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Microbiologia A4

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Microbiologia Aplicada 
à Fisioterapia
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Dr.ª Roberta Tancredi Francesco dos Santos
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
• Métodos para Classificação e Identificação de Micro-organismos;
• Os Micróbios e as Doenças Humanas;
• Microbiota Normal;
• Biofilmes;
• Doenças Infecciosas;
• Doenças Infecciosas Emergentes;
• Patogenicidade e Epidemiologia Microbiana;
• Disseminação das Doenças Infecciosas Humanas;
• Prevenção da Disseminação das Doenças Infecciosas;
• Principais Doenças Infecciosas Humanas;
• Infecções Hospitalares.
• Perceber como o corpo humano e vários micro-organismos interagem em termos de saúde 
e doença;
• Examinar alguns dos princípios de infecção e doença, os mecanismos pelos quais patógenos 
são capazes de gerar doença e os modos como as doenças microbianas podem ser evitadas.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
Mecanismos Microbianos 
de Patogenicidade
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua 
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Métodos para Classificação 
e Identificação de Micro-organismos
A identificação de um micro-organismo se faz necessária para o diagnóstico cor-
reto de micro-organismos patogênicos, ou seja, causadores de doenças. Com isso, 
o microbiologista demonstra quais são as condições essenciais para a realização do 
tratamento adequado, incluindo tipo de medicamento e gravidade da doença.
Uma espécie bacteriana requer a observação de um conjunto complexo de ca-
racterísticas para determinar sua taxonomia. 
Assim, a classificação/identificação de uma bactéria é analisada pelos seus as-
pectos de morfologia, de coloração, de motilidade, de crescimento, de presença ou 
ausência de esporos, de fisiologia, de sorologia, de genética e, eventualmente, de 
patogenicidade. 
Avanços tecnológicos estão tornando possível a utilização das Técnicas de análise de 
ácidos nucleicos, antes reservadas para a classificação, como rotina para identificação.
Informações obtidas sobre micro-organismos são utilizadas para identificar e 
classificar os organismos.
O Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology, como visto em nossa Disci-
plina, constitui a obra de melhor referência oficial da Taxonomia bacteriana, con-
tendo a descrição das ordens, famílias, gêneros e espécies das bactérias conhecidas 
e classificadas.
Os Micróbios e as Doenças Humanas
A primeira prova de que as bactérias realmente causam doenças foi fornecida 
por Robert Koch, em 1876. 
Koch, um médico alemão, era o jovem rival de Pasteur na corrida para descobrir 
a causa do antraz, uma doença que estava destruindo os rebanhos de gado e de 
ovelhas na Europa. 
Ele descobriu uma bactéria em forma de bastonete, atualmente conhecida como 
Baccilus anthracis, no sangue do gado que morrera de antraz e cultivou a bactéria 
em meio de cultura e, então, injetou amostras da cultura em animais saudáveis. 
Quando esses animais ficaram doentes e morreram, Koch isolou a bactéria de 
amostras de sangue e a comparou à bactéria originalmente isolada. Ele descobriu 
que as duas amostras continham a mesma bactéria. 
Koch estabeleceu, então, uma sequência de passos experimentais para correla-
cionar diretamente um micróbio específico a uma doença específica. Esses passos 
são conhecidos como postulados de Koch.
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Durante os últimos 100 anos, esses mesmos critérios têm sido extremamente 
úteis nas investigações para provar que micro-organismos específicos causam mui-
tas doenças.
Figura 1 – Os postulados de Koch são usados para identifi cação da causa da doença
Fonte: TORTORA; CASE; FUNKE, Capitulo 14, página 405, 2012
Microbiota Normal
Sabemos que os micro-organismos são importantes para manter o equilíbrio e 
a flora natural do nosso organismo, pois todos nós temos uma variedade de micro-
-organismos dentro do nosso corpo. 
Esses micro-organismos fazem parte da nossa microbiota normal. 
Quando um micróbio é bem-vindo para a saúde humana e quando ele é um 
vetor de doenças? 
A distinção entre ter saúde e doença é em grande parte um equilíbrio entre as de-
fesas naturais do corpo e as propriedades dos micro-organismos de produzir doenças. 
Se nosso corpo irá ou não reagir às táticas ofensivas depende da nossa resistên-
cia – a habilidade de evitar doenças. 
Importantes resistências naturais são fornecidas pela barreira da pele, das mem-
branas mucosas, dos cílios, do ácido estomacal e dos compostos antimicrobianos, 
como os interferons. 
Os micróbios podem ser destruídos pelos glóbulos brancos do sangue, pela res-
posta inflamatória, pela febre e pelas respostas específicas do nosso sistema imune. 
9
UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Algumas vezes, quando nossas defesas naturais não são fortes o bastante para 
reagir a um invasor, elas podem ser suplementadas com antibióticos e outras drogas.
Figura 2 – Diferentes tipos de bactérias descobertos como parte 
da microbiota normal sobre a superfície da língua humana 
Fonte: TORTORA; CASE; FUNKE, 2012
Biofilmes
Biofilmes bacterianos são comunidades de bactérias envoltas por substâncias, 
principalmente açúcares, produzidas pelas próprias bactérias que contém a comu-
nidade proteção contra diversos tipos de agressões que ela pode vir a sofrer como, 
por exemplo, a falta de nutrientes, o uso de um antibiótico ou algum agente quími-
co utilizado para combater bactérias. 
