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Controladoria 5º Aula Modelo de decisão Depois de estudar esta aula vocês conseguirão entender o conceito de modelo de decisão, conhecer os cálculos sobre margem de contribuição e ponto de equilíbrio, cálculos esses que são muito importantes para a tomada de decisão dos administradores e controllers. Esse material foi preparado para que vocês não tenham dificuldades de entender os assuntos referentes à controladoria. Caso tenham dúvidas no decorrer deste estudo, anotem, acessem a plataforma e utilizem as ferramentas “quadro de avisos” ou “fórum” para interagir com seus colegas de curso e com seu professor. Sua participação é muito importante e estamos preparados para tirar as dúvidas que venham a surgir. É muito importante que leiam e se posicionem criticamente em relação aos objetivos de aprendizagem e às Seções de estudo da Aula 05. Tenham uma boa aula! Boa aula! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, vocês serão capazes de: • conhecer os métodos de custeio variável / direto; • conhecer sobre margem de contribuição; • conhecer ponto de equilíbrio; • identificar como calcular margem de contribuição e ponto de equilíbrio. 25 1 - Modelo de Decisão 2 - Modelo de decisão e margem de contribuição – um único produto Seções de estudo 1 – Modelo de Decisão Principais Conceitos do Método de Custeio Variável/ Direto Você Sabia? Signifi ca que, em cada unidade vendida, a empresa lucrará determinado valor, multiplicado pelo total vendido, teremos a margem de contribuição do produto para a empresa. Conceito Para Figueiredo e Caggiano (2008), o método de custeio recomendado para o processo decisorial é o do Custeio Variável, também muitas vezes denominado inadequadamente Custeio Direto. Podemos dizer que todos os custos variáveis estão ligados diretamente aos produtos, mas nem todos os custos diretos dos produtos são variáveis, pois podemos ter custos diretos fi xos. Já foi apresentada também a questão da mão de obra direta, o elemento de custo que mais traz dúvidas na interpretação de seu comportamento em relação ao volume. Em essência, dentro de conjunturas econômicas normais, a mão de obra direta pode ser considerada um custo variável. Porém, sabemos que no curto prazo ela é um custo fixo. Saber Mais Para fi ns de construção de modelos decisórios, Figueiredo e Caggiano (2008) e Padoveze (2009) entendem ser válido considerar a mão de obra direta como custo variável. Um modelo decisório centra-se na perspectiva futura, e, dentro dela, é natural entender a mão de obra direta como um custo variável. Nesse sentido, acabamos por incorporar a nomenclatura Custeio Variável/Direto para o método de custeio variável. O conceito de análise comportamental de custos, separando-os em custos fixos e variáveis, possibilita uma expansão das possibilidades de análise dos gastos e receitas da empresa, em relação aos volumes produzidos ou vendidos, determinando pontos importantes para fundamentar futuras decisões de aumento ou diminuição dos volumes de produção, corte ou manutenção de produtos existentes, mudanças no mix de produção, incorporação de novos produtos ou quantidades adicionais, etc. Esse ferramental de análise econômica, segundo Padoveze (2009), é denominado normalmente de análise de custo/volume/lucro, e conduz a três importantes conceitos: margem de contribuição, ponto de equilíbrio e alavancagem operacional. Esses conceitos podem ser agrupados em um único modelo decisório, que estamos denominando de modelo de decisão da margem de contribuição. Margem de Contribuição O modelo de decisão da margem de contribuição é o modelo decisório fundamental para gestão dos resultados da empresa, sejam em termos de rentabilidade dos produtos, atividades, áreas de responsabilidade, divisões, unidades de negócios ou da empresa como um todo. Para Figueiredo e Caggiano (2008) e Padoveze (2009) representa o lucro variável. É a diferença entre o preço de venda unitário do produto ou serviço e os custos e despesas variáveis por unidade de produto ou serviço. Ponto de Equilíbrio Evidencia, em termos quantitativos, qual é o volume que a empresa deve produzir ou vender, para conseguir pagar todos os custos e despesas além dos custos e despesas variáveis que ela tem, necessariamente, que é inerente para fabricar/vender o produto. No ponto de equilíbrio, não há lucro ou juízo. A partir de volumes adicionais de produção ou venda, a empresa passará ter lucros. Alavancagem Operacional Significa a possibilidade de acréscimo do lucro total, pelo aumento da quantidade produzida e vendida, buscando a maximização do uso dos custos e despesas fixas, conforme Padoveze (2009). É dependente da margem de contribuição, ou seja, do impacto dos custos e despesas variáveis sobre o preço de venda unitário, e dos valores dos custos e despesas