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Equação de Chuvas Intensas para o Estado do Pará

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999Equações de chuvas intensas para o Estado do Pará
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
1 UFRA/ICA. Av. Pres. Tancredo Neves, 2501, Terra Firme, CEP 66077-530, Belém, PA. Fone: (91) 3210-5153. E-mail: rmelosouza@hotmail.com;
ph_scaramussa@hotmail.com; joaupene@gmail.com; ale_ceara@hotmail.com
2 Mestrando, ESALQ/USP. Fone: (19) 3447-8549. E-mail: marcos.esalq@hotmail.com
3 INPE/CRA, Parque de Ciência e Tecnologia do Guamá. Av. Perimetral, 2651, CEP 66077-830, Belém, PA. Fone: (91) 3032-5156. E-mail:
luissadeck_w@yahoo.com.br
Equações de chuvas intensas para o Estado do Pará
Rodrigo O. R. de M. Souza1, Paulo H. M. Scaramussa1, Marcos A. C. M. do Amaral2,
J. A. Pereira Neto1, Alexandre V. Pantoja1 & Luis W. R. Sadeck3
RESUMO
As equações de chuvas intensas têm sido usadas como ferramenta importante para o dimensionamento
de obras hidráulicas. Devido à grande carência de informações relativas às equações de chuvas intensas,
o presente trabalho teve como objetivo a obtenção das relações de intensidade, duração e frequência de
precipitação pluvial para o Estado do Pará, utilizando-se a metodologia da desagregação da chuva de 24
h. Foram utilizadas séries históricas de dados pluviométricos de 74 cidades do Estado do Pará, obtidas
no Sistema de Informações Hidrológicas da Agência Nacional de Águas-ANA. As equações de intensidade-
duração-frequência foram devidamente ajustadas e apresentaram bom ajuste, com coeficientes de
determinação acima de 0,99. A maioria das estações (51,4%) apresentou intensidade de precipitação
entre 90 e 110 mm h-1, para uma duração de chuva de 30 min e um tempo de retorno de 15 anos. Pode-
se perceber uma concentração das maiores precipitações na região próxima ao litoral do nordeste
paraense e no sudeste da Ilha do Marajó.
Palavras-chave: precipitação, desagregação da chuva de 24 h, intensidade-duração-frequência,
hidrologia
Intense rainfall equations for the State of Pará, Brazil
ABSTRACT
The intense rainfall equations have been used as an important tool for design of hydraulic structures.
Considering the lack of intense rainfall equations, this study aimed to determine the relations of intensity,
duration and frequency of intense rainfall in the Pará State (Brazil), using the one-day rain disaggregation
method. In this research rainfall data of 74 cities in the State of Pará were used, obtained from the
Hydrological Information System of the National Water Agency-ANA. The equations of intensity-duration-
frequency were adjusted and presented good adjustment with coefficients of determination above 0.99.
Most stations (51.4%) showed intensity of precipitation between 90 and 110 mm h-1 for duration of 30
min and rainfall return period of 15 years. The highest rainfall intensities were in the region near the
northeast coast of Pará State and southeast of the Marajo Island.
Key words: rain, one-day rain disaggregation, intensity-duration-frequency, hydrology
Revista Brasileira de
Engenharia Agrícola e Ambiental
v.16, n.9, p.999–1005, 2012
Campina Grande, PB, UAEA/UFCG – http://www.agriambi.com.br
Protocolo 226.11 – 10/10/2011 • Aprovado em 15/06/2012
1000 Rodrigo O. R. de M. Souza et al.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
INTRODUÇÃO
Devido ao histórico de ocupação agrícola do estado do
Pará muitas bacias hidrográficas estão em processo de
degradação. Entretanto, poucas são as informações técnicas
sobre as características climáticas e físico-hídricas dos solos
dessas regiões, que possam contribuir para a redução da
degradação.