O biofilme pode se aderir a superfícies abióticas (a = negação, bio = vida; abió-
tico = “superfície sem vida”), como cateteres utilizados em tratamentos médicos ou 
bióticas (“bio = vida) como em dentes ou ainda tecidos e células. 
Figura 3 – Formação de biolfilme
Fonte: Adaptado de Tremblay et.al., 2014
10
11
O primeiro passo na formação do biofilme é a adesão das bactérias planctônicas, 
ou seja, de vida livre a uma superfície, e ocorre de forma aleatória. Essa primeira 
adesão é reversível e é mantida por interações físico-químicas não específicas, 
constituindo o alicerce para o crescimento do biofilme.
A segunda fase da adesão consiste na transição do estágio reversível para o ir-
reversível. As bactérias passam a secretar substâncias que serão responsáveis pelamanutenção da adesão e da camada que envolve o biofilme. 
Nessa fase, há o início da formação de microcolônias e do desenvolvimento da 
arquitetura do biofilme maduro, são as etapas finais. 
Na Natureza, esse comportamento é chamado de biofilme, uma agregação 
complexa de micro-organismos atados uns aos outros e/ou a uma superfície em 
geral sólida.
Figura 4 – Biofi lme sobre um cateter. A bactéria Staphylococcus liga-se nas superfícies sólidas, 
formando uma camada limosa. As bactérias liberadas desse biofi lme podem causar infecções
Fonte: TORTORA; CASE; FUNKE, 2012
Doenças Infecciosas
Doença infecciosa é qualquer doença causada por um agente patogênico (como 
priões, vírus, bactérias, fungos e também parasitas), em contraste com causa física 
(por exemplo: queimadura, intoxicação química, relação sexual, beijos ou ferimen-
tos). Para que ocorra, é necessário que exista um reservatório de infecção como 
fonte do patógeno. 
Em seguida, o patógeno deve ser transmitido a um hospedeiro suscetível por 
contato direto, contato indireto ou vetores. 
A transmissão é seguida pela invasão, em que o micro-organismo penetra no 
hospedeiro e se multiplica. Após a invasão, o micro-organismo causa danos ao 
hospedeiro por um processo chamado de patogênese. 
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
As infecções também podem ser classificadas de acordo com a extensão em que 
o organismo do hospedeiro é afetado. 
Uma infecção local é aquela na qual os micro-organismos invasores se limitam 
a uma área relativamente pequena do corpo. Alguns exemplos de infecções locais 
incluem abscessos e furunculoses. 
Em uma infecção sistêmica (generalizada), os micro-organismos e seus produ-
tos se dispersam por todo o corpo, através do sangue ou da linfa. O sarampo é um 
exemplo de infecção sistêmica. 
Muito frequentemente, agentes causadores de infecções locais entram na corren-
te sanguínea ou nos vasos linfáticos e se disseminam para outras partes específicas 
do corpo, onde permanecem confinados. 
Essa condição é chamada de infecção focal. Infecções focais podem surgir de 
infecções em áreas como os dentes, as tonsilas ou os seios da face. 
A sepse é uma condição inflamatória tóxica que surge da dispersão de micróbios, 
especialmente, bactérias e suas toxinas, a partir de um foco de infecção. A septicemia, 
também conhecida como envenenamento sanguíneo, é uma infecção sistêmica que 
surge da multiplicação de patógenos no sangue, sendo um exemplo comum de sepse. 
A presença de bactérias no sangue é conhecida como bacteremia. Toxemia e 
viremia referem-se à presença de toxinas e vírus no sangue, respectivamente.
O estado de resistência do hospedeiro também determina a extensão das infecções. 
Uma infecção primária é uma infecção aguda que causa doença inicial. Uma 
infecção secundária é aquela causada por um patógeno oportunista, depois que 
a infecção primária já enfraqueceu as defesas do organismo hospedeiro. Infecções 
secundárias da pele e do trato respiratório são comuns e, eventualmente, mais pe-
rigosas que a infecção primária. 
A pneumonia por Pneumocystis como consequência da Aids é um exemplo de 
infecção secundária; a broncopneumonia estreptocócica após um caso de influenza 
é um exemplo de infecção secundária mais grave que a infecção primária. Uma 
infecção subclínica (inaparente) é aquela que não causa qualquer doença detectável. 
O poliovírus e o vírus da hepatite A, por exemplo, podem ser carreados por pesso-
as que nunca desenvolveram a doença.
Durante o desenvolvimento da doença, seguem-se uma série de períodos, que 
serão agora abordados.
Período de incubação
O período de incubação é o intervalo entre a infecção inicial e o surgimento dos 
primeiros sinais e sintomas. 
Em algumas doenças, o período de incubação é sempre o mesmo; em outras, 
ele varia consideravelmente. 
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O tempo de incubação depende do tipo específico de micro-organismo envol-
vido, de sua virulência (grau de patogenicidade), do número de micro-organismos 
infectantes e da resistência do hospedeiro, podendo variar em horas, dias e até 
semanas de incubação.
