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Universidade Estadual de Ponta Grossa - Câmpus Telêmaco Borba Prof.Dra. Angela Acadêmica: Caroline Carvalho Calsavara Título: Direito penal a marteladas Subtítulo: Algo sobre Nietzsche e o direito Autor: Amilton de Carvalho Bueno Referência: BUENO, Amilton de Carvalho. Direito penal a marteladas: algo sobre Nietzsche e o direito. Rio de Janeiro: Lumen Juris. 2ºed. 2018. Direito penal a marteladas: algo sobre Nietzsche e o direito O autor apresenta, como o título deixa claro, uma visão permeada pelos escritos de Nietzsche, de forma que se propõe a abalar e destruir os ídolos que se criaram em torno do direito penal, denunciando e demonstrado o vazio dos pressupostos considerados por esse ramo jurídico. Logo no início da obra o autor, Amilton de Carvalho, alerta para os vícios que podem haver em sua obra, considerando que não se faz possível teorizar quando se está no centro do conflito e que ele, como ex magistrado, tem sua visão enviesada pelo direito. No início de sua obra, apresenta também traços anti-penalistas, qual vem a ser explicitamente confirmados no decorrer da escrita. O livro trabalha com uma forte base no conceito de homem-do-meio-dia, qual foi cunhado por Nietzsche. Esse conceito diz que, os homens da atualidade vivem no meio dia de uma escala de evolução, onde são ainda pouco evoluídos, mas evoluídos o suficiente para terem capacidade de percepção das mazelas vividas, neste caso, especificamente no direito penal. O literato do livro utiliza-se das palavras de Nietzsche para defender que o ensino superior deve ser restrito a um grupo seleto de indivíduos, este pode ser um dos pontos mais passíveis de crítica em toda a obra de Amilton, pois, como será citado, o autor em toda sua escrita tece críticas contundentes ao sistema penal, afirmando que os condenados são marginalizados e injustiçados, que sofrem perseguição e são utilizados como bodes expiatórios, além de defender a inexistência de uma verdade absoluta, e menciona ainda que todo fato possui interpretações relativas, todo esse pensamento é incondizente com a defesa de uma elite intelectual, é contraditório. Amilton entra, por incrível que pareça, usando-se de Nietzsche para concordar com exclusão de grupos sociais marginalizados e também para facilitar a ascensão de uma hegemonia de pensamento. Ademais, o autor afirma que toda escrita se dá de forma direcionada para quem o escritor quer que leia, e que, “direito penal a marteladas” é uma obra escrita unicamente para juristas, e “aqueles comprometidos com a defesa intransigente dos direitos do cidadão-acusado”. E passa, nesse ponto, a defender explícita e diretamente os direitos dos cidadãos presos e acusados, afirmando que o principal ator na cena judiciária é aquele que defende. Amilton apresenta a visão da defesa de um réu quase que como algo nobre, pois os defensores se legitimam pela sua luta na preservação dos direitos do homem, entretanto, essa defesa não se dá de forma que se ‘abandone’ a vítima, já que essa “tem sim agressiva proteção no espaço garantista”. Amilton é sensato e condizente com os princípios da justiça, quando, nesse contexto, afirma que deve-se defender o réu e que se faz necessário uma disputa entre iguais, entretanto, faz-se importante ponderar os tons que ele utiliza para isso, sem que seja possível levar como se o réu fosse na verdade a vítima em todo o momento e que a verdadeira vítima é privilegiada em demasia. Uma importante pontuação feita na obra é a de que cada um tem tanta justiça quanto vale seu poder, sobre essa elitização da justiça Rafael Damaceno de Assis afirma que é inegável que, pelo fato de o crime tratar-se de um fato social, o aumento da criminalidade venha a refletir diretamente a situação do quadro social no qual se encontra o país [...] trata-se de um pensamento oriundo da filosofia capitalista, elaborado para se amoldar à ideologia das classes dominantes, e que tem como principal resultado a acentuação da concentração de renda e o aumento da desigualdade social entre ricos e pobres, ficando estes últimos lançados a sua própria sorte (ASSIS, 2007) Segundo Amilton de Carvalho, os direitos humanos vem como uma tentativa de docilizar o poder, que continua a viger as nossas relações jurídicas, e tanto por isso tem-se a desigualdade entre vítima e réu, e, principalmente, entre o