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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS ESCOLA DE VETERINÁRIA COLEGIADO DE ZOOTECNIA DIETAS SIMPLIFICADAS NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS E SEUS EFEITOS NA REPRODUÇÃO E PRODUÇÃO CARLOS EUGÊNIO AVILA DE OLIVEIRA Belo Horizonte Escola de Veterinária 2009 CARLOS EUGÊNIO AVILA DE OLIVEIRA DIETAS SIMPLIFICADAS NA ALIMENTAÇÃO DE COELHOS E SEUS EFEITOS NA REPRODUÇÃO E PRODUÇÃO Tese apresentada à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do grau de Doutor em Zootecnia. Área de concentração: Nutrição Animal Orientador: Walter Motta Ferreira Belo Horizonte 2009 O48d Oliveira, Carlos Eugênio Avila de.1971 - Dietas simplificadas na alimentação de coelhos e seus efeitos na reprodução e produção / Carlos Eugênio Avila de Oliveira. – 2009. 92 p. : il. Orientador: Walter Motta Ferreira Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária Inclui bibliografia 1. Coelho – Alimentação e rações – Teses. 2. Coelho – Reprodução – Teses. 3. Dieta em veterinária – Teses. 4. Feno como ração – Teses. 5. Digestibilidade – Teses. I. Ferreira, Walter Motta. II. Universidade Federal de Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título. CDD – 636.932 208 5 Dedicatória Dedico este trabalho a todos que, de alguma forma, contribuíram para sua realização. Aos meus pais, minha mulher, Regina, e minha filha, Maria Luiza, cujas presenças em minha vida, me ajudam a transformar em realidade, os rascunhos dos meus sonhos. Agradecimentos A Deus, presença constante... Ao Professor Walter Motta Ferreira, pelo crédito e pela paciência. Aos professores da Escola de Veterinária da UFMG, em especial, aos professores e funcionários dos departamentos de Zootecnia e Reprodução, dispostos, sempre, em colaborar. Ao Professor Gentil Vanini de Moraes, da Universidade Estadual de Maringá- UEM e aos colegas Haroldo Garcia, Márcia Andreazzi e Andréia Michelan; fundamentais para a realização do presente trabalho. Ao professor Laércio dos Anjos Benjamin e aos colegas Lucas Marcon e Vívian Freitas, da Universidade Federal de Viçosa – UFV, que, com dedicação e empenho, ajudaram em momentos cruciais do trabalho. Ao colega Marcos Xavier, pela dedicação “matemática” ao trabalho. Aos colegas da Escola de Veterinária, que estiveram sempre presentes. “Para os crentes, Deus está no princípio de todas as coisas, para os cientistas, no final de toda reflexão”. Max Planck (1858-1947) SUMÁRIO RESUMO ABSTRACT LISTA DE ABREVIATURAS LISTA DE TABELAS LISTA DE FIGURAS 1 INTRODUÇÃO GERAL 17 2 REVISÃO DE LITERATURA 18 2.1 Fisiologia da digestão dos coelhos 18 2.2 Importância da fibra na elaboração de dietas para coelhos 20 2.2.1 Conceito de fibra dietética 20 2.2.2 Composição da fibra 20 2.2.3 Métodos de avaliação de fibra nos coelhos 23 2.2.4 Avaliação de fibra para dietas de coelhos 24 2.2.5 Exigências de fibra e inclusão na dieta 25 2.2.6 Digestibilidade das fontes de fibra para coelhos 26 2.3 Dietas simplificadas à base de forragens 27 2.3.1 Alfafa 27 2.3.2 Mandioca 28 2.4 Sistema Reprodutivo dos machos 30 2.4.1 Testículos 30 2.4.2 Ciclo do epitélio seminífero e seus estágios 31 2.4.3 Colheita de sêmen 33 2.4.4 Avaliação de sêmen 33 3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 35 REFERÊNCIAS 35 CAPÍTULO I EXPERIMENTO I EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS SOBRE A DIGESTIBILIDADE E DESEMPENHO DE COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA BRANCO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO 45 2 MATERIAL E MÉTODOS 46 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48 4 CONCLUSÕES 52 REFERÊNCIAS 52 CAPÍTULO II EXPERIMENTO II EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS E MORFOLOGIA ESPERMÁTICA DE COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA BRANCO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO 56 2 MATERIAL E MÉTODOS 58 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 60 4 CONCLUSÕES 65 REFERÊNCIAS 65 CAPÍTULO III EXPERIMENTO III EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS SOBRE AS CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DE TESTÍCULOS DE COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA BRANCO RESUMO ABSTRACT 1 INTRODUÇÃO 70 2 MATERIAL E MÉTODOS 71 3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 76 4 CONCLUSÕES 83 REFERÊNCIAS 84 CONCLUSÃO GERAL 89 ANEXO Anexo 1 - Informações sobre a situação climática local, durante a realização do Experimento II 90 LISTA DE ABREVIATURAS - % (porcentagem) - µg (micrograma) - µm (micrômetro) - π (PI) - ac. (ácido) - AET (altura do epitélio tubular) - anorm. (anormalidades) - AR (espermátide arredondada) - oC (grau Celsius) - CA (conversão alimentar) - cm (centímetro) - CBRA (Colégio Brasileiro de Reprodução Animal) - CMRD (consumo médio de ração diário) - CCT (comprimento tubular total) - CDEB (coeficiente de digestibilidade aparente da energia bruta) - CDMS (coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca) - CDPB (coeficiente de digestibilidade aparente da proteína bruta) - concent. (concentração) - CV (coeficiente de variação) - DA (dieta à base de feno de alfafa) - DNM (diâmetro nuclear médio) - DM (dieta à base de feno de rama de mandioca) - DR (dieta de referência) - EB (energia bruta) - EC (espessura do corte) - ED (energia digestível) - EE (extrato etéreo) - FB (fibra bruta) - FDA (fibra detergente ácido) - FDN (fibra detergente neutro) - GMPD (ganho médio peso diário) - g (grama) - IA (inseminação artificial) - IGS (índice gonadossomático) - ITS (índice tubulossomático) - Kg (quilograma) - Kcal (quilocaloria) - LDA (lignina detergente ácido) - met+cys (metionina + cistina) - min (mineral) - mg (miligrama) - mL (mililitro) - mm (milímetro) - MS (matéria seca) - MSE (matéria seca excretada) - MSI (matéria seca ingerida) - PB (proteína bruta) - PC (peso de carcaça) - PL/L (espermatócito em pré-leptóteno / leptóteno) - PQ (espermatócito em paquíteno) - PV35 (peso vivo aos 35 dias) - PV50 (peso vivo aos 50 dias) - PV70 (peso vivo aos 70 dias) - PVC (poli-cloreto de vinila) - PVI (proporção volumétrica de interstício) - PVTS (proporção volumétrica de túbulo seminífero) - r (raio) - RC (rendimento de carcaça) - RET (reserva espermática total) - Vit (vitamina) LISTA DE FIGURAS REVISÃO DE LITERATURA Figura 1 - Vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) 33 CAPÍTULO III - EXPERIMENTO III Figura 1 - Retículo utilizado para cálculo das proporções volumétricas dos componentes testiculares 74 Figura 2: - Medições realizadas para cálculo dos diâmetros tubulares e as alturas do epitélio seminífero 74 LISTA DE TABELAS REVISÃO DE LITERATURA Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e faixa de variação) 19 Tabela 2 - Limite de fibra sugerido para elaboração de dietas para coelhos 26 EXPERIMENTO I Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 47 Tabela 2 – Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca (CDMS) da proteína bruta (CDPB) e da energia bruta (CDEB) de dietas simplificada a base de feno de alfafa e do terço superior da rama da mandioca 48 Tabela 3 – Matériaseca ingerida (MSI) e matéria seca excretada (MSE) de coelhos alimentados com de dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50 Tabela 4 - Peso vivo aos 35 dias (PV35) e aos 50 dias (PV50), ganho médio de peso diário (GMPD), consumo médio de ração diário (CMRD) e conversão alimentar (CA) de coelhos de 35 a 50 dias de idade alimentados com dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50 Tabela 5 - Peso vivo aos 70 dias (PV70), ganho médio de peso diário (GMPD), consumo médio de ração diário (CMRD), conversão alimentar (CA), peso de carcaça (PC) e rendimento decarcaça (RC) de coelhos de 35 a 70 dias de idade alimentados com dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca 51 EXPERIMENTO II Tabela 1 - Composição percentual das dietas experimentais 58 Tabela 2 - Parâmetros avaliados em relação ao sêmen dos coelhos do experimento nas diferentes dietas 60 Tabela 3 - Morfologia dos espermatozóides dos coelhos nos diferentes Tratamentos 63 Tabela 4 - Colheitas de sêmen possíveis durante o experimento e o número de animais que as realizaram 64 EXPERIMENTO III Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 72 Tabela 2 - Resultados obtidos nos índices relacionados ao peso dos animais, peso dos testículos, índices gonadossomáticos, proporções volumétricas de túbulos seminíferos e interstício e índice tubulossomático, nos diferentes tratamentos 77 Tabela 3 - Resultados obtidos nos índices relacionados aos diâmetros dos túbulos seminíferos, altura do epitélio, comprimento dos túbulos seminíferos e reserva espermática, nos diferentes tratamentos 79 Tabela 4 - População de espermatogônias do tipo A, espermatócitos primários em pré-leptóteno/leptóteno e em paquíteno, espermátdes arredondadas e células de Sertoli, no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero de testículos de coelhos nos diferentes tratamentos 81 Tabela 5 - Razões entre números corrigidos de células germinativas por secção transversal de túbulo seminífero no estádio 1 do ciclo do epitélio seminífero nos coelhos do experimento 83 RESUMO Foram realizados quatro experimentos com o objetivo de se avaliar a aplicação de dietas simplificadas a base de forragens na alimentação de coelhos. Em todos os experimentos foram utilizadas uma dieta referência e duas dietas simplificadas – três tratamentos (uma contendo feno de alfafa e outra contendo feno do terço superior da rama de mandioca) e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. No ensaio de digestibilidade foram utilizados 45 coelhos com 50 dias de idade e 15 repetições por tratamento. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína bruta e energia bruta foram de 50,56%, 73,29% e 50,59%, respectivamente para a dieta contendo feno de alfafa; e de 29,64%, 46,96% e 24,52%, respectivamente para dieta simplificada contendo feno de rama de mandioca. No experimento de desempenho foram utilizados 90 coelhos no período de 35 a 70 dias de idade e 30 repetições por tratamento. Os resultados de desempenho, referentes às dietas simplificadas, no período total do experimento (35 a 70 dias) foram inferiores quando comparados com a dieta referência. Outro ensaio avaliou a qualidade seminal de coelhos alimentados com dietas simplificadas à base de forragens. Foram utilizados 33 coelhos com 7-8 meses de idade e 11 repetições por tratamento. Os resultados para volume, vigor e concentração foram, respectivamente, 0,56 mL, 3,14 e 194,82x106 espermatozóides / mL, para os animais alimentados com dieta de feno de alfafa. Para coelhos alimentados com dieta com rama de mandioca, os resultados para volume, vigor e concentração foram 0,34 mL, 2,27 e 142,94x106 espermatozóides / mL, respectivamente. Não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos para aspectos relacionados à morfologia espermática. Os animais que consumiram dieta à base de feno de mandioca apresentaram uma qualidade de sêmen inferior quando comparados com os animais da dieta referência e da dieta à base de feno de alfafa. Outro experimento foi realizado com o objetivo de avaliar parâmetros da morfometria testicular de coelhos alimentados com dietas simplificadas à base de forragens. Foram utilizados testículos de 15 coelhos com 8-9 meses de idade e cinco repetições por tratamento. Os resultados para diâmetro tubular e altura do epitélio foram 225,78 µm2 e 80,81 µm, respectivamente, para os animais alimentados com dieta de feno de alfafa. Para coelhos alimentados com dieta com rama de mandioca, os resultados para diâmetro tubular e altura do epitélio foram 208,57 µm2 e 65,46 µm, respectivamente. Os animais que consumiram dieta à base de feno de mandioca apresentaram um desenvolvimento tubular inferior, quando comparados com os animais da dieta referência e da dieta à base de feno de alfafa, nos parâmetros diâmetro tubular e altura do epitélio seminífero. Palavras-chave: Feno de alfafa, feno de rama de mandioca, desempenho, digestibilidade, qualidade de sêmen, morfometria testicular ABSTRACT SIMPLIFIED DIETS IN FEEDING RABBITS AND THEIR REPRODUCTION AND PRODUCTION EFFECTS Four experiments were carried out to evaluate the use of simplified diets the based on forages for rabbits. All experiments were distributed in a randomized design with three treatments (a reference diet and two simplified diets - one containing alfalfa hay and containing cassava upper third foliage hay). In digestibility assay, 45 New Zealand white rabbits 50 days old were distributed in a randomized design with three treatments and 15 replicates. The digestibility coefficients of the dry matter, crude protein and gross energy were 50.56%, 73.29%, and 50.59% for the diet containing alfalfa hay and 29.64%, 46.96%, and 24.52% for simplified diet containing cassava upper third foliage hay. In the performance experiment 90 New Zealand white rabbits from 35 to 70 days of age, were used in a randomized design with three treatments and 30 replicates. Considering the total experimental period (35 from 70 days) the results showed that simplified diets were inferior to the reference diet. Another assay was carried out to evaluate the use of simplified diets the based on forages for semen quality of rabbits. Thirty-three New Zealand rabbits with 7-8 months old were used and 11 replicates. The results for volume, vigor and concentration were, respectively, 0.56 mL, 3.14 and 194.82x106 spermatozoa/mL for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 0.34 mL, 2.27 and 142.94x106 spermatozoa/mL (volume, vigor and concentration, respectively). It didn`t have statistical differences between the treatments for aspects related to the espermatozoa morphology. The animals that had consumed upper third part of foliage cassava hay diet had presented inferior quality of semen when compared with the animals of the diet reference and the diet with the alfalfa hay base. An experiment was carried to evaluate the use of simplified diets the based on forages on rabbits` testicular morphometry. Fifteen New Zealand rabbits` testicles with 8-9 months old were used and five replicates. The animals had been fed with its respective diets since 30 days old. The results for tubular diameter and height of seminiferous epithelium were 225.78 µm2 e 80.81 µm, respectively, for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 208.57 µm2 e 65.46 µm for tubular diameter and height of seminiferous epithelium, respectively. The animals that had consumed upper third part of foliage cassava hay diet had presented an inferior tubular development, when compared with the animals of the diet reference and the diet with the alfalfahay base, in the parameters tubular diameter and height of seminiferous epithelium. Key Words: Alfalfa hay, cassava foliage hay, digestibility, performance, semen quality, testicular morphometry 1 INTRODUÇÃO GERAL A alimentação dos animais criados de modo intensivo pode representar até 70% do custo de produção destes animais. Assim sendo, o estudo dos alimentos constituintes das dietas dos animais é um processo fundamental para que se tenham resultados desejados na produção animal. Definir o conteúdo de nutrientes efetivamente disponíveis na alimentação animal, bem como apontar alimentos alternativos que não compitam com alimentos utilizados na dieta humana têm sido o foco dos estudos e pesquisas na área da nutrição animal nos últimos anos. Pesquisas vêm sendo desenvolvidas para melhorar as avaliações químicas e os ensaios de laboratório dos princípios nutritivos dos alimentos objetivando a transformação de matérias primas em produtos que forneçam proteína de origem animal seguros ao uso humano e de qualidade superior (Herrera, 2003). O estudo da alimentação e nutrição de coelhos não é exceção a este panorama. Algumas preocupações têm definido as dietas atuais para coelhos. É o caso do bem estar dos animais, bem como sua saúde intestinal; o uso de produtos integrados ao modelo de sustentabilidade ambiental, além da simplificação dos sistemas de alimentação (De Blas et al., 1998; Xiccato, 1999, Pascual et al., 2000). Associado a estas preocupações, está o fato de que a redução no custo da alimentação dos animais tem grande importância na viabilização da cunicultura (Michelan, 2004). Não obstante, a eficiência reprodutiva dos animais é outro fator de relevância na produção animal. Um maior número de animais nascidos por fêmea em um determinado espaço de tempo e um maior número de fêmeas para cada macho reprodutor (seja monta natural, seja inseminação artificial), forma a base da dinâmica reprodutiva na criação intensiva de animais. Diante dos aspectos mencionados, o presente trabalho propôs um estudo sobre a utilização de dietas simplificadas à base de forragens para coelhos. No capitulo 1 fez-se uma revisão de literatura sobre o assunto. Foram abordados alguns tópicos relacionados a aspectos nutricionais da alimentação e nutrição de coelhos, composição, avaliação e aplicação das forragens utilizadas na elaboração das dietas componentes do trabalho, além dos aspectos reprodutivos de coelhos machos. No capítulo 2 avaliou-se a digestibilidade e o desempenho de coelhos submetidos aos tratamentos das dietas simplificadas. No capítulo 3 foram avaliados aspectos reprodutivos relacionados ao sêmen de coelhos submetidos às mesmas dietas simplificadas. No capítulo 4, abordou- se, em nível histológico, a formação e composição dos túbulos seminíferos dos testículos dos coelhos submetidos aos tratamentos dietéticos em questão. 