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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE ITAJUBÁ – FEPI Curso de Engenharia Mecânica Marcelo Machado Martins ENSAIO EXPERIMENTAL E PROJETO DO ROTOR DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA RADIAL ITAJUBÁ 2018 Marcelo Machado Martins ENSAIO EXPERIMENTAL E PROJETO DO ROTOR DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA RADIAL Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Engenharia Mecânica do Centro Universitário de Itajubá – FEPI como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Engenharia Mecânica. Orientador: Prof. Msc. Roberto Meira Júnior. ITAJUBÁ 2018 MARTINS, Marcelo M. ENSAIO EXPERIMENTAL E PROJETO DO ROTOR DE UMA BOMBA CENTRÍFUGA RADIAL; Marcelo Machado Martins. Itajubá,2018. 79 p. Orientador: Prof. Msc. Roberto Meira Júnior. Trabalho de Conclusão de Curso. Engenharia Mecânica. Centro Universitário de Itajubá – FEPI. 1. Bombas Centrífugas. 2. Rotor. 3. Projeto. 4. Máquinas de Fluxo. I. MEIRA Jr. Roberto. II. FEPI – Centro Universitário de Itajubá. III. Título. Monografia. AGRADECIMENTOS Primeiramente a Deus pela oportunidade e força para atingir mais uma etapa na vida profissional. À minha família pelo apoio dado durante todo o curso. Ao comprometimento de todos os professores do Centro Universitário de Itajubá FEPI, principalmente a disponibilidade do Professor Msc. Roberto Meira Jr. que sempre se mostrou solidário e acessível a todos os alunos, e ao Professor Dr. Waldir de Oliveira pela disponibilidade em colaborar com o desenvolvimento deste projeto. E por fim, a todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente da minha formação. RESUMO As bombas são classificadas como Máquinas de Fluxo Geradoras (MFG) que convertem o trabalho mecânico no seu eixo em energia cinética e posteriormente em energia hidráulica do líquido operado na forma de pressão e vazão. O rotor é um elemento hidromecânico fundamental para essas máquinas pois transfere e transforma a energia mecânica proveniente do eixo em energia hidráulica do líquido operado. O rotor é constituído por um determinado número de pás, de curvatura adequada, fixadas ao cubo e à capa. Sua geometria afeta de forma significativa o processo de conversão de energia. E isso, por consequência, afeta as características de desempenho da bomba, já que ela deve ser projetada para atender às necessidades do sistema em termos de vazão volumétrica e altura total de elevação. Neste trabalho, foi projetado um rotor de uma bomba centrífuga radial, elaborando um roteiro de cálculo para determinar todas as suas grandezas geométricas. Também, foi realizado um ensaio laboratorial para determinação e validação do rendimento total calculado para a bomba. O rotor projetado foi construído em uma impressora 3D visando a possibilidade de realizar ensaios futuros com esse elemento. A proposta deste estudo é apresentar um memorial de cálculos para o projeto de um rotor desse tipo de bomba, amplamente utilizada em instalações industriais, e um roteiro de ensaio necessário para validar as características de desempenho da bomba. Palavras-chave: Bomba centrífuga, projeto de rotor radial, Características de desempenho, Ensaio. ABSTRACT The pumps are classified as Generating Flow Machines (MFG) which convert the mechanical torque on its shaft in kinetic energy and later in to hydraulic energy of the fluid operating in the form of flow and pressure. The rotor is a fundamental hydromechanical element for these machines because transfer and transforms the mechanical energy from the shaft in hydraulic energy from the fluid. The rotor consists of a number of blades, with adequate curvature, fixed to the hub and to the cover. Its geometry significantly affects the process of energy conversion. As a result, it affects pump performance characteristics since it must be designed to meet the needs of the system in terms of volumetric flow and effective head. In this study, a rotor of a radial centrifugal pump was designed, elaborating a calculation route to determine all the geometric quantities. A laboratory test was also performed to determine and validate the pumps total calculated yield. The rotor designed was built on a 3D printer aiming at the possibility of future trials with this element. The purpose of this study is to present the calculations memo for the design of a rotor of this type of pump, widely used in industrial installations, and the test script required to validate its performance characteristics. Keywords: Centrifugal Pumps, Performance Characteristics, Test, Design of Radial Rotor LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Componentes Principais de uma Bomba Centrífuga................................ 22 Figura 2 - Rotor fechado; Rotor semiaberto; Rotor aberto ........................................ 23 Figura 3 - Bomba Centrífuga de um Estágio ............................................................. 24 Figura 4 - Bomba Centrífuga de Múltiplos Estágios .................................................. 24 Figura 5 - Difusor e Voluta......................................................................................... 25 Figura 6 - Convenção de Betz. .................................................................................. 27 Figura 7: Triângulos de Velocidades na Entrada e Saída do Rotor ........................... 27 Figura 8 - Triângulos de Velocidades na Saída e Entrada ........................................ 28 Figura 9 - Curvas Características Ideais ................................................................... 29 Figura 10 - Curva de Catálogo H x Q - Família RL - THEBE .................................... 30 Figura 11 - Curva de Catálogo Pe x Q - Família RL - THEBE ................................... 30 Figura 12 - Curva de Catálogo NPSH x Q ................................................................. 31 Figura 13 – Grandezas Geométricas Principais do Rotor ......................................... 32 Figura 14: - Croqui Bancada de Ensaios LEB/UNIFEI .............................................. 37 Figura 15 - Rotações específicas , nqA, de bombas centrífugas. ............................... 38 Figura 16 - Diagrama de Cordier ............................................................................... 46 Figura 17 - Traçado de uma Pá em Formato de Arco de Círculo .............................. 56 Figura 18 - Laboratório de Etiquetagem de Bombas – LEB/UNIFEI ......................... 57 Figura 19 - Instalação da Bomba na Bancada de Ensaios ........................................ 58 Figura 20 – Bomba Centrífuga Instalada ................................................................... 58 Figura 21 - Transdutores de Pressão ........................................................................ 58 Figura 22 - Medidores Eletromagnéticos de Vazão ................................................... 59 Figura 23 - Analisadores de Grandezas Elétricas ..................................................... 59 Figura 24 - Software LabView® - Aquisição de dados durante o ensaio ................... 60 Figura 25 - Curva H x Q ............................................................................................ 61 Figura 26 - Curva Pe x Q ........................................................................................... 61 Figura 27 - Curva NPSH x Q ..................................................................................... 62 Figura 28: Gráfico Rendimento Total da Bomba X Vazão ......................................... 62 Figura 29 - Desenho do Rotor em CAD ....................................................................67 Figura 30 - Desenho Rotor em Corte Parcial ............................................................ 67 Figura 31 - Protótipo do Rotor Construído em Impressora 3D .................................. 68 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Ponto de Maior Eficiência da Bomba RL20 ............................................... 60 Tabela 2 - Ponto de Projeto Determinado em Ensaio ............................................... 63 Tabela 3 - Rotação NqA ............................................................................................ 63 Tabela 4 - Diâmetros ................................................................................................. 64 Tabela 5 - Grandezas Calculadas e Grandezas Adotadas. ...................................... 64 Tabela 6 - Velocidades Calculadas ........................................................................... 65 Tabela 7 – Ângulos Construtivos do Rotor e do Escoamento ................................... 66 Tabela 8 – Largura das pás na entrada e saída do rotor .......................................... 66 Tabela 9 - Npá ........................................................................................................... 