Buscar

Livro Mídias e Linguagens

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 208 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 208 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 208 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

2009
Mídias e Linguagens
Sônia Cristina Vermelho
Midias_Linguagens.indb 1 20/2/2009 13:57:05
IESDE Brasil S.A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
Todos os direitos reservados.
© 2008 – IESDE Brasil S.A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização 
por escrito dos autores e do detentor dos direitos autorais.
V523 Vermelho, Sônia Cristina. / Mídias e Linguagens. / Sônia 
Cristina Vermelho. — Curitiba : IESDE Brasil S.A. , 2009. 
208 p.
ISBN: 978-85-387-0075-3
1. Comunicação na educação. 2. Mídias – Planejamento. 3. Co-
municação de massa. 4. Mídias. I. Título. 
CDD 370.192
Midias_Linguagens.indb 2 20/2/2009 13:57:10
Sônia Cristina Vermelho
Doutora em Educação: História, Política, Sociedade 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo 
(2003), mestre em Educação: História, Política, 
Sociedade pela Pontifícia Universidade Católica 
de São Paulo (1998) e graduada em 
Processamento de Dados pelo Centro 
Universitário Positivo (1993).
Midias_Linguagens.indb 3 20/2/2009 13:57:10
Sumário
 Formação social e comunicação
Sistemas de comunicação...............................................................................................................................9
 Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
Introdução .........................................................................................................................................................31
Comunicação e a URBE .................................................................................................................................31
Conceito de comunicação ...........................................................................................................................34
Dimensão interacional ..................................................................................................................................40
 Mídia impressa
Do oral ao impresso .......................................................................................................................................47
A técnica da escrita e suas ferramentas ................................................................................................49
Aspectos técnicos da mídia impressa ......................................................................................................53
 Fotografia e a produção da imagem estática
Introdução .........................................................................................................................................................67
Níveis de atenção e de leitura de uma imagem ..................................................................................................... 70
Midias_Linguagens.indb 4 20/2/2009 13:57:10
Sentidos de uma imagem ...........................................................................................................................72
Tipos de fotografia ..........................................................................................................................................75
Técnicas de produção da fotografia ........................................................................................................77
 Rádio: uso da voz e da criatividade
Surgimento do rádio ......................................................................................................................................88
O rádio e seu consumo .................................................................................................................................90
Tipos de rádios .................................................................................................................................................94
 Mídia audiovisual: cinema
As primeiras abordagens sobre cinema ..............................................................................................103
Projeção de imagens: o teatro de sombras ........................................................................................110
O cinema e sua técnica ..............................................................................................................................113
 Mídia audiovisual: televisão
Um novo regime de visualidade .............................................................................................................124
A transmissão de imagens ........................................................................................................................129
Midias_Linguagens.indb 5 20/2/2009 13:57:11
 Televisão brasileira: um caso para estudos
Primeiras transmissões de TV no Brasil ................................................................................................139
Televisão e seus tipos..................................................................................................................................145
Processo de produção televisiva: custos e forma de transmissão ..............................................147
A televisão digital .........................................................................................................................................150
 Mídia e formação do sujeito
Mídia e vida humana ..................................................................................................................................159
Televisão e a crise da estrutura familiar e escolar .............................................................................162
A mídia televisão e as implicações do seu uso/consumo..............................................................168
 Mídia e sociedade .......................................................................... 177
Século XX: formação de uma cultura de massa ................................................................................177
 Gabarito ............................................................................................ 193
 Referências ....................................................................................... 199
 Anotações ........................................................................................ 207
Midias_Linguagens.indb 6 20/2/2009 13:57:11
Apresentação 
Entender o mundo hoje nos exige um olhar muito 
atento para o que comumente chamamos de 
“Comunicação”.
Mas afinal, o que é a Comunicação? Segundo 
o dicionário Michaelis, Comunicação significa 
“ato, efeito ou meio de comunicar; participação; 
aviso; informação; convivência; trato; lugar de 
passagem de um ponto para outro; comu-
nhão (de bens)”.
Como, onde, porque, para quê nos comuni-
camos? Essas e tantas outras questões, que 
muitas vezes nem nos damos conta no dia-
a-dia, estão a todo momento inserindo-nos 
no sistema de comunicação. As práticas em 
torno do uso que fazemos desse sistema 
comunicativo variam enormemente. São 
muitos os fatores que intervêm na forma 
como cada um de nós lida, usufrui, incor-
pora, pensa esse sistema. Mas o certo é 
que, todas as pessoas utilizam, em alguma 
medida, o sistema comunicativo.
Pensar a comunicação também nos remete a 
analisar historicamente o modelo de socialização 
que adotamos pelo menos nos últimos 500 
anos. Não vamos historizar tanto, caso contrário, 
necessitaríamos reunir todas as informações e co-
nhecimentos existentes sobre a sociedade, os siste-
mas comuncativos e os usos que foram feitos dele, o 
que vai além dos nossos propósitos neste curso e seria 
uma tarefa quase impossível de ser realizada. Vamos 
tornar mais viável essa empreitada que estamos inician-
do e criar um foco nessa discussão, vamos circunscrevê-lo 
procurando pensar a comunicação como um processo de 
construção da sociedade, ou do que entendemos por sociedade.
Midias_Linguagens.indb 7 20/2/2009 13:57:11
Como é isso? Bem, eu, você, seus colegas, mulher, 
marido, filhos, enfim, cada um constrói uma 
representação e um significadopara o que 
chamamos de “sociedade”. Para além do 
conceito sociológico (sociedade), nós mate-
rializamos esse conceitos numa dada forma 
de sociedade por meio das experiências que 
vamos tendo ao longo da vida. Quando 
você escuta o termo (sociedade), uma 
imagem, ou imagens, vêem à sua mente. 
Algo é associado a esta palavra. O mesmo 
acontece quando você escuta a palavra 
“informação”, “sujeito” etc.
O que isso significa? Em resumo significa 
que nesta discussão em torno da comu-
nicação e sociedade vamos fazer uma 
abordagem mais sociológica e menos 
midiática, ou tecnológica. É importante 
que isso esteja claro, pois delimita melhor 
sua expectativa desta disciplina. Com isso, 
diante da complexidade e amplitude do 
tema, vamos fazer ao longo de nossas aulas 
indicações de livros, filmes, sites etc. para que 
você mesmo possa aprofundar os temas que 
mais lhe agradar ou tiver interesse. Feita esta 
introdução, vamos iniciar nossos trabalhos com 
um momento de reflexão. Sugiro que você pare um 
minuto e pense sobre a questão da comunicação. O 
que eu sei sobre “Comunicação”. O que significa “Co-
municar” no contexto atual? Anote seus pensamentos e 
retome-os ao terminar a disciplina.
Midias_Linguagens.indb 8 20/2/2009 13:57:11
Formação social 
e comunicação
Sistema de comunicação
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Este mapa-múndi genovês é de 1457, século XV, de autor desconhecido 
e está arquivado na Biblioteca Nacional Central em Florença na Itália. É um 
mapa da Idade Média, uma carta marítima com escala onde foram registra-
das características dos locais como animais, construções, acidentes geográ-
ficos etc. Estas informações eram fundamentais para os navegadores que se 
arriscavam em terras estrangeiras. Toda e qualquer informação importante 
sobre determinada localidade era representada nos mapas para auxiliar as 
expedições exploratórias ou mesmo comerciais. Imagine a aventura que de-
veria ser ir para terras das quais não se sabia mais nada além dos registros dos 
mapas, ou para outras sobre as quais não se sabia nada?
Pense como você organiza sua viagem de férias, por exemplo? Qual a pri-
meira providência? Escolher o local, claro. Depois, ligar para uma agência de 
viagens, ou pesquisar informações na Internet, comprar sua passagem, reser-
var hotel etc. Se você quiser ter poucas surpresas, ainda pode instalar em seu 
computador um programa com imagens de satélites, que mostram mapas, 
terrenos e edificações em 3D. 
Assim poderá olhar com detalhes o local de suas férias, inclusive com 
dados sobre trânsito, infra-estrutura de saúde, pontos turísticos, transporte 
e tudo que imaginar.
Midias_Linguagens.indb 9 20/2/2009 13:57:11
Mídias e Linguagens
10
O nosso mapa-múndi atual coloca o mundo na tela do computador, pense 
o que isso significa em termos de experiência humana. Por isso quando fala-
mos de Sistema de Comunicação tratamos de questões que vão muito além 
dos atuais meios de comunicação, tais como rádio, jornal, TV, Internet etc. 
Estamos trazendo as formas que a sociedade foi desenvolvendo ao longo da 
história e que permitiram tanto o contato entre as pessoas quanto o registro 
permanente de alguma informação importante sobre nosso mundo.
O mapa-múndi genovês do século XV foi nada mais do que um meio de 
comunicação entre os navegadores daquela época e que lhes permitiu ampliar 
seus conhecimentos sobre as terras longínquas, possibilitando novas trocas 
comerciais, novas conquistas e novas guerras. As estradas medievais também 
permitiram conquistas e unificações de nações inteiras, assim como a constru-
ção do mundo tal como o conhecemos hoje. Esses meios permitiam o contato 
e o registro entre/para outras pessoas em tempos e lugares distintos. 
Um olhar para nossa história indica-nos claramente todo o esforço humano 
numa busca permanente pela conquista, pelo domínio do desconhecido. A 
comunicação, a troca, o contato entre as pessoas, ou o registro sobre alguma 
coisa, estão na base do nosso sistema comunicativo, o que mudam são os 
meios, o tempo, o espaço e a forma de interação.
Se recuarmos ainda mais no tempo, os conhecimentos arqueológicos e 
históricos nos indicam que as primeiras formas de comunicação com registro 
foram inscrições rupestres, que são desenhos talhados nas pedras.
IE
SD
E 
Br
as
il 
S.
A
.
D
en
is
e 
Ro
m
an
.
Pintura rupestre.
