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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SÓCIO ECONÔMICO DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CAROLINA GONZALEZ BEZERRA UM ESTUDO DA DISCIPLINA TEORIA DA CONTABILIDADE EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS Florianópolis 2015 Carolina Gonzalez Bezerra UM ESTUDO DA DISCIPLINA TEORIA DA CONTABILIDADE EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina CCN 5186 como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis pela Universidade Federal de Santa Catarina. Área de concentração: Teoria da Contabilidade Orientador: Prof. Joisse Antônio Lorandi, Dr. Florianópolis 2015 CAROLINA GONZALEZ BEZERRA UM ESTUDO DA DISCIPLINA TEORIA DA CONTABILIDADE EM INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR PÚBLICAS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS Esta monografia foi apresentada como TCC, no curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina, à banca examinadora constituída pelo professor orientador e membros abaixo mencionados. Florianópolis/SC, 20 de novembro de 2015 Professor Marcelo Haendchen Dutra, Dr. Coordenador de TCC do Departamento de Ciências Contábeis Composição da banca examinadora: __________________________________________________ Prof. Dr. Joisse Antônio Lorandi Orientador de TCC __________________________________________________ Prof. Dr. Maíra Melo de Souza Membro da Banca Julgadora __________________________________________________ Prof. Me. Ághata Frade Ferreira Membro da Banca Julgadora AGRADECIMENTOS Gostaria de agradecer primeiramente a Deus que me permitiu chegar até aqui com mais uma vitória. Sem Ele nada disso seria possível! Minha família foi essencial nessa jornada. Se não fosse por eles, eu não seria o que sou hoje e não estaria onde estou hoje. Agradeço por não me deixarem desistir quando estava surtando! Sempre serei grata aos meus pais, Mara e Lincoln, porque sempre me oportunizaram uma ótima educação e estudos. Pai e Mãe, sempre lembro de vocês quando me perguntam dos que mais me orgulho nesta vida! E Gabi, eu te amo! Me desculpa por te acordar algumas vezes tarde da noite na hora em que fui dormir depois de escrever algo a mais no TCC! Sou grata ao meu orientador professor Joisse! Você me ajudou a traçar o caminho para a execução deste trabalho. Me ofereceu ideias, sugeriu bibliografias e me disse para ficar tranquila no dia da apresentação (o que é impossível). Sempre respeitou minha opinião e me orientou sobre o que fazer e o que falar no trabalho de conclusão de curso! Muito obrigada! Muito obrigada também para as professoras da minha banca: Ághata e Maíra! Vocês me auxiliaram desde o início do curso e estiveram presentes até o final dele! As sugestões foram de grande importância para melhorar o trabalho! Gosto muito de vocês e fiquei muito feliz quando vi que estariam na minha banca. Desejo sucesso em todas as áreas de suas vidas. Agradeço aos meus professores do curso também, pois sem vocês eu não teria chego até aqui e em especial a professora Maria Denize, pelo apoio durante a função de monitora. Aos TAE´s da secretaria o meu muito obrigada, em especial a Sandra! Agradeço de coração aos meus amigos queridos e colegas de curso que me incentivaram a todo momento sobre o TCC. E sobretudo a Mariah Berka, Diego Bittencourt, Bruno Ossanes, Daniela Will, vocês merecem um prêmio por estar junto comigo nesses últimos meses! Para finalizar agradeço a UFSC pela formação obtida e pela oportunidade de conhecer pessoas que se tornaram tão importantes na minha vida. 5 “Os que se encantam com a prática sem a ciência são como os timoneiros que entram no navio sem timão nem bússola, nunca tendo certeza do seu destino”. (Leonardo da Vinci) RESUMO BEZERRA, Carolina G. Um estudo da disciplina Teoria da Contabilidade em instituições de ensino superior públicas da grande Florianópolis considerando a ementa da disciplina e a satisfação dos alunos. Monografia (Ciências Contábeis) – Departamento de Ciências Contábeis, Universidade Federal de Santa Catarina. Florianópolis, 2015. O presente trabalho tem por objetivo comparar e analisar as ementas da disciplina de “Teoria da Contabilidade” dos cursos de graduação de Ciências Contábeis públicos de Florianópolis e região, a fim de mostrar quais conteúdos são apresentados aos alunos verificando as semelhanças e diferenças assim como realizar também uma analise de opinião dos alunos para verificar a importância da disciplina conforme os discentes e em qual fase eles acreditam que a disciplina deve ser ministrada. Vale ressaltar que a Teoria da Contabilidade é uma disciplina que tem por objetivo apresentar a construção histórica da Ciência Contábil, sua estrutura conceitual, as normas contábeis, suas interpretações práticas e visa sempre fundamentar e auxiliar o entendimento para o aluno sobre a parte prática do curso. A metodologia de pesquisa se caracteriza por ser uma pesquisa de campo, descritiva e comparativa. As instituições abordadas para a pesquisa são a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e o Centro Universitário Municipal de São José, conhecido por Universidade de São José (USJ). A coleta de dados sobre as ementas foi realizada com as publicadas nos sites dos cursos. A pesquisa sobre a satisfação discente foi realizada em sala de aula com os alunos. Ao todo obteve- se 62 (100%) válidas para fins de uso na pesquisa, sendo 45 alunos da UFSC (73%) e 17 da USJ (27%). Os alunos respondentes encontram-se na sétima, oitava e nona fase do curso. Entre os resultados percebidos, nota-se que boa parte dos alunos acreditam na importância da disciplina e o conteúdo dela. Também acreditam que as discussões teóricas em sala de aula auxiliam à prática da contabilidade. Os alunos entendem que a disciplina ofertada a eles está de acordo com as normas internacionais de contabilidade, ou seja, percebe-se que a disciplina é atualizada. De forma geral, pode-se afirmar que os alunos estão satisfeitos com a disciplina. Palavras-Chave: Teoria da Contabilidade. Ementas. Satisfação discente. LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Ementa UFSC...............................................................................................27 Quadro 2 – Ementa USJ..................................................................................................27 FIGURAS Figura 01 –– Hierarquia de Elementos de um Referencial Conceitual...........................19 Figura 02 – Instituição de ensino superior.......................................................................31 Figura 03 – Fases dos alunos...........................................................................................32 Figura 04 – Importância da disciplina.............................................................................32 Figura 05 – Grau de importância do conteúdo................................................................33 Figura 06 – Discussões Teóricas x Práticas Contábeis...................................................34 Figura 07 – Fases de ocorrência da disciplina na opinião dos alunos.............................34 Figura 08 – A disciplina deveria contemplar mais de uma fase?....................................35 Figura 09 – Conteúdo diluído em outras disciplinas.......................................................36 Figura 10– Satisfação discente em relação as referências bibliográficas utilizadas.......36 Figura 11 – Acolhimento as opiniões dos alunos............................................................37 Figura 12 – Disciplina e as Normas Internacionais de Contabilidade.............................38 Figura 13 – Conhecimento satisfatório adquirido...........................................................39 Figura 14 – Contribuição da disciplina em relação aos conceitos de contabilidade.......40 Figura 15 – Ementa cumprida na percepção do discente................................................40 LISTA DE ABREVISATURAS E SIGLAS CFC – Conselho Federal de Contabilidade CNE/CES – Conselho Nacional de Educação / Câmara de Educação Superior IASB – International Accounting Standards Board FASB – Financial Accounting Standards Board FEA/USP – Faculdade de Economia, Administração e Ciências Contábeis da Universidade de São Paulo PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul UDESC – Universidade Estadual de Santa Catarina UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina UFSC/UAB – Universidade Federal de Santa Catarina / Universidade Aberta do Brasil USJ – Centro Universitário Municipal de São José/Universidade de São José SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 11 1.1 TEMA E PROBLEMA .......................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS .......................................................................................................... 13 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................................. 13 1.2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 13 1.3 JUSTIFICATIVA .................................................................................................. 13 1.4 METODOLOGIA .................................................................................................. 14 1.5 DELIMITAÇÕES E LIMITAÇÕES DA PESQUISA .......................................... 15 1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ........................................................................... 16 2. REFERÊNCIAL TEÓRICO .................................................................................... 