réu pobre e o réu rico. A defesa possui um campo limitado de atuação, dado a uma previsão de sentença condenatória, e, por mais que essa afirmação feita pelo literato possa corresponder a realidade, faz-se necessário questionar os motivos da sentença condenatória ser previsível, pois, nada há que fazer objeto de crítica se esta for o exercício de uma norma que é facilmente subsumida com o fato típico que está a ser julgado. Amilton de Carvalho Bueno assume que é adepto do abolicionismo penal, da mesma forma que assume ser essa uma concepção utópica, subentende-se pelos escritos do autor que ele acredita ser necessário que os indivíduos vivam como se estivesse em voga esse sistema prisional futurista, para que torne-se possível sua materialização. Na sequência, o autor trás para a discussão as opiniões populares acerca do direito penal, onde ele expressa de forma desgostosa as manifestações de opiniões dos leigos sobre o tema. Segundo Amilton, tem-se na sociedade uma prevalência do movimento lei-e-ordem, onde tudo deve ser objeto de legislação, deve-se teorizar e penalizar o máximo de condutas e há uma ‘guerra’ entre os bons e os maus. A esse respeito Rosivaldo Toscano dos Santos Júnior lembra que “naturalizada a violência objetiva de modo a desvinculá-la da violência subjetiva, o senso comum teórico torna-se importador e porta-voz do conceito belicista da guerra contra o crime, que contém forte apelo retórico, e por conseguinte, emocional.” Ainda sobre esse mesmo tema, o movimento lei-e-ordem vem atualmente, ao menos no Brasil, ganhando um número cada vez mais crescente de adeptos, com o surgimento da onda bolsonarista. O atual governo não tem pudores ao afirmar teses como “bandido bom é bandido morto” e ser a favor da redução da maioridade penal (para que se prenda mais), além da criminalização e aumento de pena para outras conduta, como o aborto, qual foi demonstrada uma posição favorável da criminalização até mesmo em casos de violência sexual e sua consideração como crime hediondo, para que haja o aumento da pena. Aqueles que defendem a tese da lei-e-ordem, segundo Amilton, creem que o mecanismo repressivo seja quase que um milagre para acabar com a criminalidade, o que não pode ser dito como real, pois, além de claramente não funcionar, muitas das condutas tipificadas são apenas o exercício de uma liberdade, como o consumo de maconha, por exemplo. Ademais disso, tem-se também que o aumento massivo de condutas criminalizadas ‘encharcam’ o sistema penal, diminuindo as garantias processuais e os direitos do apenado durante a execução penal. Apenadoesse que já sofre de antemão com a desigualdade existente entre acusação e defesa. Tem-se em primeiro lugar a questão financeira, já que segundo o ministério da justiça, mais de 90% dos presos brasileiros se utilizam do sistema de defensoria pública, qual sofre com a falta de recursos para fornecer um trabalho com a devida qualidade, ademais disso tem-se os casos de corrupção dos magistrados, onde se pode citar o caso do juiz Sérgio Moro, qual teve uma série de mensagens divulgadas pelo jornal “The intercept Brasil”, onde claramente usa-se de meios ilícitos para o julgamento e condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O literato ressalta a necessidade de respeitar os direitos do condenado, pois, “proteger o direito do ‘um’ é proteger o direito de ‘todos’. Além do que, o respeito aos direitos do réu culminam num maior respeito aos direitos do autor, que no atual sistema sofre duas vezes, a primeira vivenciando o ato delitivo, e a segunda revivendo o momento em todo o espetáculo do processo penal. Amilton afirma ainda que “na medida em que o direito se humana ele se fortalece e não se fragiliza”. O autor da obra coloca ainda como recorrente as situações onde o espetáculo processual vem a interferir no resultado do julgamento do caso, onde perde-se a ‘sanidade processual’, tal afirmação reporta-se verdadeira, como podemos citar o caso do ex-deputado Fernando Ribas Carli Filho, qual foi condenado por duplo homicídio com dolo eventual em vista da enorme publicidade do caso e da importância do autor, visto que, segundo penalistas, o autor do fato poderia facilmente ter sido enquadrado com culpa consciente, caso o fato não fosse alvo de tantos holofotes. Em seguida Amilton entra em defesa da inexistência do livre-arbítrio, embasado pelo que