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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS 
ESCOLA DE VETERINÁRIA 
COLEGIADO DE ZOOTECNIA 
 
 
 
 
DIETAS SIMPLIFICADAS NA ALIMENTAÇÃO 
DE COELHOS E SEUS EFEITOS NA 
REPRODUÇÃO E PRODUÇÃO 
CARLOS EUGÊNIO AVILA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
Escola de Veterinária 
2009 
CARLOS EUGÊNIO AVILA DE OLIVEIRA 
 
 
 
 
 
 
DIETAS SIMPLIFICADAS NA ALIMENTAÇÃO 
DE COELHOS E SEUS EFEITOS NA 
REPRODUÇÃO E PRODUÇÃO 
 
 
Tese apresentada à Escola de Veterinária 
da Universidade Federal de Minas Gerais, 
como requisito parcial para obtenção do 
grau de Doutor em Zootecnia. 
Área de concentração: Nutrição Animal 
Orientador: Walter Motta Ferreira 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2009
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O48d Oliveira, Carlos Eugênio Avila de.1971 - 
 Dietas simplificadas na alimentação de coelhos e seus efeitos na 
reprodução e produção / Carlos Eugênio Avila de Oliveira. – 2009. 
 92 p. : il. 
 Orientador: Walter Motta Ferreira 
 Tese (doutorado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de 
Veterinária 
 Inclui bibliografia 
 1. Coelho – Alimentação e rações – Teses. 2. Coelho – Reprodução – 
Teses. 3. Dieta em veterinária – Teses. 4. Feno como ração – Teses. 5. 
Digestibilidade – Teses. I. Ferreira, Walter Motta. II. Universidade Federal de 
Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título. 
CDD – 636.932 208 5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedicatória 
 
Dedico este trabalho a todos que, de alguma forma, contribuíram para sua 
realização. Aos meus pais, minha mulher, Regina, e minha filha, Maria Luiza, 
cujas presenças em minha vida, me ajudam a transformar em realidade, os 
rascunhos dos meus sonhos. 
Agradecimentos 
 
A Deus, presença constante... 
Ao Professor Walter Motta Ferreira, pelo crédito e pela paciência. 
Aos professores da Escola de Veterinária da UFMG, em especial, aos 
professores e funcionários dos departamentos de Zootecnia e Reprodução, 
dispostos, sempre, em colaborar. 
Ao Professor Gentil Vanini de Moraes, da Universidade Estadual de Maringá-
UEM e aos colegas Haroldo Garcia, Márcia Andreazzi e Andréia Michelan; 
fundamentais para a realização do presente trabalho. 
Ao professor Laércio dos Anjos Benjamin e aos colegas Lucas Marcon e Vívian 
Freitas, da Universidade Federal de Viçosa – UFV, que, com dedicação e 
empenho, ajudaram em momentos cruciais do trabalho. 
Ao colega Marcos Xavier, pela dedicação “matemática” ao trabalho. 
Aos colegas da Escola de Veterinária, que estiveram sempre presentes. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Para os crentes, Deus está no princípio de todas as coisas, 
para os cientistas, no final de toda reflexão”. 
Max Planck (1858-1947) 
SUMÁRIO 
 
RESUMO 
 
ABSTRACT 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
LISTA DE TABELAS 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
1 INTRODUÇÃO GERAL 17 
 
2 REVISÃO DE LITERATURA 18 
2.1 Fisiologia da digestão dos coelhos 18 
2.2 Importância da fibra na elaboração de dietas para coelhos 20 
2.2.1 Conceito de fibra dietética 20 
2.2.2 Composição da fibra 20 
2.2.3 Métodos de avaliação de fibra nos coelhos 23 
2.2.4 Avaliação de fibra para dietas de coelhos 24 
2.2.5 Exigências de fibra e inclusão na dieta 25 
2.2.6 Digestibilidade das fontes de fibra para coelhos 26 
2.3 Dietas simplificadas à base de forragens 27 
2.3.1 Alfafa 27 
2.3.2 Mandioca 28 
2.4 Sistema Reprodutivo dos machos 30 
2.4.1 Testículos 30 
2.4.2 Ciclo do epitélio seminífero e seus estágios 31 
2.4.3 Colheita de sêmen 33 
2.4.4 Avaliação de sêmen 33 
 
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 35 
 
REFERÊNCIAS 35 
CAPÍTULO I 
EXPERIMENTO I 
 
EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS 
SOBRE A DIGESTIBILIDADE E DESEMPENHO DE COELHOS DA RAÇA NOVA 
ZELÂNDIA BRANCO 
 
RESUMO 
 
ABSTRACT 
 
1 INTRODUÇÃO 45 
 
2 MATERIAL E MÉTODOS 46 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 48 
 
4 CONCLUSÕES 52 
 
REFERÊNCIAS 52 
 
 
CAPÍTULO II 
EXPERIMENTO II 
 
EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS 
SOBRE AS CARACTERÍSTICAS SEMINAIS E MORFOLOGIA ESPERMÁTICA DE 
COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA BRANCO 
 
RESUMO 
 
ABSTRACT 
 
1 INTRODUÇÃO 56 
 
2 MATERIAL E MÉTODOS 58 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 60 
 
4 CONCLUSÕES 65 
 
REFERÊNCIAS 65 
CAPÍTULO III 
EXPERIMENTO III 
 
EFEITO DA UTILIZAÇÃO DE DIETAS SIMPLIFICADAS A BASE DE FORRAGENS 
SOBRE AS CARACTERÍSTICAS MORFOMÉTRICAS DE TESTÍCULOS DE 
COELHOS DA RAÇA NOVA ZELÂNDIA BRANCO 
 
RESUMO 
 
ABSTRACT 
 
1 INTRODUÇÃO 70 
 
2 MATERIAL E MÉTODOS 71 
 
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 76 
 
4 CONCLUSÕES 83 
 
REFERÊNCIAS 84 
 
 
CONCLUSÃO GERAL 89 
 
 
ANEXO 
Anexo 1 - Informações sobre a situação climática local, durante a 
realização do Experimento II 90 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS 
 
- % (porcentagem) 
- µg (micrograma) 
- µm (micrômetro) 
- π (PI) 
- ac. (ácido) 
- AET (altura do epitélio tubular) 
- anorm. (anormalidades) 
- AR (espermátide arredondada) 
- oC (grau Celsius) 
- CA (conversão alimentar) 
- cm (centímetro) 
- CBRA (Colégio Brasileiro de Reprodução Animal) 
- CMRD (consumo médio de ração diário) 
- CCT (comprimento tubular total) 
- CDEB (coeficiente de digestibilidade aparente da energia bruta) 
- CDMS (coeficiente de digestibilidade aparente da matéria seca) 
- CDPB (coeficiente de digestibilidade aparente da proteína bruta) 
- concent. (concentração) 
- CV (coeficiente de variação) 
- DA (dieta à base de feno de alfafa) 
- DNM (diâmetro nuclear médio) 
- DM (dieta à base de feno de rama de mandioca) 
- DR (dieta de referência) 
- EB (energia bruta) 
- EC (espessura do corte) 
- ED (energia digestível) 
- EE (extrato etéreo) 
- FB (fibra bruta) 
- FDA (fibra detergente ácido) 
- FDN (fibra detergente neutro) 
- GMPD (ganho médio peso diário) 
- g (grama) 
- IA (inseminação artificial) 
- IGS (índice gonadossomático) 
- ITS (índice tubulossomático) 
- Kg (quilograma) 
- Kcal (quilocaloria) 
- LDA (lignina detergente ácido) 
- met+cys (metionina + cistina) 
- min (mineral) 
- mg (miligrama) 
- mL (mililitro) 
- mm (milímetro) 
- MS (matéria seca) 
- MSE (matéria seca excretada) 
- MSI (matéria seca ingerida) 
- PB (proteína bruta) 
- PC (peso de carcaça) 
- PL/L (espermatócito em pré-leptóteno / leptóteno) 
- PQ (espermatócito em paquíteno) 
- PV35 (peso vivo aos 35 dias) 
- PV50 (peso vivo aos 50 dias) 
- PV70 (peso vivo aos 70 dias) 
- PVC (poli-cloreto de vinila) 
- PVI (proporção volumétrica de interstício) 
- PVTS (proporção volumétrica de túbulo seminífero) 
- r (raio) 
- RC (rendimento de carcaça) 
- RET (reserva espermática total) 
- Vit (vitamina) 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
Figura 1 - Vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) 33 
 
CAPÍTULO III - EXPERIMENTO III 
Figura 1 - Retículo utilizado para cálculo das proporções volumétricas dos 
componentes testiculares 74 
Figura 2: - Medições realizadas para cálculo dos diâmetros tubulares e as 
alturas do epitélio seminífero 74 
 
LISTA DE TABELAS 
 
REVISÃO DE LITERATURA 
Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e 
faixa de variação) 19 
Tabela 2 - Limite de fibra sugerido para elaboração de dietas para coelhos 26 
 