Midias_Linguagens.indb 10 20/2/2009 13:57:14
Formação social e comunicação
11
Assim sendo, é lícito concluirmos que ao longo da nossa história o Sis-
tema de Comunicação têm se constituído desde o surgimento das primei-
ras formas ainda rudimentares de sociedade, mediadas por algum suporte 
material ou lingüístico. Também é interessante acrescentar que estas formas 
muito cedo passaram a construir imagens como formas de expressão de sen-
timentos, de idéias, de dados e de valores humanos, como se pode observar 
nas imagens das inscrições rupestres. Tanto que alguns códigos lingüísticos 
até hoje possuem na sua estrutura a imagem; outros, como o nosso, utilizam 
como complemento os símbolos, ícones e signos.
D
ig
ita
l J
ui
ce
.
D
ig
ita
l J
ui
ce
.
Cabem aqui algumas considerações em torno dessa questão. Podemos 
dizer, então, que ao estudar a “comunicação” lidamos com vários aspectos ao 
mesmo tempo, mas notadamente dois são bastante singulares: o suporte, 
que serve como meio, e a linguagem, que permite a construção do conteúdo. 
Certamente existem outras dimensões no processo comunicativo e no sis-
tema de comunicação, são algumas delas: as instituições, as políticas, os as-
pectos econômicos, ideológicos e assim por diante. Todos eles estão perma-
nentemente presentes quando falamos em comunicação, em função disso 
existe uma complexidade inerente ao processo e que, por questões didáticas, 
acabamos por criar divisões e estudar esses fenômenos mais isolados.
É uma missão quase impossível, mas vale o esforço para buscar delimitar 
essa discussão, pois ter certo conhecimento sobre o suporte e a linguagem 
que cada um utiliza ajuda extraordinariamente a compreensão dos demais 
fenômenos do processo comunicativo.
Feitas essas considerações, gostaria de trazer um aspecto para nosso 
estudo. É comum encontrarmos em livros de história uma divisão temporal 
que defende a idéia de que na história humana teria havido um tempo em 
que a sociedade utilizava a oralidade para se comunicar – a sociedade oral, 
Midias_Linguagens.indb 11 20/2/2009 13:57:14
Mídias e Linguagens
12
e depois formas de escrita caracterizando-a como sociedade da escrita. Não 
descartando o valor e o mérito que essas teorias tenham trazido, hoje temos 
elementos suficientes para pensar que o processo foi um pouco mais com-
plexo, pois essa divisão pode nos levar a pensar equivocadamente que nas 
sociedades orais não existiam registros ou uma forma de comunicação que 
não fosse pela emissão de sons. 
Do ponto de vista da comunicação, essa divisão não nos ajuda muito a 
entender o desenvolvimento dos processos comunicativos, pois mesmo na-
quele período em que a forma predominante de contato entre as pessoas e 
de registro dos fenômenos era a oralidade, a fala, existiam também o registro 
por meio de imagens. As pesquisas arqueológicas afirmam que o primeiro 
suporte comunicativo utilizado na nossa pré-história foi a pedra e a primeira 
linguagem foi a pintura de figuras animais, vegetais e humanas.
Segundo Netto (1995), 
o registro rupestre é uma das facetas com que o arqueólogo se depara no decorrer de suas 
atividades, sendo aquela que implica em maior subjetividade nas diferentes tentativas 
de análise e interpretação deste fenômeno. O que o debate sobre arte rupestre parece 
deixar claro é a nova visão que se tem sobre estas manifestações, não mais como um 
fenômeno específico e isolado dos demais componentes do registro arqueológico, mas 
sim como um integrante, importante, desse mesmo registro. Além disso, parece começar 
a surgir um consenso de que estas manifestações estão imbuídasde uma intenção, e esta 
intenção é de comunicação. Então a arte rupestre é uma manifestação comunicativa. O 
registro rupestre é uma das facetas com que o arqueólogo se depara no decorrer de suas 
atividades, sendo aquela que implica em maior subjetividade nas diferentes tentativas de 
análise e interpretação deste fenômeno. O que o debate sobre arte rupestre parece deixar 
claro é a nova visão que se tem sobre estas manifestações, não mais como um fenômeno 
específico e isolado dos demais componentes do registro arqueológico, mas sim como 
um integrante, importante, desse mesmo registro. Além disso, parece começar a surgir um 
consenso de que estas manifestações estão imbuídas de uma intenção, e esta intenção é 
de comunicação. Então a arte rupestre é uma manifestação comunicativa.
Sempre existiram formas distintas de registro e de contato entre os povos. 
Desde nossa pré-história até os dias atuais, o sistema comunicativo é e foi com-
plexo e intenso entre os sujeitos. As necessidades que foram se impondo aos 
grupamentos e que constituíram as bases para a formação do sistema comuni-
cativo diziam respeito, num primeiro momento, à sobrevivência propriamente 
dita (obter alimento), posteriormente sair da condição de animalidade (vencer 
a natureza); depois possuir melhores condições de sobrevivência com os gru-
pamentos e fixação em locais mais seguros (obter segurança e organização); 
num período mais avançado, foram necessidades oriundas das trocas comer-
ciais que começaram a nortear a formação dos sistemas comunicativos, com a 
migração entre os povos, criando com isso alternativas econômicas e culturais 
aliadas à necessidade e/ou desejo de dominação. No núcleo desse processo 
Midias_Linguagens.indb 12 20/2/2009 13:57:14
Formação social e comunicação
13
percebemos que até os dias atuais a formação, a ampliação e a complexifica-
ção do sistema comunicativo são impulsionadas por motivações relacionadas 
à dominação cultural, trocas comerciais, comunicação etc.
Os suportes, as linguagens, as instituições e as características de cada um 
deles inscrevem períodos na nossa história. Abordando o tema Sistema de Co-
municação, em termos de suporte e linguagem, vamos fazer uma breve abord-
agem em termos históricos daqueles que podemos afirmar que caracterizam o 
século XX: Rádio, Televisão, Jornal e Revista, Fotografia e Cinema. Assim po-
deremos discutir um pouco sobre as linguagens comunicativas mais presentes e 
influentes na sociedade atual: visual (texto ou imagem), sonora e a audiovisual 
(sons e imagens) a partir dos suportes com que lidamos no nosso cotidiano.
Os meios de comunicação: navegando pela história
Meios impressos
Quando tratamos de discutir sobre meios impressos, imediatamente nos 
vem à mente a idéia do texto propriamente dito: livro, revista, jornal. Não é 
completamente equivocada essa idéia quando associamos a ela a imagem 
de algo escrito sobre um suporte tal como o papel, no entanto, estritamente 
falando, meio impresso enquanto objeto comunicativo não se restringe ao 
texto. Sempre existiu, na produção gráfica, a utilização de texto e imagens.
É interessante observar que a exclusão da imagem, em certa medida, está 
alicerçada numa relação específica que foi se estabelecendo entre conteúdo 
e verdade, receptor e meio, na qual o texto e a imagem foram assumindo fun-
ções e características distintas na formação do pensamento e da linguagem. 
Durand (1994, p.30) nos traz essa questão quando discute o imaginário, 
pois as civilizações orientais baseadas num sistema de escrita ideogramática 
(hieróglifos egípcios, caracteres chineses etc.) não criaram uma diferencia-
ção entre as informações veiculadas por imagens e pelo sistema de escrita; 
imagem e escrita formam um sistema lingüístico sem a divisão entre signos 
imagéticos (imagem) e sintaxes abstratas (escrita). 
Segundo o autor, isto se deve ao fato de que todas essas civilizações não-
ocidentais, ao invés de fundar seu princípio de realidade numa verdade única, 
num único procedimento de dedução da verdade, sobre o modelo único do 
Absoluto, sem rosto e inominável, estabeleceram seu universo mental, indi-
Midias_Linguagens.indb 13 20/2/2009 13:57:14
Mídias e Linguagens
14
vidual e social, sobre fundamentos plurais, portanto, diferenciados. E toda 
diferença – ou “politeísmo dos valores” – é indicada como uma diferença de 
figuração, de qualidades figuradas, imagéticas. Todo politeísmo é, assim, ipso 
facto, receptivo às imagens (iconofílico), senão aos ídolos (eidôlon, que, em 
grego, significa “imagem”). O ocidente, isto é, a civilização que nos acompa-
nha desde o raciocínio socrático e seu batismo cristão quisera-se, com sober-
ba, único herdeiro de uma única verdade, desprezando as imagens. 
Sendo assim, acabou por fortalecer o conceito e a dicotomia entre “socie-
dade letrada” e “sociedade da imagem” como se pudéssemos estabelecer um 
corte temporal entre o momento em que todo o sistema comunicativo estava 
fundado sobre o texto. Após o desenvolvimento de alguns meios de comuni-
cação (em particular fotografia, cinema e televisão) baseados na imagem, foi 
surgindo um sistema e uma sociedade fundados sobre a imagem.
No núcleo destas questões está o fato de que a Igreja por muito tempo 
dominou e definiu o conteúdo (informações, dados, teorias etc.) que podia 
ser produzido e reproduzido. Antes do surgimento da tipografia de Guten-
berg, os livros eram produzidos e reproduzidos manualmente nos mosteiros. 
Não somente por esta questão técnica, mas também motivada por questões 
religiosas e de domínio econômico e social, a Igreja manteve por muitos sé-
culos sob controle a produção literária. Como nos diz Durand(1994, p. 2) , “[...] 
nossa herança ancestral é a herança do monoteísmo afirmado da Bíblia”. A 
proibição da confecção de toda imagem (eidôlon), como um substituto do 
divino, está fixada no segundo mandamento da Lei de Moisés (Êxodo, 20: 
4-5); além disso, o Judaísmo influenciou amplamente as religiões monoteís-
tas que dele emergiram: o Cristianismo (João, 5:21; I. Coríntios, 8:1-13; Atos, 
15:29...) e o Islã (Corão, 3, 43:133-134; 20, 96 etc.).” 
