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PARASITOLOGIA Aula 09: Vetores de importância médica Apresentação Doenças transmitidas por vetores são aquelas que não passam diretamente de uma pessoa para a outra, mas requerem a participação de um artrópode ou inseto responsável pela veiculação de parasita e microrganismos ao homem e animais domésticos Nesta aula, trataremos dos principais vetores artrópodes, que, em algum momento do ciclo biológico, são hospedeiros e funcionam como transmissores de doenças parasitárias para os seres humanos ou que são somente veiculadores casuais da doença. Entenderemos as características biológicas, ambientais e de sobrevivência dos vetores, seu papel dentro da veiculação da doença e maneiras de inibir ou reduzir a proliferação do vetor como medida preventiva de reduzir e/ou eliminar a doença. Objetivos Identi�car os principais vetores de importância médica; Descrever o ciclo biológico e os hábitos dos vetores de importância médica; Explicar os mecanismos de inibição de proliferação desses insetos/aracnídeos, prevenção de picadas e características que sejam importantes na epidemiologia das doenças transmitidas por esses vetores. As doenças causadas por vetores e seus impactos As doenças transmitidas por vetores constituem, ainda hoje, importante causa de morbidade no Brasil e no mundo. A malária continua sendo um dos maiores problemas de saúde pública na África, ao sul do deserto do Saara, no sudeste asiático e nos países amazônicos da América do Sul. As tripanozomíases são importantes fontes de incapacitação e morte precoce. As leishmanioses têm ampliado sua incidência e distribuição geográ�ca. Outras doenças, como as �larioses, as esquistossomoses, a doença de Lyme e outras transmitidas por carrapato e as demais inúmeras arboviroses têm variável importância médico-social em diferentes países de todos os continentes. As medidas de controle são complexas por envolver diferentes elos da cadeia de transmissão. Esse controle exige, na maioria das vezes, atividades executadas não exclusivamente nas unidades de saúde, mas, também, nos locais de habitação e de trabalho da população. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Nesta aula, entenderemos quem são os principais vetores de importância médica humana e como, interferindo no vetor, pode-se reduzir/controlar a propagação das doenças. Mecanismos de transmissão dos parasitos por vetores Os vetores podem ser classi�cados, de acordo com a sua importância dentro do ciclo biológico da doença a ser estudada, em: Mecânico Não ocorre multiplicação ou modi�cações no organismo do artrópode ( Mutucas). Biológico Ocorre evolução e/ou multiplicação do parasito no artrópode. Quando o vetor tem participação biológica no ciclo de vida do patógeno, essa pode ser: Propagativa: quando ocorre apenas multiplicação (Arboviroses e Peste Bubônica). Ciclo propagativa: quando ocorre multiplicação e evolução do parasito (Malária e Leishmaniose). Triatomíneos Os triatomíneos estão inseridos dentro da Ordem Hemíptera nos quais se classi�cam os insetos com aparelho bucal (proboscíde ou tromba) do tipo sugador pungitivo, que se origina anteriormente aos olhos, constituídos por um par de mandíbulas e um de maxilas, palpos e dois pares de asas que sobrepõem horizontalmente ao abdome. Apresentam-se em duas classes: 1 Homóptera Todos homópteras são insetos sugadores de plantas. 