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Rua Dr. Celestino, 74 
 24020-091- RJ – Brasil 
 Tel. (21) 2629-9484 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE (UFF) 
ESCOLA DE ENFERMAGEM AURORA DE AFONSO COSTA (EEAAC) 
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL-MPEA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
 
 
 
 
Viviane da Costa Melo 
Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira 
 
 
 
 
 
LINHA DE PESQUISA: O CONTEXTO DO CUIDAR EM SAÚDE 
 
 
 
 
 
 
 
 
Niterói, 2018 
 2 
 
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE EDUCAÇÃO 
EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA ATENÇÃO 
PRIMÁRIA À SAÚDE 
 
 
 
Autora: Viviane da Costa Melo 
Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira 
 
 
 
 
 
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado Profissional em 
Enfermagem Assistencial da Escola de Enfermagem Aurora Afonso 
Costa da Universidade Federal Fluminense/UFF como parte dos 
requisitos para a obtenção do título de Mestre. 
 
 
 
Linha de Pesquisa: O Contexto do Cuidar em Saúde 
 
 
 
 
Niterói, Outubro de 2018 
 
 
 
 
 3 
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE 
MESTRADO PROFISSIONAL EM ENFERMAGEM ASSISTENCIAL 
 
 
 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
 
 
PROTOCOLO DE ENFERMAGEM PARA GRUPOS DE 
EDUCAÇÃO EM SAÚDE AOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS NA 
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE 
 
 
 
 
Linha de Pesquisa: O Contexto de Cuidar em Saúde 
 
Autora: Viviane da Costa Melo 
 
Orientador: Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira 
 
 
 
 
Banca Examinadora: 
 
 
 
______________________________________________________ 
 Presidente - Prof. Dr. Enéas Rangel Teixeira – UFF 
 
 
 
______________________________________________________ 
 1ª examinador(a) - Profª. Drª Sonia Sirtoli Färber–FAMIPAR 
 
 
_____________________________________________________ 
 2ª examinador (a) - Profª. Drª Eliane Ramos Pereira – UFF 
 
 
________________________________________________________ 
 3ª examinador (a)- Profª. Drª Rose Mary Costa Rosa Andrade Silva – UFF 
 
 
 
 
Niterói, RJ 
2018 
 
 4 
 
 
 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DEDICATÓRIA 
 
 À minha filha Maitê Melo Medina, todo o esforço, foi por você! 
 
 6 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
A Deus por ouvir minhas preces ao pedir força e sabedoria para concluir esse estudo. 
À minha Mãe que ficou ao meu lado me ajudando na tarefa de cuidar da Maitê enquanto 
escrevia. Eu não teria conseguido mesmo! 
À minha amiga Luisa por todo o apoio e ajuda desde o processo seletivo para o 
mestrado até agora na defesa. 
Ao meu companheiro Pedro por todo amor e carinho. 
Ao meu orientador Éneas pelo ser humano fantástico e admirável. Eu tive muita sorte. 
No desespero ao ligar para ele e dizer: Eu vou desistir, pois não vou conseguir terminar, 
e ouvir: “Não desista não, você vai conseguir sim, esse mestrado é importante para 
você.” Pronto! Tudo fluiu! Eterna Gratidão! 
À coordenadora Eliane Ramos a quem sou muito grata pela minha trajetória no MPEA. 
Aos meus 5 irmãos que estão sempre torcendo e orando por mim. 
Aos meus tios Nilsa e José por todo o apoio desde a graduação. 
À minha afilhada Letícia e amigo Adolfo por me ajudarem nas tabelas suprindo minhas 
desabilidades computacionais. 
À Gestão do PMF (Fernanda Quintão e Flávia Mariano) por me proporcionar essa 
possibilidade de capacitação. 
Aos meus colegas da CCF Badu, principalmente minha querida equipe 374 (Dra 
Carolina, Abboud, Genicea, Jaqueline, Dayse e Kátia). 
Aos componentes da banca Professoras Silvia Teresa Carvalho, Aline Miranda, Eliane 
Ramos, Sonia Sirtoli e Rose Rosa pelo aceite e toda contribuição. 
 
 A todos, muito obrigada! 
 7 
SUMÁRIO 
INTRODUÇÃO .............................................................................................................. 13 
1.1 Motivação para o Tema ........................................................................................ 13 
1.2 Contextualização do Tema ................................................................................... 15 
1.3 Questões Norteadoras ........................................................................................... 18 
1.4 Objeto .................................................................................................................. 18 
1.5 Objetivo GeralOBJETIVO GERAL ..................................................................... 19 
1.6 Objetivos Específicos .......................................................................................... 19 
1.7 Justificativa e relevância ....................................................................................... 19 
2. REFERENCIAL CONCEITUAL .............................................................................. 21 
2.1 Estado da Arte ...................................................................................................... 21 
2.2 Políticas Públicas .................................................................................................. 27 
2.3 Os grupos .............................................................................................................. 29 
2.4 Referencial Teórico ............................................................................................. 32 
2.4.1 Teoria de Leninger......................................................................................... 32 
2.4.2 Trabalho de Grupo Segundo Pichon-Riviére ................................................ 33 
MÉTODO ....................................................................................................................... 35 
3.1 Tipo de estudo ...................................................................................................... 35 
3.2 Cenário de estudo ................................................................................................. 35 
3.3 População e amostra ............................................................................................. 37 
3.4 Critérios de inclusão ............................................................................................. 37 
3.5 Critérios de exclusão ............................................................................................ 37 
3.6 Coleta de dados ..................................................................................................... 37 
3.7 Análise dos dados ................................................................................................. 39 
3.8 Aspectos éticos ..................................................................................................... 40 
3.9 Riscos e Benefícios ............................................................................................... 41 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 42 
4.1. Categoria 1. As atividades grupais e suas características .................................... 49 
4.2 Categoria 2. A integração enfermeiro-usuário nas práticas grupais ..................... 56 
4.3 Categoria 3. Concepções teóricas e estratégias para abordagem dos grupos na 
APS. ............................................................................................................................ 60 
5. PRODUTO ................................................................................................................. 67 
CONSIDERAÇÕES FINAIS ......................................................................................... 77 
Referências .....................................................................................................................79 
APÊNDICE 1- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA 
ENFERMEIROS ............................................................................................................ 85 
APÊNDICE 2- TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO PARA 
USUÁRIOS HIPERTENSOS E DIABÉTICOS. ........................................................... 86 
APÊNDICE 3- INSTRUMENTO PARA COLETA DE DADOS ................................ 88 
ANEXO 1 ....................................................................................................................... 90 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 8 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
AB Atenção Básica 
ACS Agente Comunitário de Saúde 
APS Atenção Primária de Saúde 
BDENF Banco de Dados em Enfermagem 
BVS Biblioteca Virtual de Saúde 
CEP Comitê de Ética em Pesquisa 
DCNT Doenças Crônicas Não Transmissíveis 
DECS Descritores em Ciências da Saúde 
DF Distrito Federal 
DM Diabetes Mellitus 
ESF Estratégia Saúde da Família 
GBT Grupo Básico de Trabalho 
HAS Hipertensão Arterial Sistêmica 
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde 
MEDLINE Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica 
MESH Medical Subject Headings 
MS Ministério da Saúde 
NASF Núcleo Ampliado de Saúde da Família 
NEEP Núcleo de Educação Permanente e Pesquisa 
OMS Organização Mundial de Saúde 
PACS Programa de Agentes Comunitários de Saúde 
PMF Programa Médico de Família 
PNAB Política Nacional de Atenção Básica 
RAS Redes de Atenção à Saúde 
SUS Sistema Único de Saúde 
TCC Trabalho de Conclusão de Curso 
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido 
UBS Unidade Básica de Saúde 
UERJ Universidade Estadual do Rio de Janeiro 
 
 
 9 
LISTA DE QUADROS E TABELAS 
 
 
 
Quadro 1- Descrição dos artigos selecionados de acordo com o autor, ano, título, periódico e 
resultados principais....................................................................................................................................16 
 
Quadro 2- Síntese do Protocolo para grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos 
 
Tabela 1- Perfil dos enfermeiros participantes das entrevistas da APS Niterói......................................36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 10 
LISTA DE FIGURAS E GRÁFICOS 
 
Figura 1- Territorialização por Bairro e Policlínica Niterói/RJ...............................................31 
 
Gráfico 1- Caracterização dos enfermeiros quanto ao sexo..................................................................37 
 
Gráfico 2- Caracterização dos enfermeiros quanto a faixa etária..........................................................37 
 
Gráfico 3- Caracterização dos enfermeiros quanto a religião.................................................................38 
 
Gráfico 4- Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de formado.............................................38 
 
Gráfico 5- Caracterização dos enfermeiros quanto ao número de emprego..........................................39 
 
Gráfico 6- Caracterização dos enfermeiros quanto ao tempo de atuação na APS.................................39 
 
Gráfico 7- Caracterização dos enfermeiros quanto a Renda..................................................................40 
 
Gráfico 8- Caracterização dos enfermeiros quanto a especialização na saúde pública..........................40 
 
Gráfico 9- Caracterização dos enfermeiros quanto a capacitação para práticas grupais........................41 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 11 
RESUMO 
 
