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CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE
PRUDENTE
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
DIREITO PENAL
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
Prof. Glauco R. Marques Moreira
Presidente Prudente - SP
2020
CENTRO UNIVERSITÁRIO ANTÔNIO EUFRÁSIO DE TOLEDO DE PRESIDENTE
PRUDENTE
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
DIREITO PENAL
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES
Prof. Glauco R. Marques Moreira
PRISCILA LIMA SILVA TIZIANO
RA: 001.1.20.180
Bacharelado em Direito
1º SEMESTRE- 1A
Presidente Prudente - SP
2020
1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 3
DESENVOLVIMENTO 4
REFERÊNCIAS 15
1 INTRODUÇÃO
CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL:
 
1. Crime comum, próprio e de mão própria
2. Crime simples e complexo
3. Crime material, formal e de mera conduta
4. Crime instantâneo, permanente, de efeito permanente e a prazo
5. Crime unissubjetivo, plurissubjetivo e eventualmente plurissubjetivo
(ou coletivo)
6. Crime de dano e de perigo (perigo abstrato e concreto)
7. Crime unissubsistente e plurissubsistente
8. Crime comissivo e omissivo (omissivo próprio e impróprio - ou
comissivo por omissão) .
9. Crime de forma livre e de forma vinculada
10. Crime mono-ofensivo e pluriofensivo
11. Crime principal e acessório
12. Crime transeunte e não transeunte
13. Crime à distância, plurilocal e em trânsito
14. Crime independente e conexo
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES :
1. Crime vago 
2. Crime habitual 
3. Crime subsidiário 
4. Crime falho 
5. Crime obstáculo 
6. Crime progressivo e progressão criminosa 
7. Crime funcional (próprio e impróprio) 
3
2 DESENVOLVIMENTO
CLASSIFICAÇÃO PRINCIPAL:
1. Crime comum, próprio e de mão própria
São aqueles que podem ser praticados por qualquer pessoa. O tipo penal não
exige, em relação ao sujeito ativo, nenhuma condição especial. Ex: homicídio, furto,
extorsão mediante sequestro, crimes contra a honra, etc.
• Crimes próprios ou especiais: são aqueles em que o tipo penal exige uma
situação fática ou jurídica diferenciada por parte do sujeito ativo. Ex: peculato (só
pode ser praticado por funcionário público) e receptação qualificada pelo exercício
de atividade comercial ou industrial, delito previsto no art. 180, § 1.º, do Código
Penal (somente pode ser praticado pelo comerciante ou industrial). Admitem
coautoria e participação.
Os crimes próprios dividem-se em puros e impuros: Naqueles, a
ausência da condição imposta pelo tipo penal leva à atipicidade do fato
(ex: prevaricação, pois, excluída a elementar “funcionário público”, não
subsiste crime algum), enquanto que nestes a exclusão da especial
posição do sujeito ativo acarreta na desclassificação para outro delito
(ex: peculato doloso, pois, afastando-se a elementar “funcionário
público”, o fato passará a constituir crime de furto ou apropriação
indébita, conforme o caso).
2.Crime simples e complexo
A classificação se refere à estrutura da conduta delineada pelo tipo penal. É
aquele que se amolda em um único tipo penal. É o caso do furto (CP, art. 155).
Crime complexo: é aquele que resulta da união de dois ou mais tipos
penais. Fala-se, nesse caso, em crime complexo em sentido estrito. O crime
de roubo (CP, art. 157), por exemplo, é oriundo da fusão entre furto e ameaça
(no caso de ser praticado com emprego de grave ameaça – CP, art. 147) ou
furto e lesão corporal (se praticado mediante violência contra a pessoa – CP,
art. 129). Denominam-se anulativos os delitos que compõem a estrutura
unitária do crime complexo.
3.Crime material, formal e de mera conduta:
4
A divisão diz respeito à relação entre a conduta e o resultado naturalístico,
compreendido como a modificação do mundo exterior, provocada pela conduta do
agente.
• Crimes materiais ou causais: são aqueles em que o tipo penal aloja em
seu interior uma conduta e um resultado naturalístico, sendo a ocorrência deste
último necessária para a consumação. É o caso do homicídio (CP, art. 121). A
conduta é “matar alguém”, e o resultado naturalístico ocorre com o falecimento da
vítima, operando-se com ele a consumação.
