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EBENEZER HOWARD E AS CIDADES

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EBENEZER HOWARD E AS CIDADES-JARDIM
O período pós-industrial do final do século XIX nos países industrializados foi marcado pela expansão urbana e crescimento econômico e esse processo pode ser comparado ao final do século XX nos países em desenvolvimento. Sob a ótica do desenvolvimento sustentável, torna-se importante analisar propostas urbanísticas que buscaram um equilíbrio entre o crescimento econômico e os problemas sociais integrados ao desenho da paisagem, como os ideais Ebenezer Howard para o movimento das Cidades-Jardins na Inglaterra. 
O planejamento das Cidades-Jardins
Howard apostava nesse casamento cidade-campo como forma de assegurar uma combinação perfeita com todas as vantagens de uma vida urbana cheia de oportunidades e entretenimento juntamente com a beleza e os prazeres do campo;
“... cidade e campo devem estar casados, e dessa feliz união nascerá uma nova esperança, uma nova vida, uma nova civilização”. 
Desta união, o movimento das pessoas de cidades congestionadas se daria naturalmente como um imã para uma cidade próxima da natureza que ele considerava ser fonte de vida, riqueza e felicidade. Além disso, a indústria se deslocaria para o campo como estratégia de desenvolvimento econômico simultaneamente a produção agrícola que teria mercados prontos da cidade próxima ao núcleo rural.
Diagrama N3 - Seção da Cidade-Jardim
Sua intenção não era criar um subúrbio jardim, mas uma entidade cidade-campo em combinação permanente com dimensões controladas de 2.400 hectares para 32.000 pessoas, sendo 2.000 hectares para a área rural de 2000 habitantes e 400 hectares para a parte urbana de 30000 habitantes dividas em 6 partes ou bairros com 5.000 habitantes. A zona agrícola agiria como um amortecedor contra o crescimento incontrolável do centro populacional. Para Howard, quando uma cidade atingisse a sua capacidade de suporte, novas cidades deveriam ser formadas em torno de uma cidade central de 58.000 habitantes, um núcleo cultural, formando uma constelação de cidades interligadas por meio de ferrovias e rodovias.
Dentro dos ideais de Howard, o direito ao espaço era o mais defendido por ele, por influencia do cooperativismo, onde as terras agrícolas adquiridas para a instalação da cidade seriam registradas em nome de industriais de posição responsável e honra indubitável que arrendariam para os futuros moradores. O lucro comumente obtido pelo empresário loteador serviria para amortizar a dívida do empréstimo e seria revertido para a comunidade, em forma de infraestrutura e edifícios públicos como patrimônio coletivo. O comércio e a indústria seriam incentivados por meio de baixas taxas e longos prazos de arrendamento para possibilitar a fixação de novos moradores. Em 1903, a “Primeira Cidade-Jardim Ltda” foi registrada como propriedade mista autorizada para vender ações para levantar o capital necessário, com traçado simples, orgânico próprio à escala humana com referência as cidades medievais que eram mais próximas ao campo, claro e informal, diferentemente de configurações geométricas rigorosas de tradição clássica renascentista, com um centro urbano elevado composto de árvores de porte e edifícios municipais, próximo à estação. Essa cidade foi dividida em regiões de 5.000 habitantes com suas próprias infraestruturas.
Howard era um estudioso das ideias de Cadbury e Lever, que posteriormente vieram a se juntar a ele, em 1902, na Associação da Cidade-Jardim com a “Companhia Pioneira Limitada” para a futura construção da primeira cidade-jardim.
A primeira Cidade-Jardim, Letchworth, foi projetada em 1903 O desenho da cidade proposto pelos arquitetos Unwin e Parker segue o pensamento de Camillo Sitte que propunha o traçado
	Projeto de Letchworth
	Projeto da primeira Cidade-Jardim efetivamente construída: Letchworth, 1904.
As habitações para as diversas classes sociais formam blocos isolados entre si, recuadas do alinhamento do terreno, com jardins fronteiriços. As ruas têm acesso secundário com “cul de sac” e passeios com gramas, arbustos e árvores que dão continuidade ao verde dos espaços públicos. Além desses aspectos a cidade foi pensada como autossuficiente em termos de indústria e terras agrícolas, diferente da ideia de subúrbio.