No planejamento do uso da água e do solo é indispensável
dispor de informações relacionadas às variáveis climáticas, tal
como as chuvas intensas. A caracterização da variabilidade
temporal das chuvas intensas ao longo de sua duração é
imprescindível para quantificar adequadamente os efeitos
ocasionados no escoamento superficial em áreas urbanas e
rurais (Silva & Clarke, 2004).
As equações de chuvas intensas têm sido usadas como
ferramenta importante para a elaboração de projetos de obras
hidráulicas, como dimensionamento de vertedores, retificação
de cursos d água, galerias de águas pluviais, bueiros, sistemas
de drenagem agrícola, urbana e rodoviária (Beijo et al., 2003;
Mello et al., 2008; Oliveira et al., 2008a).
As chuvas intensas são caracterizadas por suas intensidade
(I), duração (D) e frequência (F) de ocorrência, podendo ser
representadas por equações denominadas IDF. Para a obtenção
dessas equações são necessários dados pluviográficos e,
segundo Genovez & Zuffo (2000), apresentam validade
regional. Santos et al. (2009) também confirmam o caráter local
das equações de IDF e acrescentam a importância da utilização
de séries longas de dados observados para a estimativa mais
eficiente das equações.
A determinação das equações IDF por meio de dados
pluviográficos apresenta grande dificuldade em razão da baixa
densidade de pontos de coleta e do pequeno período de
observações normalmente disponíveis.
Por esta razão, em algumas regiões poucos trabalhos têm
sido realizados com tal finalidade ocasionando grande entrave
na realização de projetos de obras hidráulicas mais confiáveis
e econômicos.
O trabalho clássico de estudos da relação Intensidade-
Duração-Frequência (IDF) da precipitação pluvial no Brasil foi
publicado por Pfafstetter (1957) para 98 localidades, com base
em dados dos postos do serviço de meteorologia do Ministério
da Agricultura. Outros trabalhos de determinação de equações
de IDF foram de: Pinto et al. (1999) e Mello et al. (2003) para o
Estado de Minas Gerais; Silva et al. (2003), para o estado do
Tocantins; Oliveira et al. (2005, 2008b), para o estado de Goiás
e Distrito Federal; Silva et al. (1999) para o estado do Rio de
Janeiro e Espírito Santo, Back (2009) para Urussanga, SC, e
Longo et al. (2006) para Cascavel, PR.
O estado do Pará caracteriza-se pela carência de dados
pluviográficos, o que justifica a falta de dados bibliográficos
sobre equações de chuvas intensas no Estado. Uma alternativa
para a estimativa dessas equações seria a utilização de dados
pluviométricos, visto que o Estado possui grande número de
pluviômetros.
Algumas metodologias foram desenvolvidas no Brasil com
vista à obtenção de chuvas de menor duração a partir de
registros pluviométricos diários devido à existência no território
nacional de vasta rede pluviométrica. Tais metodologias
empregam coeficientes para transformar chuva de 24 h, em
chuvas de menor duração, dentre as quais estão a das isozonas
e a da desagregação da chuva de 24 h.
Damé et al. (2008) realizaram uma comparação entre diferentes
metodologias para estimativa de curvas IDF. Dentre as
metodologias estudadas a de desagregação de chuvas de 24 h
com os coeficientes propostos pelo DAEE-CETESB (1980) foi
a que melhor representou as intensidades máximas de
precipitação.
Robaina (1996) avaliou a técnica da desagregação de chuvas
de 24 h para 32 localidades do estado do Rio Grande do Sul e
recomenda o uso da metodologia em localidades onde não há
disponibilidade de registros pluviográficos.
Devido à grande carência de informações relativas às
equações de chuvas intensas no Estado do Pará, o presente
trabalho teve como objetivo a obtenção das relações de
intensidade, duração e frequência de chuvas intensas para 74
estações pluviométricas do Estado, através da metodologia da
desagregação da chuva de 24 h.