EXPERIMENTO I 
Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 47 
Tabela 2 – Coeficientes de digestibilidade aparente da matéria seca 
(CDMS) da proteína bruta (CDPB) e da energia bruta (CDEB) de 
dietas simplificada a base de feno de alfafa e do terço superior 
da rama da mandioca 48 
Tabela 3 – Matériaseca ingerida (MSI) e matéria seca excretada (MSE) 
de coelhos alimentados com de dietas simplificadas a base de 
feno alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50 
Tabela 4 - Peso vivo aos 35 dias (PV35) e aos 50 dias (PV50), ganho 
médio de peso diário (GMPD), consumo médio de ração diário 
(CMRD) e conversão alimentar (CA) de coelhos de 35 a 50 dias 
de idade alimentados com dietas simplificadas a base de feno 
alfafa e do terço superior da rama da mandioca 50 
Tabela 5 - Peso vivo aos 70 dias (PV70), ganho médio de peso diário 
(GMPD), consumo médio de ração diário (CMRD), conversão 
alimentar (CA), peso de carcaça (PC) e rendimento decarcaça 
(RC) de coelhos de 35 a 70 dias de idade alimentados com 
dietas simplificadas a base de feno alfafa e do terço superior da 
rama da mandioca 51 
 
EXPERIMENTO II 
Tabela 1 - Composição percentual das dietas experimentais 58 
Tabela 2 - Parâmetros avaliados em relação ao sêmen dos coelhos do 
experimento nas diferentes dietas 60 
Tabela 3 - Morfologia dos espermatozóides dos coelhos nos diferentes 
Tratamentos 63 
Tabela 4 - Colheitas de sêmen possíveis durante o experimento e o 
número de animais que as realizaram 64 
 
EXPERIMENTO III 
Tabela 1- Composição percentual das dietas experimentais 72 
Tabela 2 - Resultados obtidos nos índices relacionados ao peso dos 
animais, peso dos testículos, índices gonadossomáticos, 
proporções volumétricas de túbulos seminíferos e interstício e 
índice tubulossomático, nos diferentes tratamentos 77 
Tabela 3 - Resultados obtidos nos índices relacionados aos diâmetros dos 
túbulos seminíferos, altura do epitélio, comprimento dos túbulos 
seminíferos e reserva espermática, nos diferentes tratamentos 79 
Tabela 4 - População de espermatogônias do tipo A, espermatócitos 
primários em pré-leptóteno/leptóteno e em paquíteno, 
espermátdes arredondadas e células de Sertoli, no estádio 1 
do ciclo do epitélio seminífero de testículos de coelhos nos 
diferentes tratamentos 81 
Tabela 5 - Razões entre números corrigidos de células germinativas por 
secção transversal de túbulo seminífero no estádio 1 do ciclo 
do epitélio seminífero nos coelhos do experimento 83
RESUMO 
 
Foram realizados quatro experimentos com o objetivo de se avaliar a aplicação de 
dietas simplificadas a base de forragens na alimentação de coelhos. Em todos os 
experimentos foram utilizadas uma dieta referência e duas dietas simplificadas – três 
tratamentos (uma contendo feno de alfafa e outra contendo feno do terço superior da 
rama de mandioca) e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado. No 
ensaio de digestibilidade foram utilizados 45 coelhos com 50 dias de idade e 15 
repetições por tratamento. Os coeficientes de digestibilidade da matéria seca, proteína 
bruta e energia bruta foram de 50,56%, 73,29% e 50,59%, respectivamente para a 
dieta contendo feno de alfafa; e de 29,64%, 46,96% e 24,52%, respectivamente para 
dieta simplificada contendo feno de rama de mandioca. No experimento de 
desempenho foram utilizados 90 coelhos no período de 35 a 70 dias de idade e 30 
repetições por tratamento. Os resultados de desempenho, referentes às dietas 
simplificadas, no período total do experimento (35 a 70 dias) foram inferiores quando 
comparados com a dieta referência. Outro ensaio avaliou a qualidade seminal de 
coelhos alimentados com dietas simplificadas à base de forragens. Foram utilizados 
33 coelhos com 7-8 meses de idade e 11 repetições por tratamento. Os resultados 
para volume, vigor e concentração foram, respectivamente, 0,56 mL, 3,14 e 
194,82x106 espermatozóides / mL, para os animais alimentados com dieta de feno de 
alfafa. Para coelhos alimentados com dieta com rama de mandioca, os resultados para 
volume, vigor e concentração foram 0,34 mL, 2,27 e 142,94x106 espermatozóides / 
mL, respectivamente. Não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos para 
aspectos relacionados à morfologia espermática. Os animais que consumiram dieta à 
base de feno de mandioca apresentaram uma qualidade de sêmen inferior quando 
comparados com os animais da dieta referência e da dieta à base de feno de alfafa. 
Outro experimento foi realizado com o objetivo de avaliar parâmetros da morfometria 
testicular de coelhos alimentados com dietas simplificadas à base de forragens. Foram 
utilizados testículos de 15 coelhos com 8-9 meses de idade e cinco repetições por 
tratamento. Os resultados para diâmetro tubular e altura do epitélio foram 225,78 µm2 
e 80,81 µm, respectivamente, para os animais alimentados com dieta de feno de 
alfafa. Para coelhos alimentados com dieta com rama de mandioca, os resultados para 
diâmetro tubular e altura do epitélio foram 208,57 µm2 e 65,46 µm, respectivamente. 
Os animais que consumiram dieta à base de feno de mandioca apresentaram um 
desenvolvimento tubular inferior, quando comparados com os animais da dieta 
referência e da dieta à base de feno de alfafa, nos parâmetros diâmetro tubular e 
altura do epitélio seminífero. 
 
Palavras-chave: Feno de alfafa, feno de rama de mandioca, desempenho, 
digestibilidade, qualidade de sêmen, morfometria testicular 
 
ABSTRACT 
 
SIMPLIFIED DIETS IN FEEDING RABBITS AND THEIR REPRODUCTION AND 
PRODUCTION EFFECTS 
 
Four experiments were carried out to evaluate the use of simplified diets the based on 
forages for rabbits. All experiments were distributed in a randomized design with three 
treatments (a reference diet and two simplified diets - one containing alfalfa hay and 
containing cassava upper third foliage hay). In digestibility assay, 45 New Zealand 
white rabbits 50 days old were distributed in a randomized design with three treatments 
and 15 replicates. The digestibility coefficients of the dry matter, crude protein and 
gross energy were 50.56%, 73.29%, and 50.59% for the diet containing alfalfa hay and 
29.64%, 46.96%, and 24.52% for simplified diet containing cassava upper third foliage 
hay. In the performance experiment 90 New Zealand white rabbits from 35 to 70 days 
of age, were used in a randomized design with three treatments and 30 replicates. 
Considering the total experimental period (35 from 70 days) the results showed that 
simplified diets were inferior to the reference diet. Another assay was carried out to 
evaluate the use of simplified diets the based on forages for semen quality of rabbits. 
Thirty-three New Zealand rabbits with 7-8 months old were used and 11 replicates. The 
results for volume, vigor and concentration were, respectively, 0.56 mL, 3.14 and 
194.82x106 spermatozoa/mL for the animals fed with alfalfa hay. The results for rabbits 
fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 0.34 mL, 2.27 and 
142.94x106 spermatozoa/mL (volume, vigor and concentration, respectively). It didn`t 
have statistical differences between the treatments for aspects related to the 
espermatozoa morphology. The animals that had consumed upper third part of foliage 
cassava hay diet had presented inferior quality of semen when compared with the 
animals of the diet reference and the diet with the alfalfa hay base. An experiment was 
carried to evaluate the use of simplified diets the based on forages on rabbits` 
testicular morphometry. Fifteen New Zealand rabbits` testicles with 8-9 months old 
were used and five replicates. The animals had been fed with its respective diets since 
30 days old. The results for tubular diameter and height of seminiferous epithelium 
were 225.78 µm2 e 80.81 µm, respectively, for the animals fed with alfalfa hay. The 
results for rabbits fed with diet with upper third part of foliage cassava hay were 208.57 
µm2 e 65.46 µm for tubular diameter and height of seminiferous epithelium, 
respectively. The animals that had consumed upper third part of foliage cassava hay 
diet had presented an inferior tubular development, when compared with the animals of 
the diet reference and the diet with the alfalfahay base, in the parameters tubular 
diameter and height of seminiferous epithelium. 
 
Key Words: Alfalfa hay, cassava foliage hay, digestibility, performance, semen 
quality, testicular morphometry 
 
