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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) DESEMBARGADOR(A) RELATOR, DA CÂMARA CÍVEL DO EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PERNANBUCO/PE AUTOS: xxxxxxx-xx.xxxx.x.xx.xxxx LUIZ AUGUSTO XXXX, já qualificado nos autos em epígrafe da AÇÃO POPULAR que move em face do Município de São Caetano/PE, Jacinto Jacaré, e ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES LOCAIS (ACSC-PE), também já qualificados nos autos, vem a este juízo, por meio de sua advogada subscritora, com fundamento nos artigos 1.022 e art. 489, § 1º, IV, ambos do Código de Processo Civil, opor EMBARGOS DE DECLARAÇÃO em face do acordão de fls. xxx, nos termos a seguir aduzidos. I. DO CABIMENTO No tocante ao cabimento dos embargos de declaração é imperioso mencionar o diploma 1.022 do CPC, este aduz: “Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: I - esclarecer obscuridade ou eliminar contradição; II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; III - corrigir erro material. Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que: I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887201/artigo-1022-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174276278/lei-13105-15 II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .” O acórdão recorrido, apresenta omissão que será devidamente narrada e provada no transcurso destes embargos. II. DA TEMPESTIVIDADE Os embargos de declaração consideram-se tempestivamente opostos quando for realizada sua apresentação dentro do prazo de 5 (cinco) dias úteis contados da data da intimação (art. 1.023 CPC). O acordão foi proferido em xx/xx/xxxx, iniciando o prazo em xx/xx/xxxx, cujo término se dá em xx/xx/xxxx, logo a presente manifestação deve ser conhecida. III. SÍNTESE DOS FATOS O embargante propôs ação popular com objetivo de anular ato editado pelo Prefeito de São Caetano/PE, que transferiu o serviço de estacionamento público “Zona Azul” para uma ASSOCIAÇÃO DE COMERCIANTES LOCAIS (ACSC-PE), cujo Presidente Sr. Sombra, seu amigo pessoal e principal colaborador de sua campanha eleitoral, visto que realizado sem o devido procedimento licitatório, sendo pedido ainda a devolução aos cofres municipais dos valores recebidos indevidamente pela associação. Todos os requeridos foram citados e apresentaram suas defesas e, após a coleta de provas, o juízo de primeira instância julgou a ação improcedente, por entender que não seria necessária a realização da licitação, pois, na concessão, não houve custo para o município, que não precisará pagar para a associação nenhuma quantia pelo serviço de estacionamento “Zona Azul”. Inconformado, o embargante interpôs recurso de apelação ao Egrégio Tribunal de Justiça de Pernambuco. O recurso foi conhecido e provido em parte, tendo este Egrégio Tribunal anulado o Decreto nº 01/2019, porém, nada decidiu http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art489%C2%A71 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art489%C2%A71 https://www.jusbrasil.com.br/topicos/28887181/artigo-1023-da-lei-n-13105-de-16-de-marco-de-2015 https://www.jusbrasil.com.br/legislacao/174788361/lei-13105-15 sobre a devolução do dinheiro recebido durante o período em que o referido ato esteve vigente, nem mesmo enfrentando a questão no corpo do Acórdão. Dessa forma, requer o recebimento dos presentes embargos de declaração para que seja sanada a presente omissão. IV. DA OMISSÃO Como é cediço em direito, para alcançar o fim a que se destina, é necessário que a tutela jurisdicional seja prestada de forma clara e completa, sem obscuridade, omissão ou contradição. A própria Carta Magna faz menção à obrigatoriedade da exposição das motivações judiciais: Art. 93. (...) IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; Também é reforçada tal obrigatoriedade no âmbito cível através do artigo 489 do Código de Processo Civil: Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; (...) § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida; II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso; III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão; IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador; V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos; VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento. O dispositivo retro mencionado configura-se de tamanho apreço pelo sistema jurídico que é, no novo Código Processual Civil, embasamento para o chamado “Princípio da Motivação das Decisões”, consistindo esse último, segundo Neves (2017) 1, na “exteriorização das razões de seu decidir [do juiz], com a demonstração concreta do raciocínio fático e jurídico que desenvolveu para chegar às conclusões contidas na decisão”. Ainda, o próprio CPC reforça a magnânima importância do presente princípio ao dispor expressamente que o juiz deve se ater à expressão da fundamentação judicial de forma clara e precisa. Art. 926. Os tribunais devem uniformizar sua jurisprudência e mantê-la estável, íntegra e coerente. § 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste artigo. A jurisprudência cível já teve a oportunidade do confronto das questões de sentenças sem fundamentação, posicionando-se majoritariamente no sentido de que a sentença nesse âmbito deve ser modificada. Neste sentido, temos decisão recente do Superior Tribunal de Justiça: PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO INTERNO NOS EMBARGOS DE DECLARAÇÃO EM AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. OMISSÃO. ACOLHIMENTO. 