disse Nietzsche, este conclui que a vontade não é livre e que portanto não poderia haver verdadeira culpa em quem comete o ato delitivo. Esta afirmação pode ser considerada sobre o viés de indivíduos que “não tem escolha” ante ao cometimento de crime, como é o caso de jovens que entram para o tráfico de drogas para que consigam um sustento, entretanto, mesmo havendo essa consideração exacerbadamente subjetiva, não se faz possível defender o posicionamento do autor, pois, a partir do momento que não há verdadeira culpa em quem transgride a lei, como responsabilizar um indivíduo? Quem responsabilizar? Todos os atos serão impunes? Estuprar, matar e roubar será ‘legalizado’? O autor não apresenta nesta obra nada que possa responder às perguntas acima consideradas. O literato defende uma radicalização da liberdade, onde sequer a vítima do delito pode perdoar o autor do fato, pois não há o que perdoar, visto que o transgressor da norma não sabe o que faz. Essa radicalização da liberdade fere completamente os direitos conquistados de todos os indivíduos, fazendo com que não haja mais segurança para ninguém na sociedade e seja instaurado um estado anárquico no sentido mais pejorativo da palavra. Tem-se ainda a desconsideração dos limites de uma liberdade, pois, como diz-se popularmente “sua liberdade acaba quando a do outro começa”. Ademais da consideração da impossibilidade de punir pela inexistência de culpa, Amilton volta a realidade e passa a discorrer sobre os motivos pelos quais se pune, segundo o autor, ainda hoje estão em voga as doutrinas que defendem que a pena privativa de liberdade visa evitar o cometimento de novos crimes e ainda recuperar o agente que cometeu o ato delitivo. Entretanto, em realidade, sabe-se que nenhum desses motivos é verdadeiro, pois a tipificação de um delito não evita que indivíduos venham a cometê-lo, pois a função simbólica do direito penal apenas existe em teoria, e, a recuperação do agente pode ser refutada com os dados obtidos por meio de uma pesquisa do Ipea de 2015, segundo a qual um em cada quatro presos eram reincidentes no crime. O autor apresenta, por meio das palavras de Nietzsche, que deve haver a compensação como substituição de todos os meios violentos (de punir). Fica dito na obra que a verdadeira função das penas privativas de liberdade é eliminar os parasitas sociais e inferiorizar e se vingar daqueles que cometem o ato delitivo, sem nunca o recuperá-lo, visto que a tendência, com a prisão, é de que os impulsos criminoso se enraizem cada vez mais no autor do crime. A proposta que o literato apresenta, como substitutiva da pena, por meio das palavras de Nietzsche é “suprimir, em primeiro lugar, uma injustiça, na medida em que uma injustiça sofrida pode ser reparada; em seguida, compensar uma ação maligna por uma boa ação”. Essa ideia passa a ser bastante problemática, pois, até onde é possível compensar com boas ações delitos como assassinatos e estupros? Amilton faz uma importante observação ao dizer que se criou um mito onde a impunidade é a geradora da criminalidade, e por isso precisa-se prender mais pessoas e por mais tempo, entretanto, não há nenhuma pesquisa que consiga comprovar que a panpunição consiga reduzir a criminalidade. Nietzsche apud Amilton de Carvalho “é verdade que até agora a fé não conseguiu mover nenhuma montanha real, embora isso tenha sido afirmado por não sei quem; mas ela consegue pôr montanhas onde não há”. O literato apresenta uma importante reflexão ao afirmar que o direito penal chega posterior ao delito, nada que ele faça muda o que aconteceu, ele apenas considera o final do fato, sem olhar o germe das ações, a título de exemplo, cita a falta da figura paterna na maioria dos menores infratores, de forma que há um déficit na formação familiar, nas palavras do autor “este dado, para além da infantil busca da causa da criminalidade na falta de punição carcerária, na panpenalização, deve(ria) falar alto, muito alto, agressivamente alto, aos “benfeitores” da sociedade”. O autor ratifica, sempre que possível, que a punição não inibe o crime, e passa a dizer também que o sistema punitivo diz respeito a antigos valores, que devem ser esquecidos para que os novos venham a voga, entretanto, novamente, não explicita quais seriam esses novos valores, e cita Nietzsche para dizer que não ter uma solução é um estado saudável e até