Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais) DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) CONTRAVENÇÕES PENAIS EM ESPÉCIE CONTRAVENÇÕES REFERENTES À PESSOA Art. 18. Fabricar, importar, exportar, ter em depósito ou vender, sem permissão da autoridade, arma ou munição: Pena – prisão simples, de três meses a um ano, ou multa, de um a cinco contos de réis, ou ambas cumulativamente, se o fato não constitui crime contra a ordem política ou social. Art. 19. Trazer consigo arma fora de casa ou de dependência desta, sem licença da autoridade: Pena – prisão simples, de quinze dias a seis meses, ou multa, de duzentos mil réis a três contos de réis, ou ambas cumulativamente. Revogação tácita pelos Estatutos do Desarmamento: Até o ano de 1997 todas as condutas relacionadas a arma de fogo eram consideradas contravenções penais. Desse ano em diante, passou a vigorar o Estatuto do Desarmamento e, de 2003 em diante, passou a vigorar a Lei n. 10.826/2003. Logo, essas contravenções penais foram revogadas tacitamente e atualmente são consideradas crimes. No Estatuto do Desarmamento, estão previstos os seguintes tipos penais: posse irregular de arma de fogo (art. 12), porte ilegal de arma de fogo de uso per- mitido (art. 14), omissão de cautela (art. 13), disparo de arma de fogo (art. 15), porte/posse ilegal de arma de fogo de uso restrito (art. 16), sendo esse último considerado crime hediondo. O art. 17 trata do crime de comércio ilegal e o Art. 18 trata do crime de tráfico de armas. No art. 18 da LCP o verbo “fabricar” pode ser entendido como comércio (art. 17 do Estatuto do Desarmamento), já “importar” e “exportar” devem ser conside- rados tráfico internacional de armas (art. 18, Estatuto do Desarmamento). O ato de ter em depósito ou vender pode se adequar aos arts. 16 ou 14 do Estatuto do Desarmamento. 2 Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais) DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Já no art. 19 da LCP, a conduta de trazer consigo arma fora de casa sem licença pode se adequar aos arts. 14 ou 16 do Estatuto do Desarmamento. OOs.:� Existem dois tipos de revogação: ab-rogação ou derrogação. A ab-roga- ção é a revogação absoluta, já a derrogação é a revogação de parte. Os arts. 18 e 19 da LCP foram derrogados pelo Estatuto do Desarmamento, pois ambos versam sobre “arma” e não arma de fogo. Dessa forma, enten- de-se que podem ser aplicados em casos que envolvam arma branca. Entretanto, em parte da doutrina é dito que os Arts. 18 e 19 da LCP não podem ser aplicados em casos envolvendo arma branca, pois não há licença da autoridade para portá-las. Anúncio de meio aOortivo Art. 20. Anunciar processo, substância ou objeto destinado a provocar aborto: Pena – multa de hum mil cruzeiros a dez mil cruzeiros. Vias de Fato Art. 21. Praticar vias de fato contra alguém: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis, se o fato não constitui crime. Parágrafo único. Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) até a metade se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos. OOs.:� A vias de fato pode ser entendida como uma “lesão sem lesão”, isto é, um empurrão ou algo que não chega a causar uma lesão leve na pessoa atin- gida. Contudo, vale lembrar que, mesmo sendo mais branda que a lesão leve, a vias de fato é de ação penal pública incondicionada, assim como todas as contravenções penais. Internação Irregular em EstaOelecimento Psiquiátrico Art. 22. Receber em estabelecimento psiquiátrico, e nele internar, sem as formali- dades legais, pessoa apresentada como doente mental: Pena – multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. 3 Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais) DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Art. 23. Receber e ter sob custódia doente mental, fora do caso previsto no arti- go anterior, sem autorização de quem de direito: Pena – prisão simples, de quinze dias a três meses, ou multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. CONTRAVENÇÕES REFERENTES AO PATRIMÔNIO Art. 24. Fabricar, ceder ou vender gazua ou instrumento empregado usualmente na prática de crime de furto: Pena – prisão simples, de seis meses a dois anos, e multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. OOs.:� Gazua é a chamada “chave micha”, chave mestra ou chave falsa. Refere- -se a uma contravenção considerada ato preparatório para o crime de furto. Art. 25. Ter alguém em seu poder, depois de condenado, por crime de furto ou rouOo, ou enquanto sujeito à liberdade vigiada ou quando conhecido como vadio ou mendigo, gazuas, chaves falsas ou