Período prodrômico
O período prodrômico consiste em um período relativamente curto que se segue 
ao período de incubação de algumas doenças. Ele é caracterizado pelo surgimento 
de sintomas precoces e leves de doença, como dores e indisposição. 
Período de doença
Durante o período de doença, propriamente dito, o quadro é mais severo. A pes-
soa exibe sinais e sintomas claros, como febre, calafrios, dores musculares (mialgia), 
sensibilidade à luz (fotofobia), dor de garganta (faringite), inchaço dos linfonodos 
(linfadenopatia) e distúrbios gastrintestinais.
Durante o período de doença, o número de leucócitos pode aumentar ou di-
minuir. Geralmente, as respostas imunológicas e outros mecanismos de defesa do 
paciente suplantam o patógeno, o que demarca o fim do período de doença. 
Quando a doença não é controlada (ou tratada) com sucesso, passa a se fatal e 
leva o paciente a óbito durante esse período. 
Período de declínio
Durante o período de declínio, os sinais e sintomas perdem a intensidade, e 
a febre diminui, assim como a sensação de indisposição. Nessa fase, que pode 
durar de menos de 24 horas a vários dias, o paciente se encontra vulnerável a 
infecções secundárias. 
Período de convalescença 
Durante o período de convalescença, a pessoa recobra sua força e o organismo 
retorna ao estado anterior à doença. Ocorre a recuperação. Todos sabem que, 
durante o período de doença, as pessoas podem servir como reservatório do pató-
geno, podendo disseminar rapidamente a infecção para outras pessoas. 
Entretanto, você também deve saber que as pessoas podem transmitir infecções 
durante os períodos de incubação e convalescença. 
Esse fato é especialmente verdadeiro nos casos de doenças como a cólera e a 
febre tifoide, em que os pacientes convalescentes podem carrear os micro-organis-
mos patogênicos por meses ou mesmo anos.
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Doenças Infecciosas Emergentes
Uma doença emergente pode ser causada por um vírus, uma bactéria, um fun-
go, um protozoário ou um helminto.
O CDC – Centros Nacionais de Saúde (NIH – National Institutes of Health) e a 
Organização Mundial da Saúde (OMS) desenvolveram planos relativos às doenças 
infecciosas emergentes. 
Suas prioridades incluem as seguintes ações:
1. Detectar, investigar imediatamente e monitorar os patógenos infeccio-
sos emergentes, as doenças que eles causam e os fatores que influen-
ciam seu surgimento;
2. Expandir pesquisas básicas e aplicadas relativas a fatores ecológicos e am-
bientais, mudanças e adaptações microbianas e interações com hospedeiro 
que possam influenciar as doenças emergentes;
3. Reforçar a comunicação de informações de Saúde Pública e iniciar a im-
plementação de estratégias de prevenção relativas às doenças emergentes;
4. Estabelecer planos para monitorar e controlar as doenças emergentes em 
todo o mundo.
Patogenicidade e Epidemiologia Microbiana
Patogenicidade é a capacidade do agente invasor de causar doença com suas 
manifestações clínicas entre os hospedeiros suscetíveis. As bactérias possuem uma 
estrutura denominada plasmídeos, que consistem em moléculas de DNA pequenas 
e circulares que não estão conectadas ao cromossomo bacteriano principal, sendo 
capazes de se replicar independentemente. 
Um grupo de plasmídeos, denominados fatores R (de Resistência), é responsável 
pela resistência de alguns micro-organismos aos antibióticos, fazendo aumentar a 
patogenicidade de alguns micro-organismos.
Além disso, um plasmídeo pode transportar informações que determinam a 
patogenicidade de um micróbio. Exemplos de fatores de virulência codificados por 
genes plasmidiais incluem a neurotoxina tetânica, a enterotoxina termolábil e a 
enterotoxina estafilocócica. 
Outros exemplos são a dextrana-sacarase (uma enzima produzida pelo Strep-
tococcus mutans que está envolvida na cárie dentária), as adesinase a coagulase 
produzidas pelo Staphylococcus aureus e um tipo de fímbria específica de cepas 
enteropatogênicas de E. coli.
14
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Figura 5 – Estrutura do plasmídeo construído de E. Coli. 
Observe a localização de alguns sítios de restrição
Fonte: Wikimedia Commons
Alguns bacteriófagos (vírus que infectam bactérias) podem incorporar seu DNA 
ao cromossomo bacteriano, tornando-se um prófago e permanecendo em estado 
latente (não causando a lise da bactéria). 
Esse estado é chamado de lisogenia e as células contendo um prófago são cha-
madas de lisogênicas. 
Um dos efeitos da lisogenia é que a célula bacteriana e sua progênie podem 
apresentar novas propriedades codificadas pelo DNA do bacteriófago. 
Essa mudança nas características de um micróbio em razão da presença do pró-
fago é denominada conversão lisogênica. 
Como resultado da conversão, a célula bacteriana passa a ser imune a novas 
infecções pelo mesmo tipo de bacteriófago. Entre os genes de bacteriófagos que 
contribuem para a patogenicidade, estão os genes que codificam a toxina diftérica, 
a toxina eritrogênica, a enterotoxina estafilocócica, a toxina pirogênica, a neuroto-
xina botulínica e a cápsula produzida pelo Mycobacterium pneumoniae. 