66 SÍMBOLOGIA LETRAS LATINAS 𝑏 Largura das pás 𝐶 Velocidade absoluta 𝐶𝑢⃗⃗⃗⃗⃗⃗ Velocidade absoluta na direção tangencial 𝐶𝑚⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗ Velocidade absoluta na direção meridional cm3m Velocidade meridional real na entrada das pás cm4m Velocidade meridional ideal na entrada das pás cs Velocidade média na boca de entrada do rotor D1 Diâmetro interno da tomada de pressão na entrada da bomba D2 Diâmetro interno da tomada de pressão na saída da bomba 𝐷4 Diâmetro de entrada do rotor 𝐷5 Diâmetro de saída do rotor 𝐷𝑒 Diâmetro da ponta de eixo de fixação do rotor 𝐷𝑛 Diâmetro do núcleo/cubo 𝐷𝑠 Diâmetro da boca de entrada do rotor fe Fator de estrangulamento 𝑔 Aceleração da gravidade H Altura total de elevação 𝐾𝑛𝑠 Fator de estreitamento de seção n Rotação da bomba Npá Número de pás do rotor P1 Pressão no transdutor de entrada da bomba P2 Pressão no transdutor de saída da bomba 𝑄 Vazão total da bomba 𝑄𝑅 Vazão do rotor �⃗⃗⃗� Velocidade tangencial u4m Velocidade circunferencial V1 Velocidades médias na seção de entrada da bomba V2 Velocidades médias na seção de saída da bomba 𝑃𝑒 Potência de eixo Ph Potência hidráulica �⃗⃗⃗⃗� Velocidade relativa LETRAS GREGAS π 3,14159265... 𝜌 Massa específica da água 𝜂𝑒𝑙 Rendimento do motor elétrico ηt Rendimento total da bomba δr Fator de giro do escoamento absoluto na entrada do rotor β3 Ângulo do escoamento relativo à entrada do rotor β4m Ângulo das pás na entrada do rotor β5m Ângulo das pás na saída do rotor 𝑌 Trabalho específico da bomba 𝑌𝑝á Trabalho específico real do rotor 𝑌𝑝á∞ Trabalho específico ideal do rotor η Rendimento total da bomba 𝜂ℎ Rendimento hidráulico ηf, Rendimento de fuga ηal Rendimento de atrito lateral ηm Rendimento mecânico ψ Coeficiente de pressão 𝜎 Coeficiente de ligeireza 𝛿 Coeficiente de diâmetro, 𝑣 Relação de diâmetros SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 16 1.1. Justificativas ................................................................................................. 17 1.2. Objetivos ...................................................................................................... 17 1.2.1. Objetivo Geral ...................................................................................... 17 1.2.2. Objetivo Especifico ............................................................................. 17 1.3. Estrutura do Trabalho ................................................................................... 18 1.4. Metodologia de Pesquisa ............................................................................. 19 2. REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 20 2.1. Contexto Histórico ........................................................................................ 20 2.2. Definição e Classificação de Bombas Hidráulicas ....................................... 21 2.3. Componentes das Bombas Centrífugas ....................................................... 22 2.3.1. Rotor ..................................................................................................... 22 2.3.2. Carcaça ................................................................................................. 24 2.4. Princípio de Funcionamento e Teoria do Rotor ............................................ 25 2.6. Grandezas Geométricas Básicas do Rotor .................................................. 31 3. ENSAIOS DE BOMBA ................................................................................. 32 3.1. Metodologia do Ensaio ................................................................................. 33 3.2. Roteiro para Obtenção das Grandezas ........................................................ 34 4. MEMORIAL DE CÁLCULO .......................................................................... 38 4.1. Dados principais para projeto preliminar de rotor numa dada rotação fornecida: Q, H e n ................................................................................................. 38 4.2. Rotação específica da bomba, nqA ............................................................... 39 4.3. Cálculo do diâmetro da ponta de eixo onde o rotor é fixado, de ................... 39 4.4. Cálculo do diâmetro do núcleo (cubo) na ponta de eixo do rotor, dn ............ 40 4.5. Cálculo do diâmetro da boca de entrada do rotor, Ds................................... 40 4.6. Cálculo do trabalho específico da bomba, Y ................................................ 41 4.7. Cálculo da vazão do rotor, QR ...................................................................... 42 4.8. Estimativa de Rendimentos .......................................................................... 42 4.8.1. Rendimento total da bomba, η ........................................................... 42 4.8.2. Cálculo do rendimento hidráulico, ηh ................................................ 43 4.8.3. Cálculo do rendimento de fuga, ηf ..................................................... 43 4.8.4. Rendimento de atrito lateral, ηal ........................................................ 44 4.8.5. Rendimento mecânico, ηm .................................................................. 44 4.9. Cálculo da potência de eixo, Pe.................................................................... 44 4.10. Potência de eixo do motor elétrico acionador da bomba, PeME ................. 45 4.11. Cálculo do diâmetro externo do rotor, D5 .................................................. 45 4.12. Cálculo da relação de diâmetros, 𝒗 .......................................................... 47 4.13. Cálculo do diâmetro médio na entrada do rotor, D4m ................................ 48 4.14. Cálculo da velocidade média na boca de entrada do rotor, cs .................. 48 4.15. Fator de estrangulamento na entrada e saída do rotor, fe4m e fe5m ............ 48 4.16. Velocidade meridional ideal na entrada das pás, cm4m.............................. 49 4.17. Velocidade meridional real na entrada das pás, cm3m ............................... 49 4.18. Velocidade circunferencial (tangencial) na entrada das pás, u4m .............. 49 4.19. Ângulo do escoamento relativo na entrada das pás, β3m .......................... 50 4.20. Cálculo do ângulo das pás entrada, β4m ................................................... 50 4.21. Velocidade meridional na saída das pás, cm5m ......................................... 50 4.22. Largura das pás na entrada, b4 e saída, b5 ...............................................51 4.23. Velocidade circunferencial (tangencial) na saída das pás, u5m ................. 51 4.24. Trabalho específico real do rotor, Ypá ....................................................... 52 4.25. Trabalho específico ideal do rotor, Ypá∞ ...................................................... 52 4.26. Velocidade absoluta na direção circunferencial na saída das pás, cu5m ... 52 4.27. Velocidade relativa na direção circunferencial na saída das pás, wu5 ....... 53 4.28. Ângulo das pás na saída do rotor, β5m ...................................................... 53 4.29. Cálculo do número de pás, Npá ................................................................ 53 4.30. Traçado das pás do rotor .......................................................................... 54 5. ESTUDO DE CASO ..................................................................................... 57 6. RESULTADOS ............................................................................................. 63 6.1. Ponto de Projeto .......................................................................................... 63 6.2. Rotação Específica ...................................................................................... 63 6.3. Parâmetros Mantidos Constante .................................................................. 63 6.4. Grandezas Calculadas e Grandezas Adotadas ........................................... 64 6.5. Velocidades Calculadas ............................................................................... 65 6.6. Ângulos construtivos do rotor e do escoamento .......................................... 66 6.7. Largura das pás ........................................................................................... 66 6.8. Número de pás ............................................................................................. 66 7. CONCLUSÃO .............................................................................................. 69 8. SUGESTÕES PARA TRBALHOS FUTUROS .............................................. 70 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 71 APÊNDICE A - Relatório de ensaio de bomba LEB/UNIFEI. ................................. 