 
1 INTRODUÇÃO GERAL 
 
A alimentação dos animais criados de 
modo intensivo pode representar até 
70% do custo de produção destes 
animais. Assim sendo, o estudo dos 
alimentos constituintes das dietas dos 
animais é um processo fundamental 
para que se tenham resultados 
desejados na produção animal. Definir 
o conteúdo de nutrientes efetivamente 
disponíveis na alimentação animal, 
bem como apontar alimentos 
alternativos que não compitam com 
alimentos utilizados na dieta humana 
têm sido o foco dos estudos e 
pesquisas na área da nutrição animal 
nos últimos anos. Pesquisas vêm 
sendo desenvolvidas para melhorar as 
avaliações químicas e os ensaios de 
laboratório dos princípios nutritivos dos 
alimentos objetivando a transformação 
de matérias primas em produtos que 
forneçam proteína de origem animal 
seguros ao uso humano e de qualidade 
superior (Herrera, 2003). O estudo da 
alimentação e nutrição de coelhos não 
é exceção a este panorama. Algumas 
preocupações têm definido as dietas 
atuais para coelhos. É o caso do bem 
estar dos animais, bem como sua 
saúde intestinal; o uso de produtos 
integrados ao modelo de 
sustentabilidade ambiental, além da 
simplificação dos sistemas de 
alimentação (De Blas et al., 1998; 
Xiccato, 1999, Pascual et al., 2000). 
Associado a estas preocupações, está 
o fato de que a redução no custo da 
alimentação dos animais tem grande 
importância na viabilização da 
cunicultura (Michelan, 2004). 
Não obstante, a eficiência reprodutiva 
dos animais é outro fator de relevância 
na produção animal. Um maior número 
de animais nascidos por fêmea em um 
determinado espaço de tempo e um 
maior número de fêmeas para cada 
macho reprodutor (seja monta natural, 
seja inseminação artificial), forma a 
base da dinâmica reprodutiva na 
criação intensiva de animais. 
Diante dos aspectos mencionados, o 
presente trabalho propôs um estudo 
sobre a utilização de dietas 
simplificadas à base de forragens para 
coelhos. No capitulo 1 fez-se uma 
revisão de literatura sobre o assunto. 
Foram abordados alguns tópicos 
relacionados a aspectos nutricionais da 
alimentação e nutrição de coelhos, 
composição, avaliação e aplicação das 
forragens utilizadas na elaboração das 
dietas componentes do trabalho, além 
dos aspectos reprodutivos de coelhos 
machos. No capítulo 2 avaliou-se a 
digestibilidade e o desempenho de 
coelhos submetidos aos tratamentos 
das dietas simplificadas. No capítulo 3 
foram avaliados aspectos reprodutivos 
relacionados ao sêmen de coelhos 
submetidos às mesmas dietas 
simplificadas. No capítulo 4, abordou-
se, em nível histológico, a formação e 
composição dos túbulos seminíferos 
dos testículos dos coelhos submetidos 
aos tratamentos dietéticos em questão. 
2 REVISÃO DE LITERATURA 
 
2.1 Fisiologia da digestão dos 
coelhos 
 
Os coelhos possuem um sistema 
digestivo peculiar e são considerados 
animais herbívoros de ceco funcional e 
praticantes da cecotrofia, ou seja, 
processo de excreção seletiva da fibra 
mais lignificada e atividade microbiana 
simbiótica, utilizando os produtos da 
fermentação e os próprios corpos 
bacterianos incorporados aos 
cecotrofos. O ceco, em constante 
movimento, mistura seu conteúdo com 
rápidas contrações de fluxo e refluxo 
ao longo do segmento do cólon 
proximal, onde há separação mecânica 
de partículas grandes e pequenas. As 
partículas fibrosas tendem a ficarem 
acumuladas no lúmen (>0,3mm), 
enquanto as partículas solúveis e 
fluídas (<0,3mm) tendem a circular 
pelas contrações das haustras, que são 
saculações formadas pelo arranjo de 
fibras musculares, movendo o material 
de uma forma retrógrada para o ceco. 
Quanto maior o tamanho de partícula 
ou lignificação da fibra, mais rápida é a 
eliminação nas fezes (Lang, 1981; De 
Blas, 1984; Cheeke, 1987; Fraga et al., 
1991). 
A quantidade de cecotrofos produzida 
varia de acordo com alguns fatores, 
tais como: indivíduo, idade do animal, 
quantidade e composição do alimento, 
podendo alcançar 18% em média da 
matéria seca ingerida por dia (Fraga et 
al., 1991; Gomes e Ferreira, 1997). 
Outros fatores também podem 
influenciar no consumo de cecotrofos, 
entre eles a iluminação, regularidade 
das operações diárias de manejo, a 
densidade populacional e o ciclo 
circadiano do animal. Os animais 
adultos ingerem mais cecotrofos 
durante a noite e os jovens com uma 
distribuição regular durante o dia. Os 
processos fisiológicos como a lactação 
pode também alterar este consumo. É 
evidente que a fonte comum para os 
dois tipos de fezes é o material cecal, 
no entanto, além de diferenças no 
aspecto externo (tamanho, forma e 
consistência), apresentam 
composições claramente distintas, 
especialmente nos teores de fibra, 
proteína, minerais e água (Ferreira, 
1994) (tabela 1). 
 
Tabela 1 - Composição das fezes duras e cecotrofos (valores médios e faixa de 
variação)* 
Componentes Fezes duras Cecotrofos 
Matéria seca (g/kg) 
Proteína Bruta (g/kg - MS) 
Fibra Bruta (g/kg – MS) 
Cinzas (g/kg – MS) 
Na+ (mmol/kg MS) 
K+ (mmol/kg MS) 
PO2- (g/kg MS) 
 
603 (464-671) 
126 (54-189) 
322 (194-428) 
90 (77-167) 
45 
95 
10 
39,7 
 
349 (276-427) 
289 (218-427) 
184 (131-276) 
125 (95-168) 
120 
280 
110 
139,1 
 
*Adaptado de Santomá et al. (1989) 
 
Portanto, a cecotrofia consiste na 
“reingestão” do conteúdo cecal, 
contendo maiores níveis de proteína e 
água e menores níveis de fibra do que 
as fezes, diferindo na forma física e 
processo de formação. É uma 
estratégia advinda de necessidades 
elevadas a serem supridas apenas com 
alimentos fibrosos. É, naturalmente, 
limitada pela capacidade e velocidade 
de trânsito no TGI (trato 
gastrointestinal) (Cheeke, 1987). 
As composições das fezes e cecotrofos 
são influenciadas pela dieta, pois o uso 
de alimentos fibrosos aumenta a 
participação da fibra em ambos, na 
mesma proporção, sendo que os 
cecotrofos contêm, em média, 60% do 
conteúdo de fibra das fezes (De Blas, 
1984). A composição química dos 
cecotrofos apresenta alto nível de 
proteína, aminoácidos essenciais, 
ácidos graxos voláteis e vitaminas 
hidrossolúveis, mas menores níveis de 
fibra do que as fezes duras resultantes 
do processo fisiológico de seleção de 
partículas no ceco – cólon (Lang, 1981; 
Proto, 1984). 
Os cecotrofos são tomados 
diretamente do ânus e deglutidos 
íntegros, sem ocorrência de 
mastigação. Estes não se misturam ao 
conteúdo estomacal e permanecem no 
estômago até que a camada de muco 
se desintegre. O pH interno do 
cecotrofo é mantido entre 6,0 e 6,5 
devido a um sistema tampão, enquanto 
o pH do conteúdo estomacal gira em 
torno de 1,0 a 1,5. Durante este 
período as bactérias continuam 
fermentando os carboidratos. Após a 
desintegração da camada de muco 
seguem-se os processos de digestão 
normais. Não está bem definido como 
os coelhos distinguem as fezes duras 
dos cecotrofos, entretanto existem 
sugestões de relações com presenças 
de neuromotores anais e quantidade de 
ácidos graxos voláteis no material fecal 
mole, uma vez que estes possuem um 
odor característico que serviria de 
estímulo ao consumo (De Blas, 1984). 
2.2 Importância da fibra na 
elaboração de dietas para 
coelhos 
 
Algumas características ligadas ao 
processo fisiológico da digestão 
microbiana, associadas à anatomia 
cecal dos coelhos, permitem a 
utilização de quantidades significativas 
de alimentos volumosos nas dietas dos 
coelhos, participando em média, de 
30% a 50% das dietas comumente 
elaboradas (Cheeke (1987); 
Fernandéz-Carmona et al., 1998). 
Estas quantidades de alimentos 
volumosos suprem as exigências 
nutricionais em fibra e regulam o 
trânsito da digesta pelo intestino dos 
coelhos, prevenindo diarréias (Laplace, 
1978). Devido aos altos níveis de 
forragens (alimentos volumosos)e, 
conseqüentemente, à grande 
quantidade de fibra que constituem as 
dietas para coelhos, é de suma 
relevância a elaboração de métodos 
precisos e de aplicabilidade simples 
para avaliação de fibra nos alimentos, 
buscando resultados mais homogêneos 
entre os laboratórios de avaliação de 
alimentos (Carabaño et al., 1997). As 
primeiras recomendações 
metodológicas para ensaios de 
digestibilidade aparente em coelhos, 
foram publicadas por Pérez et al. 
(1996), o que representou um grande 
passo para obtenção de métodos e 
técnicas padronizadas para avaliação 
nutritiva dos alimentos. Ferreira et al. 
(1995) reuniram dados brasileiros 
sobre procedimentos experimentais e 
predição do valor nutritivo dos 
alimentos. Verificaram que as 
informações sobre alimentos como 
feno de alfafa, farelo de trigo, farelo de 
soja e milho, comumente usados no 
Brasil e na Europa, apresentavam 
valores semelhantes nas tabelas 
européias. 
2.2.1 Conceito de Fibra dietética 
 
O conceito de fibra dietética tem sido 
periodicamente revisado e se estende 
aos estudos relacionados à nutrição 
humana e aos demais mamíferos 
(Hispley,1953; Burkitt et al., 1972; 
Trowell, 1974; De Viries e Rader, 
2005), se define como os componentes 
do alimento resistentes à degradação 
por enzimas dos mamíferos e a 
absorção no intestino, podendo ser 
fermentados de modo parcial ou total 
no trato intestinal. 
 
