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INTERPRETAÇÃO DE ANÁLISE DE SOLO PARTE 1 Análise de solo • Única medida da fertilidade do solo: permite recomendar corretivos e fertilizantes. • Indicação: adubação fosfatada e potássica. • Permite dedução: adubação nitrogenada (RAIJ, 1991). • Importante no racionamento do uso: adubações com enxofre (ALVAREZ et al., 1999; REIN; SOUSA, 2004) e micronutrientes (RAIJ et al., 1996; LOPES; ABREU, 2000; FERREIRA et al., 2001; GALRÃO, 2004). • Especialmente: áreas de exploração agrícola mais intensiva. Finalidades das análises de solo e planta • Determinar: disponibilidade de nutrientes. • Indicar: grau de deficiência ou toxidez de elementos. • Determinar: necessidade de adubos, em bases econômicas. • Determinar: necessidade de calcário, para correção de acidez. • Diagnosticar: desequilíbrios nutricionais nas plantas. Análise de solo e foliar • Análise de solo: insuficiente para garantir estado nutricional das plantas. • Nutriente no solo: mesmo em quantidades disponíveis suficientes, não garante suprimento das plantas (muitos fatores podem influir na absorção). • Análise foliar: avalia estado nutricional de plantas e orientar programas de adubação junto com informações da análise de solo. (MALAVOLTA et al., 1997). Diagnose foliar • Princípio: compara concentração de nutrientes nas folhas com valores padrão, correspondentes a variedades e/ou espécies análogas de alta produtividade e bom desenvolvimento vegetativo (MALAVOLTA et al., 1997). • Método de avaliação do estado nutricional das culturas: análise de determinadas folhas em períodos definidos da vida da planta. • Associa e relaciona: teores foliares e produção das culturas. • Glebas: mesma posição topográfica (solos de morro, meia encosta, baixada, etc.), cor do solo, textura (argilosos, arenosos), cultura ou vegetação anterior (pastagem, café, milho, etc.) e adubação e calagem aplicadas anteriormente. • Culturas perenes: variedade e idade das plantas. • Áreas com mesma cultura e produtividade diferente: amostradas separadamente. • Identificar glebas de maneira definitiva: mapear para acompanhamento da fertilidade do solo ao longo dos anos (RAIJ et al.,1996). Amostragem de solo • 5 a 10 subamostras: 1 composta em canteiros e parcelas experimentais pequenas (10 m² a 20 m²); • 10 a 15, 15 a 20 e 20 a 25 subamostras em extensões maiores: intensidade da exploração, maior variabilidade da unidade de amostragem, de maior exatidão nos resultados e facilidade de coleta. • Quanto maiores forem esses fatores: maior número de subamostras colhidas (VIEIRA, 2000; OLIVEIRA et al. 2002). Amostragem de solo Amostragem de solo Fonte: Doc. 266 - http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online - ISSN 1517-2201 Dezembro, 2006 http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online Ferramentas para coleta de amostras de solo 1) trado de rosca; 2) trado holandês; 3) trado de caneco; 4) trado calador; 5) trado sonda; 6) marreta; 7) saco de plástico; 8) enxadão; 9) pá reta; 10) pá; 11) pá de repicagem 12) balde. Fonte: Doc. 266 - http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online - ISSN 1517-2201 Dezembro, 2006 http://www.cpatu.embrapa.br/publicacoes_online CTC do solo • Tipo e quantidade de argila e matéria orgânica e pela superfície específica (fortemente alterada pelo pH do meio). • Efeito, principalmente, decorrente da: dissociação dos radicais orgânicos e, ou, sesquióxidos de ferro e alumínio, além da desobstrução de cargas da matéria orgânica ocupadas por alumínio, ferro e manganês. • Influência do pH do meio na CTC: será maior, quanto maiores forem as presenças de tipos de minerais de argila com dominância de cargas dependentes de pH e, ou, matéria orgânica que, praticamente, só apresenta esta característica. CTC do solo Esquema da CTC Fonte: Adaptado de Instituto da Potassa & Fosfato,1998. Acidez ativa • Concentração de H+ na solução do solo: expressa em termos de pH (maioria dos solos