73 16 1. INTRODUÇÃO Segundo (Macintyre,1987) “A solução dos problemas ligados ao deslocamento dos líquidos tem sido uma das preocupações da humanidade e um permanente desafio desde a antiguidade”. A necessidade de bombear ou transferir um fluído de um lugar a outro, se faz presente em diversas etapas dos processos industriais. Nos mais variados setores industriais a utilização de bombas hidráulicas é comum e, na grande maioria dos casos é indispensável para o processo. Segundo (Santos, et al., 2007) o uso de bombas e ventiladores para movimentação de fluidos na indústria é em torno de 63%, fazendo com que estes juntamente com os motores elétricos sejam os equipamentos mais utilizados na indústria. Segundo (Monachesi & Monteiro, 2005) as bombas possuem perdas entre 10% e 40%, e quando consideramos os motores elétricos utilizados para o acionamento das bombas e todo o sistema de distribuição do fluido bombeado, o rendimento final é em torno de 20% a 30%, ou seja, mais de 70% da energia elétrica consumida é dispersada em forma de alguma perda no processo. Em decorrência do cenário energético que o Brasil vem enfrentando, é indispensável a busca pela utilização de equipamentos mais eficientes para aplicação nos processos de produção, sendo assim, esse trabalho tem como proposta a análise laboratorial de um rotor de uma bomba centrífuga radial convencional, que subsidiará uma análise da geometria desse rotor visando melhorias no seu rendimento global. A ideia é a partir dos dados obtidos em laboratório revisar o projeto do rotor buscando oportunidades de melhoria da dinâmica do escoamento e consequentemente da eficiência da bomba. Por conta disso, foi feito um memorial de cálculo completo de projeto de rotor de bomba radial e a sua prototipagem em impressora 3D para possíveis ensaios no futuro. A metodologia de projeto de rotor apresentado agregou conhecimento em projetos de máquinas e permitiu aos autores um embasamento teórico mais robusto a respeito de máquinas de fluxo, particularmente de bombas radiais. A metodologia de projeto foi baseada na teoria acerca do pré- dimensionamento de rotores radiais pelo método clássico ou método geométrico, 17 tratando dos principais parâmetros e grandezas que têm influência direta na eficiência das mesmas. 1.1. Justificativas A eficientização ou melhoria de qualquer sistema mecânico por si só já justifica um estudo uma vez que reduz a demanda energética da planta industrial. As bombas são um dos principais equipamentos utilizados que são influenciados por parâmetros operacionais como pressão e vazão, que são impostos pelo sistema que faz parte da instalação de bombeamento. Por este fato, muitas vezes as bombas podem trabalhar fora do seu ponto de operação ótimo o que implica em redução de performance, desgaste prematuro dos componentes, vibração mecânica excessiva dos componentes, entre outros. Muitas vezes ocorre a impossibilidade de substituir a máquina por outra que atenderia as condições de vazão e pressão com melhor performance, em função do custo benefício. Daí vem o trabalho de engenharia de avaliar a geometria do rotor e otimizá-la sem necessariamente substituir a máquina. Ou seja, melhora-se a potência hidráulica mantendo-se a potência de eixo exigida constante. 1.2. Objetivos 1.2.1. Objetivo Geral Projetar um rotor de uma bomba centrífuga radial, elaborando uma metodologia de cálculo para determinar todas as grandezas geométricas, e estabelecer um roteiro de ensaio para determinação e validação do rendimento total calculado. 1.2.2. Objetivo Especifico 1. Detalhar o ensaio eficiência de máquina de fluxo geradora, no caso uma bomba radial; 18 2. Apresentar o passo a passo dos cálculos da geometria do rotor de uma bomba centrífuga radial; 3. Elaborar um modelo em 3D do rotor projetado. Cumpre destacar que nesse estudo não foi considerado o escoamento térmico, apenas as condições de escoamento hidráulico em regime permanente isso certamente é relevante dependendo do tipo e aplicação da bomba. 1.3. Estrutura do Trabalho O trabalho será composto e apresentado da seguinte forma: No capítulo 1 é apresentada uma breve introdução ao tema, bem como sua justificativa, definição dos objetivos e metodologia aplicada. O segundo capítulo trata de uma breve revisão bibliográfica de tópicos pertinentes ao trabalho, apresenta a descrição de bombas, conceitos e teorias que são necessários para o decorrer deste. O capítulo 3 descreve o roteiro de ensaio para a determinação da eficiência da bomba. O capítulo 4 aborda o memorial de cálculo utilizado para desenvolvimento do projeto do rotor. O capítulo 5 apresenta o estudo de caso que foi avaliado nesse trabalho. Trata-se de uma bomba da fabricante THEBE BOMBAS HIDRÁULICAS, que atualmente faz parte do grupo EBARA CORPORATION. A bomba utilizada conforme catálogo possui aplicações nos segmentos de agricultura, combate à incêndios e industrial onde pode ser utilizada para circulação de fluidos, torres de resfriamento, sistemas de filtragens entre outros. Os resultados obtidos pelos cálculos no projeto são descritos no capítulo 6. As considerações finais do trabalho, bem como sugestões para trabalhos futuros, estão descritas nos capítulos 7 e 8. 19 1.4. Metodologia de Pesquisa A metodologia aplicada nesta monografia se baseia no experimento e projeto do rotor de uma bomba centrífuga. A partir de um ensaio experimental realizado foram levantadas as curvas características da bomba, bem como seu ponto de maioreficiência, com base nesse ponto foi realizado o projeto de um novo rotor para a mesma. O rotor foi projetado respeitando algumas dimensões do modelo original devido as limitações da voluta da bomba, porém algumas grandezas relacionadas à geometria das pás sofreram alterações. Durante o projeto foi elaborado um roteiro de cálculos com um passo a passo para se realizar o projeto da geometria do rotor. Após os cálculos a geometria foi desenhada em 3D no software PTC Creo Parametric ® e um protótipo do rotor foi impresso em impressora 3D. 20 2. REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo trata da fundamentação teórica necessária para o desenvolvimento do trabalho, nele serão abordados itens cujo entendimento se faz necessário para a compreensão do restante deste trabalho. 2.1. Contexto Histórico Historicamente o homem sempre buscou mecanismos para transferir seu esforço muscular para a máquina. Há 3000 anos antes de Cristo (a.C.) os egípcios já tinham a necessidade de transportar água do rio Nilo através de potes para irrigação de suas plantações, o primeiro dispositivo conhecido para distribuição de água foi a picota que surgiu em torno do ano de 1500 a.C.. A picota era um sistema simples, constituída por uma alavanca que tinha um pote que capitava a água em uma de suas extremidades e na outra extremidade um contrapeso. O próprio homem exercia força para mover a alavanca e a água extraída era distribuída para seu destino por gravidade através de uma série de calhas (Lima, 2003). Mais tarde surgiu uma série de outros dispositivos como o sarilho, e a roda persa que também eram utilizados para a captação e distribuição de água. O avanço nesse aspecto permitiu que os homens pudessem viver em locais mais distantes dos rios, pois, já conseguiam extrair água do subsolo para seu abastecimento e manutenção das plantações. Em torno de 250 anos a.C. a primeira bomba de pistão foi desenvolvida, no entanto, só a partir do século XV estudiosos passaram a concentrar estudos voltados aos fenômenos hidráulicos. A partir daí nos séculos seguintes o início de uma industrialização emergente forçou o homem a abandonar o uso em larga escala das antigas bombas de pistão e desenvolver novos tipos de bombas mais eficazes (Carvalho, 1977); (Lima, 2003). A primeira bomba centrífuga com a concepção teórica semelhante às bombas que são utilizadas atualmente foi desenvolvida em 1818 pelo engenheiro americano Andrews. A partir daí o avanço tecnológico e a criação de motores de acionamento de altas rotações permitiram a construção de bombas 21 mais eficientes atendendo o consumo humano e contribuindo para o desenvolvimento dos grandes parques industriais. Atualmente, os sistemas de bombeamento estão presentes nas mais variadas funções, possuem aplicações residenciais, agrícolas, industriais, entre outros. Na indústria em geral, em relação à importância nos processos, as bombas só perdem em quantidade para os motores elétricos (Carvalho, 1977); (Lima, 2003). 