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Fisiologia da digestão dos coelhos Os coelhos possuem um sistema digestivo peculiar e são considerados animais herbívoros de ceco funcional e praticantes da cecotrofia, ou seja, processo de excreção seletiva da fibra mais lignificada e atividade microbiana simbiótica, utilizando os produtos da fermentação e os próprios corpos bacterianos incorporados aos cecotrofos. O ceco, em constante movimento, mistura seu conteúdo com rápidas contrações de fluxo e refluxo ao longo do segmento do cólon proximal, onde há separação mecânica de partículas grandes e pequenas. As partículas fibrosas tendem a ficarem acumuladas no lúmen (>0,3mm), enquanto as partículas solúveis e fluídas (<0,3mm) tendem a circular pelas contrações das haustras, que são saculações formadas pelo arranjo de fibras musculares, movendo o material de uma forma retrógrada para o ceco. Quanto maior o tamanho de partícula ou lignificação da fibra, mais rápida é a eliminação nas fezes (Lang, 1981; De Blas, 1984; Cheeke, 1987; Fraga et al., 1991). A quantidade de cecotrofos produzida varia de acordo com alguns fatores, tais como: indivíduo, idade do animal, quantidade e composição do alimento, podendo alcançar 18% em média da matéria seca ingerida por dia (Fraga et al., 1991; Gomes e Ferreira, 1997). Outros fatores também podem influenciar no consumo de cecotrofos, entre eles a iluminação, regularidade das operações diárias de manejo, a densidade populacional e o ciclo circadiano do animal. Os animais adultos ingerem mais cecotrofos durante a noite e os jovens com uma distribuição regular durante o dia. Os processos fisiológicos como a lactação pode também alterar este consumo. É evidente que a fonte comum para os dois tipos de fezes é o material cecal, no entanto, além de diferenças no aspecto externo (tamanho, forma e consistência), apresentam composições claramente distintas, especialmente nos teores de fibra, proteína, minerais e água (Ferreira, 1994) (tabela 1). Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e faixa de variação)* Componentes Fezes duras Cecotrofos Matéria seca (g/kg) Proteína Bruta (g/kg - MS) Fibra Bruta (g/kg – MS) Cinzas (g/kg – MS) Na+ (mmol/kg MS) K+ (mmol/kg MS) PO2- (g/kg MS) 603 (464-671) 126 (54-189) 322 (194-428) 90 (77-167) 45 95 10 39,7 349 (276-427) 289 (218-427) 184 (131-276) 125 (95-168) 120 280 110 139,1 *Adaptado de Santomá et al. (1989) Portanto, a cecotrofia consiste na “reingestão” do conteúdo cecal, contendo maiores níveis de proteína e água e menores níveis de fibra do que as fezes, diferindo na forma física e processo de formação. É uma estratégia advinda de necessidades elevadas a serem supridas apenas com alimentos fibrosos. É, naturalmente, limitada pela capacidade e velocidade de trânsito no TGI (trato gastrointestinal) (Cheeke, 1987). As composições das fezes e cecotrofos são influenciadas pela dieta, pois o uso de alimentos fibrosos aumenta a participação da fibra em ambos, na mesma proporção, sendo que os cecotrofos contêm, em média, 60% do conteúdo de fibra das fezes (De Blas, 1984). A composição química dos cecotrofos apresenta alto nível de proteína, aminoácidos essenciais, ácidos graxos voláteis e vitaminas hidrossolúveis, mas menores níveis de fibra do que as fezes duras resultantes do processo fisiológico de seleção de partículas no ceco – cólon (Lang, 1981; Proto, 1984). Os cecotrofos são tomados diretamente do ânus e deglutidos íntegros, sem ocorrência de mastigação. Estes não se misturam ao conteúdo estomacal e permanecem no estômago até que a camada de muco se desintegre. O pH interno do cecotrofo é mantido entre 6,0 e 6,5 devido a um sistema tampão, enquanto o pH do conteúdo estomacal gira em torno de 1,0 a 1,5. Durante este período as bactérias continuam fermentando os carboidratos. Após a desintegração da camada de muco seguem-se os processos de digestão normais. Não está bem definido como os coelhos distinguem as fezes duras dos cecotrofos, entretanto existem sugestões de relações com presenças de neuromotores anais e quantidade de ácidos graxos voláteis no material fecal mole, uma vez que estes possuem um odor característico que serviria de estímulo ao consumo (De Blas, 1984). 2.2 Importância da fibra na elaboração de dietas para coelhos Algumas características ligadas ao processo fisiológico da digestão microbiana, associadas à anatomia cecal dos coelhos, permitem a utilização de quantidades significativas de alimentos volumosos nas dietas dos coelhos, participando em média, de 30% a 50% das dietas comumente elaboradas (Cheeke (1987); Fernandéz-Carmona et al., 1998). Estas quantidades de alimentos volumosos suprem as exigências nutricionais em fibra e regulam o trânsito da digesta pelo intestino dos coelhos, prevenindo diarréias (Laplace, 1978). Devido aos altos níveis de forragens (alimentos volumosos)e, conseqüentemente, à grande quantidade de fibra que constituem as dietas para coelhos, é de suma relevância a elaboração de métodos precisos e de aplicabilidade simples para avaliação de fibra nos alimentos, buscando resultados mais homogêneos entre os laboratórios de avaliação de alimentos (Carabaño et al., 1997). As primeiras recomendações metodológicas para ensaios de digestibilidade aparente em coelhos, foram publicadas por Pérez et al. (1996), o que representou um grande passo para obtenção de métodos e técnicas padronizadas para avaliação nutritiva dos alimentos. Ferreira et al. (1995) reuniram dados brasileiros sobre procedimentos experimentais e predição do valor nutritivo dos alimentos. Verificaram que as informações sobre alimentos como feno de alfafa, farelo de trigo, farelo de soja e milho, comumente usados no Brasil e na Europa, apresentavam valores semelhantes nas tabelas européias. 2.2.1 Conceito de Fibra dietética O conceito de fibra dietética tem sido periodicamente revisado e se estende aos estudos relacionados à nutrição humana e aos demais mamíferos (Hispley,1953; Burkitt et al., 1972; Trowell, 1974; De Viries e Rader, 2005), se define como os componentes do alimento resistentes à degradação por enzimas dos mamíferos e a absorção no intestino, podendo ser fermentados de modo parcial ou total no trato intestinal. 