou a sua omissão provada; O dano deve estar 
provado, mensurado e fundamentado de forma causal; O dolo, ou a culpa, deve estar 
presente. Já na responsabilidade civil objetiva do perito-contador não há ação dolosa 
ou culposa, uma vez que o dano é decorrente dos riscos da atividade pericial. 
4.1.5 Responsabilidade penal-criminal: A responsabilidade penal-criminal do 
perito-contador gera no agente uma penalização a ser cumprida, como a prisão. A 
responsabilidade penal-criminal visa manter a ordem pública e preservar o bem-estar 
da comunidade via penalização do profissional que infringir a lei. 
4.1.6 Responsabilidade filosófica: Se refere não só aos conhecimentos adquiridos 
pelos peritos ao longo de toda a sua formação acadêmica, mas, em especial, à maneira 
sábia com a qual o profissional aplica esses conhecimentos. 
TEMA 5 – NORMAS RELATIVAS À PROFISSÃO DE PERITO JUDICIAL: 
 (aula1-pag15) 5.1 Recusa da nomeação: A nomeação de um contador para a função 
de perito judicial é uma forma de reconhecimento e valorização profissional. Porém, 
existem fatores de recusa do honroso encargo. Nesse caso, deve o perito formalizar a 
sua recusa sob a forma de petição, no prazo máximo de cinco dias de sua intimação, 
requerendo que o magistrado venha a desobrigá-lo da honrosa incumbência, bem 
como demonstrar as razões de sua recusa, que podem envolver: Estado de saúde; 
Indisponibilidade de tempo; Falta de recursos humanos ou materiais para assumir o 
encargo; Falta de domínio da matéria objeto da perícia. 
 (aula1-pag16/17) 5.2 Impedimentos ou suspeição: O impedimento está relacionado 
à incapacidade do exercício da imparcialidade. O impedimento ou a suspeição são 
declarados pelo perito ou pelas partes do processo quando fatores externos ou 
relativos a terceiros comprometem a imparcialidade do processo judicial. 
 (aula1-pag17) 5.3 Substituição: Pode ocorrer nos seguintes casos: 
. Por pedido do próprio perito-contador, conforme casos de recusa da nomeação e de 
impedimento ou suspeição; 
. Por pedido das partes integrantes do processo, alegando suspeição ou impedimento; 
. A pedido das partes integrantes do processo, quando alegam que o perito não dispõe 
de conhecimento técnico/científico; 
. Em casos de falecimento do perito; 
. Quando, sem motivo legítimo, o perito deixa de cumprir o encargo no prazo que lhe 
foi assinado, Nessa situação, resta ao perito acatar a determinação do juízo. 
Há casos em que não é permitida a possibilidade de substituição do perito-
contador. Em especial, citamos dois casos relacionados a honorários periciais: 
primeiro, quando a parte responsável pelo adiantamento dos honorários discordar do 
valor destes. Segundo, a comparação dos honorários periciais com casos semelhantes. 
Aula2 
Como o profissional perito-contador ou assistente técnico deve conduzir 
o tratamento de suas atividades no âmbito judicial? E no âmbito extrajudicial? 
Como o profissional se comunica com a justiça? Quais são seus deveres e 
direitos, em relação a prazos, alçadas e no exame da prova pericial? E em 
relação aos honorários, como é feita a determinação? 
 (aula2-pag3) A realização de uma perícia, ou seja, o exame de um fato ou a emissão 
de opinião verdadeira, muitas vezes requer do perito visão interdisciplinar e 
transdisciplinar, para que se obtenha um adequado laudo pericial. A natureza da 
prova pericial contábil já pressupõe a interdisciplinaridade da contabilidade, pois traz 
consigo diversos aspectos do direito processual civil, em especial a perícia contábil. A 
transdisciplinaridade, na perícia judicial ou extrajudicial, é a união o conhecimento 
pericial de duas ou mais áreas do conhecimento humano para que se possa chegar ao 
conhecimento do fato examinado e a uma opinião verdadeira. 
Nos casos em que a legislação permite a perícia interprofissional, temos os laudos de 
especialistas de outras áreas, além do laudo do perito- contador, para auxiliar a 
decisão do magistrado. 
 (aula2-pag4) No trabalho pericial, o profissional precisa apreender algumas 
informações fundamentais quanto ao instituto da prova para realizar sua função 
com maestria. Dentre essas informações, é importante que o perito-contador 
identifique qual a função da prova, a quem compete o ônus da prova, os meios das 
provas contábeis disponíveis e os tipos de prova que o perito irá examinar durante o 
processo judicial. 
O perito é, por essência, um cientista, que auxilia o magistrado em suas decisões, 
quando o objeto da prova requer conhecimento específico. 
O perito tem como alçadaacesso ilimitado a provas periciais, que devem ser 
fornecidas pelas partes do processo; ainda, não é dever desse profissional produzir ou 
juntar provas. 
 (aula2-pag5) A alçada do perito é ilimitada no exame da prova pericial e que as 
artes não devem atrapalhar o trabalho do perito- contador no exercício de sua 
profissão. Contudo, se houver embaraço, denuncia-se o fato em juízo, e a perícia deve 
ser refeita, ou seja, deve-se marcar nova diligência. 
 (aula2-pag5/6) O perito é um cargo de servidor público, e assim sendo deve 
observar os princípios da Administração Pública, tais como: 
.Princípio da publicidade: Os atos e fatos praticados no processo devem ser de acesso 
público, ressalva apenas para as exceções legais. 
.Princípio da impessoalidade: O perito deve seguir condutas obrigatórias e está 
proibido de agir com quaisquer formas de favoritismo; portanto, deve agir de forma 
correta (equidade) ao interpretar as normas e legislações. 
Princípio da eficiência: O perito deve realizar suas atividades de forma excelente 
para obter o resultado desejado, mas sempre priorizando o menor dispêndio de 
recursos possível. Ainda, o formalismo e a burocracia devem ceder espaço para a 
eficiência e a realização da justiça. 
.Princípio da moralidade: Este princípio determina e privilegia o decoro e a 
confiança na boa-fé, na honradez e na probidade. E, assim, veda condutas inaceitáveis 
e transgressoras da ética e bom senso, não permitindo qualquer tipo de 
condescendência. 
.Princípio da legalidade: Todos os atos e fatos devem se desenvolver na forma e 
limites da lei. 
 (aula2-pag6) 
Os assistentes técnicos são peritos indicados pelas partes interessadas no processo 
judicial para garantir a veracidade dos fatos apurados diferentemente do perito-
contador, que é indicado pelo magistrado. 
Independentemente se foi nomeado pelo magistrado ou contratado por uma das partes, 
o profissional tem o dever de seguir os preceitos éticos e buscar a verdade formal. 
Mas existem algumas pequenas diferenças, pois o perito é profissional de confiança 
do juiz, enquanto que o assistente técnico é profissional de confiança da parte que o 
indica livremente, razão pela qual a parte que o indicou arca com os honorários e 
adiantamento das despesas, valores que ao final do processo vão compor as custas 
judiciais. 
A Resolução CFC n. 1.243/09 declara que os procedimentos adotados por ambos os 
profissionais são iguais, pois a perícia contábil visa fundamentar questões que 
abrangem, total ou parcialmente, o objeto da perícia contábil, em seu exame, 
vistoria, indagação, investigação, arbitramento, mensuração, avaliação e certificação. 
 (aula2-pag7) Ao assistente técnico, há o dever de acompanhar passo a passo o 
andamento do processo, pois fica firmado compromisso profissional ético com a parte 
que o contratou. 
O perito-contador é inteiramente responsável pela perícia nomeada nos autos pelo 
magistrado, independentemente de delegar tarefas a auxiliares ou outros profissionais 
especialistas. 
O perito-contador e o assistente técnico trazem procedimentos técnicos similares; o 
que os diferencia de fato é a sua nomeação. O primeiro foi nomeado pelo juiz, o 
segundo por uma das partes do processo. 
 (aula2-pag8) O magistrado nomeia um perito para o trabalho pericial. Aceita a 
perícia, o profissional deve requerer seus honorários, que fazem parte das custas do 
processo; portanto, quem pede a perícia é quem deve fazer o depósito (Sá, 2010). 
O arbitramento (autorização do valor dos honorários periciais) é feito pelo 
magistrado. 
 (aula2-pag9) O perito apresenta ao magistrado orçamento ou estimativa de sua 
remuneração, antes do início do trabalho pericial. O valor dos honorários deve ser 
respaldado nos custos do trabalho pericial. 
Em caso de aumento da carga horária de trabalho do perito, mesmo ele tendo 
fixado previamente seus honorários, se teve a cautela de precaver-se contra aumento 
de tal carga, pode pedir reajuste. Tal fixação prévia pode, todavia, ser reajustada se o 
prazo da perícia assim o exigir e nos casos de inflação. 