2.2. Definição e Classificação de Bombas Hidráulicas Bombas hidráulicas são máquinas responsáveis por adicionar energia a um fluido. Essa energia adicionada possibilita através do escoamento o deslocamento desse fluido de um ponto a outro. São classificadas como máquinas geratrizes ou geradoras, pois recebem como entrada o trabalho mecânico cedido pelo motor acionador da bomba e esse trabalho é convertido ao líquido nas formas de energias cinética e de pressão. Devido a esta conversão de trabalho mecânico para energia hidráulica, existem também autores que denominam as bombas como máquinas operatrizes hidráulicas (Macintyre, 1987); (Neto, 2004). De modo geral, as bombas possuem duas grandes classificações que estão relacionadas ao método/mecanismo utilizado para inserir energia ao fluido. São elas: bombas de deslocamento positivo que utilizam diretamente componentes mecânicos para movimentar o fluido e as turbo-bombas que são compostas principalmente de dois componentes, o rotor e a carcaça. O movimento giratório do rotor dentro da carcaça é responsável pela transferência de energia ao fluido. Dentre essas duas classificações existem algumas subdivisões. Conforme (Neto, 2004), as turbo-bombas são divididas em: centrífugas, hélico-centrífugas (bombas diagonais) e axiais, já as bombas de deslocamento positivo são divididas em: bombas volumétricas alternativas e bombas volumétricas rotativas. No entanto, apesar dos diferentes tipos de bombas, neste trabalho, os estudos serão voltados para as bombas centrífugas radiais, pois na grande maioria das instalações de bombeamento na indústria, utiliza-se este tipo de máquina. 22 2.3. Componentes das Bombas Centrífugas As bombas centrífugas possuem, do ponto de vista hidráulico, dois componentes principais: a carcaça e o rotor. Além desses dois componentes, são compostas por outros itens complementares básicos, sendo eles: um componente para vedação (selo mecânico ou caixa de gaxetas), anéis de desgaste, acoplamento, mancais, eixo e a luva de eixo conforme a Figura 1. Figura 1 – Componentes Principais de uma Bomba Centrífuga Fonte: Foto do Autor 2.3.1. Rotor O rotor é o componente da bomba responsável em energizar o líquido operado, é acionado por uma fonte externa de energia e a combinação de sua rotação com o formato e número de suas pás proporciona uma depressão em sua região central que aspira o líquido para seu interior. Durante sua passagem pelo rotor o líquido recebe energia, sendo assim, o rotor é considerado o 23 componente principal de uma bomba exigindo dos fabricantes uma atenção especial em seu projeto e fabricação visto que o rendimento final da máquina está diretamente ligado as características do mesmo (Neto, 2004). O rotor pode ser fechado, semiaberto ou aberto, conforme Figura 2. Esta configuração varia de acordo com aplicação do mesmo. Os rotores fechados são utilizados para bombeamento de líquidos sem substâncias sólidas em suspensão, já os rotores semiabertos e abertos são empregados para bombeamento de líquidos que contém substâncias como pastas, areia, lamas ou esgotos sanitários em sua composição (Ueta, 2018). Figura 2 - Rotor fechado; Rotor semiaberto; Rotor aberto Fonte: (Máquinas de Fluxo - Notas de Aula, 2009) Além da classificação dos rotores quanto ao seu formato, a quantidade de rotores presentes numa bomba também é utilizada para classificação de bombas como sendo de simples estágio (monoestágio) quando a bomba é composta por apenas um rotor e classificada como bomba de múltiplos estágios quando se faz uso de dois ou mais rotores. Nas bombas multiestágios os vários estágios em série proporcionam o aumento da pressão fornecida pela bomba, já que a pressão total acaba sendo o somatório das pressões parciais que seriam alcançadas por cada um dos rotores individualmente se as perdas não forem consideradas. 24 Figura 3 - Bomba Centrífuga de um Estágio Fonte: Foto do Autor. Figura 4 - Bomba Centrífuga de Múltiplos Estágios Fonte: Foto do Autor. 2.3.2. Carcaça Quando o líquido bombeado passa pelo rotor, adquire energia e sai em altas velocidades e pressões, sendo assim, se esse líquido fosse injetado diretamente na tubulação a perda de carga seria bastante elevada. A carcaça da bomba é responsável em transformar essa alta energia cinética do fluido em energia de pressão. Para exercer essa função de transformar energia, a carcaça pode conter um difusor ou ser em formato de voluta conforme Figura 5. 25 O difusor é um componente provido de pás fixas (ou palhetas) que fica posicionado ao redor da periferia externa do rotor da bomba. Os canais entre essas pás fixas possuem seções gradativamente crescentes, ao passar por esses canais, o líquido, diminui a sua velocidade enquanto ocorreum aumento da pressão (Neto, 2004). As carcaças em formato de voluta possuem um canal em volta do rotor, esse canal tem sua seção variável sendo crescente no sentido do escoamento do líquido. A voluta é o tipo de carcaça mais utilizado em bombas monoestágio, pois, tem a vantagem de conseguir operar em variáveis faixas de vazões sem grandes prejuízos se comparada aos difusores que possuem os ângulos de suas pás fixas projetados para um ponto de vazão específico, assim quando a bomba trabalha fora do ponto apresenta perdas significativas. Nas bombas monoestágio com carcaça em voluta é permitido e bastante usual a redução de até 20% do diâmetro máximo do rotor sem grandes perdas em eficiência hidráulica (Lima, 2003) (Macintyre, 1987). Figura 5 - Difusor e Voluta Fonte: (Lima, 2003) 2.4. Princípio de Funcionamento e Teoria do Rotor O princípio de funcionamento da bomba consiste basicamente na criação zonas com diferenças de pressão. Na entrada do rotor, uma zona de baixa pressão se forma devido a força centrífuga imposta pela rotação. Essa baixa 26 pressão gera um “vazio” na tubulação que é preenchido com líquido proveniente da tubulação de sucção gerando um fluxo contínuo. Na saída da bomba uma zona de alta pressão é formada devido a conversão de energia cinética para energia de pressão que ocorre entre o rotor e a carcaça (Neto, 2004). O estudo teórico do fluxo de líquido que passa pelo rotor é realizado pela teoria do rotor através da utilização de vetores de velocidade. Esses vetores são analisados em diagramas triangulares, dessa configuração dos diagramas sai a denominação triângulo de velocidades. O entendimento das velocidades no interior do rotor é de extrema importância para determinar os ângulos de entrada e saída das pás do rotor, grandezas que estão diretamente ligadas a quantidade de energia que o rotor fornece ao fluido, além de interferirem diretamente na condição do escoamento podendo aumentar ou diminuir as perdas presentes no rotor. Para o estudo do triângulo de velocidades, conforme (Neto, 2004) os conceitos de velocidade absoluta do fluido e velocidade relativa do fluido devem ser estabelecidos. A velocidade absoluta (𝐶) é em relação a carcaça da bomba, que é uma referência fixa, a velocidade relativa (�⃗⃗⃗⃗�) toma como referência o rotor da bomba, referência móvel. A terceira referência utilizada para completar o triângulo é chamada de velocidade tangencial (�⃗⃗⃗�) ou de velocidade circunferencial que é obtida pela Equação 1: U= π.D.n (1) Para o entendimento dos triângulos de velocidades, foi utilizada a convenção de Betz para padronização e identificação dos pontos de estudo, conforme Figura 6. 27 Figura 6 - Convenção de Betz. Fonte: (Campos, 1996) A Figura 7 trata de um corte radial no rotor de uma bomba indicando os triângulos na entrada e saída da pá. Figura 7: Triângulos de Velocidades na Entrada e Saída do Rotor Fonte: (Campos, 1996) Na Figura 8, os valores com índice 4 e 5, respeitando a convenção de Betz citada anteriormente, representam os triângulos de velocidade na entrada e saída da pá respectivamente, o vetor 𝑊 ⃗⃗⃗⃗⃗⃗ tangencia o perfil da pá, �⃗⃗⃗� é tangente às circunferências de entrada e saída do rotor e os ângulos α (ângulo do escoamento absoluto) representam os ângulos entre 𝐶 e �⃗⃗⃗�, enquanto β (ângulo construtivo da pá) representa os ângulos entre �⃗⃗⃗⃗� e -�⃗⃗⃗� (Carvalho, 1977). 28 Dos triângulos de velocidade ainda se obtêm as componentes de velocidade absoluta na direção tangencial (𝐶𝑢⃗⃗⃗⃗⃗⃗ ) e na direção meridional (𝐶𝑚⃗⃗⃗⃗⃗⃗⃗) conforme figura 8. Figura 8 - Triângulos de Velocidades na Saída e Entrada Fonte: (Campos, 1996) Por meio da Equação da quantidade de movimento angular, é possível obter a Equação de Euler das máquinas de fluxo, no caso de bombas radiais, representada pela Equação 2. Tal Equação expressa a quantidade de energia por unidade de peso de líquido operado pelo rotor em condições ideais. 𝐻𝑝á∞= U5𝐶𝑢5 - 𝑈4.Cu4 g (2) 2.5. Curvas Características Na fase de projeto, é determinado um ponto de projeto da máquina, a vazão, altura efetiva de elevação, e rotação são prefixados e espera-se que a bomba irá trabalhar consumindo uma potência de eixo (𝑃𝑒) operando em seu ponto ótimo, com a melhor eficiência possível. Em operação as bombas podem operar em faixas fora do especificado, no entanto ocorrerá queda no rendimento que deverá ser verificado se é economicamente aceitável (Lima, 2003). O comportamento da bomba em operação é descrito em representações gráficas denominadas curvas características de bombas. A Figura 9 abaixo mostra dois gráficos com curvas características teóricas de bombas centrífugas, em cada um dos gráficos estão representadas curvas para rotores com ângulos β diferentes na saída das pás. O gráfico (a) indica a representação de curvas de altura total de elevação por vazão e o gráfico (b) representa a potência por vazão. 