brasileiros de 4,0 a 7,5). • Poderia ser facilmente neutralizada: se não ocorressem outras formas de acidez, principalmente, acidez trocável, que tende manter, ao final de reações no solo, altos índices de acidez ativa. • Solo com pH 4,0 e 25% de umidade: necessitaria apenas 2,5 kg de carbonato de cálcio puro ha-1, para corrigir esta acidez. Classes de interpretação para acidez ativa do solo (pH)1/ Classificação química Acidez muito elevada Acidez elevada Acidez média Acidez Fraca Neutra Alcalini- d a d e f r a c a Alcalini- dade elevada > 4,5 4 , 5 5 , 0 5 , 1 6 , 0 6,1 6,9 7,0 7,1 7,8 > 7,8 Classificação agronômica Muito baixo Baixo Bom Alto Muito alto < 4,5 4,5 5,4 5,5 6,0 6,1 7,0 > 7,0 Fonte: ALVAREZ V. et al. (1999). 1/ pH em H2O, relação 1:2,5, TFSA : H2O. Fonte: Embrapa - Sistemas de Produção, 2 ISSN 1679-012X Versão Eletrônica - 2ª edição Dez./2006 – Francisco Morel, et al. Acidez trocável (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3): • Alumínio (Al3+) e hidrogênio (H+) trocáveis e adsorvidos nas superfícies dos colóides minerais ou orgânicos por forças eletrostáticas (cargas elétricas). • Análises de rotina: com KCL 1 mol/L, não tamponado (também utilizada para extração do cálcio e magnésio trocáveis). Acidez não trocável (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Quantidade da acidez titulável que ainda permanece no solo: após remoção da acidez trocável com uma solução de um sal neutro não- tamponado, como KCl 1 mol/L. • Representada por H+ em ligação covalente (mais difícil de ser rompida): com frações orgânicas e minerais do solo. • Não prejudica crescimento vegetal: embora, em certas situações, doses mais elevadas de calcário, que a neutralizem, total ou parcialmente, possam apresentar efeitos benéficos adicionais. Acidez potencial ou total (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Total de H+ em ligação covalente mais H+ + Al+3 trocáveis; • Na sua determinação: usa-se uma solução tamponada a pH 7,0. • Solução tamponada: conduz uma solução ácida ou alcalina a um certo pH e previne a mudança deste pH. Componentes da acidez do solo Fonte: Raij e Quaggio, 1984. Capacidade de Troca de Cátions • Cátions retidos (adsorvidos) nos colóides do solo podem ser substituídos por outros cátions. (trocáveis). • Cálcio pode ser trocado por hidrogênio e, ou, potássio, ou vice-versa. • Número total de cátions trocáveis que um solo pode reter (quantidade de sua carga negativa) é chamado de sua Capacidade de Troca (adsorção) de Cátions ou CTC. • Quanto maior CTC do solo, maior número de cátions que este solo pode reter. Solos: CTC 6 a 25 cmolc/dm3 • Alta porcentagem de argila e, ou, alto teor de M. O.; • Maior quantidade de calcário para aumentar pH; • Maior capacidade de retenção de nutrientes a determinada profundidade; • Maior capacidade de retenção de umidade. • Alta porcentagem de areia e, ou, baixo teor de M. O.; • Maior lixiviação de Nitrogênio e Potássio; • Menor quantidade de calcário para aumentar pH; • Menor capacidade de retenção de umidade. Solos: CTC 1 a 5 cmolc/dm3 CTC • Muitos solos no Brasil, apesar de apresentarem alta porcentagem de argila, comportam-se, em termos de CTC, de modo semelhante a solos arenosos. • Em virtude das argilas serem, predominantemente, de baixa atividade (caulinita, sesquióxidos de ferro e alumínio). Símbolos SB = Soma de Bases; T = CTC em pH 7,0; t = CTC efetiva; m% = Saturação por Al. Esquema dos conceitos da acidez do solo e da CTC Fonte: Raij, 1981. Mol (mol) • Unidade base do Sistema Internacional para medida da quantidade de matéria. • Quantidade de matéria de umsistema: contendo tantas unidades elementares quanto os átomos que existem e, 0,012 kg de 12C. • Possui: múltiplos (kmol) e submúltiplos (dmol, cmol, mmol). Mol de carga (mmolc) • Unidade: capacidade de troca aniônica (CTA) e catiônica (CTC). • Expressa quantidade de carga existente: em um mol de um elemento químico (potássio, cálcio, magnésio) ou de uma unidade de massa da