1. A existência de omissão no acórdão embargado conduz ao acolhimento da pretensão. 2. Embargos de declaração acolhidos, sem efeitos infringentes. (STJ - EDcl no AgInt nos EDcl no AREsp: 875139 MG 2016/0053672-0, Relatora: Ministra NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 19/10/2017, T3 - TERCEIRA TURMA, Data de Publicação: DJe 31/10/2017). Desta forma, por meio desta exposição, demonstra-se que, ainda tendo uma sentença favorável para a parte autora, devido à falta de um dos elementos essenciais durante a sua prolação, o direito da mesma encontra-se em risco. Para sanar o referido vício, a doutrina aduz que cabe embargos declaratórios em caso de sentença omissa. Segundo o diploma processual civil: “Art. 1.022. Cabem embargos de declaração contra qualquer decisão judicial para: (...) II - suprir omissão de ponto ou questão sobre o qual devia se pronunciar o juiz de ofício ou a requerimento; (...) Parágrafo único. Considera-se omissa a decisão que:I - deixe de se manifestar sobre tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em incidente de assunção de competência aplicável ao caso sob julgamento; II - incorra em qualquer das condutas descritas no art. 489, § 1º .” Portanto, estando clara a omissão, com fulcro no art. 1.022, II, do Código de Processo Civil, os embargos declaratórios configuram-se como meio eficaz e necessário para a garantia do direito líquido e certo da parte autora. No referido caso há omissão total do julgamento do pedido de devolução dos valores recebidos indevidamente em razão da ilegal concessão do serviço de “Zona Azul” à Associação de Comerciantes de São Caetano, por meio do Decreto nº 01/2019, sem a realização de licitação prévia, por esta razão requer se garantir o direito líquido e certo da parte autora, pois bem, a devolução de dinheiro público. O ato realizado pelo prefeito de São Caetano caracteriza-se como ato de improbidade administrativa, que nada mais é do que ato ilegal ou contrário aos princípios básicos da Administração Pública no Brasil, cometido por agente público, durante o exercício de função pública ou decorrente desta. No Recurso Extraordinário nº 852475, o Supremo Tribunal Federal declarou que ações de ressarcimento ao erário por improbidade administrativa são imprescritíveis, adotando esse entendimento para todos os demais casos envolvendo esse tema, vejamos o Tema 897: DIREITO CONSTITUCIONAL. DIREITO ADMINISTRATIVO. RESSARCIMENTO AO ERÁRIO. IMPRESCRITIBILIDADE. SENTIDO E ALCANCE DO ART. 37, § 5 º, DA CONSTITUIÇÃO. 1. A prescrição é instituto que milita em favor da estabilização das relações sociais. 2. Há, no entanto, uma série de exceções explícitas no texto constitucional, como a prática dos crimes de racismo (art. 5º, XLII, CRFB) e da ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático (art. 5º, XLIV, CRFB). 3. O texto constitucional é expresso (art. 37, § 5º, CRFB) ao prever que a lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos na esfera cível ou penal, aqui entendidas em sentido amplo, que gerem prejuízo ao erário e sejam praticados por qualquer agente. 4. A Constituição, no mesmo dispositivo (art. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm#art489%C2%A71 37, § 5º, CRFB) decota de tal comando para o Legislador as ações cíveis de ressarcimento ao erário, tornando-as, assim, imprescritíveis. 5. São, portanto, imprescritíveis as ações de ressarcimento ao erário fundadas na prática de ato doloso tipificado na Lei de Improbidade Administrativa. 6. Parcial provimento do recurso extraordinário para (i) afastar a prescrição da sanção de ressarcimento e (ii) determinar que o tribunal recorrido, superada a preliminar de mérito pela imprescritibilidade das ações de ressarcimento por improbidade administrativa, aprecie o mérito apenas quanto à pretensão de ressarcimento. (RE 852475, Relator (a): Min. ALEXANDRE DE MORAES, Relator (a) p/ Acórdão: Min. EDSON FACHIN, Tribunal Pleno, julgado em 08/08/2018, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-058 DIVULG 22-03-2019 PUBLIC 25-03-2019) (STF - RE: 852475 SP - SÃO PAULO, Relator: Min. ALEXANDRE DE MORAES, Data de Julgamento: 08/08/2018, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-058 25-03-2019) Segundo a decisão, o dinheiro público dolosamente subtraído em ato de improbidade administrativa deve ser devolvido a qualquer tempo, não havendo prescrição da ação que visa à sua devolução. Isso significa que as penalidades envolvendo a improbidade prescrevem, não podendo o agente ser punido após o prazo legal, mas ele poderá ser obrigado a devolver o que foi desviado a qualquer tempo. V. DOS PEDIDOS Diante do exposto, requer se: i. que, no prazo de 05 (cinco dias) disposto no art. 1.024 do Código de Processo Civil, os presentes embargos sejam CONHECIDOS E PROVIDOS, sanando a omissão, complementando-se o Acórdão; ii. que seja devolvido o dinheiro público para as suas respectivas finalidades; iii. a intimação dos Embargados, para, querendo, manifestar-se no prazo de 5 (cinco) dias (art. 1.023, § 2º, CPC); Nestes termos, pede e espera deferimento. São Caetano, Pernambuco/PE, xx de xxxxx de xxxx. XXXXXXX XXXXXXX XXXX OAB/xx xxx.xxx (Assinado digitalmente)
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