Introdução: As doenças crônicas como a Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus 
constituem um desafio para os sistemas de saúde já que os portadores apresentam baixa 
adesão ao tratamento e estas condições são muito prevalentes, multifatoriais com 
coexistência de determinantes biológicos e socioculturais. As atividades em grupo se 
configuram como tecnologia prevista e estratégia efetiva para promover saúde, 
estimular mudanças e melhorar a qualidade de vida das pessoas. Dessa forma, o 
enfermeiro deve estar preparado para desenvolver o trabalho educativo individual ou 
coletivo de modo a atuar como facilitador no intercâmbio de informações e 
conhecimentos nos grupos. Objetivo geral: Elaborar um protocolo de assistência de 
enfermagem para grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos no 
Programa Médico de Família de Niterói e como Objetivos específicos: conhecer os 
cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em saúde para hipertensos 
e diabéticos no Programa Médico de Família; descrever como as atividades grupais de 
educação em saúde para hipertensos e diabéticos têm sido realizadas pelos enfermeiros; 
discutir os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos de educação em saúde para 
hipertensos e diabéticos na perspectiva sócio-cultural. Metodologia: pesquisa 
qualitativa, de abordagem descritiva, a coleta de dados ocorreu por meio de entrevista 
semiestruturada com os enfermeiros e observação participante nos grupos de educação 
em saúde aos hipertensos e diabéticos realizados na Clínica Comunitária da Família do 
Badu. Os critérios de inclusão foram: enfermeiros que desejaram participar da pesquisa; 
enfermeiros que realizavam grupos para hipertensos e diabéticos; os usuários 
hipertensos e diabéticos cadastrados e acompanhados nos grupos. Os critérios de 
exclusão serão: Os enfermeiros que atenderam os critérios de inclusão, mas estavam de 
licença ou férias. Os dados coletados foram analisados pela análise de Laurence Bardin. 
Resultados: foram organizados nos seguintes eixos temáticos: As atividades grupais e 
suas características; a integração usuário-enfermeiro nas práticas grupais e concepções 
teóricas e estratégias para abordagem dos grupos na Atenção Primária à Saúde 
Conclusões: Protocolo de enfermagem para grupos de educação em saúde aos 
hipertensos e diabéticos tem como proposta contribuir para respaldar as ações dos 
enfermeiros que atuam em grupos de educação em saúde, tendo em vista os aspectos 
socioculturais dos usuários. 
 
Descritores: processos grupais, enfermagem em saúde pública, hipertensão arterial, 
diabetes mellitus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 12 
ABSTRACT 
 
Introduction: Chronic diseases such as Hypertension and Diabetes Mellitus constitute 
a challenge for health systems since patients have low adherence to treatment and these 
conditions are very prevalent, multifactorial with coexistence of biological and 
sociocultural determinants. The group activities are configured as predicted technology 
and effective strategy to promote health, stimulate changes and improve people's quality 
of life. In this way, the nurse must be prepared to develop individual or collective 
educational work in order to act as a facilitator in the exchange of information and 
knowledge in the groups. Objective: To develop a nursing care protocol for health 
education groups for hypertensive and diabetic patients in the Family Medical Program 
of Niterói and as Specific Objectives: to know the care performed by nurses in the 
health education groups for hypertensive and diabetic patients in the Medical Program 
family's; describe how the group activities of health education for hypertensive and 
diabetic patients have been performed by nurses; to discuss the care carried out by 
nurses in health education groups for hypertensive and diabetic patients from a socio-
cultural perspective. Methodology: qualitative research, descriptive approach, data 
collection was done through a semi-structured interview with nurses and participant 
observationin the health education groups to hypertensive and diabetic patients at the 
Community Clinic of the Badu Family. The inclusion criteria used was: nurses who 
wish to participate in the research; nurses who perform groups for hypertensive and 
diabetic patients; the hypertensive and diabetic users registered and accompanied in the 
groups. The exclusion criteria used was: nurses who met the inclusion criteria but were 
on vacation or on leave. The data collected were analyzed by Laurence Bardin's 
analysis. Results: were organized in the following thematic axes: Group activities and 
their characteristics; the user-nurse integration in group practices and theoretical 
conceptions and strategies to approach groups in Primary Health Care Conclusions: 
Nursing protocol for health education groups for hypertensive and diabetic patients has 
as a proposal to contribute to support the actions of nurses who work in health education 
groups, considering the sociocultural aspects of the users. 
 
Descriptors: group processes, public health nursing, hypertension, diabetes mellitus. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 13 
INTRODUÇÃO 
 
 1.1 Motivação para o Tema 
 
O interesse em realizar essa pesquisa está relacionado à minha trajetória 
profissional na Estratégia Saúde da Família (ESF) em dois municípios do Rio de 
Janeiro: Petrópolis onde atuei de 2011 até 2012 e em Niterói de 2013 até os dias de 
hoje. Nesses serviços, percebi a demanda de atendimento que emerge diariamente pelos 
usuários hipertensos e diabéticos. 
No período em que atuei no município de Petrópolis, vivencie a implantação na 
minha unidade do grupo de cessação do tabagismo. Recebi uma capacitação em serviço 
durante três dias e passei a coordenar esse grupo. 
O resultado foi tão satisfatório que a cada dia surgiam novos usuários com 
interesse em participar do grupo. Sendo assim, meu entusiasmo e apreciação pelas 
atividades grupais tanto para executar quanto para pesquisar só crescia, portanto no 
período em que trabalhei em Petrópolis, cursei uma pós-graduação em saúde da família 
pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em que meu Trabalho de 
Conclusão de Curso (TCC) foi intitulado “Grupo de cessação do tabagismo: relato de 
experiência na estratégia saúde da família”. 
Após um ano de trabalho nessa unidade, meu contrato foi rescindido, encerrei os 
grupos com mais de 40 usuários que conseguiram cessar o tabagismo. 
No ano de 2013 iniciei minha trajetória no Programa Médico de Família (PMF) 
de Niterói na Clinica Comunitária da Família Ilha da Conceição, em 2015 solicitei 
transferência para Clinica Comunitária da Família do Badu. 
O PMF adotou no período de 1992 a 2012, a concepção de modelo centrado na 
Estratégia de Saúde da Família, através de um desenho metodológico próprio, que difere 
em alguns aspectos da proposta do Ministério da Saúde em relação à composição de 
profissionais na equipe básica
1
. 
O processo de implantação teve como modelo o programa de Cuba, funcionou 
durante 20 anos com a concepção de Grupo Básico de Trabalho (GBT). Cada GBT era 
constituído por um coordenador, uma equipe de supervisores (composta por clínico 
geral, pediatra, ginecologista-obstetra, sanitarista, assistente social, enfermeiro e 
psiquiatra ou psicólogo), que prestavam apoio técnico e metodológico à equipe básica, 
constituída de médicos generalistas e técnicos de enfermagem
1
. 
 14 
 A partir de 2010, o enfermeiro e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) 
passaram a compor a equipe básica do PMF, e a demanda no cotidiano do trabalho do 
enfermeiro acaba por destinar mais tempo as atividades de caráter administrativo em 
detrimento daquelas de caráter assistencial. Como exemplo, a regulação de exames e 
consultas com especialistas que é realizada pelo enfermeiro nas unidades do PMF. 
Concomitante a essa nova organização, iniciou-se um processo de aumento do 
número de usuários cadastrados por equipe, antes uma equipe constituída por um 
técnico de enfermagem e um médico atendia 750 usuários, atualmente esse número 
passou para 2 mil usuários por equipe nos módulos do PMF e nas unidades de Clínica 
Comunitária da Família ultrapassam o número de 2 mil usuários cadastrados por equipe. 
As equipes de saúde da família devem se organizar para mensalmente atender 
aos indicadores de desempenho estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS) em 
relação à área estratégica “Doença Crônica” cujos indicadores são: Proporção de 
pessoas com diabetes cadastradas, proporção de pessoas cadastradas com hipertensão, 
média de atendimentos por diabético, média de atendimentos por hipertenso. 
Logo, as atividades de grupos educativos em saúde tornam-se estratégia 
executada pelos enfermeiros do PMF para atender uma demanda assistencial que 
emerge diariamente nas unidades, para reorganizar os serviços de saúde e atender os 
indicadores do MS. 
Destarte, interessei-me em desenvolver um protocolo de enfermagem para 
grupos educativos aos hipertensos e diabéticos na Atenção Primária à Saúde (APS) por 
ser um dos grupos prioritários na ESF, pela demanda que esses usuários trazem para o 
serviço, por perceber na unidade em que atuo durante as consultas de enfermagem e 
visita domiciliar, a lacuna que existe na compreensão do autocuidado desses usuários. 
Além da percepção, durante conversas informais com os profissionais de todas as 
categorias, das dificuldades que estes possuem no manejo com grupos de educação em 
saúde aos hipertensos e diabéticos. 
No entanto, para atendimento em grupo na APS não há um instrumento, como 
um protocolo, diretriz, normatização ou caderno do MS especifico para nortear o 
trabalho do enfermeiro para prática dessa atividade. Protocolo é definido como: 
 
Protocolo é a descrição de uma situação específica de 
assistência/cuidado, que contém detalhes operacionais e 
especificações sobre o que se faz, quem faz e como se 
faz, conduzindo os profissionais nas decisões de 
 15 
assistência para a prevenção, recuperação ou 
reabilitação da saúde. 
2:3 
 
É importante ressaltar que os grupos possuem características subjetivas, um 
espaço de encontro de saberes, culturas e costumes distintos. Logo escrever um 
protocolo para essa atividade, não é elaborar algo definido, engessado ou direcionado 
como uma linha de trem e sim elaborar um instrumento como se fosse uma trilha para 
nortear o enfermeiro que tenha dificuldades de coordenar esses grupos em saúde e para 
aqueles que desejarem incorporar as atividades grupais em seu processo de trabalho. 
 Como de fato, a intenção desse estudo é proporcionar subsídios para que os 
enfermeiros realizem práticas grupais efetivas impactando de forma positiva na vida dos 
usuários. 
O MS assumiu o compromisso de estabelecer uma parceria com Estados, 
municípios e sociedade para apoiar a reorganização da rede de saúde, com vistas à 
melhoria da atenção aos portadores de diabetes e hipertensão, mediante o 
desenvolvimento de ações articuladas de promoção, prevenção, tratamento e 
recuperação
3
. 
Nesse contexto, o enfermeiro tem como importantes atribuições assistenciais, as 
orientações sobre mudança no estilo de vida e adesão ao tratamento que poderão ser 
abordadas nas consultas de enfermagem ou nas práticas grupais. 
 