29 Figura 9 - Curvas Características Ideais Fonte: (Alé, 2010) – Adaptado pelo autor. Na prática as curvas características de bombas apresentam configurações bem diferentes, pois são afetadas por perdas de energia presentes na bomba. Durante a operação a bomba apresenta perdas internas que como nas outras máquinas de fluxo são provenientes principalmente de três fontes: atrito com as superfícies, fugas de fluido e atrito em labirintos. O atrito com superfícies engloba todas as perdas de carga gerados por contato do fluído com paredes dentro da máquina e choques contra obstáculos no caminho hidráulico do fluido. As perdas por fuga ocorrem nos espaços entre a parte rotativa da máquina e a parte estática, a massa que escoa nesses espaços acaba não participando da troca de energia que ocorre na bomba, por fim as fugas de fluido se relacionam a uma massa de fluido que constantemente fica preso entre as partes móveis e fixas da máquina, durante o funcionamento da máquina gera perda pela força de resistência de atrito do fluido (Carvalho, 1977). Além de perdas internas, existem perdas externas que também afetam as curvas características, são perdas mecânicas que ocorrem devido ao atrito do eixo nos mancais e ao atrito gerado pelos elementos de vedação. As curvas reais que são disponíveis nos catálogos dos fabricantes possibilitando que os clientes selecionem a melhor bomba para seu sistema 30 durante um processo de compra, o que geralmente são levantados por meio de ensaios realizados em bancadas do próprio fabricante ou em laboratórios especializados. As curvas mais comuns disponibilizadas nos catálogos são de altura total de elevação, potência, rendimento e NPSHreq. Essas curvas são expressas em função da vazão. A Figura 10 abaixo representa um exemplo de curva de “altura manométrica total” por vazão e os rendimentos da família de bombas RL da fabricante THEBE BOMBAS HIDRÁULICAS, no gráfico estão expressas as curvas de 7 bombas semelhantes com diferenças apenas no diâmetro externo dos rotores. Figura 10 - Curva de Catálogo H x Q - Família RL - THEBE Fonte: (Thebe, 2018) O gráfico da Figura 11 abaixo trata de curvas de potência de eixo pela vazão, cada curva também é referente a uma das bombas da família com seu respectivo diâmetro externo do rotor. Figura 11 - Curva de Catálogo Pe x Q - Família RL - THEBE Fonte: (Thebe, 2018) 31 Outra curva característica também muito comum nos catálogos de fabricantes de bombas se diz respeito à curva de NPSHreq. Pela vazão. Figura 12 Figura 12 - Curva de Catálogo NPSH x Q Fonte: (Thebe, 2018) O termo NPSH vem de “Net Positive Suction Head” e está relacionado ao fenômeno de cavitação. Durante o bombeamento de um líquido a pressãona tubulação de sucção não deve atingir o valor de pressão de vapor do líquido, caso atinja essa pressão, ocorrerá a vaporização de parte do líquido na região de entrada do rotor (região de baixa pressão) e, ao atingirem a zona de alta pressão na saída do rotor ocorrerá a implosão das partículas que retornam instantaneamente para fase líquida. Esta implosão de partículas, fenômeno denominado de cavitação traz diversos problemas à bomba, o choque brusco contra a parede do impelidor pode gerar desprendimento de material, excesso de vibração e ruídos e quedas bruscas no rendimento da máquina. Com o conhecimento da curva é possível comparar com a curva do sistema de instalação e selecionar uma bomba apropriada evitando futuros problemas. 2.6. Grandezas Geométricas Básicas do Rotor O dimensionamento correto das grandezas geométricas principais do rotor são fundamentais para determinar um bom desempenho final do mesmo. Entre essas grandezas estão o número de pás (Npá), largura na entrada e saída das pás (𝑏4e 𝑏5), diâmetro do núcleo/cubo (𝐷𝑛), diâmetro da ponta de eixo de 32 fixação do rotor (𝐷𝑒) diâmetro da boca de entrada do rotor (𝐷𝑠), diâmetro de entrada das pás do rotor (𝐷4) e diâmetro de saída do rotor (𝐷5) conforme ilustrado na figura 13. Figura 13 – Grandezas Geométricas Principais do Rotor Fonte: (Valentim, 2008 – Adaptado pelo autor). 3. ENSAIOS DE BOMBA Para a realização do projeto do rotor de uma bomba centrífuga que é o objetivo do trabalho, primeiramente foi necessário determinar as grandezas de funcionamento da bomba, são elas: vazão, altura total de elevação e rotação. Esses valores se referem ao ponto de projeto da máquina que é definido como ponto de máxima eficiência. Com o objetivo de determinar essas grandezas foi realizado um ensaio experimental na bancada de ensaios do Laboratório de Etiquetagem de Bombas 33 da Universidade Federal de Itajubá – LEB/UNIFEI, onde foi possível determinar as curvas características da bomba como: vazão X altura total de elevação; vazão X rendimento total; vazão X potência de eixo e vazão X NPSH. 3.1. Metodologia do Ensaio O roteiro para obtenção das grandezas medidas foram baseadas na portaria INMETRO nº 455, de 01 de dezembro de 2010, e na norma ISO 9906 – Rotodynamics pumps – Hydraulic performance acceptance tests – Grades 1 and 2. O ensaio consiste no levantamento de diferentes pontos de operação da bomba. Cada ponto foi definido pela variação da vazão desde o ponto de shut- off (vazão zero) até a máxima vazão, mantendo a rotação constante. Para cada ponto foram realizadas medições das principais grandezas de entrada e saída da bomba. A potência elétrica consumida pelo motor, as pressões na aspiração e recalque da bomba, a vazão, temperatura da água e rotação do motor são as grandezas que se são necessárias conhecer para o levantamento das curvas características da bomba. Segundo a norma, o ensaio é realizado utilizando como fluido de trabalho a água. O circuito de ensaio é constituído basicamente por um reservatório, uma bancada para instalação da bomba, e tubulações de aspiração e recalque. Após ser instalada na bancada, a bomba tem sua entrada conectada ao reservatório através da tubulação de aspiração e, a saída da bomba é conectada a uma tubulação de recalque que retorna o fluido utilizado para o reservatório, formando assim um circuito fechado. No circuito de ensaio são acoplados os instrumentos de medição utilizados para levantamento dos dados. Na entrada e saída da bomba são conectados anéis piezométricos que equalizam as pressões antes de serem medidas por transdutores de pressão. Na tubulação de recalque estão instalados uma válvula de controle, um medidor de temperatura necessário para a correção da massa específica da água, e os medidores de vazão eletromagnéticos. Ainda são utilizados durante o ensaio um medidor de grandezas elétricas responsável por monitorar o consumo do motor, e um tacômetro óptico utilizado manualmente 34 para medição da rotação do motor, que será corrigida para rotação nominal posteriormente. Para realização do ensaio inicialmente o operador dá partida na bomba e abre toda a válvula de controle com intuito de conhecer a máxima vazão da bomba. Conhecendo toda a faixa de vazão da bomba, esta faixa é dividida em vários pontos que serão aquisitados no ensaio. Com os pontos já pré- estipulados, o operador novamente fecha a válvula de controle e inicia a aquisição de dados de ensaio, o ponto inicial parte da vazão zero e através da abertura parcial da válvula de controle os outros pontos são fixados. Para cada ponto de vazão espera-se o escoamento de água através da bomba se estabilizar. As grandezas mostradas nos displays dos instrumentos são anotadas em uma planilha chamada “formulário de anotações de ensaio”, ao mesmo tempo em que os dados são anotados manualmente os instrumentos emitem sinais de corrente que são aquisitados no software LabView®. Repetindo o mesmo procedimento para todos os pontos pré- estabelecidos, ao final do ensaio o software LabView® emite os dados em uma planilha do Excel. Com a planilha em mãos os dados são tratados. Esse tratamento de dados consiste na correção dos erros dos instrumentos, já que todos equipamentos utilizados durante os ensaios são periodicamente calibrados garantindo assim bons resultados obtidos pelo laboratório. 3.2. Roteiro para Obtenção das Grandezas Seguindo este roteiro de cálculo, as medidas utilizadas para determinar as curvas características de bombas devem estar no sistema internacional de medidas. Os valores de vazão são obtidos diretamente pela aquisição dos dados do medidor de vazão eletromagnético. Para o cálculo da altura total de elevação (H) é utilizada a Equação da energia que resulta na Equação 3. 