gratificante, o que não se sustenta quando se quer derrubar o modelo atual, afinal, que faríamos se as penas restritivas de liberdade fossem apenas abolidas? Tudo passaria a ser permitido? O literato trás para a discussão penalista conceitos políticos atrelados a democracia, pelo qual, a vontade da maioria seria tão somente a vontade da maioria, de forma que ela não representa os valores da democracia. E, os grupos seriam invenções para fazer o quê indivíduos de forma isolada não tem coragem de fazer, instaurando por conseguinte as penas pelo simples prazer de ver o réu sofrer. Aqui cabe suscitar uma reflexão sobre a atitude dos civis diante de indivíduos delituosos, o “fazer justiça com as próprias mãos”, no fim, apenas nãoseria a materialização da construção social supracitada e referida pelo autor? No fundo, o Estado, via punição, passa a ser um grande organizador do comando da criminalidade, visto que nos presídios se cometem um número agressivo de delitos, além do comando para a prática de crimes no mundo fora dos muros, a esse respeito, Sérgio Oliveira de Souza diz que, “os presídios se tornaram escritórios para líderes do crime organizado, as condições de superlotação e a precariedade evidenciam que, sem planejamento, não há possibilidades de reabilitação e ressocialização dos detentos”. O autor, em seguida, apresenta sua indignação com existência dos presídios e afirma que ainda hoje não há uma explicação racional para a sua existência, visto que ele somente piora a conduta dos indivíduos, e de forma alguma recupera ou reabilita, novamente pode-se utilizar um escrito de Sérgio Oliveira de Souza para ratificar a consideração, onde este diz que “O atual sistema prisional forma bandidos, pós-graduados e doutores do crime, pois o tempo ocioso e a convivência com vários delinquentes propiciam trocas de experiências criminosas. Os presídios se tornaram escritórios para líderes do crime organizado, as condições de superlotação e a precariedade evidenciam que, sem planejamento, não há possibilidades de reabilitação e ressocialização dos detentos.” (SOUZA, 2015) A imposição de normas penais nada mais é que a criação de um ideal de moral pelos ditos bons da sociedade, para controlar e moldar os maus. Nietzsche apud Amilton de Carvalho diz que “a quem odeiam eles mais que tudo? Aquele que cria, odeiam ele mais que tudo: aquele que quebra tábuas e velhos valores, ao quebrador”. Por esta, faz-se possível interpretar a concepção dos autores de que o transgressor de normas apenas é um indivíduo que não se submete aos ‘velhos valores’, mas na verdade responde a ‘novos valores’. A afirmação acima reporta-se verdadeira até certo ponto. A expectativa é que o ordenamento jurídico se mude e se adapte às modificações da sociedade em qual vige, pode-se citar como exemplo o conceito de “mulher honesta”, segundo o qual o estupro era um crime contra os costumes, onde se à mulher vítima de violência sexual se casasse com o seu agressor ou com outro homem, o crime simplesmente deixava de existir, pois esse ofenderia o homem e toda a sociedade, e não a mulher em si, a retirada do conceito de mulher honesta do código foi uma evolução dada por ‘novos valores, entretanto, não é possível entender esse mesmo conceito de evolução de valores para crimes como violência sexual, trabalho escravo e tortura. Novamente retomando ao aspecto da recuperação do criminoso, o autor da obra enfatiza e ironiza a impossibilidade de recuperação de qualquer indivíduo em condições sub-humanas. Nas palavras do literato “desde muito se sabe que a meta do presídio é infiltrar alcaguetes, despersonalizar, manter e perpetuar a corrupção do Estado, reproduzir a delinquência, isolar o diferente, todavia, para nós, “os bons”, destina-se a recuperar”, a esse respeito, Rafael Damaceno de Assis ressalta que A partir do momento em que o preso passa à tutela do Estado, ele não perde apenas o seu direito de liberdade, mas também todos os outros direitos fundamentais que não foram atingidos pela sentença, passando a ter um tratamento execrável e a sofrer os mais variados tipos de castigos, que acarretam a degradação de sua personalidade e a perda de sua dignidade, num processo que não oferece quaisquer condições de preparar o seu retorno útil à sociedade. (ASSIS, 2007) Nietzsche afirma que uma pessoa é a soma de múltiplas pessoas, caracteres ou personagens