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1a SÉRIE ENSINO MÉDIO Volume 2 BIOLOGIA Ciências da Natureza V alid ad e: 2014 – 2017 CADERNO DO PROFESSOR MATERIAL DE APOIO AO CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO CADERNO DO PROFESSOR BIOLOGIA ENSINO MÉDIO 1a SÉRIE VOLUME 2 Nova edição 2014-2017 governo do estado de são paulo secretaria da educação São Paulo Governo do Estado de São Paulo Governador Geraldo Alckmin Vice-Governador Guilherme Afif Domingos Secretário da Educação Herman Voorwald Secretária-Adjunta Cleide Bauab Eid Bochixio Chefe de Gabinete Fernando Padula Novaes Subsecretária de Articulação Regional Rosania Morales Morroni Coordenadora da Escola de Formação e Aperfeiçoamento dos Professores – EFAP Silvia Andrade da Cunha Galletta Coordenadora de Gestão da Educação Básica Maria Elizabete da Costa Coordenadora de Gestão de Recursos Humanos Cleide Bauab Eid Bochixio Coordenadora de Informação, Monitoramento e Avaliação Educacional Ione Cristina Ribeiro de Assunção Coordenadora de Infraestrutura e Serviços Escolares Dione Whitehurst Di Pietro Coordenadora de Orçamento e Finanças Claudia Chiaroni Afuso Presidente da Fundação para o Desenvolvimento da Educação – FDE Barjas Negri Senhoras e senhores docentes, A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo sente-se honrada em tê-los como colabo- radores nesta nova edição do Caderno do Professor, realizada a partir dos estudos e análises que permitiram consolidar a articulação do currículo proposto com aquele em ação nas salas de aula de todo o Estado de São Paulo. Para isso, o trabalho realizado em parceria com os PCNP e com os professores da rede de ensino tem sido basal para o aprofundamento analítico e crítico da abor- dagem dos materiais de apoio ao currículo. Essa ação, efetivada por meio do programa Educação — Compromisso de São Paulo, é de fundamental importância para a Pasta, que despende, neste programa, seus maiores esforços ao intensificar ações de avaliação e monitoramento da utilização dos diferentes materiais de apoio à implementação do currículo e ao empregar o Caderno nas ações de formação de professores e gestores da rede de ensino. Além disso, firma seu dever com a busca por uma educação paulista de qualidade ao promover estudos sobre os impactos gerados pelo uso do material do São Paulo Faz Escola nos resultados da rede, por meio do Saresp e do Ideb. Enfim, o Caderno do Professor, criado pelo programa São Paulo Faz Escola, apresenta orien- tações didático-pedagógicas e traz como base o conteúdo do Currículo Oficial do Estado de São Paulo, que pode ser utilizado como complemento à Matriz Curricular. Observem que as atividades ora propostas podem ser complementadas por outras que julgarem pertinentes ou necessárias, dependendo do seu planejamento e da adequação da proposta de ensino deste material à realidade da sua escola e de seus alunos. O Caderno tem a proposição de apoiá-los no planejamento de suas aulas para que explorem em seus alunos as competências e habilidades necessárias que comportam a construção do saber e a apropriação dos conteúdos das disciplinas, além de permitir uma avalia- ção constante, por parte dos docentes, das práticas metodológicas em sala de aula, objetivando a diversificação do ensino e a melhoria da qualidade do fazer pedagógico. Revigoram-se assim os esforços desta Secretaria no sentido de apoiá-los e mobilizá-los em seu trabalho e esperamos que o Caderno, ora apresentado, contribua para valorizar o ofício de ensinar e elevar nossos discentes à categoria de protagonistas de sua história. Contamos com nosso Magistério para a efetiva, contínua e renovada implementação do currículo. Bom trabalho! Herman Voorwald Secretário da Educação do Estado de São Paulo A NoVA edição Os materiais de apoio à implementa- ção do Currículo do Estado de São Paulo são oferecidos a gestores, professores e alunos da rede estadual de ensino desde 2008, quan- do foram originalmente editados os Cadernos do Professor. Desde então, novos materiais foram publicados, entre os quais os Cader- nos do Aluno, elaborados pela primeira vez em 2009. Na nova edição 2014-2017, os Cadernos do Professor e do Aluno foram reestruturados para atender às sugestões e demandas dos professores da rede estadual de ensino paulista, de modo a ampliar as conexões entre as orientações oferecidas aos docentes e o conjunto de atividades propostos aos estudantes. Agora organizados em dois volumes semestrais para cada série/ ano do Ensino Fundamental – Anos Finais e série do Ensino Médio, esses materiais foram revistos de modo a ampliar a autonomia docente no planejamento do trabalho com os conteúdos e habilidades propostos no Currículo Oficial de São Paulo e contribuir ainda mais com as ações em sala de aula, oferecendo novas orientações para o desenvolvimento das Situações de Aprendizagem. Para tanto, as diversas equipes curricula- res da Coordenadoria de Gestão da Educação Básica (CGEB) da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo reorganizaram os Cader- nos do Professor, tendo em vista as seguintes finalidades: incorporar todas as atividades presentes nos Cadernos do Aluno, considerando também os textos e imagens, sempre que possível na mesma ordem; orientar possibilidades de extrapolação dos conteúdos oferecidos nos Cadernos do Aluno, inclusive com sugestão de novas ati- vidades; apresentar as respostas ou expectativas de aprendizagem para cada atividade presente nos Cadernos do Aluno – gabarito que, nas demais edições, esteve disponível somente na internet. Esse processo de compatibilização buscou respeitar as características e especificidades de cada disciplina, a fim de preservar a identidade de cada área do saber e o movimento metodo- lógico proposto. Assim, além de reproduzir as atividades conforme aparecem nos Cadernos do Aluno, algumas disciplinas optaram por des- crever a atividade e apresentar orientações mais detalhadas para sua aplicação, como também in- cluir o ícone ou o nome da seção no Caderno do Professor (uma estratégia editorial para facilitar a identificação da orientação de cada atividade). A incorporação das respostas também res- peitou a natureza de cada disciplina. Por isso, elas podem tanto ser apresentadas diretamente após as atividades reproduzidas nos Cadernos do Professor quanto ao final dos Cadernos, no Gabarito. Quando incluídas junto das ativida- des, elas aparecem destacadas. Além dessas alterações, os Cadernos do Professor e do Aluno também foram anali- sados pelas equipes curriculares da CGEB com o objetivo de atualizar dados, exemplos, situações e imagens em todas as disciplinas, possibilitando que os conteúdos do Currículo continuem a ser abordados de maneira próxi- ma ao cotidiano dos alunos e às necessidades de aprendizagem colocadas pelo mundo con- temporâneo. Seções e ícones Leitura e análise Lição de casa Pesquisa em grupo Pesquisa de campo Aprendendo a aprender Roteiro de experimentação Pesquisa individual Apreciação Você aprendeu? O que penso sobre arte? Ação expressiva ! ? Situated learning Homework Learn to learn Para saber mais Para começo de conversa 6 Sumário orientação sobre os conteúdos do Caderno 7 Tema – Qualidade de vida das populações humanas: a saúde coletiva e ambiental 9 Situação de Aprendizagem 1 – Vulnerabilidade 9 Situação de Aprendizagem 2 – Menina-mãe e menino-pai 19 Situação de Aprendizagem 3 – A Aids também é problema seu 32 Situação de Aprendizagem 4 – Camisinha é prevenção 39 Tema – Qualidade de vida das populações humanas: a saúde individual e coletiva 44 Situação de Aprendizagem 5 – Esperança de vida ao nascer 44 Situação de Aprendizagem 6 – Histórias de vacinação 55 Situação de Aprendizagem 7 – O envelhecimento do Brasil 70 Situação de Aprendizagem 8 – Saúde, uma questão individual e coletiva80 recursos para ampliar a perspectiva do professor e do aluno para a compreensão dos temas 89 Quadro de conteúdos do ensino médio 92 7 Biologia – 1a série – Volume 2 orieNTAção SoBre oS CoNTeÚdoS do CAderNo Caro(a) professor(a), Este Caderno, identificado como material de apoio ao Currículo Oficial, é composto por uma série de Situações de Aprendizagem ela- boradas a partir de competências e habilida- des específicas, que devem ser desenvolvidas ao longo de cada ano do Ensino Médio, e têm como objetivo auxiliá-lo no desenvolvimento de suas aulas de Biologia. As Situações de Aprendizagem apresentam- -se organizadas de acordo com os seguintes temas: Qualidade de vida das populações humanas: a saúde coletiva e ambiental; a saúde individual e coletiva. A proposta apresentada nestas sequências didáticas revela uma meto- dologia que referencia o Currículo Oficial do Estado de São Paulo. Esse documento indica que a educação científica não pode se resumir a informar ou transmitir conhecimento, mas deve: instigar a investigação científica, a participação social, a reflexão e a atuação dos estudantes na resolu- ção de situações-problema contextualizadas. De acordo com o Currículoa: “(...) o objetivo principal da educação é for- mar para a vida. Os conteúdos de Biologia a serem estudados no Ensino Médio devem tratar do mundo do aluno, deste mundo contemporâ- neo, em rápida transformação, em que o avanço da ciência e da tecnologia promove conforto e benefício, mas ao mesmo tempo mudanças na natureza, com desequilíbrios e destruições mui- tas vezes irreversíveis. É esse mundo real e atual que deve ser compreendido na escola, por meio do conhecimento científico; e é nele que o aluno deve participar e atuar.” Estes Cadernos possibilitam, também, o uso de outros recursos didáticos, tais como: visita a museus, pesquisa em ambientes virtuais de aprendizagem, consulta a periódicos, entre outros, e que dependem do professor para sua seleção e uso adequado. Espera-se, portanto, que o ensino e a aprendizagem enfoquem o conhecimento científico, a integração com o contexto social e ambiental e, ao mesmo tempo, estejam envolvidos com as tecnologias da atualidade. a SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo do Estado de São Paulo: Ciências da Natureza e suas tecnologias. Coordenação geral Maria Inês Fini et alii. 1 ed. atual. São Paulo: SE, 2012. p. 33. 