amostra (solo, substância húmica, composto, etc.). • 20 g de potássio (valência = 1): possui 1 mol de carga. • 40 g de cálcio (valência = 2): possui 2 mols de carga. Cmolc/dm3 e mmolc/dm3 • Centésimo do nº de mols de carga. • Milésimo do nº de mol de carga. • Sistema Internacional: massa molecular deve ser expressa pelo nº de mols da substância (ou seus múltiplos e submúltiplos). • Estudos do solo: pode ser usado centimol (centésima parte do mol) ou milimol (milésima parte do mol). SB = Soma de bases trocáveis (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Valores absolutos dos resultados das análises destes componentes demonstram: níveis destes parâmetros individualmente; • Soma de bases: fornece uma indicação do número de cargas negativas dos colóides que está ocupado por bases. • Soma de bases em comparação com CTC efetiva e Al trocável: permite calcular porcentagem de saturação de alumínio e porcentagem de saturação de bases desta CTC. • Comparando com CTC a pH 7,0: permite avaliar a porcentagem de saturação por bases (V%), desta CTC, parâmetro indispensável para cálculo da calagem (utilizado em alguns estados brasileiros). SB = Soma de bases trocáveis (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Soma de cálcio, magnésio, potássio e, se necessário, também sódio, todos na forma trocável, do complexo de troca de cátions do solo. SB = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) SB = Soma de bases trocáveis (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) m% = Porcentagem de saturação por alumínio (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Fração ou porcentagem da CTC efetiva: ocupados pela acidez trocável ou Al trocável. • Praticamente: reflete porcentagem de cargas negativas do solo, próximo ao pH natural, que está ocupada por Al trocável. • Outro modo de expressar: toxidez de alumínio. • Geralmente: quanto mais ácido é um solo, maior é o teor de Al trocável em valor absoluto, menores os teores de Ca, Mg e K, menor a soma de bases e maior a porcentagem de saturação por Al. m% = Porcentagem de saturação por alumínio (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) m% = 100 x Al3+ / t ou 100 x Al3+ / Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + Al3+ • Diminuindo: porcentagem de saturação por Al (m%) de 100%, obtém-se porcentagem de saturação por bases da CTC efetiva. m% = Porcentagem de saturação por alumínio (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) T = CTC a pH 7,0 (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Capacidade de troca de cátions potencial do solo: quantidade de cátions adsorvida a pH 7,0. • Parâmetro utilizado nos levantamentos de solos no Brasil: sub-utilizado em termos de avaliação de fertilidade. • Nível da CTC de um solo: que seria atingido, caso calagem deste solo fosse feita para elevar pH a 7,0 ou máximo de cargas negativas liberadas a pH 7,0, passíveis de serem ocupadas por cátions. • Diferença básica entre CTC efetiva e CTC a pH 7,0: esta última inclui hidrogênio (H+) que se encontra em ligação covalente (muito forte) com oxigênio nos radicais orgânicos e sesquióxidos de ferro e alumínio (comuns nos solos brasileiros). T = SB + (H+ + Al3+) ou Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + H+ + Al3+ T = CTC a pH 7,0 (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) V% = Porcentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3). • Porcentagem dos pontos de troca de cátions potencial do complexo coloidal do solo que estão ocupados por bases, ou seja, porcentagem das cargas negativas, passíveis de troca a pH 7,0, ocupados por Ca, Mg, K e, às vezes, Na, em comparação com aqueles ocupados por H e Al. • Utilizado: para separar solos considerados férteis (V% > 50) de solos de menor fertilidade (V% < 50). • Indispensável: cálculo da calagem pelo método da elevação da saturação por bases (vários estados no Brasil). • Diminuindo-se: porcentagem de saturação por bases (V%) de 100%, obtém-se porcentagem de saturação por ácidos, H+ + Al3+, (m%) da CTC a pH 7,0. V% = Porcentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. 