Os honorários podem ser contestados, mas o juiz e o perito, em comunhão, 
estabelecem acordos que vigoram quase em sua totalidade (Sá, 2010). Desse modo, 
após o pronunciamento das partes, ou em seu silêncio, os autos do processo são 
concluídos e levados ao juiz, que fixará os honorários periciais (Ornelas, 2000). 
Não é permitido que o perito, em função judicial, receba diretamente das partes 
os honorários periciais. Esse é um ato financeiro que precisa estar comprovado nos 
autos do processo. Primeiramente, porque a parte responsável pelo pagamento 
precisa provar que cumpriu a determinação do magistrado, sob pena de desobediência 
ou de extinção do processo. Depois, os valores da remuneração pericial precisam 
constar como prova nos autos, em casos de eventual ressarcimento dessa despesa 
processual. 
 (aula2-pag10) Quem é o responsável pelo pagamento do perito? O CPC dispõe 
que a responsabilidade financeira pelos honorários periciais é da parte que requereu a 
prova pericial. Se ambas as partes solicitam exame de prova, o responsável pelo 
pagamento é o autor do processo judicial. Contudo, é importante esclarecer que o 
pagamento da remuneração do perito é um adiantamento de despesa processual, e isso 
implica que a parte que perdeu o processo judicial será responsável pelo pagamento 
ou ressarcimento à parte que adiantou os honorários periciais. 
Tem-se o seguinte procedimento pericial para recebimento dos honorários: 
1. Elabora-se e apresenta-se ao magistrado uma proposta de honorários, e solicita-se 
depósito prévio em conta judicial; 
2. Executa-se a perícia e produz-se o laudo pericial contábil; 
3. Entrega-se o laudo e faz-se a petição para a liberação do depósito feito em conta e 
que ficou à disposição da Justiça. 
Tal sequência pode ser alterada, nos casos em que for autorizada a antecipação dos 
honorários, ou seja, antes de o profissional concluir o exame de prova. Em geral, esse 
valor de adiantamento gira em torno dos 50% (Sá, 2010). 
 (aula2-pag11) O assistente técnico deve apresentar uma petição ao magistrado 
requerendo o arbitramento de sua remuneração. Contudo, esses honorários são 
fixados, em geral, em dois terços da quantia fixada para o perito nomeado pelo 
magistrado. 
Essa fixação não se relaciona com aquela livremente ajustada pelo assistente técnico e 
a parte que o indicou, mesmo porque o magistrado não tem poderes para interferir na 
negociação particular. O magistrado fixa a remuneração do assistente técnico nos 
autos para conhecer-se o valor dessa despesa processual no caso de ressarcimento à 
parte vencedora. 
Na função extrajudicial, não há burocracias procedimentais, visto que não existe 
comunicação direta com a justiça. Nessa função, o perito é contratado de forma 
particular para atender a uma demanda de um cliente na forma extrajudicial; nesse 
caso, o profissional negocia livremente seus honorários e a forma de pagamento. 
 (aula2-pag12) A função da prova pericial considera o conceito de verdade formal, ou 
seja, a função da prova pericial consiste em transformar fatos em verdade formal. 
O fato é o que constitui a prova. A prova é a soma de todos os fatos que estão sendo 
apurados em um processo judicial – embora, obviamente, nem todos os fatos possam 
ser submetidos a prova Os fatos são classificados em controversos e incontroversos. 
Fatos controversos são aqueles que necessitam de exame de prova pericial. Os fatos 
incontroversos não são submetidos a prova; trata-se dos denominados fatos notórios. 
Esses fatos fazem parte da cultura de uma sociedade e são, assim, afirmados por uma 
parte e dados por verdadeiro por outra parte (Ornelas, 2000). 
O conceito de verdade formal é aquele assentado nas provas, ou seja, relaciona-se ao 
que pode ser apreendido da prova examinada pelo perito em seu processo 
tecnológico-científico.O estudo da perícia se interessa pelo conceito de verdade formal. 
A busca pela verdade formal dos fatos é objetivo do perito, já que a ele é submetida a 
responsabilidade pela veracidade dos fatos nos autos do processo. 
 (aula2-pag13) A função da prova pode ser entendida como a função de provar a 
existência de um fato da vida que se ajusta a norma ou a princípio de direito, na forma 
jurídica – ou seja, a verdade formal. O perito, em seus trabalhos, não deve externar 
sua opinião sobre os fatos do processo. O relato do perito- contador deve estar em 
conformidade com os princípios de contabilidade e sua boa técnica, e, assim, retratar a 
verdade formal dos fatos. 
 (aula2-pag13/14) No âmbito judicial, o ônus da prova é entendido como o dever 
de provar o que se alega. A parte que afirma ou nega determinado fato é que tem o 
ônus, o interesse de oferecer ou produzir as provas necessárias que entende possam vir 
a corroborar as alegações oferecidas. 
O perito-contador, na execução de seu trabalho, irá examinar os fatos relativos à 
prova contábil objetivando o descobrimento da verdade. Nessa área do conhecimento, 
Os fatos, que são de origem administrativa, financeira e patrimonial, são captados 
pelos sistemas de informações contábeis e pelo exame de documentos físicos e 
digitais. Eles podem ser classificados como construtivos, extintivos, impeditivos ou 
modificativos. 
Fatos construtivos: são aqueles que têm a eficácia jurídica de dar vida, de fazer 
nascer, de constituir a relação jurídica; 
Fatos extintivos: são os fatos que tem a eficácia de fazer cessar a relação jurídica; 
Fatos impeditivos: são os fatos que impedem o efeito que lhe é normal, ou próprio, e 
que constitui a sua razão de ser; 
Fatos modificativos: são os fatos que, sem excluir ou impedir a relação jurídica, à 
qual são posteriores, têm a eficácia de modificá-la. 
 
 
Aula3 
 (aula3-pag2) Há um conjunto de técnicas empregado na atividade pericial. Tais 
técnicas têm como finalidade o auxílio ao perito na execução do seu trabalho, que, se 
segui-las, obterá um resultado pericial válido. 
TEMA 1 – PROVA PERICIAL: MEIOS E MODALIDADES 
 (aula3-pag3/4) 1.1 Meios de prova Remo Dalla Zanna (2007, p. 57) assevera que ―a 
prova tem como objetivo formar juízo a respeito de algum fato‖. Nesse sentido, a 
prova é o elemento que convencerá o magistrado sobre a certeza de um fato ou da 
qualidade de algo e, portanto, auxiliará em seu processo de julgamento. Segundo 
Martinho Ornelas (2000), as provas são meios utilizados em um processo judicial 
para o convencimento do magistrado quanto ao fato investigado. 
De acordo com Ornelas (2000), o art. 136 do Código Civil estabelece os seguintes 
meios de prova: 
. Confissão; 
. Atos processados em juízo; 
. Documentos públicos e particulares, tais como certidões, escrituras públicas, 
escritos particulares, atestados, correspondências (cartas, e-mails, bilhetes etc.), livros 
contábeis e fiscais, folha de pagamento, notas fiscais etc.; 
. Testemunhas; 
. Presunções; 
. Exames e vistorias; 
. Arbitramento. 
O que são os meios de prova? E onde está situada a perícia contábil dentro desse 
aspecto? Como estabelecido pela legislação brasileira, os meios de prova são todos os 
legais e moralmente legítimos que possam comprovar a verdade do fato investigado. 
A perícia contábil, portanto, é um meio de prova, uma vez que o trabalho 
executado pelo perito permite ao magistrado o esclarecimento de um fato controverso 
com o objetivo de encontrar a verdade. 
A perícia contábil é um meio de prova válido juridicamente, haja vista o perito 
contábil ser o único profissional apto técnica e cientificamente para tratar de objetos 
patrimoniais. 
Zanna (2007, p. 60) afirma que “as provas periciais como um todo, para serem 
merecedoras de credibilidade e ter seu valor probante reconhecido pelo 
magistrado, devem ser elaboradas por profissional efetivamente preparado técnica, 
psicológica e moralmente para o cumprimento do cargo”. 