8 Os Cadernos oferecem ainda um espaço inti- tulado “O que eu aprendi...”, no qual o aluno terá a oportunidade de registrar o que foi trabalhado e que servirá tanto para ajudá-lo a organizar o conhecimento adquirido quanto para gerir auto- nomamente as suas competências e habilidades. Assim, a proposta apresentada entende a ava- liação da aprendizagem como uma ação contínua e que deve ser considerada em todo o desenvolvi- mento das atividades. Por fim, ressaltamos que a sua percepção da realidade, enquanto professor, é fundamental para transpor as sequências didáticas contidas neste material, que podem e devem ser reade- quadas à real necessidade de cada sala de aula, considerando o ritmo de aprendizagem de cada aluno e suas necessidades, bem como a fluência com a qual os conteúdos serão desenvolvidos. É por esse motivo que consideramos que sua ação, professor, é insubstituível e imprescindí- vel para a efetiva realização do processo de ensino e aprendizagem. Bom trabalho, professor! 9 Biologia – 1a série – Volume 2 Devemos entender a adolescência como uma etapa crucial do processo de desenvol- vimento da pessoa. É quando ocorrem pro- fundas transformações físicas e psicológicas, com forte influência sociocultural. Durante essa etapa, os jovens passam por situações de vulnerabilidade e de risco que podem e devem ser discutidas na escola, que é um espaço privilegiado, onde as transforma- ções pelas quais os jovens passam se expressam de múltiplas formas. A escola pode se tornar um local de coordenação, de regulação e, simultaneamente, de inovação e de mudança. Para os alunos, a escola é mais do que a insti- tuição onde se aprende a ler e escrever. Nela, o estudante pode, efetivamente, experimentar diferentes formas de se relacionar com o outro, estabelecer contratos e pactos, vivenciar papéis e construir sua identidade. TemA – QuALidAde de VidA dAS PoPuLAçÕeS HumANAS: A SAÚde CoLeTiVA e AmBieNTAL Dessa forma, a escola e seus agentes pre- cisam estar em sintonia com as temáticas atuais, de interesse e que afetam a vida dos estudantes, proporcionando situações de aprendizagem mais significativas para eles e a comunidade na qual estão inseridos. Consideramos, portanto, que cabe ao professor e à escola incorporarem em sua prática questões relativas à vulnerabilidade e situações de risco dos adolescentes. Por isso, as Situações de Aprendizagem a seguir buscam tratar dessas duas dimensões. Se, por um lado, os alunos de uma determi- nada turma compartilham situações de risco semelhantes, por outro, há diferenças tanto em relação a aspectos familiares quanto em relação à história de vida de cada aluno que estabelecem níveis diferen- ciados de vulnerabilidade. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 1 VULNERABILIDADE Há vários tipos de doenças. Nem todas as doenças representam a mesma ameaça à saúde ou à vida. Além disso, cada doença pode ser prevenida de uma forma diferente. Algumas sequer podem ser prevenidas, mas, se diagnos- ticadas precocemente, aumentam as chances de cura, como é o caso dos cânceres. Esta Situação de Aprendizagem pretende familiarizar os alu- nos com algumas enfermidades e os riscos a elas associados, mediante a análise de dados organi- zados em tabelas. Pretende-se que os alunos possam analisar as tabelas e aprender como extrair informações delas. Para isso, uma tabela complexa, que traz número de mortes causadas por tipo de doença 10 Conteúdos e temas: saúde: tipos de doença e mortalidade de acordo com faixa etária. Competências e habilidades: familiarizar-se com uma classificação de doenças; buscar e interpretar informações em tabelas; converter tabelas em gráficos; relacionar informações sobre indicadores de saúde apresentadas em gráficos e tabelas; reconhecer os riscos diferenciados que uma mesma causa de morte apresenta para diferentes faixas etárias, a partir de estatísticas de saúde; identificar as causas mais frequentes de mortalidade entre jovens, discutindo estratégias para reduzir o risco de óbito; visualizar proporções e calcular porcentagens em relação ao todo; identificar tendências em séries de dados; reconhecer os riscos diferenciados que uma mesma causa de morte apresenta para diferentes faixas etárias; reconhecer a principal causa de morte entre pessoas de sua idade. Sugestão de estratégias: leitura de tabelas; construção de gráficos; discussões em grupo; reso- lução de questões. Sugestão de recursos: Caderno do Aluno. Sugestão de avaliação: propostas de questões para aplicação durante a atividade; aplicação dos conhecimentos produzidos em uma situação nova. roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem etapa 1 – Apurando o olhar sobre a tabela A tabela (Quadro 1) a seguir apre- senta o número de mortes ocorridas em 2004 no Brasil, segundo o Minis- tério da Saúde. Os dados estão organizados de acordo com a causa e a faixa etária. e por faixa etária, será estudada a fundo. Algu- mas informações nela contidas serão converti- das em porcentagens e em gráficos, estimulando os alunos a organizar os mesmos dados de diferentes maneiras, de modo a apurar o olhar. Os alunos terão a oportunidade de estudar a tabela e analisá-la do ponto de vista estatís- tico. Por exemplo, ao considerar que 80% das mortes de jovens entre 10 e 19 anos de idade foram ocasionadas por “causas externas” (aci- dentes, assassinatos etc.), os estudantes pode- rão identificar quais são os maioresriscos que cercam uma pessoa dessa faixa etária. Em contraste, poderão também verificar os riscos de um idoso com mais de 65 anos mor- rer em um acidente. Ou analisar, ainda, pos- síveis diferenças entre homens e mulheres. O propósito é levar os alunos a refletir sobre os principais perigos aos quais sua vida está exposta. Esse esclarecimento, sem dúvida, é o primeiro passo para a prevenção. Ao final desta Situação de Aprendiza- gem, espera-se que os alunos tenham desen- volvido as habilidades destacadas no quadro a seguir: 11 Biologia – 1a série – Volume 2 mortalidade por grupos de causas e faixa etária Faixa etária doenças infecciosas e parasitárias Neoplasias doenças do sistema cardiovascular doenças do sistema respiratório doenças originadas no período perinatal Causas externas outras causas Total Menor de 1 ano 3 765 153 447 3 365 30 900 1 122 10 701 50 453 1 a 4 anos 1 392 668 236 1 662 49 1 853 2 329 8 189 5 a 9 anos 405 670 183 398 10 1 835 1 045 4 546 10 a 19 anos 791 1 593 1 013 949 15 16 382 2 810 23 553 20 a 29 anos 2 973 2 458 2 487 1 690 19 36 222 4 974 50 823 30 a 39 anos 6 200 5 388 7 033 2 822 9 23 501 9 511 54 464 40 a 49 anos 6 847 14 550 20 664 4 913 4 17 171 16 537 80 686 50 a 59 anos 5 865 25 372 37 754 8 023 3 10 604 21 607 109 228 60 a 69 anos 5 713 33 440 57 158 15 473 2 6 725 26 768 145 279 70 a 79 anos 6 130 34 572 77 230 26 149 0 5 255 32 831 182 167 Mais de 80 anos 5 866 21 866 80 941 36 462 0 4 810 34 618 184 563 Total 45 947 140 730 285 146 101 906 31 011 125 480 163 731 893 951 Quadro 1 – Número de óbitos conforme a faixa etária e o tipo de doença no Brasil. Dados de 2004. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Quadro produzido a partir do programa do DataSus. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2007/c04.def>. Acesso em: 21 fev. 2014. 12 Peça aos alunos que realizem a atividade a seguir: 1. Leia a tabela anterior, do início ao fim, sublinhando as palavras que você não conhece. Depois, procure o significado des- sas palavras no dicionário e preencha os espaços da segunda linha da tabela com palavras mais simples. É importante que você escolha palavras fáceis, que possam substituir os títulos de cada coluna. Sugestões: a terceira coluna, que tem o título “neoplasias”, poderia ser intitulada “cânceres”. Outras possibilidades de substituições: “originadas no período perinatal" por “próxi- mas ao parto”; “do sistema cardiovascular” por “de circula- ção”; do “sistema respiratório” por “de respiração”; “causas doenças infecciosas e parasitárias – causadas por organismos como vírus, bactérias, protozoários ou vermes que penetram em nosso corpo. Ex.: dengue, sarampo, cólera, esquistossomose e amarelão. Neoplasias malignas – tumores malignos. Ex.: câncer de pele e leucemia. doenças do sistema cardiovascular – relacionadas ao coração ou aos vasos sanguíneos. Ex.: infarto, acidente vascular cerebral (AVC), hipertensão e aterosclerose. doenças do sistema respiratório – relacionadas aos pulmões ou aos dutos que levam ar até eles. Ex.: pneumonia, bronquite, enfisema pulmonar, gripe e asma. doenças originadas no período perinatal – que ocorrem antes ou imediatamente depois do nascimento. Ex.: problemas decorrentes de complicações na gravidez ou do parto e hemorragias do recém-nascido. Causas externas – provocadas por problemas exteriores ao corpo e não por mau funcionamento dele. Ex.: acidentes, assassinatos e suicídios. outras causas – mortes que não puderam ser classificadas nas outras categorias. externas” por “acidentes e assassinatos”. Além da causa da morte, informações sobre a pessoa que morreu (sexo, idade) também são fornecidas, sempre que possível. Informe que nem todas as mortes são devidamente registradas, pois algumas ocorrem em localidades distantes das cidades, em comunidades que não dispõem de acesso a serviços de saúde ou a cartórios de registro civil. Além disso, pode acontecer de o atestado de óbito não informar corre- tamente a causa da morte. A seguir, peça que busquem no livro didá- tico, ou em outras fontes, exemplos de doenças de cada uma das categorias (colunas) da tabela. Caso os alunos não as encontrem em suas fon- tes de pesquisa, auxilie-os com as seguintes informações: A seguir, proponha outras questões aos alunos: 2. Em qual faixa etária há maior número de mortes no total? Na faixa etária acima dos 80 anos (184 563 mortes). 