17 2.1 TEORIA versus PRÁTICA .................................................................................... 17 2.2 TEORIA DA CONTABILIDADE ........................................................................... 18 2.3 ENSINO DA CONTABILIDADE NO BRASIL .................................................. 20 2.4 LEIS E RESOLUÇÕES ......................................................................................... 21 2.5 ESTUDOS SIMILARES ....................................................................................... 23 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS .............................................................. 26 3.1 INSTITUIÇÕES ESTUDADAS...........................................................................26 3.2 ANÁLISE DAS EMENTAS.................................................................................26 3.3 RESULTADOS DA PESQUISA..........................................................................30 4. CONCLUSÕES .......................................................................................................... 43 4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS................................................45 REFERÊNCIAS ............................................................................................................ 46 ANEXOS ........................................................................................................................ 50 APÊNDICE A ................................................................................................................ 54 11 1 INTRODUÇÃO Esta pesquisa apresenta uma análise comparativa a partir da proposta de ementa da disciplina Teoria da Contabilidade do curso de graduação Ciências Contábeis da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) de Florianópolis com o curso de graduação de Ciências Contábeis da , município limítrofe com Florianópolis, bem como a satisfação dos alunos em relação à disciplina de Teoria da Contabilidade. Conforme Sacramento (1998, p. 6) “o conhecimento científico implica em uma nova forma de ver e compreender a realidade”. A disciplina contribui para que o aluno entenda melhor a própria evolução da contabilidade e quais são os seus objetivos. Conforme Borba, Poeta e Vicente (2011, p. 2) disciplina de Teoria da Contabilidade é: Obrigatória nos cursos de graduação em Ciências Contábeis a partir da Resolução nº 03 do Conselho Federal de Educação, de 05/10/1992, a disciplina Teoria da Contabilidade visa, conforme esta resolução, estimular a aquisição integrada de conhecimentos teóricos e práticos que permitam ao graduado o competente exercício da sua profissão. Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 19) antes da disciplina “Teoria da Contabilidade” ser obrigatória, poucas faculdades apresentavam essa matéria e a disciplina só era ofertada na pós-graduação de Ciências Contábeis. Conforme Madeira, Mendonça e Abreu (2003, p. 2): A introdução da disciplina muito contribuiu para a formação do profissional contábil. É dentre as disciplinas do curso, a que aborda o pensamento contábil e oferece condições ideais para a utilização de técnicas e recursos variados. Nos cursos de Ciências Contábeis, ao observar os planos de curso e suas ementas, percebe-se maior predisposição das disciplinas para a parte prática e a técnica contábil. Já a parte teórica é vista durante o curso nas diversas disciplinas, porém não tão profundamente como na disciplina de Teoria da Contabilidade. Conforme os conteúdo estudados na disciplina de “Teoria da Contabilidade”, o aluno aprende de forma pormenorizada as teorias que constroem a história da contabilidade desde a sua origem, onde surgiu a necessidade do homem de contabilizar seus bens até a história da contabilidade atual no mundo e todos os seus avanços tanto sociais como tecnológicos, além de rever também alguns conceitos e estudar um pouco mais sobre os princípios contábeis, mas sempre com o intuito de desenvolver a 12 capacidade crítica do aluno e oferecer uma sustentação para discussão da parte prática. A disciplina teórica procura a fundamentação da aplicação prática. O aluno precisa perceber que a técnica contábil faz parte de uma construção que teve implicações na própria evolução do capitalismo e da sociedade em geral. A opinião do corpo discente sobre a relevância desta disciplina durante o curso, e que muitos afirmam ser um curso em sua totalidade mais técnico, é levada em consideração e apresentada a partir das respostas obtidas em questionário. A ementa é analisada com o objetivo de verificar o que os alunos estão de fato aprendendo. 1.1 TEMA E PROBLEMA Ao verificar o currículo do curso de graduação de Ciências Contábeis da UFSC, percebe-se que é oferecida apenas uma disciplina dedicada exclusivamente para a Teoria da Contabilidade e a maior parte das disciplinas durante a graduação tem o seu foco voltado para a parte prática. A importância do tema focado é que o aluno ao entrar em contato com a base teórica que sustenta o seu fazer cotidiano passa a entender melhor não somente a evolução histórica da contabilidade, mas também se vê como um sujeito em construção e participante da história da contabilidade e suas implicações sociais e econômicas. Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 19) afirmam no começo do livro “Introduçãoa Teoria da Contabilidade”: Ao ministrar essa disciplina pela primeira vez na graduação, sentimos alguma resistência por parte dos alunos. A principal foi a de se afirmar que o curso de Contabilidade deveria ser eminentemente prático e que a teoria seria uma abstração, sendo mais compatível para os pesquisadores, tratadistas e graduados em busca de carreira acadêmica. O curso tido, no senso comum como prático e técnico, apresenta o seguinte problema de pesquisa: como as Instituições de Ensino Superior públicas da grande Florianópolis apresentam a disciplina de Teoria da Contabilidade e qual é a satisfação que os alunos têm em relação a disciplina? 13 1.2 OBJETIVOS Nessa sessão são apresentados os objetivos deste estudo, divididos em objetivo geral e objetivos específicos. 1.2.1 Objetivo Geral Comparar e analisar as ementas das disciplinas de Teoria da Contabilidade nos cursos públicos de graduação de Ciências Contábeis de Florianópolis e região para verificar quais assuntos são discutidos na disciplina averiguar a opinião dos alunos sobre a importância da mesma. 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos elaborados para melhor entendimento da pesquisa, são: • Analisar as ementas da disciplina Teoria da Contabilidade dos cursos públicos de graduação de Ciências Contábeis de universidades; • Comparar as semelhanças e diferenças de conteúdo curricular da disciplina Teoria da Contabilidade entre as universidades; • Analisar a percepção dos alunos sobre o quão relevante eles acreditam ser a Teoria da Contabilidade; • Verificar com os alunos sobre em qual fase eles acreditam ser melhor para se ter essa disciplina. 1.3 JUSTIFICATIVA A importância de estudar Teoria da Contabilidade reside entre muitos fatores em uma proposta acadêmica de que o aluno entenda o processo evolutivo das Ciências Contábeis e como isto se deu ao longo dos séculos, além de auxiliar o aluno a obter melhor e maior entendimento dos conceitos utilizados no curso. A partir desse conhecimento, altera o “fazer contabilidade” porque contribui para o enriquecimento não somente cultural e social do profissional da área sobre a 14 importância do seu trabalho, mas também encerra uma proposta de ética e inovação. Por isso verifica-se o que Inanga e Schneider, ambos citados e traduzidos do texto em inglês por Borba, Poeta e Vicente (2011), ressaltam: “na ausência de teorias fundamentais de contabilidade, contadores são incapazes de avaliar efetivamente o que estão fazendo e oferecer inovação em resposta às novas demandas que possam surgir”. Assim considera-se esta pesquisa relevante para mapear as diversas formas de apresentar a disciplina e a sua recepção por parte dos alunos. Esta pesquisa sobre a disciplina da Teoria da Contabilidade se justifica na reflexão sobre a relação da técnica versus a ciência contábil, que é um paradigma que impacta a profissão. Neste sentido a disciplina dá ênfase ao estudo histórico sobre as ciências contábeis e seus conceitos teóricos e pouco estudados ao longo do curso em outras disciplinas. Com esta disciplina os alunos passam a conhecer melhor a história de sua profissão, conceitos importantes no curso como os princípios de contabilidade e são capacitados para ter uma melhor percepção não somente histórica, mas também ética e profissional do contador. Passar para o aluno uma boa base para a prática pode-se dizer que é um dos objetivos da disciplina. 