A perícia é prova e deve se alimentar de evidências essenciais, efetivas, inequívocas 
e formalmente sustentáveis 
 (aula3-pag5) 1.2 Modalidades da prova pericial As provas produzidas com a 
interveniência de um profissional perito são conhecidas como provas periciais, de 
acordo com o Código de Processo Civil (CPC). Elas podem ser de quatro tipos: (a) 
exame; (b) vistoria; (c) arbitramento; (d) avaliação. 
a. Exame: envolve a inspeção de pessoas ou de coisa com o objetivo de verificar 
determinados fatos relacionados com o objeto da lide. Exemplos: livros contábeis e 
fiscais, documentos, contratos, a verificação de cálculos e os demais atos praticados 
por pessoa jurídica ou física envolvidas no processo, de acordo com Ornelas (2000) e 
Zanna (2007). 
b. Vistoria: diz respeito ao desenvolvimento de um trabalho in loco para constatar o 
estado ou a situação de um determinado objeto. Na área contábil, podemos citar a 
vistoria em imóveis, em máquinas, em equipamentos, bem como em estoques de 
mercadoria, conforme as lições de Ornelas (2000) e de Zanna (2007). 
c. Arbitramento: é a fixação de valor em moeda para as coisas, os direitos e as 
obrigações, havendo ausência de contabilidade idônea. Essa fixação é feita com base 
em critérios não contábeis. Exemplo, uma pesquisa de preços, considerando os 
aspectos qualitativos e quantitativos do objeto analisado, mais uma vez de acordo com 
a hermenêutica de Ornelas (2000) e de Zanna (2007). 
d. Avaliação: prática cuja finalidade é a fixação de valor. Normalmente é definida 
desse modo quando feita em inventário, em partilhas ou em processos administrativos, 
bem como nas execuções para estimação de valores a partilhar ou em penhora, como 
bem lembrado por Ornelas (2000) e por Zanna (2007). 
TEMA 2 – ERROS, FRAUDE E CORRUPÇÃO 
 (aula3-pag6/7) 2.1 Erros 
O erro é um elemento muito comum e de fácil identificação. Deve, portanto, ser 
diferenciado da fraude, normalmente intencional e difícil de ser encontrada. O erro 
na área contábil é um vício involuntário, tanto de escrituração quanto de 
demonstrações contábeis. 
Detectado o erro, é preciso compreender a sua origem. Segundo Hoog (2010), o erro 
nasce por meio dos seguintes elementos: 
.Negligência: quando não é aplicado um procedimento prescrito na lei ou inobservada 
uma ordem superior. Exemplo, quando um funcionário responsável pela escrituração 
contábil não cumpre a ordem de escriturar uma máquina adquirida como ativo 
imobilizado. 
.Imperícia: é a incapacidade para o desempenho da tarefa. Quando um determinado 
funcionário é alocado para a função de elaboração e de divulgação das demonstrações 
contábeis. No entanto, ele nunca esteve em tal função e, também, não obteve 
treinamento adequado. 
.Imprudência: é a ausência de cautela ou de precaução. Quando um funcionário da 
área fiscal não cumpre um procedimento cotidiano: Exemplo: Joao deve receber as 
mercadorias na área de expedição e conferir as quantidades, os valores e as alíquotas 
presentes na nota fiscal. Em um determinado momento, João acredita que as alíquotas 
sempre estão corretas, já que nunca encontrou erros nesse sentido. A partir de então, 
passa a não olhar mais para as de impostos destacadas nas notas fiscais. Assim, haverá 
imprudência, além de erros contábeis que consequentemente poderão surgir. 
.Desídia: preguiça, indolência e inércia. Exemplo: quando um profissional da área 
contábil não efetua conferências, conciliações de contas contábeis, bem como outros 
procedimentos correlatos por acreditar que demanda muito tempo ou que é uma 
atividade “chata”. A desídia é considerada um tipo de erro e sujeita a sanções 
disciplinares. 
Ao detectar o erro, o perito deve relatar e advertir sobre as suas consequências. 
Segunda Sá (2010), caso os erros não sejam relevantes para a formação de sua 
opinião, o perito poderá omiti-los. 
 (aula3-pag7/8) 2.2 Fraudes Podemos afirmar que a fraude é inteiramenteproposital, 
ou seja, é premeditada e visa o proveito em causa própria ou de terceiros. Um crime 
doloso, portanto o criminoso tentará esconder a fraude, fato que gera mais trabalho, 
astúcia, faro e, principalmente, total domínio da matéria por parte do perito para 
identificá-la. 
Muitas perícias são solicitadas para a localização e a identificação de fraudes. 
Nesses casos, o perito deve ter muita cautela para detectá-la. Por qual razão? 
É muito comum que os fraudadores tentem ludibriar o perito e maquiar os fatos 
investigados com o intuito de encobrir o ato praticado. 
Alguns casos de fraude com os quais o perito pode se defrontar: 
Falência pode ser preparada por meio de simulações, em que há o desvio de ativos e o 
proposital aumento dos passivos, com claro desiderato de prejudicar credores e 
herdeiros. 
Para cobrir saldos de caixa que foram retirados pelo fraudador, este pode emitir 
um cheque pré-datado de terceiro (falso) ou mesmo alegar que o numerário foi 
entregue a funcionário para que fizesse o pagamento. 
O acúmulo de cargos e de funções com autoridade (isto é, de chefia, gerência etc.) é 
uma situação que facilita tal prática dolosa. Existe ainda o conluio, ou seja, pessoas de 
setores diferentes que se envolvem para cometer esse tipo penal. 
As fraudes mais frequentes são encontradas no ativo circulante, como caixa, banco, 
estoques e recebíveis. 
 (aula3-pag8/9) 2.3 Corrupção é o ato ou o efeito de corromper. Toda forma de 
aliciamento para atos dolosos , como é o caso do conluio, é considerado um ato de 
corrupção. 
Fraude é o veículo da corrupção, ou seja, é o meio pelo qual o corrupto irá agir em 
benefício próprio ou de terceiros. Na corrupção há duas figuras: 
1. A figura do corruptor, que é aquele que corrompe, que suborna ou que pleiteia; 
2. A figura do corrupto, que é aquele que se deixa corromper, ou seja, que sofreu 
corrupção. 
A corrupção é um ato que sempre envolve mais de um sujeito. Exemplos: 
funcionário público com o intuito de facilitar contrabando, tráfico de influências, no 
âmbito empresarial é comum à corrupção de um preposto do concorrente. 
TEMA 3 – LAUDO PERICIAL 
É ele que esclarecerá o fato controverso, investigado pelo perito, de interesse do 
magistrado. 
 (aula3-pag9/10) 3.1 Aspectos iniciais 
Podemos definir o laudo pericial, como uma peça escrita objetiva, clara, precisa e 
concisa. Esse documento, elaborado pelo perito contador, é entregue ao juiz como 
meio de prova pericial. O laudo pericial deve conter a observação, o julgamento e a 
conclusão sobre os fatos patrimoniais, devidamente circunstanciados, a missão do 
laudo pericial é dirimir os pontos de discórdia que são o objeto da ação judicial ou do 
impasse extrajudicial. Laudo pericial é o que o perito entende sobre questões 
submetidas à sua apreciação técnica. O laudo pericial contábil prova algo a respeito 
de pontos controversos relativos ao comércio, à indústria e à prestação de serviços. 
Zanna (2007) acrescenta outras questões elucidadas pelo laudo: matérias tributárias, 
fiscais, previdenciárias e trabalhistas – sempre quando relacionadas a divergências 
sobre finanças e economia empresarial, tais como avaliações patrimoniais e prestação 
de contas. 
 (aula3-pag10/11) 3.2 Requisitos 
Quais são as qualidades de um bom laudo? Devemos considerar seis aspectos 
primordiais: a objetividade; o rigor tecnológico; a concisão; a argumentação; a 
exatidão; a clareza. 
1. A objetividade: é a exclusão do julgamento em bases “pessoais”. Isso significa que 
o perito deve responder às questões levantadas no processo judicial com “realidade” e 
dentro dos parâmetros da contabilidade. Não deve emitir opiniões vagas e imprecisas 
sobre a matéria objeto da perícia. 
2. Rigor tecnológico: o laudo deve limitar-se ao que é científico dentro do campo de 
sua especialidade. Assim, deve o perito se basear nas doutrinas, nas normas e nos 
procedimentos contábeis para emitir sua opinião sobre o fato da lide. 
3. Concisão: deve evitar ser prolixo, isto é, fugir da utilização de palavras e de 
argumentos que não tenham contribuição para a matéria discutida no processo. A 
escrita do perito deve se ater ao assunto de forma objetiva. 
4. Argumentação: a opinião do perito sobre os fatos controversos deve se basear em 
um raciocínio lógico e/ou em documentos comprobatórios. Assim, deve estar claro 
para o magistrado o motivo pelo qual o profissional concluiu o que está no laudo. O 
argumento é o elemento responsável para dar validade e legitimidade ao que é 
afirmado no documento técnico. 
5. Exatidão: É o elemento que garante a veracidade do que está apresentado na prova 
pericial. Assim, o perito não deve “supor”, mas só afirmar se tiver absoluta certeza 
sobre o que opina. 
6. Clareza: o laudo é um documento elaborado para a leitura de terceiros que não são 
especialistas em matéria contábil e que não possuem, portanto, a obrigação de 
compreender os termos técnicos. A clareza envolve também aspectos da escrita da 
língua portuguesa, devendo não usar frases duvidosas e de sentido ambíguo. 