3. Quais são as duas principais causas de morte no conjunto da população? Doenças do sistema cardiovascular (285 146) e outras causas (163 731). O aluno também poderia argumentar que a segunda maior causa conhecida de mortes foram as neoplasias (140 730), já que não há informações precisas no item "outras causas". 13 Biologia – 1a série – Volume 2 4. Quantos jovens entre 10 e 19 anos morre- ram em 2004? Em 2004, morreram 23 553 jovens. 5. Qual é a principal causa de morte na faixa de 10 a 19 anos? Você imagina por quê? Discuta com os colegas e com seu profes- sor e registre suas conclusões. Causas externas, com 16 382 mortes (acidentes, assassinatos, suicídios etc.). Provavelmente, mortes com essas causas são comuns entre 10 e 19 anos porque os jovens se deslocam para trabalhar e estudar (estando mais sujeitos a acidentes) e tendem a se envolver em conflitos que resultam em morte. 6. Qual é a principal causa de morte na faixa de 40 a 49 anos? Comente. Doenças do sistema cardiovascular (20 664 mortes). Prova- velmente, pessoas acima de 40 anos estão mais sujeitas a esse tipo de morte porque há um desgaste do sistema cardiovas- cular com a idade (perda de elasticidade dos vasos sanguí- neos, problemas no coração etc.). 7. E qual é a principal causa de morte de pes- soas com mais de 70 anos? Comente. Doenças do sistema cardiovascular, com 77 230 casos. Pro- vavelmente, o desgaste do sistema cardiovascular se acentua com a idade. 8. Quantas pessoas morreram devido a “cau- sas externas” em 2004? Em 2004, morreram de "causas externas" 125 480 pessoas. etapa 2 – Cálculo de porcentagem Números grandes podem dificultar a visua- lização das informações. Uma técnica bastante útil que facilita a comparação – nesse caso, entre grupos de causas e faixa etária – é trans- formar esses números em porcentagens. Nesta etapa, os alunos devem calcular as porcentagens de mortes decorrentes de cada causa por faixa etária. Se tiverem dúvidas, expli- que que calcular porcentagem nada mais é que transformar os dados, utilizando uma escala que vai de 0 a 100. Exemplifique pela primeira linha da tabela (Quadro 1). Nesse caso, o número total de mortes de crianças menores de 1 ano, 50 453, será o valor 100 (100%). Para saber que parte desses 100% refere-se a mortes por doenças infecciosas e parasitárias, basta fazer o cálculo: Total de mortes até 1 ano de idade × 100% = 7,46% = Número de mortes por doenças infecciosas 3 765 50 453 × 100 Esse valor indica que a cada cem mortes de crianças menores de 1 ano, 7,5 desse total refe- rem-se a doenças infecciosas ou parasitárias. Depois da exemplificação, os estudantes vão calcular os valores de porcentagem (até a segunda casa decimal), construindo uma nova tabela. Faça na lousa as mesmas colu- nas e linhas da tabela sem seu conteúdo. Divida os alunos em grupos conforme as fileiras da sala: a primeira deverá calcular as porcentagens da primeira coluna da tabela e assim por diante. Desse modo, os alunos terão ao menos uma porcentagem para calcular individualmente. Concluído o cálculo, devem anotar o resultado na 14 lousa com atenção para inserir o valor no local correto da tabela. Confira os resulta- dos. Caso estejam errados, o cálculo deverá ser refeito. Em seguida, os alunos devem Título a ser criado pelos alunos Faixa etária doenças infecciosas e parasitá-rias Neoplasias doenças do sistema cardiovas- cular doenças do sistema respirató- rio doenças originadas no período perinatal Causas externas outras causas Total Menor de 1 ano 7,46 0,30 0,89 6,67 61,25 2,22 21,21 100% 1 a 4 anos 17,00 8,16 2,88 20,30 0,60 22,63 28,44 100% 5 a 9 anos 8,91 14,74 4,03 8,75 0,22 40,37 22,99 100% 10 a 19 anos 3,36 6,76 4,30 4,03 0,06 69,55 11,93 100% 20 a 29 anos 5,85 4,84 4,89 3,33 0,04 71,27 9,79 100% 30 a 39 anos 11,38 9,89 12,91 5,18 0,02 43,15 17,46 100% 40 a 49 anos 8,49 18,03 25,61 6,09 0,00 21,28 20,50 100% 50 a 59 anos 5,37 23,23 34,56 7,35 0,00 9,71 19,78 100% 60 a 69 anos 3,93 23,02 39,34 10,65 0,00 4,63 18,43 100% 70 a 79 anos 3,37 18,98 42,40 14,35 0,00 2,88 18,02 100% Mais de 80 anos 3,18 11,85 43,86 19,76 0,00 2,61 18,76 100% Quadro 2 – Porcentagem de óbitos conforme faixa etária e tipo de doença no Brasil, em 2004, calculada a partir dos dados do Quadro 1. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Quadro produzido a partir do pro- grama do DataSus. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2007/c04.def>. Acesso em: 21 fev. 2014. completar a nova tabela de porcentagens no Caderno do Aluno. O resultado final deverá ser semelhante ao da tabela (Quadro 2) a seguir. 15 Biologia – 1a série – Volume 2 Proponha as seguintes questões aos alunos: 1. Sublinhe, na tabela, o maior valor obtido para cada faixa etária. Esses valores cor- respondem à principal causa de morte para cada faixa etária. A principal causa da morte para cada faixa etária está subli- nhada na tabela anterior (Quadro 2). 2. Qual a maior causa de morte entre pessoas de 60 a 69 anos? Doenças do sistema cardiovascular. 3. Qual a menor causa de morte entre jovens de 10 a 19 anos? Doenças originadas no período perinatal. 4. Em que faixa etária há a maior proporção de morte provocada por tumores? A faixa etária que vai de 50 a 59 anos. 5. Que faixa etária mais sofre com doenças como o sarampo, a dengue e a cólera? A de 1 a 4 anos, em que a mortalidade provocada por doen- ças infecciosas é maior. 6. Crie um título para essa tabela. Resposta pessoal, mas que represente adequadamente os dados que a tabela informa. O nome dado pelo Ministério da Saúde para essa tabela é “Mortalidade proporcional por grupos de causas e faixa etária”. etapa 3 – Vulnerabilidade por faixa etária Retome com os estudantes o significado da tabela de porcentagens. O valor de 8,16% obtido para a faixa etária de 1 a 4 anos em relação às neoplasias significa que, a cada cem mortes de crianças entre 1 e 4 anos, 8,16 referem-se a neo- plasias. Assim, essa tabela pode ser usada para estudar os maiores riscos à vida em cada faixa etária. Questione os alunos: É possível saber quais os maiores riscos que cada faixa de idade corre? Em outras palavras, é possível saber quais as maiores vulnerabilidades de cada faixa etária? Com esses questionamentos em foco, observe se os alunos compreendem a relação entre os dados da tabela (Quadro 2) e os riscos de morte para cada faixa etária. As questões a seguir devem ser respondidas individualmente e certa- mente contribuirão para a discussão. 1. Suponha que você seja chamado a fazer uma “adivinhação” sobre uma pessoa que não conheceu. Essa pessoa tinha 82 anos quando morreu, em 2004. Com base na tabela que você preencheu com as porcenta- gens, qual seria o seu “chute” sobre a causa da morte dessa pessoa? Justifique. As doenças do sistema cardiovascular são a maior causa de morte nessa idade. Portanto, há grandes chances de que uma pessoa nessa idade tenha morte com essa causa. 2. Um médico afirmou que, após os 5 anos de idade, o risco de morrer de doenças originadas no período perinatal é muito baixo. Você concorda com essa afirmação? Justifique. Sim, pois o número de mortes por essa causa após os 5 anos de idade é proporcionalmente muito baixo. 3. O período da vida em que uma pessoa mais toma vacinas para se prevenir con- 16 tra doenças infecciosas é antes dos 5 anos de idade. Você acha que essa prevenção é necessária? Justifique. Sim, pois é nessa faixa etária que as mortes por doenças infecciosas são mais frequentes. 4. Durante o inverno, o governo faz cam- panhas contra a gripe, pedindo às pes- soas com mais de 60 anos que compa- reçam ao posto de saúde para tomar a vacina. Um médico afirmou, em entre- vista a um jornal, que esse é um gasto desnecessário. Você concorda com esse médico? Justifique sua resposta com os dados da tabela (Quadro 2) sobre doen- ças ligadas ao sistema respiratório. Não, pois existe um grande número de mortes relacio- nadas a problemas respiratórios, como a gripe, a partir dessa idade. Etapa 4 – A vulnerabilidade nos gráficos Agora os alunos vão construir um gráfico de colunas tomando por base a tabela com as porcentagens que calcularam. Eles devem mostrar, no gráfico, a variação da porcenta- gem de mortes conforme a faixa etária para alguns dos tipos de causas apresentados. Alguns alunos devem fazer o gráfico para doenças do sistema cardiovascular e outros para causas externas. O resultado deverá ser parecido com os gráficos 1 e 2, a seguir: Figura 2 – Exemplo de gráfico a ser construído a partir dos dados do Quadro 2. Porcentagem de morte por doenças do sistema cardiovascular por faixa etária (Brasil, 2004) M en or d e 1 an o 1 a 4 a no s 5 a 9 an os 10 a 1 9 an os 20 a 2 9 an os 30 a 3 9 an os 40 a 4 9 an os 50 a 5 9 an os 60 a 6 9 an os 70 a 7 9 an os 80 a no s e m ai s0.0 20% 40% 60% Figura 1 – Exemplo de gráfico a ser construído a partir dos dados do Quadro 2. 