1.4 METODOLOGIA O estudo se constitui em duas partes: i) a primeira etapa apresenta uma comparação e análise sobre as ementas dos cursos; e ii) a segunda etapa mostra os resultados obtidos a partir da pesquisa com os alunos dos cursos tanto da UFSC como da USJ. Após preencher o mesmo formulário de pesquisa com perguntas relacionadas à mesma disciplina (Apêndice A). A partir da coleta de dados procede-se uma análise e discussão comparativa sobre as opiniões dos discentes dos cursos de ciências contábeis promovidos por instituições superiores públicas da região. Conforme Piana (2009, p. 167) “não existe pesquisa sem o apoio de técnicas de instrumentos metodológicos adequados, que permitam a aproximação ao objeto de estudo”. O método utilizado foi pesquisa de campo, descritiva e comparativa. Pesquisa de campo conforme Rodrigues (2007, slide 7) “é a observação dos fatos tal como ocorrem. Não permite isolar e controlar as variáveis, mas perceber e estudar as relações estabelecidas” e a pesquisa descritiva segundo o mesmo autor ocorre quando “fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem interferência do 15 pesquisador”1 O foco recaiu em duas instituições públicas de Florianópolis: Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e Centro Universitário Municipal de São José (USJ). Os dados da pesquisa com os discentes foram coletados nas universidades por meio de um questionário e os dados para a análise de ementas foram retirados nos sites das universidades, onde cada uma apresentava seus tópicos de estudos e a bibliografia. As perguntas continham questões com escolhas para os alunos a fim de padronizar as respostas. O questionário2 não identificou o aluno para a coleta da pesquisa. E um dos critérios foi ser realizado em sala de aula com os voluntários e aprovados na disciplina. O questionário apresentou algumas das perguntas de forma objetiva com respostas pontuadas de 1 a 5, sendo a contagem assim elaborada: 1 equivalente a “nada importante” e 5 equivalente a “muito importante”. Houve também questões simples com respostas entre “sim” e “não”, bem como questões abertas sobre o perfil do aluno, para que o mesmo escrevesse qual era a sua instituição de ensino, quantos anos ele tem e em qual fase o mesmo se encontra. O número total de participantes na pesquisa foi de 68 alunos, sendo que nesse total somente 6 alunos não haviam feito a disciplina ainda. Portanto, para fins de análise, foram utilizadas somente 62 pesquisas, sendo 45 alunos da UFSC e 17 alunos da USJ. As pesquisas foram realizadas no mês de outubro de 2015 nas duas universidades durante o período de aula. Para construir os resultados da pesquisa discente serão utilizadas figuras em forma de “pizza” e com auxilio do programa Excel foi realizado o processo de estatística das respostas. 1.5 DELIMITAÇÃO E LIMITAÇÕES DA PESQUISA O presente estudo foi baseado na disciplina de Teoria da Contabilidade que é ministrada em períodos diferentes nas instituições estudadas. O questionário se restringiu apenas aos alunos presentes em sala de aula no dia da pesquisa e foi aplicado somente aos alunos da fase seguinte à disciplina, com alunos que já concluíram essa matéria. A ementa disponibilizada no site não apresenta a bibliografia completa o que 1 N.A.Slide 8 referente à aula. (RODRIGUES, 2007, slide 8). 2 O questionário foi baseado na dissertação de mestrado do Sandro Vieira Soares (2013) que tem como título “Estudo sobre a (in)satisfação de bacharéis em ciências contábeis com a disciplina de Teoria da Contabilidade” com perguntas elaboradas também por nós. 16 impossibilitou a comparação entre as referências utilizadas. O estudo não abrange os conteúdos programáticos, apenas as ementas propostas nos planos de ensino das instituições estudadas. Esta pesquisa é restrita a apenas as duas universidades públicas que oferecem a disciplina de Teoria da Contabilidade, em Florianópolis e São José, ou seja, os resultados obtidos por esse estudo somente equivalem as instituições pesquisadas e ao período de aplicação dos questionários, não podendo ser estendidos os seus resultados a outras instituições de ensino, regiões ou períodos diferentes de análise. 1.6 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO O presente trabalhoestá composto de uma introdução sendo esta o capítulo 1, capítulo 2 como referencial teórico, o capítulo 3 que é a análise dos dados, o capítulo 4 sendo este a conclusão, nos anexos do TCC podem ser encontradas as ementas das disciplinas e no “Apêndice A” o modelo de formulário de pesquisa. No capitulo 1 foi exposta uma breve introdução sobre o assunto abordado, o tema geral, os objetivos, o porquê do tema, os métodos utilizados para realização do trabalho e as suas limitações. No capítulo 2 encontra-se o referencial teórico com alguns conceitos importantes para melhor entendimento do estudo. Conceitos de alguns autores sobre a contabilidade, a Teoria da Contabilidade, o que existe na lei sobre essa disciplina, etc. No capítulo 3 são colocadas a aplicação e a análise da pesquisa. Mostram-se os resultados da comparação entre as ementas dos cursos e o resultado da pesquisa realizada em sala de aula com alunos das instituições de ensino superior selecionadas. Na conclusão se encontram as considerações finais sobre o presente trabalho e as sugestões para trabalhos futuros. 17 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 TEORIA versus PRÁTICA A tarefa de aproximar a teoria e a prática para o processo de ensino aprendizagem traz uma reflexão: Porque estudar teoria? A teoria ocupa um lugar importante na formação do aluno, porque irá oferecer a base que auxiliará a compreensão da prática. A partir do entendimento de palavras chaves como “teoria” e “prática” é possível afirmar que ambas estão interligadas e amalgamadas no exercício consciente da profissão e se faz necessário entender primeiramente o que é a teoria. Entre algumas definições de “Teoria” encontradas no dicionário Priberam, destacam-se para este estudo estas: “Parte especulativa de uma ciência (em oposição à prática); Conjunto de conhecimentos que explicam certa ordem de fatos; Conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou ciência” (PRIBERAM, 2015, s.p.). De acordo com este verbete a teoria é uma especulação e ao mesmo tempo a organização de um conhecimento que fundamentam o caráter científico de uma Ciência específica. No mesmo dicionário Priberam o verbete “prática” lê-se entre outras definições oferecidas que é: “Aplicação das regras e dos princípios de uma arte ou de uma ciência; Ato ou efeito de praticar; Maneira habitual de proceder. = COSTUME, USO” (PRIBERAM, 2015, s.p.). Assim ao considerar as definições apresentadas de teoria e prática observa-se que ambas se complementam como Darsie (1999) explica: "toda prática educativa traz em si uma teoria do conhecimento"; ou seja ambas são inseparáveis porque estão inseridas uma na outra. Por isso esta pesquisa inicialmente ao especular sobre a satisfação de estudar a teoria também remeteu aos princípios de Vygotsky que segundo Prass "atribuía grande importância aos conteúdos dos programas educacionais, porém enfatizava os aspectos estruturais e instrumentais desses conteúdos" (PRASS, 2012, p.21), ou seja, nesta disciplina de Teoria da Contabilidade a ementa sinaliza o conteúdo a ser discutido durante o curso e a disciplina faz parte de um sistema macro em que a teoria perpassa a prática como um todo. Para D’Ambrósio (2008, p. 81) as “teorias são resultados da prática”. D’Ambrósio afirma então que quando ocorre a prática é que toda a teoria fará sentido, ou seja, para ele o sujeito só perceberá o valor da teoria quando ela se transformar em 18 prática. Algumas vezes isso pode ocorrer durante o ensino. O aluno pode só perceber e entender a teoria quando realizar a prática. D’Ambrósio (2008, p. 81) afirma que “nenhuma teoria é final, assim como nenhuma prática é definitiva, e não há teoria e prática desvinculadas”. Diversos cursos têm uma disciplina exclusiva de teoria referente ao seu campo de estudos, como por exemplo: administração; ciências econômicas; serviço social; design; etc. E as Ciências Contábeis também separam uma disciplina específica para o estudo teórico durante o curso. 2.2 TEORIA DA CONTABILIDADE Conforme Silva, Silva Neto e Cerqueira (2015, p.6) “A Teoria da Contabilidade é essencial para formação do profissional da Contabilidade. Sem que se tenha conhecimento da origem de sua profissão, o indivíduo mostra-se como uma casa sem base, um castelo de areia”. Ou seja, ela auxilia o estudante a entender a origem da sua profissão e conceitos que serão necessários e importantes para a sua carreira. Se o aluno aprende a prática, mas não domina a teoria, ele acaba sendo muito técnico. O aluno se torna contador, pensa, faz, mas não sabe explicar a origem da profissão e em muitos casos não entende o processo do que faz. A Teoria da Contabilidade se constitui em um estudo importante para dar elementos de fundamentação para o aluno ao explicar seu “fazer contabilidade”. A disciplina de teoria inicia explicando a evolução da contabilidade. Se no passado não existia um jeito para controlar os bens, e o homem por si só percebeu que necessitava de um controle sobre seu patrimônio. Segundo Lima; Santos; Bardais (2007, s.p.) “A história da contabilidade mostra que nossa cultura deriva quase que inteiramente de outras culturas e que a contabilidade não foi apenas consequência da evolução do homem, e sim, um alicerce para que tal evolução acontecesse”. A evolução da contabilidade é ligada a evolução do ser humano em âmbito mundial. Por exemplo, “na idade moderna, em torno dos séculos XIV a XVI, principalmente no Renascimento, diversos acontecimentos no mundo das artes, na economia, nas nações proporcionaram um impulso espetacular das Ciências Contábeis” (IUDÍCIBUS; MARION; FARIA - 2009, p. 9). Ou seja, nesse período, grandes avanços aconteceram mundialmente e a Ciência Contábil se desenvolveu junto como, por exemplo, Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 09) citam a consolidação, pelo Frei Luca 19 Pacioli em 1494, do método das partidas dobradas, tendo sua base utilizada e ensinada até os dias atuais nas faculdades. A Teoria da Contabilidade visa estudar também os objetivos da contabilidade, que conforme Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 32) o objetivo principal da contabilidade é descrito como “o de fornecer informações estruturadas de natureza econômica, financeira e subsidiariamente, física, de produtividade e social para os usuários internos e externos a entidade objeto da Contabilidade”. Figura 01 – Hierarquia de Elementos de um Referencial Conceitual Fonte: LORANDI, Joisse Antônio. Referencial Conceitual: Florianópolis, 2015. 