 (aula3-pag11/12) 3.3 Procedimentos 
Os procedimentos relativos à elaboração do laudo pericial são de exclusiva 
reponsabilidade do perito contador. 
Os aspectos que devem ser expostos pelo profissional perito contador: 
. A síntese do objeto da perícia; 
. Os critérios por ele adotados; 
. Suas conclusões; 
. Se houver quesitos, devem ser respondidos. Primeiro, os elaborados pelo magistrado; 
depois, elucidam-se os quesitos levantados pelas partes. 
O laudo pericial conterá duas partes: a primeira é neutra e imparcial, visa dar um 
panorama geral sobre o processo judicial, sobre o objeto a ser investigado pelo perito 
e sobre outros aspectos importantes para compreender o processo. A segunda parte é 
a conclusiva. Deve conter a opinião do perito em relação ao objeto analisado de forma 
clara, para que o magistrado possa utilizar essa prova pericial para o seu 
convencimento. 
 (aula3-pag12) 3.4 Prazo O prazo para a entrega do laudo pericial geralmente é fixado 
pelo juiz, de acordo com a complexidade da matéria presente na lide. O perito tem a 
obrigação de cumprir o prazo estipulado, segundo art. 140 do CPC. 
 (aula3-pag12) 3.5 Estrutura formal do laudo pericial 
Zanna (2007) propõe uma estrutura formal para exames, vistorias, indagações e 
investigações contábeis, dividida em quatro partes: 
1. Das considerações preliminares: 
a. Aspectos gerais dos autos; 
b. Diligências; 
c. Procedimentos técnicos adotados; 
d. Responsabilidade profissional. 
2. Dos quesitos: 
a. Do magistrado; 
b. Do autor; 
c. Do réu. 
3. Das considerações finais; 
4. Do encerramento: 
a. Anexos; 
b. Documentos. 
TEMA 4 – PARECER TÉCNICO 
 (aula3-pag13/14) O parecer técnico é o documento elaborado pelo assistente 
técnico, cujo escopo é dar opinião sobre o laudo feito pelo perito nomeado 
anteriormente pelo magistrado. 
Não confundam. O perito é escolhido pelo juiz para elaborar um laudo pericial, o 
assistente técnico é facultativamente contratado pelas partes para que acompanhe 
e avalie a atividade do perito, bem como o laudo pericial. 
Cabe ao perito elaborar o laudo pericial. Já ao assistente pericial, o parecer 
técnico (também chamado de parecer pericial). 
As regras para a elaboração do parecer técnico se assemelham às técnicas do laudo 
pericial. 
É fundamental que o trabalho do assistente técnico seja pautado pela liberdade, 
imparcialidade e independência em relação à parte que o contratou, segundo Hoog 
(2010). 
A estrutura formal do parecer técnico pode conter as seguintes etapas, conforme 
proposto por Ornelas (2000): 
1. Das Considerações Preliminares: contém o resumo do laudo pericial. Assim, visa 
apresentar, de forma sintética, toda a matéria técnica existente no laudo oferecido pelo 
perito contador nomeado pelo magistrado. 
2. Dos Comentários Técnicos ao Laudo Pericial Contábil: Sobre o trabalhodo 
assistente técnico. O perito assistente (assistente técnico) irá desenvolver toda a sua 
criatividade técnica no sentido de realçar os aspectos do laudo oficial favoráveis às 
razões técnicas do seu cliente. Buscará também destacar eventuais interpretações 
errôneas ou distorcidas contidas no laudo pericial contábil. 
3. Do Parecer Pericial Contábil: O qual o assistente técnico oferece sua opinião 
técnica favorável, desfavorável ou parcialmente favorável a respeito do laudo pericial 
contábil submetido às suas análises. 
4. Do Encerramento 
5. Anexos 
6. Documentos 
 (aula3-pag14) Laudo pericial é a prova pericial que constará no processo judicial e, 
portanto, auxiliará a decisão do magistrado. 
O parecer técnico, é a peça construída pelo assistente técnico, na qual este visa dar 
uma opinião sobre a prova pericial produzida. Objetiva realçar os aspectos técnicos 
importantes para a parte que o contratou, bem como apontar os possíveis erros 
presentes no laudo pericial. 
TEMA 5 – METODOLOGIA E PROCEDIMENTOS TECNOLÓGICOS 
(aula3-pag14/15/16) Os meios operantes para a sustentação das peças técnicas, 
em especial o laudo pericial. Hoog (2010) propõe as seguintes etapas que irão 
culminar no laudo pericial: 
1. Nomeação do perito pelo magistrado; 
2. Informação do perito quanto à existência de impedimentos ou à concordância em 
realizar a perícia; 
3. Proposta dos honorários e do prazo de execução das atividades, elaborado pelo 
perito, caso o juiz não estabeleça data para conclusão; 
4. Após apreciação do juiz, depósito dos honorários; 
5. Comunicação do início dos trabalhos periciais aos assistentes e às partes envolvidas 
no processo; 
6. Início das diligências; 
7. Elaboração da prova pericial (laudo pericial). 
O que o registro contábil não constitui elemento comprobatório por si só. É 
fundamental que o contador se apoie em documentos contábeis que comprovem o fato 
ou o ato contábil em que teve origem a escrituração contábil. Podem ser utilizados 
como documentos: relatórios internos para cálculo de equivalência patrimonial, 
provisão para férias e décimo terceiro, recibos, notas fiscais, conhecimento de fretes, 
contratos, entre outros. 
Com base nas lições de Hoog (2010), observaremos oito importantes pontos: 
1. Na falta de elementos contábeis de comprovação, opta-se por pesquisa 
extracontábil. A ausência de documentos contábeis adequados para a escrituração 
deve ser complementada por aspectos extracontábeis que expliquem o evento 
econômico que se pretende registrar. Exemplos: fluxo interno de informações, 
registro de imóveis, cartórios e repartições públicas. 
2. Importância da verificação física: sempre que for possível, aconselha-se o 
profissional perito a vistoriar a matéria da lide. Exemplos, a contagem de estoques e a 
verificação das condições de máquinas e equipamentos; 
3. Técnica da circularização: é comumente utilizada na área de auditoria, pois 
consiste na prática de confirmação de saldos e de registros contábeis com terceiros. 
Poderão tanto confirmar diretamente com os devedores um registro de contas a 
receber quanto diretamente com os credores um registro de contas a pagar. 
4. A prova obtida externamente tem maior validade que a prova obtida 
internamente. Informações obtidas fora das organizações objeto da perícia tendem a 
ser mais fidedignas. 
5. As provas obtidas internamente podem ser utilizadas como documento que 
embasará a opinião do perito. Devem ser coletadas e analisadas com extremo rigor 
para que seja confiável a conclusão pericial. 
6. Revisão do sistema contábil: É dever do perito ter certeza em relação à veracidade 
dos dados que ele utilizará, que serão provenientes dos sistemas contábeis da empresa 
objeto do processo judicial. 
7. O perito deve ser cuidadoso, zeloso e imparcial na elaboração do laudo 
pericial. 
8. Sempre que possível o perito deve usar métodos aceitos e consagrados para a 
investigação pericial. Exemplo: o método comparativo, o método dedutivo, o 
método dialético, o método indutivo axiomático, o método do raciocínio contábil, o 
método sistêmico, o método da contabilidade comparada, entre outros. 
Aula4 
TEMA 1 – QUESITOS 
 (aula4-pag3/4/5) Os quesitos são as perguntas ou questionamentos de natureza 
técnica- científica formulados pelo magistrado e/ou pelas partes para orientar a 
investigação pericial. Devem ser formulados antes das diligências, etapa na qual o 
perito inicia seus trabalhos de campo. 
Ao serem elaborados, os quesitos devem ser apreciados pelo magistrado para que 
sejam evitadas questões impertinentes, fora do âmbito da lide proposta, assim como 
questionamentos que apontem para diligências desnecessárias ou procrastinatórias. 
Nesse sentido, segundo Ornelas (2000), podemos ter dois tipos de quesitos: os 
pertinentes e os impertinentes. 
Os quesitos pertinentes têm por objetivo esclarecer as questões originárias das 
bases técnico-científicas na área contábil. Os quesitos impertinentes são indagações 
de aspectos não relacionados ao objeto da lide proposta, além das que buscam opinião 
fora da competência legal do profissional. 
Os quesitos são elaborados pelo magistrado e pelas partes. No que concerne às 
partes, é salutar considerar que elas são figuras parciais no processo, pois defendem 
sua causa, razão pela qual é natural que levantem quesitos no sentido de ver produzida 
prova contábil que dê suporte aos fatos por elas relatados. Portanto, consoante Ornelas 
(2000), os advogados das partes, que formularão os quesitos, não raramente elaboram 
questões que denominamos anteriormente de impertinentes. 