2.2.2 Composição da Fibra 
 
Os constituintes da parede celular das 
plantas formam o que se considera a 
fibra presente nestas plantas 
(alimentos). Os polissacarídeos que 
formam a estrutura da parede celular 
das plantas são polímeros de pentoses 
(arabinose e xilose) e hexoses (glicose, 
frutose e galactose). Estas unidades 
básicas combinadas dão origem a dois 
grupos principais, β-glicanos (celuose) 
e heteroglicanos (pectinas e 
hemiceluloses), são também chamados 
de polissacarídeos não amiláceos. 
Estes carboidratos, juntamente com as 
ligninas (polímeros aromáticos de 
ésteres fenólicos) formam as frações 
principais da fibra; parte do alimento 
que não pode ser digerida pelas 
enzimas digestivas dos animais, mas 
são susceptíveis à degradação 
microbiana no intestino. Assim sendo, a 
fibra dietética (parede celular vegetal), 
é constituída, quimicamente, de 
polissacarídeos estruturais fibrosos 
como celulose e hemiceluloses 
(associados a substâncias pécticas), 
além de substâncias como ligninas, 
sílica, ácido fítico, cutina e taninos 
(Saliba et al., 2000). 
A parede celular vegetal é, fisicamente, 
dividida em três porções estruturais 
básicas: 
• Lamela média 
• Parede primária 
• Parede secundária 
 
A lamela média forma um cimento 
vegetal contínuo (pectina); a parede 
primária é formada por uma massa 
amorfa de hemiceluloses e substâncias 
pécticas, onde estão dispersas 
moléculas de celulose. Já a parede 
secundária é constituída de celulose, 
hemiceluloses e ligninas. Com o 
desenvolvimento da planta e sua 
maturação, observa-se um processo de 
lignificação. Esta lignificação resulta no 
espessamento da parede secundária e 
confere a esta, uma resistência à ação 
das bactérias no intestino do animal. 
 
� Celulose 
 
As celuloses são polissacarídeos de 
peso molecular alto, cadeia linear e alto 
grau de polimerização das unidades D-
glicose (ligações do tipo β-1,4 e β-1,6). 
Possuem configuração alongada e 
agregam-se lado a lado, formando 
microfibrilas insolúveis unidas por 
fortes ligações inter e intramoleculares 
como pontes de hidrogênio, 
impregnada por uma matriz de 
propriedades cimentantes que formam 
uma rede fibrilar cristalina, geralmente 
associada à lignina, apresentando-se 
insolúvel em meio alcalino e solúvel em 
meio ácido. A intensidade de 
degradação microbiana da parede 
celular vegetal é determinada pela 
relação ligninas/celulose, condicionada 
também, por outras substâncias 
incrustantes como sílica e cutina 
(Saliba et al., 2000). A cristalinidade e 
especificidades das ligações químicas 
são fatores macromoleculares 
intrínsecos à celulose e também 
interferem na ação microbiana, tanto 
em ruminantes como em não 
ruminantes (Van Soest, 1994; Brett e 
Waldron, 1996, citados por Arruda et al, 
2003). 
 
� Hemiceluloses 
 
As hemiceluloses são 
heteropolissacarídeos de estrutura 
complexa e heterogênea, com grau de 
polimerização inferior à celulose. São 
unidas por ligações glicosídicas e 
açúcares residuais como xilose, 
arabinose, glicose, manose, galactose, 
e ácido glicurônico. São classificadas 
como pentanos, contendo polímeros de 
D-xilose unidos por ligações β-1,4 
contendo cadeias laterais curtas de 
arabinose, ácido glicurônico, galactose 
e glicose (xilanos); ou contendo 
resíduos de galactose unidos por 
ligações β-1,3 e β-1,6 cujas cadeias 
laterais são formadas por arabinose. As 
hemiceluloses também são 
classificadas em hexanos contendo 
predominantemente glicose e manose 
unidas por ligações β-1,4 (mananos), 
polímeros compostos de resíduos de 
glicose unidos por ligações β-1,3 e β-
1,4 (b-glicanos) que se diferenciam da 
celulose pela solubilidade em meio 
alcalino, e os polímeros compostos por 
unidades de glicopiranose unidas por 
ligações β-1,4 contendo cadeias 
laterais de xilanopiranose unidas por 
ligações β-1,6 (xiloglicanos). Em 
leguminosas foram verificadas 
ramificações com galactose e frutose 
(Van Soest, 1985; Hatfield, 1989; Jung, 
1989; Brett e Waldron, 1996 citados por 
Arruda et al., 2003). 
 
 
� Pectinas 
 
As pectinas são polímeros do ácido 
1,4-β D-galacturônico que se 
encontram principalmente na lamela 
média e na parede primária da célula 
vegetal, atua como elemento 
“cimentante” entre membranas das 
células vegetais. A cadeia helicoidal de 
ácidos galacturônicos está associada 
com arabinoxilanos e galactomananos, 
sendo que os grupamentos ácidos 
estão geralmente combinados com sais 
de cálcio e metil-ésteres. As pectinas 
diferem das moléculas amiláceas pela 
posição da ligação no carbono 4, não 
sendo atacadas pelas amilases, porém, 
são susceptíveis a ação microbiana. As 
pectinas são mais abundantes em 
leguminosas do que em gramíneas, e 
estão presentes em concentrações 
significativas em certos subprodutos ou 
resíduos agro-industriais como as 
polpas de citros e de beterraba 
(Ferreira, 1994; Van Soest et al., 1991; 
Van Soest, 1994). 
 
� Ligninas 
 
A palavra lignina vem do latim lignum, 
que significa madeira. É um dos 
principais componentes dos tecidos 
das gimnospermas e angiospermas. 
Tem um papel importante no transporte 
de água, nutrientes e metabólitos, além 
de ser responsável pela resistência 
mecânica de vegetais e proteção 
contra microorganismos. Vegetais 
primitivos como fungos, liquens e 
algas, não são lignificados (Fengel e 
Wegener, 1984, citados por Saliba et 
al., 2000). 
Em estudos realizados há décadas, foi 
possível constatar o interesse cientifico 
e econômico das ligninas. São 
substâncias amorfas, de natureza 
aromática e muito complexas, fazendo 
parte da lamela média e parede celular 
dos vegetais. As ligninas constituiem-
se de polímeros condensados de 
diferentes álcoois fenilpropanóide, p-
cumárico, coniferílico e o sinapílico, 
além do ácido ferúlico, unidos por 
ligações do tipo éter ou ligações 
covalentes entre os núcleos 
benzênicos, ou aliados aos radicais 
propano. 
A proporção destes componentes é 
irregular entre as plantas, e estão 
presentes em maior proporção na 
parede celular secundária, cuja 
principal função é de suporte estrutural 
e de resistência física às plantas. As 
ligninas estão presentes em pequenas 
quantidades em forragens tenras ou 
jovens, tendendo a aumentar em 
função do estado de maturação das 
plantas e do ambiente em que se 
desenvolvem, assim como subprodutos 
agrícolas que incluem talos, cascas e 
palhas (Hatfield (1989); Jung (1989). 
Devido as característica de 
indigestibilidade das ligninas e seus 
efeitos sobre a digestão da parede 
celular e dos demais nutrientes, deve-
se estar atento às diferenças 
intrínsecasde suas composições, à 
complexação com outros compostos e 
a precisão de suas mensurações. No 
caso das gramíneas, ocorrem ligações 
ésteres entre os grupos ácidos das 
ligninas e xilanos, enquanto nas 
leguminosas, ocorrem ligações 
glicosídicas entre grupos álcoois das 
ligninas, indicando que estas 
diferenças são importantes para a 
compreensão da degradação dos 
componentes fibrosos (Ferreira, 1994; 
Brett e Waldron, 1996, citados por 
Arruda et al., 2003). 
 
 
 
� Outros compostos 
 
Na parede celular estão presentes 
outros compostos que podem ou não 
estar associados aos polissacarídeos 
estruturais, e ainda que em 
quantidades minoritárias, podem ter um 
efeito significativo sobre a capacidade 
digestiva. A sílica constitui-se em um 
destes componentes, com função 
estrutural com as ligninas. Outro 
componente relevante refere-se à 
cutina, substância de natureza lipídica 
que se deposita nas células com 
função protetora dos tecidos, cera 
cuticular e frações polimerizadas 
associados às ligninas, cuja proporção 
é amplamente variável entre as 
espécies vegetais. Os taninos por sua 
vez, são polímeros fenólicos de alto 
peso molecular, formando complexos 
estáveis com as proteínas. São 
classificados em dois grupos: taninos 
hidrolisáveis e condensados. Os 
taninos condensados tendem a diminuir 
o valor nutricional dos alimentos pelos 
efeitos deletérios devido à inibição das 
enzimas digestivas, tais como as 
tripsinas, as amilases e as lipases, 
além de impacto negativo sobre a 
microflora simbiótica dos animais. Os 
taninos hidrolisáveis, em função da 
acidez gástrica, liberam a cadeia 
peptídica e expõe seus sítios de 
hidrólise. As substâncias terpenóides 
de maior importância nutricional são as 
saponinas, destacando-se em 
leguminosas como alfafa pelo efeito 
hipocolesterolêmico sobre os coelhos 
(Eastwood, 1992; Ferreira, 1994; Brett 
e Waldron, 1996). 
 
