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Alfabetizacao e letramento

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ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENETO 
O preconceito contra o analfabeto no Brasil faz parte de uma construção social, e tal condição já chegou a ser considerado uma ‘’praga’’ e até uma “doença. Realmente existe um processo de exclusão e preconceito relacionado ao analfabeto, mesmo que muitas vezes não explicito, pois a mesma sociedade letrada em que os analfabetos estão inseridos os exclui, privando-os de participar das práticas sociais que permeiam seu grupo social. Galvão e Di Pierro (2012) destacam que a palavra analfabeto na sociedade contemporânea, na maioria das vezes, é carregada de significados negativos, ressaltando, inclusive, que as relações sociais, de modo geral, são permeadas por preconceitos, pré-julgamentos e por estigmas. Caracterizando o sujeito por aquilo que ele não possui, pela falta de algo, atribuindo ao analfabeto a incapacidade, o despreparo, um ser sem conhecimento. Mesmo que a alfabetização seja construída através de um seu processo histórico, no cotidiano a falta de domínio do código escrito muitas vezes se sobressai em relação a conhecimentos já estabelecidos, gerando um certo constrangimento aos analfabetos, e uma sensação de incapacidade e inferioridade, levando-os a aceitar os estigmas impostos pela sociedade. Visto que há um discurso público, de cunho negativo, sobre o analfabeto, difundido nas grandes mídias, especialmente na televisão e na internet, por meio de vídeos ou gravações com teor humorístico, não leva em consideração a exclusão dos direitos das pessoas que não tiveram a oportunidade de estudar. E acabam, fortalecendo termos pejorativos em relação ao analfabeto ou ao analfabetismo. Além de mitigar o preconceito. 
Em relação aos índices de analfabeto, onde há maior porcentagem a Pesquisa Nacional por Amostra de domicilio (Pnad) de 2007 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revela que 14 milhões de analfabetos vivem hoje no país. No Brasil as regiões com menor desenvolvimento econômico e de economia pouco diversificada são os que apresentam piores indicadores. Com 17,6% a população nordestina tem a maior taxa regional de analfabetos com mais de 10 anos. No norte, o índice registrado foi de 10,6%. O centro oeste tem 6,6% dos analfabetos do país, enquanto no Sudeste o índice é de 5,1% A taxa de analfabetismo de pretos e pardos (9,1%) é mais do que o dobro do que a dos brancos (3,9%). Na zona rural, a taxa de analfabetismo de pretos e pardos sobe a 20,7%, contra 11% dos brancos. Mesmo em áreas urbanas, o analfabetismo é mais de duas vezes maior entre negros: a taxa de analfabetismo de brancos é de 3,1%, enquanto a de pretos e pardos é de 6,8%. Também há o INAF que medem os índices de alfabetismo. O objetivo do INAF é contribuir para a defesa dos direitos educativos dos brasileiros, incidindo na agenda sobre o desenvolvimento educacional do país. Para isso, realiza uma pesquisa que mede os níveis de alfabetismo da população brasileira de 15 a 64 anos. A proposta do Inaf inclui a aplicação de um teste cognitivo para verificar o nível de alfabetismo de uma amostra de 2.002 pessoas, representativa da população dessa faixa etária, em todas as regiões do país, tanto na zona urbana como rural. Para o Inaf, alfabetismo é a capacidade de compreender e utilizar a informação escrita e refletir sobre ela. Um contínuo que abrange desde o simples reconhecimento de elementos da linguagem escrita e dos números até operações cognitivas mais complexas, que envolvem a integração de informações textuais e dessas com os conhecimentos e as visões de mundo aportados pelo leitor. O Inaf adota uma escala de cinco níveis, de acordo com o desempenho dos respondentes no teste: Analfabeto, Rudimentar, Elementar, Intermediário e Proficiente. A metodologia do Inaf considera ANALFABETO FUNCIONAL quem está no nível Analfabeto ou Rudimentar. São pessoas que, embora tenham a capacidade de reconhecer letras, números, palavras e frases simples, têm muita dificuldade de usar a leitura, a escrita e a matemática em situações do cotidiano. Já dentre os FUNCIONALMENTE ALFABETIZADOS, podemos identificar três níveis: aqueles com alfabetismo Elementar conseguem localizar informações em um texto de extensão média e resolver problemas envolvendo as operações básicas, mas não chegam a interpretar textos reconhecendo argumentos, não compreendem com clareza informações envolvendo porcentagens e proporções e têm dificuldades para interpretar gráficos e tabelas. É apenas nos níveis Intermediário e Proficiente que estas limitações deixam de existir. Em algumas análises estes dois níveis são apresentados como Alfabetismo Consolidado. Mas é importante notar as diferenças entre eles: alfabetizados em nível Intermediário não têm limitações para a maioria das atividades que exigem habilidades de letramento e numeração, mas é apenas no nível Proficiente que as pessoas dominam plenamente estas habilidades, sendo capazes de perceber, por exemplo, uma ironia num texto, distinguir fatos de opiniões, identificar distorções na forma de apresentação de um dado numérico etc. Concluindo, em minha concepção sem dúvidas o analfabeto é um produtor de cultura, até porque cultura abrange muito mais do que consideramos como uma “cultura útil e aceitável”. É preciso olhar para os analfabetos como sujeitos inteligentes, que desenvolveram estratégias de sobrevivência em uma cultura escrita sem estar adequadamente instrumentalizados para isso, resolvendo problemas, vivendo, trabalhando e amando. Realizando atividades assim como qualquer outra pessoa. Então, os considero como detentores de pensamentos complexos, que tem uma linha de raciocínio e podem realizar atividades, desenvolver habilidades e solucionar problemas.

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