35 H = ( 𝑃2 𝜌𝑔 − 𝑃1 𝜌𝑔 ) + ( 𝑣2− 2 𝑣1 2 2𝑔 ) + 𝑍2 − 𝑍1 (3) Onde: 𝑃1 𝜌𝑔 [m] - Pressão no transdutor de entrada da bomba; 𝑃2 𝜌𝑔 [m] - Pressão no transdutor de saída da bomba; 𝑣1 e 𝑣2 [m/s]- são as velocidades médias nas seções de entrada e saída da bomba respectivamente, expressas pelas equações: 𝑣1 = 4𝑄 𝜋𝐷1 2 ; 𝑣2 = 4𝑄 𝜋𝐷2 2 (4) 𝐷1 [m] - Diâmetro interno da tomada de pressão 1; 𝐷2 [m] - Diâmetro interno da tomada de pressão 2. A diferença de cotas de posição 𝑍1e 𝑍2, no ensaio realizado é nula devido aos transdutores estarem nivelados entre si. A potência hidráulica da bomba pode ser expressa pela Equação 5: 𝑃ℎ = 𝜌𝑔𝑄𝐻10 −3 (5) 𝑃ℎ [kW] – Potência hidráulica; 𝜌 [kg/m³] – Massa específica da água; 𝑔 [m/s²] – Aceleração da gravidade; 𝑄 [m³/s] – Vazão; 𝐻 [m] – Altura total de elevação. A Equação 6 abaixo é utilizada para determinar a massa específica da água. 𝜌 = 1000,14 + 0,0094. 𝑡 − 0,0053. 𝑡² (6) t [ºC] - Temperatura da água. 36 A potência de eixo da bomba, considerada igual a potência de eixo do motor elétrico, é determinada com base na Equação 7. 𝑃𝑒 = 𝑃𝑒𝑙 . 𝜂𝑒𝑙 (7) 𝑃𝑒 [kW] – Potência de eixo da bomba; 𝑃𝑒𝑙 [kW] – Potência elétrica, (dado obtido por um medidor de grandezas elétricas); 𝜂𝑒𝑙 [1] – Rendimento do motor elétrico. O rendimento total da bomba é obtido através da Equação 8. ηt = Ph Pe (8)ηt [-] – Rendimento total da bomba. Durante o ensaio a rotação do motor elétrico sofre variação devido ao escorregamento de carga do motor, assim as leis de semelhança para máquinas de fluxo são aplicadas corrigindo os valores obtidos para rotação nominal com valor constante. 𝑄1 = 𝑄. ( 𝑛1 𝑛 ) ; 𝐻1 = 𝐻. ( 𝑛1 𝑛 ) 2 ; 𝑃𝑒1 = 𝑃𝑒 . ( 𝑛1 𝑛 ) 3 ; 𝑃𝑒𝑙1 = 𝑃𝑒𝑙 . ( 𝑛1 𝑛 ) 3 (9) n [rpm] – Rotação da bomba. Obs: As grandezas com índice 1 são corrigidas para rotação constante. A Figura 14, trata de um croqui de um circuito de ensaios devidamente adaptado às normas citadas anteriormente e que regem este procedimento de ensaio. 37 Figura 14: - Croqui Bancada de Ensaios LEB/UNIFEI Fonte: Foto do Autor. 38 4. MEMORIAL DE CÁLCULO 4.1. Dados principais para projeto preliminar de rotor numa dada rotação fornecida: Q, H e n No projeto preliminar de qualquer rotor, a rotação do rotor, n, é estabelecida com base no estudo de cavitação. O valor de n estabelece também a máxima altura geométrica de sucção, hs, onde a bomba deverá ser posicionada em relação ao nível superior de líquido contido no reservatório de aspiração, portanto, n depende da instalação de bombeamento onde a bomba será inserida. O valor de n define também o valor da rotação específica, nqA, um importante parâmetro para o projeto preliminar de qualquer rotor de máquina de fluxo, que, por sua vez, define o tipo de bomba quanto à configuração do escoamento no rotor, ou seja, se a bomba é radial, diagonal (mista) ou axial, conforme ilustrado na Figura 15. Figura 15 - Rotações específicas , nqA, de bombas centrífugas. Fonte: (Campos, 1996) Para realização deste trabalho, os dados de projeto preliminares, foram baseados em uma bomba já existente onde a rotação do rotor n é fornecida e os valores de Q, H foram determinados através de ensaio experimental onde Q é a vazão volumétrica da bomba e H a altura total (efetiva) de elevação. Além da vazão volumétrica e a altura total (efetiva) de elevação, foram determinados também, os valores de potência de eixo, Pe, e rendimento (eficiência) total 39 máximo da bomba, ηt, onde, todos os valores são referentes ao ponto de maior eficiência B.E.P (Best Efficiency Point). 4.2. Rotação específica da bomba, nqA Através do cálculo da velocidade de rotação específica , nqA, determina- se qual o tipo de rotor que é caracterizado pela sua geometria no plano meridional. A rotação específica da bomba, nqA segundo Addison que é uma grandeza adimensional, é determinada pela Equação 10. 𝑛𝑞𝐴 = 𝑛 𝑄1/2 (𝑔 𝐻)3/4 10³ (10) onde n é a rotação do rotor em rps, Q a vazão da bomba em m³/s, g a aceleração da gravidade em m/s² e H a altura total de elevação da bomba em m. Os valores de n, Q e H são aqueles referentes ao ponto de projeto da bomba determinados experimentalmente neste trabalho. 4.3. Cálculo do diâmetro da ponta de eixo onde o rotor é fixado, de Conforme (Pfleiderer e Petermann, 1979), a fórmula semi-empírica dada em (11) pode ser utilizada para a determinação do valor do diâmetro da ponta de eixo, 𝑑𝑒, ou seja, 𝑑𝑒 = 10𝑘 √ 𝑃𝑒 𝑛 3 (11) onde o valor de, de, é obtido em mm, k é uma constante (depende se a bomba centrífuga é de um estágio ou de múltiplos estágios), Pe é a potência de eixo, em kW, e n a rotação do rotor, em rpm. Tanto Pe como n se referem ao respectivo valor no ponto de projeto. (Pfleiderer e Petermann 1979) recomendam para bomba de 1 estágio 11≤ k≤ 14. 40 O valor final do diâmetro da ponta de eixo, de, que deve ser obtido após a definição da geometria completa da bomba, deve ser feito considerando-se todas as solicitações resultantes (torção e flexão) no eixo, verificando-se também a sua rotação crítica. Neste trabalho, após ter sido calculado o valor do diâmetro da ponta de eixo pela Equação 11, tal valor foi devidamente arredondado para o diâmetro da ponta do eixo do motor elétrico acionador da bomba que foi utilizado no cálculo do novo rotor projetado. 4.4. Cálculo do diâmetro do núcleo (cubo) na ponta de eixo do rotor, dn Conforme (Pfleiderer e Petermann 1979), a fórmula dada em (12) pode ser utilizada para o cálculo do diâmetro do núcleo (cubo) na ponta de eixo do rotor, dn. Se a potência da bomba é relativamente alta, deve-se calcular dn com base na “resistência dos materiais”. 𝑑𝑛 = 𝑑𝑒 + [2 × (5 𝑎 15 𝑚𝑚)] (12) 4.5. Cálculo do diâmetro da boca de entrada do rotor, Ds Conforme (Pfleiderer 1960) e (Pfleiderer e Petermann 1979), a fórmula dada em (13) pode ser utilizada para o cálculo do diâmetro da boca de entrada do rotor, Ds. 𝐷𝑠 = √ 4𝑄 𝜋2 𝑘𝑛𝑠 𝛿𝑟 𝑛 𝑡𝑔𝛽3 3 (13) Onde Ds é obtido em m, Q a vazão da bomba, em m³/s, kns (Equação (14)) é um fator de estreitamento de seção devido à extremidade do núcleo (cubo), δr (Equação (15)) é um fator de giro do escoamento absoluto na entrada do rotor, 41 n a rotação do rotor, em rps, e β3 o ângulo do escoamento relativo à entrada do rotor, em graus. O fator de estreitamento de seção, kns, e o fator de giro do escoamento absoluto na entrada do rotor, δr, são dados, respectivamente pelas equações 14 e 15. 𝐾𝑛𝑠 = 1 − 𝑑𝑛 2 𝐷𝑠 2 (14) 𝛿𝑟 = 1 − 𝐶𝑢3𝑒 𝑈4𝑒 (15) Para satisfazer a Equação (13), o valor do ângulo do escoamento relativo à entrada do rotor, β3, deve ser adotado, pois, até este passo não se conhece o seu valor numérico. Para valores baixos de ângulos β3, respeitando certos limites, são mais adequados quando se deseja evitar cavitação e valores altos de ângulos β3, respeitando também certos limites, melhoram o rendimento (eficiência) do rotor. 4.6. Cálculo do trabalho específico da bomba, Y O trabalho específico da bomba, Y, é determinado de acordo com a Equação (16). 𝑌 = 𝑔𝐻 (16) onde H é a altura total de elevação da bomba, em m, e g a aceleração da gravidade, em m/s². 42 4.7. Cálculo da vazão do rotor, QR Para calcular a vazão do rotor, QR, adota-se um valor apropriado entre 1,01 e 1,05 que corresponde às perdas por fuga na bomba. Após a geometria da bomba ser definida, pode-se manter ou mesmo alterar o valor adotado neste item. A vazão do rotor, QR, é determinada de acordo com a Equação (17). 𝑄𝑅 = (1,01 𝑎 1,05)𝑄 (17) onde Q é a vazão da bomba, em m³/s. 4.8. Estimativa de Rendimentos O rendimento (eficiência) total da bomba é dado pela Equação 18, ou seja, 𝜂 = 𝜂ℎ 𝜂𝑓 𝜂𝑎𝑙 𝜂𝑚 (18) O valor de cada um destes rendimentos varia de acordo com as dimensões da máquina, do tipo de construção adotado da folga radial entre o rotor e a voluta e de outros diversos fatores. Neste trabalho são adotados certos valores como orientação inicial para a realização dos cálculos. 4.8.1. Rendimentototal da bomba, η O rendimento (eficiência) total da bomba, η, deve ser adotado com certo critério. Por exemplo, bombas de baixas potências têm rendimentos muito menores que os de bombas de altas potências. Bombas radiais de mesma potência têm rendimentos menores se tais bombas possuem valores de rotações específicas muito baixas em relação àquelas bombas radiais de rotações específicas mais altas. Bom acabamento das superfícies da bomba em contato direto com o líquido operado também influencia o rendimento total da bomba. A escolha do número correto de pás também afeta o rendimento total, etc. Neste 43 projeto, o valor adotado para o rendimento total máximo da bomba foi aquele obtido no ensaio experimental. 4.8.2. Cálculo do rendimento hidráulico, ηh Conforme (Silva, 2000), para bombas, os valores de rendimento hidráulico variam desde 0,70 para bombas pequenas, sem grandes cuidados de fabricação, até 0,96 para bombas de dimensões grandes, bem projetadas e com muito bom acabamento. Contribuem fundamentalmente para a melhoria deste rendimento um aumento na qualidade de projeto e dos processos de fabricação. O rendimento hidráulico, ηh, é obtido para qualquer modalidade de máquinas de fluxo (bombas, ventiladores e turbinas hidráulicas) conforme a Equação (19), com base na Equação (18). 