fixas. Alguns produtos têm alavancagem maior que outros, em virtude dessas variáveis. Modelo de Decisão da Margem de Contribuição Margem de contribuição é a margem bruta obtida pela venda de um produto ou serviço que excede seus custos variáveis unitários. A margem de contribuição é o mesmo que o lucro variável unitário, ou seja, preço de venda unitário do produto deduzido dos custos e despesas variáveis necessários para produzir e vender o produto. Margem de Contribuição Unitária por Produto Figueiredo e Caggiano (2008) e Padoveze (2009) relatam que a partir do momento em que há o custeamento variável/ direto para cada produto da empresa, bem como uma boa identificação dos custos e despesas fixas para cada um deles, é possível construir o ponto de equilíbrio de cada produto. Exemplificando: Custo do Produto pelo Custeamento Direto/Variável R$ Matéria-prima e materiais diretos 460 Materiais indiretos variáveis 36 Mão de obra direta 200 Comissões - 12% de R$ 1.700,00 (Preço de venda unitário) 204 Total Custo Variável 900 PRODUTO R$ % Preço de Venda Unitário 1.700 100 Custo Variável Unitário 900 52,94 Margem de Contribuição Unitária 800 47,06 Isso significa que a cada unidade de Produto vendido, a empresa recebe um lucro unitário de R$ 900 (novecentos reais). É considerada a contribuição unitária que o Produto dá Controladoria 26 para a empresa, para cobrir todos os custos e despesas fixas (custos de capacidade) e propiciar a margem de lucratividade desejada. O exemplo anterior evidencia dois conceitos de margem de contribuição, ambos importantes: • o conceito de margem de contribuição unitária, em valor; • o conceito de margem de contribuição percentual. Até aqui estamos tranquilos? Vamos continuar? 2 - Modelo de Decisão e Margem de Contribuição – Um Único Produto O modelo de decisão da margem de contribuição, segundo Padoveze (2009), se expressa em uma Demonstração de Resultados, em que devem ser incorporados os dados quantitativos (que representam os volumes de produção, venda ou o nível de atividade) e os preços unitários. Modelo de Decisão de Margem de Contribuição - Único Produto - Demonstração de Resultados do Período. Estrutura Resultados Quantidade Preço Unitário Total (R$) Vendas 1.000 1.700 1.700 Custos e Despesas Variáveis 1.000 900 900 Margem de Contribuição 1.000 800 800 Custos/Despesas Fixas ano 560 Lucro Operacional Total 240 Partindo do pressuposto de que a venda de cada unidade de produto propicia uma contribuição unitária para cobrir os custos e despesas fi xas e possibilita lucro, podemos fazer uma simulação de como seria o lucro líquido, em algumas situações de quantidade vendida, que é exatamente a função primeira da Controladoria. Estrutura Resultados Dados Unitários Quantidade Produzida/Vendida 1 2 700 701 Vendas 1.700 1.700 3.400 1.190.000 1.191.700 Custos e despesas Variáveis ( 900 ) (900) (1.800) (630.000) (630.900) Margem Contribuição 800 800 1.600 560.000 560.800 Custos e DespesasFixas do ano (560.000) (560.000) (560.000) (560.000) Resultado Operacional Total (559.200) (558.400) 0 800 Quando vendemos 700 unidades, a empresa tem um resultado líquido igual a zero. Denominamos essa situação de estrutura de equilíbrio ou ponto de equilíbrio das vendas. Saber Mais Vendas = Preço de Venda Unitário (PV) x Quantidade Vendida no PE (Q) Custos Variáveis = Custo Variável Unitário (CV) x Quantidade no PE (Q) Custos Fixos = Total em Reais dos Custos e Despesas Fixas (CF) Margem de Contribuição (MC) = Preço de Venda - Custo Variável Conceito Segundo Padoveze (2009), “ponto de equilíbrio é o volume de atividade operacional, em que o total da margem de contribuição da quantidade vendida/produzida se iguala aos custos e despesas fi xas”. Em outras palavras, o ponto de equilíbrio mostra o nível de atividade ou volume operacional, quando a receita total das vendas se iguala ao somatório dos custos variáveis totais mais os custos e despesas fixas. Assim, ponto de equilíbrio evidencia os parâmetros que mostram a capacidade mínima em que a empresa deve operar para não ter prejuízo, mesmo que a custo de um lucro zero. Ponto de Equilíbrio e Gestão de Curto Prazo Segundo Padoveze (2009), o conceito de ponto de equilíbrio também é um conceito que tende a ser utilizado para a gestão de curto prazo da empresa. É importante ressaltar esse enfoque. Isso é claro porque o ponto de equilíbrio mostra o ponto mínimo em que a empresa pode operar para que tenha lucro zero. Nesse ponto mínimo de capacidade de operação, a empresa consegue cobrir os custos variáveis das unidades produzidas e/ou vendidas, e também todos os demais custos, inclusive os fixos. Equação e Cálculo do Ponto de Equilíbrio Como o ponto de equilíbrio conceitua o ponto onde o lucro líquido é igual a zero, é fácil determinar sua equação, em uma determinada quantidade, utilizando-se os dados restantes