• Crimes formais: de consumação antecipada ou de resultado cortado: são
aqueles nos quais o tipo penal contém em seu bojo uma conduta e um resultado
naturalístico, mas este último é desnecessário para a consumação. Em síntese,
malgrado possa se produzir o resultado naturalístico, o crime estará consumado com
a mera prática da conduta. Na extorsão mediante sequestro (CP, art. 159), basta a
privação da liberdade da vítima com o escopo de obter futura vantagem patrimonial
indevida como condição ou preço do resgate. Ainda que a vantagem não seja obtida
pelo agente, o crime estará consumado com a realização da conduta.
4.Crime instantâneo, permanente, de efeito permanente e a prazo
A classificação se refere ao momento em que o crime se consuma.
• Crimes instantâneos ou de estado: são aqueles cuja consumação se
verifica em um momento determinado, sem continuidade no tempo. É o caso do furto
(CP, art. 155).
• Crimes permanentes: são aqueles cuja consumação se prolonga no tempo,
por vontade do agente. O ordenamento jurídico é agredido reiteradamente, razão
pela qual a prisão em flagrante é cabível a qualquer momento, enquanto perdurar a
situação de ilicitude. Como decidido pelo Superior Tribunal de Justiça:
• Os tipos penais previstos nos arts. 12 e 16 da Lei n.º 10.826/2003 (Estatuto
do Desarmamento) são crimes permanentes e, de acordo com o art. 303 do CPP, o
estado de flagrância nesse tipo de crime persiste enquanto não cessada a
permanência.
Os crimes permanentes se subdividem em:
a) necessariamente permanentes: para a consumação é imprescindível a
manutenção da situação contrária ao Direito por tempo juridicamente relevante. É o
caso do sequestro (CP, art. 148);
5
b) eventualmente permanentes: em regra são instantâneos, mas, no caso
concreto, a situação de ilicitude pode ser prorrogada no tempo pela vontade do
agente. Como exemplo pode ser indicado o furto de energia elétrica (CP, art. 155, §
3.º).
c) Crimes instantâneos de efeitos permanentes: são aqueles cujos efeitos
subsistem após a consumação, independentemente da vontade do agente, tal como
ocorre na bigamia (CP, art. 235) e no estelionato previdenciário (CP, art. 171, caput),
quando praticado por terceiro não beneficiário.
 
5.Crime unissubjetivo, plurissubjetivo e eventualmente plurissubjetivo
(ou coletivo).
Diz respeito ao número de agentes envolvidos com a conduta criminosa.
• Crimes unissubjetivos, unilaterais, monosubjetivos ou de concurso
eventual: são praticados por um único agente,admitem, entretanto, o concurso de
pessoas. É o caso do homicídio (CP, art. 121). 
• Crimes plurissubjetivos, plurilaterais ou de concurso necessário: são
aqueles em que o tipo penal reclama a pluralidade de agentes, que podem ser
coautores ou partícipes, imputáveis ou não, conhecidos ou desconhecidos, e
inclusive pessoas em relação às quais já foi extinta a punibilidade.
• Subdividem-se em:
• a) crimes bilaterais ou de encontro: o tipo penal exige dois agentes, cujas
condutas tendem a se encontrar. É o caso da bigamia (CP, art. 235);
• b) crimes coletivos ou de convergência: o tipo penal reclama a existência
de três ou mais agentes. Podem ser:
• b.1) de condutas contrapostas: os agentes devem atuar uns contra os
outros. É o caso da rixa (CP, art. 137);
• b.2) de condutas paralelas: os agentes se auxiliam, mutuamente, com o
objetivo de produzirem o mesmo resultado. É o caso da associação criminosa (CP,
art. 288).
6. Crime de dano e de perigo (perigo abstrato e concreto)
Essa classificação se refere ao grau de intensidade do resultado almejado
pelo agente como consequência da prática da conduta.
• Crimes de dano ou de lesão: são aqueles cuja consumação somentese
6
produz com a efetiva lesão do bem jurídico. Como exemplos podem ser lembrados
os crimes de homicídio (CP, art. 121), lesões corporais (CP, art. 129) e dano (CP, art.
163).
• Crimes de perigo: são aqueles que se consumam com a mera exposição
do bem jurídico penalmente tutelado a uma situação de perigo, ou seja, basta a
probabilidade de dano.