2.2.2 Composição da Fibra Os constituintes da parede celular das plantas formam o que se considera a fibra presente nestas plantas (alimentos). Os polissacarídeos que formam a estrutura da parede celular das plantas são polímeros de pentoses (arabinose e xilose) e hexoses (glicose, frutose e galactose). Estas unidades básicas combinadas dão origem a dois grupos principais, β-glicanos (celuose) e heteroglicanos (pectinas e hemiceluloses), são também chamados de polissacarídeos não amiláceos. Estes carboidratos, juntamente com as ligninas (polímeros aromáticos de ésteres fenólicos) formam as frações principais da fibra; parte do alimento que não pode ser digerida pelas enzimas digestivas dos animais, mas são susceptíveis à degradação microbiana no intestino. Assim sendo, a fibra dietética (parede celular vegetal), é constituída, quimicamente, de polissacarídeos estruturais fibrosos como celulose e hemiceluloses (associados a substâncias pécticas), além de substâncias como ligninas, sílica, ácido fítico, cutina e taninos (Saliba et al., 2000). A parede celular vegetal é, fisicamente, dividida em três porções estruturais básicas: • Lamela média • Parede primária • Parede secundária A lamela média forma um cimento vegetal contínuo (pectina); a parede primária é formada por uma massa amorfa de hemiceluloses e substâncias pécticas, onde estão dispersas moléculas de celulose. Já a parede secundária é constituída de celulose, hemiceluloses e ligninas. Com o desenvolvimento da planta e sua maturação, observa-se um processo de lignificação. Esta lignificação resulta no espessamento da parede secundária e confere a esta, uma resistência à ação das bactérias no intestino do animal. � Celulose As celuloses são polissacarídeos de peso molecular alto, cadeia linear e alto grau de polimerização das unidades D- glicose (ligações do tipo β-1,4 e β-1,6). Possuem configuração alongada e agregam-se lado a lado, formando microfibrilas insolúveis unidas por fortes ligações inter e intramoleculares como pontes de hidrogênio, impregnada por uma matriz de propriedades cimentantes que formam uma rede fibrilar cristalina, geralmente associada à lignina, apresentando-se insolúvel em meio alcalino e solúvel em meio ácido. A intensidade de degradação microbiana da parede celular vegetal é determinada pela relação ligninas/celulose, condicionada também, por outras substâncias incrustantes como sílica e cutina (Saliba et al., 2000). A cristalinidade e especificidades das ligações químicas são fatores macromoleculares intrínsecos à celulose e também interferem na ação microbiana, tanto em ruminantes como em não ruminantes (Van Soest, 1994; Brett e Waldron, 1996, citados por Arruda et al, 2003). � Hemiceluloses As hemiceluloses são heteropolissacarídeos de estrutura complexa e heterogênea, com grau de polimerização inferior à celulose. São unidas por ligações glicosídicas e açúcares residuais como xilose, arabinose, glicose, manose, galactose, e ácido glicurônico. São classificadas como pentanos, contendo polímeros de D-xilose unidos por ligações β-1,4 contendo cadeias laterais curtas de arabinose, ácido glicurônico, galactose e glicose (xilanos); ou contendo resíduos de galactose unidos por ligações β-1,3 e β-1,6 cujas cadeias laterais são formadas por arabinose. As hemiceluloses também são classificadas em hexanos contendo predominantemente glicose e manose unidas por ligações β-1,4 (mananos), polímeros compostos de resíduos de glicose unidos por ligações β-1,3 e β- 1,4 (b-glicanos) que se diferenciam da celulose pela solubilidade em meio alcalino, e os polímeros compostos por unidades de glicopiranose unidas por ligações β-1,4 contendo cadeias laterais de xilanopiranose unidas por ligações β-1,6 (xiloglicanos). Em leguminosas foram verificadas ramificações com galactose e frutose (Van Soest, 1985; Hatfield, 1989; Jung, 1989; Brett e Waldron, 1996 citados por Arruda et al., 2003). � Pectinas As pectinas são polímeros do ácido 1,4-β D-galacturônico que se encontram principalmente na lamela média e na parede primária da célula vegetal, atua como elemento “cimentante” entre membranas das células vegetais. A cadeia helicoidal de ácidos galacturônicos está associada com arabinoxilanos e galactomananos, sendo que os grupamentos ácidos estão geralmente combinados com sais de cálcio e metil-ésteres. As pectinas diferem das moléculas amiláceas pela posição da ligação no carbono 4, não sendo atacadas pelas amilases, porém, são susceptíveis a ação microbiana. As pectinas são mais abundantes em leguminosas do que em gramíneas, e estão presentes em concentrações significativas em certos subprodutos ou resíduos agro-industriais como as polpas de citros e de beterraba (Ferreira, 1994; Van Soest et al., 1991; Van Soest, 1994). � Ligninas A palavra lignina vem do latim lignum, que significa madeira. É um dos principais componentes dos tecidos das gimnospermas e angiospermas. Tem um papel importante no transporte de água, nutrientes e metabólitos, além de ser responsável pela resistência mecânica de vegetais e proteção contra microorganismos. Vegetais primitivos como fungos, liquens e algas, não são lignificados (Fengel e Wegener, 1984, citados por Saliba et al., 2000). Em estudos realizados há décadas, foi possível constatar o interesse cientifico e econômico das ligninas. São substâncias amorfas, de natureza aromática e muito complexas, fazendo parte da lamela média e parede celular dos vegetais. As ligninas constituiem- se de polímeros condensados de diferentes álcoois fenilpropanóide, p- cumárico, coniferílico e o sinapílico, além do ácido ferúlico, unidos por ligações do tipo éter ou ligações covalentes entre os núcleos benzênicos, ou aliados aos radicais propano. A proporção destes componentes é irregular entre as plantas, e estão presentes em maior proporção na parede celular secundária, cuja principal função é de suporte estrutural e de resistência física às plantas. As ligninas estão presentes em pequenas quantidades em forragens tenras ou jovens, tendendo a aumentar em função do estado de maturação das plantas e do ambiente em que se desenvolvem, assim como subprodutos agrícolas que incluem talos, cascas e palhas (Hatfield (1989); Jung (1989). Devido as característica de indigestibilidade das ligninas e seus efeitos sobre a digestão da parede celular e dos demais nutrientes, deve- se estar atento às diferenças intrínsecasde suas composições, à complexação com outros compostos e a precisão de suas mensurações. No caso das gramíneas, ocorrem ligações ésteres entre os grupos ácidos das ligninas e xilanos, enquanto nas leguminosas, ocorrem ligações glicosídicas entre grupos álcoois das ligninas, indicando que estas diferenças são importantes para a compreensão da degradação dos componentes fibrosos (Ferreira, 1994; Brett e Waldron, 1996, citados por Arruda et al., 2003). � Outros compostos Na parede celular estão presentes outros compostos que podem ou não estar associados aos polissacarídeos estruturais, e ainda que em quantidades minoritárias, podem ter um efeito significativo sobre a capacidade digestiva. A sílica constitui-se em um destes componentes, com função estrutural com as ligninas. Outro componente relevante refere-se à cutina, substância de natureza lipídica que se deposita nas células com função protetora dos tecidos, cera cuticular e frações polimerizadas associados às ligninas, cuja proporção é amplamente variável entre as espécies vegetais. Os taninos por sua vez, são polímeros fenólicos de alto peso molecular, formando complexos estáveis com as proteínas. São classificados em dois grupos: taninos hidrolisáveis e condensados. Os taninos condensados tendem a diminuir o valor nutricional dos alimentos pelos efeitos deletérios devido à inibição das enzimas digestivas, tais como as tripsinas, as amilases e as lipases, além de impacto negativo sobre a microflora simbiótica dos animais. Os taninos hidrolisáveis, em função da acidez gástrica, liberam a cadeia peptídica e expõe seus sítios de hidrólise. As substâncias terpenóides de maior importância nutricional são as saponinas, destacando-se em leguminosas como alfafa pelo efeito hipocolesterolêmico sobre os coelhos (Eastwood, 1992; Ferreira, 1994; Brett e Waldron, 1996). 