1.2 Contextualização do Tema 
 
A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) e o Diabetes Mellitus (DM) constituem 
os principais fatores de risco para as doenças do aparelho circulatório. Entre as 
complicações mais freqüentes decorrentes desses agravos encontram-se o Infarto Agudo 
do Miocárdio, o Acidente Vascular Encefálico, a Insuficiência Renal Crônica, as 
amputações de pés e pernas, a cegueira definitiva, os abortos e as mortes perinatais
3
. 
A HAS representa um sério problema epidemiológico no Brasil, tanto pela sua 
elevada prevalência na população adulta e idosa, quanto pelas complicações que 
acarreta, com acentuadas taxas de morbimortalidadee impactos relevantes nos custos 
hospitalares, previdenciários, econômicos e sociais
4
. 
Dados internacionais estimam que a doença afeta 1 bilhão de pessoas no 
mundo
4
. No Brasil a prevalência da hipertensão varia entre 22,3 e 43,9%, com média de 
32,5%
5
. 
 16 
O DM apresenta-se como um tema relevante por estar entre os maiores 
problemas de saúde pública, afetando em torno de 246 milhões de pessoas em todo o 
mundo
6
. 
O diabetes apresenta alta morbi-mortalidade, com perda importante na qualidade 
de vida. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou em 1997 que, após 15 anos 
de doença, 2% dos indivíduos acometidos estariam cegos e 10% terão deficiência visual 
grave. Além disso, estimou que, no mesmo período de doença, 30 a 45% terão algum 
grau de retinopatia, 10 a 20%, de nefropatia, 20 a 35%, de neuropatia e 10 a 25% terão 
desenvolvido doença cardiovascular 
6
. 
As doenças crônicas, especialmente a Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus 
constituem um desafio para os sistemas de saúde já que os portadores apresentam baixa 
adesão ao tratamento. 
O Plano de Reorganização da Atenção à HAS e ao DM estabelece diretrizes e 
metas para a atenção aos portadores desses agravos no Sistema Único de Saúde, 
mediante a reestruturação e a ampliação do atendimento básico voltado para esses 
agravos, com ênfase na prevenção primária, na ampliação do diagnóstico precoce e na 
vinculação de portadores à rede básica de saúde
3
. 
Nesse contexto, merece destaque a iniciativa do MS em desenvolver o 'Plano de 
Enfrentamento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis'
6
, (DCNT) que define e 
prioriza as ações e os investimentos necessários à preparação do Brasil para enfrentar e 
deter as DCNT no período 2011-2022
6
. 
Os serviços de saúde, em sua organização, têm a finalidade de garantir acesso e 
qualidade às pessoas. A Atenção Básica (AB), em sua importante atribuição de ser a 
porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), tem o papel de reconhecer o 
conjunto de necessidades em saúde e organizar as respostas de forma adequada e 
oportuna, impactando positivamente nas condições de saúde por meio de ações 
previstas para serem executadas pela ESF. Assim essas ações são evidenciadas pelo 
MS, que visam à orientação da vigilância à saúde das famílias e dos seus entornos, 
propõe-se a estreitar o vínculo entre os portadores de hipertensão arterial e diabetes e as 
unidades de saúde
7
. 
Por conseguinte, um grande desafio atual para as equipes de AB é a Atenção em 
Saúde para as doenças crônicas. Estas condições são muito prevalentes, multifatoriais 
com coexistência de determinantes biológicos e socioculturais, e sua abordagem, para 
 17 
ser efetiva, necessariamente envolve as diversas categorias profissionais das equipes de 
saúde e exige o protagonismo dos indivíduos, suas famílias e comunidade
3
. 
A atuação do enfermeiro da ESF nos programas de hipertensão e diabetes é da 
maior relevância, pelas propostas de abordagem não farmacológica, além de sua 
participação em praticamente todos os momentos do contato dos pacientes com a 
unidade
3
. 
Um dos problemas do modelo assistencial vigente está no processo de trabalho 
centrado no fazer do médico que concentra o cuidado para uma prática curativa, no 
entanto no campo da atenção básica é preciso inovar e não se restringir a intervenções 
tradicionais, sobretudo pelo fato de que o modelo de prática clínica centrada na 
dimensão biomédica e com olhar dirigido apenas para a doença é pouco eficiente
8
. 
Nesse cenário, o enfermeiro desempenha papel muito importante na vida dos 
usuários com doenças crônicas por meio de ações educativas em diferentes contextos, 
como, por exemplo, grupos educativos para hipertensos e diabéticos, visto que o 
controle tanto da hipertensão arterial como do diabetes mellitus exige grande 
cooperação por parte dos usuários e adoção de ações de autocuidado
9
. 
Junto com o pensamento crítico, é necessário elaborar métodos e tecnologias que 
analisem os problemas existentes e que propiciem uma mudança de posição interferindo 
diretamente no cuidado, promoção e proteção da saúde e da vida individual e coletiva
10
. 
Dessa forma, o enfermeiro deve estar preparado para desenvolver o trabalho 
educativo individual ou coletivo de modo a atuar como facilitador no intercâmbio de 
informações e conhecimentos nos grupos. 
A Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) define algumas atribuições do 
enfermeiro como realizar consulta de enfermagem, visita domiciliar, procedimentos, 
atividades em grupo e conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas 
pelo gestor federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal
 
(DF)
7
. 
O PMF possui na organização da assistência aos usuários com HAS e DM a 
consulta médica, de especialistas como cardiologista, endocrinologistas e por ser uma 
clínica que requer como conduta de tratamento orientação sobre mudança de estilo de 
vida, busca-se a adoção de hábitos alimentares saudáveis, abandono do tabagismo, 
prática de atividade física regular e adesão ao tratamento medicamentoso. 
Nesse contexto, o enfermeiro tem como importantes atribuições assistenciais, as 
orientações sobre mudança no estilo de vida e adesão ao tratamento que poderão ser 
abordadas nas consultas de enfermagem ou nas práticas grupais. 
 18 
A possibilidade de proporcionar atendimento a um número maior de usuários 
por meio de grupos educativos se dá pela promoção de uma maior convivência dos 
usuários, a coletivização das angústias vivenciadas por cada um, podendo assim 
partilhar suas dificuldades de enfrentamento, suas angustias e buscar soluções muito 
mais coletivas do que individuais
11
. 
 O modelo de atendimento em grupos tem sido uma forma adequada de auxiliar 
na promoção da compreensão de situações enfrentadas pelo indivíduo. Estes espaços 
favorecem o aprimoramento de todos os envolvidos, não apenas no aspecto pessoal 
como também no profissional, por meio da valorização dos diversos saberes e da 
possibilidade de intervir criativamente no processo de saúde-doença
11
. 
Este estudo se insere no Núcleo de Pesquisa em Psicossomática; Cuidados em 
Saúde e Enfermagem; Subjetividades na Perspectiva Transdisciplinar. 
 
 
1.3 QUESTÕES NORTEADORAS 
 
Tendo em vista a potencialidade da prática em grupos, das atribuições inerentes 
ao enfermeiro no âmbito da saúde da família e minhas inquietudes a cada grupo 
realizado surgiram as seguintes questões norteadoras desse estudo: 
 
1. Como o enfermeiro realiza as atividades de grupos educativos em saúde 
aos usuários hipertensos e diabéticos? 
 
2. Como ocorre o processo de integração usuários e enfermeiros nas 
práticas grupais, considerando o aspecto sociocultural? 
 
1.4 OBJETO 
 
 Práticas grupais de educação em saúde realizadas por enfermeiros aos usuários 
hipertensos e diabéticos para elaboração de um protocolo de enfermagem na APS. 
 
 19 
1.5 OBJETIVO GERAL 
 
Elaborar um protocolo de enfermagem para grupos de educação em saúde aos 
hipertensos e diabéticos da APS. 
 
1.6 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Conhecer os cuidados realizados pelos enfermeiros nos grupos educativos em 
saúde aos hipertensos e diabéticos da APS; 
 
Descrever como as atividades grupais de educação em saúde para hipertensos e 
diabéticos têm sido realizadas pelos enfermeiros da APS; 
 
Discutir as atividades de cuidados dos enfermeiros na assistência aos usuários 
hipertensos e diabéticos na perspectiva sócio-cultural. 
 