MATERIAL E MÉTODOS
Neste trabalho foram utilizadas séries históricas de dados
pluviométricos do estado do Pará, com no mínimo 10 anos de
registro. Os dados foram obtidos no Sistema de Informação
Hidrológica da Agência Nacional de Águas (ANA, 2011),
perfazendo 74 estações pluviométricas (Figura 1). Para cada
estação foram elaboradas as séries históricas dos valores
máximos anuais de precipitações diárias.
Figura 1. Localização das estações pluviométricasno
Estado do Pará
O banco de dados da ANA utiliza informações de diferentes
fontes: Instituto Nacional de Meteorologia (INMET), Serviço
Geológico do Brasil (CPRM) e Secretaria de Meio Ambiente
do Estado do Pará (SEMA). A partir deste banco de dados
-58 -56 -54 -52 -50 -48
2
0
-2
-4
-6
-8
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R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
foram obtidos os valores máximos anuais de precipitação
diária.
Os dados de precipitação máxima foram ajustados ao modelo
de distribuição de Gumbel. Após a verificação da aderência
dos dados à distribuição de Gumbel para cada série de duração
de chuva realizaram-se as estimativas das chuvas máximas para
períodos de retorno de 5, 10, 20, 50, 100, 1.000 e 10.000 anos. A
análise de aderência da distribuição de Gumbel foi feita pelo
teste de Kolmogorov-Smirnov.
As distribuições de valores extremos de grandezas
hidrológicas se ajustam satisfatoriamente à distribuição de
Gumbel, empregada neste trabalho. Segundo Silva et al. (2002)
o modelo de Gumbel foi o que apresentou melhor ajuste aos
dados de intensidades máximas médias de precipitação pluvial
pelo teste de Kolmogorov-Smirnov, a 20% de probabilidade
para todas as durações estudadas.
O modelo de distribuição de probabilidades de Gumbel foi
utilizado para o cálculo anual das precipitações máximas diárias
por meio da seguinte sequência de equações, conforme Pinto
(1995) (Eqs. 1, 2 e 3):
YTR = − ln ൤− ln൬1 − 1TR൰൨ KTR = −0,45 + 0,78 × YTRXTR = Xഥ + KTR × S 
em que:
YTR - variável reduzida da distribuição de Gumbel
TR - período de retorno, anos
XTR - precipitação máxima diária para determinado TR, mm
KTR - fator de frequência, adimensional
X e S - média da precipitação máxima diária, mm, e o desvio-
padrão dos dados de precipitação máxima diária, mm
Para o ajuste das equações de chuvas intensas foram utili-
zadas chuvas de diferentes durações. As precipitações máximas
diárias obtidas para diferentes tempos de retorno foram
desagregadas em chuvas com duração menor.
A desagregação da chuva de um dia em chuvas de menor
duração foi obtida pela metodologia proposta pelo DAEE-
CETESB (1980). As durações de 5, 10, 15, 20, 25, 30, 60, 360, 480,
600, 720 e 1440 min foram utilizadas pelo emprego dos coefi-
cientes multiplicativos, apresentados na Tabela 1 permitindo,
desta forma, a geração de pontos suficientes para definir as
curvas de intensidade-duração referentes a diferentes períodos
de retorno.
Com os valores obtidos de chuvas máximas para diferentes
durações e tempos de retorno, estimaram-se os parâmetros da
equação que expressa a relação IDF (Eq. 4), para cada estação
observada.
I = K × TRa(t + b)c 
em que:
I - intensidade de precipitação, mm h-1
TR - período de retorno, anos
t - tempo de duração da chuva, min
K, a, b, c - constantes
Os ajustes das equações de intensidade de precipitação
foram realizados no software Table Curve 3D.
Para a avalição da distribuição espacial da intensidade de
precipitação a mesma foi calculada considerando-se um tempo
de retorno de 15 anos e duração de 30 min com as equações
ajustadas de cada estação. Os dados foram espacializados no
mapa do Pará com o software TerraView. A estimativa foi
realizada para apenas uma duração de chuva e um tempo de
retorno, pois não haveria mudanças espaciais representativas
dos mapas para as diferentes durações.