2.2.3 Métodos de avaliação de fibra nos alimentos A estimação indireta da fibra dietética pode ser realizada por diferentes metodologias (revisadas por Bach Knudsen, 2001 e Mertens, 2003), onde os constituintes não fibrosos são extraídos por meio de solubilização com soluções químicas, hidrolisados enzimaticamente ou uma combinação de ambos os procedimentos. Uma vez isolado, o resíduo de fibra pode ser medido gravimetricamente, pesando o resíduo ou, quimicamente, (hidrolisando o resíduo e medindo os componentes individuais: açúcares e ligninas) (Carabaño et al., 1997). Pode ser feito por três métodos: químico- gravimétrico, enzimático-gravimétrico e enzimático-químico. Desta maneira se pode quantificar a fibra dietética total (polissacarídeos não amiláceos e lignina) e fracioná-la em “fibra solúvel” e “fibra insolúvel” em água, assim como obter sua composição de monossacarídeos. A combinação da quantificação dos monossacarídeos com a informação química complementar pode permitir descrever melhor a estrutura da fibra em questão (Carabaño et al., 1997). Vale ressaltar que estes métodos de identificação dos monossacarídeos são complexos, caros e pouco práticos, portanto, difíceis de ser implementados como rotina em laboratórios avaliadores de alimentos (Carabaño et al., 1997). Uma das metodologias mais empregadas para a determinação da porção fibrosa do alimento é o "Método de Weende" ou Fibra Bruta (FB), mas esta metodologia subestima a mensuração da fibra uma vez que quantidades de celulose, hemiceluloses e ligninas são perdidas durante o ataque dos ácidos e álcalis. Esta subestimação tende a variar quantitativamente de acordo com a composição da parede celular dos alimentos. Outros métodos têm sido mais eficientes neste sentido, como o uso de detergentes (Método de Van Soest), pelo qual é determinada a fração fibra detergente neutro (FDN), constituída basicamente de celulose, hemiceluloses e ligninas, e a fração fibra detergente ácido (FDA) constituída de celulose e ligninas e podendo conter pectinas em quantidades variadas. Outras técnicas, como a espectrofotometria de massa, também têm sido utilizadas na determinação da fibra na dieta (Carabaño et al., 1997). 2.2.4 Avaliação da fibra para dieta de coelhos Existem definições alternativas no que diz respeito à fibra que a relaciona com fisiologia do animal. Mertens (2003) propõe a definição de fibra dietética insolúvel para os animais herbívoros, considerando suas particularidades digestivas, já que esta condiciona a digestibilidade a e velocidade de trânsito da digesta nos mesmos. A fibra dietética insolúvel se define como a fração orgânica do alimento que é indigestível (ligninas) ou lentamente digestível (hemiceluloses e celulose) e que ocupa espaço no trato gastrointestinal. Esta definição aceita que dentro da definição de fibra se incluam constituintes que não provenham do reino vegetal, e inclusive, polissacarídeos solúveis e/ou rapidamente fermentáveis (pectinas e frutanos). A quantificação da fibra insolúvel se realiza mediante a análise de FDN de Van Soest, que é um método mais sensível, rápido e econômico. Apesar destas vantagens, o método de FDN pode ser criticado por sua variabilidade de resultados entre laboratórios (Xiccato et al., 1999). Isto se deve, em parte, às diferentes maneiras de se realizar as análises e sua variada metodologia existente (Van Soest e Wine, 1967; Robertson e Van Soest, 1980; Mertens, 2002) e às diferentes adaptações das mesmas, utilizadas pelos diferentes laboratórios. Outros métodos, como FDA e FB, são usados também, mas além de não cumprirem com as definições de fibra dietética insolúvel mencionada anteriormente, podem solubilizar hemiceluloses e conter pectinas no resíduo, suas frações encontradas podem não explicar alguns efeitos que a fibra exerce sobre o trato gastrointestinal do animal. Por outro lado, estes métodos têm demonstrado importância para pré-dizer o valor energético dos alimentos em dietas para coelhos e demonstram uma reprodutividade similar ou melhor que a do FDN, entre os laboratórios (Carabaño et al.,1997). Retore et al. (2008) verificaram que a qualidade da fibra é tão ou mais importante que a quantidade adicionada na dieta para coelhos. Trabalharam com alfafa (15%), farelo de linhaça (18,02%) e polpa cítrica (20%); foram utilizados 24 coelhos, com 40 dias de idade e divididos em três tratamentos. Observaram que o FDN não diferia entre as dietas, porém a dieta com farelo de linhaça apresentou resultados mais baixo que as demais, afetando negativamente o desempenho dos animais que a consumiram durante o experimento. Isto ocorreu, provavelmente, pela alta capacidade de hidratação da fibra solúvel contida nesta dieta. De acordo com De Blas e Wiseman (1998), a habilidade de hidratação da fibra de uma dieta aumenta a viscosidade da digesta e diminui a digestibilidade dos nutrientes desta digesta, dificultando a ação das enzimas digestivas e a difusão das substancias ligadas ao processo digestivo. Este fato já fora reportado para aves e suínos também, afetando negativamente o desempenho destas espécies quando se utiliza linhaça ou seus sub-produtos na elaboração de suas dietas (Ortiz et al., 2001; Santos et al., 2005). Os resultados mostraram que a qualidade da fibra requer muita atenção, pois está ligada diretamente ao desempenho dos animais. Independentemente do sistema ou metodologia escolhidos para a quantificação e qualificação da fibra na elaboração de dietas para coelhos, é muito importante estar atento à sua inclusão nas dietas, respeitando as exigências do animal. A fibra tem papel importante na velocidade de passagem da digesta pelo trato digestivo do coelho; fornece relativa quantidade de energia pela sua fermentação pela biota cecal dos animais, além de ser parâmetro para inclusão de outros nutrientes na dieta, como por exemplo, a energia (Carabaño et al., 1997). 2.2.5 Exigências de fibra e inclusãona dieta Os coelhos necessitam de um mínimo de fibra indigestível na dieta para manter os processos fisiológicos normais. No entanto estes valores não devem exceder a um nível no qual se limitaria o aporte de outros nutrientes na dieta. Devem ser observados, portanto, os limites mínimos e máximos da fibra na ração, levando-se em conta que a variação do conteúdo de fibra implica em flutuações nos valores de proteína e energia. Supõe-se que um mínimo de 13 % de fibra bruta ou 17,5 % de fibra detergente ácido, ou um máximo de 17,5 % de fibra bruta ou 23 % de fibra detergente ácido, sobre a matéria natural, seriam recomendados. Também é importante observar os requisitos com relação à idade ou processos fisiológicos (animais em engorda, em período de desmame e gestação e lactação das coelhas reprodutoras). A tabela 2 mostra sugestões de alguns autores para diferentes categorias de animais e diferentes parâmetros para o teor de fibra. Tabela 2 - Limite de fibra sugerido para elaboração de dietas para coelhos* FIBRA COELHAS REPRODUTORAS COELHOS PÓS- DESMAMA COELHOS EM ENGORDA FB 11,5-12,5 (3) - - FDA 15-16 (3) >19 (1) >17 (1) FDN 33-37 (3) >31 (1) >27 (1) LDA >4 (2) 4,5-5 (3) >5,5 (1) >4,5 (2) >5 (1) 1: Gidenne et al., 2001; 2: Carabaño et al., 1997; 3: Xiccato et al., 1996. *Adaptado de Martín (2002) 2.2.6 Digestibilidade das fontes de fibra para coelhos O valor nutritivo do alimento não depende somente da quantidade de nutrientes que ele contém e de sua composição química, mas também, da disponibilidade destes nutrientes para o animal; é importante saber o quanto o animal irá absorver e metabolizar dos nutrientes contidos nos alimentos ingeridos. Assim sendo, os ensaios de digestibilidade são de extrema relevância na avaliação de alimentos ou dietas. Richards et al. (1962) foram os pioneiros nos estudos referentes à digestibilidade aparente de alimentos nos coelhos. Pérez et al. (1996) exerceram grande influência no aperfeiçoamento e na padronização na metodologia dos ensaios de digestibilidade. O coeficiente de digestibilidade do material fibroso para coelhos, mesmo sendo mais baixo que os outros nutrientes, varia muito conforme a fonte de fibra utilizada (Pérez et al., 1996). Cheeke (1987) sugere que alimentos com altos teores de lignina, normalmente, apresentam valores de digestibilidade de matéria seca inferiores a 15%, já alimentos não lignificados, apresentam valores acima de 60%. A origem botânica da fibra pode influenciar a digestão e a atividade microbiana cecal (Gidenne, 2000). Uma quantidade mínima de FDA em dietas para coelhos em crescimento faz-se necessária para diminuir desordens digestivas e mortalidade (Gidenne, 2000). Em contrapartida, excesso de lignina na dieta pode provocar redução da digestibilidade da dieta, causada pela diminuição no tempo de retenção da digesta no trato digestivo (Gidenne, 2000). 