Este fato fortaleceu e impulsionou uma produção por meio da tecnologia 
da impressão gráfica profundamente alicerçada nos textos, desconsiderando 
as imagens. Com isso, quando nominamos dentro do Sistema de Comunica-
ção “Meio impresso”, comumente costumamos relacionar esse conceito so-
mente aos textos, sem fazer referência à imagem como uma forma também 
de construção do texto. Na realidade, todo meio impresso também busca na 
imagem um suporte para seu conteúdo. Não só pela questão ideológica e 
religiosa, mas também pela técnica que influenciou a produção de impressos 
com menor utilização de imagens. 
Midias_Linguagens.indb 14 20/2/2009 13:57:14
Formação social e comunicação
15
Chartier (1999, p.10) nos explica que “ainda no ocidente, a partir do fim do século XVI e início 
do século XVII, a imagem inserida no livro está ligada à técnica da gravura em cobre, vê-se 
então uma disjunção entre o texto e a imagem: para imprimir, de um lado, os caracteres 
tipográficos e, de outro, as gravuras em cobre, são necessárias prensas diferentes, duas 
oficinas, duas profissões e duas competências. É o que explica que, até o século XIX, a 
imagem seja situada à margem do texto.”
Considerando a imagem para além de sua utilização em meios impressos, 
produzir uma imagem num suporte, que não fosse obra de pintores, tornou-se 
uma ambição em meados do século XIX. Este processo no núcleo do movimento 
da ilustração impulsionou a ciência no desenvolvimento tecnológico e a laiciza-
ção da produção de impressos pôde assistir no final desse século XIX um grande 
florescimento de tecnologias que permitiam a produção de imagens, utilizan-
do suportes mais sofisticados, impulsionada ainda pelas mudanças dos hábitos, 
costumes e valores de uma sociedade ocidental. Sociedade essa que buscava 
romper com seu passado fazendo com que a produção de imagense texto al-
cançasse maior liberdade, florescendo também a produção literária e científica.
Desde então livros e jornais passam a fazer parte do cotidiano das gran-
des cidades e impõem a necessidade do letramento de forma mais intensa. 
Como suporte para informar e palco de debates, a produção literária assume 
proporções até então nunca atingidas na história humana.
No século XX, além dos jornais diários, semanários, e uma crescente de-
mocratização dos livros, agora mais acessíveis às classes mais populares da 
sociedade em função do aumento também de escolas, podemos notar uma 
diversificação muito grande dos usos da mídia impressa. Hoje recebemos em 
nossa casa folhetos, catálogos, nas ruas vemos por todos os lados cartazes, 
outdoors e em bancas de jornal são encontrados um número muito maior de 
revistas, especializadas ou não, comprovando que esse meio de comunica-
ção tem grandes chances de nunca ser totalmente abandonado.
Fotografia
A busca por produzir imagens remete-nos a um período muito anterior 
ao surgimento da máquina fotográfica, segundo alguns historiadores a des-
coberta mais importante nesse processo foi a da câmara escura, atribuída 
ao chinês Mo Tzu que viveu no século V a.C. Aristóteles também aparece na 
história da fotografia por ter feito comentários sobre essa invenção, exaltan-
do sua capacidade de produzir imagens como um auxiliar para a produção 
Midias_Linguagens.indb 15 20/2/2009 13:57:15
Mídias e Linguagens
16
de desenhos e pinturas. O processo de produção de imagens por meio da 
câmara escura é bastante simples, no qual qualquer objeto colocado na 
frente da câmara produz uma imagem invertida refletida num suporte.
A portabilidade da câmara escura foi um 
dos aspectos que impulsionou sua utilização 
por cientistas e artistas naqueles tempos, per-
mitindo com isso que o mundo passasse a ser 
registrado em imagens com a ajuda de algum 
suporte tecnológico.
No entanto, os primeiros trabalhos consi-
derados estritamente fotográficos datam do 
século XVIII, primeiramente pelos inventos 
do francês Niépce (Joseph Nicéphore Niépce, 
1765-1833), onde ele produzia gravuras uti-
lizando a luz solar para perenizar a imagem 
num suporte. Em 1826 nascia a fotografia, 
mas foram somente alguns anos mais tarde 
que Daguerre (Louis Jacques Mandé Daguerre, 
1787-1851), a partir do material deixado por Niépce, consegue produzir ima-
gens impressionadas quimicamente a partir da exposição à luz. A fotografia 
chega ao Brasil algumas décadas depois e já no início do século XX existiam 
câmeras fotográficas registrando as cenas brasileiras. 
Além das questões históricas e tecnológicas, a produção de imagens 
possui uma relação muito íntima com a produção da subjetividade, pois essa 
busca revela uma intencionalidade humana de aprisionar o real seja para en-
tendê-lo, seja para eternizá-lo.
Aumont (1993 p. 59-74), no seu estudo sobre a imagem, faz uma incur-
são profunda abordando desde a construção física da imagem pelo aparelho 
ótico, até a representação que as imagens têm para nós. Para ele, o olho e 
o olhar são coisas distintas. O olho é o aparelho, o suporte, o que permite o 
olhar. O olhar “[...] é o que define a intencionalidade e a finalidade da visão. É 
a dimensão propriamente humana da visão”. A partir disso, quando olhamos 
para algo, buscamos algo nesse olhar (ou não), mas “[...] só há busca visual 
quando houver projeto de busca mais ou menos consciente.” No entanto, 
toda imagem produzida, ou seja, incrustada num suporte material, seja ele 
qual for, possui uma dupla realidade, toda imagem é percebida simultanea-
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Câmara escura.
Midias_Linguagens.indb 16 20/2/2009 13:57:15
Formação social e comunicação
17
mente como fragmento de superfície plana e como fragmento de espaço tri-
dimensional. Isso é um fenômeno psicológico fundamental que é conhecido 
como dupla realidade perceptiva das imagens. Este fenômeno permite nos 
relacionarmos com as imagens obtendo delas informações sobre a realidade, 
porém uma imagem que se preocupa com a nitidez do campo visual para 
manter-se o mais fiel possível da realidade, mas que, mesmo assim, “[...] como 
são obtidas por uma projeção da realidade tridimensional em apenas duas 
dimensões, implicam perda de informação por compressão”.
Não há imagem sem percepção de uma imagem, e o estudo, mesmo rápido, das grandes 
características da segunda, evita muitos erros [...] na compreensão da primeira. Pois, se a 
imagem é arbitrária, inventada, plenamente cultural, sua visão é quase imediata. O estudo 
intercultural da percepção visual demonstrou fartamente que pessoas que nunca passaram 
por esse processo têm capacidade inata de perceber tanto os objetos figurados em uma 
imagem, quanto sua organização de conjunto – contanto que se lhes dêem os meios para 
empregarem essa capacidade, ao explicar-lhe o que é uma imagem. (AUMONT,1993)
O autor ainda esclarece que um dos elementos centrais e constituintes das 
imagens é a “[...] vinculação da imagem em geral com o domínio do simbólico, o 
que faz com que ela esteja em situação de mediação entre o espectador e a rea-
lidade.” Com isso, o sentido que as imagens vão tendo na constituição de nossa 
subjetividade caminha entre o percebido e o nomeado. Como diz o autor:
a representação do espaço e do tempo na imagem é quase sempre, portanto, uma 
operação determinada por uma intenção mais global, de ordem narrativa: o que se trata 
de representar é espaço e tempo diegéticos, e o próprio trabalho da representação está na 
transformação de diegese ou de fragmento de diegese, em imagem. 
Sendo assim, todo tempo e espaço construído diegéticamente é deter-
minado pela aceitabilidade social, pelas convenções estabelecidas, pelos có-
digos e símbolos que opera em uma dada sociedade e que os sujeitos per-
tencentes a ela apropriam como suas essas convenções, ou seja, que foram 
incorporadas na sua subjetividade.
No mundo moderno nossos sentidos estão plenamente desenvolvidos para 
que esses códigos sejam decifrados pela nossa percepção. Quando olhamos 
uma fotografia conseguimos decodificar a imagem bidimensional e reconhe-
cer seu conteúdo, aliando a esse conteúdo os conhecimentos que possuímos 
anteriormente sobre ele, às vezes para reforçá-los, recriá-los ou alterá-los.
Entretanto faz-se necessário que comecemos a reconhecer nas imagens 
fotográficas o seu caráter arbitrário, resultado das escolhas que somente 
aquele que acionou a abertura do diafragma pode saber e explicar as inten-
ções, pois uma foto é sempre uma escolha.
Midias_Linguagens.indb 17 20/2/2009 13:57:15
Mídias e Linguagens
18
Rádio
A força da palavra está presente neste meio de comunicação. 
Certamente uma das cenas mais dramáticas envolvendo o rádio deve-se 
a Orson Welles (1915-1985), diretor, ator e roteirista que nasceu nos Estados 
Unidos e estudou pintura no Chicago Arts Institute. Como ator teatral fundou 
em 1936 o Mercury Theatre em Nova York e dois anos mais tarde passou a 
trabalhar no rádio, onde fez em 30 de outubro de 1938 uma emissão dra-
matizada da Guerra dos Mundos, de H.G. Wells, na qual anunciava a invasão 
da Terra por marcianos. Esta façanha causou pânico na população estaduni-
dense, acabou por ganhar notoriedade nacional e ficou registrado na história 
da comunicação. Mas por outro lado também alertou sobre a capacidade de 
persuasão que este meio de comunicação alcançava na sociedade.
Em termos de seu desenvolvimento tecnológico, o rádio surgiu como pos-
sibilidade a partir dos inventos do inglês James Clerck Maxwell (1831-1879) 
que demonstrou teoricamente a existência de ondas eletromagnéticas e foi 
o alemão Henrich Rudolph Hertz (1857-1894) que em 1887 conseguiu produ-
zir ondas eletromagnéticas (ondas de rádio) e comprovar a possibilidade de 
transmissão de sinais sonoros sem a necessidade de utilização de fios.