91 slides. A Figura 1 elaborada por Hendriksen e Van Breda (1999), representa a Hierarquia de Elementos de um Referencial Conceitual para a contabilidade. Nota-se que para chegar as aplicações práticas, os autores estabelecem que deve-se partir de um objetivo básico seguido de um secundário cujo representam o alvo da ação. Após o objetivo, os autores dividem a hierarquia em características qualitativas e informação necessária. A informação necessária “envolve a identificação de categorias amplas de informação de contabilidade financeira necessária aos usuários” (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.90). As características qualitativas segundo os autores, “são atributos de informações contábeis que tendem a ampliar sua utilidade” 20 (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p.90), sendo essas características a duração, a generalidade e a viabilidade. Conforme os mesmos autores, os fundamentos são a base dos conceitos contábeis. Definições que se aprendem no curso como o que é um ativo ou passivo, definições sobre as receitas e despesas entre outras. Conforme os autores Hendriksen e Van Breda (1999, p. 91) os padrões têm o objetivo de solucionar problemas da contabilidade. As interpretações dos padrões explicam conforme o próprio nome já diz os padrões. Ao observar a Figura 1, nota-se que existe toda uma estruturaaté chegar a parte prática da contabilidade. A Teoria da Contabilidade se faz presente nesse processo desde os objetivos até as interpretações de padrões. A partir então das interpretações de padrões chega-se as aplicações práticas que “são os meios pelos quais os objetivos básicos das demonstrações financeiras são atendidos” (HENDRIKSEN e VAN BREDA, 1999, p. 91), ou em outras palavras, é a aplicação da teoria vista até então. Os princípios contábeis e as características da contabilidade americana e a européia são outros exemplos de assuntos que podem ser tratados na disciplina de Teoria da Contabilidade. Pinheiro (1997, p. 5), diz que a Teoria Contábil deve ser reconhecida “como um meio de, cada vez mais, aumentar a capacidade de a Contabilidade ser útil aos seus usuários. E, certamente, com o aumento de modelos de decisão estudados, haverá um grande avanço na própria ciência”. As faculdades devem fornecer uma boa base conceitual para que o estudante seja um profissional com atitudes conscientes e consiga atender as exigências do mercado. “Acredita-se que somente será possível alcançar este objetivo obtendo êxito no oferecimento da disciplina “Teoria da Contabilidade”, pois é através de metodologias cientificas que torna-se possível explicar a realidade” (MADEIRA; MENDONÇA; ABREU – 2003, p. 3). 2.3 ENSINO DA CONTABILIDADE NO BRASIL Conforme já mencionado, a contabilidade é muito antiga. De acordo com Hendriksen e Van Breda (1999, p. 39) “a história da contabilidade é a história da nossa era”. No Brasil a contabilidade iniciou segundo Reis e Silva (2007, p. 1) “a partir da época Colonial representada pela evolução da sociedade e a necessidade de controles contábeis para o desenvolvimento das primeiras Alfândegas”. 21 Conforme Sacramento (1998, p. 3) “a primeira escola especializada no ensino de Contabilidade no Brasil foi a Escola de Comércio Armando Álvares Penteado, criada em 1902, com seus ensinamentos voltados à filosofia italiana”. A autora Sacramento (1998, p.3) também complementa dizendo que “foi no Departamento de Ciências Contábeis e Atuariais da Faculdade de Economia Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FEA/USP), onde surgiram os primeiros artigos científicos, a partir do pensamento contábil norte-americano”. O conteúdo de Teoria da Contabilidade como obrigatório pode-se dizer que é uma novidade se for comparada ao tempo em que já existe o curso no Brasil, pois se a primeira escola nasceu em 1902 a resolução que obriga o conteúdo da disciplina só foi criada há mais de cem anos depois. O interesse pela pesquisa histórica contábil existe no País, motivado por dois fatores: o aumento do número de programas Stricto Sensu em Controladoria e Contabilidade, principalmente a partir da Lei no. 9394/96, e o advento das novas diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Ciências Contábeis. (PELEIAS, et al. – 2007, p. 3) Atualmente é comum existirem muitas universidades que oferecem o curso de Ciências Contábeis inclusive à distância. A Universidade Aberta do Brasil (UFSC/UAB) na UFSC também promove o curso via ensino a distância (EaD), a modalidade gratuita foi popularizada nos últimos anos e ofereceu uma chance para quem não tem disponibilidade de horários ou para quem não tem como mudar para a capital para fazer o curso, entre outros fatores, contribuindo para a democratização do ensino no Brasil. 2.4 LEIS E RESOLUÇÕES Existem algumas leis e resoluções que regem a grade curricular do curso de Ciências Contábeis e a Contabilidade em geral. A Resolução CNE/CES 10 de 2004 institui as diretrizes para o Curso de Ciências Contábeis. O artigo 5° desta resolução dá instruções sobre quais conteúdos devem ser contemplados. No inciso II do art. 5 observa-se: II - conteúdos de Formação Profissional: estudos específicos atinentes às Teorias da Contabilidade, incluindo as noções das atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais, governamentais e não governamentais, de auditorias, perícias, 22 arbitragens e controladoria, com suas aplicações peculiares ao setor público e privado. (RESOLUÇÃO CNE/CES 10 – 2004, art. 5°; inciso II, grifos nossos). Ao analisar a resolução CNE/CES 10/2004, percebe-se que a Teoria da Contabilidade é um conteúdo base para a formação profissional do estudante e é tão importante como outros conteúdos que compõem esta unidade curricular do curso. O texto da resolução CNE/CES 10/2004 descreve os conteúdos de formação básica, que seriam os estudos que se relacionam com outras áreas como, por exemplo, economia ou administração e o conteúdo de formação teórica-prática, que é o estágio, as atividades complementares, as disciplinas optativas, etc. Nesta resolução não há apontamentos de que deve existir uma disciplina para cada conteúdo previsto, ou seja, na Resolução CNE/CES 10/04 não existe em lugar algum uma parte que cite explicitamente sobre a criação da disciplina de Teoria da Contabilidade. Por esse motivo, algumas faculdades optam por não oferecer a disciplina distribuindo então o conteúdo previsto em outras matérias durante o curso. A existência da disciplina é um assunto controverso em diversas faculdades dividindo as opiniões dos docentes e dos discentes. Sobre a disciplina Teoria da Contabilidade, pode-se notar também que ela uma das matérias cobradas pelo exame de suficiência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC) como consta o edital do Exame de Suficiência edição 02/2015. No site do CFC é encontra-se que a resolução do CFC 1.486/2015 é que atualmente regulamenta o Exame de Suficiência. De acordo com o Edital do Exame de Suficiência edição 02/2015 o conteúdo programático para a disciplina de Teoria da Contabilidade é: Estrutura Conceitual Básica da Contabilidade; Escolas ou doutrinas na história da Contabilidade; Evolução Histórica da Contabilidade; Reconhecimento e Mensuração de Ativos, Passivos, Receitas e Despesas, Ganhos e perdas; Patrimônio Líquido e suas teorias; e, Características Qualitativas das Demonstrações contábeis. (CFC, 2015, p. 16) Verifica-se então que o estudo para o exame de suficiência tem uma base teórica conforme consta em edital. Percebe-se quais são os assuntos, para o Conselho Federal de Contabilidade, que são considerados parte da Teoria da Contabilidade. 23 Um dos assuntos abordados na disciplina são os pronunciamentos contábeis. Esses pronunciamentos são emitidos pelo Comitê de Pronunciamentos Contábeis, cujo a função é conforme seu próprio site é: convergência internacional das normas contábeis; a centralização da emissão de normas; e, representação e processos democráticos na produção dessas informações. A resolução CFC n° 1.055/2005 criou o Comitê de Pronunciamento Contábil, que conforme o art. 3° tem como objetivo: O estudo, o preparo e a emissão de Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade e a divulgação de informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade reguladora brasileira, visando a centralização e uniformização do seu processo de produção. (CFC; 2005, s.p) Ter conhecimento dos pronunciamentos técnicos não somente enriquece a sua bagagem teórica, como também permite a formação de um profissional mais consciente. O profissional que conhece bem os procedimentos e normas da sua área poderá ter melhores resultados profissionais, por isso o estudo dos pronunciamentos se faz importante na disciplina de Teoria da Contabilidade. 