 Subdividem-se em:
• a) crimes de perigo abstrato, presumido ou de simples desobediência:
consumam-se com a prática da conduta, automaticamente. Não se exige a
comprovação da produção da situação de perigo. Ao contrário, há presunção
absoluta (iuris et de iure) de que determinadas condutas acarretam perigo a bens
jurídicos. É o caso do tráfico de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput). Esses
crimes estão em sintonia com a Constituição Federal, mas devem ser instituídos
pelo legislador com parcimônia, evitando-se a desnecessária inflação legislativa;
• b) crimes de perigo concreto: consumam-se com a efetiva comprovação,
no caso concreto, da ocorrência da situação de perigo. É o caso do crime de perigo
para a vida ou saúde de outrem (CP, art. 132);
• c)crimes de perigo individual: atingem uma pessoa ou um número
determinado de pessoas, tal como no perigo de contágio venéreo (CP, art. 130);
• d)crimes de perigo comum ou coletivo: atingem um número
indeterminado de pessoas, como no caso da explosão criminosa (CP, art. 251);
• e) crimes de perigo atual: o perigo está ocorrendo, como no abandono de
incapaz (CP, art. 133);
• f) crimes de perigo iminente: o perigo está prestes a ocorrer;
• g) crimes de perigo futuro ou mediato: a situação de perigo decorrente da
conduta se projeta para o futuro, como no porte ilegal de arma de fogo de uso
permitido ou restrito (Lei 10.826/2003, arts. 14 e 16), autorizando a criação de tipos
penais preventivos.
7. Crime unissubsistente e plurissubsistente
Dizem respeito ao número de atos executórios que integram a conduta
criminosa.
• Crimes unissubsistentes: são aqueles cuja conduta se revela mediante um
único ato de execução, capaz de por si só produzir a consumação, tal como nos
crimes contra a honra praticados com o emprego da palavra. Não admitem a
tentativa, pois a conduta não pode ser fracionada, e, uma vez realizada, acarreta
7
automaticamente na consumação.
• Crimes plurissubsistentes: são aqueles cuja conduta se exterioriza por
meio de dois ou mais atos, os quais devem somar-se para produzir a consumação. É
o caso do crime de homicídio praticado por diversos golpes de faca. É possível a
tentativa justamente em virtude da pluralidade de atos executórios.
8. Crime comissivo e omissivo (omissivo próprio e impróprio - ou
comissivo por omissão).
A divisão se relaciona com a forma pela qual é praticada a conduta criminosa.
• Crimes comissivos ou de ação: são os praticados mediante uma conduta
positiva, um fazer, tal como se dá no roubo (CP, art. 157). Nessa categoria se
enquadra a ampla maioria dos crimes.
• Crimes omissivos ou de omissão: são os cometidos por meio de uma
conduta negativa, de uma inação, de um não fazer. 
Subdividem-se em:
• a) Crimes omissivos próprios ou puros: a omissão está contida no tipo
penal, ou seja, a descrição da conduta prevê a realização do crime por meio de uma
conduta negativa.
• Não há previsão legal do dever jurídico de agir, de forma que o crime pode
ser praticado por qualquer pessoa que se encontre na posição indicada pelo tipo
penal. Nesses casos, o emitente não responde pelo resultado naturalístico
eventualmente produzido, mas somente pela sua omissão. Exemplo típico é o crime
de omissão de socorro, definido pelo art. 135 do Código Penal: 
• Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à
criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou
em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses casos, o socorro da autoridade
pública. A leitura do tipo penal permite algumas conclusões: 
• 1)A conduta omissiva está descrita na lei, seja na modalidade “deixar de
prestar”, seja na variante “não pedir”. O agente responde penalmente pela sua
inação, pois deixou de fazer algo determinado por lei;
• 2)Qualquer pessoa pode praticar o crime de omissão de socorro. Basta
se omitir quando presente a possibilidade de prestar assistência, sem risco pessoal,
à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo
ou em grave e iminente perigo. E, mediatamente, qualquer indivíduo pode se omitir
quando não for possível prestar assistência sem risco pessoal, deixando de pedir o
socorro da autoridade pública;
8
• 3)Os crimes omissivos próprios são unissubsistentes, isto é, a conduta
é composta de um único ato. Dessa forma, ou o agente presta assistência, e não há
crime, ou deixa de prestá-la, e o crime estará consumado. Enquadram-se, via de
regra, no rol dos crimes de mera conduta;
• 4)Como decorrência da conclusão anterior, os crimes omissivos próprios
ou puros não admitem a forma tentada; e
• 5)Os delitos omissivos próprios normalmente são dolosos, mas existem
infrações desta natureza punidas a título de culpa, a exemplo das figuras típicas
contidas no art. 63, § 2.º, da Lei 8.078/1990 – Código de Defesa do Consumidor, e
no art. 13, caput, da Lei 10.826/2003 – Estatuto do Desarmamento.