O gene para a toxina Shiga, na E. coli O157, também é codificado por um prófago. 
Cepas patogênicas de Vibrio cholerae carreiam fagos lisogênicos. Esses fagos 
podem transmitir o gene da toxina colérica para cepas não patogênicas de V. 
cholerae, aumentando o número de bactérias patogênicas.
15
UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Figura 6 – Os bacteriófagos são vírus capazes de infectar bactérias
Fonte: Wikimedia Commons
As propriedades patogênicas dos vírus dependem do acesso a um hospedeiro, 
evadindo suas defesas e, então, causando lesão ou morte à célula do hospedeiro, 
enquanto se reproduzem. 
Os vírus apresentam uma variedade de mecanismos que permitem a eles esca-
par de serem destruídos pela resposta imune do hospedeiro. Como exemplo, os 
vírus podem penetrar e crescer dentro das células do hospedeiro, onde os compo-
nentes do Sistema Imune não podem alcançá-los. 
Os vírus obtêm acesso ao interior das células por possuírem sítios de ligação a 
receptores presentes em suas células-alvo. Quando seu sítio de ligação se aproxima 
do receptor apropriado, o vírus pode se ligar à célula e nela penetrar. 
Alguns vírus ganham acesso às células porque seus sítios de ligação mimetizam 
substâncias úteis a elas. Por exemplo, o sítio de ligação do vírus da raiva mimetiza 
o neurotransmissor acetilcolina. Como resultado, o vírus pode entrar na célula hos-
pedeira juntamente com o neurotransmissor. 
O vírus da Aids (HIV) apresenta estratégias ainda mais importantes, escondendo 
seus sítios de ligação da resposta imune e atacando diretamente os componentes 
do Sistema Imune. 
Como a maioria dos vírus, o HIV é célula-específica, ou seja, infecta apenas 
determinadas células do organismo. O HIV ataca somente aquelas células que apre-
sentam um tipo de marcador de superfície denominado proteína CD4. 
Os vírus citocidas interrompem a síntese de macromoléculas dentro da célula hospe-
deira. Alguns vírus, como o Herpes simplex vírus, bloqueiam irreversivelmente a mitose. 
Quando um vírus citocida infecta uma célula, ele faz com que os lisossomos ce-
lulares liberem seu conteúdo enzimático, resultando na destruição de componentes 
intracelulares e na morte da célula.
16
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Corpúsculos de inclusão são grânulos encontrados no citoplasma ou no núcleo 
de algumas células infectadas. 
Esses grânulos são, muitas vezes, partes virais – ácidos nucleicos ou proteínas – 
que estão sendo montadas para formar os vírions. Eles variam em tamanho, forma 
e propriedades de coloração, de acordo com o vírus, sendo importantes porque sua 
presença pode auxiliar na identificação do vírus que está causando uma infecção.
Eventualmente, várias células infectadas adjacentes se fundem para formar uma 
célula multinuclear muito grande, denominada sincício. Essas células gigantes são 
produzidas a partir da infecção por vários vírus que causam doenças, como os vírus 
do sarampo, da caxumba e do resfriado comum.
Algumas infecções virais resultam em mudanças nas funções da célula hospedeira, 
sem mudanças visíveis nas células infectadas. Por exemplo, quando o vírus que 
causa o sarampo se liga a seu receptor celular, denominado CD46, a ligação impele 
a célula a reduzir a produção de uma substância chamada de IL12, o que reduz a 
habilidade do hospedeiro de combater a infecção. 
Algumas células infectadas por vírus produzem substâncias chamadas de in-
terferons. Os interferons pertencem à classe das citocinas e são glicoproteínas 
secretadas pelas células do Sistema Imunológico, com o objetivo de combater 
elementos estranhos ao organismo, incluindo parasitas e vírus. Existem diversos 
tipos de interferons, sendo o interferon-alfa o mais utilizado como imunoterapia 
para o câncer. 
A infecção viral induz a célula a sintetizar interferon, mas a proteína é codifica-
da pelo DNA celular. O fenômeno protege as células vizinhas, não infectadas, da 
infecção viral.
Muitas infecções virais induzem mudanças antigênicas na superfície das células 
infectadas. Essas mudanças geram uma resposta de anticorpos do hospedeiro con-
tra as células infectadas e marcam as células para destruição pelo Sistema Imune 
do hospedeiro.
Alguns vírus induzem mudanças cromossômicas na célula hospedeira. Algumas 
infecções virais, por exemplo, resultam em danos nos cromossomos celulares, prin-
cipalmente, a ruptura desses cromossomos. Com frequência, os oncogenes (genes 
causadores de câncer) podem ser estimulados ou ativados por vírus. 
A partir de agora, iremos discutir a patogenicidade de fungos, protozoários, hel-
mintos e algas em humanos.
Embora os fungos causem doenças, eles não possuem um conjunto de fatores 
de virulência bem definido. Alguns fungos possuem produtos metabólicos que são 
tóxicos ao hospedeiro humano. Nesses casos, entretanto, a toxina é apenas uma 
causa indireta da doença, vez que o fungo já está crescendo no hospedeiro ou so-
bre ele. Infecções fúngicas crônicas, como o crescimento de mofo em residências, 
provocam respostas alérgicas no hospedeiro.