2.6 ESTUDOS SIMILARES É possível encontrar diferentes estudos sobre Teoria da Contabilidade relacionados com diversos temas. Os estudos anteriores têm por objetivo complementar a fundamentação teórica do presente trabalho. Piccoli, Chiarello e Klann (2015), realizaram um estudo sobre a percepção dos acadêmicos sobre conceitos abordadosna disciplina de Teoria da Contabilidade, com o foco no Oeste e extremo oeste de Santa Catarina. Neste estudo tem-se como variantes numéricas para formação da estatística da resposta que 163 alunos ao total responderam o questionário proposto pelos autores, e nesse total então constatou-se que 99 alunos já haviam cursado a disciplina e 64 ainda não. Conforme o artigo de Piccoli, Chiarello e Klann (2015) estes pesquisadores chegaram a conclusão de que a maioria dos alunos consideram a disciplina de Teoria da Contabilidade importante para o seu aprendizado, para o curso e base para o entendimento das demais disciplinas. Cunha et al. (2014) realizaram um estudo sobre a disciplina de Teoria da Contabilidade com a percepção dos alunos e professores da UFSC que oferece e 24 UDESC que não oferece a disciplina, mas insere o conteúdo da disciplina durante sua grade curricular em diversas matérias. Os autores apresentam sua metodologia aplicando dois questionários: um para os professores que lecionam a disciplina e outro para os alunos. Ao total 66 alunos responderam o questionário, sendo 42 da UFSC e 14 da UDESC e 4 professores responderam o questionário, sendo 2 da UFSC e 2 da UDESC. Como resultado, os autores do artigo concluem que tanto alunos da UDESC quanto da UFSC tendem a preferir aulas expositivas. A pesquisa revela também que na UDESC 45% dos alunos não têm dificuldades para assimilar a disciplina, enquanto que na UFSC esse percentual cai para 12%. Os dados desse estudo revelam que os professores acreditam que o conteúdo da disciplina ajuda no processo de ensino/aprendizagem do aluno. Borba, Poeta e Vicente (2011) realizaram uma pesquisa sobre a Teoria da Contabilidade e os programas de mestrado brasileiros. O objetivo era verificar o conteúdo programado na disciplina e os livros indicados relacionando-os com livros relevantes sobre o tema de Teoria da Contabilidade e realizar uma comparação sobre a oferta da disciplina nos programas de mestrado brasileiros com alguns dos melhores programas americanos. Os livros utilizados como base eram obras de Hendriksen e Van Breda e de Iudícibus. Os autores da pesquisa concluíram que existe lógica no ensino da Teoria da Contabilidade nos programas de mestrado porque se encontrou a maioria dos assuntos abordados nos livros base em outros livros de outros autores sobre Teoria da Contabilidade. Sobre o programa americano, observou-se pouca oferta da disciplina. Soares, Silva e Pfitscher (2011) realizaram um estudo que se intitula da seguinte forma: “Teoria da Contabilidade: O que se ensina nos cursos de Ciências Contábeis das Universidades Federais Brasileiras?”. O objetivo desse trabalho é analisar as ementas nos cursos e verificar o que é tratado na disciplina. Como resultado, eles obtiveram que não existe uma conformidade nas Universidades Federais sobre o assunto que deve ser ministrado na disciplina de Teoria da Contabilidade. Os autores relatam também que não houve consenso sobre em qual fase a disciplina deveria ser ministrada e também não houve consenso sobre carga-horária que deveria existir para a disciplina. A bibliografia também não é a mesma, podendo variar de instituição para instituição. Concluindo então, os autores apresentam que a maioria dos resultados convergem com pesquisas anteriores. Soares (2013) realizou a sua dissertação de mestrado cujo tema foi “Estudo sobre a (in)satisfação de bacharéis em Ciências Contábeis com a disciplina de Teoria da 25 Contabilidade”. Segundo o autor, o objetivo é “investigar com quais itens da disciplina de Teoria da Contabilidade os egressos do curso de Ciências Contábeis de uma universidade brasileira, formados entre os semestres de 2010.1 e 2012.1, se sentem mais (in)satisfeitos” (SOARES, 2013, p.154). Soares realizou questionários com uma amostra de 75 respondentes. O autor destaca que “Foram escolhidos vinte itens, de acordo com a literatura sobre o assunto, distribuídos uniformemente em cinco dimensões: Tangibilidade, Confiabilidade, Receptividade, Garantia e Empatia” (SOARES, 2013, p.17). Como resultado, chegou-se a conclusão em ordem decrescente de importância: Empatia, Confiabilidade, Garantia, Tangibilidade e Receptividade. Como principais resultados, segundo Soares (2013, p.18) o item “Acesso a sala de aula” foi o único item que obteve maior satisfação média percebida do que importância media atribuída. E o item “Disponibilidade do docente em atender alunos fora do horário de aula” foi o único gap nulo (0,00). Os estudos similares são de grande importância pois funcionam como apoios para esta pesquisa. Verificar outros estudos auxilia na elaboração do presente trabalho, pois esses estudos apresentam como os trabalhos foram realizados e quais as suas contribuições finais. 26 3. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 3.1 INSTITUIÇÕES ESTUDADAS Para este trabalho duas instituições de ensino públicas de Florianópolis e grande Florianópolis foram estudadas e analisadas: UFSC e USJ. A Universidade Federal de Santa Catarina foi fundada em 18 de dezembro de 1960, e conforme consta em seu site3 é considerada a quinta melhor universidade do país. A UFSC possui atualmente cinco campus. De acordo com o site do Departamento4, o curso de Ciências Contábeis foi criado com a portaria 39 de 08/02/1963 do Ministério da Educação e Cultura, porém foi reconhecido apenas em 10/04/1975, com o decreto 75.590 e ele se encontra no campus de Florianópolis, no Centro Socioeconômico, oferecendo aulas no período diurno e noturno. Segundo o site da Universidade de São José, em 2005 criou-se o Centro Universitário Municipal de São José, com os cursos de Administração, Ciências Contábeis, e Pedagogia. Em apenas 2009 o curso de Ciências Contábeis foi reconhecido pelo Conselho Estadual de Educação com o decreto n°.2137 em 20 de fevereiro de 2009. A USJ se encontra na cidade de São José, região da grande Florianópolis. Para que a aplicação da pesquisa fosse bem-sucedida, necessário se fez primeiro reunir toda a informação disponível. Nos sites das universidades pesquisadas foi possível encontrar a descrição da ementa das disciplinas oferecidas no curso. Com base nessas descrições, foi realizada uma comparação para tentar identificar os assuntos semelhantes e os assuntos divergentes. 3.2 ANÁLISE DAS EMENTAS Conforme a definição oferecida pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em seu site: “ementa é uma descrição discursiva que resume o conteúdo conceitual ou conceitual / procedimental de uma disciplina”. Ou seja, a 3 Informações retiradas do site http://estrutura.ufsc.br 4 Informações retiradas do site http://dvl.ccn.ufsc.br/ccn/contents/public_view/9 27 ementa de uma disciplina se torna importante como um resumo em tópicos de todos os assuntos que serão tratados em uma disciplina acadêmica ao longo do semestre. As disciplinas no seu plano de curso geralmente oferecem a ementa proposta pelo projeto político pedagógico do curso e que se espera que tenha o seguimento. Então, como citado, é importante se considerar que a ementa é um resumo do que será tratado na disciplina, logo, as análises comparativas devem considerar esta limitação. Isto é, uma coisa são os tópicos da ementa, outra é como ela é desdobrada no desenrolar da atividade docente. Sobre a disciplina Teoria da Contabilidade nota-se uma divergência em relação a fase em que a disciplina é ministrada. Na USJ a disciplina é ministrada na sexta fase enquanto que na UFSC é na sétima fase. A partir da observação das duas ementas é possível perceber os assuntos oferecidos pelas universidades pesquisadas no Quadro 1 e no Quadro 2. Quadro 1 – Ementa UFSC Ementa UFSC1. O desenvolvimento do pensamento contábil 2. A contabilidade norte-americana e sua influência 3. A evolução contábil no Brasil 4. Contabilidade: objeto e objetivos 5. Estrutura dos conceitos contábeis pelo IASB, FASB e CFC 6. Ativo: Conceituação, caracterização, avaliação/mensuração. Ativos Intangíveis. Passivo: Conceituação, caracterização, avaliação/mensuração. Patrimônio Líquido: teorias que o embasam. Receitas, Despesas, Ganhos e Perdas. 7. Evidenciação: Estrutura das Demonstrações Contábeis de acordo com FASB, IASB, Lei 6.404 e suas alterações. 8. Teoria Contábil do Lucro Fonte: Ementa Teoria da Contabilidade, CCN5186 – UFSC O quadro 1 apresenta todo o conteúdo programático da disciplina de Teoria da Contabilidade na UFSC. Nota-se que ao todo existem oito tópicos gerais de ementas. No quadro 2 é possível observar a ementa exposta na forma de tópicos da disciplina de Teoria da Contabilidade na USJ. Quadro 2 – Ementa USJ Ementa USJ 1. Evolução do pensamento contábil 2. Escolas e Doutrinas da Contabilidade 28 3. Teorias Descritiva e Prescritiva 4. Princípios Fundamentais da Contabilidade 5. Critérios de Mensuração e Avaliação: Ativo e Passivo, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas. Fonte: Ementa Teoria da Contabilidade, CC-031 – USJ Nos quadros 1 e 2 estão somente os tópicos de assuntos gerais das ementas. Cada tópico pode ser desmembrado em outros assuntos que não aparecem nos referidos quadros, mas que são ministrados em sala de aula pelo professor. Vale lembrar que os tópicos dos quadros foram retirados diretamente dos sites das instituições estudadas. Nas duas instituições a disciplina é ministrada com a duração 72h/aula. Ao observar as ementas do curso de Ciências Contábeis na UFSC e USJ, notaram-se algumas semelhanças e algumas divergências entre assuntos abordados pelos planos de ensino das instituições. Observa-se então os tópicos que encontram semelhanças em seus assuntos nas ementas expostas: • Desenvolvimento do Pensamento Contábil: Aparece como tópico na USJ e na UFSC os termos utilizados são “evolução do pensamento contábil” e “o desenvolvimento do pensamento contábil”, respectivamente. • Doutrinas da Contabilidade: esse tema é em partes semelhante. As doutrinas existentes são a norte-americana e a europeia. Sendo a europeia a mais antiga. A UFSC apresenta apenas o tópico “a contabilidade norte-americana e sua influência” enquanto que a USJ apresenta como titulo as “escolas e doutrinas da contabilidade”. • Princípios da Contabilidade: Segundo Iudícibus, Marion e Faria (2009, p. 63) “Os princípios fundamentais de contabilidade são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade”. Esse tópico de ementa existe na USJ e na UFSC ele vem acompanhado de outros conceitos. Na UFSC são estudados os conceitos contábeis pelo IASB, FASB e CFC. Ou seja, a UFSC trata sobre os princípios da contabilidade, quando fala sobre o Conselho Federal de Contabilidade (CFC) que é o órgão que rege esses princípios. 