 
1.7 JUSTIFICATIVA E RELEVÂNCIA 
 
Esse estudo é importante porque a criação de um instrumento de trabalho, como 
protocolo, respalda as atribuições do enfermeiro frente às ações de cuidado aos usuários 
fundamentado no código de ética do exercício legal do enfermeiro e na PNAB. 
Cabe ressaltar que o uso de diretrizes e protocolos assistenciais pelas equipes de 
saúde está fortemente relacionado à qualidade da assistência,resultando em 
diagnósticos mais precisos, em tratamentos mais adequados, em melhor uso de recursos 
e exames e em melhores resultados em saúde
12
. 
Uma das direções revolucionárias de nossa prática em saúde a possibilidade de 
atender em grupos doentes portadores de doenças crônicas
13
. 
A utilização da tecnologia de grupo operativo, com desenvolvimento de 
atividade educativa, é um importante instrumento de ação do enfermeiro para o 
enfrentamento de doença crônica degenerativa de grande prevalência
13
. 
As atividades educativas em grupos, direcionadas a uma determinada clientela, 
como portadores de doenças crônicas, têm sido desenvolvidas pelo enfermeiro nas 
unidades do PMF como estratégia de prevenção e promoção de saúde, no entanto para a 
 20 
realização dessa prática não há um protocolo, diretriz ou normativa para nortear o 
trabalho do enfermeiro com descrição de como executar o atendimento em grupo, 
tornando-se uma prática meramente intuitiva. 
Sendo assim, é necessário que tenham mais pesquisas e diretrizes que norteiem a 
gestão do trabalho com grupos, desde a implementação à avaliação. 
A falta de conhecimento sobre planejamento, dinâmica e funcionamento de 
grupos, pode acarretar dificuldades em obter bons resultados nesta atividade, ou até 
mesmo não atingir os objetivos traçados
14
. 
Logo, torna-se fundamental a criação de um protocolo de enfermagem para 
grupos educativos aos hipertensos e diabéticos na atenção primária com finalidade de 
respaldar o enfermeiro para execução de uma pratica com qualidade e resolutividade. 
Quanto às contribuições desse estudo, vale destacar que o PMF é um serviço de 
saúde que participa da formação dos graduandos de enfermagem, logo esse estudo tem a 
intenção de qualificar a assistência de enfermagem e o ensino na perspectiva da 
integração ensino-serviço. 
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis e Promoção da Saúde são temas 
inseridos na área de prioridade de pesquisa no Brasil o que corrobora para a importância 
do desenvolvimento dessa pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 21 
2. REFERENCIAL CONCEITUAL 
 
2.1 ESTADO DA ARTE 
 
Para compreensão do estado da arte e fundamentação do tema da pesquisa, foi 
realizada uma revisão integrativa com intuito de buscar publicações sobre a questão 
norteadora: Como são realizadas as práticas grupais de educação em saúde aos 
hipertensos e diabéticos nos serviços de saúde? 
 A pesquisa ocorreu no mês de fevereiro de 2018 na Biblioteca Virtual de Saúde 
(BVS), nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da 
Saúde (LILACS), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online 
(MEDLINE) e (BDENF), por meio dos descritores em Ciências da Saúde (Decs): 
hipertensão arterial, processos grupais, diabetes mellitus, enfermagem em saúde pública 
e seus respectivos: Medical Subject Headings (MeSH): hypertension, group processes, 
diabetes mellitus, public health nursing. 
A partir da combinação dos descritores hipertensão arterial and processos 
grupais, diabetes mellitus and processos grupais, enfermagem em saúde pública and 
processos grupais foram obtidos 213 publicações. Desses, foram excluídos 159 artigos 
após critérios estabelecidos conforme descrito abaixo. 
Os critérios de inclusão para seleção da amostra foram os seguintes: 
 
 Artigos disponíveis na integra online; 
 Artigos nos idiomas em inglês, português e espanhol; 
 Artigos publicados nos últimos 10 anos. 
 
Aos critérios de exclusão foram descartados: 
 
 Artigos repetidos; 
 Artigos que não estavam relacionados à temática da pesquisa; 
 Artigos que não possuíam evidências de contribuição para a enfermagem. 
 
Após leitura prévia com o objetivo de buscar informações que atendessem à 
elaboração do estudo em perspectiva foram selecionados 12 artigos conforme quadro 1 
abaixo. 
 22 
Quadro 1. Descrição dos artigos selecionados de acordo com o autor, ano, título, 
periódico e resultados principais. 
 
 
 
Autor 
 
Ano 
 
Título 
 
Periódico 
 
Resultados Principais 
 
Menezes LCG 
et al 
2016 Estratégias educativas 
para pessoas 
diabéticas com pé em 
risco neuropático: 
síntese de boas 
evidências. 
Rev. Eletr. 
Enfermagem 
Todas as estratégias educativas são efetivas na 
promoção do autocuidado do pé diabético, porém, 
as estratégias grupais mostraram maior eficácia, 
Nogueira et al 2016 Pistas para 
potencializar grupos 
na Atenção Primária à 
Saúde. 
 Rev. Bras. 
Enfermagem 
Organização do grupo que envolve investimentos 
de motivação e liderança por parte de quem 
coordena; a produção da grupalidade e coesão é 
resultado do encontro entre participantes e 
coordenadores, tecida pelos diálogos, dito e não 
ditos que se expressam no movimento grupal; o 
sentimento de pertença garante a permanência no 
grupo pelo reconhecimento de seus saberes e 
necessidades afetivas, sociais e de saúde. 
Pereira FRLP, 
Torres HC, 
Candido NA, 
Alexandre LR 
2009 Promovendo o 
autocuidado em 
diabetes na educação 
individual e em grupo. 
Rev. 
Ciências 
Cuidado 
Saúde 
A prática educativa individual e em grupo 
apresenta-se como uma maneira eficaz de 
conscientizar o individuo sobre a importância do 
autocuidado, além de possibilitar a estes e aos 
profissionais de saúde discussão das informações 
acerca da doença e do tratamento. 
Fernandes 
MTOF,Silva 
LBS, Soares 
SM. 
2011 Utilização de 
tecnologias no 
trabalho com grupos 
de diabéticos e 
hipertensos na saúde 
da família 
Rev. Ciência 
& Saúde 
Coletiva 
O estudo mostrou que os coordenadores de grupo 
necessitam de aporte teórico e que existe a 
incorporação de tecnologias que abrangem o 
contexto de uma prática ora pouco criticada e 
diferenciada e ora envolta por elementos 
diversificados do cuidado. 
Silva LB et al 2013 A utilização da 
música nas atividades 
educativas em grupo 
na saúde da família 
Rev. Latino-
Am. 
Enfermagem 
Observou-se uma tentativa de os coordenadores 
transporem as barreiras do patológico a partir do 
uso da música. O estudo indicou a necessidade de 
capacitação desses coordenadores por meio de 
oficinas e acompanhamento constante de suas 
práticas musicais. 
Merakou K et 
al 
2015 Group patient 
education: 
effectiveness of a 
brief intervention in 
people with type 2 
diabetes mellitus in 
primary health care in 
Greece: a clinically 
controlled trial 
Health 
Education 
Research 
 
Observou-se uma diferença significativa nos 
parâmetros clínicos dos indivíduos que 
participaram do grupo educativo comparado aos 
que tiveram atendimento individual. 
Melo PM, 
Campos EA 
2014 “O grupo facilita 
tudo”: significados 
atribuídos por 
pacientes portadores 
de diabetes mellitus 
tipo 2 a grupos de 
educação em saúde. 
Rev.Latino-
Am. 
Enfermagem 
Os grupos estudados mostraram-se como 
instancias produtoras de sentidos e de 
significados, concernentes ao processo de 
adoecimento e aos modos de navegação social no 
interior do sistema oficial de saúde. 
Secco AC, 
Paraboni P, 
Arpini DM 
2017 Os grupos como 
dispositivo de cuidado 
na AB para o trabalho 
Mudanças- 
Psicologia da 
saúde 
O trabalho com grupos ainda é um desafio para 
algumas equipes de saúde, porém quando as 
práticas grupais se efetivam através de uma 
 23 
com pacientes 
portadores de 
Diabetes e 
Hipertensão 
perspectiva relacional e interativa em que os 
problemas e as soluções são partilhados num 
ambiente empático, seguro e contentor, essas têm 
se mostrado estratégias importantes e efetivas de 
promoção de saúde e autocuidado. 
Cardoso LS, 
et al 
2011 Finalidade do 
processo 
comunicacional das 
atividades em grupo 
na Estratégia Saúde 
da Família 
Rev. Latino-
Am. 
Enfermagem 
Estabelecimento de interações de reciprocidade 
entre profissionais/cliente/família favorece a 
intervenção promotora da saúde, porestimular a 
troca de conhecimentos entre os participantes, a 
respeito de suas experiências de saúde 
Oliveira AK, 
et al 
2012 Práticas educativas 
em Diabetes Mellitus 
Rev. Gaucha 
Enfermagem 
As práticas de educação em saúde realizadas no 
Brasil enfocam num processo de mudança do 
paradigma da educação bancária para o enfoque 
da educação problematizadora e dialógica com 
vistas a promoção da saúde. 
Rocha LP et 
al 
2010 Processos grupais na 
estratégia saúde da 
família: Um estudo a 
partir da percepção 
das enfermeiras 
Rev. Enferm. 
UERJ 
A diversidade de ações desenvolvidas requer dos 
profissionais uma organização prévia para 
contemplar as recomendações ministeriais. 
Silva FM et al 2014 Contribuições de 
grupos de educação 
em saúde para o saber 
de pessoas com 
hipertensão 
Rev. 
Brasileira de 
Enfermagem 
O grupo de educação em saúde foi apontado 
como espaço relevante, tanto pelas explicações 
disponibilizadas pelos profissionais, quanto pela 
troca de conhecimentos e experiências com os 
demais participantes. 
Fonte: Elaborado pela autora 
 