• b) Crimes omissivos impróprios, espúrios ou comissivos por omissão:
o tipo penal aloja em sua descrição uma ação, uma conduta positiva, mas a omissão
do agente, que descumpre seu dever jurídico de agir, acarreta a produção do
resultado naturalístico e a sua consequente responsabilização penal.
• As hipóteses do dever de agir12 foram previstas no art. 13, § 2.º, do Código
Penal: (a) dever legal; (b) posição de garantidor; e (c) ingerência.
• O crime de homicídio foi tipificado por uma conduta positiva: “Matar alguém”.
Questiona-se: É possível praticar homicídio por omissão?
• Depende. Se presente o dever de agir, a resposta é positiva. Não se admite
a responsabilização do agente pelo delito contra a vida, contudo, se ele não se
encontrar em tal posição jurídica.
• A título ilustrativo, uma mãe pode matar o próprio filho de tenra idade, seja
ministrando-lhe veneno, seja deixando dolosamente de alimentá-lo, ceifando lhe a
vida.
• Note-se que tais crimes entram também na categoria dos “próprios”, uma
vez que somente podem ser cometidos por quem possui o dever jurídico de agir.
• São ainda crimes materiais, pois o advento do resultado naturalístico é
imprescindível à consumação do delito.
• Ademais, estes delitos admitem a tentativa. No exemplo citado, a genitora
poderia abandonar a casa e fugir, lá deixando o filho esfomeado. Entretanto, o choro
da criança poderia ser notado por um vizinho, o qual arrombaria a porta do imóvel e
prestaria socorro à criança, alimentando-a e a ela dispensando os cuidados
necessários. O resultado teria deixado de ocorrer por circunstâncias alheias à
vontade da mãe, configurando a tentativa de homicídio.
• Finalmente, os crimes omissivos impróprios são compatíveis com o dolo
e também com a culpa.
• c) Crimes omissivos por comissão: nestes crimes há uma ação
provocadora da omissão. Exemplo: o funcionário público responsável por uma
9
repartição impede que uma funcionária subalterna, com problemas de saúde, seja
socorrida, e ela vem a falecer. Essa categoria não é reconhecida por grande parte
da doutrina.
• d) Crimes omissivos “quase impróprios”: esta classificação, ignorada
pelo direito penal brasileiro, diz respeito aos crimes em que a omissão não produz
uma lesão ao bem jurídico, como nos crimes omissivos próprios, mas apenas um
perigo, que pode ser abstrato ou concreto. Nas hipóteses de perigo concreto, tutela-
se um bem jurídico naturalístico (exemplo: a vida humana), ao passo que, nos casos
de perigo abstrato, busca-se a proteção de um bem jurídico normativo (exemplo:
uma obrigação jurídica). Alberto Cadoppi, citado por Fabio Roberto D’Avila, assim se
pronuncia ao discorrer sobre tais bens jurídicos:
• Bens esses que, em termos de ofensividade, detêm uma diferençasubstancial: a vida, como um bem “negativo” ou “absoluto”, somente pode ser
ofendida através da produção de um evento danoso e, nesta medida, por um crime
comissivo (ou omissivo impróprio), enquanto a obrigação creditícia, como um
bem “positivo” ou “relativo”, somente pode ser ofendida pela ausência de produção
de um evento vantajoso e, desta forma, por um crime omissivo próprio. Os crimes
omissivos “quase impróprios” são, nessa medida, nada mais que crimes omissivos
próprios postos na tutela de um interesse absoluto, estando, por isso, limitados às
hipóteses de perigo abstrato ou concreto.
 
9. Crime de forma livre e de forma vinculada
Essa divisão se relaciona ao modo de execução admitido pelo crime.
• Crimes de forma livre: são aqueles que admitem qualquer meio de
execução. É o caso da ameaça (CP, art. 147), que pode ser cometida com emprego
de gestos, palavras, escritos, símbolos etc.
• Crimes de forma vinculada: são aqueles que apenas podem ser
executados pelos meios indicados no tipo penal. É o caso do crime de perigo de
contágio venéreo (CP, art. 130), que somente admite a prática mediante relações
sexuais ou atos libidinosos.