100 x Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + H+ + Al3+ V% = Porcentagem de saturação por bases da CTC a pH 7,0 cmolc/dm3 ou mmolc/dm3. OU V% = SB x 100 T t = CTC efetiva (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) • Capacidade efetiva de troca de cátions do solo ou capacidade do solo em reter cátions próximo ao valor do seu pH natural. • Comparando: CTC efetiva de um solo virgem sob cerrado (1,0 cmolc/dm3) com a de um Latossolo Roxo Eutrófico (15,0 cmolc/dm3), observa-se o comportamento diferencial destes solos em termos de retenção de cátions, perdas por lixiviação e necessidade de parcelamento das adubações potássicas. • Avaliando-se este parâmetro em conjunto com: textura e teor de matéria orgânica, pode- se inferir uma série de dados adicionais relevantes ao adequado manejo da fertilidade dos solos. t = Ca2+ + Mg2+ + K+ + (Na+) + Al3+ ou t = SB + Al3+ t = CTC efetiva (cmolc/dm3 ou mmolc/dm3) Resultados de laboratórios • 1. ph em água (principalmente na camada superficial) é maior do que pH em CaCl2 (0,3 a 1,2 unidades); • 2. Relação M.O. x CTC: elevação da M.O. determina tendência de elevação da CTC em pH 7,0 (T); • 3. Teor: Ca > Mg > K > Na; • 4. pH, M.O., P, K Ca, Mg e T: são maiores nas camadas superficiais e Al e S nas inferiores. Resultados de laboratórios Tabela - V%, pH em CaCl2, pH em água e m% • 5. Camada de 0 – 20 cm, relação pH x V% (valores médios); • 6. Relação pH x m%, acima de pH 5,6 não deve obter Al, em virtude deste já ter sido precipitado na forma Al (OH)3. Al3+ + 3H2O Al(OH)3 + 3H+ Relação aproximada entre V%, pH em CaCl2, pH em água e m% (amostras de solos – 0 – 20 cm) V% pH em CaCl2 pH em água m% 4 3,8 4,4 90 12 4,0 4,6 68 20 4,2 4,8 49 28 4,4 5,0 3 2 36 4,6 5,2 18 44 4,8 5 , 4 7 52 5,0 5,6 0 60 5,2 5,8 0 6 8 5,4 6,0 0 76 5,6 6,2 0 84 5,8 6,4 0 92 6,0 6,6 0 100 6,8 6,8 0 Fonte: RAIJ et al. (1985). Fatores para conversão de unidades antigas em unidades do Sistema Internacional de Unidades. Fonte:www.iac.sp.gov.br/.../AMOSTRAdeSOLO/InterpretacaoAnaliseSolo.htm Limites de interpretação de teores de potássio e de fósforo em solos www.iac.sp.gov.br/.../AMOSTRAdeSOLO/InterpretacaoAnaliseSolo.htm Limites de interpretação das determinações relacionadas com a acidez da camada arável do solo. www.iac.sp.gov.br/.../AMOSTRAdeSOLO/InterpretacaoAnaliseSolo.htm Limites de interpretação de teores de Ca2+, Mg2+ e SO4 2- em solos www.iac.sp.gov.br/.../AMOSTRAdeSOLO/InterpretacaoAnaliseSolo.htm Limites de interpretação dos teores de micronutrientes em solos. www.iac.sp.gov.br/.../AMOSTRAdeSOLO/InterpretacaoAnaliseSolo.htm Teor de matéria orgânica • Textura do solo: valores até 15 g/dm3 para solos arenosos, entre 16 e 30 g/dm3 para solos de textura média e de 31 a 60 g/dm3 para solos argilosos. • Valores muito acima de 60 g/dm3 indicam: acúmulo de matéria orgânica no solo por condições localizadas (em geral por má drenagem ou acidez elevada). Estes slides são concedidos sob uma Licença Creative Commons sob as seguintes condições de Atribuição,Uso Não- Comercial e Compartilhamento pela mesma Licença, com restrições adicionais: • Se você é estudante, você não está autorizado a utilizar estes slides (total ou parcialmente) em uma apresentação na qual você esteja sendo avaliado, a não ser que o professor que está lhe avaliando: a) lhe peça explicitamente para utilizar estes slides; b) ou seja informado explicitamente da origem destes slides e concorde com o seu uso. Mais detalhes sobre a referida licença Creative Commons veja no link: http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ Autor: Professor Luiz Henrique Fonte: www.luizhenriquebs.com.br http://creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ http://www.luizhenriquebs.com.br/ Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51
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