17 Biologia – 1a série – Volume 2 Concluída a tarefa, peça à turma que se organize em duplas, formadas por um aluno de cada grupo, para responder às seguintes questões: 1. A morte causada por doenças do sistema cardiovascular é mais comum entre pes- soas mais novas ou mais velhas? Por que você acha que isso acontece? Mais velhas, pois, conforme a idade aumenta, o sistema cardiovascular se desgasta. Aparecem problemas nos vasos sanguíneos (entupimentos causados por gordura, perda de elasticidade), na pressão arterial (hipertensão) e na eficiên- cia do coração em bombear o sangue. (A segunda questão ainda não foi trabalhada com os alunos, é apenas uma pro- vocação para que pensem no assunto.) 2. Observando a tabela, qual causa de morte apresenta um padrão oposto ao das doen- ças do sistema cardiovascular em relação à faixa etária? Em outras palavras, que causa de morte é mais comum entre pessoas mais jovens? Por que você acha que essa causa tem esse padrão? As mortes causadas por doenças adquiridas no período perinatal. Isso porque essas doenças geralmente causam mortes em crianças muito novas, até 1 ano, e pessoas que ultrapassam essa faixa etária morrem por outros motivos. 3. Elabore uma hipótese para explicar por que os jovens entre 10 e 29 anos são mais vulneráveis à morte por causas externas. Jovens dessa idade costumam se deslocar com mais frequên- cia, seja por trabalho, seja por lazer, estando sujeitos a maio- res riscos de acidentes de transporte. Além disso, pessoas dessas faixas etárias (10 a 19 e 20 a 29 anos) se expõem mais a situações de violência em que há risco de morte. 4. Elabore uma hipótese para explicar por que os idosos (mais de 60 anos) são pouco afeta- dos por mortes em razão de causas externas. Pessoas com mais de 60 anos tendem a deslocar-se e a expor-se menos a situações de violência. Além disso, muitas pessoas dessa idade já se aposentaram e não correm riscos de acidentes no trabalho. 5. Um médico afirmou que todas as pessoas, depois dos 40 anos, deveriam fazer exames anuais de sangue e do coração. Você acha que essa afirmação faz sentido? Justifiqueusando os dados da tabela sobre doenças ligadas ao sistema cardiovascular. Essa é uma recomendação procedente, pois o número de pessoas que morrem devido a problemas circulatórios aumenta progressivamente depois dos 40 anos. Peça aos alunos que leiam o texto e a tabela a seguir. Observe que os valores em destaque na sua tabela (Quadro 3) não estão no Caderno do Aluno, pois serão preenchidos mais tarde por eles. De acordo com os Indicadores e Dados Bási- cos para a Saúde (IDB) de 2007, divulgados pelo Ministério da Saúde, as principais causas que levaram mulheres de 10 a 19 anos à morte por doença no Brasil em 2005 foram: câncer (12,26%), doenças do sistema respiratório (6,99%), doenças do sistema cardiovascular (7,13%) e doenças infec- ciosas e parasitárias (5,97%). Entre as doenças que mais mataram as mulheres, destacaram-se os cânceres de intestino, de mama e de colo do útero. Com base nos dados, os alunos devem res- ponder às seguintes questões: 18 1. Complete a tabela com os dados do texto. Valores apresentados em destaque na tabela a seguir (Quadro 3). Sexo doenças infecciosas e parasitárias Neoplasias doenças do sistema cardiovascular doenças do sistema respiratório doenças originadas no período perinatal Causas externas outras causas masculino 2,60 5,16 3,07 3,02 0,06 78,64 7,45 Feminino 5,97 12,26 7,13 6,99 0,05 43,51 24,09 Quadro 3 – Porcentagem de óbitos entre jovens de 10 a 19 anos, conforme o sexo e o tipo de doença no Brasil. Dados de 2005. Fonte: BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Quadro produzido a partir do pro- grama do DataSus. Disponível em: <http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?idb2007/c04.def>. Acesso em: 21 fev. 2014. 2. Que causa de morte é mais comum entre as mulheres de 10 a 19 anos? As mortes por causas externas. 3. Que causa de morte é mais comum entre os homens de 10 a 19 anos? As mortes por causas externas. 4. Construa um gráfico de colunas relacio- nando cada sexo (eixo horizontal) com a porcentagem de mortes em razão de causas externas (eixo vertical). Figura 3 – Exemplo de gráfico a ser construído a partir dos dados do Quadro 3. 0 20% 40% 60% 80% 100% Masculino Feminino Porcentagem de mortes devido a causas externas (por sexo) 5. Elabore uma hipótese para explicar a dife- rença percebida no gráfico. Os homens dessa idade possivelmente deslocam-se por distâncias mais longas para trabalhar, expondo-se a maior risco de acidentes de transporte. Provavelmente, realizam trabalhos mais pesados, em que a possibilidade de acidentes é maior. Além disso, envolvem-se mais frequentemente em brigas e situações violentas, em que há risco de morte. 6. Considere os seguintes dados de 2004, obtidos pelo Ministério da Saúde, para jovens entre 10 e 19 anos: 2 979 homens morreram em acidentes de transporte, contra 1 050 mulheres, e 7 567 homens morreram assassinados, contra 662 mulheres. Com base nessas informações, reescreva sua resposta para a questão 5. Espera-se que os alunos reescrevam a resposta enfatizando mais a questão dos acidentes de transporte e o envolvimento em brigas com morte. 7. Um médico afirmou que os homens são mais vulneráveis a doenças do sistema car- diovascular que as mulheres. Isso é válido 19 Biologia – 1a série – Volume 2 para a faixa etária entre 10 e 19 anos? Jus- tifique usando dados da tabela. A afirmação feita por esse médico não é válida para a faixa etária de 10 a 19 anos. Segundo a tabela, as mulheres dessa idade são proporcionalmente mais vulneráveis (7,13%) que os homens (3,07%) a doenças ligadas ao sistema cardiovascular. Escreva uma carta para uma pes- soa de sua convivência. Na carta, você dará conselhos para que essa pessoa não se exponha aos fatores de maior risco para sua faixa de idade. Primeiro, pergunte a idade da pessoa ou, pelo menos, a faixa etária em que ela está. Depois, consulte a tabela de porcentagens que ajudou a construir e descubra qual é a causa SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 2 MENINA-MÃE E MENINO-PAI Quando se analisa a população de uma cidade ou de um país, é fácil perceber que ter poucos filhos está associado à riqueza. Em quase todos os países, inclusive no nosso, o número de filhos por mulher está diminuindo. No Brasil, entretanto, há uma exceção cho- cante: o único grupo de mulheres que hoje tem mais filhos que no passado são as mulheres de 10 a 19 anos de idade. Sob vários aspectos, essa é uma questão complicada. Sabemos, por exemplo, que jovens mulheres e seus compa- nheiros nem sempre têm condições de criar adequadamente seus filhos. Esses pais, em geral, têm salários menores que jovens da mesma idade sem filhos e frequentemente dei- de morte à qual a faixa etária dessa pessoa está mais vulnerável. Em seguida, redija a carta com os seus con- selhos. O que você diria para uma pessoa idosa, que está em idade mais vulnerável a problemas de circulação? Considerando as estatísticas, o que você diria para um jovem sobre o maior risco que ele corre de morrer em decorrência de aciden- tes e assassinatos? O texto produzido pelos alunos deverá ser avaliado quanto à forma (ortografia, concordância, coerência), mas também em relação às informações corretas sobre a vulnerabilidade do destinatário da carta, que varia conforme a faixa etária da pessoa escolhida. xam os estudos. Além disso, a gravidez na adolescência é muito mais arriscada que em mulheres mais velhas. Surpreendentemente, quase todos os jovens pais sabiam como evitar a gravidez. Não se trata, portanto, de falta de informação. O que vemos nessa situação é o resultado de vários fatores: da crença de que “não vai acontecer comigo”, do apelo sexual apresentado pela mídia, da falta de um relacionamento de con- fiança com os pais e com a escola, bem como de certos aspectos culturais de nossa socie- dade. Sem contar que os adolescentes têm uma curiosidade incrível sobre o assunto. 20 A gravidez na adolescência é um assunto polêmico, recheado de preconceitos e de ideias equivocadas (como atribuir toda a culpa à mulher e toda a virilidade ao homem); essas ideias devem ser questionadas. É possível, ainda, que haja casos de jovens pais nas salas. Em vez de encará-la como uma situa ção cons- trangedora, explore-a como uma boa oportu- nidade para esclarecimentos, troca de experiências e compreensão. Diálogo é a pala- vra-chave para esse trabalho. Acima de tudo, esta proposta busca tornar a escola um espaço onde os adolescentes possam encontrar infor- mações confiáveis e expor suas ideias, seus medos e incertezas, tão típicos da idade. As atividades a seguir buscam uma pri- meira aproximação com o tema, apresen- tando-o sob um ponto de vista científico. Elas pretendem estimular os alunos a levantar ideias e a estudá-las mais a fundo, confron- tando-as com outros dados. Procuram tam- bém mostrar que nem todas as fontes de informação têm a mesma credibilidade e são importantes para que os estudantes aprendam a filtrar as informações que chegam a eles. Ao final desta Situação de Aprendiza- gem, espera-se que os alunos tenham desen- volvido as habilidades destacadas no quadro a seguir: Conteúdos e temas: saúde – gravidez na adolescência. Competências e habilidades: reconhecer a gravidez na adolescência como um risco à saúde, a partir de estatísticas de saúde; reconhecer o impacto de uma gravidez na adolescência nos projetos pessoais e profissionais dos envolvidos; reconhecer práticas sexuais que envolvem riscos de gravidez; identificar diferentes métodos contraceptivos e avaliar sua eficácia e acessi- bilidade; reconhecer a gravidez na adolescência como um risco à saúde individual e como um problema de saúde pública; reconhecer a escola como espaço aberto de discussão; elaborar, apresentar e discutir hipóteses sobre a alta prevalência de gravidez entre adolescentes;selecio- nar fatos de acordo com a fonte de informação. Sugestão de estratégias: leitura de textos e gráficos; análise da proveniência das informações; levantamento e teste de hipóteses sobre gravidez na adolescência; discussões em grupo. Sugestão de recursos: textos e gráficos do Caderno do Aluno; Projeto Vale Sonhar (kit educa- cional sobre gravidez na adolescência distribuído às escolas da SEE-SP). Sugestão de avaliação: observação da participação durante as discussões; questões aplicadas durante a atividade; texto elaborado ao fim da atividade. 