10. Crime mono-ofensivo e pluriofensivo
Essa divisão é atinente ao número de bens jurídicos atingidos pela conduta
criminosa, e guarda íntima relação com a estrutura do crime (crimes simples ou
complexos).
10
• Crimes mono-ofensivos: são aqueles que ofendem um único bem jurídico.
É o caso do furto (CP, art. 155), que viola o patrimônio.
• Crimes pluriofensivos: são aqueles que atingem dois ou mais bens
jurídicos, tal como no latrocínio (CP, art. 157, § 3.º, inc. II), que afronta a vida e o
patrimônio.
11. Crime principal e acessório
Refere-se à existência autônoma ou não do crime.
• Crimes principais: são os que possuem existência autônoma, isto é,
independem da prática de um crime anterior. É o caso do estupro (CP, art. 213).
• Crimes acessórios, de fusão ou parasitários: dependem da prática de um
crime anterior, tal como na receptação (CP, art. 180), nos crimes de favorecimento
pessoal e real (CP, arts. 348 e 349) e na lavagem de dinheiro (Lei 9.613/1998, art.
1.º).
• Nos termos do art. 108 do Código Penal, a extinção da punibilidade do crime
principal não se estende ao crime acessório.
12. Crime transeunte e não transeunte
Essa divisão se relaciona à necessidade ou não da elaboração de exame de
corpo de delito para atuar como prova da existência do crime.
• Crimes transeuntes ou de fato transitório: são aqueles que não deixam
vestígios materiais, como no caso dos crimes praticados verbalmente (ameaça,
desacato, injúria, calúnia, difamação etc.).
• Crimes não transeuntes ou de fato permanente: são aqueles que deixam
vestígios materiais, tais como o homicídio (CP, art. 121) e as lesões corporais (CP,
art. 129).
• Nos crimes não transeuntes, a falta de exame de corpo de delito leva à
nulidade da ação penal, salvo quando impossível a sua realização (exemplo:
cadáver não encontrado, no delito de homicídio),14 enquanto nos delitos
transeuntes não se realiza a perícia (CPP, arts. 158 e 564, III, “b”).
13. Crime à distância, plurilocal e em trânsito
11
Coaduna-se com o local em que se produz o resultado.
• Crimes à distância: também conhecidos como “crimes de espaço máximo”,
são aqueles cuja conduta e resultado ocorrem em países diversos. Como analisado
na parte relativa ao lugar do crime, o art. 6.º do Código Penal acolheu a teoria mista
ou da ubiquidade.
• Crimes plurilocais: são aqueles cuja conduta e resultado se desenvolvem
em comarcas diversas, sediadas no mesmo país. No tocante às regras de
competência, o art. 70 do Código de Processo Penal dispõe que, nesse caso, será
competente para o processo e julgamento do crime o juízo do local em que se
operou a consumação. Há, contudo, exceções.
• Crimes em trânsito: são aqueles em que somente uma parte da conduta
ocorre em um país, sem lesionar ou expor a situação de perigo bens jurídicos de
pessoas que nele vivem. Exemplo: “A”, da Argentina, envia para os Estados Unidos
uma missiva com ofensas a “B”, e essa carta passa pelo território brasileiro.
14. Crime independente e conexo
A classificação se importa com o vínculo existente entre dois ou mais crimes.
• Crimes independentes: são aqueles que não apresentam nenhuma ligação
com outros delitos.
• Crimes conexos: são os que estão interligados entre si. Essa conexão
pode ser penal ou processual penal. A conexão material ou penal, que nos
interessa, divide-se em:
• a) teleológica ou ideológica: o crime é praticado para assegurar a
execução de outro delito. É o caso de matar o segurança para sequestrar o
empresário;
• b) consequencial ou causal: o crime é cometido para assegurar a
ocultação, impunidade ou vantagem de outro delito. Exemplos: matar uma
testemunha para manter impune o delito, e assassinar o comparsa para ficar com
todo o produto do crime.
• Essas duas espécies de conexão têm previsão legal. Funcionam como
qualificadoras no crime de homicídio (CP, art. 121, § 2.º, V) e como agravantes
genéricas nos demais crimes (CP, art. 61, II, alínea “b”);
• c)ocasional: o crime é praticado como consequência da ocasião, da
oportunidade proporcionada por outro delito. Exemplo: um ladrão, após praticar o
roubo, decide estuprar a vítima que estava no interior da loja assaltada. O agente
responde por ambos os crimes, em concurso material. Trata-se de criação
doutrinária e jurisprudencial, sem amparo legal.