17
UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Tricotecenos são toxinas fúngicas que inibem a síntese proteica em células euca-
rióticas. A ingestão dessas toxinas causa dores de cabeça, calafrios, náuseas fortes, 
vômito e distúrbios visuais. Essas toxinas são produzidas pelos fungos Fusarium e 
Stachybotrys, que crescem em grãos e em placas de madeira usadas na construção 
de casas. Existem evidências de que alguns fungos possuem fatores de virulência. 
Dois fungos que causam infecções de pele, a Candida albicans e o Trichophyton, 
secretam proteases. Essas enzimas podem modificar as membranas celulares do 
hospedeiro, permitindo a aderência do fungo. 
O Cryptococcus neoformans é um fungo que causa um tipo de meningite. Ele 
produz uma cápsula que o auxilia na resistência à fagocitose. 
Alguns fungos se tornaram resistentes a drogas antifúngicas ao reduzirem a sín-
tese de receptores para elas.
Diversas outras toxinas são produzidas por fungos que crescem em grãos e ou-
tras plantas. 
Produtos originados do amendoim, por exemplo, ocasionalmente, são recolhi-
dos devido à presença de quantidades excessivas da aflatoxina, uma toxina que 
apresenta propriedades carcinogênicas. A aflatoxina é produzida durante o cresci-
mento do fungo Aspergillus flavus. Quando ingerida, pode ser alterada no corpo 
humano em um composto mutagênico. 
Alguns cogumelos produzem toxinas denominadas micotoxinas (toxinas produzi-
das por fungos). Exemplos são a faloidina e a amanitina, produzidas pela Amanita 
phalloides, cogumelo comumente conhecido como cicuta verde. Essas neuroto-
xinas são tão potentes que a ingestão de um cogumelo do gênero Amanita pode 
resultar em morte.
Em relação aos protozoários, seus dejetos e subprodutos frequentemente geramsintomas no hospedeiro. 
Alguns protozoários, como o Plasmodium, o agente causador da malária, inva-
dem as células do hospedeiro e se reproduzem em seu interior, causando sua ruptura. 
O Toxoplasma se liga aos macrófagos e entra na célula por fagocitose. O para-
sita é capaz de impedir a acidificação normal dos vacúolos fagocíticos e a digestão, 
o que permite seu crescimento dentro deles. 
Outros protozoários, como a Giardia lamblia, o agente causador da giardíase, 
aderem-se às células do hospedeiro por discos de sucção, digerindo as células e os 
fluidos teciduais.
Alguns protozoários podem se evadir das defesas do hospedeiro e causar do-
ença por intervalos de tempo bastante longos. Por exemplo, a Giardia, que causa 
diarreia, e o Trypanosoma, que causa a tripanossomíase africana (doença do sono), 
usam a variação antigênica para permanecerem sempre à frente na corrida contra 
o sistema imune do hospedeiro.
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19
No caso dos helmintos, sua presença também gera, com frequência, sintomas de 
doença no hospedeiro. Alguns desses organismos consomem tecidos do hospedei-
ro para seu próprio crescimento ou produzem grandes massas de parasitas. 
Em ambos os casos, o dano celular resultante evoca os sintomas. Um exemplo 
é o verme Wuchereria bancrofti, o agente causador da elefantíase. Esse parasita 
bloqueia a circulação linfática, levando a um acúmulo de linfa, eventualmente, cau-
sando inchaços grotescos nas pernas ou outras partes do corpo. 
Dejetos oriundos do metabolismo desses parasitas também podem contribuir 
para a geração dos sintomas da doença. 
Algumas espécies de algas produzem neurotoxinas. Por exemplo, alguns gêne-
ros de dinoflagelados, como o Alexandrium, são importantes do ponto de vista 
médico por produzirem uma neurotoxina chamada de saxitonina. 
Embora os moluscos que se alimentam dos dinoflagelados produtores de sa-
xitonina não apresentem sinais de doença, as pessoas que comem os moluscos 
podem desenvolver intoxicação paralítica por marisco, com sintomas similares aos 
do botulismo. 
Frequentemente, Agências de Saúde Pública proíbem o consumo de mariscos 
durante as marés vermelhas.
Disseminação das Doenças 
Infecciosas Humanas
Antes de conhecer as principais doenças, é necessário saber como os micro-or-
ganismos entram no corpo, especialmente no corpo humano, para causar doenças.
Em Microbiologia, o local que os micróbios entram denomina-se vias preferen-
ciais ou portas de entrada. 
As portas de entrada para os patógenos incluem as membranas mucosas, a pele 
e a via parenteral (deposição direta sob a pele ou as membranas). Cada uma será 
discutida individualmente.
As membranas mucosas são encontradas em várias áreas no nosso corpo, cuja 
função é revestimento, como, por exemplo, no trato respiratório, gastrintestinal, 
geniturinário e a conjuntiva, a membrana delicada que recobre o globo ocular e 
reveste as pálpebras. 
A maioria dos patógenos entra no hospedeiro através das mucosas dos tratos 
gastrintestinal e respiratório. O trato respiratório é a porta de entrada mais fácil e 
utilizada com mais frequência pelos micro-organismos. 