De acordo com os artigos selecionados e lidos alguns assuntos foram mais 
abordados como planejamento dos grupos, estratégias e atividades em grupo, 
coordenador de grupos, efetividade das práticas grupais e conceitos de grupo. 
 O grupo é considerado um espaço de comunhão entre diferentes culturas, 
conhecimentos e visões de mundo, no qual cada pessoa se diferencia e se reconhece no 
outro, por meio de uma relação dialógica que lhes possibilita falar, escutar, refletir, 
questionar e aprender mutuamente 
15
. 
Essa modalidade de assistência incorporada na lista de procedimentos 
financiados pelo SUS direcionada para indivíduos diabéticos e hipertensos ficou 
conhecida como grupos Hiperdia
 16
. 
A partir da leitura dos artigos, observa-se que estudo aponta para efetividade das 
praticas grupais na APS trazendo benefícios para o individuo com doença crônica 
17
. 
 Estudos trazem estratégias utilizadas nos grupo de educação em saúde que 
possibilitaram melhoria da qualidade de vida das pessoas assistidas 
17, 18
. 
O estudo intitulado: “Estratégias educativas para pessoas diabéticas com pé em 
risco neuropático” teve como objetivo identificar as melhores evidências sobre 
estratégias de educação em saúde utilizadas para ensino-aprendizagem de pessoas com 
 24 
diabetes, nas quais foram citadas orientação em grupo, orientação individual em 
consulta e a distancia por telefone, dentre essas no que diz respeito à efetividade das 
estratégias, o trabalho em grupo foi a mais efetiva 
18
. 
Essa estratégia voltada para educação em saúde, que valoriza a discussão e o 
dialogo, amplia o entendimento do usuário sobre seus problemas e, conseqüentemente, 
favorecem mudanças nos hábitos de vida que constituam risco à saúde 
19
. 
A educação em saúde é favorecida pelas atividades em grupo, na medida em que 
essa modalidade promove o aprofundamento das discussões referentes às questões de 
saúde, facilitando a construção coletiva de saberes, sendo assim os grupos de educação 
em saúde são estratégias utilizadas pelos profissionais da atenção primária com foco na 
promoção da saúde 
15
. 
Os grupos de educação em saúde aos hipertensos e diabéticos tem a finalidade 
de promoção da saúde e também de prevenção de complicações. No entanto, na 
literatura observa-se que as práticas grupais são executadas com foco maior no controle 
da doença e nos problemas de saúde apresentados pelos usuários. Conforme aponta o 
estudo em que relata o acompanhamento através de grupos de apoio aos portadores de 
diabetes por 6 meses para avaliação de parâmetros clínicos como: peso corporal, 
glicemia capilar pós-prandial, pressão arterial e circunferência abdominal, logo essas 
intervenções profissionais visam, especialmente, à obtenção do controle glicêmico para 
evitar ou minimizar tais complicações 
20
. 
Para reafirmar essa discussão, outro achado nesse estudo trata-se de um ensaio 
clinico controlado 
21
 que objetivou avaliar o impacto da intervenção de grupo educativo 
em pessoas com DM Tipo II da atenção primária da Ática na Grécia. Uma amostra de 
193 pessoas com DM tipo 2 foi dividida em dois grupos, 138 indivíduos (intervenção -
grupo educativo) e 55 pacientes (grupo controle individual). Os indivíduos da 
intervenção participaram de um grupo educativo estruturado em que utilizaram Mapa de 
conversação enquanto o grupo controle recebeu atendimento individual padrão. Esses 
indivíduos tiveram índice de massa corporal, colesterol, hemoglobina glicada e 
triglicerídeos avaliados antes da intervenção e após 6 meses. 
Observou-se uma diferença significativa nos parâmetros clínicos dos indivíduos 
que participaram do grupo educativo comparado aos que tiveram atendimento 
individual. 
 25 
Na prática dos enfermeiros da saúde da família, as ações são organizadas para 
usuário e família com intenção de prevenir doenças e agravos, como, também para 
diminuir o sofrimento desses no enfrentamento de situação de adoecimento 
22
. 
Esse achado é corroborado em uma revisão de literatura crítica-reflexiva que 
afirma que estudos têm apontado que muitos serviços de saúde têm embasado suas 
ações em modelos prescritivos, com enfoque no controle da doença, reproduzindo a 
lógica individual nas práticas grupais
23
. 
Estudo afirma que os grupos Hiperdia são dispositivos terapêuticos nos quais se 
realizaram ações de educação em saúde, seguimento clínico regular, fornecimento de 
medicação, controles periódicos e atendimento de intercorrências
16
. Portanto a 
realização de grupos educativos ainda é um desafio para as equipes de saúde, porque 
muitas vezes seguem trabalhando sem levar em consideração os anseios, necessidades e 
demandas dos usuários, executando suas atividades de maneira mais prescritiva do que 
interativa. 
Nesse contexto, observa-se, que nem sempre os profissionais de saúde estão 
preparados para assumir a coordenação desses grupos, na medida em que esta prática 
exige atributos e habilidades, imprescindíveis para a interpretação dos fenômenos 
grupais
24
. 
Entretanto, um estudo realizado em cinco unidades básicas de Belo Horizonte 
cujo objetivo foi descrever como a música é utilizada no desenvolvimento de atividade 
educativa em grupo, observou-se uma tentativa dos coordenadores transporem as 
barreiras do patológico a partir do uso da música, considerando o grupo na sua 
integralidade. No entanto, este estudo indicou como avanço para a produção do 
conhecimento, a necessidade de capacitação dos coordenadores por meio de oficinas e 
acompanhamento constantes de suas praticas musicais 
25
. 
Mediante o exposto, apesar de prevalecer grupos focados na doença, há esforços 
de coordenadores para lançar estratégias não tradicionais apontando para a criatividade 
e buscando novas maneiras de cuidar
25
. 
Sendo assim, os grupos de educação em saúde são considerados ações 
revolucionárias na assistência da APS, no entanto é preciso que os enfermeiros 
coordenadores saibam conduzir essa prática por meio de estratégias efetivas com 
impacto positivo na vida das pessoas para que essa prática assistencial não seja 
desacreditada pelos usuários. 
 26 
Nesse sentido, é necessário abordar temas de cunho social, cultural, de cidadania 
além das discussões centradas na prevenção de doenças. 
O enfermeiro, como profissional fundamental da equipe, assume a educação em 
saúde como atividade inerente do seu processo de trabalho, e ao coordenar os trabalhos 
de grupo deve ter o domínio de tecnologia para aplicá-la em beneficio do 
desenvolvimento grupal. 
O papel do coordenador de grupo é ajudar o grupo a sair dos estereótipos, do já 
conhecido, e facilitar o diálogo entre os membros, de modo a não centralizar a fala do 
grupo em si 
24
. 
Estudos dessa revisão discutem a temática da coordenação do grupo sobre 
diversosaspectos: 
Rocha et al 
26 
analisam o modo de desenvolvimento das atividades em grupo da 
ESF pelo enfermeiro e equipe multiprofissional. Apontam sobre a necessidade dos 
coordenadores atuarem como facilitadores no intercambio de informações e 
conhecimentos, num processo dialógico com o usuário e a comunidade a partir de 
técnicas diferenciadas e integrativas, evitando as palestras. 
Esse mesmo estudo cita que, o coordenador deve-se dar preferência a ações 
lúdicas, como teatros, jogos, trabalhos artesanais e dinâmicas audiovisuais, agregadas às 
informações da temática que a equipe deseja trabalhar, ainda relata para um processo de 
trabalho eficaz é necessário um planejamento das atividades
26
. Constata-se que a 
periodicidade do grupo mensal é considerada satisfatória para construir e manter um 
vínculo profissional-usuário. 
Estudos afirmam que trabalhar com grupos ainda é um desafio, torna-se 
necessário que o coordenador seja devidamente capacitado, pois este ainda trabalha 
numa lógica “profissional centrada” executando suas atividades de maneira mais 
prescritiva do que interativa e modelos de intervenção centrados na transmissão vertical 
e impositiva do conhecimento prescritivo do profissional
19, 23
. 
A coordenação dos grupos deve ser representada por uma figura que o usuário 
possa depositar suas ansiedades e dificuldades, é fundamental que tenha atitude de 
maternagem, de pensar junto, apoiar na construção da autonomia. Sendo assim, a 
coordenação se destaca pela relação de horizontalidade e proximidade criando um 
contexto favorável para estimular as potencialidades dos integrantes
17, 26
. 
Estudos relatam que os coordenadores do grupo têm utilizado as atividades 
grupais para verificar pressão arterial, pesagem, glicemia capilar, entrega de 
 27 
medicamentos, troca de receitas, marcação de exames e consultas com intenção de 
monitorar a situação de saúde dos usuários e como uma estratégia para participação nos 
grupos 
19, 26
. 
Destaca-se ainda a diversidade de práticas desenvolvidas nos grupos pelo 
coordenador, compreendendo ações curativas, dialógicas e lúdicas, sendo que uma não 
exclui a outra e todas convergem para assistência integral ao cliente
17
. 
As bases teóricas que norteiam o cuidado do enfermeiro coordenador na prática 
das atividades grupais foram identificadas em apenas um artigo, dos 16 selecionados. 
Sendo assim, verifica-se essa lacuna que precisa ser preenchida com realização 
de novos estudos acerca de embasamentos teóricos nas praticas grupais. 
 