2.3 Dietas simplificadas à base de forragens Outro fator importante a ser considerado em relação às forragens nas dietas para coelhos, é a busca de matérias primas alternativas que forneçam a quantidade e a qualidade de fibra necessária para a elaboração de dietas devidamente balanceadas e equilibradas para os coelhos. Matérias- primas que, quando utilizadas, reduzam o custo de produção e viabilizem o sistema de produção. Dentro deste contexto, surge a idéia de dietas simplificadas, que busca incorporar uma máxima quantidade de uma determinada forragem na elaboração de dietas. Dietas com grande quantidade de forragem têm como principal problema os baixos teores de energia, aminoácidos limitantes e desbalanceamento mineral. Quando se pensa em simplificar dietas para coelhos à base de forragens, a suplementação destes princípios nutritivos faz-se necessária até, minimamente, equilibrá-los (Fernández- Carmona et al. 1998, Martínez-Aispuro et al., 1998, Pascual et al., 2000). 2.3.1 Alfafa A alfafa (Medicago sativa) é uma planta da família das leguminosas. Largamente utilizada na alimentação animal, principalmente coelhos e cavalos, a alfafa possui grande qualidades nutritivas, sendo conhecida como a “Rainha das leguminosas” (Honda e Honda, 1999). De fato a alfafa reúne qualidades nutritivas para coelhos, que exploram sua porção fibrosa de difícil superação em relação à qualidade (Ferreira et al., 1995). É uma planta exigente quanto ao solo devido sua composição bromatológica (Honda e Honda, 1999). O feno de alfafa é o produto obtido da alfafa, constituído da parte aérea da planta, submetida à desidratação natural ou artificial (Compêndio..., 1998). É a forragem mais utilizada como fonte de fibra na elaboração de dietas para coelhos, podendo chegar a 50% de inclusão em dietas comercias. Tem como principal entrave de utilização como alimento único, o fato de apresentar valores energéticos baixos (Martinez, 1984) com índices de energia digestível (ED) variando de 1529,6 kcal/kg MS até 2868 kcal/kg MS. Já os níveis de proteína bruta (PB) no feno de alfafa apresentam valores que atendem as exigências dos coelhos, segundo diferentes autores (Lebas, 1987; Pérez, 1994; García et al., 1995; Fernández-Carmona et al., 1996, Pascual et al., 2000; Herrera, 2003; Machado et al., 2007). Fernández-Carmona et al. (1998) salientam que a alfafa apresenta deficiência de aminoácidos como metionina, arginina e histidina, além de baixos teores de fósforo e sódio e excesso de cálcio. Martinez-Aispuro et al. (1998) testaram dietas para coelhos em crescimento baseadas em forragens (73% alfafa + 19% de quikuio), suplementadas ou não com aminoácidos sintéticos. Concluíram que o ganho de peso diário e a idade de abate foram similares tanto para dietas experimentais quanto para a dieta controle. Observaram também que o consumo de alimento e a conversão alimentar foram melhores nos animais que consumiram a dieta controle. Conforme os autores, a suplementação com aminoácidos sintéticos pode ser uma alternativa para melhora de rendimento e maior consumo dos animais em dietas com grande quantidade de forragens. Fernández-Carmona et al. (1998) trabalharam com dietas simplificadas, sendo uma com 96% de alfafa e outra com 88,1% de alfafa e 8,9% de gordura animal, além da dieta controle. Foram avaliados coelhos em crescimento dos 35 aos 70 dias de idade. Verificaram que as dietas simplificadas proporcionam taxas de crescimento adequadas, além de haver uma redução na mortalidade dos animais em comparação à dieta controle. Herrera (2003) trabalhou com várias dietas simplificadas e avaliou o tempo para que os coelhos atingissem o peso mínimo para o abate. Os animais que consumiram as dietas simplificadas tiveram um menor ritmo de crescimento e, conseqüentemente, maior gasto da dieta para atingirem o peso de abate. A dieta à base de feno de alfafa não conseguiu satisfazer as necessidades dos coelhos para sustentar o crescimento esperado. As dietas à base de feno de folha de amoreira e feno de rami proporcionaram resultados abaixo do esperado, com baixo crescimento dos animais e alta mortalidade. As dietas feitas à base de feno de folhas do terço superior de rama de mandioca apareceram como boa alternativa para redução no custo da dieta, mesmo retardando em alguns dias a meta de peso para abate. Outros ensaios avaliaram o desempenho reprodutivo de coelhas que foram submetidas a dietas simplificadas. Em um ensaio realizado por Fernández-Carmona (2000) foram estudadas duas dietas baseadas em alfafa (96% de alfafa e 92% de alfafa + 5% de gordura) e uma dieta controle para coelhas reprodutoras submetidas a um estresse calórico. Os autores observaram maior consumo das dietas simplificadas em relação à dieta controle. As fêmeas que consumiram a dieta com 96% de alfafa apresentaram uma menor produção de leite e menor ganho de peso daninhada quando comparada às outras duas dietas. Pascual et al. (2002) trabalharam com fêmeas dos 70 dias de idade até a primeira parição. Elaboraram um programa de alimentação baseado na inclusão de fibra, elaborando uma dieta com 96% de feno de alfafa. Observaram que as fêmeas que receberam a dieta controle, neste período, foram mais precoces que as que receberam a dieta à base de alfafa. Houve maior ingestão de alimentos e maior produção de leite por parte das fêmeas que receberam a dieta a base de alfafa, além de desmamarem ninhadas mais pesadas. Mantiveram o programa alimentar até a segunda parição e não observaram diferença entre os tratamentos em relação ao intervalo entre partos. Machado (2006) avaliou o desempenho reprodutivo de fêmeas que consumiram dieta à base de feno de alfafa e dieta controle. As fêmeas que consumiram dieta controle apresentaram melhores resultados no aspecto reprodutivo, com maior número de láparos nascidos e desmamados. 2.3.2 Mandioca A mandioca (Manihot esculenta) é uma planta originaria da America do Sul, sendo uma das principais culturas em todos os estados do Brasil. A mandioca e cultivada em diferentes sistemas de produção, desde cultivos de subsistência com baixo nível tecnológico e de produtividade, principalmente nas regiões Norte e Nordeste, até em produções em larga escala como nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste (Folegatti et al., 2005). O Brasil é o segundo maior produtor mundial de mandioca, produzindo em 2002, mais de 23 milhões de toneladas (Chuzel et al., 1995; Giraud et al., 1995; FAOSTAT..., 2003). A utilização da mandioca como matéria prima na alimentação animal se concentra em três formas práticas de manejo da planta da mandioca: o fornecimento da raiz e da parte aérea ao natural, a formação de silagem usando simultaneamente a raiz e a parte aérea e o preparo de feno do terço superior da planta e de raspa seca de raiz (Ludke et al., 2005). A parte aérea, forragem ou rama de mandioca, é toda a parte que está acima do solo. É composta de hastes e folhas, sendo que a porcentagem destes constituintes varia em função do crescimento vegetativo, época do ano e variedade, determinando um material de maior ou menor valor nutritivo (Michelan, 2004). Quando fornecida na forma de feno, farelo ou silagem, a parte aérea não apresenta perigo de toxidez aos animais (Carvalho, 1986, citado por Michelan, 2004). A composição química do feno do terço superior da rama de mandioca varia de acordo com o cultivar, idade da planta e local (Oliveira, 1984). As folhas, apresentam uma composição química, que varia na base seca, de 16% a 28% de PB (proteína bruta), de 7,5% a 15% de EE (extrato etéreo), de 40% a 45 % de carboidratos solúveis e de 9% a 15% de FB. Normalmente apresentam baixa concentração de minerais e altas concentrações de vitaminas A e C. já as hastes, apresentam valor nutritivo inferior, contribuindo para o aumento da porção fibrosa do terço superior. A concentração de PB nas hastes é inferior à concentração de PB nas folhas (Butolo, 2002). Este autor salienta o fato do Brasil possuir grandes quantidades de rama de mandioca para serem utilizadas na alimentação animal. Devido a este fato e à necessidade de se buscar matérias primas alternativas para alimentação animal, vários trabalhos têm buscado a viabilização da utilização de rama de mandioca para este fim. Coll et al. (1997) avaliaram a parte aérea da mandioca na alimentação de suínos em crescimento-terminação. Observaram que este alimento pode substituir em até 30% o milho na elaboração da dieta nesta fase. Trabalhando com frangos