A teoria iniciou com um inglês, recebeu as contribuições de um alemão, 
mas foi o italiano Guglielmo Marconi (1874-1937) quefundou a primeira 
companhia de rádio, em Londres.
Mas, enquanto os aparelhos de Marconi não conseguiam grande amplitu-
de de transmissão, aqui no Brasil, no ano de 1900, um padre-cientista, Padre 
Landell de Moura (1861-1928), conseguiu obter do governo brasileiro a pa-
tente de três inventos seus: um deles era o do transmissor de ondas sonoras. 
A partir destes primeiros tempos, o desenvolvimento da tecnologia de 
transmissão de ondas sonoras evolui muito rapidamente. Em 1917, ao final de 
Primeira Guerra Mundial, a empresa americana Westinghouse Eletric Co. pos-
suía um estoque de aparelhos de rádio que foram fabricados para as tropas 
utilizarem como meio de comunicação entre os grupos e por um acidente de 
percurso, esses aparelhos, para não ficarem estocados, começaram a ser dispo-
nibilizados em fábricas e em bairros para transmitir música. Esse fato inaugura 
um novo momento para esse invento, pois a transmissão com a utilização de 
antenas permite ampliar suas utilidades – para além do uso bélico – e consu-
mo. A partir de 1920 começa a funcionar regularmente a primeira difusora de 
rádio comercial do mundo conhecida como a “K.D.K.A.” de Pitisburgh. 
Midias_Linguagens.indb 18 20/2/2009 13:57:15
Formação social e comunicação
19
No entanto, segundo Brecht (2007), quando o rádio surgiu a sociedade 
ainda não possuía plenas condições de dimensionar e mesmo de usufruir 
deste invento. Sua capacidade de extensão da oralidade, da comunicação 
mediada pela voz, fez com que em sua primeira fase o rádio ocupasse o lugar 
de instituições já existentes e que utilizavam o som para veiculação do con-
teúdo: teatro, ópera, palestras etc. Pela sua particularidade – ser transmissor, 
Brecht acreditava que este meio alcançaria sua potencialidade quando per-
mitisse a interação com seus ouvintes. Este teatrólogo, adiante de seu tempo, 
anunciava em meados do século XX o que acontece nas rádios atualmente, 
pois o ouvinte pode, em certa medida, transmitir sua voz por meio da parti-
cipação. Certamente as intenções de Brecht iam muito mais além das possi-
bilidades que são oferecidas aos ouvintes das rádios brasileiras de “oferecer 
uma música a uma pessoa amada”, ou para relatar um fato trágico e verídico, 
mas ele pensava nessa possibilidade como um instrumento educativo e de 
formação política para as classes operárias daquela época.
No período entre guerras, foram anos de muita efervescência no campo 
da ciência e do desenvolvimento tecnológico. A tecnologia de transmissão de 
ondas sonoras começava a desenvolver sua própria linguagem criando certa ti-
pologia em termos de programação. Isso possibilitou, por exemplo, que a inva-
são da Normandia durante a Segunda Guerra Mundial fosse transmitida por um 
radialista brasileiro, na voz de Heron Domingues, dia 28 de agosto de 1941, no 
programa que ficaria eternizado na história do rádio no Brasil: O Repórter Esso.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
O Repórter Esso.
Midias_Linguagens.indb 19 20/2/2009 13:57:15
Mídias e Linguagens
20
Além de sua dimensão lúdica, o rádio também pode ser considerado um 
instrumento importante para a unificação nacional pela sua capacidade de 
atingir toda a população. Diferentemente dos meios impressos em que o 
domínio da leitura era pré-requisito, somente a comunidade letrada tinha 
acesso ao seu conteúdo, o rádio podia ser ouvido por todos, sem distinção 
social e cultural. Isso fez com que a aceitabilidade fosse sem precedentes.
O rádio criou também a radionotícia, a radionovela e acabou por se 
constituir até hoje no principal meio de comunicação no Brasil em termos 
de acesso. Nos anos 1990, estima-se que 98% da população brasileira já tinha 
acesso ao rádio.
Cinema
Quando tratamos de discutir o cinema 
não é possível deixar de lembrar aquela que 
foi considerada a primeira projeção de ima-
gens em movimento em público. Esta cena 
ocorreu em 28 de dezembro de 1895, em 
Paris quando foi projetada uma cena de um 
trem chegando numa estação, a reação do 
público foi de pânico, pois a impressão de 
realidade pela falta de experiência humana na interpretação daquelas ima-
gens, por mais rudimentar que fossem, criaram a condição de interpretação 
como algo real.
Ao longo de sua história, é interessante observar os equipamentos criados 
com o intuito de reproduzir imagens em movimento, porque possuem na sua 
nomenclatura a intencionalidade do invento.
Animatógrafo: enfatiza o registro da vida em si.
Vitascope/Bioscope: olhar sobre a vida, enfatiza o espectador e o desejo 
de olhar.
Cronofotógrafo: enfatiza a escritura do tempo e da luz sobre a 
imagem-tempo.
Cinetoscópio: enfatiza a observação visual do movimento.
Scenarograph: ênfase sobre o registro de histórias em cenários e tramas.
Cinematógrafo/Cinema: atenção sobre a transcrição do movimento.
D
om
ín
io
 p
úb
lic
o.
Midias_Linguagens.indb 20 20/2/2009 13:57:16
Formação social e comunicação
21
Nem sempre quando surge um invento e este começa a ser utilizado ini-
cia-se também um processo de reflexão sobre o mesmo. Talvez na história 
humana, o cinema tenha sido um dos poucos que, concomitante ao seu sur-
gimento, iniciou também uma produção teórica buscando entender seu sig-
nificado e as implicações de seu uso para a sociedade. Os primeiros escritos 
sobre cinema no final do século XIX e início do século XX indicam, de partida, 
uma posição ambivalente: de um lado, identificando seu potencial utópico, e 
de outro, demonizando-o exatamente pela sua dimensão ilusionista; ou entre 
seu potencial democratizando e o seu poder cultural globalizante. Como indica 
Stam (2003, p. 40), o cinema aparece atrelando três tradições discursivas: “1. a 
hostilidade platônica às artes miméticas; 2. a rejeição puritana às ficções artísti-
cas; 3. o escárnio histórico das elites burguesas pela plebe imunda.” 
Mesmo ainda no período do cinema mudo, já surgiam questionamentos 
que somente mais tarde mostrariam sua complexidade no que tange à rela-
ção do sujeito com a imagem: ainda no início do século XX os teóricos já se 
perguntavam sobre os determinantes psicológicos do cinema, quais os pro-
cessos mentais envolvidos na experiência da espectatorialidade, se o cinema 
define-se como uma linguagem ou fábrica de sonho, segundo Stam.
O surgimento do cinema deve-se em particular às experiências do teatro 
de sombras chinês, cuja proposta era a projeção e não transmissão, como o 
rádio e TV, de imagens e, posteriormente de imagens e sons.
D
r. 
M
ei
er
ho
fe
r.
Teatro de Sombras chinês.
No século XVII surgem as lanternas mágicas quer permitiam criar os movi-
mentos com a projeção de fotogramas de imagens fixas.
Midias_Linguagens.indb 21 20/2/2009 13:57:17
Mídias e Linguagens
22
Mas foi somente no século XIX, com Georges Méliès (1861-1938), um ilu-
sionista, que o cinema iniciou sua entrada no campo do imaginário definiti-
vamente. Méliès criou uma série de filmes de curta duração em que explora-
va suas possibilidades ilusionistas criando cenas e situações inimagináveis na 
vida real. Essa capacidade de “ir além” das possibilidades reais fez do cinema, 
nesses primeiros tempos, uma verdadeira máquina de magias em oposição 
aos filmes documentaristas que Lumiére havia produzido.
Mas ainda faltava uma linguagem para “encadear” as imagens e foi David 
W. Griffith (1875-1948), poeta e jornalista americano quem produziu o pri-
meiro longa-metragem (O Nascimento de uma Nação, 1915) em que utiliza 
alguns recursos da linguagem cinematográfica. 
Em meados da década de 1920, o cinema sai da condição de experimento 
e se transforma numa indústria, em 1926 já se produzia filme sonorizado e, a 
partir de então, em particular nos Estados Unidos, inicia-se um processo de 
produção industrial de filmes. A indústria do cinema começa a diversificar 
cada vez mais a produção, definindo gêneros, estilos e escolas. Surgem os 
grandes estúdios, que até hoje estão em funcionamento.
Após os anos 1940, torna-se cada vez mais intensa e ampliada a produção 
cinematográficacomo uma parte da indústria estadunidense. Arte e merca-
do se aliam cada vez mais neste país, tanto em termos de produção, quanto 
de divulgação com a ampliação da quantidade e do tamanho das salas de 
exibição. A experiência do cinema, de entrar numa sala escura e emergir 
numa narrativa dramática, passa a fazer parte cada vez mais das sociedades 
modernas e urbanas. Juntamente a esse processo surgem as especulações 
acerca do que seriam essas experiências, qual o significado para a subjetivi-
dade: uma máquina de sonhos ou de ilusão?
No final do século XX, a experiência de assistir um filme numa sala de 
cinema expande-se com o surgimento dos vídeos, amplia-se sua vida útil, 
pois tempos depois de sua projeção no cinema, podemos ainda locá-lo na 
videolocadora.
Magia, sedução, ilusão, seja qual for o significado subjetivo de assistir um 
filme, essa experiência é hoje compartilhada por boa parte da população e 
nos remete para um mundo alheio, preso na tela, no qual buscamos identifi-
cação ou projetamos nossos desejos e medos.
Midias_Linguagens.indb 22 20/2/2009 13:57:17
Formação social e comunicação
23
Televisão
A idéia de transmitir informações está na base dos sistemas de informa-
ção, os inventos que permitiram a transmissão de sons criaram o rádio, e o de 
imagens, a televisão. Apesar das heranças tecnológicas do rádio, fotografia 
e cinema, a televisão somente se tornou possibilidade no início do século 
XIX com a preocupação dos cientistas em conseguir transmitir imagens. O 
cinema trazia a magia das imagens em movimento, mas do ponto de vista 
tecnológico o cinema projetava a imagem num suporte, mas não permitia 
que esta imagem fosse captada fora do espaço de projeção.