2.2 POLÍTICAS PÚBLICAS 
 
As políticas públicas de saúde devem viabilizar o acesso do usuário às 
instituições, essas por sua vez, devem promover a acessibilidade aos serviços propostos 
a estes usuários, nesse sentido esse estudo terá como fundamentação as seguintes 
políticas: 
 A Lei Nº 8080, De 19 DE SETEMBRO DE 1990 que dispõe sobre as 
condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o 
funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências
27
. 
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover 
as condições indispensáveis ao seu pleno exercício. 
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de 
políticas econômicas e sociais que visem à redução de riscos de doenças e de outros 
agravos e no estabelecimento de condições que assegurem acesso universal e igualitário 
às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação. 
PORTARIA Nº 2.488, DE 21 DE OUTUBRO DE 2011 aprova a Política Nacional de 
Atenção Básica (PNAB)
7
 estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a 
organização da atenção básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa 
de Agentes Comunitários de Saúde (PACS). 
Esta portaria, conforme normatização vigente do SUS define a organização de 
Redes de Atenção à Saúde (RAS) como estratégia para um cuidado integral e 
direcionado às necessidades de saúde da população. As RAS constituem-se em arranjos 
 28 
organizativos formados por ações e serviços de saúde com diferentes configurações 
tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma complementar e com base 
territorial, e têm diversos atributos, entre eles, destaca-se: a atenção básica estruturada 
como primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema, constituída de 
equipe multidisciplinar que cobre toda a população, integrando, coordenando o cuidado 
e atendendo às suas necessidades de saúde. A AB deve cumprir algumas funções para 
contribuir com o funcionamento das Redes de Atenção à Saúde, são elas
7
: 
I - Ser base: ser a modalidade de atenção e de serviço de saúde com o mais elevado grau 
de descentralização e capilaridade, cuja participação no cuidado se faz sempre 
necessária; 
II - Ser resolutiva: identificar riscos, necessidades e demandas de saúde, utilizando e 
articulando diferentes tecnologias de cuidado individual e coletivo, por meio de uma 
clínica ampliada capaz de construir vínculos positivos e intervenções clínica e 
sanitariamente efetivas, na perspectiva de ampliação dos graus de autonomia dos 
indivíduos e grupos sociais; 
III - Coordenar o cuidado: elaborar, acompanhar e gerir projetos terapêuticos singulares, 
bem como acompanhar e organizar o fluxo dos usuários entre os pontos de atenção das 
RAS. Atuando como o centro de comunicação entre os diversos pontos de atenção, 
responsabilizando-se pelo cuidado dos usuários por meio de uma relação horizontal, 
contínua e integrada, com o objetivo de produzir a gestão compartilhada da atenção 
integral. Articulando também as outras estruturas das redes de saúde e intersetoriais, 
públicas, comunitárias e sociais. 
IV - Ordenar as redes: reconhecer as necessidades de saúde da população sob sua 
responsabilidade, organizando-as em relação aos outros pontos de atenção, contribuindo 
para que a programação dos serviços de saúde parta das necessidades de saúde dos 
usuários. 
No entanto essa política teve seu texto revisado sendo atualizada através da 
PORTARIA Nº 2.436, DE 21 DE SETEMBRO DE 2017
28
, tendo como principais 
alterações o financiamento de equipes de Atenção Básica, a continuidade do uso dos 
sistemas de informação em saúde, a integração com as vigilâncias, mudanças com 
relação ao prazo de implantação das equipes, à cobertura do Núcleo Ampliado de Saúde 
da Família e Atenção Básica (NASF-AB), ao teto populacional e à incorporação do 
Registro Eletrônico em Saúde, além da criação do perfil de gerente de Unidade Básica 
de Saúde (UBS). 
 29 
O PLANO DE AÇÕES ESTRATÉGICAS PARA O ENFRENTAMENTO DAS 
DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS (DCNT) no Brasil, 2011-2022 
define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o país para 
enfrentar e deter as DCNT nos próximos dez anos
6
. Para a consecução desse Plano, 
foram estabelecidas diretrizes que orientarão a definição ou redefinição dos 
instrumentos operacionais que o implementarão, como ações, estratégias, indicadores, 
metas, programas, projetos e atividades
6
. 
O objetivo do Plano de Enfrentamento de DCNT é o de promover o 
desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas, 
sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus 
fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde voltados às doenças crônicas. 
O Plano aborda os quatro principais grupos de doenças (circulatórias, câncer, 
respiratórias crônicas e diabetes) e seus fatores de risco em comum modificáveis 
(tabagismo, álcool, inatividade física, alimentação não saudável e obesidade) e define as 
diretrizes e ações em: a) vigilância, informação, avaliação e monitoramento; b) 
promoção da saúde; c) cuidado integral
6
. 
PORTARIA Nº 687, DE 30 DE MARÇO DE 2006 aprova a Política de 
Promoção da Saúde cujo objetivo geral é promover a qualidade de vida e reduzir 
vulnerabilidade e riscosà saúde relacionados aos seus determinantes e condicionantes – 
modos de viver, condições de trabalho, habitação, ambiente, educação, lazer, cultura, 
acesso a bens e serviços essenciais, prioriza ações de alimentação saudável, atividade 
física, prevenção ao uso do tabaco e álcool, inclusive com transferência de recursos a 
estados e municípios para a implantação dessas ações de uma forma intersetorial e 
integrada
29
. 
2.3 OS GRUPOS 
 
Os indivíduos vivem grande parte do tempo em grupo como a família, escola, 
clubes, igrejas, cursos, etc. Desde o nascimento, participa de diferentes grupos, numa 
constante dialética entre a busca de sua identidade individual e a necessidade de uma 
identidade grupal e social
30
. 
No grupo, o individuo aprende, desenvolve-se, se modifica, se protege, se 
arrisca, se identifica e se diferencia. As diversas possibilidades de aprendizagem em 
grupo favorecem mudanças rápidas e eficientes
30
. 
 30 
O trabalho com grupo surge na década de 30, pelo psicólogo alemão Kurt Lewin 
escreveu sobre a “dinâmica de grupo” influenciando o movimento grupalista. Lewin 
demonstrou que, quando os seres humanos participavam de atividades em grupos 
democráticos, não somente sua produtividade era intensificada, como também “o seu 
nível de satisfação era elevado e as suas relações com os outros baseavam-se na 
cooperação e na redução das tensões
31
. 
Jacob Levy Moreno, romeno, médico e filosofo, em 1932, foi quem usou o 
termo Psicoterapia de Grupo. Desde 1920 já vinha usando técnicas de grupos com 
ênfase na catarse e na dramatização de conflitos psicológicos como fatores terapêuticos 
principais. Utilizava a dramatização para discutir problemas sociais com grupos de 
pessoas antes mesmo de lançar suas teorias, hoje muito utilizadas como técnicas 
grupais. Na concepção de Moreno todos os grupos são agentes terapêuticos, onde a 
espontaneidade, criatividade e interação são regras fundamentais
32
. 
Freud é considerado o pai da psicanálise, foi o primeiro a utilizar os postulados 
da Psicanálise para explicar a Dinâmica Grupal em sua obra "Psicologia de grupo e 
análise do ego. Assim, os estudos psicanalíticos com grupos partem da hipótese que 
este, enquanto conjunto de vários sujeitos interagindo é o lugar de uma realidade 
psíquica própria. A psicanálise busca ajudar os indivíduos a descobrir e compreender as 
fontes de seus conflitos, o grupo aparece como um lugar privilegiado onde os conteúdos 
individuais inerentes a cada membro possam vir a se manifestar
33
. 
Joseph H. Pratt trabalhava como clínico geral, no Ambulatório do 
Massachussetts General Hospital (Boston). Em 1905, iniciou programa de assistência 
aos doentes de tuberculose, incapazes de arcar com os custos de internação. Reunia-os 
uma vez por semana, em grupos de 15 a 20 membros, no máximo 25, para que fosse 
possível estabelecer maior contato com os pacientes
31
. 
Além dos cuidados clínicos, orientava-os a adotar atitudes positivas em relação 
às suas condições, enfatizando a necessidade de manter a confiança e a esperança
31
. 
Pratt começou seus grupos com o propósito educacional de ensinar aos pacientes 
a melhor maneira de cuidar de si próprio e da doença. Alguns anos depois, seu modelo 
foi adotado em diversas localidades dos Estados Unidos da América para tratamento 
não só de pacientes com tuberculose bem como com doenças mentais. Assim, 
desenvolveu seu trabalho de forma intuitiva, espontânea, humana e empírica, 
focalizando o bem-estar e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes, princípios que 
 31 
seriam posteriormente incorporados como eixo básico do tratamento dos transtornos 
mentais
35
. 
Enrique Pichon-Rivière psiquiatra e psicanalista argentino elaborou a teoria de 
“grupos operativos” a partir da vivencia em Buenos Aires, no hospital de Las Mercedes, 
uma greve de enfermeiras. Por esta ocasião, propôs para os pacientes com doenças 
mentais menos graves uma assistência para aqueles mais comprometidos. A experiência 
produtiva para ambos os pacientes, os cuidadores e os cuidados, estabelecendo uma 
troca de posições e lugares, resultando numa melhor integração
32
. 
A teoria de grupos operativos de Pichon-Rivière será um dos referenciais 
teóricos para embasamento dessa pesquisa. 
De acordo com Zimerman
30
, os grupos podem ser classificados em dois grandes 
ramos Psicoterapêuticos e Operativos. Cada um destes por sua vez subdivide-se em 
outras ramificações. Assim, os grupos operativos - como o nome indica - visam a operar 
em uma determinada tarefa, sem que haja uma precípua finalidade psicoterápica. Eles 
cobrem os seguintes quatro campos: Grupos de ensino-aprendizagem, Institucionais, 
Comunitários e Terapêuticos. 
Os grupos psicoterápicos, por sua vez, também podem ser subdivididos em 
quatro linhas de utilização da dinâmica grupal, e cada uma delas obedece a uma distinta 
corrente teórico-técnica: A corrente psicodramática, teoria sistêmica, cognitivo-
comportamental e corrente psicanalítica
35
. 
No entanto, a essência dos fenômenos grupais, é a mesma em qualquer tipo de 
grupo, pode-se afirmar o fato de que o que determina as óbvias diferenças entre os 
distintos grupos é a finalidade para a qual eles foram criados e compostos
35
. 
Os grupos são classificados de acordo com o MS
36
 em: aberto quando há uma 
temática aberta aos interessados, com uma divulgação geral na unidade de saúde e os 
participantes variam não é o mesmo grupo de pessoas em todos os encontros e fechado 
tem um limite de participantes, a programação é determinada do início ao fim para 
determinadas pessoas e uma proposta terapêutica definida para determinadas pessoas 
participantes. 
 