2 Heteróptera A maioria dos heterópteros alimenta-se de seiva vegetal (�tófagos), enquanto certas famílias são constituídas por predadores (alimentam-se de insetos ou pequenos vertebrados) e outras se alimentam do sangue de vertebrados, inclusive o homem (hematófagos). Exemplo Na subfamília Triatominae estão inseridos os “barbeiros” que são os triatomíneos vetores do protozoária Trypanosoma cruzi, agente causador da doença de Chagas e T. rangeli. Figura 1: Hábitos alimentares dos Hemípteras e gêneros dos hematófagos: (A) Fitófago; (B) predador; (C) hematófago; (D) Panstrongylus; (E) Triatoma; (F) Rhodnius. | Fonte: Adaptado de NEVES, 2016. Identi�cação de triatomídeos Hemípteros �tófagos Apresentam a probóscide reta, constituída por quatro segmentos, sempre ultrapassando ventralmente o primeiro par de patas ventrais (Figura 1A). Hemípteros predadores e hematófagos Probóscide curta, não ultrapassa o primeiro par de patas ventrais. Se a probóscide for curta, trata-se de um predador (Figura 1B), se a probóscide for reta de um hematófago (triatomídeo) (Figura 2C). Gêneros de maior importância epidemiológica Dentre os gêneros de maior importância epidemiológica, três se destacam e são facilmente identi�cáveis: Panstrongylus cabeça robusta, curta em relação ao tórax e subtriangular; antenas implantadas próximas aos olhos (Figura 1D e Figura 3). Triatoma cabeça alongada e antenas implantadas em um ponto médio entre os olhos e o clípeo (extremidade anterior a cabeça) (Figura 1E e Figura 2 e 4). Rhodnius cabeça alongada e delgada, antenas implantadas bem próximas ao clípeo (Figura 1F). A grande parte dessas espécies estão concentradas no continente americano, desde os Estados Unidos até a Argentina. Ciclo biológico Como todo hemíptera, os triatomíneos são paurometábolos. Dessa forma, a partir da saída do ovo, o hemíptero passa por cinco estágios de ninfa até a vida adulta. Uma vez que ocorra o acasalamento, a fêmea �ca fértil por toda a vida. Os ovos são depositados soltos ou aderidos ao substrato em locais protegidos, embaixo de serragens ou troncos de árvores. A fêmea deposita de 100 a 600 ovos, dependendo da espécie de triatomíneo. Ao eclodir, as ninfas são moles e de coloração rosada. A medida que a cutícula vai endurecendo, os insetos adquirem cores mais escuras. As ninfas jovens são semelhantes aos adultos e se diferenciam pelas genitálias imaturas. Entre uma fase e outra, os triatomíneos precisam se alimentar de sangue. As ninfas podem se alimentar entre 2 e 3 dias após a muda, porém sobrevivem algumas semanas caso não encontrem alimento Atenção Em qualquer estágio, se ocorrer a infecção por T. cruzi, este poderá permanecer infectado por toda a vida, mas a fêmea infectada não transmite o parasito para os ovos. O inseto completa a sua fase evolutiva entre 4 e 6 meses, podendo a chegar a 2 anos no meio ambiente. Transmissão da doença de Chagas Para que a transmissão da doença de Chagas seja e�ciente, é necessário que uma série de condições sejam estabelecidas: 1 O inseto tem que estar infectado. 2 Ele precisa defecar sobre a pele. 3 Nessas dejeções, é necessária a presença de formas tripomastigotas metacíclicas de T. cruzi. 4 O parasito eliminado nas fezes precisa de uma solução com continuidade para sobreviver, já que o parasito não penetra ativamente. Estima-se que a probabilidade de que o contato do hospedeiro humano com um triatomídeo infectado produza uma nova infecção é de 1 para 1.000 repastos sanguíneos. Infecções com Parasitos Clique nos botões para ver as informações. O desenvolvimento de T. cruzi no triatomíneo dá-se, exclusivamente no tubo digestivo, sendo os parasitos transmitidos pelas fezes do inseto. As formas tripomastigotas ingeridas pelo inseto, no momento do repasto sanguíneo, dão origem à forma epimastigota que se multiplica e coloniza o trato gastrointestinal do inseto. Na ampola retal, os epimastigotas se transformam em tripomastigostas metacíclicos, que são as formas infectivas para os mamíferos. Trypanosoma cruzi Diferentemente do T. cruzi, que se desenvolve em diferentes gêneros no triatomíneo, o desenvolvimento completo do ciclo biológico de T. rangeli ocorre preferencialmente nos triatomíneos do gênero Rhodnius. Ao realizar o repasto sanguíneo, as formas tripomastigotas ingeridas com o sangue