de corte, Silva et al. (2000) utilizaram farinha das folhas de mandioca e concluíram que este sub-produto apresentou valores nutricionais que permitiam sua utilização na elaboração de dietas para esta espécie. Da Graça et al. (2001) trabalharam com dietas de feno de rama de mandioca, feno de alfafa e feno de Tifton. Concluíram que feno de rama de mandioca, apesar de apresentar valores de digestibilidade inferiores aos outros fenos, é uma opção para dietas para eqüinos em crescimento. Scapinello et al. (1999) realizaram um ensaio no qual foi determinado o valor nutritivo do feno de rama de mandioca para coelhos em crescimento. Utilizaram a metodologia de substituição de uma dieta referência em 30% de matéria seca e obtiveram coeficientes de digestibilidade aparente da matéria orgânica, PB e energia, os seguintes valores: 41,95%, 43,72% e 36,63%, respectivamente. Trabalhando com diferentes produtos de mandioca para coelhos em crescimento, Abd-Baki et al. (1993) verificaram que a raiz e as folhas podem ser utilizadas de modo a atender às necessidades nutricionais dos coelhos, substituindo parte de outro alimento utilizado como fonte de proteína e energia na elaboração da dieta. Michelan (2004) verificou que o feno do terço superior da rama de mandioca pode ser incorporado em dietas para coelhos em crescimento, substituindo o feno de alfafa em 60%. O desempenho dos animais que consumiram a dieta com rama de mandioca foi semelhante ao desempenho dos demais. Machado (2006) trabalhou com fêmeas em reprodução consumindo dietas simplificadas com feno do terço superior da rama de mandioca e verificou o fraco desempenho destas fêmeas, com alta mortalidade e desempenho reprodutivo muito abaixo do esperado. Trabalhando com 144 coelhos (machos e fêmeas) do desmame ao abate (dos 31 aos 70 dias de vida), Oliveira et al. (2008) verificaram que os animais que receberam as dietas à base de feno do terço superior da rama de mandioca e sub-produto industrial de mandioca (totalizando 80% do volume da dieta) apresentaram fraco desempenho e descaracterização das carcaças dos coelhos. Os pesos finais destes animais ao abate foram reduzidos em 10%, em relação aos animais que ingeriram dieta controle. 2.4 Sistema Reprodutivo de coelhos machos 2.4.1 Testículos Os testículos são estruturas glandulares e formadas por uma porção exócrina e uma porção endócrina. A porção exócrina é constituída por túbulos seminíferos e ductos intratesticulares, a endócrina, pelas células de Leydig. Os testículos dos coelhos são alongados com até 4 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro. Há uma correlação positiva entre o peso testicular e a produção espermática, utilizando a massa testicular como indicador quantitativo da produção espermática, pois o principal componente do testículo é o túbulo seminífero (Amann, 1970; França e Russell, 1998). Como nos demais mamíferos, os testículos dos coelhos estão envolvidos por uma cápsula conjuntiva colagenosa, a túnica albugínea, da qual partem septos para o interior do órgão, formando os lóbulos testiculares. Dentro dos lóbulos encontram-se os túbulos seminíferos, de trajeto sinuoso, enovelados e extensos. A parede dos túbulos seminíferos é constituída de uma túnica conjuntiva externa, uma membrana basal intermediária onde estão as células de Sertoli e as células germinativas em diferentes etapas do desenvolvimento. Parâmetros quantitativos diretamente relacionados aos túbulos seminíferos, como diâmetro tubular, espessura do epitélio seminífero, e comprimento total dos túbulos seminíferos, apresentam relação positiva com a atividade espermatogênica, fornecendo informações para o estabelecimento da mesma, em uma determinada espécie (França e Russell, 1998; Paula, 1999, citados por Gomes, 2007). Pesquisadores como Mali et al (2002) e Gupta et al (2001) associam o comprimento e diâmetro dos túbulos seminíferos à produção de testosterona e, conseqüentemente, à fertilidade. A espermatogênese é um processo regular e sincronizado de diferenciação testicular pelo qual uma espermatogônia-tronco se diferencia de modo gradativo, em uma célula haplóide altamente especializada, o espermatozóide (Johnson, 1991;França e Russell, 1998). É dividida em três fases esta diferenciação complexa e organizada, baseando-se em considerações morfológicas e funcionais: a primeira fase é a proliferativa (espermatogonial) na qual as células sofrem rápidas e sucessivas divisões mitóticas. A segunda e a fase meiótica (espermatócitos), na qual o material genético é duplicado e passa por recombinação genética. A terceira fase é a espermiogênica ou de diferenciação. As espermátides sofrem intensas modificações, transformando- se em espermatozóides. O processo é continuo em que cada fase é caracterizada por mudanças morfológicas e bioquímicas dos componentes do citoplasma e do núcleo (Courot et al., 1970, citado por Gomes, 2007). O processo espermatogênico do coelho dura de 48 a 51 dias (McDonald e Pineda, 1989), tempo necessário para que uma espermatogônia se transforme em espermatozóide. Os espaços entre os túbulos são preenchidos por um tecido conjuntivo frouxo onde estão as células de Leydig; secretoras de testosterona. 2.4.2 Ciclo do epitélio seminífero e seus estádios Os estádios do ciclo do epitélio seminífero são caracterizados pela organização bem definida das células espermatogênicas, nos túbulos seminíferos. Na maioria dos mamíferos estudados, o arranjo dos estádios do ciclo do epitélio seminífero é segmentado e, normalmente, existe apenas um estádio por secção transversal de túbulo (Leblond e Clermont, 1952; Russell et al., 1990). O ciclo do epitélio seminífero em um dado segmento pode ser definido como período do desaparecimento de um determinado estádio até o seu reaparecimento neste mesmo segmento (Leblond e Clermont, 1952). A duração do ciclo do epitélio seminífero é, geralmente, constante para uma determinada espécie, variando entre elas (Amann, 1970; Courot et al., 1970; Russell et al., 1990). Um ciclo do epitélio seminífero, no coelho, gira em torno de 10 dias (McDonald e Pineda, 1989). Normalmente são necessários quatro a cinco ciclos para que o processo espermatogênico se complete e que haja liberação dos espermatozóides na luz do túbulo seminífero a partir de uma espermatogônia A (Amann e Schanbacher, 1983; França e Russell, 1998). Além da organização seqüencial em um dado segmento, os estádios também apresentam uma seqüência ao longo da extenção do túbulo seminífero, ou seja, normalmente um determinado estádio está em posição contínua a um seguimento subseqüente. Esta disposição seqüencial de estádios ao longo do túbulo denomina-se onda do epitélio seminífero (Curtis, 1918; Perey et al., 1961; Cupps, 1991); não tem sua origem muito bem explicada. Esta onda tem como função a liberação assegurada e constante de espermatozóides, reduzir a competição por hormônios e metabólicos usados em um dado estádio, reduzir o risco de congestão que poderia ocorrer ao longo do túbulo se a espermiação ocorresse simultaneamente, assegurar o fluxo constante de fluido do túbulo do epitélio seminífero mantendo o veiculo para transporte dos espermatozóides e hormônios utilizados pelo epitélio do epidídimo, além de facilitar a maturação dos espermatozóides no epidídimo por um fluxo constante de espermatozóides e fluidos vindos do testículo (Johnson, 1991; Cupps, 1991). A seqüência se inicia com estádios menos avançados no meio de uma alça de túbulo, ocorrendo algumas interrupções na seqüência dos estádios (chamadas de modulações) (Russell et al., 1990). Estádio do ciclo do epitélio seminífero é considerado como sendo um conjunto definido de gerações de células germinativas encontrado, num determinado momento, em um túbulo seminífero, cortado transversalmente (Castro et al., 1997). Uma vez que as gerações de células espermatogênicas desenvolvem-se sincronicamente em estreita relação umas com as outras, ao longo do tempo em uma determinada secção transversal de túbulo seminífero, há uma mudança constante progressiva de estádios, formando o ciclo do epitélio seminífero. Duas principais metodologias têm sido empregadas para estudo dos estádios do epitélio seminífero de mamíferos: um é chamado método