 
 
 32 
2.4 REFERENCIAL TEÓRICO 
 
Este estudo tem como referencial teórico os preceitos da Teoria da Diversidade e 
Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine Leininger e a Técnica de Grupo 
Operativo, fundamentada na Psicologia Social de Enrique Pichon-Riviére. 
 
2.4.1 TEORIA DE LENINGER 
 
A Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural de Madeleine 
Leininger propõe o cuidado sob a ótica transcultural e holística
37
 e objetiva identificar 
os meios para proporcionar um cuidado de enfermagem culturalmente congruente aos 
fatores que influenciam a saúde, o bem-estar e a doença das pessoas de culturas diversas 
e semelhantes
38
. Foi desenvolvida a partir da Antropologia; porém, reformulada para a 
Enfermagem Transcultural com perspectivas de cuidado humanizado 
37
. 
Essa teoria propõe três formas para se realizar o cuidado, considerando a cultura: 
a preservação do cuidado – que se constitui naqueles cuidados já praticados por um 
indivíduo, família ou grupo, benéfico ou mesmo inócuos para a saúde; a acomodação do 
cuidado – ações e decisões para assistir, dar suporte, facilitar as pessoas de determinada 
cultura e adaptar-se ou negociar com provedores de saúde profissionais; e a 
repadronização do cuidado – ações e decisões para facilitar os indivíduos e grupos a 
reordenar, trocar ou, em grande parte, modificar seus modos de vida para o novo, o 
diferente, beneficiando os padrões de cuidado à saúde
38
. 
Na sua aplicação, o enfermeiro considera os indivíduos, famílias ou grupos, 
ativamente envolvidos no processo de cuidar, evitando as práticas de saúde 
culturalmente impositivas
37
. 
O cuidado satisfatório é aquele em que o profissional considera o indivíduo 
como participante no planejamento e ações do cuidado, de modo que a atuação da 
enfermeira é direcionada para a preservação, acomodação ou repadronização das 
práticas de saúde
38
. 
Dessa forma, o oposto da prática impositiva é o cuidar culturalmente congruente, 
no qual o indivíduo é sujeito do cuidado, ser participativo, que possui conceitos próprios 
de saúde, doença e necessidades de cuidados
38
. 
Diante do contexto da assistência de enfermagem na saúde da família, o 
enfermeiro desempenhapapel muito importante na vida dos usuários com doenças 
 33 
crônicas com práticas educativas que proporcionem a adoção de ações de autocuidado 
para o controle tanto da hipertensão arterial como do diabetes mellitus. 
Logo, o cuidado cultural permite a construção de um plano de cuidados único e 
congruente ao contexto cultural do indivíduo, havendo, de certa forma, o alcance sobre 
a forma como o mesmo deseja participar do cuidado, qualificando-o. A intenção é o 
reconhecimento singular dos respectivos saberes e práticas de cuidado, valorizando a 
totalidade da vida de cada um, tudo que o cerca, numa perspectiva holística da vida 
humana
38
. 
 
2.4.2 TRABALHO DE GRUPO SEGUNDO PICHON-RIVIÉRE 
 
 A técnica de grupo operativo fundamentada na Psicologia Social de Enrique 
Pichon-Riviére, grande psiquiatra criador dos Grupos Operativos, constitui um instru-
mento de intervenção grupal, sustentado na concepção de sujeito, que é social e 
historicamente produzido. Neste caso, o grupo é considerado como a unidade básica de 
interação entre os sujeitos, que se encontra em constante dialética com o ambiente em 
que vivem, ou seja, constroem o mundo e nele se constroem, com a inter-relação entre 
os sujeitos valorizando a experiência da aprendizagem
39
. 
O objetivo da técnica é abordar, através da tarefa, da aprendizagem, os 
problemas pessoais relacionados com a tarefa, levando o indivíduo a pensar. A 
execução da tarefa implica em enfrentar alguns obstáculos que se referem a uma 
desconstrução de conceitos estabelecidos e de certezas adquiridas. Para o grupo implica 
em trabalhar sobre o objeto-objetivo (tarefa explícita: aprendizagem, diagnóstico ou 
tratamento) e sobre si (tarefa implícita: o modo como cada integrante vivencia o grupo), 
buscando romper com estereótipos e integrar pensamento e conhecimento
39
. 
Segundo Pichon-Riviére o conceito de grupo operativo é: 
 
“Um conjunto restrito de pessoas ligadas por constantes de tempo e 
espaço, articuladas por sua mútua representação interna, que se propõe 
de forma explícita ou implícita a realizar uma tarefa, que constitui sua 
finalidade”
39:175 
. 
 
Neste caso, não só o resultado é importante, como também o processo que 
possibilitou a mudança dos sujeitos. Desta forma, o grupo operativo não está centrado 
nas pessoas individualmente, nem no grupo, mas no processo de inserção dos sujeitos 
 34 
no grupo, na noção de vínculo e na tarefa que estes se propõem a realizar em conjunto, 
buscando alcançar os objetivos comuns
13
. 
A aprendizagem é um dos indicadores de fundamental importância no processo 
grupal. A partir do processo interacional, estabelece-se uma situação de aprendizagem, 
que permite aos integrantes apropriarem-se da realidade, mutuamente, e aprenderem a 
pensar em uma coparticipação do objeto de conhecimento, ou seja, compartilhando os 
pensamentos e conhecimentos que cada um tem, compreendendo estes como produções 
sociais
13
. 
A aprendizagem acontece a partir da leitura crítica da realidade, através de uma 
constante investigação, em que a resposta alcançada possibilita o iniciar de novas 
perguntas, em que a capacidade de compreensão e de ação transformadora de uma 
realidade envolve mudanças nas pessoas integradas entre si e no contexto no qual as 
mesmas estão inseridas
13
. 
Assim, o grupo apresenta-se como instrumento de transformação e seus 
integrantes passam a estabelecer relações grupais que vão se constituindo, na medida 
em que começam a partilhar objetivos comuns, a ter uma participação criativa e crítica e 
a poder perceber como interagem e se vinculam
39
. 
 35 
MÉTODO 
 
3.1 Tipo de estudo 
 
 Para desenvolver essa pesquisa optei pela abordagem qualitativa, de natureza 
descritiva. A pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou 
fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. Procura descobrir, com a maior precisão 
possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, 
sua natureza e suas características
40
. 
A pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de 
pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho 
para se conhecer a realidade ou para descobrir verdades parciais. Busca-se de modo 
significativo encontrar respostas para questões propostas, utilizando métodos 
científicos
41
. 
Em uma pesquisa com abordagem qualitativa é necessário um diagnóstico inicial 
da situação e trabalhar com dados e busca a compreensão e investigação dos 
significados das relações humanas
41
. 
 
3.2 Cenário de estudo 
 
Este estudo teve como campo para seu desenvolvimento 8 unidades PMF e 
Policlínicas de Saúde de Niterói no Estado do Rio de Janeiro que realizam grupos para 
hipertensos e diabéticos conforme descritas abaixo: 
As unidades estão distribuídas de acordo com as Regiões conforme Figura 1 
abaixo: (Regional Praias das Baia I (Policlínica Regional Carlos Antonio da Silva 
,Clinica Comunitária da Família - CCF Ilha da Conceição e PMF Maruí); Praias da 
Baia II (Policlínica Sergio Arouca) Regional Norte I (PMF Bernardino e Clinica 
Comunitária da Família- CCF Teixeira de Freitas); Regional Norte II (Policlínica 
Engenhoca); Regional Leste Oceânica (PMF Cafubá I) e Regional Pendotiba 
(Policlínica Regional Largo da Batalha, PMF Atalaia, e PMF Matapaca). 
 36 
Figura 1: Territorialização por Bairro e Policlínica Niterói/RJ 
 Fonte: Fundação Municipal de Saúde de Niterói, 2016 
 
O trabalho de campo foi estruturado em duas etapas: Observação participante e 
Entrevista com enfermeiros. 
Os enfermeiros participantes atuam nas seguintes unidades: PMF Atalaia, PMF 
Bernardino, PMF Cafubá, CCF Ilha da Conceição, PMF Matapaca, PMF Maruí e CCF 
Teixeira de Freitas e as Policlínicas Regionais Largo da Batalha e Engenhoca. 
Para coleta de dados (observação participante) durante a realização de grupos 
educativos aos hipertensos e diabéticos ocorreu na CCF Professor Barros Terra 
localizada no Badu na Regional Pendotiba, unidade de atuação do pesquisador 
principal. 
 Esse serviço funcionou como Unidade Básica de Saúde (UBS) durante 28 anos 
e a partir de 2014 tornou-se Clínica Comunitária da Família passando a integrar 4 
equipes no modelo de saúde da família e mantendo alguns especialistas médicos e não 
médicos que já atuavam quando UBS. 
Passei a fazer parte como enfermeira de uma dessas equipes em setembro de 
2015 até março de 2018, quando solicitei transferência para o PMF Atalaia. 
 