 
 
 
2.2.3 Métodos de avaliação de fibra 
nos alimentos 
 
A estimação indireta da fibra dietética 
pode ser realizada por diferentes 
metodologias (revisadas por Bach 
Knudsen, 2001 e Mertens, 2003), onde 
os constituintes não fibrosos são 
extraídos por meio de solubilização 
com soluções químicas, hidrolisados 
enzimaticamente ou uma combinação 
de ambos os procedimentos. Uma vez 
isolado, o resíduo de fibra pode ser 
medido gravimetricamente, pesando o 
resíduo ou, quimicamente, 
(hidrolisando o resíduo e medindo os 
componentes individuais: açúcares e 
ligninas) (Carabaño et al., 1997). Pode 
ser feito por três métodos: químico-
gravimétrico, enzimático-gravimétrico e 
enzimático-químico. Desta maneira se 
pode quantificar a fibra dietética total 
(polissacarídeos não amiláceos e 
lignina) e fracioná-la em “fibra solúvel” 
e “fibra insolúvel” em água, assim como 
obter sua composição de 
monossacarídeos. A combinação da 
quantificação dos monossacarídeos 
com a informação química 
complementar pode permitir descrever 
melhor a estrutura da fibra em questão 
(Carabaño et al., 1997). Vale ressaltar 
que estes métodos de identificação dos 
monossacarídeos são complexos, 
caros e pouco práticos, portanto, 
difíceis de ser implementados como 
rotina em laboratórios avaliadores de 
alimentos (Carabaño et al., 1997). 
Uma das metodologias mais 
empregadas para a determinação da 
porção fibrosa do alimento é o "Método 
de Weende" ou Fibra Bruta (FB), mas 
esta metodologia subestima a 
mensuração da fibra uma vez que 
quantidades de celulose, hemiceluloses 
e ligninas são perdidas durante o 
ataque dos ácidos e álcalis. Esta 
subestimação tende a variar 
quantitativamente de acordo com a 
composição da parede celular dos 
alimentos. Outros métodos têm sido 
mais eficientes neste sentido, como o 
uso de detergentes (Método de Van 
Soest), pelo qual é determinada a 
fração fibra detergente neutro (FDN), 
constituída basicamente de celulose, 
hemiceluloses e ligninas, e a fração 
fibra detergente ácido (FDA) 
constituída de celulose e ligninas e 
podendo conter pectinas em 
quantidades variadas. Outras técnicas, 
como a espectrofotometria de massa, 
também têm sido utilizadas na 
determinação da fibra na dieta 
(Carabaño et al., 1997). 
 
2.2.4 Avaliação da fibra para dieta de 
coelhos 
 
Existem definições alternativas no que 
diz respeito à fibra que a relaciona com 
fisiologia do animal. Mertens (2003) 
propõe a definição de fibra dietética 
insolúvel para os animais herbívoros, 
considerando suas particularidades 
digestivas, já que esta condiciona a 
digestibilidade a e velocidade de 
trânsito da digesta nos mesmos. 
A fibra dietética insolúvel se define 
como a fração orgânica do alimento 
que é indigestível (ligninas) ou 
lentamente digestível (hemiceluloses e 
celulose) e que ocupa espaço no trato 
gastrointestinal. Esta definição aceita 
que dentro da definição de fibra se 
incluam constituintes que não 
provenham do reino vegetal, e 
inclusive, polissacarídeos solúveis e/ou 
rapidamente fermentáveis (pectinas e 
frutanos). A quantificação da fibra 
insolúvel se realiza mediante a análise 
de FDN de Van Soest, que é um 
método mais sensível, rápido e 
econômico. Apesar destas vantagens, 
o método de FDN pode ser criticado 
por sua variabilidade de resultados 
entre laboratórios (Xiccato et al., 1999). 
Isto se deve, em parte, às diferentes 
maneiras de se realizar as análises e 
sua variada metodologia existente (Van 
Soest e Wine, 1967; Robertson e Van 
Soest, 1980; Mertens, 2002) e às 
diferentes adaptações das mesmas, 
utilizadas pelos diferentes laboratórios. 
Outros métodos, como FDA e FB, são 
usados também, mas além de não 
cumprirem com as definições de fibra 
dietética insolúvel mencionada 
anteriormente, podem solubilizar 
hemiceluloses e conter pectinas no 
resíduo, suas frações encontradas 
podem não explicar alguns efeitos que 
a fibra exerce sobre o trato 
gastrointestinal do animal. Por outro 
lado, estes métodos têm demonstrado 
importância para pré-dizer o valor 
energético dos alimentos em dietas 
para coelhos e demonstram uma 
reprodutividade similar ou melhor que a 
do FDN, entre os laboratórios 
(Carabaño et al.,1997). 
Retore et al. (2008) verificaram que a 
qualidade da fibra é tão ou mais 
importante que a quantidade 
adicionada na dieta para coelhos. 
Trabalharam com alfafa (15%), farelo 
de linhaça (18,02%) e polpa cítrica 
(20%); foram utilizados 24 coelhos, 
com 40 dias de idade e divididos em 
três tratamentos. Observaram que o 
FDN não diferia entre as dietas, porém 
a dieta com farelo de linhaça 
apresentou resultados mais baixo que 
as demais, afetando negativamente o 
desempenho dos animais que a 
consumiram durante o experimento. 
Isto ocorreu, provavelmente, pela alta 
capacidade de hidratação da fibra 
solúvel contida nesta dieta. De acordo 
com De Blas e Wiseman (1998), a 
habilidade de hidratação da fibra de 
uma dieta aumenta a viscosidade da 
digesta e diminui a digestibilidade dos 
nutrientes desta digesta, dificultando a 
ação das enzimas digestivas e a 
difusão das substancias ligadas ao 
processo digestivo. Este fato já fora 
reportado para aves e suínos também, 
afetando negativamente o desempenho 
destas espécies quando se utiliza 
linhaça ou seus sub-produtos na 
elaboração de suas dietas (Ortiz et al., 
2001; Santos et al., 2005). Os 
resultados mostraram que a qualidade 
da fibra requer muita atenção, pois está 
ligada diretamente ao desempenho dos 
animais. 
Independentemente do sistema ou 
metodologia escolhidos para a 
quantificação e qualificação da fibra na 
elaboração de dietas para coelhos, é 
muito importante estar atento à sua 
inclusão nas dietas, respeitando as 
exigências do animal. A fibra tem papel 
importante na velocidade de passagem 
da digesta pelo trato digestivo do 
coelho; fornece relativa quantidade de 
energia pela sua fermentação pela 
biota cecal dos animais, além de ser 
parâmetro para inclusão de outros 
nutrientes na dieta, como por exemplo, 
a energia (Carabaño et al., 1997). 
2.2.5 Exigências de fibra e inclusãona dieta 
 
Os coelhos necessitam de um mínimo 
de fibra indigestível na dieta para 
manter os processos fisiológicos 
normais. No entanto estes valores não 
devem exceder a um nível no qual se 
limitaria o aporte de outros nutrientes 
na dieta. Devem ser observados, 
portanto, os limites mínimos e máximos 
da fibra na ração, levando-se em conta 
que a variação do conteúdo de fibra 
implica em flutuações nos valores de 
proteína e energia. Supõe-se que um 
mínimo de 13 % de fibra bruta ou 17,5 
% de fibra detergente ácido, ou um 
máximo de 17,5 % de fibra bruta ou 23 
% de fibra detergente ácido, sobre a 
matéria natural, seriam recomendados. 
Também é importante observar os 
requisitos com relação à idade ou 
processos fisiológicos (animais em 
engorda, em período de desmame e 
gestação e lactação das coelhas 
reprodutoras). A tabela 2 mostra 
sugestões de alguns autores para 
diferentes categorias de animais e 
diferentes parâmetros para o teor de 
fibra. 
Tabela 2 - Limite de fibra sugerido para elaboração de dietas para coelhos* 
FIBRA COELHAS REPRODUTORAS 
COELHOS PÓS-
DESMAMA 
COELHOS EM 
ENGORDA 
FB 
 
11,5-12,5 (3) 
- - 
FDA 
 
15-16 (3) 
 
>19 (1) 
>17 (1) 
FDN 
 
33-37 (3) 
 
>31 (1) 
>27 (1) 
LDA 
>4 (2) 
4,5-5 (3) 
>5,5 (1) 
>4,5 (2) 
>5 (1) 
1: Gidenne et al., 2001; 2: Carabaño et al., 1997; 3: Xiccato et al., 1996. 
*Adaptado de Martín (2002) 
 
2.2.6 Digestibilidade das fontes de 
fibra para coelhos 
 
O valor nutritivo do alimento não 
depende somente da quantidade de 
nutrientes que ele contém e de sua 
composição química, mas também, da 
disponibilidade destes nutrientes para o 
animal; é importante saber o quanto o 
animal irá absorver e metabolizar dos 
nutrientes contidos nos alimentos 
ingeridos. Assim sendo, os ensaios de 
digestibilidade são de extrema 
relevância na avaliação de alimentos 
ou dietas. Richards et al. (1962) foram 
os pioneiros nos estudos referentes à 
digestibilidade aparente de alimentos 
nos coelhos. Pérez et al. (1996) 
exerceram grande influência no 
aperfeiçoamento e na padronização na 
metodologia dos ensaios de 
digestibilidade. O coeficiente de 
digestibilidade do material fibroso para 
coelhos, mesmo sendo mais baixo que 
os outros nutrientes, varia muito 
conforme a fonte de fibra utilizada 
(Pérez et al., 1996). Cheeke (1987) 
sugere que alimentos com altos teores 
de lignina, normalmente, apresentam 
valores de digestibilidade de matéria 
seca inferiores a 15%, já alimentos não 
lignificados, apresentam valores acima 
de 60%. A origem botânica da fibra 
pode influenciar a digestão e a 
atividade microbiana cecal (Gidenne, 
2000). Uma quantidade mínima de FDA 
em dietas para coelhos em crescimento 
faz-se necessária para diminuir 
desordens digestivas e mortalidade 
(Gidenne, 2000). Em contrapartida, 
excesso de lignina na dieta pode 
provocar redução da digestibilidade da 
dieta, causada pela diminuição no 
tempo de retenção da digesta no trato 
digestivo (Gidenne, 2000). 
2.3 Dietas simplificadas à base de 
forragens 
 