12
OUTRAS CLASSIFICAÇÕES:
1. Crime vago: É aquele em que figura como sujeito passivo uma entidade
destituída de personalidade jurídica, como a família ou a sociedade. Exemplo: tráfico
de drogas (Lei 11.343/2006, art. 33, caput), no qual o sujeito passivo é a
coletividade.
2.Crime habitual: Crime habitual próprio é o que somente se consuma com a
prática reiterada e uniforme de vários atos que revelam um criminoso estilo de vida
do agente. Cada ato, isoladamente considerado, é atípico. Com efeito, se cada ato
fosse típico, restaria configurado o crime continuado. Exemplos: exercício ilegal da
medicina e curandeirismo (CP, arts. 282 e 284, respectivamente).
De seu turno, crime habitual impróprio é aquele em que uma só ação tem
relevância para configurar o tipo, ainda que a sua reiteração não configure
pluralidade de crimes, a exemplo do que se verifica no delito de gestão fraudulenta,
previsto no art. 4.º, caput, da Lei 7.492/1986 – Crimes contra o Sistema Financeiro
Nacional.
3.Crime subsidiário: É o que somente se verifica se o fato não constitui
crime mais grave. É o caso do dano (CP, art. 163), subsidiário em relação ao crime
de incêndio (CP, art. 250). Para Nélson Hungria, o crime subsidiário funciona como
“soldado de reserva”.
4. Crime falho: É a denominação doutrinária atribuída à tentativa perfeita ou
acabada, ou seja, aquela em que o agente esgota os meios executórios que tinha à
sua disposição e, mesmo assim, o crime não se consuma por circunstâncias alheias
à sua vontade. Exemplo: “A” desfere os seis tiros do revólver contra “B”, que mesmo
ferido consegue fugir e vem a ser eficazmente socorrido.
13
5. Crime obstáculo: É aquele que retrata atos preparatórios tipificados como
crime autônomo pelo legislador. É o caso da associação criminosa (CP, art. 288) e
dos petrechos para falsificação de moeda (CP, art. 291).
6. Crime progressivo e progressão criminosa: É aquele que para ser
cometido deve o agente violar obrigatoriamente outra lei penal, a qual tipifica crime
menos grave, chamado de crime de ação de passagem. Em síntese, o agente,
pretendendo desde o início produzir o resultado mais grave, pratica sucessivas
violações ao bem jurídico. Com a adoção do princípio da consunção para solução do
conflito aparente de leis penais, o crime mais grave absorve o menos grave.
Exemplo: relação entre homicídio e lesão corporal.
Progressão criminosa: Verifica-se quando ocorre mutação no dolo do
agente, que inicialmente realiza um crime menos grave e, após, quando já
alcançada a consumação, decide praticar outro delito de maior gravidade.Há dois
crimes, mas o agente responde por apenas um deles, o mais grave, em face do
princípio da consunção. Ex: “A” decide lesionar “B”, com chutes e pontapés. Em
seguida, com “B” já bastante ferido, vem a matá-lo. Responde apenas pelo
homicídio, pois, uma vez punido pelo todo (morte), será também punido pela parte
(lesões corporais). 
7. Crime funcional (próprio e impróprio): São aqueles cujo tipo penal exige
seja o autor funcionário público.23 Dividem-se em próprios e impróprios.
Crimes funcionais próprios:são aqueles em que a condição de funcionário
público, no tocante ao sujeito ativo, é indispensável à tipicidade do fato. A ausência
desta condição conduz à atipicidade absoluta, tal como ocorre na corrupção passiva
e na prevaricação (CP, arts. 317 e 319, respectivamente).
Crimes funcionais impróprios, ou mistos, se ausente a qualidade
funcional, opera-se a desclassificação para outro delito. Exemplo: no peculato-furto
(CP, art. 312, § 1.º), se desaparecer a condição de funcionário público no tocante ao
autor, subsiste o crime de furto (CP, art. 155).
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REFERÊNCIAS
MASSON, CLEBER ROGÉRIO. DIREITO PENAL. 13ª. ed. RIO DE JANEIRO:
MÉTODO, v. 1, f. 1, 2019. 120 p.
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