21 Biologia – 1a série – Volume 2 roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem etapa 1 – o despertar para um sonho Para chamar a atenção dos estudantes para o tema da gravidez na adolescência, utilize o Projeto Vale Sonhar, um kit educacional dis- tribuído às escolas de Ensino Médio da Secre- taria de Educação do Estado de São Paulo. Composto por três oficinas e elaborado pelo Instituto Kaplan, esse kit já vem sendo usado com sucesso por várias escolas. Você pode começar com a oficina chamada “O despertar para um sonho”. Recomenda-se a consulta ao Livro do Professor, que acompa- nha o kit e traz uma discussão aprofundada sobre o assunto. A adolescente grávida não é, a princípio, uma pessoa doente. Contudo, para seu conhecimento, seguem alguns fatos que explicam por que a gra- videz na adolescência é um problema de saúde pública, prejudicial ao desenvolvimento dos jovens, e por que o tema deve ser abordado nas escolas. Informações adicionais podem ser aces- sadas nos seguintes sites: <http://drauziovarella. com.br/mulher-2/gravidez-na-adolescencia -2/> e <http://portal.saude.gov.br/saude/visualizar_ texto.cfm?idtxt=259> (acessos em: 22 abr. 2014). A jovem que engravida sem a proteção de sua família ou da sociedade tem grande probabi- lidade de abandonar a escola. No caso dos rapazes, sair da escola para assumir as respon- sabilidades paternas também é bastante comum. Sem escolaridade, acabam ocupando cargos de salário menor e passando por dificuldades financeiras para criar o bebê. Do ponto de vista físico-biológico, a gravidez na adolescência é de alto risco. A incidência de hipertensão, doença frequente na gravidez, é cinco vezes maior entre as adolescentes. Essas meninas também são propensas à anemia e muitas já podiam estar anêmicas quando engravidaram. Isso aumenta a necessidade de cesáreas, o risco de partos prematuros e de bebês abaixo do peso normal. A grávida jovem demora a admitir a gravidez, chegando mais tarde para o acompanhamento pré-natal. Dessa forma, os problemas descritos anteriormente se tornam mais graves. Uma gravidez pode atropelar o desenvolvi- mento normal das meninas, que são obrigadas a deixar rapidamente a condição de filhas para se tornarem mães. Não sabendo exatamente quem são, se adolescentes ou mães, adotam um comportamento infantilizado, que acaba atrapalhando seu caminho para a profissio- nalização. Posteriormente, essas jovens podem voltar a estudar ou a trabalhar, mas, em geral, ocupam posições piores do que as mulheres que não tiveram filhos na mesma idade. A primeira oficina convida os estudantes a uma “viagem ao futuro”, pedindo que imaginem a progressão de suas vidas, em um perío do de dez anos a contar de hoje. Entretanto, nem todos os alunos viajarão em condições iguais: alguns(mas) alunos(as) estarão grávidos(as) e imaginarão a progressão de sua vida a partir desse fato, refle- tindo sobre como certos aspectos específicos de sua vida serão modificados com o tempo. 22 Inicie a atividade com a seguinte pergunta: 1. Qual é seu sonho de vida profissional? Peça aos alunos que imaginem como serão suas vidas daqui a 2, 4, 6, 8 e 10 anos, de acordo com as orientações da oficina. Conti- nue a atividade com as questões: 2. Você viajou grávido(a)? A resposta dependerá do sorteio. 3. Você realizou seu sonho? 4. O que você fez para realizar seu sonho? 5. O que facilitou ou dificultou a realização do seu sonho? Respostas pessoais, mas se espera que o aluno reflita sobre as consequências de uma gravidez na adolescência. Solicite aos alunos que compartilhem suas respostas e continue a atividade com as ques- tões a seguir: 6. Pensando nas falas dos seus colegas e no que você sentiu, faça uma lista das vanta- gens e das desvantagens de uma gravidez na adolescência. A resposta dependerá das discussões e da experiência pessoal de cada aluno. Seria interessante que, pelo menos, alguns dos itens a seguir fossem mencionados: os riscos de complicações na gravi- dez são maiores na adolescência; ser pai ou mãe precocemente pode atrapalhar o desenvolvimento psicológico dos adolescen- tes; a possibilidade de abandonar os estudos por conta do bebê; o abandono dos estudos pode levar a um emprego pior no futuro; maiores dificuldades para criar um filho. É possível que haja casos de jovens pais na sala. Em vez de encará- -la como uma situação constrangedora, explore-a como uma boa oportunidade para esclarecimentos, para trocas de experiências e compreensão. Antes de tratar do assunto, converse com os jovens pais avisando-os do tema das aulas e perguntando se ficariam à vontade para contar sua experiência. Se sim, explore essa grande oportunidade para esclarecimentos, para a quebra de precon- ceitos, para trocas de experiências e compreensão. A gravidez na adolescência é um assunto polêmico, recheado de preconceitos e de ideias equivocadas (como atribuir toda a culpa à mulher e toda a virilidade ao homem), e essas ideias devem ser questiona- das. É importante que todos se manifestem e sejam ouvidos res- peitosamente; diálogo é a palavra-chave para esse trabalho. Acima de tudo, essa proposta busca tornar a escola um espaço onde os adolescentes possam encontrar informações confiáveis e expor suas ideias, seus medos e incertezas típicas da idade. 7. Escreva uma mensagem aconselhando um(a) amigo(a) a evitar a gravidez na adolescência, explicando por que ela pode ser desfavorável. Resposta pessoal, mas se espera que os argumentos enumera- dos na resposta anterior sejam incorporados nessa mensagem. Imaginando as possibilidades profissionais na presença e na ausência de um filho, espera- -se que os alunos percebam que os estudos e o trabalho serão afetados com a presença de filhos, dificultando, portanto, a progressão profissional e a realização de seus “sonhos”. Você pode enriquecer a discussão explicando que são eles justamente o “grupo de risco” da gravidez na adolescência. Ao final da oficina, peça à turma que produza cartazes (ou escreva na lousa) sobre as consequências de uma gravidez para a menina e para o menino. Na discussão a seguir, enfatize questões como: A gravidez na ado lescência é uma coisa comum? Esclareça aos alu- nos que esse é um problema de saúde pública que 23 Biologia – 1a série – Volume 2 vem aumentando e que o trabalho que estão fazendo destina-se a apresentar os riscos que uma gravidez envolve, deixando-os a par da situação. É possível que apareçam, durante a discussão, preconceitos e equívocos, que devem ser eviden- ciados e questionados por você (entre os mais comuns, “a culpa da gravidez é da mulher”; “a mulher com filhos deve ficar em casa e abrir mão do lado profissional”; “cabe exclusivamente ao homem a tarefa de sustentar o filho” etc.). Caso haja jovens grávidas ou já com filhos na turma, conduza a discussão de modo a evitar preconcei- tos e discriminação. Encare a presença dessas (e desses) jovens como uma alavanca para aprofun- dar e materializar a discussão sobre essa situação muito próxima dos adolescentes brasileiros. Professor, seu papel como mediador nessa discussão é fundamental. No desenvolvimento do debate, não é necessário que os alunos façam anotações ou que cheguem a uma con- clusão única. O objetivo é promover uma reflexãocoletiva sobre o assunto, fortalecendo a turma como um grupo aberto e respeitoso, no qual todos os assuntos podem ser discuti- dos. Vale lembrar que muitos pais adolescen- tes queixam-se de que há pouco ou nenhum diálogo com sua família. Nesse contexto, a escola e, particularmente, atividades como esta desempenham um papel importantíssimo na formação dos alunos. etapa 2 – Jogo: nem toda relação sexual engravida Esta etapa da Situação de Aprendizagem utiliza a segunda oficina do Projeto Vale Sonhar, um jogo de perguntas e respostas. É fundamental que você se prepare para a atividade infor- mando-se sobre as respostas das questões que aparecerão durante o jogo. Essa atividade busca esclarecer questões sobre os jogos sexuais e sobre os tipos de prática sexual que podem causar gravidez – assuntos em que, em geral, imperam a desinformação e os equívocos dos alunos. Per- guntas como Relação sexual durante a menstrua ção engravida? deverão ser devidamente respondidas nessa etapa, que propicia também aos alunos a oportunidade de apresentar suas próprias dúvidas. Instruções detalhadas encon- tram-se no Livro do Professor do kit. regras do jogo A classe será dividida em grupos. O professor fará uma pergunta referente aos órgãos sexuais ou a práticas sexuais. Os grupos terão um minuto para discutir, antes de responder. Um dos grupos será o primeiro a responder; caso não saiba a resposta, a vez será do grupo seguinte. Sempre que possível, o grupo que está respondendo deverá usar ilustrações dos órgãos sexuais masculinos e femininos para explicar suas respostas. O grupo que acertar a resposta ganhará dois pontos; se passar a vez, não ganhará nem perderá pontos; se errar, perderá dois pontos. 