da análise da margem de contribuição. Assim, a equação do ponto de equilíbrio é desenvolvida a partir das seguintes premissas: Vendas = Custos e Despesas Variáveis + Custos Fixos + Lucros Como se busca um ponto onde os lucros serão iguais a zero, a equação fica: Vendas = Custos e Despesas Variáveis + Custos Fixos Ponto de Equilíbrio em Quantidade Objetiva determinar a quantidade mínima que a empresa deve produzir e vender. Abaixo dessa quantidade de produção e vendas, seguramente a empresa estará operando com prejuízo. Partindo da equação mostrada anteriormente, a fórmula do ponto de equilíbrio em quantidade é a seguinte: Custos Fixos Totais Ponto de Equilíbrio em quantidade = Margem de Contribuição Unitária Demonstração da Fórmula Partindo da equação que fundamenta o ponto de equilíbrio, vamos demonstrar a fórmula do ponto de equilíbrio (PE): Vendas = Custos Variáveis + Custos Fixos MC = PV – CV Assim, temos: Equação do ponto de equilíbrio, considerando dados unitários: PV x Q CV x Q CF Vendas Custos Variáveis Custos Fixos = + 27 Margem de contribuição percentual R$ % Preço de venda unitário R$ 1.700 100 % Margem de contribuição unitária R$ 800 47,06 % PV x Q = CV x Q + CF (PV x Q) - (CV x Q) = CF Como PV - CV = MC (margem de contribuição unitária), substituindo: MC x Q = CF: portanto, a quantidade no Ponto de Equilíbrio é: PE (Q) = CF MCu Em nosso exemplo introdutório: R$ 560.000 Ponto de equilíbrio em quantidade = R$ 800 (R$ 1.700 (-) R$ 900) PE em quantidade = 700 unidades Ponto de Equilíbrio em Valor Em determinadas situações, Padoveze (2009) orienta que quando o leque de produtos é muito grande e há dificuldades de se obter o mix ideal de produtos e suas quantidades no ponto de equilíbrio, e existem dificuldades de identificar os custos e despesas fixas para cada produto, temos que nos valer de uma informação de caráter global expressa em denominador monetário. Assim, traduzimos o ponto de equilíbrio em valor de venda; ou seja, qual o valor mínimo que deve ser vendido para que a empresa não tenha prejuízo e obtenha lucro zero. Para esse cálculo, é necessário sabermos a margem de contribuição em percentual sobre o preço de venda. Fórmula: Custos Fixos Totais Ponto de equilíbrio em valor = Margem de Contribuição Percentual R$ 560.000 Ponto de equilíbrio em valor = 0,4706 (47,06 % : 100) Em nosso exemplo introdutório: PE em valor = $ 1.190.000 (aproximação do resultado matemático de R$ 1.189.970) Em nosso exemplo, o valor mínimo que a empresa necessita vender para cobrir todos os seus custos fixos e variáveis é R$ 1.190.000. Podemos confirmar o cálculo do ponto de equilíbrio em valor, multiplicando a quantidade obtida no ponto de equilíbrio em quantidade, pelo preço unitário de venda. PE em quantidade = 700 unidades (A) Preço de venda unitário = R$ 1.700 (B) PE em valor = R$ 1.190.000 (A x B) Retomando a aula Parece que estamos indo bem. Então, para encerrar esta aula, vamos recordar: 1 - Modelo de Decisão Um modelo decisório centra-se na perspectiva futura, e, dentro dela, é natural entender a mão de obra direta como um custo variável. Nesse sentido, acabamos por incorporar a nomenclatura Custeio Variável/Direto para o método de custeio variável. O conceito de análise comportamental de custos, separando-os em custos fixos e variáveis, possibilita uma expansão das possibilidades de análise dos gastos e receitas da empresa, em relação aos volumes produzidos ou vendidos, determinando pontos importantes para fundamentar futuras decisões de aumento ou diminuição dos volumes de produção, corte ou manutenção de produtos existentes, mudanças no mix de produção, incorporação de novos produtos ou quantidades adicionais, etc. 2 - Modelo de decisão e margem de contribuição – um único produto O modelo de decisão da margem de contribuição, segundo Padoveze (2009), se expressa em uma Demonstração de Resultados, em que devem ser incorporados os dados quantitativos (que representam os volumes de produção, venda ou o nível de atividade) e os preços unitários. FIGUEIREDO, Sandra; CAGGIANO, Paulo César. Controladoria: teoria e prática. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2006 SCHMIDT, Paulo; SANTOS, José Luiz dos. Fundamentos da Controladoria. Coleção Resumo de Contabilidade, v. 17. São Paulo: Atlas, 2006. SCHIER, Carlos Ubiratan da Costa. Controladoria como Instrumento de Gestão. 1. ed., 2004, 6 tiragem, 2009. Curitiba: Juruá Editora 2009. PADOVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial: um enfoque em sistema de informação contábil. 3. ed. São Paulo: Atlas 2000. www.cfc.org.br http://www.crcsp.org.br Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Obs.: Se ao fi nal desta aula tiverem dúvidas, vocês poderão saná-las através das ferramentas “fórum” ou “quadro de avisos” e “chat”. Ou ainda poderão enviar para o e-mail areal@unigran.br.