Ressalta-se que a escolha do tempo de retorno para o
dimensionamento de uma obra hidráulica está relacionada com
a vida útil da obra, o tipo de estrutura, a facilidade de reparos e
o perigo oferecido à vida humana. A escolha da duração da
chuva em projetos de drenagem e barragens de terra está
relacionada com o tempo de concentração da bacia de
contribuição.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
As 74 séries históricas de precipitação diária máxima anual
utilizadas neste trabalho apresentaram duração média de 24 anos.
A média das maiores chuvas de cada estação foi de 169,3 mm.
A estação do município de Soure possui a série histórica com
maior média (150,1 mm) e a estação do município de Chaves
possui a menor média (67,1 mm). A série histórica de 43 anos da
estação de Belém apresentou o valor máximo de 136,9 mm (março
de 1985) com média de 89,3 mm e desvio padrão de 20 mm.
Para todos os municípios trabalhados o modelo de
distribuição de Gumbel mostrou-se adequado para representar
as estimativas dos valores de precipitação máxima.
Na Tabela 2 pode-se observar os parâmetros ajustados das
equações de IDF, relativos às 74 estações pluviométricas no
Estado do Pará identificadas pelos municípios onde estão
instaladas. Para todas elas se verificam ajustes adequados,
com valores R² acima de 0,99.
Santos et al. (2009) e Silva et al. (2003) realizaram trabalhos
semelhantes para o Estado de Mato Grosso do Sul e Tocantins
obtendo, respectivamente, coeficientes de determinação
médios de 0,99 e 0,98.Fonte: DAEE/CETESB (1980)
Duração Coeficientes Duração Coeficientes 
 24 h 24 h-1 1,14 30 min h-1 0,5 0,74 
12 h 24 h-1 0,85 25 min 0,5 h-1 0,91 
10 h 24 h-1 0,82 20 min 0,5 h-1 0,81 
08 h 24 h-1 0,78 15 min 0,5 h-1 0,70 
06 h 24 h-1 0,72 10 min 0,5 h-1 0,54 
01 h 24 h-1 0,42 05 min 0,5 h-1 0,34 
 
Tabela 1. Coeficiente de desagregação da chuva de 24 h
de duração
(1)
(2)
(3)
(4)
1002 Rodrigo O. R. de M. Souza et al.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
Tabela 2. Coeficientes “K”, “a”, “b” e “c” das equações de chuvas intensas ajustadas para várias localidades do Estado
do Pará e respectivos coeficientes de determinação (R2) e duração das séries históricas
Municípios K a b c R2 Séries Históricas (anos) 
 Abaetetuba 1086,3999 0,1193 9,7855 0,7242 0,9957 29 
Acará 1153,9489 0,0973 9,7945 0,7244 0,9978 27 
Afuá 0688,6278 0,0505 9,8028 0,7247 0,9995 10 
Alenquer 0952,4028 0,1078 9,7929 0,7244 0,9969 34 
Almeirim 1031,0537 0,1095 9,7988 0,7245 0,9968 30 
Altamira 1204,0580 0,1152 9,7894 0,7243 0,9961 28 
Anajás 1148,3197 0,1266 9,7913 0,7244 0,9947 11 
Augusto Corrêa 1109,8761 0,1056 9,7878 0,7242 0,9971 24 
Aurora do Pará 1130,3284 0,1175 9,7859 0,7242 0,9959 22 
Aveiro 1003,1550 0,0930 9,7925 0,7244 0,9981 29 
Bagre 1283,2098 0,1280 9,7886 0,7242 0,9945 25 