29 • Critérios de Mensuração e avaliação: Ativo e Passivo, Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas: Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 304) “mensuração é o processo de atribuição de valores monetários significativos a objetos ou eventos associados a uma empresa, e obtidos de modo a permitir agregação ou desagregação, quando exigida em situações específicas”. A UFSC e a USJ apresentam esse tópico como um tema abordado durante a disciplina. Esse tema tem por finalidade definir as bases conceituais para mensurar e avaliar os ativos, passivos, receitas e despesas e os ganhos e as perdas de uma empresa. Há também os tópicos que constam nas ementas, mas que divergem em relação aos seus títulos entre os cursos das instituições de ensino pesquisadas. Em outras palavras, algum desses tópicos pode estar inserido em outro conteúdo já exposto, porém como o que conta é a análise da ementa como ela é apresentada, foram classificados os tópicos cujo tema não tem similaridade: • A evolução contábil no Brasil: Esse tema é apresentado como tópico da ementa somente na UFSC. Ele tem por objetivo explicar sobre a história da contabilidade no Brasil desde que o país foi descoberto. Esse tópico para a USJ, pode estar inserido no tópico “evolução do pensamento contábil”. • Contabilidade: objeto e objetivos: O presente tema é também discutido somente na UFSC. O tema expõe qual é o objeto de estudo da contabilidade e quais são os objetivos da contabilidade. • Evidenciação: Estrutura das Demonstrações Contábeis de acordo com FASB, IASB, Lei 6.404 e suas alterações: As demonstrações Contábeis tem estruturas definidas por leis e organizações. Este tema visa a apresentação dessas estruturas. Somente a UFSC tem esse assunto como tópico da ementa. • Teoria Contábil do Lucro: Este tópico de ementa é tratado somente na UFSC. • Teoria Descritiva e Prescritiva: Este tema é exposto como um tópico da ementa somente da USJ. 30 Somente com a análise detalhada do conteúdo programático da disciplina será possível afirmar se os assuntos divergentes não estão inseridos em outros tópicos. Após realizar a análise, notou-se que a UFSC apresenta oito tópicos de assuntos em sua ementa enquanto que a USJ apresenta cinco tópicos. As duas universidades apresentam a mesma carga horária de 72h/a. Entre os tópicos das ementas apenas quatro temas coincidem nas ementas das duas universidades. Isso não quer dizer que os tópicos divergentes não tenham sido estudados durante a disciplina, pois eles podem estar inseridos em outros itens da ementa, conforme o conteúdo programático. Os tópicos similares falam do desenvolvimento do pensamento contábil, as doutrinas contábeis existentes, dos princípios contábeis estudados durante o curso e por final os tópicos similares tratam dos componentes do balanço patrimonial como ativo, passivo, balanço patrimonial assim como das receitas, despesas, dos ganhos e das perdas. As duas ementas pesquisadas explicam o desenvolvimento ou evolução do pensamento contábil, ou seja, esse é o primeiro tópico em comum. Elas falam sobre como foi o processo do desenvolvimento do pensamento contábil ao longo do tempo. Quanto ao tópico das escolas e doutrinas da Contabilidade, na UFSC se estuda a contabilidade norte-americana e o quão influente foi na sociedade e na USJ estudam-se as escolas e doutrinas em geral da contabilidade. Outro assunto encontrado em comum são os princípios de contabilidade, em que são estudados com maior profundidade durante a disciplina de Teoria da Contabilidade. Por fim, o ultimo tópico em comum é o que fala sobre Ativo, Passivo, Ganhos, Perdas, Receitas, Despesas e suas mensurações e avaliações. Pode-se concluir então que as duas universidades têm em comum muitas partes da ementa em relação ao total. 3.3 RESULTADOS DA PESQUISA A pesquisa realizada em sala de aula com alunos da fase seguinte à disciplina de Teoria da Contabilidade teve um total de 68 participantes. Sendo esses participantes divididos em 45 alunos da Universidade Federal de Santa Catarina e 17 alunos da Universidade de São José, como pode-se observar na Figura 2: 31 Figura 02 – Instituição de ensino superior Fonte: Dados da pesquisa do autor O questionário foi realizado para avaliar o quanto os alunos consideram satisfatória a disciplina. A teoria é inerente ao curso inteiro, pois está presente mesmo que de forma mínima, por exemplo, um conceito ou nos princípios contábeis. A verificação sobre se os alunos estão satisfeitos e acreditam ser importante a disciplina de Teoria da Contabilidade, que tem um foco maior na parte teórica, mas que acaba fazendo uma relação com a parte prática, foi o objetivo do questionário. O questionárioé composto de dezesseis perguntas, sendo quatro delas sobre o aluno e o seu perfil com perguntas sobre idade, se já passou pela disciplina Teoria da Contabilidade, qual a fase em que a pessoa se encontra e qual a sua instituição de ensino superior para fins de número total e as outras doze perguntas foram sobre a disciplina. As idades verificadas pelos alunos respondentes são entre 20 e 34 anos, e a média entre as idades é de 23 anos. Dentre todos os 68 alunos, 62 já realizaram a disciplina Teoria da Contabilidade e 6 ainda estão por fazer. Por este motivo, será utilizado para a análise apenas a amostra de 62 alunos, os quais já passaram e foram aprovados na disciplina. Os alunos se encontravam em três fases diferentes, sendo elas: sétima, oitava e nona fase. Dos sessenta e dois alunos que já cursaram a disciplina, vinte estão na sétima fase do curso, quarenta e um estão na oitava fase do curso e apenas um está na nona fase de Ciências Contábeis. Pode-se observar na Figura 3 em percentual as fases dos alunos: 32 Figura 03 – Fases dos alunos Fonte: Dados da pesquisa do autor Nota-se na Figura 3 que entre as duas instituições de ensino superior, os alunos a partir da 7ª fase já concluíram em sua maioria a disciplina. Os alunos responderam a pergunta: “Qual o grau de importância em que você classifica a disciplina de Teoria da Contabilidade?”. As respostas obtidas foram em graus variando de 1 que equivalia a “nada importante” aumentando a sua importância até 5 equivalente a “muito importante”. A Figura 4 representa a opinião dos alunos: Figura 04 – Importância da disciplina Fonte: Dados da pesquisa do autor Observa-se na Figura 4 que entre as respostas, trinta alunos representados pelo percentual de 48,39%, atribuíram conceito cinco, cujo representa a resposta “muito importante”, vinte e um alunos responderam conceito quatro que significa “satisfeito” e representam assim 33,87% dos respondentes, dez alunos acreditam que a disciplina tem uma importância neutra ao atribuir o valor 3 a sua resposta para a questão representados 33 por 16,13% e apenas um aluno acredita que não tem tanta importância atribuindo o valor 2. O valor 1 que equivale a “nada importante” não foi assinalado. Então ao realizar uma análise da Figura 4 pode-se verificar que os alunos em sua grande maioria consideram a disciplina importante. Os alunos também foram questionados sobre o quanto consideram o conteúdo abordado na disciplina importante. As respostas também variam em uma escala de 1 a 5 na mesma classificação de respostas da questão anterior. O resultado obtido pode ser visto na Figura 5 com os percentuais das respostas dos alunos: Figura 05 – Grau de importância do conteúdo Fonte: Dados da pesquisa do autor Na Figura 5 observa-se que a maior parte dos respondentes, com um percentual de 48,39% representando trinta alunos, acreditam que o conteúdo abordado na disciplina é muito importante. Dezenove alunos, representados por 30,65% do total, julgaram ser importante a disciplina, pois marcaram o número 4 como resposta na escala de respostas. Doze alunos têm a opinião neutra em relação à importância da disciplina. Somente um aluno marcou a opção de número 2 representado por 1,61%, ou seja, esse aluno não acredita que o conteúdo seja tão importante. A opção “nada importante” não foi marcada pelos alunos. De modo geral, pode-se constatar que os alunos acreditam que o conteúdo abordado é importante no curso. Os alunos também foram questionados sobre se as discussões teóricas trabalhadas na disciplina ajudam ou não a entender as práticas cotidianas da contabilidade. O resultado foi bastante expressivo, das sessenta e duas respostas, cinquenta e duas, que representam 83,87%, afirmam que as discussões teóricas ajudam a entender as práticas contábeis e apenas dez alunos, representados por 16,13%, 34 discordam sobre o tema. Isso demonstra que as aulas de Teoria da Contabilidade ajudam os alunos na prática, aumentando assim a sua satisfação. A Figura 6 demonstra a resposta dos