da morfologia tubular e se baseia nas alterações de forma do núcleo das células espermatogênicas, na ocorrência de divisões meióticas e no arranjo das espermátides no epitélio seminífero. Este método permite a obtenção de oito estádios do ciclo para todas as espécies (Berndtson, 1977; Ortavant et al., 1977; Guerra, 1983, França, 1991; Paula, 1999). O outro método é conhecido como o do sistema acrossômico. Tem como base de estudo as alterações do sistema acrossômico e na morfologia das espermátides em desenvolvimento. Com este método, o número de estágios varia de espécie para espécie, girando em torno de 10 a 16 estádios, na maioria dos animais (Russell et al., 1990; Castro, 1995; França e Russell, 1998). Isso acontece pelo fato de que, apesar das características gerais da espermatogênese ser semelhantes entre as espécies, existem diferenças nos detalhes do desenvolvimento do acrossoma entre as mesmas. A freqüência relativa em que os estádios do ciclo do epitélio seminífero são encontrados, a torna um parâmetro de grande importância em estudos da espermatogênese e reflete a duração absoluta de cada estádio. O conhecimento da freqüência dos estádios, além de ser essencial para se estimar a duração do ciclo do epitélio seminífero, é muito útil para se monitorar a duração dos efeitos dos agentes lesivos ou drogas sobre a espermatogênese (Castro et al., 1997). Fica evidente que a freqüência média dos estádios do ciclo do epitélio seminífero difere entre as espécies. Por outro lado, entre indivíduos da mesma espécie, é um parâmetro relativamente constante, independente do método usado para sua identificação (Clermont, 1972,; Hess et al., 1990). 2.4.3 Colheita de sêmen Para se realizar a colheita de sêmen de coelhos, utilizam-se vaginas artificiais. O uso da vagina propicia estímulo mecânico (compressão) e térmico e desencadeia o reflexo ejaculatório no macho. A vagina artificial é composta por um cilindro externo de PVC, com 8 cm de diâmetro. A parte interna é revestida por preservativo, sem espermicida, compondo uma câmara. Ela é fixada na borda externa por intermédio de goma elástica posta sobre a dobra feita no extremo do corpo central. A água é introduzida no espaço criado entre a parede interna da vagina artificial e o preservativo. Ela é aquecida até 51° C, para que no momento da colheita, sua temperatura esteja em torno de 44° C. Em um dos extremos, se encontra o orifício maior, pelo qual o macho introduz seu pênis. Do lado contrário, há outro orifício menor para recolhimento do sêmen, onde é adaptado o tubo coletor (figura 1-A). Preferencialmente, a colheita é feita na gaiola do macho, dando a ele maior confiança (Badú, 2003). A fêmea é contida pelo pregueamento de sua pele pela região cervical e mantida sobre a vagina artificial, até que o macho faça a monta; quando ele monta o pênis é desviado para penetrar na vagina artificial (figura 1-B). O ejaculado é recolhido na extremidade oposta com a ajuda do tubo coletor. O procedimento de colheita com machos devidamente condicionados, tem duração aproximada de 20 a 30 segundos. Figura 1: vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) (Fotos do autor) A B 2.4.4 Avaliação do sêmen Após a colheita, faz-se a avaliação física do sêmen observando-se o odor, a cor e o volume. Quando no ejaculado encontra-se a fração gel, faz-se a retirada com auxilio de uma pipeta ou pinça antes da mensuração do volume do ejaculado. A avaliação do vigor e da motilidade progressiva é feita no microscópio óptico, onde na avaliação do vigor avalia-se a força, a intensidade de movimento massal do ejaculado. Já a motilidade progressiva é dada em porcentagem, estimando-se a quantidade de espermatozóides que se movem progressivamente. O aspectodo sêmen pode ser avaliado visualmente. Colhe-se uma alíquota para posterior análise em laboratório, de patologias dos espermatozóides e mensurar sua concentração no sêmen. O binômio volume e concentração variam, segundo Panella e Castellini (1990) e Benckeikh (1993), de 0,1mL a 1,4 mL e de 125 milhões a um bilhão de espermatozóides/mL. Ell-Ezz et al. (1985) observaram uma correlação positiva entre peso do corpo e a concentração espermática. A motilidade do sêmen fresco varia entre 40% e 95% (Martin, 1993). Jarpa Mendes (1984) demonstrou haver correlação negativa entre motilidade progressiva e a porcentagem de formas anormais. Benckeikh (1993) observou uma relação inversa entre o ritmo da coleta e a motilidade e concentração. Colomb (1972) concluiu que o melhor ritmo de coleta, visando maximizar a utilização do macho seria a cada dois dias, duas coletas sucessivas, com intervalo de 10 minutos. Consegue-se recuperar 60 % do total de sêmen armazenado no epidídimo. Williams (1934) foi o primeiro a determinar que o aumento da concentração de espermatozóides anormais era responsável pela diminuição da fertilidade. Estes defeitos estão distribuídos pelas partes do espermatozóide: cauda, parte intermediária (PI) e acrossoma. Até a nova classificação estabelecida por Blom (1973), as anormalidades eram divididas em primárias e secundárias, onde a origem do defeito era o que determinava a sua classificação. Assim, as anormalidades primárias eram provenientes de uma disfunção no epitélio seminífero (ex.: formato anormal de cabeça, PI e cauda) e as secundárias decorrentes de anormalidades no trajeto pelo epidídimo (ex.: gota e cabeça isolada). Esta forma de classificação tornou-se obsoleta quando se constatou que a ocorrência de gotas poderia ser proveniente da degeneração testicular, o que a tornava tão importante quanto às anormalidades primárias. A partir daí, passou-se a aceitar a definição de anormalidades maiores e menores. Na espécie cunícola, os defeitos maiores somados não podem ultrapassar 15% e os defeitos totais aceitos são de 25% (Sinkovics et al., 1983). Os animais que ultrapassarem estes limites, deverão ser reavaliados antes de se fechar um diagnóstico negativo. São vários os fatores que atuam para ameaçar a integridade da espermatogênese, gerando espermatozóides anormais por um período temporário ou definitivo. O estresse térmico pode determinar o aumento da ocorrência de gota proximal (GP) de 5% para 90%, além da diminuição da motilidade (de 70% para 20%). As anomalias morfológicas, devido ao estresse térmico, observadas por Finzi et al. (1995) concentraram-se na cauda: gota citoplasmática, cauda dobrada e cauda enrolada. Elas começam a aparecer a partir da terceira semana em que o animal é submetido ao estresse, agravando-se nas duas semanas seguintes. Morera et al. (1999) concluíram ser a variação na permeabilidade da membrana plasmática dos espermatozóides que perderam a motilidade, a responsável pela absorção da solução salina e a torção da cauda. O número de espermatozóides com esta variação de permeabilidade cresce de acordo com o período do estresse. As técnicas de avaliação seminal, não permitem fazer uma predição exata do poder fecundante dos espermatozóides, à exceção dos casos em que a concentração e a motilidade estão abaixo dos níveis mínimos. Neste caso, a avaliação estabelece o descarte do macho como um critério de seleção. Eventos relacionados ao espermatozóide no momento da fecundação, como a eficiência na penetração do oócito e a ação do espermatozóide após a fertilização, não podem ser avaliados pelos métodos clássicos (Peláez et al., 1999). 3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS Avaliar nutricionalmente dietas simplificadas à base de feno de alfafa e terço superior da rama da mandioca para coelhos em crescimento através da digestibilidade in vivo; Estudar o perfil andrológico e a histologia testicular de coelhos, desde sua fase de crescimento até o início da maturidade sexual, alimentados integralmente com dietas simplificadas à base de forragens, corrigindo-se, parcialmente, sua energia, aminoácidos, vitaminas e minerais. REFERÊNCIAS ABD EL-BAKI, S. M.; NOWAR, M. S.; BASSUNY, S. M. et al. Cassava as new animal feed in Egypt 3- pelleted complete cassava feed for growing rabbits. World Rab. Sci., v.1, n.4, p.139-145, 1993. AMANN, R. P. Sperm production rates. In: Johnson, A. D., Gomes, W. R., Vandemark, N. L. 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