Baião 1268,3666 0,1114 9,7940 0,7244 0,9966 18 
Barcarena 1007,3605 0,1070 9,7931 0,7243 0,9970 23 
Belém 0960,5846 0,0954 9,7993 0,7245 0,9979 43 
Bom Jesus do Tocantins 1036,5976 0,1017 9,7840 0,7242 0,9974 11 
Bragança 1206,4232 0,1087 9,7844 0,7242 0,9968 19 
Breves 0843,3295 0,0985 9,7958 0,7244 0,9977 21 
Bujaru 0815,3742 0,0920 9,7957 0,7243 0,9981 16 
Cametá 1216,6448 0,0951 9,7918 0,7244 0,9979 21 
Capanema 1136,7892 0,1163 9,7866 0,7242 0,9960 43 
Castanhal 1216,7335 0,1266 9,7886 0,7243 0,9947 31 
Chaves 0763,3059 0,1115 9,7930 0,7244 0,9965 11 
Conceição do Araguaia 0865,9467 0,0959 9,7969 0,7246 0,9979 29 
Curuçá 1399,1103 0,0997 9,7918 0,7243 0,9976 27 
Dom Eliseu 1128,4211 0,1059 9,8007 0,7246 0,9971 27 
Faro 1038,5272 0,1038 9,7916 0,7244 0,9973 20 
Gurupá 0896,3305 0,1096 9,7851 0,7243 0,9967 18 
Igarapé-Açu 1131,1570 0,1121 9,7860 0,7242 0,9965 29 
Igarapé-Miri 1008,3703 0,0948 9,7850 0,7242 0,9980 13 
Ipixuna do Pará 1106,1890 0,1000 9,7919 0,7244 0,9976 24 
Irituia 1040,6804 0,1144 9,7933 0,7243 0,9962 28 
Itaituba 1073,2685 0,1317 9,7851 0,7242 0,9939 30 
Itupiranga 1242,7328 0,1111 9,7853 0,7242 0,9966 15 
Jacundá 1192,2027 0,0809 9,7905 0,7243 0,9987 16 
Juruti 1292,2966 0,1073 9,8015 0,7245 0,9970 26 
Magalhães Barata 1248,4018 0,1134 9,7921 0,7244 0,9963 15 
Marabá 1242,9246 0,1057 9,7849 0,7242 0,9971 20 
Marapanim 1453,3908 0,1225 9,7927 0,7244 0,9953 17 
Medicilândia 1065,0031 0,0930 9,7887 0,7243 0,9981 13 
Melgaço 886,3028 0,0921 9,7834 0,7241 09981 18 
Mocajuba 1151,4508 0,0960 9,7964 0,7244 0,9979 15 
Moju 1162,7321 0,1023 9,7929 0,7244 0,9974 28 
MonteAlegre 0999,0226 0,1130 9,7838 0,7241 0,9964 36 
Nova Timboteua 0859,0256 0,1017 9,7875 0,7243 0,9974 15 
Óbidos 0990,8133 0,1103 9,7782 0,7241 0,9967 53 
Oeiras do Pará 1029,6561 0,0936 9,7975 0,7244 0,9980 21 
Oriximiná 1111,7396 0,1063 9,7954 0,7244 0,9970 39 
Ourém 0887,0707 0,1055 9,7948 0,7245 0,9971 20 
Paragominas 1125,9005 0,1232 9,7922 0,7244 0,9952 24 
Ponta de Pedras 1211,6537 0,1042 9,7930 0,7244 0,9972 11 
Portel 1112,9052 0,0998 9,7830 0,7241 0,9976 33 
Porto de Moz 1137,9609 0,1287 9,7963 0,7244 0,9944 23 
Prainha 0978,4673 0,1110 9,7883 0,7244 0,9966 29 
Primavera 1164,6366 0,0863 9,7956 0,7244 0,9985 28 
Redenção 1156,4648 0,1038 9,7910 0,7243 0,9973 26 
Rio Maria 1085,4709 0,0831 9,7952 0,7244 0,9986 13 
Salinópolis 1474,9764 0,0903 9,7870 0,7243 0,9983 32 
Santa Cruz do Arari 0968,3271 0,1032 9,7880 0,7242 0,9973 11 
Santa Isabel do Pará 1088,7772 0,1227 9,7854 0,7243 0,9953 29 
Santa Luzia do Pará 0956,0860 0,1176 9,7877 0,7241 0,9959 16 
Santa Maria do Pará 1292,0533 0,1480 9,7904 0,7243 0,9911 19 
Santana do Araguaia 0864,5309 0,1047 9,7907 0,7244 0,9972 23 
Santarém 1310,4147 0,1064 9,7941 0,7244 0,9970 41 
São Domingos do Capim 1068,8693 0,1055 9,7942 0,7244 0,9971 34 Continua na próxima página...