alunos. Figura 06 – Discussões Teóricas x Práticas Contábeis Fonte: Dados da pesquisa do autor Existem algumas discussões sobre qual é a melhor fase para ministrar a disciplina de Teoria da Contabilidade. Alguns autores e professores acreditam que no início do curso é o melhor momento e outros acreditam que no meio ou no final do curso é o momento adequado para a disciplina. A questão a seguir tem por objetivo verificar a opinião dos alunos sobre em qual fase eles acreditam que a disciplina deveria ser ministrada. As opções para respostas foram da primeira fase até a oitava. A Figura 7 exibe as respostas dos discentes. Figura 07 – Fases de ocorrência da disciplina na opinião dos alunos Fonte: Dados da pesquisa do autor 35 Ao observar a Figura 7 nota-se que 25,81% dos alunos, representando dezesseis alunos, acreditam que a disciplina deveria ser ministrada na primeira fase. A segunda fase e a terceira fase foram escolhidas pelo mesmo número de alunos, oito em cada, representados por 12,90% cada uma. Sete alunos acreditam que a quarta fase é a ideal para ser ministrada a disciplina. A quinta fase foi eleita como a mais adequada por onze alunos, representados por 17,74% do total dos alunos. Cinco alunos escolheram a sexta fase acreditando ser a melhor. Seis alunos demonstraram a preferência pela matéria na sétima fase, representando 9,68% do total dos alunos. Apenas uma pessoa se mostrou favorável a disciplina na oitava fase, representada por 1,61%. Os alunos foram questionados se acreditam que a disciplina deve ou não contemplar mais de uma fase. Dividir a matéria de Teoria da Contabilidade em mais períodos é um ponto discutido em alguns estudos. A Figura 8 expressa a opinião dos alunos em relação a essa pergunta. Figura 08 – A disciplina deveria contemplar mais de uma fase? Fonte: Dados da pesquisa do autor Dos sessenta e dois respondentes, trinta e seis não acreditam que a disciplina deve contemplar mais de uma fase. Esses trinta e seis alunos, representados por 58% do total, acreditam que todo o conteúdo pode e deve ser dado em apenas uma disciplina ou diluído durante o curso. Vinte e seis alunos, representados por 42% acreditam que a disciplina deve contemplar mais de uma fase. Depois de serem questionados se a disciplina deveria ser dividida em mais de uma, os alunos também foram questionados em relação a eliminação da disciplina diluindo o seu conteúdo durante o curso em outras disciplinas. Na Figura 9 pode-se observar os resultados obtidos. 36 Figura 09 – Conteúdo diluído em outras disciplinas Fonte: Dados da pesquisa do autor Nota-se que 74,19% dos alunos acreditam que a disciplina não deve ser eliminada, mantendo assim pelo menos a formatação atual que é uma matéria de Teoria da Contabilidade. Esses 74,19% representam quarenta e seis alunos do total de sessenta e dois. Os outros 25,81%, que representam dezesseis alunos, acreditam que o conteúdo passado nessa disciplina pode ser diluído em outras matérias, extinguindo assim a mesma da grade curricular do curso. Atualmente existem instituições de ensino superior de Ciências Contábeis que funcionam dessa forma, ou seja, os tópicos básicos da ementa da disciplina são passados para os alunos em outras matérias. Essas instituições então não têm a disciplina na grade curricular. Existem, porém as instituições de ensino como a UFSC e a USJ, por exemplo, que têm a disciplina de Teoria da Contabilidade na grade curricular como matéria obrigatória e que reúnem um conteúdo teórico para passar nessa disciplina. Figura 10 – Satisfação discente em relação as referências bibliográficas utilizadas Fonte: Dados da pesquisa do autor 37 A satisfação dos alunos sobre asreferências utilizadas nas ementas também foi questionada. As referências representam os materiais de estudo para as aulas, como livros, textos, artigos, etc. Para expressar o grau de satisfação, os alunos tiveram como opção de 1 a 5, sendo 1 “nada satisfatório” e 5 “muito satisfatório”. Pode-se observar na Figura 10 que 25,81% dos alunos, ou seja, dezesseis dos sessenta e dois alunos acreditam que as referências utilizadas na disciplina são muito satisfatórias. Maior parte, 41,94% dos alunos assinalou 4 que seria equivalente a “satisfatório”, esse número representa vinte e seis alunos. Alguns alunos foram neutros escolhendo a opção 3, com 27,42% representando 17 alunos. O resultado número 2 teve 4,84% do total, ele representa a escolha de 3 alunos que acreditam que as referências não são tão satisfatórias. Não houve resposta “nada satisfatória” representada pelo número 1. Os alunos então, como pode-se observar na Figura 10 estão em sua grande maioria satisfeitos ou muito satisfeitos com as referências utilizadas em sala de aula. O acolhimento e respeito às opiniões dos alunos sobre as questões teóricas por parte do professor foi outro tema questionado aos alunos. Os alunos responderam também entre 1 que equivale a “nada importante” e 5 que equivale a “muito importante”. As respostas obtidas nessa pergunta variaram entre 5 e 2 como mostra a figura 11. Figura 11 – Acolhimento as opiniões dos alunos Fonte: Dados da pesquisa do autor Na Figura 11 é possível notar que 61,29% dos estudantes acreditam ser muito importante o acolhimento e o respeito por parte do professor em relação as suas opiniões. Esse percentual representa trinta e oito estudantes. Outros 22,58% dos estudantes consideram importante e por isso marcaram como resposta o número 4. Os 38 22,58% representam quatorze estudantes. Oito estudantes têm opinião neutra, representados por 12,90%. Por fim, apenas dois estudantes que são representados por 3,23% acreditam que não é tão importante assim a postura do professor em relação a acolhimento e respeito de opiniões. Atualmente o assunto “Normas Internacionais de Contabilidade” é muito discutido, pois essas normas visam a convergência para um padrão internacional de contabilidade. Por esse motivo, foi questionado aos alunos, se a disciplina oferecida está de acordo com essas normas, no sentido do aluno aprender e estudar sobre o assunto. Na Figura 12 pode-se observar a opinião dos alunos em relação ao tema. Figura 12 – Disciplina e as Normas Internacionais de Contabilidade Fonte: Dados da pesquisa do autor Entre os sessenta e dois alunos respondentes, cinquenta e sete acreditam que a disciplina ministrada está de acordo com as normas internacionais, esses alunos estão representados na Figura 12 pelo percentual de 91,94%. Cinco alunos, representando 8,06%, não concordam sobre a disciplina estar de acordo. Pode-se então concluir que a disciplina ministrada tanto na USJ quanto na UFSC está de acordo com as normas, pela opinião da maior parte dos alunos, mais de 90%. Para avaliar a satisfação em geral dos alunos vários fatores são importantes e dentre esses fatores, é necessário saber se o aluno adquiriu um conhecimento satisfatório durante o semestre. Por esse motivo, foi questionado aos alunos se o conhecimento adquirido por eles nas aulas foi satisfatório. A Figura 13 tem o objetivo de mostrar a opinião dos alunos. 39 Figura 13 – Conhecimento satisfatório adquirido Fonte: Dados da pesquisa do autor Ao observar o Figura 13 nota-se que 27,42% dos estudantes acreditam que foi “muito satisfatório” o aprendizado durante o semestre, pois atribuíram nota 5 em suas respostas. Esse percentual representa dezessete alunos. A maior parte dos alunos acredita que foi satisfatório o conhecimento adquirido, pois 48,39% atribuiu nota 4, representando trinta pessoas em relação ao total. Onze alunos, representados pelo percentual de 17,74% tiveram opinião neutra em relação a satisfação, pois marcaram a resposta 3. Três alunos marcaram a opção dois, eles estão representados pelo percentual de 4,84% e a opinião deles é de que ficaram insatisfeitos com o conhecimento adquirido. Apenas um aluno marcou a opção “nada satisfeito”, representado pelo percentual de 1,61% na Figura 13. Em geral, a opinião da grande maioria dos alunos foi que o conhecimento por eles adquirido foi satisfatório. Assim como as Normas Internacionais de Contabilidade é um tema da disciplina, os conceitos de contabilidade também são vistos durante o semestre. Os alunos estudam sobre Ativo, Passivo, Patrimônio Líquido Receitas e Despesas, Ganhos e Perdas, dentre outros conceitos importantes. Visto isso, outra pergunta foi elaborada visando descobrir a satisfação dos alunos ao questionar se a disciplina ajudou a aumentar seus conhecimentos sobre os conceitos de contabilidade. A Figura 14 aponta os resultados obtidos através das respostas dos alunos. 