Outro fator importante a ser 
considerado em relação às forragens 
nas dietas para coelhos, é a busca de 
matérias primas alternativas que 
forneçam a quantidade e a qualidade 
de fibra necessária para a elaboração 
de dietas devidamente balanceadas e 
equilibradas para os coelhos. Matérias-
primas que, quando utilizadas, 
reduzam o custo de produção e 
viabilizem o sistema de produção. 
Dentro deste contexto, surge a idéia de 
dietas simplificadas, que busca 
incorporar uma máxima quantidade de 
uma determinada forragem na 
elaboração de dietas. Dietas com 
grande quantidade de forragem têm 
como principal problema os baixos 
teores de energia, aminoácidos 
limitantes e desbalanceamento mineral. 
Quando se pensa em simplificar dietas 
para coelhos à base de forragens, a 
suplementação destes princípios 
nutritivos faz-se necessária até, 
minimamente, equilibrá-los (Fernández-
Carmona et al. 1998, Martínez-Aispuro 
et al., 1998, Pascual et al., 2000). 
 
2.3.1 Alfafa 
 
A alfafa (Medicago sativa) é uma planta 
da família das leguminosas. 
Largamente utilizada na alimentação 
animal, principalmente coelhos e 
cavalos, a alfafa possui grande 
qualidades nutritivas, sendo conhecida 
como a “Rainha das leguminosas” 
(Honda e Honda, 1999). De fato a 
alfafa reúne qualidades nutritivas para 
coelhos, que exploram sua porção 
fibrosa de difícil superação em relação 
à qualidade (Ferreira et al., 1995). É 
uma planta exigente quanto ao solo 
devido sua composição bromatológica 
(Honda e Honda, 1999). 
O feno de alfafa é o produto obtido da 
alfafa, constituído da parte aérea da 
planta, submetida à desidratação 
natural ou artificial (Compêndio..., 
1998). É a forragem mais utilizada 
como fonte de fibra na elaboração de 
dietas para coelhos, podendo chegar a 
50% de inclusão em dietas comercias. 
Tem como principal entrave de 
utilização como alimento único, o fato 
de apresentar valores energéticos 
baixos (Martinez, 1984) com índices de 
energia digestível (ED) variando de 
1529,6 kcal/kg MS até 2868 kcal/kg 
MS. Já os níveis de proteína bruta (PB) 
no feno de alfafa apresentam valores 
que atendem as exigências dos 
coelhos, segundo diferentes autores 
(Lebas, 1987; Pérez, 1994; García et 
al., 1995; Fernández-Carmona et al., 
1996, Pascual et al., 2000; Herrera, 
2003; Machado et al., 2007). 
Fernández-Carmona et al. (1998) 
salientam que a alfafa apresenta 
deficiência de aminoácidos como 
metionina, arginina e histidina, além de 
baixos teores de fósforo e sódio e 
excesso de cálcio. 
Martinez-Aispuro et al. (1998) testaram 
dietas para coelhos em crescimento 
baseadas em forragens (73% alfafa + 
19% de quikuio), suplementadas ou 
não com aminoácidos sintéticos. 
Concluíram que o ganho de peso diário 
e a idade de abate foram similares 
tanto para dietas experimentais quanto 
para a dieta controle. Observaram 
também que o consumo de alimento e 
a conversão alimentar foram melhores 
nos animais que consumiram a dieta 
controle. Conforme os autores, a 
suplementação com aminoácidos 
sintéticos pode ser uma alternativa 
para melhora de rendimento e maior 
consumo dos animais em dietas com 
grande quantidade de forragens. 
Fernández-Carmona et al. (1998) 
trabalharam com dietas simplificadas, 
sendo uma com 96% de alfafa e outra 
com 88,1% de alfafa e 8,9% de gordura 
animal, além da dieta controle. Foram 
avaliados coelhos em crescimento dos 
35 aos 70 dias de idade. Verificaram 
que as dietas simplificadas 
proporcionam taxas de crescimento 
adequadas, além de haver uma 
redução na mortalidade dos animais 
em comparação à dieta controle. 
Herrera (2003) trabalhou com várias 
dietas simplificadas e avaliou o tempo 
para que os coelhos atingissem o peso 
mínimo para o abate. Os animais que 
consumiram as dietas simplificadas 
tiveram um menor ritmo de crescimento 
e, conseqüentemente, maior gasto da 
dieta para atingirem o peso de abate. A 
dieta à base de feno de alfafa não 
conseguiu satisfazer as necessidades 
dos coelhos para sustentar o 
crescimento esperado. As dietas à 
base de feno de folha de amoreira e 
feno de rami proporcionaram 
resultados abaixo do esperado, com 
baixo crescimento dos animais e alta 
mortalidade. As dietas feitas à base de 
feno de folhas do terço superior de 
rama de mandioca apareceram como 
boa alternativa para redução no custo 
da dieta, mesmo retardando em alguns 
dias a meta de peso para abate. 
Outros ensaios avaliaram o 
desempenho reprodutivo de coelhas 
que foram submetidas a dietas 
simplificadas. Em um ensaio realizado 
por Fernández-Carmona (2000) foram 
estudadas duas dietas baseadas em 
alfafa (96% de alfafa e 92% de alfafa + 
5% de gordura) e uma dieta controle 
para coelhas reprodutoras submetidas 
a um estresse calórico. Os autores 
observaram maior consumo das dietas 
simplificadas em relação à dieta 
controle. As fêmeas que consumiram a 
dieta com 96% de alfafa apresentaram 
uma menor produção de leite e menor 
ganho de peso daninhada quando 
comparada às outras duas dietas. 
Pascual et al. (2002) trabalharam com 
fêmeas dos 70 dias de idade até a 
primeira parição. Elaboraram um 
programa de alimentação baseado na 
inclusão de fibra, elaborando uma dieta 
com 96% de feno de alfafa. 
Observaram que as fêmeas que 
receberam a dieta controle, neste 
período, foram mais precoces que as 
que receberam a dieta à base de alfafa. 
Houve maior ingestão de alimentos e 
maior produção de leite por parte das 
fêmeas que receberam a dieta a base 
de alfafa, além de desmamarem 
ninhadas mais pesadas. Mantiveram o 
programa alimentar até a segunda 
parição e não observaram diferença 
entre os tratamentos em relação ao 
intervalo entre partos. 
Machado (2006) avaliou o desempenho 
reprodutivo de fêmeas que consumiram 
dieta à base de feno de alfafa e dieta 
controle. As fêmeas que consumiram 
dieta controle apresentaram melhores 
resultados no aspecto reprodutivo, com 
maior número de láparos nascidos e 
desmamados. 
 