𝜂ℎ = 𝜂 𝜂𝑓 𝜂𝑎𝑙𝜂𝑚 (19) 4.8.3. Cálculo do rendimento de fuga, η f O rendimento de fuga (denominado também de rendimento volumétrico), ηf, é obtido para máquinas de fluxo geradoras (bombas e ventiladores) conforme a Equação (20). 𝜂𝑓 = 𝑄 𝑄𝑅 (20) Ainda, segundo (Silva, 2000), o rendimento volumétrico varia entre 0,83 até 0,98 para bombas comuns, devendo-se adotar valores mais baixos para bombas de alta pressão e valores mais altos para as de baixa pressão. O processo de fabricação tem grande importância sobre este rendimento, pois quanto maior a folga radial entre o rotor e a carcaça menor será o seu valor. 44 4.8.4. Rendimento de atrito lateral, η al Para o rendimento de atrito lateral, ηal, será adotado um valor apropriado, levando em consideração que quanto menor for a rotação específica da bomba radial, o valor adotado deve se afastar do valor 1 (100 %). Segundo (Silva, 2000), para nqA ≅ 60 o rendimento é de 0,93, para nqA ≅ 180, 0,98, e chegando a 0,99 para nqA ≅ 350. Para rotores abertos sem o disco frontal (ou capa), este rendimento atinge valores ainda maiores. 4.8.5. Rendimento mecânico, ηm O rendimento mecânico, ηm, deve ser adotado e seu valor depende se o acionamento é “direto” ou indireto para bombas centrífugas. Esses valores podem ser de 0,96 a 0,99 dependendo de vários fatores. No caso de acionamento “direto”, a rotação do rotor é igual a do motor acionador da bomba (geralmente, um motor elétrico de indução) e o valor de ηm depende do sistema de vedação, podendo ser por “anéis de gaxeta” ou por “selo mecânico”. No caso de acionamento indireto, a rotação da bomba, em geral, é diferente da rotação do motor acionador. Além do sistema de vedação da bomba, o valor de ηm depende também do sistema de transmissão entre o motor acionador e a bomba, podendo ser por correia(s) e polias. As perdas de potência transmitidas neste tipo de acionamento variam de 5% a 10%. 4.9. Cálculo da potência de eixo, Pe A potência de eixo, Pe ou potência de acionamento, é obtida para máquinas de fluxo geradoras (bombas e ventiladores) conforme a Equação (22), com base na Equação (21) que representa o rendimento total da bomba, ηt. 𝜂 = 𝑃ℎ 𝑃𝑒 = 𝜌𝑄𝑌 𝑃𝑒 = 𝜌𝑔𝑄𝐻 𝑃𝑒 (21) 𝑃𝑒 = 𝜌𝑔𝑄𝐻 𝜂 (22) 45 Onde 𝑃ℎ é a potência hidráulica e 𝜌 a massa específica do líquido operado pela bomba. 4.10. Potência de eixo do motor elétrico acionador da bomba, PeME A potência de eixo do motor elétrico, PeME, é obtida em catálogo de motores elétricos, basicamente, em função da potência de eixo da bomba, tendo por base a rotação do rotor da bomba (acionamento direto). A rotação do motor elétrico (indicada em catálogo e na placa de dados do motor elétrico) depende de várias características do motor elétrico (potência, número de pólos, etc.) e da frequência da rede elétrica. Ao variar a vazão de uma bomba centrífuga para uma vazão maior que aquela referente ao ponto de rendimento total máximo, a sua potência aumenta para uma determinada faixa de operação da bomba. Portanto, torna-se necessário especificar a potência a potência de eixo do motor elétrico, PeME, maior que a potência de eixo da bomba, Pe, referente ao ponto de rendimento total máximo. Geralmente, a potência de eixo do motor elétrico, PeME, é estabelecida de acordo com a Equação (23). Valores próximos a 1,10 são apropriados para bombas de potências maiores, enquanto que valores próximos a 1,35 são mais apropriados para bombas de potências menores. Deve-se especificar a potência de eixo do motor elétrico, PeME, imediatamente acima do valor calculado pela Equação (23). 𝑃𝑒𝑀𝐸 = (1,10 𝑎 1,35)𝑃𝑒 (23) 4.11. Cálculo do diâmetro externo do rotor, D5 Para o cálculo do diâmetro externo do rotor, D5, são apresentados dois procedimentos: 1º) Cálculo de D5 por meio do coeficiente de pressão, ψ; 2º) Cálculo de D5 por meio do diagrama de Cordier. 1º) Cálculo de D5 por meio do coeficiente de pressão, ψ 46 Com base no gráfico “coeficiente de pressão, ψ, em função da rotação específica, nqA,” fornecido por (Bran e Souza (1979)) é possível obter uma expressão de ψ versus nqA para certas faixas de rotações específicas. Por exemplo, para a faixa 30 ≤ nqA ≤ 125 tem-se a seguinte expressão dada em (24): Ψ = 0,186 + 0,0283𝑛𝑞𝐴 − 2,7975 × 10 −4𝑛𝑞𝐴 2 + 8,0225 × 10−7𝑛𝑞𝐴 3 (24) Então, 𝐷5 = √ 2𝑔𝐻 𝜓𝜋²𝑛² (25) 2º) Cálculo de D5 por meio do diagrama de Cordier O diagrama de Cordier clássico representa o coeficiente de ligeireza, 𝜎, em função do coeficiente de diâmetro, 𝛿, ambos adimensionais e está representado na figura 16. Figura 16 - Diagrama de Cordier Fonte: (Dietzel, 1980) 47 O coeficiente de ligeireza, σ, é dado pela Equação (26). 𝜎 = 2,108 𝑛𝑞 = 2,108 𝑛𝑞𝐴 10³ (26) Com o valor calculado do coeficiente de ligeireza, pelo diagrama de Cordier, Dietzel (1980), obtém-se o coeficiente de diâmetro, δ, dado pela Equação (27). 𝛿 = 1,054 𝑌1/4 𝑄1/2 𝐷 (27) Sendo D o maior diâmetro do rotor, ou seja, no caso de bombas radiais D = D5. Portanto, o diâmetro D5 é dado pela Equação (28). 𝐷 = 𝐷5 = 𝛿𝑄1/2 1,054×𝑌1/4 (28) 4.12. Cálculo da relação de diâmetros, 𝒗 A relação de diâmetros, 𝑣, que relaciona os diâmetros médios de entrada, D4m e D5m, é dada pela Equação (29). Os valores de 𝑣 são fornecidos num gráfico por (Bran e Souza 1979). 𝑣 = 𝐷4𝑚 𝐷5𝑚 (29) É possível obter uma expressão de ν versus nqA paramáquinas de fluxo geradoras radiais (bombas e ventiladores), conforme a Equação (30) 𝑣 = 0,129375 + 0,299 × 10−2𝑛𝑞𝐴 − 0,235 × 10 −5 𝑛𝑞𝐴² (30) 48 4.13. Cálculo do diâmetro médio na entrada do rotor, D4m O diâmetro médio na entrada do rotor, D4m, é obtido pela Equação (29), ou seja, 𝐷4𝑚 = 𝑣 𝐷5𝑚 (31) Observação: O valor calculado de D4m é aproximado. Deve-se tomar por base o valor obtido das equações (30) e (31) e fazer, caso necessário, a devida modificação no valor, com base nos Itens listados abaixo. 4.14. Cálculo da velocidade média na boca de entrada do rotor, cs A velocidade média na boca de entrada do rotor, cs, é obtida de acordo com a Equação (33). Como a vazão no rotor é, pela Equação da continuidade, 𝑄𝑅 = 𝑐𝑠 𝐴𝑠 = 𝑐𝑠 𝜋 4 (𝐷𝑠 2 − 𝑑𝑛 2) (32) Então, 𝑐𝑠 = 4𝑄𝑅 𝜋(𝐷𝑠 2−𝑑𝑛 2) (33) 4.15. Fator de estrangulamento na entrada e saída do rotor, fe4m e fe5m Um valor apropriado para o fator de estrangulamento na entrada e saída do rotor, fe4m e fe5m, respectivamente, deve ser adotado e depois verificado. O fator estrangulamento tanto na entrada como na saída do rotor, depende da espessura da pá na entrada e saída e4 e e5, do ângulo da pá na entrada e saída, β4 e β5, e do número de pás do rotor, Npá. Até o presente passo (Item 4.15), não se determinou o valor de nenhuma dessas grandezas. Desta forma, os valores adotados devem ser devidamente verificados posteriormente. 49 4.16. Velocidade meridional ideal na entrada das pás, cm4m A velocidade meridional ideal na entrada das pás, cm4, que tem valor numérico igual a wm4 será considerada inicialmente igual a velocidade média na boca de entrada do rotor, cs. As velocidades cm4 e wm4 são denominadas de componente da velocidade absoluta ideal na entrada das pás e componente da velocidade relativa ideal na entrada das pás, respectivamente. Se for necessário, o valor de cm4 pode ser modificado atendendo a critérios que serão expostos nos Itens abaixo. Então, por enquanto, Velocidade meridional ideal na entrada das pás: 𝑐𝑚4 = 𝑐𝑠 (34) 4.17. Velocidade meridional real na entrada das pás, cm3m A velocidade meridional real na entrada das pás, cm3, que tem valor numérico igual a wm3, é obtida pela Equação (35). As velocidades cm3 e wm3 são denominadas de componente da velocidade absoluta real na entrada das pás e componente da velocidade relativa real na entrada das pás, respectivamente. 𝑐𝑚3 = 𝑓𝑒4 𝑐𝑚4 = 𝑤𝑚3 (35) 4.18. Velocidade circunferencial (tangencial) na entrada das pás, u4m Com base no diâmetro D4m calculado no Item 4.13, pode-se determinar a velocidade circunferencial u4m pela Equação (36). 𝑢4𝑚 = 𝜋 𝐷4𝑚 𝑛 (36) 50 4.19. Ângulo do escoamento relativo na entrada das pás, β3m O escoamento absoluto entra no rotor sem giro, ou seja, α3m = α4m = 90º , portanto, cu3m = cu4m = 0. Do triângulo de velocidades na entrada das pás, o ângulo do escoamento relativo na entrada das pás β3m (no caso de número finito de pás) é calculado pela Equação (37). 𝛽3𝑚 = 𝑡𝑔 −1 ( 𝑤𝑚³𝑚 𝑤𝑢³𝑚 ) (37) 4.20. Cálculo do ângulo das pás entrada, β4m Quando o número de pás é infinito (uma idealização que é feita no estudo de qualquer máquina de fluxo), o ângulo do escoamento relativo coincide com o ângulo das pás do rotor em toda a sua extensão. Como o escoamento absoluto entra no rotor sem giro, ou seja, α3m = α4m = 90º, portanto, cu3m = cu4m = 0, o ângulo das pás na entrada, β4m, pode ser facilmente calculado. Como aproximação, a velocidade meridional na entrada será considerada um pouco maior que a velocidade cs (calculada no Item 4.14). Do triângulo de velocidades na entrada das pás, o ângulo do escoamento relativo na entrada das pás (no caso de número infinito de pás de espessura desprezível), que é o mesmo ângulo da pá na entrada β4m, é dado pela Equação (38). 