1003Equações de chuvas intensas para o Estado do Pará
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
Dentre as constantes ajustadas do modelo o “K” foi a que
apresentou maior variação: de 688,63 (Afuá) a 1.648,28 (Soure).
Esses resultados indicam variação das intensidades de
precipitação esperadas para diferentes regiões do Estado. Para
o parâmetro “a”, a variação observada foi de 0,0505 a 0,1480,
para Afuá e Santa Maria do Pará, respectivamente. Os
parâmetros “b” e “c” apresentaram valores próximos da média
de 9,79 e 0,72, respectivamente.
Na Tabela 3 pode-se observar as intensidades de
precipitação estimadas com as equações dos municípios, para
um tempo de retorno de 15 anos e duração de 30 min.
A estação do município Soure apresentou a maior intensi-
dade de precipitação (150,9 mm h-1) e a de Afuá a menor (54,7
mm h-1). Na Figura 2 pode-se observar a distribuição espacial
das precipitações estimadas no Estado do Pará.
Dentre as estações com maiores intensidades a maioria está
concentrada na região próxima ao litoral do nordeste paraense
(Marapanim, Castanhal, Santa Maria do Pará, Salinópolis,
Curuçá e São João de Pirabas). Na Ilha de Marajó a estação do
Municípios K a b c R2 Séries Históricas (anos) 
 São Domingos do Capim 1068,8693 0,1055 9,7942 0,7244 0,9971 34 
São Felix do Xingu 1030,0221 0,1094 9,7970 0,7244 0,9968 24 
São João de Pirabas 1428,9522 0,1109 9,7935 0,7244 0,9966 21 
Senador José Porfirio 1243,2061 0,1198 9,7828 0,7241 0,9956 15 
Soure 1648,2807 0,1024 9,7886 0,7243 0,9974 38 
Tailândia 1089,9101 0,1157 9,7896 0,7243 0,9961 16 
Tomé-Açu 1038,3348 0,0833 9,7931 0,7244 0,9986 25 
Tucuruí 1264,6709 0,1012 9,7852 0,7242 0,9975 23 
Vigia 1071,4102 0,0921 9,7815 0,7241 0,9981 28 
Viseu 0873,5618 0,0928 9,7850 0,7242 0,9981 33 
Xinguara 1023,8456 0,1081 9,7965 0,7244 0,9969 26 
 
Continuação da Tabela 2
Municípios I (mm h-1) Municípios I (mm h-1) Municípios I (mm h-1) 
 Abaetetuba 104,2 Faro 095,4 Portel 101,3 
Acará 104,2 Gurupá 083,7 Porto de Moz 111,8 
Afuá 054,7 Igarapé-Açu 106,4 Prainha 091,7 
Alenquer 088,5 Igarapé-Miri 090,5 Primavera 102,0 
Almeirim 096,2 Ipixuna do Pará 100,6 Redenção 106,3 
Altamira 114,1 Irituia 098,4 Rio Maria 094,3 
Anajás 112,2 Itaituba 106,4 Salinópolis 130,7 
Augusto Corrêa 102,5 Itupiranga 116,6 Santa Cruz do Arari 088,9 
Aurora do Pará 107,9 Jacundá 103,0 Santa Isabel do Pará 105,3 
Aveiro 089,5 Juruti 119,8 Santa Luzia do Pará 091,3 
Bagre 126,0 Magalhães Barata 117,7 Santa Maria do Pará 133,9 
Baião 118,9 Marabá 114,9 Santana do Araguaia 079,6 
Barcarena 093,4 Marapanim 140,5 Santarém 121,2 
Belém 086,2 Medicilândia 095,1 São Domingos do Capim 098,6 
Bom Jesus do Tocantins 094,8 Melgaço 079,0 São Felix do Xingu 096,1 
Bragança 112,4 Mocajuba 103,6 São João de Pirabas 133,8 
Breves 076,4 Moju 106,4 Senados José Porfirio 119,4 
Bujaru 072,6 Monte Alegre 094,2 Soure 150,9 
Cametá 109,2 Nova Timboteua 078,5 Tailândia 103,5 
Capanema 108,1 Óbidos 092,8 Tomé-Açu 090,2 
Castanhal 119,0 Oeiras do Pará 092,0 Tucuruí 115,5 
Chaves 071,6 Oriximiná 102,8 Vigia 095,5 
Conceição do Araguaia 077,8 Ourém 081,8 Viseu 078,0 