24 Para cada pergunta proposta, apresente a resposta e atribua pontos conforme os acertos, discutindo e complementando sempre que neces- sário. O kit conta com um quadro que representa os órgãos sexuais e que pode auxiliá-lo. É prová- vel que algumas questões, especialmente sobre práticas sexuais, causem alvoroço entre os alunos. Contudo, as questões são dúvidas que os jovens têm e devem ser respondidas. Cabe a você, professor, dar especial aten- ção ao tópico de avaliação, no fim da oficina, por ser esse o momento em que as discussões serão organizadas e as dúvidas esclarecidas. É importante que os alunos percebam que essa não é apenas uma atividade de “diver- são”. Trata-se de um jogo em que informa- ções importantes serão compartilhadas. etapa 3 – Jogo: engravidar é uma escolha A terceira oficina do kit é um jogo de pergun- tas e respostas que aborda os métodos contracep- tivos. A atividade começa com um aquecimento por meio das seguintes questões: 1. O que são métodos contraceptivos e para que servem? Dica: métodos contraceptivos e métodos anticoncepcionais são expressões sinônimas. São métodos para evitar a gravidez. 2. Você vai dar duas notas, de 0 a 10, para cada método contraceptivo listado na tabela a seguir. A primeira nota diz respeito à eficá- cia do método (0 significa pouco eficaz e 10 significa muito eficaz). A segunda nota será sobre a facilidade de acesso dos jovens a esse método, ou seja, se ele é fácil de ser encon- trado e se o preço é acessível (0 significa pouco acessível e 10 significa muito acessí- vel). Preencha apenas as colunas referentes à “Primeira etapa”. Se você não conhecer algum método, não se preocupe, dê a nota que você imagina que ele mereça. Suas dúvi- das serão respondidas durante o jogo. Os demais grupos que tentarem responder a uma pergunta que inicialmente não foi dirigida a eles ganharão dois pontos se acertarem, mas não perderão nada se errarem. Os pontos deverão ser anotados na lousa, para que todos vejam. Quem fizer mais pontos será o vencedor do jogo. 25 Biologia – 1a série – Volume 2 Avaliação de métodos contraceptivos método Primeira etapa Segunda etapa Eficácia (0-10) Facilidade de acesso (0-10) Eficácia (0-10) Facilidade de acesso (0-10) B ar re ir a Camisinha masculina Camisinha feminina H or m on al Pílula Injetável Adesivo Anel vaginal Implante N at ur al Tabelinha Muco Temperatura Coito interrompido Q uí m ic o Espermicida d is po si ti vo in tr au te ri no ( d iu ) DIU de cobre DIU hormonal D efi ni ti vo Laqueadura Vasectomia Quadro 4 – Ficha de pontuação dos métodos contraceptivos. 26 3. Depois de jogar, atribua novas notas para os métodos contraceptivos presentes na tabela Avaliação de métodos contraceptivos, preen- chendo as colunas referentes à “Segunda etapa”. Houve alguma mudança em relação às notas dadas na primeira etapa? Se sim, explique por que você mudou suas notas. Resposta pessoal. As dúvidas específicas sobre cada método deverão ser explicadas durante o jogo. Espera-se que o que foi aprendido durante o jogo cause mudanças nas notas atribuí- das a cada método contraceptivo. Espera-se também que os alunos justifiquem adequadamente as mudanças que fizerem. Assim como na oficina anterior, a avaliação é muito importante. Os alunos serão chamados a reler o que escreveram sobre cada método contraceptivo dizendo, agora, se modificariam algo ou não. É possível que ainda restem dúvi- das que poderão ser esclarecidas. etapa 4 – Levantamento e teste de hipóteses Nesta etapa, os estudantes devem propor explicações para o aumento dos casos de gravi- dez na adolescência no Brasil. A seguir, conhe- cerão fatos e dados sobre esse problema que confrontarão com suas explicações, descartando as discordantes dos fatos e mantendo as mais plausíveis. Em seguida, utilizarão essas ideias para redigir um texto. Os estudantes deverão responder à seguinte questão: É provável que os estudantes não conheçam todos os métodos apresentados e, por isso, não consigam avaliá-los corretamente. Essas dúvidas serão solucionadas no decorrer da atividade. Ainda assim, escute-as atentamente nesse momento inicial para esclarecê-las mais adiante. Sugerimos que observe as discussões e as avalia- ções dos alunos, anotando os comentários que revelem suas dúvidas. Por exemplo: é possível que um aluno classifique o espermicida como um método de difícil acesso simplesmente por não saber o que é ou onde pode ser encontrado. regras do jogo A classe será dividida em grupos. O professor fará uma pergunta referente a métodos contraceptivos. Os grupos terão um minuto para discutir, antes de responder. Um dos grupos será o primeiro a responder; caso não saiba a resposta, a vez será do grupo seguinte, no sentido horário. As perguntas a ser feitas estão em cartas de cores diferentes. O grupo que acertar a resposta ganhará os pontos referentes à cor da carta (verde: seis pontos; amarelo: quatro pontos; vermelho: dois pontos). O grupo que errar ganhará uma carta de risco, pois não ter a informação correta é um fator que pode levar à gravidez na adolescência. Cada carta de risco tira três pontos do grupo. O grupo que fizer mais pontos será o vencedor. 27 Biologia – 1a série – Volume 2 Registre no espaço a seguir as hipóteses elaboradas pelos seus colegas de classe. Por que as adolescentes engravidam? “Os adolescentes não sabem como se prevenir (falta de informação).” “O custo de se prevenir é muito alto.” “Os adolescentes têm mais vontade de ter filhos que os adultos.” “As adolescentes querem melhorar de vida dando o ‘golpe do baú’.” “As adolescentes não veem outra possibilidade na vida a não ser ter filhos.” “As adolescentes são desempregadas e, por isso, tornam-se donas de casa mais cedo.” “Os adolescentes têm problemas com a família e querem encontrar outra família o mais rápido possível.” “Os meios de comunicação estimulam os adolescentes a ter relações sexuais e muitos deles acabam não se prevenindo.” “Muitos adolescentes acham que ‘não vai acontecer comeles’ e não se previnem.” “Os adolescentes têm vergonha de usar camisinha.” “As adolescentes não conseguem convencer seus parceiros a usar camisinha.” “Os adolescentes querem a gravidez para provar seu desempenho sexual.” “Os adolescentes utilizam de maneira errada os métodos anticoncepcionais.” 1. Em sua opinião, por que existem tantas adolescentes grávidas no Brasil? Resposta pessoal que será confrontada mais tarde com os textos. Apesar de ser um problema complexo, oriente os alunos para que respondam, indivi- dualmente, com uma única causa. Peça a alguns alunos que leiam suas respos- tas e registre-as na lousa, solicitando ainda que as anotem no quadro com o título "Por que as adolescentes engravidam?". Observe se surgem respostas repetidas. O quadro a seguir contém algumas hipóteses que podem ser apresentadas pelos alunos como causa da gravidez na adolescência. As respostas dos estudantes são as hipó teses das possíveis causas da gravidez entre adolescentes brasileiras. Esclareça que a etapa que acabaram de cumprir, o levanta- mento de hipóteses, é um procedimento muito empregado pelos cientistas: trata-se do primeiro passo do estudo de um fenômeno. O passo seguinte é o teste das hipóteses, usado para eliminar as hipóteses menos pro- váveis. As que restarem, depois do teste, serão consideradas as melhores explicações para a gravidez na adolescência. A seguir, leia algumas informações sobre o assunto. Explique como foram produzidas e pergunte aos alunos se eles as consideram con- fiáveis. A ideia é utilizar os dados a seguir para testar as hipóteses. Após a leitura de cada um 28 dos itens, questione quais hipóteses podem ser descartadas como causa de gravidez na adoles- cência. Estimule-os a discutir por quê. Por exemplo: o trecho final do Texto 1 descarta a hipótese de número 1, já que ele afirma que quase toda jovem grávida saberia se prevenir. Agora, leia os textos a seguir. Enquanto faz a leitura, procure descobrir se eles contradi- zem algumas das hipóteses da lista elaborada sobre a gravidez na adolescência. Faça o mesmo em relação à sua própria explicação (resposta da questão 1, página anterior). Texto 1 O texto a seguir reúne trechos da entrevista concedida por Adriana Lippi Waissman, médica da Universidade de São Paulo especializada em gravidez na adolescência, ao médico Drauzio Varella. Classe social faz diferença? [...] drauzio Varella – A que classe socioeconômica pertencem essas adolescentes? Adriana Waissman – Tanto engravidam as adolescentes de classe social mais baixa quanto as de classe mais alta, só que o enfrentamento da situação é diferente. No que se refere às jovens de classe social mais favorecida, infelizmente, há poucos trabalhos sobre o assunto porque é difícil levantar dados nos consultórios particulares que, em geral, elas frequentam. No entanto, sabe-se que essas contam mais com a possibilidade de interromper a gravidez, se desejarem, e têm outros objetivos na vida, o que não acontece com as de classe social menos favorecida, para as quais a gravidez pode representar uma forma de ascensão social, já que muitas vezes seus companheiros possuem nível socioeconômico um pouquinho melhor que o delas. drauzio – É difícil avaliar o número total de gestações nessa faixa etária, pois teoricamente o aborto é proibido no Brasil, embora na verdade seja livre para quem o possa pagar. Waissman – No Hospital das Clínicas, questionamos as adolescentes a respeito de se pensaram ou não em fazer um aborto e constatamos que apenas 22% das grávidas cogitaram interromper a gravidez e, dessas, somente 5% efetivamente fizeram alguma coisa nesse sentido, tomaram um chá, por exemplo, imaginando que produzisse efeito abortivo. É importante mencionar, porém, que nos tem chamado a atenção nesse atendimento o fato de nem sempre a gravidez ser realmente indesejada. Aproximadamente 25% de nossas adolescentes planejaram a gestação e muitas abandonaram o método contraceptivo que usavam com o intuito declarado de engravidar. o que explica a gravidez precoce1? drauzio – Quais as principais causas desse comportamento em meninas tão jovens? Waissman – Existe uma série de fatores que poderiam contribuir para o aumento da incidência de gestantes adolescentes. O baixo nível socioeconômico é um deles porque, às vezes, como já disse, a gravidez representa oportunidade de ascensão social. Além disso, a baixa escolaridade também pesa nesse contexto. Metade das adolescentes que atendemos no HC já tinha interrom- pido os estudos antes de engravidar. Isso nos permite pensar que, se tivessem continuado a estudar e a receber estímulos pedagógicos e culturais, como acontece com as meninas de classe social mais favorecida, talvez nem pensassem numa gestação, porque de uma forma ou outra a escola repre- senta um fator de proteção para elas. Outro fator que poderia ser pontuado é a desestruturação 1 N.E. A terminologia empregada atualmente pelos especialistas é “gravidez na adolescência”. 