 37 
3.3 População e amostra 
 
Os participantes da pesquisa foram selecionados: 
 
 Durante os treinamentos de educação permanente foi possível realizar um 
levantamento de quais unidades de saúde realizam a prática de atividades em 
grupos, sendo assim foram selecionados 20 enfermeiros (as) que coordenam os 
grupos educativos para hipertensos e diabéticos em suas unidades; 
 Os usuários hipertensos e diabéticos participantes dos grupos realizados na CCF 
Badu. 
 
3.4 Critérios de inclusão 
 
 Enfermeiros (as) que desejaram participar da pesquisa; 
 Enfermeiros (as) que realizavam grupos educativos para hipertensos e diabéticos 
no PMF, Clinicas Comunitárias da Família e Policlínicas de Niterói; 
 Usuários hipertensos e diabéticos cadastrados e acompanhados na CCF Badu. 
 
3.5 Critérios de exclusão 
 
 Enfermeiros (as) que atenderam aos critérios de inclusão, mas que se recusaram 
a participar e aqueles que estavam de licença ou férias no período da entrevista; 
 Usuários hipertensos e diabéticos que não desejaram participar do estudo; 
 
3.6 Coleta de dados 
 
 Para a coleta de dados, foi utilizada a entrevista semiestruturada com 
enfermeiros que atenderam aos critérios de inclusão desta pesquisa e a observação 
participante nos grupos para hipertensos e diabéticos. 
O roteiro de entrevista semiestruturada, individual compreendendo perguntas 
abertas e fechadas,tendo relação com o objetivo da pesquisa, com os enfermeiros que 
realizam grupos para hipertensos e diabéticos. O roteiro para orientação pode ser 
 38 
modificado durante a entrevista caracterizando certa flexibilidade, mas sem desviar-se 
do tema
43
. 
 A entrevista é a técnica mais usada no processo de trabalho de campo. Ela 
ressalta a importância do trabalho de campo formado a partir de referenciais teóricos e 
de aspectos que envolvam questões conceituais. Na forma de realizá-los é que se 
revelam as preocupações científicas dos pesquisadores na forma da escolha dos fatos a 
serem coletados como a forma de recolhê-los
44
. 
 A entrevista como uma conversa orientada levando para um objetivo definido 
que irá recolher através do interrogatório dados para a pesquisa. E que se deve recorrer a 
entrevista como forma de se obter resultados que não são encontrados em registros e 
fontes documentais
45
. 
 Ao realizar contato com os enfermeiros das unidades definidas para pesquisa, 4 
enfermeiros se recusaram a participar, 2 enfermeiras encontravam-se de férias no 
período da entrevista. 
 No período da coleta de dados da pesquisa, os profissionais do PMF estavam 
passando por um processo em que todos os funcionários seriam demitidos e 
recontratados por meio de um processo seletivo de avaliação curricular. Essa situação 
dificultou a coleta de dados com todos os enfermeiros que atendiam aos critérios de 
inclusão, visto que os funcionários estavam desmotivados e apreensivos com o 
resultado da seleção. 
Cabe ressaltar que os usuários não foram entrevistados, os dados surgiram a 
partir das minhas observações durante os grupos de educação em saúde. 
 As entrevistas foram agendadas previamente por telefone, ocorreram nas 
unidades de atuação dos enfermeiros, assim o pesquisador principal que se deslocou até 
às unidades de saúde, sendo realizadas com 10 enfermeiras distribuídas nas unidades de 
PMF, Clínicas Comunitárias da Família e Policlínicas Regionais no mês de fevereiro de 
2018. 
 As entrevistas foram gravadas por meio de gravador de celular para garantir a 
fidedignidade dos dados, total de 3horas e 36 minutos e com duração média de 20 
minutos em cada entrevista, todas transcritas na íntegra no software Word, sendo 
respeitada a linguagem e a maneira peculiar de expressão de cada entrevistado. Os 
trechos dos relatos dos participantes foram apontados em itálico e entre apóstrofes (‘ ’), 
além disso, a fim de manter o anonimato e preservar a identidade dos enfermeiros e 
 39 
usuários envolvidos no estudo, utilizou-se uma codificação com as seguintes letras e seu 
número de ordem no estudo: enfermeiro (E) acrescido de 1, 2, 3,... 10 e usuário (U). 
 Com intuito de maior aprofundamento da investigação, foi realizada observação 
participante na Clínica Comunitária da Família Professor Barros Terra nos grupos de 
educação em saúde aos hipertensos e diabéticos, durante a execução de 9 encontros que 
aconteceram aproximadamente de 8h30 min às 10h:30min (com duração de 1 hora e 20 
minutos a 2 horas em cada encontro, totalizando 12 horas) com um total de 77 usuários, 
média de 15 usuários por grupo, a maioria da terceira idade com predominância do sexo 
feminino, os depoimentos emergiram durante a observação, bem como os registros de 
diário de campo após o término dessas atividades. 
 
A pesquisa de campo é o tipo de pesquisa que pretende buscar a 
informação diretamente com a população pesquisada. Ela exige do 
pesquisador um encontro mais direto. Nesse caso, o pesquisador 
precisa ir ao espaço onde o fenômeno ocorre, ou ocorreu e reunir um 
conjunto de informações a serem documentadas 
45 :31 
 
 
 Essas três modalidades de técnicas de investigação: entrevista com enfermeiros, 
diária de campo das observações e produções da literatura sobre a temática permitem a 
realização da triangulação de dados dando maior confiabilidade à pesquisa qualitativa
46
. 
 
3.7 Análise dos dados 
 
 Na análise, o pesquisador entra em maior detalhe sobre os dados decorrentes da 
pesquisa, a fim de conseguir respostas as suas indagações, e procura estabelecer as 
relações necessárias entre os dados obtidos e as hipóteses formuladas. Estas são 
comprovadas ou refutadas, mediante a análise
46
. 
 Os dados coletados das entrevistas com os enfermeiros foram baseados pela proposta 
de análise de conteúdo de Bardin, que consiste em um conjunto de instrumento e 
técnicas metodológicas que se aplicam em diversificados discursos. Trata-se de um 
esquema geral no qual podemos verificar um conjunto de processos que podem ser 
implementadas para o tratamento dos dados e analisar o conteúdo dos mesmos
47
. 
A análise de conteúdo se traduz como um conjunto de técnicas de análise das 
comunicações, visando obter, por meio de procedimentos sistematizados e objetivos, a 
descrição de conteúdo das mensagens e indicadores (qualitativos ou não), que permitem 
 40 
a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção/recepção dessas 
mensagens
47
. 
 Entre as várias modalidades de análise de conteúdo conhecidas, a análise 
temática pareceu a mais apropriada para este estudo, a qual consiste na identificação de 
núcleos de sentido que têm relação com o objeto de estudo escolhido. Esses núcleos de 
sentido são, então, relacionados às características comportamentais ou outras estruturas 
relevantes apreendidas no discurso
47
. 
Após leitura das entrevistas, os depoimentos foram analisados e categorizados 
conforme AC de Bardin. 
 
3.8 Aspectos éticos 
 
O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Hospital 
Universitário Antônio Pedro, conforme preconiza a Resolução 466/2012 do Conselho 
Nacional de Saúde a qual delibera as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de 
pesquisa em relação a seres humanos
48
 em 29 de Janeiro de 2018, sob o Parecer 
2.476.867, Registro CAAE: 79103617.2.0000.5243 em anexo. 
Ressalto que o projeto de pesquisa também foi enviado para o Núcleo de 
Educação Permanente e Pesquisa (NEPP) de Niterói sendo autorizado por meio de carta 
de anuência para realização da pesquisa. 
 Um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) com uma linguagem 
acessível foi entregue aos participantes da pesquisa sendo solicitada a sua assinatura 
para validar a sua participação na referida pesquisa. Eles formalizaram suas 
participações através da assinatura do TCLE. 
Quanto à explicitação dos critérios para suspender a pesquisa, caso algum sujeito 
quisesse se retirar foi informado que isto não causaria e nem implicaria em qualquer 
tipo de problema para o mesmo. Os sujeitos possuem liberdade para participar ou não 
do processo de pesquisa. 
Quanto aos critérios para encerrar a pesquisa, foi observado à saturação dos 
dados relacionado à repetição do conteúdo das falas dos enfermeiros durante as 
entrevistas. 
 
 41 
3.9 Riscos e Benefícios 
 
Os riscos envolvendo o estudo foram mínimos e relacionados a questões 
emocionais, tal como constrangimento que os entrevistados pudessem sentir ao expor 
suas experiências/vivencias que seria evitado com a explicação a todos da garantia da 
livre expressão junto ao estudo, como também foi garantido o sigilo da identidade e a 
confidencialidade na divulgação dos resultados, e possível desconforto físico durante a 
entrevista que poderia ser interrompida, se solicitado. Assim um possível cansaço de 
ficar muito tempo sentado, se fosse observado. Ademais a entrevista com os 
enfermeiros foi realizada em cada unidade do enfermeiro com dia e hora agendada 
previamente de acordo com a disponibilidade e preferência deles. 
Os benefícios relacionados à participação na pesquisa foram oportunidade de 
refletir sobre atuação do enfermeiro na assistência aos hipertensos e diabéticos, a 
possibilidade de contribuir para a compreensão da importância de uma diretriz de 
enfermagem baseada em evidências, com

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