do vertebrado são transformadas em epimastigotas que colonizam o intestino e invadem a hemocele do inseto. Na hemolinfa, o T. rangeli multiplica-se intensamente. Após um período, as formas epimastigotas invadem as glândulas salivares e se diferenciam em tripomastigotas metacíclicas que nadam livrementena saliva. A colonização das glândulas salivares de R. prolixus por T. rangeli afeta o comportamento do inseto que aumenta o número de repastos sanguíneos e, consequentemente, a transmissão de T. rangeli. Trypanosoma rangeli Ecologia A distribuição dos triatomíneos é do tipo focal e sua densidade é condicionada à fonte de alimentos. As ninfas estão limitadas a um deslocamento ambulatório, ou seja, precisam ser transportadas por outros (pelos, penas, pelo próprio homem) e possuem distribuição limitada. Entretanto, resistem a períodos longos de jejum. Os adultos deslocam-se pelo voo e conseguem se dispersar com facilidade. Principais espécies de triatominae no Brasil Somente as espécies que colonizam no domicílio e peridomicílio apresentam importância epidemiológica na transmissão do T. cruzi para os humanos. Contudo, todas as espécies de triatomíneos hematófagos são potenciais vetores da doença de Chagas. No Brasil, a ordem de importância entre os vetores é: Clique nos botões para ver as informações. Triatoma infestans Triatoma infestans é uma espécie altamente adaptada para viver entre humanos e animais domésticos. Para essa espécie, a casa representa um ecótopo altamente estável, oferecendo esconderijo e fartura de alimentos durante o ano, colonizando em grande quantidade nas frestas de casas de barro e pau a pique. Tem tamanho médio de 21 a 30mm, cor negra ou marrom- escura com marcações amarelo-pálido no cório, conexio e patas. Essa espécie é endêmica em toda a América Latina e foi introduzida no Brasil através de migrações humanas, atingindo na década de 1960 sua expansão máxima alcançando uma faixa que se estende do Rio Grande do Sul até o Piauí. Figura 3: Triatoma infenstans. | Fonte: Adaptado de NEVES, 2016. Em áreas onde não é realizado o combate não são raros encontrar mais de 3.000 indivíduos na mesma casa. Com os programas de controle vetorial, iniciado na década de 1970, a transmissão da goença de Chagas por esse vetor foi reduzida. Atualmente existem focos residuais na Bahia, Rio Grande do Sul e Minas Gerais (Figura 3). Panstrongylys megistrus São espécies grandes, medindo entre 26 a 38mm. Cor geralmente negra com manchas avermelhadas no pescoço, pronoto, escutelo, cório e conexivo. Cabeça negra. Abdome negro com manchas vermelhas. Tem grande importância na transmissão da doença de Chagas no Brasil, mas não produz colônias tão grandes quanto as de T. infenstans. Foi com essa espécie que Carlos Chagas identi�cou e relacionou o ciclo biológico de T. cruzi ao ser humano. Está associada a regiões de clima mais úmido, como Pará, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul (Figura 4). Figura 4: Foto ilustrativa de Panstrongylys megistrus e sua ocorrência no Brasil | Fonte: Adaptado de JUBERG, J., RODRIGUES, J.M.S., MOREIRA F.F.F. et al, 2015 Triatoma brasiliensis Espécies de porte médio, medindo de 22 a 26mm. Cor geral variando de marrom-escuro a negro. Cabeça rugosa, negra com manchas marrom-claro ou amareladas no pescoço. Abdome negro ou marrom- escuro com manchas claras subtriangulares ou retangulares. É o principal vetor no Nordeste, sendo encontrado no meio silvestre, peridomiciliares e domiciliar. Espécie extremamente feroz, os insetos chegam a atacar o homem ou animais mesmo durante o dia (Figura 5). Figura 5: Foto ilustrativa de Triatoma brasiliensis e sua ocorrência no Brasil | Fonte: Adaptado de JUBERG, J., RODRIGUES, J.M.S., MOREIRA, F.F.F. et al., 2015. Figura 6: Foto ilustrativa de uma espécie de flebotomíneo. Note a posição da cabeça formando um