Em 1842, o invento de Alexander Bain (1818-1903) conseguiu transmi-
tir imagens à distância, imagem telegráfica, e em 1873, o inglês Willoughby 
Smith (1828-1891) descobriu que o selênio tinha a propriedade de transfor-
mar energia luminosa em impulsos elétricos, possibilitando com isso que as 
imagens pudessem ser transmitidas por meio de corrente elétrica. O desen-
volvimento das células fotoelétricas e a televisão por raios catódicos impul-
sionaram a fabricação de aparelhos que permitiram o surgimento da televi-
são como aparelho doméstico.
No início dos anos 1920, cientistas de vários países já haviam desenvolvi-
do não só a tecnologia, mas também contratos com empresas que preten-
diam desenvolver o aparelho em escala industrial. Antes da Segunda Guerra 
Mundial, Estados Unidos, Alemanha, Rússia, França e Inglaterra já iniciam 
suas transmissões com regularidade.
No Brasil, a primeira televisão é datada de 1950, a TV Tupi de São Paulo, 
pertencente ao jornalista Assis Chateaubriand.
A marca maior desse meio de comunicação é sua capacidade de aglutinar 
um conjunto de possibilidades em termos de comunicação: imagem, som e 
texto. Um aparelho que começa a alterar a dinâmica dos espaços familiares visto 
que seu uso sempre foi predominantemente doméstico e de recepção coletiva.
Muito cedo a televisão começou a distinguir-se e mostrar seu enorme po-
tencial comunicativo, criando um espaço próprio no sistema de comunica-
ção, aliando informação e lazer. A partir da segunda metade do século XX, 
a sociedade viu-se profundamente marcada pelo consumo dos produtos 
televisivos, em particular quando começaram a abrir as possibilidades dos 
produtos gravados e editados e ao vivo.
Midias_Linguagens.indb 23 20/2/2009 13:57:17
Mídias e Linguagens
24
Co
m
st
oc
k 
Co
m
pl
et
e.
Is
to
ck
 P
ho
to
.
TV antiga. TV moderna.
A indústria da televisão possui indiscutivelmente um grande poder, sem en-
trarmos no mérito se este poder nos aliena ou informa. O fato é que esse meio de 
comunicação faz parte do cotidiano de uma parcela significativa da população.
Os países foram, ao longo do tempo, de-
senvolvendo certa característica em termos 
de conteúdo produzido, especializando-se 
em determinados produtos. São reconheci-
dos internacionalmente os documentários 
produzidos pela BBC de Londres, os filmes e 
séries de Hollywood etc. A televisão brasileira 
acabou por conquistar uma grande respeita-
bilidade internacional no que diz respeito às 
suas produções em telenovela. Atualmente 
exportamos nossos produtos para alguns 
países europeus e latino-americanos.
Os públicos que consomem esses produtos são diversos. Isso fez com 
que a grade de programação atingisse cada vez mais uma especialização em 
termos de produção. Hoje temos programação para crianças a partir de 1 a 
2 anos, até para os idosos, divididos ao longo do dia em função das práticas 
sociais. No Brasil, esse quadro só veio a alterar-se com o surgimento das TVs a 
cabo no final dos anos 1980. 
Atualmente a parcela, ainda pequena, da população que tem acesso as 
TVs por assinatura escolhem a programação pela tipologia, pois os canais são 
organizados por gênero: canais de filmes, de documentários, de esporte e 
assim por diante. Com uma linguagem que mistura cinema, rádio e jornal, a 
televisão é sem dúvida um meio de comunicação potente e eficaz.
G
lo
bo
.
Chacrinha.
Midias_Linguagens.indb 24 20/2/2009 13:57:18
Formação social e comunicação
25
Texto complementar
História da Civilização Suméria
Os Sumérios foram o primeiro povo a habitar a região da Mesopotâmia, 
o atual Iraque, compreendida entre os rios Tigre e Eufrates. O motivo da 
sua chegada ainda é ignorado, mas provavelmente tenha sido a falta de 
comida e água, já que os Sumérios viviam como nômades vagando pelo 
Planalto do Irã e no alto dos Montes Zagros. 
Além da água e comida encontradas em abundância na região, outro 
fator que explica a sedentarização dos Sumérios era a segurança com que 
viviam na Mesopotâmia, pois aquela área é cercada por algumas cadeias 
montanhosas ao norte e à oeste, pelo Golfo Pérsico ao sudoeste, e pelo 
deserto da Síria ao sul e leste. Isso conferia uma grande proteção contra 
ataques de outros povos que viviam nas proximidades.
O povo responsável pelos primeiros templos e palácios monumentais, 
pela fundação das primeiras cidades-estado e provavelmente pela inven-
ção da escrita (tudo no período de 3100 a 3000 a.C.) são os Sumérios. Os 
primeiros sinais escritos são pictográficos, de modo que podem ser lidos 
em qualquer idioma e não se pode inferir de que idioma eles vieram espe-
cificamente. Um pictograma para flecha, por exemplo, quer dizer flecha 
em qualquer idioma. Alguns séculos mais tarde, entretanto, estes sinais 
foram usados para representar valores fonéticos sumérios e palavras su-
mérias. O pictograma para uma flecha passa a ser usado para representar 
‘ti’, a palavra suméria para flecha, e também para o som fonético ‘ti’ em 
palavras não relacionadas com flecha. Portanto, em geral supõem-se que 
os sumérios foram também responsáveis pelos sinais pictográficos, pos-
sivelmente com grande influência dos elamitas. Se os sumérios não são 
aqueles que na realidade inventaram a escrita, então no mínimo eles são 
responsáveis por rapidamente adotar e expandir a invenção da escrita 
para servir às suas necessidades de contabilidade (as primeiras tabelas 
são predominantemente de natureza econômica). 
O nome Suméria é derivado do nome babilônico para sul da Babilônia. 
Midias_Linguagens.indb 25 20/2/2009 13:57:18
Mídias e Linguagens
26
Os sumérios chamavam seu país de ken.gi(r) – terra civilizada – seu idioma 
eme.gir e a si mesmos chamavam de sag.gi 6.ga – de cabeças escuras. O 
idioma sumério não é semítico, sendo uma linguagem aglutinante, como 
finlandês e japonês. Ou seja, este termo designa uma tipologia de idio-
mas que contrasta com linguagens de inflexão, como os idiomas indo-
europeus. Numa linguagem aglutinante (ou aglutinativa), as palavras do 
idioma são compostas por elos que se combinam entre si, em geral em 
seqüências bastante longas. Em idiomas de inflexão, o elemento básico 
(raiz) da palavra pode variar, daí ser chamado de inflexão. 
Sumério não tem relação conhecida com qualquer outroidioma. Parece 
haver uma relação remota com os idiomas dravídicos (como o falado pelos 
Tamis no Sul da Índia). Há evidências de que idiomas dravídicos eram fala-
dos no Norte da Índia, tendo sido deslocados pelos invasores indo-euro-
peus ao redor de 1500 a.C. O termo de cabeça escura pode significar que os 
sumérios tenham sido um ramo daqueles que moram hoje no sul da Índia. 
Podemos citar como invenções Sumérias/Elamitas os selos cilíndricos. 
Selos cilíndricos são pequenos cilindros de pedra (entre 2 e 6cm) esculpidos 
com desenhos em entalhe. O cilindro era rolado sobre tábuas de argila, en-
velopes, cerâmicas e tijolos, para marcar ou identificá-los. Seu uso coincide 
com o início do uso de tábuas escritas de argila ao final do Quarto Milênio 
a.C. até o final do Primeiro Milênio a.C. Tais selos eram usados como assina-
tura, confirmação de recebimento, ou para marcar blocos de construção.
(Disponível em: <www.historiadomundo.com.br/sumeria/sumerios/>. 
Acesso em: 13 jan. 2008.)
Midias_Linguagens.indb 26 20/2/2009 13:57:18
Formação social e comunicação
27
Atividades
1. Realize uma pesquisa sobre os números de televisores no Brasil nos 
anos 1970 e nos dias atuais. Com esses dados, busque informações na 
cidade, no bairro onde reside e procure identificar quais os programas 
mais vistos pelas pessoas nos anos 1970, as lembranças e aconteci-
mentos pitorescos sobre os momentos de audiência coletiva da TV. 
Procure com essa pesquisa, recompor, ainda que de forma pontual, a 
influência da TV na vida social.
Midias_Linguagens.indb 27 20/2/2009 13:57:18
Mídias e Linguagens
28
2. Faça um relato sobre qual o uso que você faz de cada uma das mídias: 
jornal, rádio, TV e cinema. Tente quantificar o número de horas por dia 
e por semana que você gasta com cada uma delas. 
Midias_Linguagens.indb 28 20/2/2009 13:57:18
Formação social e comunicação
29
Dicas de estudo
Na página <www.arqueologyc.hpg.ig.com.br/rupestre.htm>, você poderá 
encontrar muitas informações sobre arqueologia, sítios no Brasil, e demais 
temas relacionados às pesquisas arqueológicas. 
No livro Práticas de Leitura, organizado por Roger Chartier, da Editora Estação 
Liberdade – o autor traz os resultados das pesquisas que vêm realizando em 
torno das práticas de leitura da sociedade francesa nos séculos XVI e XVII. É inter-
essante para analisarmos o papel da leitura nas sociedades antigas e atuais.
Outra dica é o filme O Nome da Rosa, da Globo Filmes e Produções, 
que mostra o papel da igreja no processo de produção e disseminação da 
produção literária na Idade Média. 