Independentemente do tipo de quesito proposto ao perito, todos deverão 
ser respondidos. Isso significa dizer que os impertinentes ou que os visam 
atrapalhar o trabalho pericial deverão ser respondidos? Sim. 
Os quesitos principais são apresentados e deferidos pelo magistrado antes da 
proposta de honorários, após esse processo inicial, podem surgir os quesitos 
suplementares e, ainda, os pedidos de esclarecimento em audiência. 
Os quesitos suplementares podem surgir durante a fase de diligências decorrentes de 
fatos desconhecidos ou não tratados durante o processo judicial. 
Amparados pela doutrina de Hoog (2010), discorreremos sobre as fontes do direito 
contábil, ou seja, sobre os aspectos nos quais a contabilidade funda sua disciplina: 
. A filosofia: estudo profundo e de amplo aspecto que visa a compreensão da 
realidade pela busca da sabedoria pura. 
. A doutrina: é a opinião respeitada sobre o objeto científico. É útil quanto a 
resolução de conflitos, situações em que haja lacuna nas normas jurídicas positivadas 
ou quando apresentam antinomia (contradição entre leis). 
. Os axiomas: são verdades absolutas; na área contábil, são as premissas 
imediatamente evidenciadas ou admitidas como universalmente verdadeiras, sem 
questionamentos. 
. As teorias: conjunto de princípios da ciência contábil que tem por objeto o 
conhecimento científico, com intuito de explicar os fatos contábeis. 
. O teorema: preposição dialética que, para ser admitida ou se tornar evidente, 
necessita de demonstração científica. 
Os conceitos: são a representação do sentido e do alcance de um vocábulo, por meio 
de suas características gerais, tais como: a ideia e a significação. 
TEMA 2 – RISCOS NA PERÍCIA 
 (aula4-pag5/6/7) Antônio Lopes de Sá (2010, p. 18) assevera que “na perícia, o risco 
tem muito mais significado, pois pode levar a uma opinião errônea, produzindo uma 
falsa prova, com lesão ao direito de terceiros”. Além disso, o Sá (2010, p.18) 
acrescenta que ―o perito não pode errar‖. 
Assim, de acordo com Sá (2010), temos oito tipos de riscos que devem ser 
analisados cuidadosamente pelo profissional perito: tempo atribuído; plano de 
trabalho; desempenho exigente; apoio exigente; resguardo de informes; provas 
emprestadas; declarações; preço. 
1. Tempo atribuído: a tarefa pericial deveser dimensionada em tempo hábil para que 
o perito possa desempenhá-la com rigor e zelo. 
2. Plano de trabalho: “o perito deve elaborar um plano amplo e competente para a 
execução da perícia e escolher os melhores critérios de desempenho do mesmo”. 
3. Desempenho exigente: o profissional deve utilizar sua autoridade para que todos 
os materiais necessários para a elaboração da prova pericial lhe sejam oferecidos a 
tempo. 
4. Apoio exigente: o perito deve ter apoio técnico especializado de alto nível sempre 
que necessário. 
5. Resguardo de informes: as informações recebidas em forma de depoimentos e de 
testemunhos devem ser escritas e assinadas pelos responsáveis, como uma forma de 
resguardo do perito quanto à informação utilizada. 
6. Provas emprestadas: O perito deve, sempre que puder, obter informações de 
empresas ou de pessoas externas à entidade objeto de estudo. 
7. Declarações: o perito pode solicitar à administração da empresa documento que 
declare que os elementos exibidos eram os existentes e os únicos referentes àquela 
matéria estudada. Tal atitude também protege o profissional no que diz respeito a 
possíveis questionamentos. 
8. Preço: refere-se à compatibilidade com a qualidade e a quantidade do trabalho a ser 
executado pelo perito. 
TEMA 3 – SEGUNDA PERÍCIA E INSPEÇÃO JUDICIAL 
 (aula4-pag7/8) A segunda perícia é uma repetição da perícia inicial, situação que 
pode acontecer graças à anulação da primeira ou, independentemente disso, tanto por 
requerimento de uma das partes quanto por iniciativa do magistrado. A segunda 
perícia não invalida a primeira e, em muitos casos, valoriza a equidade do processo 
pericial, a ampla defesa e o contraditório. Segundo Hoog (2010), ela pode ser 
realizada pelo mesmo perito ou por outro indicado pelo juiz e busca corrigir eventual 
falha na primeira. 
Destaca-se que a impugnação do laudo pericial costuma ser a causa de uma 
segunda perícia. Podemos citar alguns fatores relacionados a esta impugnação: 
não observação da necessidade de uma equipe de peritos multidisciplinares; quando a 
matéria objeto da perícia não for suficientemente esclarecida; a falta de análise em 
documentos ou livros contábeis; proibição de funcionar como perito em decorrência 
do disposto no art. 279, do Código Penal; resposta do perito a quesito que envolva 
mérito; resposta com fórmulas incorretas; não observação de ditames legais, como, 
por exemplo, a data para o início e a ciência das partes; quebra de sigilo; respostas 
sem fundamentação tecnológica e científica; quando é omissa a conclusão técnica, 
entre outros fatores, conforme lições de Hoog (2010). 
Pode ser que a segunda perícia seja uma decorrência da anulação da primeira 
perícia? Claro que sim. Vejamos, segundo Hoog (2010), em quais situações isso 
ocorre: 
. Quando for comprovado que o perito não tem conhecimento técnico ou científico 
sobre o assunto; 
. Quando o perito não cumprir o prazo; 
. Quando for comprovado que o perito apresentou dados falsos; 
. Quando for comprovado que o perito tenha induzido o juízo a erro; 
. Quando for comprovado que o perito usou de falsidade ideológica; 
. Quando for comprovado que o perito esteja impedido ou suspenso. 
As despesas da segunda perícia ficarão às expensas das partes, do serventuário 
ou do Ministério Público ou do juiz. Enfim, de quem, sem justo motivo, tiver a 
solicitado. Porém, em casos que se fizer necessária uma segunda perícia, sem que 
ninguém tenha dado causa, ela será inclusa nas custas do processo judicial. 
Em relação à inspeção judicial, é importante apontar o seguinte aspecto: ela 
acontece quando o magistrado decide efetuar uma inspeção (arbitramento, exame, 
vistoria ou avaliação), acompanhado do perito nomeado para o processo judicial 
ou de outro perito, para confirmar atos, fatos ou coisas. Esse procedimento, assim 
como a segunda perícia, não está relacionado com a ineficiência da perícia inicial, 
sendo recorrentemente um processo de confirmação, e não de anulação da primeira 
perícia. 
TEMA 4 – PLANO DE TRABALHO EM PERÍCIA CONTÁBIL 
 (aula4-pag8/9/10/11) O ―plano de trabalho em perícia contábil é a previsão, 
racionalmente organizada, para a execução das tarefas, no sentido de garantir a 
qualidade dos serviços, pela redução dos riscos sobre a opinião ou resposta”. 
Para o planejamento do trabalho pericial, o profissional deve observar, de acordo 
com Sá (2010), o pleno conhecimento da questão (se for judicial, conhecimento do 
processo); a compreensão de todos os fatos que motivam a tarefa; os levantamentos 
prévios dos recursos disponíveis para exame; o prazo para a execução das tarefas e da 
entrega do laudo ou do parecer; a acessibilidade aos dados (se dependerá do acesso de 
muitos locais, se haverá deslocamentos, quais são as burocracias envolvidas etc.) e 
considerável conhecimento dos sistemas contábeis adotados. Além disso, o perito 
deverá considerar a confiabilidade dos documentos acessados, bem como a natureza 
dos apoios, caso necessários. 
.Pleno conhecimento da questão: O motivo pelo qual se faz a perícia. O perito 
precisa, necessariamente, conhecer o fato controverso de natureza contábil discutido. 
Além disso, precisa dominar as contradições e os pontos de vista dos dois polos 
processuais: os argumentos utilizados pelos advogados, os fatos, os documentos, as 
provas etc. 
.Pleno conhecimento dos fatos: Os fatos são ocorrências que não se confundem com 
as razões que motivaram a perícia. Contudo, é importante conhecer ambos para 
planejar. 
.Levantamentos prévios dos recursos disponíveis para exame: Os elementos 
principais que o perito deve examinar são os fatos relativos aos quesitos. Assim, para 
se efetuar a perícia é preciso conhecer os recursos disponíveis, tais como os materiais 
e os humanos. Todavia, nem sempre os elementos se encontram à disposição para 
exame pericial. 
.Prazo para a execução das tarefas e para a entrega do laudo ou do parecer: A 
atividade pericial é delimitada por prazos estipulados pelos juízes, pelos 
administradores ou pelas partes relacionadas. No caso de perícias judiciais, os prazos 
são fixados por lei. 