40 Figura 14 – Contribuição da disciplina em relação aos conceitos de contabilidade Fonte: Dados da pesquisa do autor Conforme a Figura 14 percebe-se que a maioria dos alunos acredita que a disciplina ajuda sim a aprender melhor os conceitos de contabilidade estudados. Cinquenta e sete alunos responderam que Sim, representados por 91,94% do total. Apenas cinco alunos responderam que não ajudou no aumento do conhecimento dos conceitos de contabilidade. Esses cinco alunos estão representados por 8,06% na Figura. Pode-se concluir por essa pergunta então que a disciplina reforça os conteúdos já dados sobre os conceitos de contabilidade e aumentam o conhecimento dos alunos, segundo mais de 90% dos respondentes. Por fim, como as ementas das disciplinas foram analisadas nas duas instituições de ensino superior, perguntou-se aos alunos também sobre a importância para eles do cumprimento total da ementa da disciplina. Como resultado geral, pode-se perceber que eles consideram importante o professor cumprir toda a ementa. Figura 15 – Ementa cumprida na percepção do discente Fonte: Dados da pesquisa do autor 41 Para um resultado mais detalhado, é possível observar a Figura 15. Vinte e nove alunos, representados pelo percentual de 46,77%, acham muito importante cumprir toda a ementa. Logo após vem os vinte e dois alunos que creem que é importante o cumprimento da ementa, representados por 35,48%. Se somar esses dois resultados juntos para fins de resultados, pode-se dizer que 82,26% dos alunos acreditam ser importante o cumprimento da ementa. Dez alunos tiveram opinião neutra em relação a pergunta, marcando a opção 3. Esses dez alunos representam 16,13% do total. Apenas um aluno respondeu a opção 2, que equivale a “pouco importante” e esse aluno na Figura 15 representa 1,61% do total dos alunos. Ao finalizar estas análises da pesquisa encontrou-se que aproximadamente 48,39% dos alunos acreditam que a disciplina é de fato muito importante para o curso de Ciências Contábeis e 33,87% acreditam apenas que é importante. Sobre o conteúdo, 48,39% também acreditam que é muito importante e 30,65% acreditam que é importante. Esses resultados provam que os alunos têm consciência sobre o que estudaram e creem em sua grande maioria que a disciplina é importante, pois juntos representam mais de 75% do total. Sobre a disciplina, os alunos tiveram respostas diferentes no questionamento sobre se ela deveria contemplar mais de uma fase. Os que responderam que deveria contemplar mais de uma fase foram representados por 41,94%, já os que acreditam que não deve dividir em mais de uma disciplina foram 58,06%. Por outro lado, os alunos acreditam em sua maioria, que representa 74,19%, que a disciplina não deve ser eliminada ao diluir o conteúdo em outras disciplinas. Pode-se afirmar então que os alunos acham importante a existênciada disciplina e não acreditam que deva ser cortada do currículo do curso para então ter o seu conteúdo ministrado em outras disciplinas. Há muita divergência de opiniões sobre qual fase os alunos acreditam ser a ideal para a disciplina de Teoria da Contabilidade. Da primeira a oitava fase foram escolhidas pelos alunos e a fase em que maior escolha entre os respondentes era a primeira, com 25,81% do total e a segunda fase eleita pelos alunos foi a quinta fase representando a opinião de 17,74%. Pode-se verificar através dessa análise que os alunos em sua maioria acreditam que a disciplina deve ser ministrada no começo do curso, entre a primeira e a quinta fase. É possível afirmar também com essa questão que os alunos acreditam que o ensino teórico deve vir com maior intensidade no começo do curso. 42 Mais da metade dos alunos se encontram satisfeitos com as referências utilizadas. Enquanto que 46,77% dos alunos acredita ser muito importante o cumprimento total da ementa e 35,48% acredita ser importante. Pode-se afirmar então que os alunos estão satisfeitos com as referências e que eles acham importante a ementa proposta ser cumprida durante o semestre. Entre os respondentes, 61,29% acreditam também ser muito importante o professor ouvir as opiniões dos alunos. Através então dessa questão, pode-se afirmar que quando um professor para e acolhe as opiniões e ideias dos alunos durante as aulas, ele ajuda a aumentar o grau de satisfação dos alunos, pois os mesmos consideram essa ação importante. 43 4. CONCLUSÕES O presente trabalho teve por objetivo analisar a disciplina de Teoria da Contabilidade e a opinião discente sobre a disciplina ofertada nas instituições de ensino superior públicas da grande Florianópolis. Na percepção sobre a importância da disciplina percebe-se que a frase “A teoria é o que sustenta a prática” é absorvida pelos alunos, por isso a disciplina precisa oferecer elementos para o estudante saber e entender a teoria, para que consiga exercer a prática consciente do que realiza. A Resolução CNE/CES 10/2004 não obriga as universidades a oferecer em seus currículos a disciplina de Teoria da Contabilidade, somente consta como obrigatório o conteúdo teórico como objetivo de auxilio na formação profissional do aluno. Por esse motivo, algumas faculdades optam em oferecer o conteúdo da disciplina diluído em outras disciplinas durante o curso. As ementas da disciplina de Teoria da Contabilidade ofertadas pelos cursos foram analisadas com o fim de pesquisar o que foi oferecido em cada uma, bem como o questionário aplicado entre os discentes foi realizado com o fim de verificar uma estimativa quanto à satisfação do aluno com o conteúdo da disciplina. A pergunta quanto às ementas desta pesquisa foi respondida satisfatoriamente porque ao comparar as ementas dos cursos verificou-se as semelhanças e diferenças abordadas nas disciplinas oferecidas pelos cursos pesquisados. A UFSC aborda mais tópicos em relação à USJ e por isso existiram diferenças numéricas quanto aos tópicos relacionados entre as ementas. Ao resumir a análise das ementas em tópicos ficou evidente que a UFSC apresenta 08 tópicos e com a duração de 72h/a e a USJ apresenta 05 tópicos em 72h/a sendo que 04 tópicos são em comum para ambas. Uma outra pesquisa seria necessária analisando o conteúdo programático para saber se os tópicos diferentes entre as ementas apresentam o mesmo conteúdo com nomes diferentes. As duas ementas pesquisadas explicam o desenvolvimento ou evolução do pensamento contábil, ou seja, esse é o primeiro tópico em comum. Elas citam sobre como foi o processo do desenvolvimento do pensamento contábil ao longo do tempo. A proposta inicial sobre a comparação das ementas e análise posterior das opiniões dos discentes se constituiu em um acerto, pois o propósito de verificar as 44 diferenças e semelhanças existentes nos cursos sem criticar nenhum deles foi cumprido. Importante também era considerar as variáveis que existem dentro de um espaço geográfico próximo e em condições semelhantes. A reflexão trouxe um enriquecimento pessoal e profissional a partir da conscientização sobre a disciplina. A pergunta inicial onde é questionado o grau de satisfação dos alunos, ao ser respondida proporcionou uma percepção maior sobre a questão de afirmar ou não que os alunos percebem a importância desta disciplina durante seus cursos. Os questionários respondidos em sala de aula tiveram o objetivo de expor a satisfação do aluno em relação a disciplina. Pode-se notar que em algumas perguntas ficou visível a preferência dos alunos, com um grande percentual de satisfação ou de aceitação da questão proposta. Por meio da pesquisa pode-se constatar que os alunos acreditam que as discussões teóricas realizadas em sala auxiliam a prática contábil e no desenvolvimento da profissão. Essas discussões levam o aluno a pensar e refletir aumentando assim o seu raciocínio crítico em relação à contabilidade. Os respondentes também afirmam que a disciplina está em sintonia com as Normas Internacionais. Em outras palavras, afirmam a contemporaneidade da disciplina e a atualidade, ao oferecer conteúdos e informações pertinentes às Normas Internacionais de Contabilidade. Os conceitos de contabilidade são discutidos em ambas as universidades. Os alunos aprendem desde as primeiras fases os conceitos, porém, na disciplina de Teoria da Contabilidade, aprofundam os seus conhecimentos sobre o tema. Segundo os alunos foi adquirido um maior conhecimento sobre os conceitos de contabilidade como afirmativa por parte de 91,94% dos alunos pesquisados. Sobre o conhecimento geral adquirido pelos alunos, 27,42% dos alunos disse que foi muito satisfatório e 48,39% respondeu que foi satisfatório. Os alunos se sentiram satisfeitos em relação ao conhecimento e isso só aumenta o grau de satisfação geral dos alunos em relação a disciplina. Ao analisar as respostas obtidas pelos questionários é possível afirmar que a maioria dos alunos estão satisfeitos com o processo de ensino aprendizagem sobre a Teoria da Contabilidade. 45 4.1 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS Para um trabalho futuro, é sugerida a ampliação desta pesquisa incluindo instituições de ensino superior privadas da região ou do estado para obter um mapeamento da satisfação discente e como a disciplina é apresentada em cada instituição. Outra possibilidade de ampliar o estudo é realizar uma pesquisa com alunos que ainda não cursaram a disciplina e os que já concluíram a mesma a fim de obter uma comparação do pensamento dos alunos em relação à importância da Teoria da Contabilidade e verificar assim o quanto os alunos tem consciência sobre o aumento dos conceitos de contabilidade estudados e seus conhecimentos sobre o assunto. Como sugestão também fica a realização de um estudo dos conteúdos programáticos das disciplinas para verificar o que de fato é passado aos alunos. 46 REFERÊNCIAS BRASIL, Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Resolução CNE/CES nº 10/2004. Institui as diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação em Ciências Contábeis, e dá outras providências. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rces10_04.pdf>. Acesso em: 22 ago. 2015. BORBA, José Alonso; POETA, Fabiana Zandonai; VICENTE, Ernesto Fernando Rodrigues. Teoria da Contabilidade: uma Análise da Disciplina nos Programas de Mestrado Brasileiros. Revista Sociedade, Contabilidade e Gestão, Rio de Janeiro, v. 6, n. 2, p.124-138, jul. 2011. Disponível em: <http://www.atena.org.br/revista/ojs-2.2.3- 06/index.php/ufrj/article/viewFile/1208/1144>. Acesso em: 22 set. 2015. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. Disponível em: <http://www.cpc.org.br/CPC/CPC/Conheca-CPC>.
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