Midias_Linguagens.indb 29 20/2/2009 13:57:18
Midias_Linguagens.indb 30 20/2/2009 13:57:18
Estrutura comunicativa 
dos meios de comunicação
O sujeito que se comunica é o mesmo 
ser como “entre”, logo, uma interioridade 
destinada a uma exterioridade, o outro. (Sodré, 2007, p. 21)
Introdução
A frase acima nos traz uma reflexão muito importante para o tema comu-
nicação. Diz o autor: O sujeito que se comunica é o mesmo ser como “entre”, 
ser “entre” significa que somos sempre sujeito que está ENTRE, ou seja, que 
interagimos, estabelecemos relações, por isso não podemos ser compre-
endidos isoladamente, mas somente numa relação com o outro. Apesar de 
termos nosso EU (interioridade) só temos sentido pleno e só nos reconhece-
mos como tais quando estamos numa relação com o OUTRO (exterioridade). 
Por isso é que se diz que o homem é um ser social, o que não acontece em 
outros animais que vivem em grupo. Este é um dos aspectos que marca nossa 
cultura: o processo de construção do eu depende do(s) outro(s), é a base do 
processo comunicativo humano.
Comunicação e a uRbE
O sujeito da urbanidade, ou seja, todos nós, temos a existência profun-
damente perpassada pelas representações visuais com as quais convivemos 
no nosso dia-a-dia. Desde o momento em que um ser nasce e por toda a sua 
vida, os momentos são vividos tendo objetos midiáticos envolvidos nesses 
espaços e nesses tempos. 
Sendo assim, podemos afirmar categoricamente que viver em socieda-
de é antes de tudo estabelecer algum tipo de vinculação com os outros. A 
psicologia e a sociologia buscam, dentro de quadros explicativos distintos, 
alcançarem uma maior compreensão dos fenômenos individuais e coletivos 
Midias_Linguagens.indb 31 20/2/2009 13:57:19
Mídias e Linguagens
32
na dinâmica espaço-temporal do processo de comunicação, mas certamente 
não tem sido uma tarefa fácil.
A complexidade do vínculo inerente ao processo comunicativo deve-se 
entre outras coisas à multiplicidade quanto aos tipos, meios, lugares etc. 
Como descreve Baitello Junior (1999 p. 83):
a distribuição de símbolos e imagens, seja ela feita pelos códigos da visualidade, ou por 
outros códigos, cria grandes complexos de vínculos comunicativos – grupos, tribos, seitas, 
crenças, sociedades, culturas – e, com isso, cria realidades que não apenas podem interferir 
na vida das pessoas, como de fato determinam seus destinos, moldam sua percepção, 
impõem-lhes restrições, definem recortes e janelas para o seu mundo. 
Uma breve parada para pensarmos nossa vida cotidiana já nos dá um sinal 
desta discussão. A atualidade, marcada pela lógica da pós-modernidade, traz 
como uma das idéias centrais a rejeição a uma visão idealista e estática da 
verdade, convocando-nos a pensar o mundo a partir das noções de “verdades 
dinâmicas”, ou seja, condicionadas pelo espaço, pelo tempo e pela perspecti-
va. Assim, traz à tona a idéia da efemeridade, da diversidade e da relatividade 
do conhecimento, das crenças e dos valores humanos. 
Apesar de alguns problemas advindos desse novo modo de compreen-
der o mundo, temos que considerar alguns elementos do pensamento pós-
moderno: a efemeridade atrelada à velocidade da existência, e a diversidade, 
em termos culturais, particularmente nos leva a recompor uma configuração 
para uma compreensão do fenômeno da sociedade midiatizada.
Se atualmente falamos de uma pós-modernidade, deve-se em grande 
medida à comunicação: não só enquanto aparato técnico e tecnológico, mas 
também social e cultural. O surgimento e desenvolvimento da indústria cul-
tural no Brasil tiveram seu grande crescimento a partir do estabelecimento 
do regime militar (após 1964) em que as empresas de comunicação surgem, 
crescem e passam a explorar a comunicação como negócio, e o governo 
como estratégia para buscar a integração nacional. O interessante é abordar-
mos o fato de que desde fins dos anos 1960, a produção dos conteúdos para 
veiculação nos meios de comunicação, que compõe o que denominamos 
de visualidade pós-moderna, traz aspectos bastante característicos, conden-
sados no conceito de hibridação. Diante desse conceito, a produção áudio-
visual do pós-modernismo, rejeita as regras excludentes a qualquer tentativa 
de hierarquização e noção preconceituosa de pureza (de meios, de idéias, de 
técnicas), trazendo-nos uma produção em que estão combinadas e articula-
das as mais distintas possibilidades de comunicação.
Midias_Linguagens.indb 32 20/2/2009 13:57:19
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
33
Podem-se visualizar essas técnicas nos trabalhos de artistas pioneiros 
como as pinturas de Robert Rauschenberg (1925) em que se misturam obje-
tos tridimensionais com técnicas de pintura.
Ro
be
rt
 R
au
sc
he
nb
er
g.
Ou ainda, numa filmografia em que o mundo real se mistura com a fanta-
sia tal como o filme Encantada (2008), produção hollywoodiana que “desen-
canta” o mundo encantado de Cinderela.
O que se tem atualmente é uma hibridação discursiva, técnica e midiática, 
grandemente facilitada pela convergência em torno da tecnologia digital. Ou 
seja, é possível vislumbrarmos na atualidade uma produção de conteúdos 
em que todos os recursos dos diversos meios estão sendo trabalhados de 
forma muito criativa, dinâmica e “ilimitada”.
O desenvolvimento dos meios em base digital extrapola, rompe com as 
barreiras em torno da divisão dos produtosem seus suportes clássicos: mídia 
impressa, mídia visual, mídia audiovisual etc. as quais, por sua vez, estabelecem 
uma relação uni, bi ou multidirecional. Assim sendo, nos vemos atravessados 
por uma rede, enlaçados numa teia, mergulhados num espaço comunicativo 
espesso e complexo onde o real se constitui em um espaço comunicativo.
Porém, a amplificação das tecnologias digitais na estruturação dos atos 
comunicativos em grande medida, estabelecendo uma espessa e ampla rede 
comunicativa, tem provocado uma hipotrofia dos nossos sentidos (sensorium 
humano) e de proximidade (tato, olfato, paladar), pois ela se estabelece fun-
damentalmente nos sentidos de distância (audição e visão). Isto significa que 
temos em andamento um processo de modificação do processo comunicativo, 
Midias_Linguagens.indb 33 20/2/2009 13:57:19
Mídias e Linguagens
34
o qual desenvolvemos desde os tempos da caverna e com o qual nos constitu-
ímos como sujeitos, como ser social. Com isso, alguns pesquisadores externam 
suas preocupações acerca dessa possibilidade de interferência no processo de 
comunicação humana, na nossa “[...] capacidade natural de comunicação do 
homem e também sua contribuição para o desenvolvimento de patologias da 
comunicação geradoras da violência” (BAITELLO JUNIOR, 1999, p. 83-84)
Uma dessas conseqüências, segundo o autor, seria a perda da propriocep-
ção, ou seja, a perda do sentido do próprio corpo, já que as experiências re-
lacionais estariam se dando a partir da visualidade criada pela comunicação. 
Como descreve ainda o autor “quanto mais imagens, menos visibilidade e 
quanto mais visão, menos propriocepção” (BAITELLO JUNIOR, 1999, s.p.)
Ainda que não se possam fazer afirmações mais contundentes acerca 
desse processo, devemos ficar atentos para o fato de estarmos vivendo um 
aumento da violência e que, pelo menos boa parte dela, não pode ser explica-
da pela variável econômica. Algumas situações inusitadas estão surgindo na 
sociedade e mostram uma incapacidade, dificuldades do sujeito em termos 
relacionais, pode-se observar os casos de assassinatos nos EUA de jovens es-
tudantes, invadindo universidades e disparando contra seus colegas. 
Essas e outras tantas questões permeiam o campo da comunicação, ou 
pelo menos estabelecem relação com as questões envolvendo a complexifi-
cação dos processos comunicativos. Diante destes fatos, vamos aprofundar 
um pouco mais nossa compreensão do que chamamos de comunicação.
Conceito de comunicação
O que é comunicação? Como ela se define? A primeira resposta que rece-
beríamos de um pesquisador seria de que a área de comunicação é indefini-
da, parece imprópria essa afirmação do ponto de vista acadêmico, entretan-
to, a área de comunicação ainda é um debate que permanece em aberto.
Mas, longe de significar uma fragilidade, afirmar que a área de comunicação 
é um campo indefinido significa trazer à tona todas as possibilidades que a 
área ainda apresenta. Não está fechada em verdades (temporariamente) defini-
das como algumas áreas da Física, da Química etc. Para se questionar princípios 
dessas “áreas duras” da ciência são necessários muitos anos de investigação, 
testes, comprovações etc. Questionar uma lei da Física requer uma ousadia 
e uma persistência quase sobre-humana, se por um lado isso demonstra um 
amadurecimento científico, por outro acaba por trazer certa rigidez.
Midias_Linguagens.indb 34 20/2/2009 13:57:19
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
35
Entretanto, áreas como a Comunicação e a Educação, por permanecerem 
ainda em construção, deixam em aberto uma gama muito grande de possibi-
lidades de diálogo. A comunicação tem dialogado com a antropologia, com 
a sociologia, com a psicologia e, ainda que alguns considerem isso uma ca-
rência, compreende-se como uma grande positividade em torno do campo 
da comunicação.
Mas, para além desse debate, o conceito em si de comunicação parece ter 
alcançado estabilidade com os avanços, em particular nos campos da socio-
logia, psicologia e antropologia. Segundo Sodré (2007, p.18-21) 
“[...] o termo “comunicação” designa dois processos: primeiro o de pôr em comum as 
diferenças por meio do discurso, com ou sem auxílio da retórica (processo comunicativo); 
segundo, o de interpretar os fenômenos constituídos pela ampliação tecnológica da 
retórica, isto é, a mídia, na sociedade contemporânea (processo comunicacional)”. O autor 
ainda complementa que:
comunicar é a ação de sempre, infinitamente, instaurar o comum da comunidade, não 
como um ente [...], mas como uma vinculação, portanto, como um nada constitutivo, pois 
o vínculo é sem substância física ou institucional, é pura abertura na linguagem. 