ângulo de 90° com o eixo longitudinal do tórax | Fonte: MENEZES, 2019. Métodos de controle Os triatomíneos são responsáveis por mais de 80% dos casos de doença de Chagas humana. Por isso, são considerados os principais alvos para a transmissão e o controle desta doença. A aplicação de inseticidas de ação residual nos focos dos triatomíneos presentes em construções humanas, melhoria habitacional e educação em saúde são, indiscutivelmente, os métodos mais efetivos para o controle dos barbeiros, especialmente de maneira integrada. Saiba mais Devido à presença de outras espécies autóctones no território brasileiro, como o P. megistus e T. brasiliensis, as Secretarias Estaduais de Saúde montaram um sistema de vigilância epidemiológica calcado na detecção de triatomíneos no ambiente domiciliar pelos próprios moradores, que noti�carão o encontro do inseto à instância municipal responsável pelo controle de vetores, culminando em uma investigação na busca por focos de triatomíneos. Assim, serão tomadas as medidas de segurança determinadas. Phlebotomíneos A subfamília Phlebotominae pertencem à família Psychodidae. Nessa subfamília, encontram-se os �ebotomíneos de importância médica e veterinária. Medem de 2 a 4 mm de comprimento. O corpo é densamente coberto de cerdas �nas, às vezes, apresentando escamas intermescladas sobre as asas e esternitos abdominais. Uma característica importante é a posição da cabeça formando um ângulo de 90° com o eixo longitudinal do tórax (Figura 6). A extremidade abdominal dos machos é bifurcada e das fêmeas são pontiagudas ou ligeiramente arredondadas. Clique nos botões para ver as informações. Dentre as espécies representadas no Velho Mundo somente o gênero Phlebotomus apresenta-se como importante vetor de doença. O gênero Phlebotomus é transmissor de Leishmania no Velho Mundo enquanto o gênero Lutzomia apresenta espécies transmissoras das leishmanioses nas Américas. Classi�cação da subfamília phlebotominae Muito pouco se sabe sobre os locais de desenvolvimento dos �ebotomíneos. Porém, já foi percebido que todos os �ebotomíneos desenvolvem-se no solo úmido, mas não molhado, ou em detritos ricos em matéria orgânica em decomposição. Das espécies de Lutzomyia conhecidas, talvez menos de 12 estejam adaptadas a situações domésticas e peridomésticas. Os �ebotomíneos costumam abrigar-se em troncos de árvores, tocas de animais, folhas caídas no solo, copa das árvores, frestas de rochas com pequenas variações de temperatura e umidade. Entretanto, com a destruição das matas nativas, o habitat natural foi alterado e houve uma restrição das áreas utilizáveis por eles. Dessa maneira, as espécies se aproximam mais dos peridomicílios. Biologia Apenas as fêmeas se alimentam de sangue, que é a fonte de proteínas e de aminoácidos, necessários ao desenvolvimento dos ovos. Como as doenças transmitidas pelos �ebotomíneos do Novo Mundo constituem zoonoses, os hábitos hematófagos das fêmeas das espécies envolvidas na transmissão de doenças não podem ser descritos como antropofílicos. Hábitos hematofágicos Importância médica Flebotomíneos americanos e protozoários parasitos Infecções naturais por Leishmania foram identi�cadas em 9 subgêneros e 2 grupos de espécies do gênero Lutzomia. Subgênero Lutzomia S. STR 9 entre 10 espécies incluídas nesse subgênero são restritas ao Brasil, estando entre rochas e cavernas. As fêmeas são “oportunistas” e se alimentam de sangue, atacando avidamente os humanos. A Lutzomia longipalpus, encontrada em abundância nas cavernas do sudeste do Brasil, é o único membro do subgênero que se adaptou às condições domésticas e peridomésticas. Devido ao seu hábito “ávido” e a sua aproximação com os seres humanos, Lutzomia longipalpus é o inseto hospedeiro mais importante de transmissão da Leishmania infantum chagasi, agente da leishmaniose visceral no Novo Mundo. A