Curuçá 127,2 Paragominas 109,0 Xinguara 095,2 
Dom Eliseu 104,2 Ponta de Pedras 111,4 
 
Tabela 3. Intensidade de precipitação para uma duração de 30 min e um tempo de retorno de 15 anos para várias
localidades do Estado do Pará
Figura 2. Distribuição espacial das intensidades de
precipitação (mm h-1) com duração de 30 min e tempo
de retorno de 15 anos para o Estado do Pará
Longitude
La
tit
ud
e
1004 Rodrigo O. R. de M. Souza et al.
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
município de Soure também apresentou elevado valor de
intensidade de precipitação, o que se justifica pela proximidade
do litoral e da costa do nordeste paraense.
A configuração espacial da zona de baixa pressão da linha
do Equador proporciona os ventos alísios, responsáveis por
transportar umidade das zonas tropicais para a zona equatorial,
provocando chuvas nesta região.
As menores precipitações ficaram concentradas no noroeste
da Ilha de Marajó (Melgaço, Breves, Chaves e Afuá) e na
fronteira com o estado do Tocantins (Santana do Araguaia e
Conceição do Araguaia).
Na Figura 3 observa-se a distribuição de frequência das
estações conforme a intensidade de precipitação com duração
de 30 min e tempo de retorno de 15 anos. A maioria das estações
(51,4%) apresentou intensidades entre 90 e 110 mm h-1.
para uma mesma duração, entre os diferentes municípios
estudados.
2. A maioria das estações (51,4%) apresentou intensidade
de precipitação entre 90 e 110 mm h-1, para uma duração de
chuva de 30 min e um período de retorno de 15 anos.
LITERATURA CITADA
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Figura 3. Distribuição de frequência das estações pluvio-
métricas, conforme a intensidade de precipitação para o
Estado do Pará
Em trabalhos realizados em outros estados considerando a
mesma duração e tempo de retorno, os maiores valores obtidos
de intensidade de precipitação foram: 119,5 mm h-1 em Argoim,
BA (Silva et al., 2002); 170,7 mm h-1 em Cuiabá, MS (Santos et
al., 2009); 181,9 mm h-1 em Córrego do Ouro, GO (Oliveira et al.,
2005) e 139,5 mm h-1 em Alvorada, TO (Silva et al., 2003).
Pela distribuição espacial das estações utilizadas neste
trabalho pode-se notar elevada concentração de estações na
região do nordeste paraense, o que indica a necessidade de
aumento do número de estações nas outras regiões.
As diferenças observadas entre as intensidades de
precipitação contribuem para reforçar a necessidade de
obtenção de equações de chuvas intensas para cada localidade
de interesse. Uma das formas de minimizar as imprecisões na
estimativa da intensidade de precipitação é aumentar cada vez
mais o número de localidades estudadas.
CONCLUSÕES
1. As equações de chuvas intensas foram ajustadas para 74
estações pluviométricas do Estado do Pará, com valores de
coeficiente de determinação acima de 0,99. Ocorreu uma
variabilidade dos valores de intensidade de precipitação pluvial,
1005Equações de chuvas intensas para o Estado do Pará
R. Bras. Eng. Agríc. Ambiental, v.16, n.9, p.999–1005, 2012.
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