.Acessibilidade aos dados: Para planejar o trabalho pericial é necessário conhecer a 
facilidade ou a dificuldade que se pode ter para chegar até os dados que são objeto de 
exames, assim como a qualidade para a leitura e o manuseio dos elementos neles 
inseridos. Alguns casos que podem prejudicar o acesso são: localidade distinta e 
distante do perito; dados em mau estado de conservação ou em posse de terceiros que 
tendem a procrastinar o fornecimento; empresa que possui muitas filiais e um sistema 
falho de gestão das informações etc. 
.Pleno conhecimento dos sistemas contábeis adotados e confiabilidade da 
documentação: Em relação aos sistemas contábeis, é essencial o conhecimento de 
informática por parte do perito, visto que atualmente os sistemas contábeis são 
informatizados. Além disso, é fundamental que o profissional teste a confiabilidade 
dos sistemas. Não sendo confiáveis os sistemas contábeis, é preciso encontrar outras 
fontes de dados ou, então, declarar a impossibilidade de obtenção de elementos que 
produzam uma opinião verdadeira. 
.Natureza de apoios, se necessários: O perito deve dimensionar a natureza (humana 
ou material) do apoio de que necessita. 
TEMA 5 – DILIGÊNCIAS 
 (aula4-pag11/12/13) Zanna (2007, p. 135) assevera que as diligências são “todo e 
qualquer ato executado pelo perito oficial e pelos assistentes técnicos, com a 
finalidade de juntar provas e argumentos para confeccionar o laudo pericial requerido, 
incluindo as atividades que se seguem à confecção do laudo”. 
Complementarmente, Ornelas (2000) diz que as diligências são uma fase do trabalho 
pericial, em especial, do trabalho de campo. 
As diligências podem ser verificadas em três etapas distintas do trabalho 
pericial. De acordo com as lições e os exemplos de Zanna(2007): (1) antes da 
elaboração do laudo pericial, por exemplo, planejamento do trabalho pericial, 
arrecadação de livros de documentos que serão examinados, bem como a coleta dos 
demais elementos de prova documental; (2) durante a confecção do laudo, por 
exemplo, os cálculos e a elaboração de planilhas, que configurarão o laudo pericial, 
obtenção e redação de cópia de documentos originais, elaboração e revisão do laudo 
pericial; (3) após a entrega do laudo, por exemplo, a devolução dos autos do 
processo para obter a baixa no livro de cargas de perito, entrega do laudo pericial, 
entrega de petição requerendo os honorários periciais, atendimento a eventuais 
pedidos de esclarecimento e outras eventuais diligências relacionadas a esse processo 
judicial. 
Dentro desse cenário, apontaremos seis pontos importantes das diligências no 
trabalho pericial, conforme Zanna (2007): 
1. Para conhecimento dos autos, aceitação dos encargos e apresentação das 
estimativas de honorários: primeiramente, essa diligência acontece no cartório da 
vara em que o profissional foi nomeado; depois, em seu escritório, o perito redige 
uma peça que externa seu aceite ou sua recusa quanto ao trabalho pericial. 
2. Para informar o início dos trabalhos às partes: o perito fará uma carta indicando 
onde os trabalhos acontecerão, bem como o dia e a hora em que serão iniciados. 
3. Para obtenção de informações, livros, documentos, dados e tudo o mais que 
necessita para responder aos quesitos e preparar o laudo: requer a confecção do 
termo de diligência.Tal diligência é feita no local em que as provas estão localizadas. 
4. Para conclusão, ou seja, para o ―fechamento‖ dos trabalhos de investigação e 
elaboração do laudo: acontece no escritório do perito e pode ser complementada por 
documentos solicitados por telefone, fax ou e-mail. 
5. Para prestar esclarecimentos após o laudo pericial ter sido protocolado: o 
perito poderá ser intimado para prestar esclarecimentos. Nesse caso, retirará os autos 
do cartório, procederá aos esclarecimentos de forma escrita e devolverá os trabalhos 
ao cartório de forma protocolada. 
6. Para receber os honorários periciais arbitrados e já depositados nos autos: o 
perito elaborará petição requerendo levantamento dos honorários e, em seguida, irá ao 
banco para recebimento de quantia depositada em seu favor, acrescida de juros e de 
atualização monetária. 
Aula5 
 (aula5-pag2) Na prática de sua atividade profissional, o perito-contador e o assistente 
técnico podem atuar em diferentes funções judiciais e extrajudiciais. Na esfera 
judicial, auxiliam o magistrado (perito-contador) e as partes (assistente técnico) 
em decisões criminais, do trabalho, cíveis, fiscais, familiares, entre outras. 
Enquanto na esfera extrajudicial, os profissionais atuam, principalmente, em 
medidas administrativas, reavaliações de ativos não circulante e do patrimônio 
das entidades, além de combinações de negócios. 
TEMA 1 — TERMO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA DO CONTADOR 
COM ANUÊNCIA DO ADMINISTRADOR, TERMO DE OUVIDA DA PARTE 
SOBRE OS DOCUMENTOS SOLICITADOS NA DILIGÊNCIA E TERMO DE 
DILIGÊNCIA 
 (aula5-pag3/4/5) 1.1 Termo de responsabilidade técnica do contador com 
anuência do administrador 
Esse termo é elaborado para reafirmar a responsabilidade técnica do contador perante 
o perito. Isto quer dizer que, o profissional contábil da entidade a ser examinada se 
compromete a fornecer informações verdadeiras ao perito contábil. 
Salienta-se que, naturalmente, o perito-contador deve se assegurar das informações 
recebidas pelo contador, posto que sua responsabilidade no exame e análise dos 
fatos não diminui com o termo de responsabilidade técnica do contador com 
anuência do administrador. 
A Lei n. 10.258 de 28 de agosto de 2001 é a base para a elaboração desse termo e 
considera os seguintes elementos como fundamentais para constar no documento 
elaborado: a responsabilidade do contador pelas demonstrações contábeis, crimes 
contra a ordem econômica e tributária, crime contra as relações de consumo, crime 
por omissão, desídia e improbidade; atos e fatos da gestão do administrador; obtenção 
de evidências por depoimento; fundamentar a extensão e profundidade da análise; 
possibilitar esclarecimentos sobre pontos não constantes das demonstrações contábeis, 
tais como subjetividade do contador; e, dar garantia ao perito sobre a responsabilidade 
do exame pericial (Hoog, 2010). 
O que deverá constar no termo de responsabilidade técnica do contador com a 
anuência do administrador (Hoog, 2010): 
a. Data da diligência; 
b. Ser dirigida ao perito nomeado ou assistente técnico indicado; 
c. Fazer referência ao objeto da perícia; 
d. Mencionar o responsável técnico pelo registro e pelo sistema contábil, bem como 
por todo o sistema administrativo financeiro; 
e. Confirmar as estimativas contábeis; 
f. Revelar se há, ou não, contingências fiscais, trabalhistas, previdenciárias, 
ambientais, comerciais e legais que possam afetar a situação econômica ou financeira; 
g. Revelar se tem conhecimento de fatos que possam impedir ou alterar o caminho da 
prosperidade aziendal; 
h. Revelar eventos subsequentes que possam afetar o patrimônio; 
i. Confirmar se livros e registros comprobatórios foram colocados à disposição do 
perito, relacionando os não exibidos ou não existentes; 
j. Confirmar a contabilização de todos os atos e fatos, evidenciando os saldos e as 
transações com o meio, evidenciando prejuízos de compra e venda, acordos para 
recompras; 
k. Revelar todos os ativos dados em garantia e as garantias dos produtos e serviços, 
bem como as responsabilidades civil e criminal por danos ao consumidor e ao meio 
ambiente; 
l. Revelar a existência de planos que possam afetar o valor ou a classificação de ativos 
ou passivos; 
m. Confirmar que não existem irregularidades envolvendo a administração ou os 
empregados, que possam ter efeitos sobre a empresa, inclusive crimes falimentares, 
práticas de cartel, concorrência desleal, superfaturamento ou subfaturamento; 
n. O termo deve ser assinado pelos administradores que têm poder para tal e pelo 
profissional responsável pelas demonstrações contábeis. A recusa de fornecer o 
presente termo constitui uma limitação ao exame pericial, pelo fato do olho clínico, 
tecnológico/científico do juiz, “do perito”; todos devem colaborar com a justiça, de 
acordo com o art. 339 do CPC. 
 (aula5-pag5) 1.2 Termo de ouvida da parte sobre os documentos solicitados na 
diligência 
O perito-contador pode utilizar-se do prescrito no art. 429 do CPC para elaborar um 
termo de ouvida da parte sobre os documentos solicitados na diligência. Esse 
documento visa respaldar o perito em relação a informações coletadas das partes 
em matéria contábil (Hoog, 2010). 
O objetivo desse termo é gerar maior transparência dos atos praticados pelo perito, 
minimizar os riscos da atividade pericial no processo judicial, como injúrias e calúnias 
das partes (Hoog, 2010). 