que esta carrega dentro de si, e que portanto, não se faz possível que uma pessoa mude sua essência, mas apenas que mude a personalidade que se sobressai em relação a ela. Emblematicamente, Nietzsche diz que “o passado está presente em todo lugar”, de forma que talvez seja possível interpretar que os atos delitivos que um indivíduo comete são importantes para a construção do seu eu posterior, e essa construção deve ser direcionada para que se sobressaia uma melhor personalidade, que não seja delitiva. Posterior a isso, Amilton passa a afirmar, ainda com base no filósofo-do-martelo, que por trás de cada indivíduo há um “poderoso soberano” que seria Si-mesmo, uma espécie de inconsciente que tudo domina, a ideia parece ser um tanto conflitiva com a tese de que não existe livre arbítrio, pois, se todo indivíduo tem em si um soberano, como se pode afirmar que ele não tem sequer consciência de seus atos? Segundo o literato, a recuperação de um indivíduo delitivo por meio do cárcere nada mais é que um mito, pois, nunca houve a intenção real de recuperar esses presos, e portanto, o direito penal nem recupera o criminoso, nem protege a vítima, e tanto não protege, pois não é sua função. E se realmente houvesse a intenção no direito penal de reabilitação do indivíduo, a pena seria dada de forma individualizada, pois, tem de se punir na medida certa, até que a pena seja paga e o ser que cometeu o delito pare de ter sentimentos hostis, a dificuldade aqui fica em estabelecer quando seria esse momento. O momento da obra onde Amilton discute acerca de quanto tempo o ser deveria passar preso para pagar os crimes que cometeu suscita que talvez ele passe a admitir neste momento a pena restritiva de liberdade como sendo válida, mas, não se deve descartar a possibilidade de que essa postura se dê como um enfrentamento da vida real, onde o autor apenas aceite que as penas existem e longe estão de acabar. Amilton afirma ainda que o direito penal é seletivo, que escolhe os grupos que quer encarcerar, a esse respeito, Assis se faz presente novamente, afirmando que A sociedade não pode esquecer que 95% do contingente carcerário, ou seja, sua esmagadora maioria é oriunda da classe dos excluídos sociais, pobres, desempregados e analfabetos, que, de certa forma, na maioria das vezes, foram “empurrados” ao crime por não terem tido melhores oportunidades sociais. (ASSIS, 2007) E a partir desse momento pode-se entender o direito penal como um direito que segrega, exclui e reverbera a diferença de classes. Tal segregação, pode-se dizer, faz-se possível, em primeiro lugar por que a sociedade como um todo permite e apoia, mas também por que os magistrados não cumprem sua verdadeira função, qual deveria restringir-se a analisar as provas, compreender e dar sentido a essa compreensão, entretanto, na prática, observa-se decisões arbitrárias e dadas unicamente segundo a consciência do julgador, no que vem a ser o solipsismo judicial, tão denunciado por Lênio Luiz Streck, tem-se como exemplo o caso do juiz Sérgio Moro, supracitado. Amilton defende que toda decisão é arbitrária e dada com base em valores pessoais, de modo que nenhum julgamento pode ter uma decisão imparcial, e que não pode haver julgamento se este não for neutro,o que suscita a dúvida acerca de como punir, se não se pode julgar. Ou todos os atos passariam a ser estrita legalidade? A obra de Amilton de Carvalho Bueno suscita questionamentos importantes e necessários acerca do direito penal, apresenta uma visão crítica, entretanto, é possível afirmar que ele peca no excesso de extremismo, pois, o homem-do-meio-dia ainda não está pronto a compreender e praticar os conceitos apresentados pelo autor, com o apoio dos escritos de Nietzsche. É possível afirmar que o livro apresenta uma ruptura na concepção penalistas de todos que conhecem a obra, existe uma visão do direito penal antes de Amilton e uma completamente diferente depois dele. Referências: ASSIS, Rafael Damaceno de. A realidade atual dos sistema penitenciário brasileiro. Revista CEJ, Brasília, Ano XI, n. 39, p. 74-78, out./dez., 2007. Disponível em <http://www.jf.jus.br/ojs2/index.php/revcej/article/view/949/1122>. Acesso em 19 de junho de 2019. BRODBECK, Pedro. Ex-deputado Carli Filho é levado para penitenciária de Guarapuava. G1 [online]. Paraná. 28 mai 2019. 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