2.3.2 Mandioca 
 
A mandioca (Manihot esculenta) é uma 
planta originaria da America do Sul, 
sendo uma das principais culturas em 
todos os estados do Brasil. A mandioca 
e cultivada em diferentes sistemas de 
produção, desde cultivos de 
subsistência com baixo nível 
tecnológico e de produtividade, 
principalmente nas regiões Norte e 
Nordeste, até em produções em larga 
escala como nas regiões Sul, Sudeste 
e Centro-Oeste (Folegatti et al., 2005). 
O Brasil é o segundo maior produtor 
mundial de mandioca, produzindo em 
2002, mais de 23 milhões de toneladas 
(Chuzel et al., 1995; Giraud et al., 
1995; FAOSTAT..., 2003). 
A utilização da mandioca como matéria 
prima na alimentação animal se 
concentra em três formas práticas de 
manejo da planta da mandioca: o 
fornecimento da raiz e da parte aérea 
ao natural, a formação de silagem 
usando simultaneamente a raiz e a 
parte aérea e o preparo de feno do 
terço superior da planta e de raspa 
seca de raiz (Ludke et al., 2005). 
A parte aérea, forragem ou rama de 
mandioca, é toda a parte que está 
acima do solo. É composta de hastes e 
folhas, sendo que a porcentagem 
destes constituintes varia em função do 
crescimento vegetativo, época do ano e 
variedade, determinando um material 
de maior ou menor valor nutritivo 
(Michelan, 2004). Quando fornecida na 
forma de feno, farelo ou silagem, a 
parte aérea não apresenta perigo de 
toxidez aos animais (Carvalho, 1986, 
citado por Michelan, 2004). 
A composição química do feno do terço 
superior da rama de mandioca varia de 
acordo com o cultivar, idade da planta 
e local (Oliveira, 1984). As folhas, 
apresentam uma composição química, 
que varia na base seca, de 16% a 28% 
de PB (proteína bruta), de 7,5% a 15% 
de EE (extrato etéreo), de 40% a 45 % 
de carboidratos solúveis e de 9% a 
15% de FB. Normalmente apresentam 
baixa concentração de minerais e altas 
concentrações de vitaminas A e C. já 
as hastes, apresentam valor nutritivo 
inferior, contribuindo para o aumento 
da porção fibrosa do terço superior. A 
concentração de PB nas hastes é 
inferior à concentração de PB nas 
folhas (Butolo, 2002). Este autor 
salienta o fato do Brasil possuir 
grandes quantidades de rama de 
mandioca para serem utilizadas na 
alimentação animal. Devido a este fato 
e à necessidade de se buscar matérias 
primas alternativas para alimentação 
animal, vários trabalhos têm buscado a 
viabilização da utilização de rama de 
mandioca para este fim. 
Coll et al. (1997) avaliaram a parte 
aérea da mandioca na alimentação de 
suínos em crescimento-terminação. 
Observaram que este alimento pode 
substituir em até 30% o milho na 
elaboração da dieta nesta fase. 
Trabalhando com frangos de corte, 
Silva et al. (2000) utilizaram farinha das 
folhas de mandioca e concluíram que 
este sub-produto apresentou valores 
nutricionais que permitiam sua 
utilização na elaboração de dietas para 
esta espécie. 
Da Graça et al. (2001) trabalharam com 
dietas de feno de rama de mandioca, 
feno de alfafa e feno de Tifton. 
Concluíram que feno de rama de 
mandioca, apesar de apresentar 
valores de digestibilidade inferiores aos 
outros fenos, é uma opção para dietas 
para eqüinos em crescimento. 
Scapinello et al. (1999) realizaram um 
ensaio no qual foi determinado o valor 
nutritivo do feno de rama de mandioca 
para coelhos em crescimento. 
Utilizaram a metodologia de 
substituição de uma dieta referência 
em 30% de matéria seca e obtiveram 
coeficientes de digestibilidade aparente 
da matéria orgânica, PB e energia, os 
seguintes valores: 41,95%, 43,72% e 
36,63%, respectivamente. 
Trabalhando com diferentes produtos 
de mandioca para coelhos em 
crescimento, Abd-Baki et al. (1993) 
verificaram que a raiz e as folhas 
podem ser utilizadas de modo a 
atender às necessidades nutricionais 
dos coelhos, substituindo parte de 
outro alimento utilizado como fonte de 
proteína e energia na elaboração da 
dieta. 
Michelan (2004) verificou que o feno do 
terço superior da rama de mandioca 
pode ser incorporado em dietas para 
coelhos em crescimento, substituindo o 
feno de alfafa em 60%. O desempenho 
dos animais que consumiram a dieta 
com rama de mandioca foi semelhante 
ao desempenho dos demais. 
Machado (2006) trabalhou com fêmeas 
em reprodução consumindo dietas 
simplificadas com feno do terço 
superior da rama de mandioca e 
verificou o fraco desempenho destas 
fêmeas, com alta mortalidade e 
desempenho reprodutivo muito abaixo 
do esperado. 
Trabalhando com 144 coelhos (machos 
e fêmeas) do desmame ao abate (dos 
31 aos 70 dias de vida), Oliveira et al. 
(2008) verificaram que os animais que 
receberam as dietas à base de feno do 
terço superior da rama de mandioca e 
sub-produto industrial de mandioca 
(totalizando 80% do volume da dieta) 
apresentaram fraco desempenho e 
descaracterização das carcaças dos 
coelhos. Os pesos finais destes 
animais ao abate foram reduzidos em 
10%, em relação aos animais que 
ingeriram dieta controle. 
 
 
 
 
 
 
 
2.4 Sistema Reprodutivo de coelhos 
machos 
 
2.4.1 Testículos 
 
Os testículos são estruturas 
glandulares e formadas por uma 
porção exócrina e uma porção 
endócrina. A porção exócrina é 
constituída por túbulos seminíferos e 
ductos intratesticulares, a endócrina, 
pelas células de Leydig. Os testículos 
dos coelhos são alongados com até 4 
cm de comprimento e 1 cm de 
diâmetro. Há uma correlação positiva 
entre o peso testicular e a produção 
espermática, utilizando a massa 
testicular como indicador quantitativo 
da produção espermática, pois o 
principal componente do testículo é o 
túbulo seminífero (Amann, 1970; 
França e Russell, 1998). 
Como nos demais mamíferos, os 
testículos dos coelhos estão envolvidos 
por uma cápsula conjuntiva 
colagenosa, a túnica albugínea, da qual 
partem septos para o interior do órgão, 
formando os lóbulos testiculares. 
Dentro dos lóbulos encontram-se os 
túbulos seminíferos, de trajeto sinuoso, 
enovelados e extensos. A parede dos 
túbulos seminíferos é constituída de 
uma túnica conjuntiva externa, uma 
membrana basal intermediária onde 
estão as células de Sertoli e as células 
germinativas em diferentes etapas do 
desenvolvimento. Parâmetros 
quantitativos diretamente relacionados 
aos túbulos seminíferos, como 
diâmetro tubular, espessura do epitélio 
seminífero, e comprimento total dos 
túbulos seminíferos, apresentam 
relação positiva com a atividade 
espermatogênica, fornecendo 
informações para o estabelecimento da 
mesma, em uma determinada espécie 
(França e Russell, 1998; Paula, 1999, 
citados por Gomes, 2007). 
Pesquisadores como Mali et al (2002) e 
Gupta et al (2001) associam o 
comprimento e diâmetro dos túbulos 
seminíferos à produção de testosterona 
e, conseqüentemente, à fertilidade. 
A espermatogênese é um processo 
regular e sincronizado de diferenciação 
testicular pelo qual uma 
espermatogônia-tronco se diferencia de 
modo gradativo, em uma célula 
haplóide altamente especializada, o 
espermatozóide (Johnson, 1991;França e Russell, 1998). É dividida em 
três fases esta diferenciação complexa 
e organizada, baseando-se em 
considerações morfológicas e 
funcionais: a primeira fase é a 
proliferativa (espermatogonial) na qual 
as células sofrem rápidas e sucessivas 
divisões mitóticas. A segunda e a fase 
meiótica (espermatócitos), na qual o 
material genético é duplicado e passa 
por recombinação genética. A terceira 
fase é a espermiogênica ou de 
diferenciação. As espermátides sofrem 
intensas modificações, transformando-
se em espermatozóides. O processo é 
continuo em que cada fase é 
caracterizada por mudanças 
morfológicas e bioquímicas dos 
componentes do citoplasma e do 
núcleo (Courot et al., 1970, citado por 
Gomes, 2007). O processo 
espermatogênico do coelho dura de 48 
a 51 dias (McDonald e Pineda, 1989), 
tempo necessário para que uma 
espermatogônia se transforme em 
espermatozóide. Os espaços entre os 
túbulos são preenchidos por um tecido 
conjuntivo frouxo onde estão as células 
de Leydig; secretoras de testosterona. 
 
 
 
2.4.2 Ciclo do epitélio seminífero e 
seus estádios 
 
Os estádios do ciclo do epitélio 
seminífero são caracterizados pela 
organização bem definida das células 
espermatogênicas, nos túbulos 
seminíferos. Na maioria dos mamíferos 
estudados, o arranjo dos estádios do 
ciclo do epitélio seminífero é 
segmentado e, normalmente, existe 
apenas um estádio por secção 
transversal de túbulo (Leblond e 
Clermont, 1952; Russell et al., 1990). O 
ciclo do epitélio seminífero em um dado 
segmento pode ser definido como 
período do desaparecimento de um 
determinado estádio até o seu 
reaparecimento neste mesmo 
segmento (Leblond e Clermont, 1952). 
A duração do ciclo do epitélio 
seminífero é, geralmente, constante 
para uma determinada espécie, 
variando entre elas (Amann, 1970; 
Courot et al., 1970; Russell et al., 
1990). Um ciclo do epitélio seminífero, 
no coelho, gira em torno de 10 dias 
(McDonald e Pineda, 1989). 
Normalmente são necessários quatro a 
cinco ciclos para que o processo 
espermatogênico se complete e que 
haja liberação dos espermatozóides na 
luz do túbulo seminífero a partir de uma 
espermatogônia A (Amann e 
Schanbacher, 1983; França e Russell, 
1998). 
Além da organização seqüencial em 
um dado segmento, os estádios 
também apresentam uma seqüência ao 
longo da extenção do túbulo 
seminífero, ou seja, normalmente um 
determinado estádio está em posição 
contínua a um seguimento 
subseqüente. Esta disposição 
seqüencial de estádios ao longo do 
túbulo denomina-se onda do epitélio 
seminífero (Curtis, 1918; Perey et al., 
1961; Cupps, 1991); não tem sua 
origem muito bem explicada. Esta onda 
tem como função a liberação 
assegurada e constante de 
espermatozóides, reduzir a competição 
por hormônios e metabólicos usados 
em um dado estádio, reduzir o risco de 
congestão que poderia ocorrer ao 
longo do túbulo se a espermiação 
ocorresse simultaneamente, assegurar 
o fluxo constante de fluido do túbulo do 
epitélio seminífero mantendo o veiculo 
para transporte dos espermatozóides e 
hormônios utilizados pelo epitélio do 
epidídimo, além de facilitar a 
maturação dos espermatozóides no 
epidídimo por um fluxo constante de 
espermatozóides e fluidos vindos do 
testículo (Johnson, 1991; Cupps, 
1991). A seqüência se inicia com 
estádios menos avançados no meio de 
uma alça de túbulo, ocorrendo algumas 
interrupções na seqüência dos estádios 
(chamadas de modulações) (Russell et 
al., 1990). 
Estádio do ciclo do epitélio seminífero é 
considerado como sendo um conjunto 
definido de gerações de células 
germinativas encontrado, num 
determinado momento, em um túbulo 
seminífero, cortado transversalmente 
(Castro et al., 1997). Uma vez que as 
gerações de células espermatogênicas 
desenvolvem-se sincronicamente em 
estreita relação umas com as outras, 
ao longo do tempo em uma 
determinada secção transversal de 
túbulo seminífero, há uma mudança 
constante progressiva de estádios, 
formando o ciclo do epitélio seminífero. 
Duas principais metodologias têm sido 
empregadas para estudo dos estádios 
do epitélio seminífero de mamíferos: 
um é chamado método da morfologia 
tubular e se baseia nas alterações de 
forma do núcleo das células 
espermatogênicas, na ocorrência de 
divisões meióticas e no arranjo das 
espermátides no epitélio seminífero. 
Este método permite a obtenção de 
oito estádios do ciclo para todas as 
espécies (Berndtson, 1977; Ortavant et 
al., 1977; Guerra, 1983, França, 1991; 
Paula, 1999). O outro método é 
conhecido como o do sistema 
acrossômico. Tem como base de 
estudo as alterações do sistema 
acrossômico e na morfologia das 
espermátides em desenvolvimento. 
Com este método, o número de 
estágios varia de espécie para espécie, 
girando em torno de 10 a 16 estádios, 
na maioria dos animais (Russell et al., 
1990; Castro, 1995; França e Russell, 
1998). Isso acontece pelo fato de que, 
apesar das características gerais da 
espermatogênese ser semelhantes 
entre as espécies, existem diferenças 
nos detalhes do desenvolvimento do 
acrossoma entre as mesmas. A 
freqüência relativa em que os estádios 
do ciclo do epitélio seminífero são 
encontrados, a torna um parâmetro de 
grande importância em estudos da 
espermatogênese e reflete a duração 
absoluta de cada estádio. O 
conhecimento da freqüência dos 
estádios, além de ser essencial para se 
estimar a duração do ciclo do epitélio 
seminífero, é muito útil para se 
monitorar a duração dos efeitos dos 
agentes lesivos ou drogas sobre a 
espermatogênese (Castro et al., 1997). 
Fica evidente que a freqüência média 
dos estádios do ciclo do epitélio 
seminífero difere entre as espécies. Por 
outro lado, entre indivíduos da mesma 
espécie, é um parâmetro relativamente 
constante, independente do método 
usado para sua identificação (Clermont, 
1972,; Hess et al., 1990). 
 