 (aula5-pag6) 1.3 Termo de diligência 
O objetivo desse termo formal é relacionar os documentos e as informações que 
estão de posse das partes para serem examinados no processo pericial. 
Zanna (2007) traça a estrutura sugerida para o termo de diligência, que deve conter os 
seguintes elementos: 
a. Identificação do processo (comarca, vara, número do processo, tipo de causa e 
nome das partes); 
b. Identificação do perito judicial; 
c. Local, data e hora das diligências; 
d. Escopo da diligência; 
e. Livros e documentos requisitados, mencionando o período a que se referem; 
f. Identificação dos assistentes técnicos e das demais pessoas que participaram do 
trabalho, mesmo que apenas na condição de observadores, tais como, chefe e 
auxiliares do Departamento de Contabilidade da empresa visitada, advogados das 
partes e outros interessados; 
g. Assinaturas de todos os presentes à diligência. No caso de algum assistente técnicoou outra pessoa negar-se à assinatura do termo de diligência, esse fato deve ser 
autuado no rodapé do próprio termo. 
TEMA 2 – TIPOS DE PERÍCIA CONTÁBIL NA ESFERA JUDICIAL: VARAS 
CRIMINAIS, DO TRABALHO, CÍVEIS ESTADUAIS 
 (aula5-pag6/7) Os tipos de perícia contábil na esfera judicial, que é composta por 
varas. As varas são a jurisdição da Justiça, o local no qual o juiz exerce seu poder 
jurisdicional. 
A Vara Criminal acomoda as fraudes e os vícios contábeis, as adulterações de 
lançamentos e registros, desfalques e alcances, apropriações indébitas, inquérito 
judicial para efeitos penais, crimes contra a ordem econômica e tributária dentre 
outras. 
A Justiça do Trabalho prevê o julgamento e o trabalho pericial em indenizações 
de diversas modalidades, litígios entre empregadores e empregados de diversas 
espécies (Hoog, 2010). Sá (2010) advoga que as reclamações no âmbito trabalhista 
giram em torno de registro de empregados, de salários e de direitos inerentes às 
relações de trabalho. 
 (aula5-pag8) Perícias contábeis atreladas à esfera das varas cíveis estaduais. 
Estas podem ser, segundo Hoog (2010, p. 239), ordinária, apuração de haveres, 
avaliação de patrimônio incorporado, busca e apreensão, consignação em pagamento, 
comissão de pena pecuniária, cambiais, compensação de créditos, consignação e 
depósito para pagamento, desapropriação de bens, dissolução de sociedade, exclusão 
de sócio, embargos de impedimento de consumação de alienação, estimativa de bens 
penhorados, exibição de livros e documentos, extravio e dissipação de bens, falta de 
entrega de mercadoria, fundo de comércio, indenização por danos, inventários na 
sucessão hereditária, liquidação de empresas, lucros cessantes, medidas cautelares, 
possessória, prestação de contas, rescisória, revisão de contratos bancários. 
 (aula5-pag8) Apuração de haveres acontece quando se torna necessário apurar os 
“direitos” de alguém em uma massa patrimonial. Isso se dá em razão de morte de 
sócio, morte de cônjuge de sócio, dissolução de sociedade ou, também, em casos em 
que um sócio se retira ou é expulso da sociedade. 
TEMA 3 – TIPOS DE PERÍCIA CONTÁBIL NA ESFERA JUDICIAL: 
EXECUÇÕES FISCAIS, DE FAMÍLIA E NA JUSTIÇA FEDERAL 
 (aula5-pag9) As varas de execuções fiscais analisam casos envolvendo tributos de 
uma forma geral, tais como ICMS, ISS, IPTU. Já na Justiça Federal, discutem-se 
execução fiscal (INSS, FGTS, tributos federais e contribuições sociais no geral), 
revisão do SFH quando envolve a CEF, ações que envolvem a União (ex. 
Desapropriação de terra por parte da União), etc. (Hoog, 2010). 
TEMA 4 – TIPOS DE PERÍCIA CONTÁBIL NA ESFERA EXTRAJUDICIAL: 
FUSÃO, CISÃO E INCORPORAÇÃO 
 (aula5-pag10/11) A fusão, segundo Hoog (2010, p. 240), é uma operação entre duas 
ou mais sociedades na qual elas se unem para formar uma nova sociedade, que lhes 
sucede em todos os direitos e obrigações. 
A cisão “é a operação pela qual a companhia transfere parcelas do seu patrimônio 
para uma ou mais sociedades, constituídas para esse fim ou já existentes, extinguindo-
se a companhia cindida se houver versão de todo o seu patrimônio, ou dividindo-se o 
seu capital se parcial a versão”. 
A ―incorporação é a operação pela qual uma ou mais sociedades são absorvidas por 
outras, que as sucede em todos os direitos e obrigações” (Hoog, 2010, p. 240), 
diferenciando-se, então, da fusão. Na incorporação, as sociedades incorporadas 
deixam de existir, conquanto a entidade incorporadora permanece com sua vida 
normal. Na fusão, ambas as entidades deixam de existir, para a constituição de uma 
sociedade “totalmente” nova. 
Por que o trabalho pericial perpassa níveis fundamentais em todos os tipos de 
combinação de negócio? O que está por trás de ambas as operações é a questão da 
avaliação do valor das entidades. Assim, em reestruturações societárias é comum a 
utilização de laudos contábeis de avaliação. Esse tipo de laudo é extrajudicial, 
contudo, o profissional perito-contador é o mais habilitado técnico-cientificamente 
para emitir tal afirmativa quanto ao valor econômico das entidades. 
TEMA 5 – TIPOS DE PERÍCIA CONTÁBIL NA ESFERA EXTRAJUDICIAL: 
MEDIDAS ADMINISTRATIVAS E DE REAVALIAÇÃO DO ATIVO NÃO 
CIRCULANTE E DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO 
 (aula5-pag11/12) As medidas administrativas são definidas por Hoog (2010, p. 
241) como: Os procedimentos para embasar decisões administrativas, demissões por 
justa causa, responsabilidade de gerentes/diretores quando da administração e retorno 
do capital, apuração da eficiência, ou não, da gestão de estoques. E também de 
impugnação de autos de infrações, como exemplo temos: as perícias na esfera 
administrativa da Secretaria da Receita Federal, onde encontramos a figura do perito e 
do assistente técnico indicado pelo contribuinte. 
As medidas administrativas visa apurar diversos fatos controversos nas entidades, 
de maneira interna, ou seja, visando responder questões de interesses internos dessas 
entidades para tomada de decisões administrativas. 
As reavaliações do ativo não circulante, Hoog (2010) assevera que devem ser 
efetuadas por três peritos diferentes ou por empresa especializada, com apresentação 
de laudo pericial que indique os critérios de avaliação e dos elementos de comparação 
adotados e instruídos com os documentos relativos aos bens avaliados. 
As reavaliações do patrimônio líquido são, geralmente, solicitadas nos casos de 
venda parcial ou total de uma empresa, ingresso de novos sócio ou retirada de sócios. 
As reservas de reavaliação do patrimônio líquido devem ser efetuadas por um perito 
contábil. 
 (aula5-pag114) As marcas representam bens de valor econômico e, por isso, devem 
ser avaliadas. A avaliação de uma marca visa, por meio de tecnologia e amostras, 
chegar a um “preço justo” do ativo intangível avaliado. O perito-contador envolve-
se na avaliação da marca, quando solicitado por magistrado ou por partes, em 
processo judicial e/ou extrajudicial, posto que detém conhecimento técnico- científico 
para determinar o valor econômico desse ativo. 
Aula6 
TEMA 1 – NOÇÕES GERAIS SOBRE PERÍCIA NA ESFERA ARBITRAL 
 (aula6-pag3/4) arbitragem é o procedimento extrajudicial de resolução de conflitos. 
A arbitragem é o meio eficaz, seguro, sigiloso e técnico de solução definitiva de 
litígios referentes a direitos patrimoniais disponíveis, no qual as partes elegem um 
árbitro, por meio de documento assinado, para proferir laudo arbitral. Dessa maneira, 
podemos definir a arbitragem como uma alternativa à esfera judicial para a 
resolução de conflitos por meio da intervenção de um terceiro (árbitro). Os poderes 
desse terceiro são de uma convenção privada, ou seja, assume a eficácia de uma 
sentença judicial (Carmona, 1998). 