transmissão de L. infantum chagasi ocorre, principalmente, por meio da picada de fêmeas de L. longipalpis. No Brasil, essa espécie ocorre nas 5 regiões geográ�cas. Alguns aspectos comportamentais dessa espécie têm papel fundamental no contexto da urbanização da leishmaniose visceral, principalmente por seus hábitos de alimentação e fácil adaptação ao ambiente doméstico, sendo o elo de transmissão entre animais domésticose o homem. As fêmeas de L. longipalpis alimenta-se do sangue de homens, cão, galinha, equídeos, suínos e caprinos. Proteção contra picada de fêmeas de �ebotomíneos e controle dos �ebotomíneos americanos em relação à leishmaniose Em países do Velho Mundo, o controle dos �ebotomíneos tem sido um subproduto dos programas de controle antimaláricos, dirigidos contra mosquitos de hábitos hemofílicos, antropofílicos e endofílicos com pouca utilidade no Novo Mundo. A maioria das fêmeas se alimentam à noite e alguns hábitos podem ajudar na prevenção da picada: Mosquiteiros. Repelentes. Roupas fechadas para entrar em matas. Telagem de portas e janelas. Exposição nos horários de atividade do vetor deve ser evitada. Clique nos botões para ver as informações. Fazer manejo ambiental. Realizar limpeza de quintais, terrenos e praças públicas. Evitar animais domésticos próximos às residências humanas, principalmente galinheiros, que podemservir de fonte de alimentação para �ebotomíneos. Medidas no peridomicílio Existe vacina registrada no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), porém sem constatação de seu custo-benefício e efetividade para o controle desses reservatórios em Programas de Saúde Pública. Deve-se: Fazer uso de coleiras impregnadas de deltametria 4% para evitar a picada de �ebotomíneos em cães. Telar canis para inibir a entrada do �ebotomíneo durante a noite. Realizar limpeza de quintais, terrenos e praças públicas. Evitar animais domésticos próximos, principalmente galinheiros, que podem servir de fonte de alimentação para �ebotomíneos. Atualmente não existem medidas de controle contra a leishmaniose tegumentar americana em ambientes silvestres. Entretanto, a maioria dos casos de leishmaniose tegumentar americana é adquirida nas �orestas e matas. A aplicação de inseticidas em tais ambientes não pode ser recomendada e, de fato, deve ser evitada. Medidas ao reservatório urbano (cães) Culicidae A família Culicidae (do latim culex = mosquito) é de grande interesse para a parasitologia médica, já que nessa família encontram-se a maioria e os mais importantes insetos hematófagos em todos os Arthopoda. As inúmeras espécies de culicídeos apresentam grande adaptabilidade e variabilidade biológica e ampla valência ecológica. Possuem enorme dispersão, encontrando-se espécies desde as regiões árticas até as equatoriais. Somente as fêmeas realizam hematofagia. São agentes transmissores de viroses como dengue, chikungunya, zika e febre amarela; protozooses como a malária e helmintoses como a elefantíase. São conhecidos popularmente por mosquitos, pernilongos, muriçocas, mossorongos, sovelas, mosquito-prego. O que caracteriza esse grupo é o corpo e as asas cobertos por escamas. Biologia Os mosquitos também são holometábolos, isto é, passam pelas fases de ovo, larva (quarto estádios), pupa e adulto. O ciclo de vida consiste em vidas terrestres (adultos) e aquáticas (todas as formas imaturas). A duração do ciclo de vida desde o ovo até o adulto pode variar entre 7 dias a 31°C e 20 dias a 20°C. O período larval (L1 a L4) é de aproximadamente 6 a 8 dias a 27°C e transformam-se em pupa. A pupa não se alimenta, mas respira e movimenta-se ativamente. Permanece nessa fase por um período de dois a três dias. Em seguida, ocorre a emergência do adulto. A primeira alimentação dos adultos (machos e fêmeas) é de açúcares ou néctar de plantas e, depois, os insetos seguem para