 
2.4.3 Colheita de sêmen 
 
Para se realizar a colheita de sêmen de 
coelhos, utilizam-se vaginas artificiais. 
O uso da vagina propicia estímulo 
mecânico (compressão) e térmico e 
desencadeia o reflexo ejaculatório no 
macho. A vagina artificial é composta 
por um cilindro externo de PVC, com 8 
cm de diâmetro. A parte interna é 
revestida por preservativo, sem 
espermicida, compondo uma câmara. 
Ela é fixada na borda externa por 
intermédio de goma elástica posta 
sobre a dobra feita no extremo do 
corpo central. A água é introduzida no 
espaço criado entre a parede interna 
da vagina artificial e o preservativo. Ela 
é aquecida até 51° C, para que no 
momento da colheita, sua temperatura 
esteja em torno de 44° C. Em um dos 
extremos, se encontra o orifício maior, 
pelo qual o macho introduz seu pênis. 
Do lado contrário, há outro orifício 
menor para recolhimento do sêmen, 
onde é adaptado o tubo coletor (figura 
1-A). Preferencialmente, a colheita é 
feita na gaiola do macho, dando a ele 
maior confiança (Badú, 2003). A fêmea 
é contida pelo pregueamento de sua 
pele pela região cervical e mantida 
sobre a vagina artificial, até que o 
macho faça a monta; quando ele monta 
o pênis é desviado para penetrar na 
vagina artificial (figura 1-B). O 
ejaculado é recolhido na extremidade 
oposta com a ajuda do tubo coletor. O 
procedimento de colheita com machos 
devidamente condicionados, tem 
duração aproximada de 20 a 30 
segundos. 
 
Figura 1: vagina pronta para uso (A) e colheita do sêmen (B) (Fotos do autor) 
A B 
 
2.4.4 Avaliação do sêmen 
 
Após a colheita, faz-se a avaliação 
física do sêmen observando-se o odor, 
a cor e o volume. Quando no ejaculado 
encontra-se a fração gel, faz-se a 
retirada com auxilio de uma pipeta ou 
pinça antes da mensuração do volume 
do ejaculado. A avaliação do vigor e da 
motilidade progressiva é feita no 
microscópio óptico, onde na avaliação 
do vigor avalia-se a força, a intensidade 
de movimento massal do ejaculado. Já 
a motilidade progressiva é dada em 
porcentagem, estimando-se a 
quantidade de espermatozóides que se 
movem progressivamente. O aspectodo sêmen pode ser avaliado 
visualmente. Colhe-se uma alíquota 
para posterior análise em laboratório, 
de patologias dos espermatozóides e 
mensurar sua concentração no sêmen. 
O binômio volume e concentração 
variam, segundo Panella e Castellini 
(1990) e Benckeikh (1993), de 0,1mL a 
1,4 mL e de 125 milhões a um bilhão 
de espermatozóides/mL. Ell-Ezz et al. 
(1985) observaram uma correlação 
positiva entre peso do corpo e a 
concentração espermática. A 
motilidade do sêmen fresco varia entre 
40% e 95% (Martin, 1993). Jarpa 
Mendes (1984) demonstrou haver 
correlação negativa entre motilidade 
progressiva e a porcentagem de formas 
anormais. Benckeikh (1993) observou 
uma relação inversa entre o ritmo da 
coleta e a motilidade e concentração. 
Colomb (1972) concluiu que o melhor 
ritmo de coleta, visando maximizar a 
utilização do macho seria a cada dois 
dias, duas coletas sucessivas, com 
intervalo de 10 minutos. Consegue-se 
recuperar 60 % do total de sêmen 
armazenado no epidídimo. 
Williams (1934) foi o primeiro a 
determinar que o aumento da 
concentração de espermatozóides 
anormais era responsável pela 
diminuição da fertilidade. Estes defeitos 
estão distribuídos pelas partes do 
espermatozóide: cauda, parte 
intermediária (PI) e acrossoma. Até a 
nova classificação estabelecida por 
Blom (1973), as anormalidades eram 
divididas em primárias e secundárias, 
onde a origem do defeito era o que 
determinava a sua classificação. 
Assim, as anormalidades primárias 
eram provenientes de uma disfunção 
no epitélio seminífero (ex.: formato 
anormal de cabeça, PI e cauda) e as 
secundárias decorrentes de 
anormalidades no trajeto pelo 
epidídimo (ex.: gota e cabeça isolada). 
Esta forma de classificação tornou-se 
obsoleta quando se constatou que a 
ocorrência de gotas poderia ser 
proveniente da degeneração testicular, 
o que a tornava tão importante quanto 
às anormalidades primárias. A partir 
daí, passou-se a aceitar a definição de 
anormalidades maiores e menores. 
Na espécie cunícola, os defeitos 
maiores somados não podem 
ultrapassar 15% e os defeitos totais 
aceitos são de 25% (Sinkovics et al., 
1983). Os animais que ultrapassarem 
estes limites, deverão ser reavaliados 
antes de se fechar um diagnóstico 
negativo. São vários os fatores que 
atuam para ameaçar a integridade da 
espermatogênese, gerando 
espermatozóides anormais por um 
período temporário ou definitivo. O 
estresse térmico pode determinar o 
aumento da ocorrência de gota 
proximal (GP) de 5% para 90%, além 
da diminuição da motilidade (de 70% 
para 20%). As anomalias morfológicas, 
devido ao estresse térmico, observadas 
por Finzi et al. (1995) concentraram-se 
na cauda: gota citoplasmática, cauda 
dobrada e cauda enrolada. Elas 
começam a aparecer a partir da 
terceira semana em que o animal é 
submetido ao estresse, agravando-se 
nas duas semanas seguintes. Morera 
et al. (1999) concluíram ser a variação 
na permeabilidade da membrana 
plasmática dos espermatozóides que 
perderam a motilidade, a responsável 
pela absorção da solução salina e a 
torção da cauda. O número de 
espermatozóides com esta variação de 
permeabilidade cresce de acordo com 
o período do estresse. 
As técnicas de avaliação seminal, não 
permitem fazer uma predição exata do 
poder fecundante dos 
espermatozóides, à exceção dos casos 
em que a concentração e a motilidade 
estão abaixo dos níveis mínimos. Neste 
caso, a avaliação estabelece o 
descarte do macho como um critério de 
seleção. Eventos relacionados ao 
espermatozóide no momento da 
fecundação, como a eficiência na 
penetração do oócito e a ação do 
espermatozóide após a fertilização, não 
podem ser avaliados pelos métodos 
clássicos (Peláez et al., 1999). 
 
3 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 
 
Avaliar nutricionalmente dietas 
simplificadas à base de feno de alfafa e 
terço superior da rama da mandioca 
para coelhos em crescimento através 
da digestibilidade in vivo; 
Estudar o perfil andrológico e a 
histologia testicular de coelhos, desde 
sua fase de crescimento até o início da 
maturidade sexual, alimentados 
integralmente com dietas simplificadas 
à base de forragens, corrigindo-se, 
parcialmente, sua energia, 
aminoácidos, vitaminas e minerais. 
 
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