29 Biologia – 1a série – Volume 2 familiar. Notamos nessas adolescentes grávidas certa dificuldade de relacionamento com os pais. Na verdade, a dificuldade é maior com o pai, tanto que o grande medo é contar para ele que estão grávidas, o que retarda, em muitos casos, o início do pré-natal. Do ponto de vista biológico, alguns autores destacam como fator importante a menarca, ou seja, a primeira menstruação que vem ocorrendo cada vez mais precocemente, graças, talvez, à melhora da alimentação ou à interferência do clima. No início do século, na Europa desenvolvida, as meninas menstruavam em média aos 17 anos. Hoje, a média é 12 anos e vem baixando sistematicamente, o que poderia estar relacionado com o início precoce da atividade sexual. No entanto, se fizermos uma retrospectiva histórica, veremos que a gravidez na ado- lescência não é novidade. Existe há muito tempo. É bem provável que nossas bisavós e talvez nossas avós tenham engravidado ainda adolescentes, pois as mulheres se casavam muito cedo. No entanto, o papel da mulher na sociedade mudou, e talvez por isso o fato de engravidar mais precocemente chame tanto a atenção. Espera-se que a adolescente estude, trabalhe e não que engravide e tenha filhos. [...] Como se comportam os companheiros? drauzio – No passado, o menino que engravidava a namorada tinha de casar com ela porque era ameaçado de morte se não o fizesse. Hoje, esse tipo de cobrança parece ter-se esgarçado no tecido social. Como reagem os garotos que engravidam essas adolescentes? Waissman – Essa responsabilidade de casamento deixou de existir na grande maioria dos casos, mesmo porque a sociedade assumiu uma postura mais liberal em relação ao fato. No entanto, o que percebemos é que os meninos muitas vezes gostam da gravidez de suas companheiras porque isso representa uma maneira de firmar a própria masculinidade. Eles também estão atravessando uma fase de transição, de busca da identidade e, de uma forma ou outra, a gravidez da companheira é prova de que são realmente homens. Por outro lado, o adolescente vê na gravidez da garota uma maneira de perpetuar a família. Engra- çado, o menino se preocupa com isso e soma a essa ideia de continuidade da família a sensação de estar criando algo próprio, que é dele mesmo. Então, na maioria das vezes, eles acabam assumindo essas gestações. Assumir não significa morar junto na mesma casa, embora isso possa acontecer. Não são raros os casos de adolescentes que acabam se unindo ao companheiro durante o pré-natal. Não se casam necessariamente no papel, mas mudam o estado matrimonial e passam a constituir uma família. [...] Falta de informação? drauzio – Você acha que as adolescentes engravidam por falta de informação? Waissman – Não acredito. Todas sabem que se tiverem uma relação sexual sem os cuidados necessários podem engravidar. Dados indicam que 92% delas conhecem pelo menos um método contraceptivo, pelo menos a camisinha elas conhecem.Portanto, não é a desinformação que leva à gravidez na adolescência. Talvez o pensamento mágico dos adolescentes que inf luencia a maneira de buscar a si mesmos, o imediatismo e a onipotência que lhes são característicos sejam fatores que possam justificar sua maior incidên- cia. Não há menina que não saiba que pode engravidar, mas todas imaginam que isso jamais irá acontecer com elas. VARELLA, Drauzio. Gravidez na adolescência. Entrevista com a Dra. Adriana Lippi Waissman. Disponível em: <http://drauziovarella.com.br/mulher-2/gravidez-na-adolescencia-2/>. Acesso em: 21 fev. 2014. 30 Texto 2 Agora você vai ler trechos de uma matéria publicada no site Boa Saúde, que contém informações variadas sobre saúde. A matéria não é assinada, mas o site afirma que os autores são especialistas em educação médica a distância e jornalistas especializados. Gravidez na adolescência: toda informação é necessária “Mais do que a falta de informação, o medo de assumir a vida sexual e a falta de espaço para discussão de valores no seio de suas famílias levam as adolescentes a engravidar. Perdidas entre o ‘não pode’ dos pais e o ‘faça’ autoritário que impera na mídia, as adolescentes raramente conseguem alguém para ouvir seus conflitos e medos.” [...] “Muito mais do que a falta de informação, a gravidez na adolescência está ligada às características próprias dessa fase da vida. A onipotência do ‘comigo não acontece’, a impetuosidade do ‘se der errado, depois a gente vê’, a busca de identidade no ‘se eles acham que isso é certo, eu faço o contrário’, a energia de ‘vamos ver o sol nascer depois a gente vai direto para aula’. Junte a estas atitudes o pouco ou nenhum diálogo com a família, além da angústia do conflito entre o desejo e as consequências para que a gravidez aconteça. Depois o argumento mais ouvido é: ‘não pensei que fosse engravidar’. Países como o México e a Suécia colocaram a pílula anticoncepcional à disposição das jovens em postos de saúde e incluíram explicações sobre métodos anticoncepcionais nos currículos esco- lares. Quase não obtiveram resultado algum. Quando pesquisadas, as jovens mexicanas disseram que queriam ser mães para serem mais respeitadas. As suecas disseram que o filho dava significado a uma vida solitária e sem expectativas.” Gravidez na adolescência: toda informação é necessária. Boa Saúde. Belo Horizonte: Bibliomed, 4 jun. 2002. Disponível em: <http://www.boasaude.com.br/artigos-de-saude/3072/-1/gravidez-na-adolescencia-toda-informacao- e-necessaria.html>. Acesso em: 21 fev. 2014. Texto 3 o preço da camisinha masculina Camisinhas são distribuídas gratuitamente por postos de saúde e por hospitais. O preço médio de uma camisinha em São Paulo, em farmácias, era cerca de R$ 1,00 em junho de 2010. Elaborado especialmente para o São Paulo faz escola. 2. Os textos que você leu são provenientes de várias fontes. Você acha que todas elas são igualmente confiáveis? Explique por quê. Não. O texto 2 não foi assinado, sendo, portanto, menos confiá vel que o primeiro, que é uma entrevista com uma especialista reconhecida no assunto. A explicação dada por cada aluno na questão 1 será ou não descartada dependendo do seu conteúdo. 3. Releia a explicação que você deu para a ocorrên- cia de gravidez na adolescência (questão 1). Ela foi descartada após as leituras dos últimos tex- tos? Se sim, copie a seguir a(s) informação(ões) que fez (fizeram) você mudar de opinião. Os adolescentes não sabem como se prevenir (falta de informação) – descartada pelo texto 1. O custo de se pre- venir é muito alto – descartada pelo texto 3. 31 Biologia – 1a série – Volume 2 drauzio – Você acha que as adolescentes engravidam por falta de informação? Adriana Waissman – Não acredito. Todas sabem que se tiverem uma relação sexual sem os cuidados necessários podem engravidar. Dê pelo menos um exemplo de uma expli- cação que foi listada na página 27 e que foi descartada por um dos textos. Copie a seguir tanto a explicação como o trecho que a contradiz. Um exemplo: O custo de se prevenir é muito alto – descartada pelo texto 3. Camisinhas são distribuídas gratuitamente por postos de saúde e por hospitais. O preço médio de uma camisinha em São Paulo, em farmácias, era cerca de R$ 1,00 em junho de 2010. Ao final da análise de todas as informações, os estudantes certamente eliminarão algumas das hipóteses que propuseram no início da atividade. As que restaram devem ser mantidas como as explicações mais plausíveis para a gravidez na adolescência. Os estudantes deve- rão anotar todas as hipóteses no caderno, sublinhando as que não foram descartadas. elaboração de texto Releia as explicações mais prováveis para a gravidez na adolescência, ou seja, as que não foram descartadas pelos textos que você leu. Produza um texto escolhendo três dessas explicações, que você analisará em detalhe. Em uma folha à parte, redija um texto sobre o problema da gravidez na adolescência no Bra- sil. A redação deve ter cinco parágrafos e, além de citar as três explicações que você escolheu como principais causas da gravidez na adoles- cência, deve apresentar possíveis soluções. 4. Releia o trecho do Texto 1, página 29: instruções para produção do texto O primeiro parágrafo deve explicar por que a gravidez na adolescência pode ser considerada um problema; lembrar que o número de grávidas com menos de 20 anos aumentou no Brasil e con- siderar os riscos que isso pode representar para a mãe, o pai e a criança; explicar que o fenômeno se deve a muitas causas, mas que apenas três delas serão discutidas. O segundo parágrafo tratará de uma das explicações escolhidas para a gravidez na adoles- cência. Essa parte do texto deverá mostrar detalhadamente qual foi essa explicação e escla- recer qual é sua proposta para reduzir o número de adolescentes que engravidam por causa dela. Por exemplo: se uma das causas escolhidas foi “os adolescentes têm vergonha de usar camisinha”, uma proposta possível seria “a discussão sobre camisinha deve ser mais sincera entre os jovens e apresentada pela escola, pelos programas de TV aos quais os adolescentes assistem etc.”