O conceito de arbitragem perpassa os seguintes elementos: a arbitragem como 
instituição, a necessária existência de um litígio a ser pacificado, a intervenção 
indispensável e decisiva de um terceiro não vinculado e que não represente a 
jurisdição estatal, a manifestação obrigatória de vontades das partes (caráter 
facultativo) para a formalização do juízo arbitral, a inexistência de vedação legal de 
submissão do litígio a um juízo não estatal, e ainda, a obrigatoriedade da decisão 
prolatada. Sumariamente, podemos citar Rabay (2012) em relação aos cinco pontos 
principais que caracterizam a esfera arbitral, sendo eles: 
1. Configura-se como meio alternativo à esfera judicial para a resolução de conflitos; 
2. Tem como objeto o direito patrimonial disponível, ou seja, todo direito que pode 
ser transacionado (venda, compra, doação, etc.) pelas partes sem intervenção do 
estado; 
3. É instituída pela autonomia privada, ou seja, por vontade/consenso entre as partes; 
4. A livre escolha do árbitro que decidirá a controvérsia; 
5. As partes envolvidas se comprometem a aceitar e acatar a decisão arbitral, não 
cabendo recurso. 
 (aula6-pag4) A lei arbitralestabelece a cláusula compromissória. Isso significa 
dizer que a convenção arbitral é um negócio jurídico resultante do acordo entre as 
partes. Assim, esse acordo tem poder coercitivo e, assim, não se admite que uma das 
partes desista unilateralmente e recorra ao Judiciário; caso esse fato ocorra, o 
magistrado deve dar supremacia à esfera arbitral (Campolina, 2008). 
O objeto da arbitragem é definido por lei como o direito disponível. O conceito de 
direito disponível é todo aquele bem ou direito que as partes podem transacionar, ou 
seja, vender, comprar, doar, de livre e espontânea vontade, sem que o Estado tenha 
que intervir na relação jurídica. São exemplos a compra de um carro, a doação de um 
imóvel... 
O árbitro é a pessoa escolhida em comum acordo entre as partes da esfera arbitral. 
O árbitro deve possuir alguns atributos para exercer a função, tais como: 
. Alta qualificação; 
. Boa reputação e atendimento aos requisitos éticos; 
. Imparcialidade; 
. Conhecimento técnico-científico sobre a matéria a ser resolvida. 
 (aula6-pag5) O árbitro tem o papel de substituir o magistrado, contudo, deve ser 
extremamente técnico e qualificado para exercer tal função, assim como o perito na 
esfera judicial (Campolina, 2008). O objeto da arbitragem, vimos que se trata de 
questão patrimonial, envolvimento de bens e direitos e normalmente o perito-
contador é o profissional mais habilitado para emitir opinião econômica e 
financeira sobre o bem ou o patrimônio objeto da discussão arbitral. 
O árbitro precisa atender a características muito similares às do perito, tal como a 
imparcialidade e a extrema capacidade técnico-científica na matéria da lide arbitral. 
O perito-contador é comumente solicitado para a esfera arbitral e, portanto, é muito 
importante conhecer os mecanismos dessa esfera e como o perito-contador, na função 
de árbitro, irá desenvolver suas atividades. 
TEMA 2 – ARBITRAGEM NO DIREITO EMPRESARIAL E COMO 
SOLUÇÃO DE CONFLITOS INTERNACIONAIS 
 (aula6-pag6) O Direito Comercial surgiu com o intuito de solucionar conflitos 
existentes na esfera mercantil. 
O Direito Empresarial não é voltado estritamente para o comércio, mas engloba 
todas as relações que envolvem a atividade mercantil, a prestação de serviços e a 
circulação de mercadorias. Enquanto o Direito Comercial passa a contemplar o 
comerciante, a atividade empresária, o cliente consumidor, o Estado e toda matéria 
que está direta ou indiretamente ligada ao comércio, à indústria e à empresa. 
Campolina (2008) afirma que o Direito Arbitral surgiu a partir do séculoXVIII com 
o intuito de resolver conflitos comerciais internacionais. 
 (aula6-pag6) As organizações empresariais, assim como as pessoas físicas, precisam 
de saúde e paz de espírito para desenvolverem suas relações com todos os 
stakeholders, tais como a cadeia de valores (clientes e fornecedores), os funcionários e 
a comunidade, englobando todos os aspectos sociais e ambientais envolvidos. 
Assim, quando surge um impasse nesse ambiente, as organizações podem resolver 
esse conflito na esfera arbitral. Essa decisão auxiliará na manutenção do bom 
relacionamento futuro com os stakeholders da empresa, visto que a esfera arbitral é 
uma alternativa mais amigável em relação ao processo judicial, que é sempre 
desgastante. 
As principais vantagens da esfera arbitral em detrimento da esfera judicial: a 
celeridade processual, a informalidade e a economia financeira. 
1. A celeridade processual é a rapidez com que o processo arbitral se inicia e 
conclui-se. 
2. A informalidade é comum às esferas extrajudiciais, aplicando-se, também, à 
esfera arbitral. Exemplos de informalidade: as partes podem se comunicar 
diretamente com o árbitro (fato que não ocorre na esfera judicial), e as partes 
podem expor suas razões sem se preocupar com aspectos formais de 
comunicação, tais como as petições (Campolina, 2008). 
3. A economia financeira poderíamos citar a economia de tempo (relativo à 
celeridade processual) como uma conversão em economia financeira. Contudo, 
além desse aspecto, que também é válido, temos que o procedimento arbitral é 
mais econômico do que as custas e taxas pagas para a máquina do Judiciário 
(Campolina, 2008). 
TEMA 3 – PRINCÍPIOS DE ARBITRAGEM 
 (aula6-pag7/8) Os princípios, no Direito, cumprem um papel de fundamentos, 
normas elementares ou requisitos primordiais. Nesse sentido, são os axiomas ou 
verdades universais de um sistema jurídico. As funções dos princípios, segundo 
Rabay (2012), podem ser sintetizadas em estrutural, interpretativa, axiológica e 
social. 
A função estrutural mantém a coerência e harmonia do sistema jurídico. 
A função interpretativa tem os princípios como direções seguras, ou seja, eles 
auxiliam e contribuem para a interpretação das normas jurídicas. 
A função axiológica é a utilização dos princípios para a solução de divergências 
concretas. 
A função social prescreve que o magistrado deverá atender a fins sociais e ao alcance 
do bem comum, ao aplicar a legislação para resolução de um impasse. 
Os seguintes princípios devem ser considerados ao tratarmos da esfera arbitral: 
a. Princípio da autonomia privada: esse princípio confere às partes o poder de 
autorregulamentação e autodeterminação de seus interesses, em esfera arbitral, desde 
que não sejam contrários à ordem pública, aos bons costumes e às normas vigentes. 
b. Princípio da boa-fé: Ele veda o abuso de direito, o comportamento contraditório, o 
ato emulativo e/ou eivado de boa-fé, bem como alegação em juízo, por qualquer das 
partes que voluntariamente elegeram a esfera arbitral para resolução de conflito. 
c. Princípio da autonomia da cláusula da convenção de arbitragem em relação ao 
contrato: no direito contratual temos o princípio da conservação dos contratos, que é 
subdividido em preservação, conversão e aproveitamento e está presente no Código 
Civil. Contudo, na esfera arbitral, temos o princípio da autonomia da cláusula da 
convenção de arbitragem sobre o contrato. Isto significa dizer que, 
independentemente da nulidade do contrato, a cláusula da convenção arbitral é 
soberana. Portanto, a nulidade do contrato não implica nulidade da cláusula arbitral. 
d. Princípio da competência-competência: esse princípio versa sobre a soberania da 
decisão arbitral. Assim, cabe aos próprios árbitros a decisão sobre a invalidade da 
cláusula arbitral e do contrato. O árbitro tem a capacidade para julgar sua própria 
competência, ou seja, ele mesmo decide com imparcialidade nesse processo arbitral. 
Importante salientar que não há como admitir a interferência do Poder Judicial na 
esfera arbitral. Outrossim, a esfera arbitral perderia sua efetividade. 
e. Princípio da força vinculante e obrigatoriedade da cláusula arbitral: esse 
princípio é correlacionado ao princípio da força obrigatória das convenções, no qual 
as partes devem cumprir com os acordos estipulados entre si e lavrados por meio das 
convenções. Nesse sentido, a cláusula arbitral assume um caráter de convenção e, 
consequentemente, as partes são obrigadas a submeterem-se à esfera arbitral para a 
resolução dos problemas, excluindo-se a possiblidade de jurisdição estatal. 
f. Princípio da temporariedade: apresenta-se como um elemento que visa limitar a 
validade da cláusula arbitral a fim de não a tornar vitalícia, configurando- se como 
sujeição eterna. Assim sendo, após o período estabelecido no arbitramento ou 
decorrido um prazo de seis meses, se não houver menção na sentença arbitral, existe a 
possibilidade de ação judicial para resolução do conflito. 
g. Princípio das garantias processuais: esse princípio versa sobre os procedimentos 
necessários para garantir validade ao processo arbitral. Nesse sentido, garantias 
mínimas processuais devem ser atendidas, tais como o devido processo legal, a ampla 
defesa, o contraditório, a igualdade entre as partes, a imparcialidade e o livre 
convencimento

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