Welwyn, a segunda Cidade-Jardim projetada por Louis de Soissons em 1920, foi uma ousadia de Howard de planejamento regional visto que havia uma impossibilidade de se desenvolver uma política urbana abrangente e de âmbito nacional.
Uma das grandes críticas ao modelo de Cidade-Jardim sob o ponto de vista da sustentabilidade é o efeito da suburbanização que este causou, ou seja, a expansão urbana com baixas densidades que ocupam terras agricultáveis. Este efeito é mais bem percebido nos EUA, e hoje no Brasil é representado pela expansão de condomínios irregulares sem infraestrutura econômica e preocupações ecológicas.
Apesar desse efeito, deve-se considerar que o caminho para o desenvolvimento urbano sustentável é justamente tentar completar as partes ausentes nos ideais de Howard, um utopista do século XX, que acreditava na possibilidade de planejamento de comunidades balanceadas com mistura de classes sociais, desenvolvimento econômico, sistema de cooperativismo e bem estar social atrelado ao desenho da paisagem. Os ideais para a construção de Cidades-Jardins foram utópicos, da mesma forma que a realização do condomínio Village Homes foi muito difícil em 1973 e seus idealizadores tiveram que enfrentar a rejeição de, nada menos que, vinte tentativas de financiamento. Além disso, naquela época nem existia o conceito de desenvolvimento sustentável e as instituições públicas nem sequer preocupavam com a questão ambiental. A comunidade de vizinhança de Davis não só se tornou possível como virou modelo para o mundo inteiro. Mas ao mesmo tempo ela é utópica, pois são poucas comunidades urbanas do planeta que conseguiram tal conquista.
CIDADES JARDIM NO BRASIL – GOIANIA
A periodização de Sérgio Moraes e do PDIG 2000 permite a menção de desenvolvimento da cidade de Goiânia em quatro fases:
1933 a 1950 – a criação do lugar;
1950 a 1964 – a ampliação do espaço;
1964 a 1975 – a concentração de lugares no espaço;
1975 a 1992 – a expansão urbana;
1992 até os dias atuais – espaços urbanos segregados.
No caso de Goiânia, a barreira imposta pela ferrovia-córregos, não divide o espaço urbano em duas partes, visto que a implantação da cidade foi definida em projeto, toda ela no “lado de cá” (o lado onde esta o centro) – tendo a ferrovia como limite da área urbana. As expansões além-ferrovia foram provenientes de forças de mercado alheias ao plano inicial, como veremos nos itens seguintes.
Correia Lima organizou a cidade em cinco setores: Central, Norte, Sul e Leste/Oeste divididos em duas zonas residenciais, a zona residencial urbana – localizada nos setores Centrais e Norte – e a zona residencial suburbana – localizada nos setores Sul e Leste. Na zona Norte foi previsto a localização das atividades industriais. Entre esta e o Parque Botafogo, a zona operária. Ao longo das faixas das Avenidas Goiás e Anhanguera, no setor Central, a zona comercial e bancária. A zona Industrial foi estabelecida ao longo da Avenida Goiás, no setor Norte, nas proximidades da linha férrea. Armando de Godoy, posteriormente, delimitou a zona urbana nos setores Norte, Central, Sul e cidade satélite Campinas. O setor Oeste, estabelecido como “zona de extensão futura de Goiânia”. Para qualquer outra expansão previu as cidades satélites. Godoy desconsidera o setor Leste. Os setores Centrais e Norte deveriam ser os primeiros a serem implantados, sendo projetados para abrigar um total 15.000 pessoas. 
BIBLIOGRAFIA
IMAGENS –
Disponível em: http://urbanidades.arq.br/bancodeimagens/displayimage.php?pos=-25 Acesso em: 15/10/16
Disponível em: http://urbanidades.arq.br/bancodeimagens/displayimage.php?pos=-14 Acesso em: 16/10/16
Disponível em: http://urbanidades.arq.br/bancodeimagens/displayimage.php?album=5&pos=8 Acesso em: 16/10/16
TEXTOS – 
OLIVEIRA, Maria das Mercêdes Brandão de. DISPONÍVEL
EM: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.065/419 ACESSADO EM: 16/10/16. O padrão territorial de Goiânia.
	
ANDRADE, Liza Maria Souza de. DISPONÍVEL EM: http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.042/637 ACESSADO EM: 16/10/16. O conceito de Cidades-Jardins: uma adaptação para as cidades sustentáveis.

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