. O terceiro e o quarto parágrafos devem ser semelhantes ao segundo, com a diferença de que tratarão das outras duas explicações escolhidas. 32 Depois de escrever o texto, releia-o. Fique atento aos seguintes aspectos: O texto tem erros de ortografia ou concor- dância? O texto expõe as ideias com clareza? Há coerência entre a causa mencionada e a proposta que você sugeriu? Há sinais de preconceito contra os pais pre- coces, tais como “gravidez na adolescência é burrice” ou “culpa da jovem”? O seu texto propõe soluções para o problema da gravidez na adolescência? O texto produzido pelos alunos pode ser avaliado com os mesmos critérios que nortearam a escrita, isto é: O conteú do dos parágrafos obedece às instruções dadas? Os aspectos formais (ortografia, sintaxe etc.) estão adequados? Conteúdos e temas: Aids – o que é, como prevenir. Competências e habilidades: reconhecer situações de risco de contrair Aids, propondo estraté- gias para redução desse risco; identificar as diferentes formas de preconceito contra portadores do vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), propondo estratégias para minimizar essa situação; reconhecer ambiguidades e imprecisões em textos explicativos sobre prevenção de DSTs e Aids. SITUAÇÃO DE APRENDIZAGEM 3 A AIDS TAMBÉM É PROBLEMA SEU O foco central desta Situação de Aprendi- zagem é buscar informações confiáveis sobre o que é a Aids, como é transmitida e o que acon- tece com quem a contrai. Em primeiro lugar, os estudantes conhece- rão a história real de uma adolescente que descobriu ter contraído o vírus HIV, aproxi- mando-os do problema. Depois, farão pesqui- sas em diferentes fontes, buscando avaliar não só se a informação é correta, mas também se a fonte é confiável. Em seguida,baseados no que descobriram, elaborarão uma lista de “fatos e boatos” sobre a Aids, buscando discernir entre o que é prevenção e o que não passa de precon- ceito. Nosso objetivo é que tais reflexões favo- reçam uma formação que contribua para a redução do preconceito. Ao final desta Situação de Aprendizagem, espera-se que os alunos tenham desenvolvido as habilidades destacadas no quadro a seguir: O parágrafo final deverá conter uma conclusão sobre o tema, explicando como a redução no número de pais adolescentes poderia melhorar a qualidade da vida de todos. 33 Biologia – 1a série – Volume 2 Sugestão de estratégias: leitura de textos; pesquisa em livros didáticos, enciclopédias, dicio- nários ou internet; análise de situações fictícias, porém prováveis, envolvendo portadores do HIV. Sugestão de recursos: textos presentes no Caderno do Aluno. Sugestão de avaliação: observação do desempenho nas várias etapas (ficha de avaliação). Eu sentia uma dorzinha no estômago, nada sério. E lá fui eu fazer a endoscopia. É, é isso mesmo, aquele exame que enfia um cano na sua goela abaixo até o estômago. Legal, né? Pois é. Levei o resultado pro médico, que concluiu que eu estava mesmo com um problema no estômago. Fala aí o que eu tenho. – Sapinho no esôfago. – O quê? – Logo imaginei um monte de sapos fazendo a maior festa no meu aparelho digestivo1. – Não é nada disso. Sapinho é aquele negócio branco que dá muito em boca de criança. Nome científico: candidíase2. – Ah tá... e agora? – Agora vou te dar um remédio e te pedir mais uns exames. Depois de uns dias, quando eu estava no trânsito, dentro do carro com meu pai, ele começa com um papo meio esquisito: – Sabe, filha, essa doença nova que surgiu... no fundo ninguém sabe direito do que se trata... cada um diz uma coisa... isso de a pessoa morrer logo, talvez não seja bem assim... Pronto. Não precisava dizer mais nada. Eu estava com Aids. Aquele médico deve ter feito um exame sem meu consentimento e, pior, deve ter ligado pro meu pai para dar o resultado. O próximo passo foi procurar um especialista. Fomos eu, meu pai e minha mãe. Só por aí já dava pra sacar a gravidade da questão: os meus pais nunca andam juntos. Chegando lá, entrei sozinha na sala do médico, que começou a me fazer um monte de perguntas. Quis saber com quem eu havia 1 N.E. O termo empregado atualmente para “aparelho digestivo” é “sistema digestório”. 2 N.E. Candidíase é o nome técnico da doença causada pelo fungo Candida albicans. roteiro para aplicação da Situação de Aprendizagem etapa 1 Nesta Situação de Aprendizagem, vamos pesquisar, ler e discutir sobre uma doença que, desde que foi descoberta na década de 1980, mudou o comportamento sexual das pessoas: a Aids. Embora tenham se passado cerca de 30 anos, ainda existe muita dúvida e preconceito. Leia o texto a seguir, escrito por uma garota que descobriu ter Aids aos 16 anos. 34 Após a leitura, peça aos alunos que comen- tem o texto, estimulando-os: 1. Como a narradora do texto descobriu que tinha contraído o vírus HIV? Ela teve problemas no estômago e, ao consultar um médico, descobriu que tinha contraído Aids. 2. Como a narradora reagiu a essa descoberta? Primeiro, sentiu-se revoltada com o médico que fez um exame sem seu consentimento. Depois, sentiu-se muito cul- pada, como se fosse uma criminosa por ter feito sexo. 3. Por que o médico perguntou detalhes da vida íntima da narradora? Porque a Aids é uma doença que pode ser contraída em uma relação sexual sem proteção ou pelo uso de seringas contaminadas. 4. Como você imagina que seria sua reação, se estivesse no lugar da narradora da histó- ria e descobrisse que contraiu o vírus HIV? Resposta pessoal. O enfoque, nesse momento, deve ser o aspecto emocional do texto. Por ser pessoal e real, a narrativa deve despertar nos alunos todo o peso sentido pela autora ao descobrir-se com Aids. É interessante que os alunos se manifestem livremente, tentando colocar-se no lugar da narradora. Agora, solicite aos alunos que realizem a pes- quisa a seguir. etapa 2 Pesquise o significado dos termos listados a seguir. Para isso, você pode usar a internet, enciclopédias, dicionários e outros livros que estejam disponí- veis na biblioteca da sua escola. Um instrumento muito útil para pesquisa é seu livro didático, que provavelmente tem a maioria das informações de que você precisa para esta atividade. Vírus: micro-organismos menores que células, capazes de infectar e de se reproduzir dentro de células de outros seres. transado, se eu havia usado drogas, se eu sabia se o cara com quem eu havia transado usava, que tipo de sexo a gente praticou... me senti em um banco de réus, parecia que meu crime tinha sido transar e que a sentença seria a morte. Ele me explicou que o sapinho que eu havia tido era uma coisa comum nos pacientes HIV positivo, porque estão com baixa imunidade. Por isso, o outro médico solicitara primeiro um exame de imunidade, que deu baixa, e depois o exame para saber se eu estava com o vírus. E estava. Tentei imaginar como seria a minha vida dali para a frente, mas não consegui. – Tá. Eu preciso avisar as pessoas que beijei na boca durante esse tempo? – Não, não precisa. Ainda bem. Já estava imaginando eu ter que ligar pros caras com quem eu havia ficado e dizer: “Oi, tudo bem, lembra de mim? Então, tô te ligando pra avisar que estou com Aids”. POLIZZI, Valéria P. Depois daquela viagem. São Paulo: Ática, 2000. 35 Biologia – 1a série – Volume 2 Alguns deles causam doenças, como o sarampo, a herpes, a dengue e a Aids. HIV: nome do vírus causador da Aids. A sigla significa vírus da imunodeficiência humana, em inglês. Aids: sigla em inglês que significa síndrome da imunodefi- ciência adquirida. Trata-se de uma doença causada por um vírus que invade certas células do sistema de defesa do corpo (linfócitos), matando-as. O vírus é transmitido por contato com o sangue ou secreções genitais de pessoas infectadas. Sistema imunitário (ou imunológico): sistema de defesa do corpo humano, composto principalmente de células brancas do sangue (leucócitos). Candidíase: infecção causada por um fungo (Candida albicans), que causa feridas brancas, geralmente na boca ou em outras mucosas (ânus, genitais). Ataca principalmente crianças e pessoas debilitadas, sendo conhecida popular- mente como "sapinho". A partir do texto das páginas 33 e 34 (páginas 29 e 30 do Caderno do Aluno), os estudantes deverão responder: 1. O que aconteceu primeiro com a autora do texto: contraiu HIV ou teve sapinho? Contraiu HIV. 2. O médico requisitou um exame de sangue e desconfiou que a garota tinha contraído o vírus HIV. Esses exames informam a quantidade dos vários tipos de célula presentes no sangue. Provavelmente que tipo de célula estava com quantidade alterada no exame dela? As células responsáveis pela defesa do organismo, ou seja, os leucócitos ou, mais especificamente, os linfócitos T-CD4. 3. Que exame seria mais indicado para des- cobrir se uma pessoa é soropositiva: o de sangue, o exame para HIV ou o exame de candidíase? Justifique. O exame de sangue apenas detectaria a baixa quantidade de leucócitos, que pode ter várias causas além da Aids. O sapinho aparece em vários doentes, mas não em todos; na realidade, a candidíase é uma doen ça frequente em pessoas que estão com o sistema imunitário deprimido, não ape- nas em doentes de Aids. Portanto, o exame que detecta a presença do HIV é o decisivo para verificar se a pessoa está com Aids. 4. A candidíase é uma doença dificilmente encontrada em adultos e, quando presente, aparece na boca. Como explicar que, nesse caso, ela foi encontrada no esôfago? As defesas do nosso corpo normalmente eliminariam a can- didíase, mas a Aids destrói as células responsáveis por essa defesa. Assim, a doença acaba penetrando no corpo e tendo uma gravidade maior. 5. Por que
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