Micróbios são inalados para dentro da cavidade nasal ou boca em gotículas de 
umidade ou partículas de pó. 
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
As doenças comumente adquiridas através do trato respiratório incluem o res-
friado comum, a gripe, a pneumonia, a tuberculose, o sarampo e a varíola. 
Os micro-organismos que podem ter acesso ao trato gastrintestinal entram no 
corpo por essa via é são destruídos pelo ácido clorídrico (HCl) e pelas enzimas pre-
sentes no estômago, ou pela bile e pelas enzimas no intestino delgado.
Aqueles que sobrevivem, podem causar doença. São transmitidos pela água, por 
alimentos ou por dedos contaminados. As doenças são poliomielite, hepatite A, fe-
bre tifoide, disenteria amebiana, giardíase, shigelose (disenteria bacteriana) e cólera.
O trato geniturinário é a porta de entrada de patógenos que são sexualmente 
transmitidos. Alguns micróbios que causam Doenças Sexualmente Transmissíveis 
(DSTs) podem entrar no organismo através de membranas mucosas íntegras.
Outros requerem a presença de cortes ou abrasões de algum tipo. Exemplos 
de DSTs incluem infecção pelo HIV, verrugas genitais, clamídia, herpes, sífilis e 
gonorreia. Outros micro-organismos, ainda, podem ter acesso ao corpo quando 
são depositados diretamente nos tecidos sob a pele ou nas membranas mucosas, 
quando essas barreiras são penetradas ou danificadas.
Essa rota é chamada de via parenteral. Perfurações, injeções, mordidas, cortes, 
ferimentos, cirurgias e rompimento da pele ou das membranas mucosas por incha-
ços podem estabelecer vias parenterais.
O HIV, os vírus que causam hepatites e as bactérias que causam tétano e gan-
grenas podem ser transmitidos parenteralmente. 
Mesmo depois que os micro-organismos entram no corpo, eles não necessaria-
mente causam doenças.
A ocorrência de doença depende de vários fatores, sendo que a porta de entrada 
é apenas um deles. Muitos patógenos possuem uma porta de entrada preferencial, 
que é um pré-requisito para serem capazes de causar doença. 
Se eles entram no organismo por alguma outra porta de entrada, a doença pode 
não ocorrer. Por exemplo, a bactéria que causa a febre tifoide, Salmonella typhi, 
produz todos os sinais e sintomas da doença quando engolida (via preferencial), mas 
se a mesma bactéria é esfregada na pele, não ocorre reação (talvez apenas uma 
leve inflamação). 
Os estreptococos que são inalados (via preferencial) podem causar pneumonia. 
Já aqueles que são engolidos, geralmente, não produzem sinais ou sintomas. 
Alguns patógenos, como a Yersinia pestis, o micro-organismo que causa a pes-
te, e o Bacillus anthracis, o agente causador do antraz, podem iniciar doenças a 
partir de mais de uma porta de entrada. 
Além disso, a quantidade de micro-organismos também é um fator para desen-
cadear ou não uma doença. Se apenas alguns micróbios penetrarem o corpo, eles 
provavelmente serão eliminados pelas defesas do hospedeiro. Entretanto, se um 
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grande número de micróbios obtiver acesso ao organismo, o cenário está pronto 
para o desenvolvimento de doença. Assim, a possibilidade da ocorrência de doença 
aumenta à medida que o número de patógenos se eleva.
Depois de entrarem no organismo, os micro-organismos passam por um pe-
ríodo de incubação, que é o intervalo entre a infecção inicial e o surgimento dos 
primeiros sinais e sintomas. 
Em algumas doenças, o período de incubação é sempre o mesmo; em outras, 
ele varia consideravelmente, e depende do tipo específico de micro-organismo en-
volvido, de sua virulência. 
Os micro-organismos também deixam o organismo por vias específicas em secre-
ções, excreções, descargas ou tecidos que descamam denominadas portas de saída. 
Em geral, as portas de saída estão relacionadas à parte do corpo que foi infecta-
da e podem servir como meio de transmissão dos agentes causadores de doenças. 
As portas de saída mais comuns são os tratos gastrintestinal e respiratório.
Prevenção da Disseminação 
das Doenças Infecciosas
Para que uma doença se perpetue, é necessária a existência de uma fonte con-
tínua do organismo causador da doença. 
Essa fonte pode ser um organismo vivo ou um objeto inanimado que fornece 
ao patógenos condições adequadas de sobrevivência e multiplicação, assim como a 
oportunidade de ser transmitido. Essa fonte é denominada reservatório de infecção 
e pode ser humano, animal ou inanimado. 
O principal reservatório vivo de doenças humanas é o próprio corpo humano, 
porém animais domésticos, quanto silvestres, também podem ser reservatórios vi-
vos de micro-organismos. 
Muitas pessoas hospedam patógenos e os transmitem direta ou indiretamente 
para outros indivíduos. Pessoas que apresentam sinais e sintomas de uma doença 
podem transmiti-la.
Além disso, algumas pessoas podem hospedar e transmitir patógenos sem exibir 
qualquer sinal ou sintoma de doença. Essas pessoas,denominadas carreadores, são 
importantes reservatórios vivos de infecção. 