alteradas ou instrumentos empregados usualmente na prática de crime de furto, desde que não prove destinação legí- tima: Pena – prisão simples, de dois meses a um ano, e multa de duzentos mil réis a dois contos de réis. Plenário: dispositivo da Lei de Contravenções Penais é incompatível com a Constituição No julgamento do Recurso Extraordinário (RE) 583523, realizado na sessão desta quinta-feira (3), o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), por unani- midade, declarou não recepcionado pela Constituição Federal (CF) de 1988 o artigo 25 da Lei de Contravenções Penais (LCP), que considera como con- travenção o porte injustificado de objetos como gazuas, pés-de-cabra e chaves michas por pessoas com condenações por furto ou roubo ou classificadas como vadios ou mendigos. Segundo o ministro Gilmar Mendes, relator do processo, o 4 Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais) DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) www.grancursosonline.com.br AN O TA Ç Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online dispositivo da LCP é anacrônico e não foi recepcionado pela CF por ser discri- minatório e contrariar o princípio fundamental da isonomia. A matéria teve reper- cussão geral reconhecida. Art. 26. Abrir alguém, no exercício de profissão de serralheiro ou oficio aná- logo, a pedido ou por incumbência de pessoa de cuja legitimidade não se tenha certificado previamente, fechadura ou qualquer outro aparelho destinado à defesa de lugar ou objeto: Pena – prisão simples, de um a seis meses, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis. CONTRAVENÇÕES REFERENTES À INCOLUMIDADE PÚBLICA Art. 28. Disparar arma de fogo em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela: Pena – prisão simples, de um a seis meses, ou multa, de trezentos mil réis a três contos de réis. Parágrafo único. Incorre na pena de prisão simples, de quinze dias a dois meses, ou multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis, quem, em lugar habitado ou em suas adjacências, em via pública ou em direção a ela, sem licença da autoridade, causa deflagração perigosa, queima fogo de artifício ou solta balão aceso. OOs.:� O art. 28 foi revogado tacitamente (e não expressamente) pelo art. 15 do Estatuto do Desarmamento. Além disso, atualmente são considerados crimes a deflagração perigosa (art. 251, § 1º, CP) e soltar balões acesos (art. 42 da Lei dos Crimes Ambientais). Assim, do art. 28 só será consi- derada contravenção penal a queima de fogos de artifício. Além disso, é importante lembrar que a venda de fogos de artifício para criança ou adolescente é considerado crime conforme o Estatuto da Criança e do Adolescente. Art. 29. Provocar o desabamento de construção ou, por erro no projeto ou na exe- cução, dar-lhe causa: Pena – multa, de um a dez contos de réis, se o fato não constitui crime contraa incolumidade pública. 5 Decreto-Lei n. 3.688/1941 (Contravenções Penais) DECRETO-LEI N. 3.688/1941 (CONTRAVENÇÕES PENAIS) www.grancursosonline.com.br AN O TAÇ Õ ES Produção: Equipe Pedagógica Gran Cursos Online Art. 30. Omitir alguém a providência reclamada pelo Estado ruinoso de construção que lhe pertence ou cuja conservação lhe incumbe: Pena – multa, de um a cinco contos de réis. Omissão de Cautela da Guarda ou Condução de Animais Art. 31. Deixar em liberdade, confiar à guarda de pessoa inexperiente, ou não guar- dar com a devida cautela animal perigoso: Pena – prisão simples, de dez dias a dois meses, ou multa, de cem mil réis a um conto de réis. Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem: a) na via pública, abandona animal de tiro, carga ou corrida, ou o confia à pessoa inexperiente; b) excita ou irrita animal, expondo a perigo a segurança alheia; c) conduz animal, na via pública, pondo em perigo a segurança alheia. OOs.:� alguns pontos importantes merecem ser destacados: • se um cão é conduzido por alguém sem a focinheira e ataca uma pessoa na rua é possível que o seu dono venha a responder pelas lesões causa- das; • se alguém excita um animal para que ataque alguém é possível que responda pela tentativa de homicídio ou até mesmo pelo homicídio con- sumado; • se o animal foi excitado por uma pessoa a atacar alguém e a pessoa atacada se defende matando o animal é cabível a legítima defesa. Já nos casos em que um animal, sem que tenha sido excitado, ataca uma pessoa e essa vem a matá-lo, não cabe a legítima defesa, mas um estado de necessidade, pois é um perigo atual. �Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a aula preparada e ministrada pelo professor Wallace França.
Compartilhar