A partir desse conceito, é possível compreender que esta se falando de 
coisas do cotidiano, indo de uma dimensão particular até uma mais coletiva, 
pois está inserida na questão do tempo e do espaço, portanto, da percepção 
de nossa existência.
Na atualidade, a partir do surgimento dos meios digitais, a velocidade de 
acesso às informações transgride a noção de tempo constituída ao longo da 
história humana, como marcadores do tempo da existência e organizador das 
práticas sociais. Esse processo forçou-nos a repensar o conceito de sujeito, uma 
vez que sua constituição e as possibilidades de realização estão marcadas pela 
comunicação. Nesse contexto foi introduzido o conceito de biomidiático, para 
ajudar-nos a entender a configuração comunicativa da virtualização generali-
zada da existência. Esse bios é caracterizado, pela sociedade midiatizada, como 
a esfera existencial que é capaz de afetar as percepções e representações da 
vida social; até mesmo, como defendem alguns teóricos, para neutralizar as 
tensões dos vínculos comunitários (ADORNO ; HORKHEIMER, 1985). 
É importante conceber, com isso, a comunicação como a hermenêutica1 da 
existência que é perpassada, atravessada pelo bio midiático (SODRÉ, 2007).
Portanto, ainda que nos comuniquemos todo o tempo de nossa vida 
(salvo em situações extremamente particulares de impedimentos biológi-
1 Interpretação dos textos, do sentido das palavras.
Midias_Linguagens.indb 35 20/2/2009 13:57:19
Mídias e Linguagens
36
cos), quando tentamos analisar esse fenômeno dito comunicação é como 
se ele nos “escapasse por entre os dedos”. A facilidade para colocar em ação 
a comunicação está diretamente oposta à de compreendê-la. Do ponto de 
vista acadêmico, alguns pesquisadores atribuem isso ao fato de que a comu-
nicação carece de um sistema de conceitos, princípios e de objeto próprio. 
Mas boa parte dos teóricos da área tendem a delimitar a comunicação como 
o tratamento dos media2, evitando considerar a midiatização como fenôme-
no da sociedade. Se tomarmos esse ponto de vista, não nos faltam conceitos 
sociológicos, psicológicos, antropológicos e lingüísticos para nos auxiliar a 
compreender o processo de comunicação.
Nesta aula, foi adotada uma posição em que a comunicação é tomada a 
partir do conceito de midiatização, este é entendido não como a veiculação 
de acontecimentos por intermédio dos meios, mas sim, como 
[...] o funcionamento articulado das tradicionais instituições sociais com a mídia. A 
midiatização não nos diz o que é a comunicação e, no entanto, ela é o objeto por excelência 
de um pensamento da comunicação social na contemporaneidade, precisamente por 
sustentar a hipótese de uma mutação sócio-cultural centrada no funcionamento atual das 
tecnologias da comunicação. (SODRÉ, 2007, p. 17)
Essas questões, por conseguinte, envolvem o campo da retórica, das práticas 
de linguagem em torno dos discursos que circulam socialmente; bem como da 
hermenêutica, ou seja, da interpretação, da explicação dos sentidos dos discur-
sos. Se a retórica antiga era a técnica política por excelência de linguagem na 
polis grega, temos hoje a midiatização enquanto prática tecnológica do discur-
so na contemporaneidade sob a égide do mercado (SODRÉ, 2007).
As áreas da antropologia e comunicação são fundamentaispara entender o 
tema mídias e suas linguagens, ainda que, como diz Winkin (1998) “Comunicação 
e Antropologia dão-se muito bem e comunicam-se muito mal”, defendendo a 
proposta de ampliar o debate entre as áreas para compreender a comunicação.
A antropologia, voltada para as questões que emergem de nossa segun-
da natureza, vai descrever a cultura como o conjunto de todas as atividades 
que vão além da manutenção da vida material, e que garantem a superação do 
medo primordial, existencial. Essa articulação entre a comunicação e a antro-
pologia torna-se fundamental, pois como indicado, comunicação é a ação de 
estabelecer vínculos, portanto, “[...] entendemos que todo estudo sobre comu-
nicação começa com o estudo dos vínculos e a percepção do próprio corpo, 
realizável somente quando os corpos estão vinculados” (MENEZES, 2008).
2 Media: vocábulo latino que significa “Meios”. É um termo utilizado em comunicação que significa: veículos de comunicação ou meios de 
comunicação.
Midias_Linguagens.indb 36 20/2/2009 13:57:19
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
37
A sustentação dessa tese – vinculação entre processos comunicativos e 
antropologia – deve-se ao fato de que desde nossos órgãos sensoriais até os 
recursos mais sofisticados de comunicação, não são suficientes para afirmar a 
existência de uma sociedade e, portanto, de indivíduo, de trocas simbólicas, 
de cultura sem os suportes comunicacionais. Não haveria possibilidade de 
pensar num mundo humano sem as condições mínimas para pensá-lo por 
meio da linguagem, representá-lo por meio das imagens ou descrevê-lo, por-
tanto, não haveria condições de pensar em viver nele. 
Um dos modelos explicativos da comunicação está alinhavado no con-
ceito cunhado por Winkin (1998) de “Modelo Orquestral de Comunicação”. 
Menezes (2008) sintetizou este conceito, nos ajudando:
[...] a ver na comunicação o fenômeno social que o primeiro sentido da palavra traduzia 
muito bem, tanto em francês quanto em inglês: o pôr em comum, a participação, a 
comunhão.
Esta perspectiva permite pensar na noção de “relação” e não de “conteúdo” 
da comunicação, levando-nos a centrar os esforços em perceber muito mais 
do que o conjunto de informações trocadas, mas as implicações que trarão 
pelo fato de ter havido uma relação entre os sujeitos do processo comunica-
tivo (emissor e receptor). Nesse processo, portanto, os dois sujeitos em cada 
ponta do processo comunicativo são colocados num mesmo patamar, numa 
igual condição dentro do processo.
Co
m
st
oc
k 
Co
m
pl
et
e.
In
m
ag
in
e.
Emissor. Receptor.
Emissor Receptor
Ou numa conceituação semiótica:
Enunciador Enunciatário
A distinção e separação entre emissor e receptor dá-se mais por questões 
de ordem teórica, na tentativa de construir um modelo, do que na situação 
Midias_Linguagens.indb 37 20/2/2009 13:57:22
Mídias e Linguagens
38
real da prática social, mas essa divisão acabou por influenciar por um longo 
tempo as pesquisas e as práticas dos profissionais da comunicação. Com o 
diálogo antropológico, lingüístico e semiológico passamos a entender que o 
processo de produção de conteúdos, de mensagens por um emissor é reali-
zado tendo como idéia um público receptor.
Portanto, no ato de comunicação, “[...] o enunciatário é também uma cons-
trução do discurso. Não é o leitor real, mas um leitor ideal, uma imagem de 
um leitor produzida pelo discurso” (FIORIN, 2004, p. 23).
Mas esse enunciatário ideal, no momento da recepção, não é um sujeito 
passivo, ele também é um produtor de discursos, portanto ele constrói, avalia, 
interpreta, compartilha ou rejeita significações construídas pelo enunciador, 
ou emissor da mensagem.
Ainda segundo o autor, num ato de comunicação, existem três elemen-
tos envolvidos: o orador (enunciador) que é o ethos; o auditório (enuncia-
tário) que é o pathos e o discurso que é o logos; ou numa linguagem mais 
comumente utilizada no campo da comunicação: o emissor, o receptor e a 
mensagem. 
O grande desafio na construção da mensagem é entender o estado de es-
pírito do pathos, do auditório (receptor), qual a disposição do sujeito. O que 
implica em conhecer o que move ou comove o auditório a que o orador se desti-
na. Este é sempre o grande desafio em qualquer ato comunicativo, portanto 
a eficácia discursiva está diretamente ligada ao grau de adesão que o enun-
ciatário estabelece com o discurso. Quanto mais aderente for o discurso às 
expectativas, aos interesses do público, ao desejo, maior será a interferência 
da mensagem nesse público (FIORIN ,2004).
Muitos problemas de comunicação acontecem devido ao desconhecimen-
to, por parte do enunciador, das características, expectativas do seu público, 
do seu perfil, pois sempre ao construirmos uma mensagem não temos um 
auditório real (exceto na mídia primária), mas uma imagem desse público.
Isso é facilmente perceptível no nosso dia-a-dia, em casa com os filhos, 
com os amigos, do professor numa sala de aula. A expectativa do outro é um 
fator nuclear para nosso discurso conseguir alcançar os objetivos declarados 
ou não pelo emissor. Mas, por outro lado, outro aspecto também interessante 
em relação ao processo comunicativo diz respeito ao fato de que, segundo 
Certeau (1994, p. 262-266), “[...] a leitura é apenas um aspecto parcial do con-
sumo, mas fundamental.” Afirma o autor que a idéia de um consumidor de 
Midias_Linguagens.indb 38 20/2/2009 13:57:22
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
39
textos (imagens, fotos, filmes, romances etc.) passivo não se sustenta mais em 
função dos avanços das pesquisas em várias áreas, as quais demonstram que 
os leitores, ainda que com muito pouco acervo cultural, estabelecem uma 
relação ativa perante o conteúdo. 
Certeau diz ainda, que é certo que “[...] ler é peregrinar por um sistema im-
posto.”, no entanto o que é diverso não é objeto em si, mas a maneira como é 
lido o texto. Isso tem implicações profundas sobre as (im)possibilidades comu-
nicativas. Na sala de aula a leitura e um texto são diferentes de um para outro 
aluno. Numa roda de amigos, um gesto ou uma palavra é lida diferente pelas 
pessoas. Quer se trate do jornal ou de Proust, o texto só tem sentido graças 
a seus leitores; muda com eles; ordena-se conforme códigos de percepção 
que lhe escapam. Torna-se texto somente na relação à exterioridade do leitor, 
por um jogo de implicações e de astúcias entre duas espécies de expectativas 
combinadas: a que organiza um espaço legível (uma literalidade) e a que orga-
niza uma démarche necessária para a efetuação da obra (uma leitura). 