Alguns carreadores possuem infecções inaparentes, sem nunca exibir sinais ou sin-
tomas de doença. Outros, como aqueles que apresentam infecções latentes, carreiam 
a doença durante os estágios livres de sintomas, durante o período de incubação (antes 
do surgimento dos sintomas) ou durante o período de convalescença (recuperação). 
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Os carreadores humanos desempenham um papel fundamental na dispersão de 
doenças como Aids, difteria, febre tifoide, hepatite, gonorreia, amebíase e infec-
ções estreptocócicas. 
Existem, também, os dois maiores reservatórios inanimados de doenças infec-
ciosas, que são a água e o solo. 
O solo contém patógenos como os fungos, que causam micoses, incluindo as 
tinhas e as infecções sistêmicas, o Clostridium botulinum, a bactéria que causa o 
botulismo, e o C. tetani, agente etiológico do tétano.
Devido ao fato de ambas as espécies de Clostridium fazerem parte da microbio-
ta normal do intestino de cavalos e gado, essas bactérias são encontradas especial-
mente em solos onde as fezes desses animais são usadas como fertilizante.
A água contaminada por fezes de seres humanos ou animais é o reservatório de 
diversos patógenos, em especial aqueles responsáveis por doenças gastrintestinais, 
incluindo o Vibrio cholerae, que causa a cólera, e a Salmonella typhi, que causa a 
febre tifoide. 
Outra importante fonte de infecções são alimentos preparados ou armazena-
dos de modo inadequado. Eles podem ser fonte de doenças como a triquinelose 
e a salmonelose.
Os agentes etiológicos das doenças podem ser transmitidos do reservatório de infec-
ção para um hospedeiro suscetível por três vias principais: contato, veículos ou vetores.
A transmissão por contato é a disseminação de um agente infeccioso por conta-
to direto, indireto ou por meio de gotículas. 
A transmissão por contato direto, também chamada de transmissão pessoa a 
pessoa, é a transmissão direta de um agente por contato físico entre sua fonte e 
um hospedeiro susceptível, não havendo envolvimento de um objeto intermediário. 
A transmissão por contato indireto ocorre quando o agente da doença infeccio-
sa é transmitido de seu reservatório a um hospedeiro suscetível, por meio de um 
objeto inanimado. 
O termo geral para qualquer objeto inanimado envolvido na disseminação de 
uma doença é fômite. Exemplos de fômites incluem tecidos, lenços, toalhas, roupa 
de cama, fraldas, copos, talheres, brinquedos, dinheiro e termômetros.
A transmissão por gotículas é o terceiro tipo de transmissão por contato em 
que os micróbios são disseminados em perdigotos (gotículas de saliva e muco), que 
percorrem distâncias curtas
A transmissão por veículo é a dispersão de um agente infeccioso por meio 
como água, alimento ou ar. Os patógenos transmitidos por alimentos contami-
nados causam doenças como a intoxicação alimentar, a infestação pela solitária 
e a cisticercose. 
A transmissão pelo ar se refere à dispersão de agentes infecciosos por gotículas 
e perdigotos em partículas de sujeira que percorrem mais de 1 metro do reservató-
rio ao novo hospedeiro.
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Os artrópodes formam o mais importante grupo de vetores de doenças – ani-
mais que transportam patógenos de um hospedeiro a outro.
A melhor forma de prevenção é a vacinação, que imuniza a população da ação 
de vários micro-organismos. Por meio do agente inteiro, utilizam micro-organismos 
vivos, porém atenuados (enfraquecidos). Vacinas vivas mimetizam mais fielmente 
uma infecção real. 
A vacinação pode promover a geração de imunidade de longa duração, algu-
mas vezes para a vida inteira, protegendo um indivíduo contra certas doenças. As 
pessoas que são imunes a uma doença infecciosa não serão portadoras, reduzindo, 
portanto, a ocorrência da doença. 
Os indivíduos imunes funcionam como uma barreira para a disseminação de agen-
tes infecciosos. Mesmo quando uma doença altamente comunicante apresenta o po-
tencial para causar uma epidemia, muitas pessoas não imunes estarão protegidas, 
devido à baixa probabilidade de entrarem em contato com uma pessoa infectada.
Uma grande vantagem da vacinação é que um número suficiente de indivíduos 
em uma população estará protegido da doença, impedindo sua disseminação rápi-
da para aqueles que não estão vacinados. 
Quando muitas pessoas imunes estão presentes em uma comunidade, existe 
imunidade grupal. 
Principais Doenças Infecciosas Humanas
As doenças infecciosas estão intimamente relacionadas a seu local de ação e à 
patogenicidade do micro-organismo. Existem muitas doenças que afetam o Sistema 
Nervoso e o Sistema respiratório, entre outras. 
Por esse motivo, foi desenvolvido um Glossário, pelos pesquisadores do Laboratório 
de Microbiologia da USP para descrever uma dessas formas de interação: a patogênica. 
Importante!
Para conhecer as principais doenças infecciosas, acesse: http://bit.ly/2MGahlB
Em Síntese
Infecções Hospitalares
Uma infecção adquirida em hospitais também é conhecida como infecção 
nosocomial.
Essa infecção é adquirida como resultado de uma hospitalização (o termo noso-
comial é derivado da palavra grega para hospital, incluindo também infecções ad-
quiridas em casas de repouso ou outros estabelecimentos para cuidados de saúde).