𝛽4𝑚 = 𝑡𝑔 −1 ( 𝑤𝑚4𝑚 𝑤𝑢4𝑚 ) (38) 4.21. Velocidade meridional na saída das pás, cm5m A velocidade meridional na saída das pás, cm5m, pode ser calculada adotando-se o mesmo valor da velocidade meridional na entrada das pás, cm4m, 51 ou adotando-se um fator entre as velocidades meridionais na entrada e saída (fcm) que vai depender principalmente do valor da rotação específica da bomba, nqA. Tal fator (igual ou menor que 1) é dado pela Equação (39), respeitando a Equação da continuidade. 𝑓𝑐𝑚 = 𝑐𝑚5𝑚 𝑐𝑚4𝑚 = 𝑤𝑚5𝑚 𝑤𝑚4𝑚 (39) Da Equação (39), obtém-se a velocidade meridional na saída das pás, de acordo com a Equação (40). 𝑐𝑚5𝑚 = 𝑓𝑐𝑚𝑐𝑚4𝑚 = 𝑓𝑐𝑚𝑤𝑚4𝑚 (40) 4.22. Largura das pás na entrada, b4 e saída, b5 Pela Equação da continuidade, pode-se calcular a largura das pás na entrada e saída do rotor, b4 e b5, respectivamente, de acordo com as equações (41) e (42). 𝑏4 = 𝑄𝑅 𝜋 𝐷4 𝑐𝑚4 𝑓𝑒4 (41) 𝑏5 = 𝑄𝑅 𝜋 𝐷5 𝑐𝑚5 𝑓𝑒5 (42) 4.23. Velocidade circunferencial (tangencial) na saída das pás, u5m O diâmetro D5m = D5 = 200 mm foi calculado no Item 4.11. Então a velocidade circunferencial, u5m pela Equação (43). 𝑢5𝑚 = 𝜋 𝐷5𝑚 𝑛 (43) 52 4.24. Trabalho específico real do rotor, Ypá O trabalho específico real do rotor, Ypá, é calculado pela Equação (44). 𝑌𝑝á = 𝑌 𝜂ℎ (44) 4.25. Trabalho específico ideal do rotor, Ypá∞ O trabalho específico real do rotor, Ypá∞, é calculado pela Equação (45). 𝑌𝑝á∞ = 𝑌𝑝á 𝜀 (45) Onde, será adotado um valor apropriado para o fator de deficiência de potência ε. O valor adotado para ε deve ser verificado posteriormente. 4.26. Velocidade absoluta na direção circunferencial na saída das pás, cu5m O componente da velocidade absoluta na direção circunferencial na saída das pás, cu5, é calculado segundo a Equação (46) que é a Equação de Euler para rotores de máquinas de fluxo geradoras radiais (MFGR). 𝛾𝑝á∞=𝑢5𝑐𝑢5−𝑢4𝑐𝑢4 (46) Como o escoamento absoluto entra no rotor sem giro, o ângulo do escoamento absoluto na entrada do rotor é 90º e, em consequência, o componente da velocidade absoluta na direção circunferencial na entrada das pás, cu4, é igual a zero. Então, neste caso, a Equação (46) torna-se𝛾𝑝á∞=𝑢5𝑐𝑢5 (47) 53 e, consequentemente, 𝑐𝑢5𝑚 = 𝑌𝑝á∞ 𝑢5𝑚 (48) 4.27. Velocidade relativa na direção circunferencial na saída das pás, wu5 Do triângulo de velocidades na saída das pás, o componente da velocidade relativa na direção circunferencial na saída das pás, wu5, é calculado de acordo com a Equação (49). 𝑤𝑢5𝑚 = 𝑢5𝑚 − 𝑐𝑢5𝑚 (49) 4.28. Ângulo das pás na saída do rotor, β5m Quando o número de pás é infinito (uma idealização que é feita no estudo de qualquer máquina de fluxo), o ângulo do escoamento relativo coincide com o ângulo das pás do rotor em toda a sua extensão. Do triângulo de velocidades na saída das pás, o ângulo do escoamento relativo na saída das pás (no caso de número infinito de pás de espessura desprezível), que é o mesmo ângulo da pá na saída, é dado pela Equação (50). 𝛽5𝑚 = 𝑡𝑔 −1 ( 𝑤𝑚5𝑚 𝑤𝑢5𝑚 ) (50) 4.29. Cálculo do número de pás, Npá De forma aproximada, o número de pás é calculado de acordo com a Equação (51). O fator empírico, kpá, para máquinas de fluxo radiais geradoras, tem valores nos limites 5 ≤ kpá ≤ 8. No caso de bombas radiais, geralmente, o valor escolhido está mais próximo de 5 do que de 8. 54 𝑁𝑝á = 𝑘𝑝á ( 𝐷5+𝐷4 𝐷5−𝐷4 ) 𝑠𝑒𝑛 ( 𝛽5+𝛽4 2 ) (51) 4.30. Traçado das pás do rotor Conforme as equações fundamentais das máquinas de fluxo, podemos observar que as condições de entrada e saída do rotor influenciam diretamente na energia que é fornecida pelo rotor ao fluido. Sendo assim, é imprescindível que o traçado das pás seja bem feito para que o rendimento hidráulico e em consequência o rendimento total da máquina não seja afetado. Muitos são os tipos de traçado que buscam uma transição suave entre o ângulo de entrada e o ângulo de saída das pás do rotor. Dentre estes modelos, pode-se destacar o traçado por pontos, o traçado por curva em formato de espiral logarítmica e o traçado por um ou mais arcos de circunferência. Para o presente trabalho, foi utilizado o método de traçado por um ou mais arcos de circunferência. Este tipo de traçado se resume em resolver graficamente o problema de buscar o centro de um arco de circunferência (no caso de apenas um arco de circunferência), que corte as circunferências de entrada e saída D4 e D5 respectivamente sob os ângulos β4 e β5 conhecidos. A seguir, é apresentado um passo a passo para realizar o traçado das pás em formato de arco de círculo figura 17. 1º- Escolher um ponto qualquer (5) sobre a circunferência de maior diâmetro (D5). 2º- Unir por meio de um segmento de reta, os pontos OR (centro do rotor) ao ponto escolhido (5). 3º- Traçar uma reta perpendicular à reta 𝑂𝑅̅̅ ̅̅ 5 que passa pelo ponto 5 ou traçar uma tangente à circunferência de diâmetro D5 no ponto 5, 4º- Marcar com um transferidor com centro em 5, o ângulo β5, a partir do ponto 5, por meio de um segmento de reta, conforme figura 17. 5º- Desenhar um segmento de reta perpendicular a reta desenhada no item 4 (acima) a partir do ponto 5. 55 6º- Para calcular o raio de curvatura da pá em formato de arco de círculo, utilizar a expressão dada na Equação (52). 𝑅𝑝á = 𝐷5 2−𝐷4 2 4(𝐷5 cos𝛽5−𝐷4 cos𝛽4) (52) 7º- Com centro em 5 e raio igual a Rpá, marcar o centro da pá (Opá). 8º- Com centro em Opá e raio Rpá, desenhar o arco de círculo do ponto 5 até a circunferência de diâmetro D4. 9º- Como a pá tem espessura constante, dividir a espessura da pá, e, por 2 e subtrair e somar (e/2) com o raio Rpá, que é o raio médio de curvatura. Rp = Rpá + ( e 2 ) (53) RS = Rpá − ( e 2 ) (54) 10º- No mesmo centro Opá, desenhar os arcos de círculo de Rp e Rs. 11º- Arredondar o bordo de ataque da pá com um semicírculo ou uma semi elipse. 56 Figura 17 - Traçado de uma Pá em Formato de Arco de Círculo Fonte: Desenho dos Autores 57 5. ESTUDO DE CASO O estudo de caso deste trabalho consiste na realização de um ensaio experimental da bomba centrífuga de 1 estágio de eixo horizontal com motor de 25 CV, modelo RL-20, da fabricante THEBE BOMBAS HIDRÁULICAS. Conforme os dados de catálogo é uma bomba que pode ser utilizada em diferentes aplicações como irrigação, combate à incêndios, circulação de fluidos na indústria, torres de resfriamento, sistemas de filtragens, entre outros. Foi realizado o experimento conforme procedimento descrito anteriormente no Capítulo 3. As figuras 18, 19, 20, 21, 22, 23 e 24 ilustram o laboratório, a instalação da bomba na bancada e os instrumentos de medição utilizados durante o ensaio. Figura 18 - Laboratório de Etiquetagem de Bombas – LEB/UNIFEI Fonte: Foto do Autor. 58 Figura 19 - Instalação da Bomba na Bancada de Ensaios Fonte: Foto do Autor. Figura 20 – Bomba Centrífuga Instalada Fonte: Foto do Autor. Figura 21 - Transdutores de Pressão Fonte: Foto do Autor. 59 Figura 22 - Medidores Eletromagnéticos de Vazão Fonte: Foto do Autor. Figura 23 - Analisadores de Grandezas Elétricas Fonte: Foto do Autor. 60 Figura 24 - Software LabView® - Aquisição de dados durante o ensaio Fonte: Foto do Autor. A partir dos dados obtidos em ensaio, foram elaborados o relatório de ensaio (Apêndice A), que foi utilizado para determinação do ponto de máxima eficiência da bomba (tabela 1), e as curvas características da bomba ensaiada, figuras 25, 26 E 27). Tabela 1: Ponto de Maior Eficiência da Bomba RL20 Q [m³/h] H [m] Pe [cv] Pel [kW] ηbomba [%] ηmotor [%] ηconj. [%] T. da água [ºC] 50,57 69,3 22,38 18,131 57,9 90,8 52,6 20,7 Fonte: Dados do Trabalho 61 Figura 25 - Curva H x Q Fonte: Dados do Trabalho. Figura 26 - Curva Pe x Q Fonte: Dados do Trabalho. 62 Figura 27 - Curva NPSH x Q Fonte: Dados do Trabalho. Ainda, conforme o relatório de ensaio (Apêndice A), obteve-se o gráfico de rendimento total da bomba, ηt, pela vazão, Q, medida durante o ensaio. Conforme o gráfico expresso na figura 28. Figura 28: Gráfico Rendimento Total da Bomba X Vazão Fonte: Dados do Trabalho. 63 6. RESULTADOS De acordo com a metodologia descrita no Capítulo 4, e com base nas equações apresentadas, foi possível determinar os ângulos construtivos de entrada e saída da pá do rotor, respectivamente, β4 e β5, sendo, possível realizar o traçado das pás e o desenho do rotor no software de CAD para a prototipagem. A seguir são apresentados os resultados. 6.1. Ponto de Projeto Os dados apresentados na Tabela 2 são referentes ao ponto de projeto. Esses valores foram determinados através de ensaio experimental, conforme foi apresentado no Capitulo 5. Tabela 2 - Ponto de Projeto Determinado em Ensaio DADOS INICIAIS PARA O
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