Para explicar esse fenômeno, o autor utiliza uma conceituação bastante 
interessante para se pensar o processo de produção/emissão da mensagem e 
a recepção, são os conceitos de Estratégias e Táticas. Por estratégia entende-
se que são os atos organizadores, estruturantes do processo de apropriação 
do lugar, do texto etc. Têm-se as estruturas organizadoras do discurso que 
são utilizadas para a construção dos mesmos: as regras gramaticais, as regras 
da linguagem audiovisual etc. Essas regras ambicionam disciplinar a recep-
ção uma vez que estabelece limites, impõe condições. Entretanto, os leito-
res acabam por criar táticas próprias de leitura, pois o processo de recepção 
depende dos usos que o sujeito faz da linguagem, portanto a recepção não 
é controlável pela linguagem utilizada. Ainda que essa esteja plenamente or-
ganizada dentro dos processos (socialmente) organizadores da linguagem. A 
apropriação é particular, segundo uma tática estabelecida com o texto (CER-
TEAU, 1994; JOSGRILBERG, 2004).
Mas, quando se estuda as mensagens como a programação de um canal 
de televisão, pode-se utilizar essa conceituação para buscarmos compreen-
der a estratégia e as táticas em torno do processo de produção/recepção. 
Neste exemplo citado, seria interessante analisar, por exemplo:
A escolha dos assuntos para os telejornais.a) 
A construção dos personagens de suas telenovelas.b)Os gêneros escolhidos para os filmes exibidos.c) 
Midias_Linguagens.indb 39 20/2/2009 13:57:22
Mídias e Linguagens
40
O nível da linguagem utilizada pelos seus apresentadores.d) 
O ritmo da programação e assim por diante.e) 
Dimensão interacional
“O homem não vive apenas no mundo biológico, mas sobrevive, repeti-
mos, num universo simbólico permeado de crenças, narrativas, histórias, reli-
giões, ciências e artes” (MENEZES, 2008).
Iremos analisar a comunicação em sua estrutura relacional tomando como 
referência a Teoria da Mídia de Harry Pross, pois além de fecunda, esse autor 
estabelece um bom diálogo com a antropologia, com a lingüística, com a 
semiologia, enfim com as áreas de estudos sobre a cultura.
Pross publicou em 1972 um livro que se tornou um clássico intitulado In-
vestigação da Mídia no qual classifica as mídias em: primária, secundária e ter-
ciária. Vamos repassar cada uma delas para que possamos analisar os meios 
na perspectiva relacional.
Mídia primária
Mídia Primária é o próprio corpo como a primeira mídia do homem. São 
todos os recursos que dispomos para produzir mensagens, para estabelecer-
mos uma relação com o outro. Como diz Baitello (2008) são todos “[...] os sons, os 
movimentos, os odores, os sabores e as imagens que se especializam em códi-
gos, conjuntos de regras com seus significados, ’frases’ e‘vocábulos corporais’ .”
Na Mídia Primária, o emissor deve dominar a gestualidade, a mímica; o 
mensageiro (transmissor) deve saber correr, cavalgar, dirigir para garantir a 
transmissão da mensagem. Nesse campo de estudos, a Teoria das Mídias in-
corpora as contribuições dos estudos dos códigos hipolinguais (biológicos), 
linguais (sociais) e hiperlinguais (universo dos símbolos). 
A fecundidade da teoria à mídia de Harry Pross trouxe para o campo da co-
municação uma maior complexidade, mas também a possibilidade de colo-
car a comunicação atrelada com a cultura. E talvez onde a cultura esteja mais 
arraigada e seja elemento central no processo comunicativo, seja exatamente 
na mídia primária. Aqui se falam dos hábitos culturais adquiridos e criados ao 
longo de gerações, outros mesmo em vários séculos. Na mídia primária o corpo 
é visto também como possuidor de uma memória cultural (MENEZES, 2008).
Midias_Linguagens.indb 40 20/2/2009 13:57:22
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
41
Co
m
st
oc
k 
Co
m
pl
et
e.
Mídia secundária
Como resultado do fim do nomadismo e a ampliação do processo de so-
cialização nas primeiras comunidades, começam a surgir técnicas que per-
mitiram ao homem ampliar sua capacidade comunicativa, o que os autores 
Baitello e Pross vão denominar de “máscaras”. As “máscaras”, na verdade, são 
os aparatos que se sobrepõem à mídia primária objetivando diversificar sua 
potencialidade comunicativa.
Num primeiro momento, ainda rudimentares, surgem as pinturas corporais, 
as inscrições nas pedras (inscrições rupestres), as roupas e os adereços corporais.
Re
na
to
 S
oa
re
s.
Re
na
to
 S
oa
re
s.
Num período posterior, são criadas tecnologias na forma de aparatos técni-
cos que permitem prolongar no tempo e na distância o processo comunicativo. 
Neste momento o quadro de mediação se torna mais complexo, talvez o mais 
significativo, e que é citado como sendo o responsável pela grande revolução 
que possibilitou o surgimento da cultura, seja a escrita. O desenvolvimento de 
uma linguagem escrita, que pudesse ser materializada num suporte causou uma 
revolução no desenvolvimento cultural, social e cognitivo e a partir dela, todas 
as formas de comunicação que utilizam o texto: carta, imprensa, livro, jornal etc.
A grande diferença da mídia primária da secundária é que a secundária 
necessita de um suporte externo ao sujeito para transportar e manter a men-
sagem. O papel, por exemplo, possibilita que o texto e/ou a imagem per-
Midias_Linguagens.indb 41 20/2/2009 13:57:25
Mídias e Linguagens
42
maneça registrada e possa ser acessada em qualquer tempo e em qualquer 
lugar. Para tanto, é necessário que esse papel, contendo a mensagem, seja 
resguardado e/ou transportado para outros lugares.
Na mídia secundária é necessário um suporte extracorpóreo somente para 
produzir a mensagem, mas não para recebê-la, ou seja, a produção e emissão 
necessitam de suporte, mas não a recepção. Além de todos os tipos de meios 
impressos, existem também os auditivos: rádio, aparelhos de som etc.
Este processo permite afirmar, concordando com Baitello Junior (2000 p. 5), 
que “[...] há um evidente avanço na relação do homem consigo mesmo, trazi-
do pela mídia secundária, uma evidente expansão das fronteiras de seu ima-
ginário e, portanto de sua cultura.”
Mas, do ponto de vista simbólico, com a mídia secundária:
[...] inauguram-se a permanência e a sobrevida simbólicas após a presença do corpo. Com 
a escrita e seus precursores (as imagens gravadas sobre suportes duráveis) impõe-se o 
homem sobre a morte e seu tempo irreversível, vencendo simbolicamente seu maior e 
mais poderoso adversário.
Um dos momentos em que esse processo pode ser observado com maior 
profundidade é no processo de comunicação que o sujeito estabelece com as 
imagens, em particular com as fotografias. 
Segundo Dubois (1993 p. 314), “[...] nossa memória só é feita de fotogra-
fias.” Na produção fotográfica, no ato de tomada de um instante do real, 
ocorre uma cisão daquela imagem do seu mundo, procede-se um corte defi-
nitivo do cordão umbilical que vinculava aquela imagem ao mundo. O tempo 
de espera entre a abertura do diafragma e a revelação do negativo (situação 
que já não ocorre mais com as câmeras digitais) situa-se entre um real que já 
não existe mais, levado pelo tempo, e uma imagem ainda não concretizada 
no suporte de revelação. Uma imagem latente, que proporciona a revelação 
de um tempo e lugar longínquos, por mais próximo que estejam, e coloca 
no subjetivo a concretização do passado e do presente. É a memória que se 
concretiza num suporte material. Essa relação indefinível entre essas tempo-
ralidades, o presente e o passado, nas imagens registradas do passado que 
são trazidas ao presente, ilustra de maneira complementar o funcionamento 
do aparelho psíquico.
Midias_Linguagens.indb 42 20/2/2009 13:57:25
Estrutura comunicativa dos meios de comunicação
43
Esse aspecto é um amplo campo de análise e investigação em torno da co-
municação por meio das imagens, e esta característica têm feito com que a pu-
blicidade, por exemplo, explorando cotidianamente as imagens fotográficas, 
construa e seduza os consumidores. Mas, também do ponto de vista espacial, 
a passagem de um objeto da tridimensionalidade para a bidimensionalidade 
“[...] acarreta um desafio cultural que hoje marca o universo dos meios de comunicação: a 
transformação do corpo tridimensional em imagens bidimensionais, com a conseqüente 
busca, por parte dos corpos reais, da adequação do corpo real à imagem bidimensional 
– representação plana – do corpo mostrada pelas revistas masculinas ou femininas”. 
(MENEZES, 2008)
São essas e tantas outras questões que envolvem a comunicação em 
tempos de modernidade. 
Mídia terciária
Na mídia secundária o emissor necessitava de um suporte, mas o receptor 
não, já na mídia terciária os dois lados do processo comunicativo necessitam 
de um aparato técnico codificador e decodificador da mensagem. Ou seja, 
“[...] nela todos os corpos envolvidos no processo comunicativo precisam de 
ferramentas” (MENEZES, 2008).
Podemos elencar como meios que são considerados mídia terciária: 
televisão, cinema, computador etc. Para que possa acessar a mensagem é 
necessário equipamento específico e isso só foi possível com o domínio da 
eletricidade, da transmissão de mensagens por meio de ondas, onde o con-
teúdo pode ser codificado para ser transmitido e/ou gravado e decodificado 
para ser recebido.
A conseqüência mais imediata com o surgimento da mídia terciária é a 
aceleração do tempo e das sincronizações sociais (BAITELLO

Outros materiais