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
As infecções hospitalares são adquiridas por pacientes devido à interação de 
três fatores:
1. A existência de micro-organismos nos ambientes hospitalares;
2. A presença de hospedeiros em condições comprometidas (ou enfraquecidos);
3. A cadeia de transmissão no hospital. Sabe-se que a presença de qualquer 
um desses fatores isoladamente não é suficiente para que a infecção ocor-
ra; é a interação dos três fatores que passa a representar um risco signifi-
cativo de ocorrência de infecções hospitalares.
Embora muitos esforços sejam feitos para matar ou impedir o crescimento de 
micro-organismos em hospitais, o ambiente hospitalar é um reservatório importan-
te de uma variedade de patógenos. 
Uma razão é o fato de que determinados micro-organismos da microbiota nor-
mal do corpo humano são oportunistas e representam um risco particularmente 
grande para pacientes internados.
De fato, a maioria dos micróbios que causam infecções hospitalares provoca do-
ença apenas em pacientes debilitados ou hospedeiro comprometido, ou seja, cuja 
resistência a infecções está reduzida por doença, terapia ou queimaduras.
Duas condições importantes podem comprometer o hospedeiro: a ruptura da 
pele ou das membranas mucosas e um Sistema Imune suprimido.
Além de serem oportunistas, alguns micro-organismos presentes em hospi-
tais, tornaram-se resistentes a drogas antimicrobianas, comumente usadas nes-
ses ambientes.
A P. aeruginosa e outras bactérias gram-negativas semelhantes, por exemplo, 
tornaram-se difíceis de serem controladas com antibióticos, devido à presença de 
fatores R, que transportam genes que determinam a resistência aos antibióticos.
À medida que esses fatores R se recombinam, novos e múltiplos fatores de resis-
tência são produzidos. 
Essas cepas bacterianas passam a fazer parte da microbiota dos pacientes inter-
nadas e dos profissionais trabalhando nos hospitais e ficam progressivamente mais 
resistentes à antibioticoterapia. 
Dessa maneira, as pessoas se tornam parte do reservatório (e da cadeia de trans-
missão) de cepas bacterianas resistentes a antibióticos. 
Normalmente, se a resistência do hospedeiro é alta, as novas cepas bacterianas 
não chegam a representar um problema. No entanto, se doenças, cirurgias ou trau-
mas já enfraqueceram as defesas do hospedeiro, infecções secundárias passam a 
ser difíceis de tratar.
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A seguir, uma Tabela com espécies de micro-organismos mais comuns, causado-
res de infecções hospitalares:
Tabela 1 – Distribuição dos microrganismos causadores de infecção 
hospitalar nas UTIs, nos meses de junho a setembro. Teresina –PI, 2014
Micro-organismo N %
Klebsiellaspp 6 22,2
Acinetobacterspp 5 18,5
Pseudomonas aeruginosa 4 14,8
Escherichia coli 3 11,1
Staphylococcus aureus 2 7,4
Enterococcus 2 7,4
Outros 5 18,5
Fonte: https://bit.ly/2ZogGUx
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UNIDADE Mecanismos Microbianos de Patogenicidade
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Leitura
Situação da prevenção e controle das doenças transmissíveis no Brasil
http://bit.ly/2MEyLf3
Doenças Infecciosas e Parasitárias – Guia de Bolso
http://bit.ly/2MEoobl
Doenças infecciosas e parasitárias
VERONESI, R. Doenças infecciosas e parasitárias. Rev. Inst. Med. trop. S. Paulo, 
São Paulo , v. 33, n. 4, p. 286, Aug. 1991.
http://bit.ly/2MDucBL
Microbiological Profile of Nosocomial Infections at Intensive Care Units
DA SILVA SANTOS, A. K. et al. Microbiological Profile of Nosocomial Infections at 
Intensive Care Units. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, 2016.
http://bit.ly/2Lcihru
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Referências
BROOKS, G. F. et. al. Microbiologia Médica. 25.ed. Porto Alegre: AMGH, 
2012. (e-book)
CHAMBO FILHO, A. et. al. Estudo do perfil de resistência antimicrobiana das 
infecções urinárias em mulheres atendidas em hospital terciário. Rev. Bras. Clin. 
Médica, São Paulo, v. 11, n. 2, p. 102-7, abr. – jun., 2013. Disponível em: <http://
files.bvs.br/upload/S/1679-1010/2013/v11n2/a3559.pdf>.
MC PHERSON, R. A.; PINCUS, M.R. Diagnósticos Clínicos e Tratamentos por 
Métodos Laboratoriais. 21.ed. Barueri: Manole, 2012. (e-book)
MORSE, S. A.; BUTEL, J. S.; BROOKS, G. F. Microbiologia Médica de Jawetz, 
Melnick e Adelberg. 26.ed. Porto Alegre: Mcgraw Hill, 2014.
TORTORA, G. J.; CASE, C. L.; FUNKE, B. R. Microbiologia. 10.ed. Porto Alegre: 
Artmed, 2012.
TRABULSI, L. R.; ALTELTHUN, F. Microbiologia. 5.ed. São Paulo: Rio de 
Janeiro: Atheneu, 2008.
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Outros materiais