o acasalamento. Figura 7: As fases de desenvolvimento da família Culicidade e as diferenças entre as tribos Anophelini, Culicini e Aedini | Fonte: Adaptado de NEVES, 2016. Após 48 a 72 horas de vida da fêmea e, depois do acasalamento, as fêmeas procuram animais vertebrados para a realização da hematofagia. Após se alimentar de sangue por algumas vezes, a fêmea procura o mesmo tipo de criadouro que emergiu (Figura 7). Principais espécies de culicídeos de importância médica 1 Aedes aegypti No Brasil, é a espécie transmissora de Dengue, febre amarela urbana, chikungunya e zika vírus. A hematofagia e a cópula são diurnas enquanto a ovoposição ocorre no crepúsculo vespertino. Prefere sugar o homem, principalmente nas pernas e pés, mas se alimentam também de cães, roedores e aves. 2 Aedes albopictus Espécie transmissora de Dengue, febre amarela urbana e silvestre e encefalite em países asiáticos. 3 Culex quinquefasciatus As fêmeas são atraídas pelo CO2, calor irradiado pela pele dos animais e pela luz arti�cial. Têm hábitos noturnos e crepusculares. Sua densidade populacional é determinada pelas aglomerações humanas. Usam como criadouros água parada, altamente poluída por matérias orgânicas, malcheirosas, próxima a casas e vilas. Espécie transmissora de Wuchereria bancrofti e Vírus Oropouche. 4 Anopheles sp São os vetores dos plasmódios causadores da malária (Plasmodium vivax, Plasmodium falciparum, Plasmodium ovale e Plasmodium malarie). Anofelinos estão mais frequentes no domicílio, apresentam acentuada antropo�lia, suscetibilidade ao Plasmodium e alta densidade. Realizam hematofagia, principalmente nos crepúsculos vespertinos e matutinos. Utiliza criadouros grandes, como represas, remansos de rio, águas límpidas e ensolaradas ou parcialmente sombreadas. Veja as espécies de Anopheles responsáveis pela transmissão da malária no Brasil: • A. daarlingi • A. albitarsis • • A. aqualis • • A. cruzi • A. Bellator Controle O controle dos Culicidae, como de quase todos os insetos, é um problema ainda a ser resolvido. No Brasil, existem apenas programas nacionais para o controle de mosquitos vetores: o Programa nacional de Controle da Dengue e o da Malária. O combate aos culicídeos pode ser feito nas fases de larva e adulto. Existem 4 métodos básicos para o controle das larvar de culicídeos: 1 Controle físico Remoção de criadouros. 2 Controle químico Uso de inseticidas. 3 Controle biológico Uso de predadores naturais como peixe larvófagos. 4 Controle integrado Integra dois ou mais métodos de controle simultaneamente ou sequencialmente, visando reduzir os custos e aumentar os resultados. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online O controle de mosquitos adultos consiste em medidas com base na proteção pessoal ou por meio de inseticidas. Muscomorpha Dentre as famílias que constituem a infraordem da Muscomorpha, a mais importante é a de indivíduos pertencentes à Muscidae, na qual está inserido a Musca domestica. Essa espécie é vetor mecânico de diversas doenças parasitárias. A M. domestica tem distribuição geográ�ca mundial, com alto índice de sinantropia e endo�lia, ou seja, é um frequentador constante de residências, tanto em ambientes urbanos quanto rurais. Invade também em grandes quantidades chiqueiros, galinheiros, currais etc. Aliás, o número dessa espécie é condizente com as condições sanitárias vigentes, ocorrendo milhares delas quando há de�ciência no serviço de coleta de lixo urbano ou tratamento do esterco dos animais. Atenção! Aqui existe uma videoaula, acesso pelo conteúdo online Atenção Os mecanismos pelos quais a M. domestica veicula patógenos são os seguintes: Pela regurgitação alimentar (alimenta-se em fezes, feridas ou animais mortos e, depois, depositam a saliva contaminada sobre o alimento). Pela veiculação mecânica de patógenos aderidos às patas e cerdas do corpo. (Di�cilmente a contaminação ocorre pelas fezes da mosca que tem como hábito defecar na parede, tetos, �os etc.). Atividade 1. Sobre o ciclo de vida dos triatomíneos, assinale a alternativa CORRETA: a)Possuem a fase de larva, mas só transmitem o Trypanosoma cruzi na fase adulta. b) As ninfas fazem hematofagia para mudar de estágio até a fase adulta. c) As ninfas possuem asas e conseguem adquirir alimento a distância. d) Somente os adultos fazem hematofagia. e) T. cruzi se desenvolve no epitélio intestinal e é transmitido, pela ninfa ou pelo adulto, durante a hematofagia pela saliva. 2. Os triatomíneos, também conhecidos como barbeiros, são os insetos transmissoresde qual agente etiológico? a)Trypanosoma cruzi e T. rangeli b) Leishmania braziliensis e Wulchereria bancrofti c) Dengue e Chikungunya d) Plasmodium falciparum e Plasmodium vivax e) Febre amarela e Leishmania chagasi 3. Os �ebotomíneos ainda habitam com preferência as áreas silvestres. Entretanto, com o desmatamento, esses insetos se adaptaram muito bem ao peridomicílio e domicílio. Ele é veto de qual agente etiológico? a)Malária b) Dengue c)Chikungunya d) Leishmania sp e) Trypanosoma cruzi 4. Sobre o ciclo de vida da família Culicidae, que incluem o Aedes aegypti, é correto a�rmar que: a) O ciclo de vida consiste em parte aquática (formas adultas) e parte terrestre (formas imaturas). b) O ciclo de vida consiste em parte subaquática (forma imatura) e parte terrestre (adulto). c) Se reproduzem somente em água limpa. d) Tanto machos quanto fêmeas fazem hematofagia. e) As formas imaturas não fazem hematofagia. 5. A família Culicidae possui numerosos espécimes de importância médica pois abrigam os respectivos gêneros e seus agentes etiológicos: a) Culex quinquefaciatus; vetor da febre amarela. b) Anopheles sp.; vetor da malária. c) Aedes aegypt, vetor da elefantíase. d) Anopheles sp; vetor da Leishmaniose. e) Aedes albopictus; vetor da malária. 6. As moscas são consideradas vetores mecânicos por quê? a) Podem carregar nas patas e cerdas ovos, bactérias, entre outros. b) Regurgitam e depositam a saliva e fezes contaminadas sobre o alimento. c) Ao bater as asas, espalham ovos e outros elementos que podem contaminar o alimento. d) Transportam ovos e outros elementos pelo aparelho bucal e as depositam nos alimentos. e) São carreadoras de vermes. Referências ERG, J.; RODRIGUES, J.M.S.; MOREIRA, F.F.F. et al. Atlas Iconográ�co dos triatomíneos do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Instituto Oswaldo Cruz, Editora Stamppa, 2015. NEVES, D.P. Parasitologia humana. 13. ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2016. MENEZES, Maíra. Leishmanioses: estratégia de controle vetorial prevê a utilização de iscas açucaradas. Disponível em: https://portal.�ocruz.br/noticia/leishmanioses-estrategia-de-controle-vetorial-preve-utilizacao-de-iscas-acucaradas Acesso em: 29 jul. 2019. REY, L. Bases da Parasitologia Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara- Próxima aula Dinâmica dos principais acidentes por serpentes aranhas e escorpiões; Aspectos epidemiológicos no Brasil; Mecanismo de ação do veneno; Características clínicas, estratégias de controle e prevenção. Explore mais No material disponibilizado pela Fiocruz “Conheça os mosquitos que podem transmitir febre amarela” você entenderá mais sobre o ciclo do mosquito transmissor da febre amarela, os ciclos silvestres e urbanos, as formas de transmissão e os animais vertebrados que podem adquirir a doença javascript:void(0); javascript:void(0); os animais vertebrados que podem adquirir a doença. Já no material “Aedes aegypti - Introdução aos aspectos cientí�cos do vetor” você encontra 10 videoaulas curtas sobre o ciclo de vida do transmissor da dengue, da zika e da chikungunya. javascript:void(0);
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